Financie um candidato, compre um político por Althen Teixeira Filho

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____________________ Financie um candidato: Compre um político ___________________

Althen Teixeira Filho

2 Edição a

Pelotas Edição do autor 2013

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Romae omnia venalia esse (em Roma tudo se compra)

Ao dedicar este livro aos meus filhos amados Felipe, Laura e Bruno, também o dedico a todos os jovens brasileiros, na esperança de que eles, além de conceder um voto consciente e lúcido, também desenvolvam a democracia plena, cobrando constantemente dos políticos atitudes dignas.

"Projetar Brasília para os políticos que vocês colocaram lá, foi como criar um lindo vaso de flores prá vocês usarem como penico. Hoje eu vejo, tristemente, que Brasília nunca deveria ter sido projetada em forma de avião, mas sim de camburão." Oscar Niemayer

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- Quem governa o Brasil? As alterações de que o Brasil precisa para encaminhar um desenvolvimento minimamente satisfatório não virá somente via exercício do voto, ainda mais como este é encaminhado no Brasil; um dispendioso "mercadão político", uma encenação de democracia, um "carnaval eleitoral", com candidatos fantasiados para um desfile de encenações e farsas. Faz-se necessária a conscientização política da população! Isto levará que ainda desconhecemos, tendo em vista, entre outros, o abandono da educação no país. Espera-se que surja, como na Argentina, o "panelaço" que tomou conta do país. Assim como nas escolas de samba, as alegorias eleitorais têm um custo altíssimo e muito além do que os candidatos podem assumir. Ainda como nas escolas de samba, percebese que as cifras surgem de "patronos" que têm fortunas investigadas pela Polícia Federal. Também, como nas escolas de samba, um intenso e crescente financiamento obscuro cria um político virtual, colocando o Brasil em uma perspectiva de corrupção sempre crescente. Os escândalos eleitorais são cada vez mais corriqueiros e, pior do que tudo, banalizados - como se fizessem parte naturalmente do sistema político. A grande dificuldade de escrever este livro foram notícias frequentes e seus intrincados desdobramentos de relatos de roubos, desvios e apropriação indevida de verbas (sempre públicas), que impuseram inúmeras revisões de cálculos de financiamentos eleitorais. Por exemplo, a doação de R$ 30.105.900,00 do Frigorífico JBS Friboi, para políticos no processo eleitoral de 2010, já havia chamado a atenção quando das primeiras análises sobre os financiamentos do agronegócio. Todavia: por se envolver nas denúncias sobre o esquema de "Carlinhos Cachoeira" via o interesse de compra da Construtora Delta; pela importante informação jornalística de que 31% das ações do frigorífico pertencem ao BNDES; e pela descoberta que compõe o grupo J&F Holding, novas tabelas tiveram que ser elaboradas e outras recalculadas. E mais. Como a consulta aos valores doados foram feitas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a busca pode ser feita pelo nome da empresa ou por CNPJ, ou seja, alguns números de CNPJ podem ter escapado da consulta (e é normal uma empresa ter vários CNPJ). Assim, se a pesquisa for feita no endereço "http://www.asclaras.org.br", que, ao que tudo indica, foi mais completa, o valor de doação do JBS Friboi alcança R$ 52.793.000,00. Salienta-se que este livro foi escrito por um professor de Anatomia, buscando representar interesses cidadãos, cujo trabalho foi desenvolvido durante o horário livre. Portanto reconhece-se, já de início, a dificuldade de trabalhar com tantos números e informações que surgem dos candidatos de forma complexa e para confundir.

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Mesmo antes do final do trabalho ficou claro que muitos dos elementos eleitos via financiamento particular (muitos deles famosos e donos de vários mandatos) há muito não atuam em prol dos cidadãos, já não tem a moral como referência e a ética como atitude. Para se manterem, ofertam esporadicamente "conquistas sociais", que são reles concessões outorgadas e necessárias à manutenção de seus currais eleitorais e do sistema corrompido. Collor comprometeu-se a "matar o tigre da inflação" com a única bala que tinha, mas mirou na poupança de milhões de brasileiros. FHC transformaria o "Brasil jurássico" numa grande modernidade, porém, através das privatizações presenteou o patrimônio público para empresas estrangeiras. Lula jurou beneficiar os trabalhadores, mas incrementou as mesmíssimas ações privatizantes e economia de mercado de FHC, a quem tanto criticou. Dilma foi a que recebeu a verdadeira "herança maldita" do seu criador; no primeiro ano teve seis ministros que vieram de Lula afastados por corrupção e, em janeiro do segundo ano, já tinha mais três enxovalhados. Como chefe do Executivo Dilma ficou calada. Não se ouviu nenhuma explicação, não se leu nenhuma nota, não se soube de investigações ou pedidos de desculpas públicas sobre os ocorridos. É uma grosseria e desconsideração total com os brasileiros. Administram como se o Estado fosse deles e como se não devessem explicações para ninguém! São pessoas ultrajantes! Apesar das críticas mútuas, todos eles têm em comum o mesmo programa de governo e igual rastro de escândalos e corrupção! Além de construir um sistema viciado, o financiamento particular compra, já nas campanhas, os futuros administradores do Estado. Pelo lado dos candidatos a grande meta é a busca de financiamento e, ao mesmo tempo, escamotear parcela significativa destes proventos, sonegados por pessoas que têm a esperteza como conduta e o mandato político na perspectiva da burla. Hoje está calculado que aproximadamente 70% do dinheiro que é "lavado" no país advêm da corrupção. Brasília padece de fama que não merece, mas nos faz lembrar antigo ditado do historiador romano Salustio, que dizia: "Em Roma tudo se compra" (Romae omnia venalia esse). Neste sentido, é absolutamente impossível não abordar e detalhar o comportamento de membros do legislativo e executivo, por entender que suas atitudes demonstram claramente não só os interesses, os conchavos e conluios negociais que os elegeram, como que a meta de sua atuação vai no sentido contrário aos interesses do país.

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Quantos políticos sabem o que é a Constituição da República e como esta lhes regra a conduta? Se as ditaduras militares impõem regime de exceção, onde os direitos civis de liberdade, de expressão, de ir e vir são cassados, hoje se tem um regime de exceção imposto por uma ditadura econômica de grandes empresas, cujos tentáculos aprisionam e adestram, já nas campanhas, os futuros administradores do Estado. Metaforicamente, pode-se estabelecer a partir deste trabalho a relação cada vez mais promíscua entre um "grupo político", que é financiado por um "grupo de pressão", que vai, após a eleição, cobrar os valores repassados. Ainda nesta visão, pode-se afirmar que muitos dos atuais políticos comportam-se como "agentes terceirizados" dos grupos de pressão, representado pelo sistema financeiro, empresarial e até crime organizado. A motivação de escrever este livro surgiu das ações de um político de expressão nacional, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB). Fugindo da sua aparência indolente e apática (só aparência), não mais do que repentinamente armou-se da moto serra da bancada do agronegócio e, abastecida por grileiros, foi emboscar o Código Florestal Brasileiro (CFB), expondo os cidadãos a diversos perigos. Uma atitude política plena de interesses particulares; uma atitude que marca o interesse do Estado sendo subjugado por interesses empresariais. Neste mesmo tema têm-se um exemplo clássico de defesa de interesse particulares; vários dos beneficiados com as isenções de multas que as alterações do código propõem, são políticos que desmataram. Também emblemático e polêmico foi o "finalmente-ex-presidente Lula". Seu período ambíguo atendeu algumas necessidades públicas, mas muito mais os interesses privados. Saiu com ares messiânicos, sua figura preferida, sendo o melhor exemplo da esquerda que "toca o violino com a direita". Em Paris, possivelmente descontraído e distraído durante uma entrevista, citou sobre o "caixa 2": "O que o PT fez, do ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil sistematicamente". Um vexame! Mesmo assumido publicamente (que sabia do fato e que fez caixa 2), o presidente e réu confesso não sofreu qualquer processo de impedimento (impeachment). É o sistema judiciário construindo a omissão! Os dados financeiros apresentados ao longo do livro sobre arrecadação de campanhas foram obtidos junto ao "site" do Tribunal Superior Eleitoral (www.tse.jus.br). À citação do nome e valor recebido por cada político citado não infere, obviamente, qualquer interpretação de conduta ética, juízo de valor ou ação reprovável, muito pelo contrário. Entretanto, indicam clara e inequivocamente os apoios de empresas ou grupos negociais nos processos eleitorais.

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Por fim, este trabalho não tem a mínima pretensão de esgotar o assunto. Mesmo porque, muitos nomes de políticos famosos foram envolvidos em processos escabrosos da política, suas ações alcançaram páginas policiais e cada um mereceria um livro contando tais dados biográficos, como é o caso de Renan Calheiros, Edson Lobão, Paulo Maluf, Antonio Palocci, José Dirceu e outros tantos. Busca-se tão somente incitar algumas reflexões de como o financiamento particular está destruindo a "boa política" e corrompendo o sistema eleitoral. Aos fatos.

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"Antigamente os cartazes nas ruas, com rostos de criminosos, ofereciam recompensas; hoje em dia, pedem votos". Autor desconhecido

- Os partidos políticos

O pluripartidarismo tem gerado um número expressivo de agremiações políticas, fato que ocasiona, no mínimo, uma certa confusão no sistema representativo. Você, leitor, sabe dizer quantos partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) existem neste momento no Brasil? Serão 10? Ou 20? Quem sabe 30? Destes, quantos têm representantes eleitos no Congresso Nacional, composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal? A tabela abaixo esclarece a dúvida.

Tabela 1- Lista dos partidos registrados no TSE, com o total de parlamentares por bancada e o número que identifica o partido nos processos eleitorais. Fonte: www.tse.jus.br

SIGLA

NOME

Deputados Nº

1. DEM

DEMOCRATAS

27

25

1. PCB

PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO

*

21

1. PCdoB

PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL

13

65

1. PCO

PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA

*

29

1. PDT

PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA

20

12

1. PHS

PARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE

1

31

1. PMDB

PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO

78

15

BRASILEIRO 1. PMN

PARTIDO DA MOBILIZAÇÃO NACIONAL

2

33

1. PP

PARTIDO PROGRESSISTA

39

11

1. PPL

PARTIDO PÁTRIA LIVRE

*

54

1. PPS

PARTIDO POPULAR SOCIALISTA

10

23

1. PR

PARTIDO DA REPÚBLICA

36

22

1. PRB

PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO

10

10

1. PRP

PARTIDO REPUBLICANO PROGRESSISTA

1

44

9


1. PRTB

PARTIDO RENOVADOR TRABALHISTA BRASILEIRO

1

28

1. PSB

PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO

29

40

1. PSC

PARTIDO SOCIAL CRISTÃO

17

20

1. PSD

PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO

47

55

1. PSDB

PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA

53

45

1. PSDC

PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA CRISTÃO

**

27

1. PSL

PARTIDO SOCIAL LIBERAL

1

17

1. PSOL

PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE

3

50

1. PSTU

PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES

*

16

UNIFICADO 1. PT

PARTIDO DOS TRABALHADORES

85

13

1. PTB

PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO

20

14

1. PTC

PARTIDO TRABALHISTA CRISTÃO

***

36

1. PTdoB

PARTIDO TRABALHISTA DO BRASIL

*

70

1. PTN

PARTIDO TRABALHISTA NACIONAL

*

19

1. PV

PARTIDO VERDE

10

43

1. PEN

PARTIDO ECOLÓGICO NACIONAL

*

51

* - O partido não tem representação no Congresso Nacional. ** - Não elegeu ninguém. *** - Atualmente está licenciado.

O penúltimo partido criado foi o Partido Social Democrático (PSD), surgido oficialmente no dia 27/09/2011, fruto de uma dissidência comandada pelo prefeito de São Paulo, o Sr. Gilberto Kassab, o qual agrupou parlamentares do DEM (ao qual pertencia), PPS e PSDB. Por conta disto já iniciou com 47 deputados federais. Já surgiu "grande". Porém, e para evidenciar a dificuldade na redação deste livro, no dia 19/06/2012 o Tribunal Superior Eleitoral libera o Partido Ecológico Nacional (PEN), de número 51. E é nesta instabilidade emocional de alguns políticos que o presente trabalho busca fazer incursões, mas se pode afirmar, sem qualquer medo de errar, que os interesses pessoais sobrepõem-se aos partidários e até os da nação. Primeiro pensam em si, depois no resto, conforme está exposto na imensa contradição exposta a seguir; o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro e as regalias que os políticos se outorgam.

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Sobre o IDH.

02/11/2011 09h07- Atualizado em 02/11/2011 14h45 Brasil ocupa 84ª posição entre 187 países no IDH 2011 Estudo de qualidade de vida voltou a mudar de metodologia neste ano. Segundo cálculo atualizado, país melhorou 1 posição desde o ano passado. Do G1, em São Paulo e em Brasília O relatório do Desenvolvimento Humano 2011, divulgado nesta quarta-feira (2) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), classifica o Brasil na 84ª posição entre 187 países avaliados pelo índice. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil em 2011 é de 0,718 na escala que vai de 0 a 1. O índice é usado como referência da qualidade de vida e desenvolvimento sem se prender apenas em índices econômicos.

Sobre os políticos.

Transparência Brasil Cada senador custa mais de R$ 33 milhões por ano aos cofres públicos Levantamento da ONG Transparência Brasil sobre os orçamentos da União, dos estados e municípios revela que o Senado é a Casa legislativa que tem o orçamento mais confortável por legislador: seus R$ 2,7 bilhões anuais correspondem a R$ 33,4 milhões para cada um dos 81 senadores. Na Câmara dos Deputados, a razão é de R$ 6,6 milhões para cada um dos 513 deputados federais, segundo a ONG. Dentre as assembleias legislativas, o maior orçamento por legislador é o da Câmara Legislativa do Distrito Federal: equivale a R$ 9,8 milhões para cada um dos 24 deputados distritais. O DF não tem Câmara de Vereadores. O mais exíguo é o de Tocantins: pouco mais de R$ 2 milhões para cada um dos 24 deputados. Nas câmaras municipais, a mais rica é a do Rio: seu orçamento equivale a R$ 5,9 milhões para cada um dos 50 vereadores. No outro extremo, em Rio Branco (AC), a provisão para 2007 equivale a R$ 715,3 mil para cada um dos 14 vereadores. Custo por habitante A Câmara dos Deputados custa R$ 18,14 por ano para cada brasileiro, enquanto o Senado sai por R$ 14,48. Entre os estados, a assembléia legislativa mais cara por habitante é a de Roraima (R$ 145,19), e a mais barata, a de São Paulo (R$ 10,63). Entre as capitais de estados, a Câmara de vereadores mais cara por habitante é a de Palmas (TO), que custa anualmente R$ 83,10 para cada morador da cidade. 11


A mais barata é a de Belém (PA), com R$ 21,09 por ano. A fatia do Orçamento da União destinada ao Congresso Nacional (R$ 6,1 bilhões) chega perto de equivaler à soma do Orçamento destinado ao legislativo em todos os estados e capitais do país (R$ 6,4 bilhões). O montante orçamentário por parlamentar do Congresso (deputados federais e senadores) é mais do que o dobro do que custam os deputados estaduais, que por sua vez custam acima do dobro dos vereadores das capitais. O estudo revela que as três esferas do legislativo custam em média R$ 117,42 por habitante nas capitais brasileiras e que o trabalho legislativo é mais caro para habitantes de capitais menos habitadas - geralmente, as mais pobres. Enquanto em Boa Vista (RR) cada habitante paga R$ 224,82 anuais pelos serviços associados ao trabalho de seus representantes eleitos nas três esferas, em São Paulo o custo é de R$ 68,51 por habitante. Em Boa Vista, o gasto total com o legislativo (federal, estadual e municipal) representa 4,7% do PIB per capita. No outro extremo, em Vitória (ES), o gasto total de cada habitante com o legislativo representa 0,4%. Em cinco estados - Alagoas, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Sergipe e Tocantins - e doze capitais os dados orçamentários não estavam disponíveis na internet. Em três casos, nem o orçamento estadual e nem o da capital estavam na internet: Rio, Tocantins e Sergipe. Quanto custa um senador Subsídio mensal R$ 16.512,09. Além dos 12 salários por ano e do 13º, cada senador recebe o mesmo valor no início e no final de cada sessão legislativa, ou seja, 14º e 15º salários (*). Funcionários Ao contrário da Câmara, onde existe a verba de gabinete (R$ 60 mil a partir deste mês) para o deputado contratar seus assessores, é o Senado que contrata diretamente o pessoal do gabinete dos senadores. Cada gabinete tem direito à contratação de 11 profissionais, sendo seis assessores parlamentares e cinco secretários parlamentares. Um assessor parlamentar ganha R$ 8 mil brutos e um secretário, 85% desse valor. Com isso, o total de gastos com funcionários pode chegar a R$ 54 mil. Os cargos podem ser desmembrados, desde que não seja ultrapassado o valor originalmente designado para os 11 funcionários. Verba Indenizatória R$ 15 mil. Recursos para uso em gastos nos estados, com aluguel, gasolina, alimentação.

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O parlamentar tem que apresentar nota fiscal com os gastos e, se não usar toda a verba num determinado mês, acumula para o seguinte. Passado um semestre, ele não tem mais direito de usar o acumulado. Auxílio-moradia R$ 3.800. Têm direito os senadores que não moram em apartamentos funcionais. O parlamentar tem que comprovar o gasto, apresentando notas de hotéis ou de imóveis que tenha alugado em Brasília. Cota postal A cota postal varia segundo o número de eleitores do estado. O senador do estado menos populoso (AP), em termos de número de eleitores, tem direito a uma cota de R$ 4 mil/mês. Um senador do estado mais populoso (SP) tem direito a usar até R$ 60 mil/mês. O pagamento da postagem é feito diretamente pelo Senado aos Correios, mediante comprovação da postagem, não havendo repasse de recursos. Cota telefônica Cada senador tem direito a R$ 500 mensais. Passagens aéreas Verba variável, dependendo do estado pelo qual o senador foi eleito. O valor mínimo é de R$ 4,3 mil (para os eleitos pelo Distrito Federal) e máximo de R$ 16 mil, para os do Acre. Combustível Todo senador tem direito a 25 litros de combustível por dia. Gráfica Cada senador tem direito a uma cota de serviços gráficos, na Gráfica do Senado, para material estritamente relativo à atividade parlamentar, de R$ 8.500 por ano. Jornais e revistas Nos dias úteis, cada senador recebe cinco publicações, entre jornais e revistas. Deputados Subsídio mensal R$ 16.500. Além dos 12 salários por ano e do 13º, cada deputado recebe o mesmo valor no início e no final de cada sessão legislativa, ou seja, 14º e 15º salários (*). Verba de gabinete R$ 60 mil, a partir de abril de 2008. Verba destinada ao pagamento dos funcionários de gabinete. Cada deputado tem direito a empregar de 5 a 25 pessoas em seu gabinete, mas com salários que não ultrapassem o somatório da verba e que não sejam inferiores ao mínimo. Verba indenizatória R$ 15 mil. Recursos para uso em gastos nos estados, com aluguel, gasolina, alimentação. 13


O parlamentar tem que apresentar nota fiscal com os gastos e, se não usar toda a verba num determinado mês, acumula para o seguinte. Auxílio-moradia R$ 3 mil. Têm direito os deputados que não moram em apartamentos funcionais. O parlamentar tem que comprovar o gasto, apresentando notas de hotéis ou de imóveis que tenha alugado em Brasília. Cota postal e telefônica R$ 4.2687,55 para deputados, e R$ 5.513,09 para líderes e vice-líderes da Câmara, presidentes e vice-presidentes de comissões permanentes da Casa. A cota é mensal, mas, se não utilizada naquele mês, acumula para o seguinte. Passagens aéreas Verba variável, dependendo do estado pelo qual o deputado foi eleito. O valor mínimo é de R$ 4,3 mil (para os deputados eleitos pelo Distrito Federal) e máximo de R$ 16 mil, para os do Acre. Gráfica Cota de R$ 6 mil. Jornais e revistas Nos dias úteis, cada deputado recebe cinco publicações, entre jornais e revistas. http://www.diap.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=14030&Itemid=241 (* Houve dispositivo de lei alterando tais vencimentos; nota do autor) Uma breve comparação. De um lado a Universidade de São Paulo (USP) que, de acordo com a base de dados de 2010, publicados em 2011, é um centro avançado de ensino, pesquisa e extensão de serviços à comunidade, com campi em São Paulo (4), Bauru, Piracicaba, Pirassununga, Lorena, Ribeirão Preto e São Carlos, tem uma área territorial de 76.314.505 m2 e, segundo a abaixo, ainda apresenta: Tabela 2- Reprodução parcial dos dados indicativos da Universidade de São Paulo. Fonte http://www5.usp.br/usp-em-numeros/ Unidades de funcionamento

Totais

Hospitais e serviços anexos

4

Museus

4

Alunos matriculados

88.962

14


Cursos graduação oferecidos

240

Cursos pós-graduação oferecidos

607

Docentes

5.865

Técnicos-administrativos

16.187

Produção Científica - Trabalhos

26.986

Bibliotecas - Acervo

8.174.803

Frequência de usuários das bibliotecas

4.023.075

Cinema da USP (público)

11.576

Orquestra da USP (público)

38.806

Centro de Difusão Científica e Cultural (visitantes)

78.083

Leitos para internação - HU

233

Internações - HU

11.900

Atendimentos de urgência - HU

253.660

Atendimentos ambulatoriais - HU

138.647

Leitos para internação - HRAC

91

Atendimentos odontológicos - HRAC

75.682

Atendimentos médicos - HRAC

62.026

Hospital Veterinário (São Paulo e Pirassununga)

87.395

De um lado, a maior e melhor instituição de ensino da América Latina tem um orçamento anual de R$ 3.598.437.761,00. De outro lado, relembrando, "a fatia do Orçamento da União destinada ao Congresso Nacional é de R$ 6,1 bilhões", sendo que só o Senado custa ao contribuinte "R$ 2,7 bilhões anuais, que corresponde a R$ 33,4 milhões para cada um dos 81 senadores".

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Se extinguíssemos o Senado, que tem funções mais burocráticas (Constituição da República - Seção IV - DO SENADO FEDERAL - Art. 52), poder-se-ia criar outra USP, com benefícios inquestionáveis para a população. Qual o propósito do sistema bicameral? E, para que fique claro; em nenhum momento se propugna pelo fechamento do Congresso, muito pelo contrário. O que está questionado é o sistema bicameral! Retomando

o

legislativo

como

um

todo,

a

tabela

abaixo

demonstra,

comparativamente a outros países, o quanto é destinado do Produto Interno Bruto (PIB) aos congressistas. O retorno que eles deveriam ofertar à população deveria ser bem maior.

Tabela 3- Análise comparativa dos valores repassados ao Congresso Nacional brasileiro em valores do Produto Interno Bruto (PIB). Fonte: http://www.excelencias.org.br

O peso do Congresso Nacional (Câmara e Senado) no bolso do cidadão em termos do porcentual sobre a renda per capita é de 0,18% (dados de 2007). É o mais alto na comparação com outros onze países. País

% PIB pc Quantas vezes mais

Brasil

0,18%

Itália

0,11%

1,7

França

0,06%

3,2

México

0,05%

3,6

Chile

0,05%

3,8

Portugal

0,05%

3,9

Alemanha

0,04%

4,3

Canadá

0,04%

4,4

Grã Bretanha

0,03%

5,4

Argentina

0,03%

5,4

Estados Unidos

0,03%

5,7

Espanha

0,02%

8,4

http://www.excelencias.org.br/@casa.php?id=10335

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Para além dos deputados, suas mordomias também devem ser miradas, como o expressivo número de assessores, conforme dispõe a notícia abaixo, reproduzida parcialmente.

Câmara quer dar reajuste de 25% para verba de deputado Cúpula da Casa articula elevar para R$ 75 mil ao mês valor para contratar assessor, um custo extra de R$ 92,3 mi ao ano Cada gabinete pode ter até 25 funcionários; Câmara diz que salários achatados justificam proposta de aumento JOSÉ ERNESTO CREDENDIO / ERICH DECAT / MÁRCIO FALCÃO DE BRASÍLIA Com impacto adicional de R$ 92,3 milhões ao ano, a Câmara dos Deputados articula reajustar a verba de gabinete dos deputados de R$ 60 mil para R$ 75 mil ao mês. O dinheiro é utilizado para contratar até 25 assessores sem concurso, por gabinete, que podem atuar em Brasília ou nas bases eleitorais. Como os gabinetes no Congresso comportam em média cinco assessores, a maior parte deles fica nos Estados. Não é raro que esses escritórios funcionem como uma espécie de comitê eleitoral. Em 2010, por exemplo, a Folha flagrou cinco gabinetes nos Estados sendo usados para fins eleitorais. Anos antes, grupo técnico da própria Câmara havia sugerido a redução do número de funcionários de 25 para 12, além do estabelecimento de regras claras sobre a atribuição desses cargos. Tanto Maia como outros deputados justificam que os salários dos assessores, chamados de secretários parlamentares, está congelado há quatro anos. O último reajuste ocorreu em abril de 2008, quando o montante passou de R$ 50,8 mil, fixado três anos antes, para os atuais R$ 60 mil. Os salários dos assessores dos deputados variam de R$ 664 a R$ 6,2 mil, além de auxílio-alimentação de R$ 741. O aumento, caso ocorra, será feito sem necessidade de aprovação pelo plenário. Também há um movimento para subir o valor da cota que é gasta livremente com divulgação, consultoria, combustíveis, entre outros, e que vai de R$ 23 mil a R$ 33,5 mil. A estratégia é a mesma: dizer que os preços vêm sendo inflacionados no país http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/48888-camara-quer-dar-reajuste-de-25-para-verbade-deputado.shtml

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- O custo das campanhas políticas Os valores repassados pela iniciativa privada aos políticos nos processos eleitorais vão aos bilhões. Dependendo do Estado, uma campanha ao Senado (2010) pode custar um absurdo entre 5 a 10 milhões de Reais, o que corresponde ao sonho de muitos como prêmio de uma Mega Sena, já que poderiam viver só às custas de juros e sem precisar trabalhar. Nenhum candidato tem como bancar o custo da elaboração das alegorias eleitorais (músicas, camisetas, chaveirinhos, "gingles") para iludir a população e, sem estes investimentos, a possibilidade de vitória é mínima ou nula. Para ter chances razoáveis de sucesso em um sistema como este, ele tem que arrecadar o máximo possível e, alguns, literalmente, irão se vender! Um fato importante que deve ser considerado é a imensa diferença entre o valor declarado pelos candidatos nos relatórios enviados ao TSE e o que de fato recebem, pois é ordem corrente informarem só entre 30 e 40% do arrecadado (em alguns casos tem-se só 10%). Este procedimento de esconder valores é admitido abertamente por vários políticos, mas que não fazem nada para mudar a situação. Por conta destes repasses milionários de grandes empresas e conglomerados o perfil dos eleitos têm-se alterado, sendo paulatinamente sufragiados os mais espertos, os que sabem dar "um jeitinho", os que burlam, os que usam a corrupção como prática parlamentar ou administrativa. Como dito, já nas campanhas, o atual processo gera uma aproximação viciada entre candidatos e financiadores, numa relação de dívida de um para com o outro. Tal fato fica comprovado nas casas legislativas através dos inúmeros escândalos de relação promíscua entre estas e empresas particulares. Lembremo-nos de casos como os escândalos das ambulâncias, da empresa Gautama, entre outros que serão abordados na continuidade. Têm-se ainda as tais sobras de campanha, que são perigosos resquícios eleitorais, como os administrados por Paulo Cesar Farias (o "PC Farias") o tesoureiro de Fernando Collor de Melo. Em 1992, com o impedimento deste presidente (alguns preferem "impeachment") e sendo PC acusado de gerenciar fraudulentamente desde as tais sobras até tráfico de influência, fugiu para o exterior, mas acabou descoberto, preso e deportado para o Brasil. O incrível é que não permaneceu na cadeia - muitos imaginam que propositadamente - pois logo depois foi encontrado morto com a namorada numa casa de praia cercada por vários de seus "seguranças". Laudos, versões oficiais, notícias recorrentes e insistentes repetiam a lorota de que, enciumada, a sua namorada Suzana Vieira dera-lhe um tiro e outro no próprio peito. Embora a "queima de arquivo" fosse escandalosa e evidente, foi a que ficou, pois o povo, mais uma vez, não reagiu e aceitou a mentira.

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As notícias que o fato gerou foram tratadas como capítulos de novelas, e com um fim que se repete; os vilões sempre se dão bem e aguardem o próximo capítulo/escândalo. Só fica uma "indignaçãozinha", piadas, reeleições... Entretanto, ficou o sentimento geral de que PC foi morto não por conta do dinheiro que administrava (pois estava vivo até então), mas porque conhecia o esquema (financiamento e financiadores) "por dentro", desagradara alguns "chefões", continuava sendo investigado pela Polícia Federal (PF) e estaria incomodando. Dentre as várias investigações de caixa dois, relembra-se o ocorrido no RS, quando Yeda Rorato Crusius e o marido foram acusados pelo Ministério Público Federal de, entre outras, ter usufruído de doações eleitorais em caráter privado ainda durante a campanha. Afoito, o casal teria comprado uma casa com arrecadações de campanha e, ainda, com preço superfaturado. "Caixa 1", "caixa 2", "caixa 3", "restos de campanha", "financiamento por fora", "financiamento não declarado", "repasses aos comitês eleitorais", "repasses ao partido" são invencionices formuladas e fermentadas pela corrupção, e, pior, aceitas cada vez com maior naturalidade pela população, já que ladrões, corruptos, medíocres e mentirosos têm sido reeleitos. Há muito que tais “doações” preenchem mais as colunas policiais do que noticiário político. Outro sistema utilizado é a chamada "auto doação", explicada no texto abaixo, colhido e

reproduzido

parcialmente

do

excelente

endereço

eletrônico

"http://www.transparencia.org.br/". Fica recomendado, enfaticamente, a visita periódica neste "site" como forma de acompanhamento de cada um dos políticos. Doações eleitorais de candidatos levantam dúvidas Diversos deles mentem, ao fazerem doações superiores aos bens que declaram possuir. Outros empenham proporções alentadas de seu patrimônio em suas próprias campanhas. Claudio Weber Abramo Dos 2.368 parlamentares em exercício nas 55 principais Casas legislativas brasileiras, 1.804 serão candidatos nas eleições de 2010. Esse número inclui 50 senadores que buscam reeleição ou concorrem a outros cargos (como de governador); 479 deputados federais; 991 deputados estaduais ou distritais (do DF) e 284 vereadores de capitais. As declarações patrimoniais dos políticos em exercício nessas Casas têm sido sistematicamente recolhidas pela Transparência Brasil em seu projeto Excelências (www.excelencias.org.br), o mais completo repositório de informações sobre políticos existente no país. 19


Outros dados dos políticos são também recolhidos – como as doações eleitorais que recebem. Desde 2008 os candidatos em eleições são obrigados a prestar contas parciais das doações de que são beneficiários (e das despesas com suas campanhas em que incorrem) em duas ocasiões previamente à data da eleição. Embora a lei eleitoral não os obrigue a informar quais são os doadores senão depois da eleição, um dos itens da declaração diz respeito a autodoações, ou seja, recursos próprios que o candidato transfere para a conta de sua própria campanha. O vencimento da primeira data de prestação de contas ocorreu em 3 de agosto. A disponibilidade desse dado permite realizar a comparação entre os bens que os candidatos declaram possuir e as doações que alegadamente fazem com recursos próprios – recursos esses necessariamente oriundos de seu patrimônio. Dos 1.804 políticos em questão, pouco mais da metade (931) declarou ter feito doações a suas próprias campanhas. Desses, 39 empenharam em suas próprias campanhas montantes superiores aos que declararam possuir – 35 dos quais afirmaram não possuir nenhum patrimônio. Em outras palavras, esses candidatos mentem, pois ou eles possuem bens que não declararam ou as doações que afirmaram ter feito com recursos próprios não eram oriundas deles mesmos, mas de outrem. A tabela seguinte relaciona os políticos que se autodoaram mais recursos do que declararam possuir (limitados àqueles que doaram mais de R$ 20 mil).

Parlamentares cujas

Partido Cargo a que

autodoações superam 100%

UF

Bens

Doação

concorre

(> R$ 20

do patrimônio declarado Euclides Maciel

%

mil) PSDB

Deputado RO

0

56.000 Infinito

0

53.500 Infinito

estadual Mara Naves

PMDB

Deputado GO estadual

Carlos Willian

PTC

Deputado federal MG

0

50.000 Infinito

Haroldo Martins

DEM

Deputado PA

0

35.000 Infinito

0

35.000 Infinito

0

30.000 Infinito

estadual Vicente Lopes

PMDB

Deputado AM estadual

Iraê Lucena

PMDB

Deputado PB estadual

20


Tatiana Lemos

PDT

Deputado federal GO

0

21.950 Infinito

Nelito Gomes de Barros

PSDB

Deputado AL

0

21.000 Infinito

0

20.000 Infinito

39.400

76.670 194,6%

estadual Rachel Marques

PT

Deputado CE estadual

Francisca Emília Santana

DEM

Deputado MT

Nunes

estadual

Henrique Rebelo

PT

Deputado PI

138.791 230.000 165,7%

estadual Rosane Ferreira

PV

Deputado federal PR

Isaac Cunha

PT

Deputado BA

74.250 100.000 134,7% 31.000

33.000 106,5%

estadual Mostrando que a rede de financiamento é bem mais complexa do que se pode supor, também existe candidato doando para candidato, o que só pode se explicar como outra invencionice injustificável sob o aspecto lógico. O exemplo é o senador Aloizio Mercadante Oliva (PT-SP), atual Ministro da Educação, escolhido por ter chamado a atenção durante a pesquisa sobre o tema, embora, obviamente, existam outros exemplos. Como economista o ex-senador tem fôlego financeiro fenomenal, declarando em campanha conjunta com o deputado João Paulo Cunha, os valores constantes no quadro abaixo. Tabela 4- Demonstrativo de apoio financeiro ofertado pelo político Aloísio Mercadante Oliva (PT-SP), durante o processo eleitoral de 2010. Fonte: www.tse.jus.br

Doador

Número Beneficiados

Valor

doações Aloizio Mercadante

368

João Paulo Cunha

PT, PCdoB, PPS, PSL,

382.827,12

PTN, PMDB, PDT, PR

Eleições 2010 Aloizio Mercadante

2

Aloizio Mercadante

1049

Aloizio Mercadante PT, PCdoB

1.784,21 2.054.990,49

Resto Campanha 2010 Aloizio Mercadante

50

PT, PRTB, PCdoB

454.850,31 Total

2.894.452,13

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` - Do empreguismo à posse do Estado

As ações incompreensíveis para o eleitor não param por aí. Os governantes recém eleitos ainda têm o direito de indicar pessoas para cargos públicos, em conchavos e negociações que atendem interesses de quem os financiou, de partidos ou de corporações. Quando da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, que investigou corrupção nesta estatal, o secretário-geral do PT, Silvio Pereira, informou no depoimento que só o seu partido ocupava 1400 cargos no governo federal. "Silvinho", como ainda é conhecido, estava sendo investigado, entre outras, por tráfico de influência, pois fora presenteado com um jipe Land Rover de R$ 80.000.00 da empresa GDK, que financiara a campanha do PT e também fora escolhida prestadora de serviços da Petrobras. É importante perceber que tipo de compromissos e que grau de envolvimento se estabelece entre financiador e financiado. Mesmo que ele seja cercado por fundamentos éticos e morais expressivos, ele terá de resistir à pressão psicológica do agente financiador (sentimento de débito para com o mesmo) para não atender, prioritariamente, demandas advindas desta fonte. Ademais, e esta é a grande preocupação, são aqueles indivíduos que, não tendo tais fundamentos, utilizam os valores recebidos com o sentimento de propina, suborno ou de literal corrupção. Há de se considerar que, embora com comedimento, este tipo de financiamento favorece e busca privilegiar exatamente os corruptos. Não é por nada que a (mal) dita "Comissão de Ética" do Congresso não possui a mínima credibilidade frente à sociedade civil, tendo por base os vários casos que foram "julgados" com base no "companheirismo". A impunidade tornou-se a sentença comum, uma banalidade. Segundo a entrevista oferecida ao jornal Folha de São Paulo, o advogado e professor Modesto Carvalhosa assevera que "na prática, a cassação de políticos foi abolida, dando mais espaço para os corruptos". Assim pensado, também deverão ser ponderadas as aproximações nas campanhas e as ulteriores composições feitas na condução de seu projeto administrativos. Outro exemplo é o peleguismo que marca a sua era de ouro com Lula, quando vários dirigentes sindicais receberam cargos administrativos, o que desestruturou intensa e dramaticamente a organização e coordenação sindical em defesa de interesses coletivos sobre o de grandes corporação. ARQUIVO DE ARTIGOS ETC segunda-feira, agosto 29, 2005 22


Planalto usa cargos em fundos e estatais para premiar companheiros O ESTADO DE S PAULO Levantamento feito pelo 'Estado' mostra indicações políticas para os conselhos fiscais e de administração de várias empresas Sérgio Gobetti A estrutura de poder montada pelo PT, sob comando do ex-ministro José Dirceu, contou com o suporte financeiro das empresas estatais e dos cargos de indicação dos fundos de pensão para bonificar com uma "remuneração extra" os fiéis escudeiros do grupo político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao todo, o governo pode dispor livremente de cerca de 500 cargos nas estatais, e os fundos de pensão, de outras centenas de assentos nos conselhos das empresas privatizadas das quais são acionistas. Só o fundo dos funcionários do Banco do Brasil, a Previ, têm 373 vagas em grandes empresas, do ramo de telefonia ao de mineração, que pagam aos seus conselheiros até R$ 20 mil mensais. POUCO TRABALHO A vantagem desse tipo de cargo é que ele não exige muito trabalho, apesar da responsabilidade. Em geral, os conselhos fiscais e de administração se reúnem apenas uma vez por mês, senão a cada trimestre. A remuneração mensal varia de 10% a 20% do que ganham os diretores da empresa. Nas estatais, isso significa um bônus mensal de, no mínimo, R$ 2 mil, e no máximo R$ 10,8 mil, como no caso de Itaipu Binacional, onde a cúpula da Central Única dos Trabalhadores (CUT) conseguiu emplacar um conselheiro, o secretário de Relações Internacionais, João Vaccari Neto, numa vaga criada especialmente para os "trabalhadores". O presidente da CUT, João Felício, obteve vaga no Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), onde ganha R$ 4 mil por mês. Ele foi indicado para o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador, que financia os projetos do banco. A utilização dos conselhos das estatais para complementar o salário de altos funcionários do governo é prática corriqueira. Os próprios ministros da Fazenda, Antonio Palocci, da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, e do Trabalho, Luiz Marinho, ganham por sua participação nos conselhos das maiores empresas. GENTE DE FORA Até dirigentes petistas de fora do governo foram agraciados com indicações. É o caso de Marlene da Rocha, da Executiva Nacional do PT, que ocupou, até semanas atrás, um assento no Conselho Fiscal da Eletrosul. Entre todos os casos, porém, o que mais chama a atenção é o de Raimundo Ferreira da Silva Júnior. 23


Vice-presidente do PT no Distrito Federal, ele foi indicado pelo Ministério da Fazenda para ocupar suas vagas nos conselhos fiscais do BB Leasing e do BB Investimento. Renunciou aos cargos no início de julho, após a constatação de que aparecia na lista dos supostos office-boys usados pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para sacar o dinheiro do mensalão no Banco Rural. http://arquivoetc.blogspot.com.br/2005/08/planalto-usa-cargos-em-fundos-e.html

Têm-se, assim, casos de indivíduos que vão administrar o Estado, sem concurso público, cujo único atributo é ser apoiador do candidato vencedor. Tais situações desmerecem os servidores públicos federais, além de registrarmos vários ataques contra nossas atividades. Collor designou-nos de "marajás"; Fernando Henrique Cardoso de "vagabundos"; Lula ofereceu-nos um "reajuste" de 0,01%, uma ofensa inaceitável de um governo que, segundo a Procuradoria Geral da União, comprava com verbas públicas votos de parlamentares nos bastidores da corrupção! Na grande greve de 2012 dos servidores federais tem-se Dilma, que repassa bilhões dos cofres públicos aos que lhe financiaram a campanha, designar-nos de "grevistas sangue azul". Por obviedade, a "presidenta" está baseada em experiência própria, como analisado a seguir.

GAZETA DO POVO VIDA PÚBLICA Jetons colocam rendimentos de 13 ministros acima do teto Integrantes da Esplanada chegam a receber R$ 19,4 mil para participar de conselhos de empresas públicas. Ex-dirigentes de ministério e ex-governadores também são beneficiados Publicado em 09/04/2012 | AGÊNCIA ESTADO Artifício largamente empregado em governos passados para proporcionar uma remuneração de mercado a integrantes do primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios, os conselhos de administração e fiscal de estatais e empresas públicas continuam a ser usados para turbinar os salários de ministros. Um terço dos 38 titulares de ministérios integra hoje uma elite do funcionalismo com supersalários que ultrapassam o teto salarial de R$ 26.723,15. São 13 ministros que engordam seus rendimentos com jetons por participação em conselhos de empresas. O campeão é o titular da Defesa, Celso Amorim, que acumula seu salário com o pró-labore de R$ 19,4 mil pagos pela participação no Conselho de Administração da Itaipu Binacional. São R$ 46,1 mil mensais brutos de remuneração.

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Habitação Integrantes da Esplanada também recebem auxílio-moradia Agência Estado Além de turbinar os salários com jetons pagos por conselhos de estatais e empresas públicas, os ministros têm direito a receber auxílio-moradia. Assim como o pró-labore pago pelas empresas, o benefício está fora do teto salarial do funcionalismo público, que hoje é de R$ 26 723,15. Atualmente, os ministros têm direito a gastar até R$ 6.680 com habitação. Um terço dos 38 ministros do governo Dilma Rousseff recebe o benefício. O ressarcimento de despesas com moradia está previsto no artigo 172 da Lei 11.784, de 2008, e no artigo 60-D, da Lei 8.112, de 1990. A legislação estabelece como teto para o auxíliomoradia o correspondente a 25% do salário de ministro. Para receber o benefício, é preciso apresentar comprovante com o valor do gasto, que pode ser em aluguel de imóvel ou em diárias de hotel. De acordo com levantamento da reportagem, 13 ministros recebem o auxílio. Desses, 12 estão enquadrados na lei do Executivo; Mendes Ribeiro (Agricultura) recebe da Câmara dos Deputados, da qual está licenciado. Como é necessário comprovar o gasto com moradia, os custos variam. O titular do Trabalho, Paulo Roberto Santos, por exemplo, recebe R$ 3.200, enquanto José Eduardo Cardozo (Justiça), Wagner Bittencourt (Aviação Civil), Marco Antonio Raupp (Ciência e Tecnologia), Eleonora Menicucci (Mulheres) e Ana de Hollanda (Cultura) têm benefícios acima de R$ 6 mil. Outros 13 ministros declararam à reportagem não receber auxílio-moradia. Há os que residem em imóveis funcionais, como Gleisi Hoffmann (Casa Civil), que vive em uma casa no Lago Sul, área nobre de Brasília, com o marido, Paulo Bernardo, das Comunicações. O titular da Fazenda, Guido Mantega, também ocupa imóvel funcional. Ministros parlamentares No comando da área econômica do governo, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, estão empatados na segunda posição do ranking dos mais bem pagos da Esplanada, com renda mensal bruta de R$ 41,5 mil. Ambos são conselheiros da Petrobras e da BR Distribuidora, com jetons que alcançam quase R$ 15 mil mensais. O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) engorda o salário com jetons de dois conselhos: é presidente do Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), onde ganha R$ 6 mil mensais brutos, e integra também o BNDESPar, recebendo R$ 5,3 mil.

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Braço direito de Dilma, Pimentel, usufrui de R$ 38,1 mil por mês de renda. O vencimento do ministro da Ciência e Tecnologia é inferior ao do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que acumula o salário de ministro com os jetons de duas empresas: BrasilPrev e BrasilCap, chegando a ganhar R$ 38,7 mil mensais. O pagamento de jetons por estatais ou empresas públicas aumenta a renda de mais oito ministros. A maioria deles participa de conselhos que têm relação com as respectivas pastas. Como o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que integra dois conselhos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e da Finep, elevando sua renda mensal bruta para R$ 32,6 mil. Ex-ministros Alguns ex-integrantes do governo também recebem jetons. É o caso do ex-ministro do Trabalho e Emprego Carlos Lupi (PDT). Mesmo depois de ser demitido pelo governo por denúncias de irregularidades no ministério, Lupi continua desfrutando de pró-labore no valor de R$ 6 mil por participar de reuniões do Conselho de Administração do BNDES. http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?id=1242300&tit=Jetonscolocam-rendimentos-de-13-ministros-acima-do-teto

Cidades sem bombeiros, ou com eles, mas com carros pipas velhos e com mangueiras furadas; policiais até com armas, porém, sem treinamento, salários rebaixados e, ironicamente, assassinados em grande número por falta da segurança que não conseguem oferecer; hospitais sem leitos e sem médicos, entretanto, com muitos pacientes, além dos que vêm de outros hospitais, que também não os atendem; cidades sem saneamento básico, com mosquitos, doenças e ressurgimento de pragas endêmicas; serviços públicos sem o financiamento exigido e com pouquíssimos servidores, mas cheios de terceirizações e com chefes indicados por políticos da hora; escolas e universidades com muita propaganda, mas com poucos professores, sem infraestrutura e cada vez mais despreparada para formar cidadãos como o momento exige; governos que fizeram do Estado uma "coisa" mínima e que, hoje, é aviltado por corruptos destes próprios governos. O julgamento do mensalão é a exata tradução da situação moral caótica que o país alcançou e vive. Em outro escândalo, agora com o senador Demóstenes Lázaro Xavier Torres (DEMGO), surgiram conversas gravadas onde o parlamentar justificava para Carlinhos Cachoeira, investigado pela PF por contravenção e jogo do bicho, que teria de despedir do Senado Federal

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duas pessoas por ele indicadas (isto mesmo, indicadas pelo "bicheiro"). O motivo alegado pelo parlamentar é que ocorria uma "caça às bruxas" no Senado, mas que depois de "esfriar" ele (o senador) as recontrataria. O que é que une tão fortemente Demóstenes Torres, que é um advogado, membro concursado do Ministério Público de Goiás, que foi Procurador-Geral desta instituição e Secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás, com o contraventor investigado e preso pela Polícia Federal? Certamente não é só simpatia. O exemplo ocorreu com o próprio presidente do Senado Federal, o senador José Sarney, cujo clã familiar está arraigado no estado do Maranhão, mas é parlamentar pelo estado do Amapá. Este representante da nação incluiu no quadro de funcionários (sem concurso) o namorado de uma neta nesta casa legislativa. Apesar deste e de outros escândalos, o imortal Sarney saiu ileso de mais este "contratempo". Associado ao fim do financiamento particular de campanhas, faz-se imperioso acabar com tantos cargos disponíveis aos partidos, para impedir indicações com critérios alheios ao interesse público. Os órgão federais recebem indivíduos sem qualificação para os cargos, pagos com verbas públicas e que comprometem a prestação deste serviço. Quem sabe seja impossível calcular quanto o país perde com esta rifada irresponsável. Lembremo-nos, an passant, que, apesar de toda a mobilização e esforços, os casos de nepotismos continuam. Um contrata a filha do outro, que arranja um lugar para a sogra do um, e por aí vai.

- A compra de políticos cresce

As análises que podem ser feitas com os dados oferecidos pelo TSE são muitas, mas estão aqui restritas às mais importantes ao tema. Salienta-se; está se trabalhando com o valor declarado, não se objetiva chegar sequer perto dos subterrâneos da corrupção, mas se evidencia comportamentos claramente discutíveis. A realidade é que no Brasil financiam-se candidatos, visando a compra de políticos! Pior, pois já há algum tempo o noticiário têm mostrado um número expressivo de políticos envolvidos com o mundo da contravenção, significando serem as próprias casas legislativa e executiva profanadas por interesses de criminosos. A proximidade entre financiadores e financiados é cada vez maior, cujo limite ainda é inimaginável. Poderia, por exemplo, um contraventor ser literalmente o dono de um partido?

Enviado por Ricardo Noblat - 1.05.2012 | 05h06m POLÍTICA

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Cachoeira articulou compra do PRTB de Goiás Alana Rizzo e Fábio Fabrini, Estadão.com.br Definido pela mulher como "preso político", o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preparava uma ofensiva política em Goiás. Conversas interceptadas pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo mostram Cachoeira negociando a compra de um partido. Os áudios da PF indicam que seria a seção goiana do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), cujo presidente nacional Levy Fidelix é citado em diversas escutas. As conversas sobre a compra do partido começam em maio de 2011, quando Cachoeira questiona um aliado sobre a direção da legenda em Goiás. A ideia era tirar do cargo Santana Pires, presidente regional da sigla. Dois dias depois, o contraventor pede a Wladimir Garcêz que envie uma mensagem para alguém, cujo codinome entre o grupo é "nosso maior", questionando se valia a pena "pegar" o PRTB. A PF identificou que o sargento aposentado da Aeronáutica, Idalberto Matias Araújo, o Dadá, também fazia parte da negociação. Em um grampo, Dadá diz a Cachoeira que falou com o advogado (possivelmente do partido) e que ele teria pedido R$ 300 mil. "Já aumentou aquele valor que falei para você. Falou que era R$ 200 mil, passou para R$ 300 mil", diz Dadá. "Tá roubando. Que garantia que tem?", pergunta Cachoeira. "Disse que faz na hora. O presidente vem e faz tudo e vai para o TRE. Resolve tudo", explica o araponga. Cachoeira então quer saber quanto custa a manutenção anual do partido e Dadá diz que ele não falou sobre o assunto. "Falou que fica com o Estado todo na mão e nomeia os municípios." Cachoeira anima-se e diz que é para fechar o negócio por R$ 150 mil: "Até R$ 200 mil dá para fazer. Fecha logo, mas tem que ter garantia". http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/05/01/cachoeira-articulou-compra-do-prtbde-goias-442556.asp

O objetivo do sistema capitalista, assim como o da contravenção, é obter lucros, vantagens ou qualquer coisa que satisfaça a volúpia do acúmulo, e o financiamento particular de campanhas é, no momento, um forte aliado desta meta. Uma empresa que repassa R$ 1.000.000.00 a um candidato não o faz pelo nobre interesse democrático, mas para

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estabelecer uma aproximação que lhe renda retorno em favores pessoais, materializados no acesso aos cofres públicos. Bilhões são surrupiados. A contravenção vai na mesmíssima linha. No dia 28 de junho de 2012 os jornais informavam que a "CPI do Cachoeira" ouvira do depoente jornalista Luiz Carlos Bordoni, que trabalhou na divulgação da campanha de Marconi Perillo, que este governador usara "caixa 2" e que fora financiado por Cachoeira (notícias parciais).

Folha de São Paulo Jornalista admite que recebeu dinheiro de caixa dois de Marconi Perillo ANDREZA MATAIS / ERICH DECAT 27/06/2012-13h04 DE BRASÍLIA O jornalista Luiz Carlos Bordoni disse nesta quarta-feira (27) à CPI do Cachoeira que recebeu dinheiro de caixa dois da campanha do governador Marcoini Perillo (PSDB-GO) à reeleição em 2010 e que parte do valor foi pago a ele pelo próprio tucano. "Acertei pessoalmente com ele, contrato verbal entre amigos", afirmou. "O que existiu, de fato, foi um pagamento de caixa dois [...] esperava ter sido pago com dinheiro limpo, não com dinheiro da contravenção, de caixa dois." O jornalista contou que o acordo era receber R$ 120 mil mais R$ 40 mil de bônus se o candidato vencesse a eleição, o que ocorreu. Do total, segundo ele, R$ 40 mil lhe foram entregues em dinheiro pelo próprio governador; R$ 30 mil pelo financeiro da campanha e 10 mil por Jayme Rincon, chefe da agência de transporte de Goiânia. Outros R$ 45 mil vieram da Alberto e Pantoja, empresa fantasma do esquema Cachoeira, e o restante da empresa Adecio e Rafael, também vinculada a Cachoeira, segundo a Policia Federal. http://www1.folha.uol.com.br/poder/1111285-jornalista-admite-que-recebeu-dinheiro-decaixa-dois-de-marconi-perillo.shtml

Da mesma fonte ainda surge (parcialmente).

Folha de São Paulo Relator diz ter evidência de que Perillo usou recursos do 'crime organizado' ERICH DECAT / ANDREZA MATAIS 27/06/2012-19h34 DE BRASÍLIA 29


O relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), diz considerar que há evidências de que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), usou recursos de "origem do crime organizado" para financiar parte da campanha realizada na disputa pelo governo do Estado em 2010. As declarações do petista foram feitas após o depoimento de cerca de seis horas do jornalista Luiz Carlos Bordoni na CPI. "Fica evidente que a sua campanha [de Marconi Perillo] foi financiada com dinheiro do crime organizado. É uma questão grave e que será avaliada por nós", afirmou. http://www1.folha.uol.com.br/poder/1111614-relator-diz-ter-evidencia-de-que-perillo-usourecursos-do-crime-organizado.shtml

Para quem está minimamente atento às questões políticas no país não verá nenhuma novidade nos fatos acima e, oportunamente, seria lembrado de fatos graves ocorridos no estado Espírito Santo, agora já passados quase 10 anos.

24/03/2003-15h49 Entenda a crise no Espírito Santo, chamado de "Estado sem lei" da Folha Online

Nos últimos anos, diversos casos de violência, escândalos de lavagem de dinheiro e a virtual ligação de políticos com o narcotráfico e o crime organizado vêm vindo à tona no Espírito Santo, dando ao Estado uma aparência de "terra sem lei". A Assembléia Legislativa, por exemplo, é acusada pelo Ministério Público Estadual de ser o "suporte jurídico" para o desvio de verbas públicas no Estado enquanto teve o deputado José Carlos Gratz (PFL) na presidência, nos últimos seis anos. A Assembléia, dizem promotores, funcionaria como uma espécie de governo paralelo, exercendo atribuições do Poder Executivo. Enquanto isso, José Ignácio Ferreira (sem partido), que governou o Estado de 1999 a 2002, é acusado de má administração de dinheiro público, enriquecimento ilícito, liberação irregular de verbas públicas, condescendência criminosa e crime contra o sistema financeiro em inquéritos no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ele nega todas as acusações. Há também a suspeita de que a Scuderie Detetive Le Cocq, fundada como entidade filantrópica em 1984, com registro em cartório de notas, tenha se tornado na verdade um esquadrão da morte, de acordo com investigações policiais e do Ministério Público. 30


Em seus quadros fazem parte policiais, advogados, juízes, políticos, empresários, funcionários públicos e banqueiros do jogo do bicho. O assassinato do advogado Joaquim Marcelo Denadai, em 15 de abril do ano passado, fez com que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) fizesse um pedido em julho ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana para intervenção federal no Espírito Santo. Em julho de 2002, o ex-ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, sugeriu a intervenção federal no Estado, baseado na violência e no desrespeito aos direitos humanos. O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que no final do governo FHC foi apelidado jocosamente de "engavetador-geral de processos", não aceitou o pedido mesmo depois da aprovação feita pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. Logo após essa decisão, o ministro Reale Júnior deixou a pasta da Justiça. Paulo de Tarso Ramos Ribeiro assumiu o ministério da Justiça e no dia 17 do mesmo mês criou uma operação da missão especial de combate ao crime organizado. Metade dos suspeitos que estavam sendo investigados é de servidores ou autoridades públicas. Uma das principais ações da missão especial foi a prisão preventiva do ex-presidente da Câmara, José Carlos Gratz, que havia sido investigado durante a CPI do Narcotráfico. Além dele, mais sete deputados e 12 ex-deputados foram denunciados. Por causa dos supostos desvios de verbas, a dívida do Estado com o funcionalismo é de cerca de R$ 300 milhões. O governador Paulo Hartung (PSB) afirma que assumiu o Estado com uma dívida de R$ 1,2 bilhão e sem dinheiro no caixa.

Outros grupos não trabalham na mesma perspectiva expansionista de Carlinhos Cachoeira, mas têm o mesmo propósito de angariar, no mínimo, a simpatia de determinados congressistas. As doações realizadas pelas pasteiras (empresas que exportam pasta de celulose), ou papeleiras, contam com o apoio irrestrito de alguns políticos, seja no seu silêncio criminoso frente à imensa degradação social, agrícola e financeira que este agronegócio ocasiona ao país, ou na apresentação de projetos de interesse único e exclusivo das mesmas. Na tabela, a seguir, verificamos os valores repassados a candidatos, localizados somente nos estados onde eles têm negócios.

Tabela 5- Quadro demonstrativo dos valores em Reais repassados pelas empresas de celulose a políticos no processo eleitoral de 2006. Fonte: www.tse.jus.br 31


Empresa

Valor em Reais

(ex)Aracruz

5.523.353,26

Votorantim Celulose e Papel

1.254.825,10

Stora Enso Klabin Norske Skog Suzano Total

185.150,71 3.928.285,43 292.352,69 2.888.350,76 14.072.317,95

Quatorze milhões de Reais são doados sem pedir ou receber nada em troca? A empresa de celulose (ex)Aracruz informava que; "contribuímos para o amadurecimento do processo democrático com o incentivo à participação de todos os atores sociais que compõem o conjunto de forças de um determinado espaço". Apesar de tudo, a empresa tem razão; os políticos são ótimos atores. O financiamento total que os políticos recebem durante uma campanha eleitoral é alarmante e crescente, já chegando aos bilhões. A figura abaixo compara este incremento, expondo os valores nas campanhas de 2002, 2006 e 2010. A bem da verdade, a pesquisa realizada no "site" do TSE, e que gerou as tabelas, permitem valores aproximados, como é, especificamente, o caso de 2002, quando ainda não existia preocupação com a busca de tantas informações sobre os candidatos.

Figura comparativa entre o valor aproximado recebidos pelos políticos brasileiros nas campanhas eleitorais de 2002, 2006 e 2010. Fonte: www.tse.jus.br

32


Financiamento 2002 foi de R$ 814.423.312,60 Financiamento 2006 foi de R$ 1.428.964.749,52 Financiamento 2010 foi de R$ 4.648.507.019,31

Através disto constata-se o interesse crescente da iniciativa privada, já que, em 12 anos, o financiamento particular de campanhas saltou de R$ 814.423.312,60 (oitocentos e quatorze milhões, quatrocentos e vinte e três mil, trezentos e doze Reais, e sessenta centavos) para, em 2010, representar R$ 4.648.507.019,31 (quatro bilhões, seiscentos e quarenta e oito milhões, quinhentos e sete mil, dezenove reais e trinta e um centavos). A justificativa de que ocorre o "financiamento da democracia" não é convincente, pois se este fosse o objetivo, as empresas não interfeririam nas atividades do parlamento, e os candidatos mais fracos é que deveriam receber os auxílios mais expressivos, justamente para que pudessem ser ouvidos, vistos, debatidos. Abaixo, consta tabela onde estão presentes os repasses mais detalhados dos valores aqui calculados para o pleito de 2010, mas agora divididos por Estados da União.

Tabela 6- Demonstrativo dos valores totais em Reais repassados aos candidatos, partidos e comitês políticos por Estado durante o processo eleitoral de 2010. Fonte www.tse.jus.br

2010

AC

AL

AM

AP

BA

CE

DF

Candidatos.x.Estado

Partidos.x.Estado

Comitê x.Estado

Total por Estado

16.253.164,21

4.060.000,00

10.900.036,38

31.213.200,59

70.367.937,23

8.359.333,98

13.057.419,89

91.784.691,10

71.186.391,03

4.924.727,81

12.968.062,06

89.079.180,90

14.695.957,46

850.000,00

4.040.269,37

19.586.226,83

130.807.538,22

16.517.965,73

18.313.816,64

165.639.320,59

106.756.770,00

19.465.000,85

52.887.256,79

179.109.027,64

59.665.692,97

70.000,00

8.922.197,03

68.657.890,00

33


ES

GO

65.570.574,17

2.482.179,92

6.134.463,99

74.187.218,08

195.683.146,39

13.826.850,32

28.380.386,26

237.890.382,97

MA 76.542.784,17

11.799.733,59

22.367.042,58

110.709.560,34

324.300.191,16

51.309.068,56

11.226.601,17

386.835.860,89

86.814.367,22

8.642.958,33

8.975.346,63

104.432.672,18

113.945.644,80

1.952.071,40

4.907.998,21

120.805.714,41

69.922.235,93

4.805.090,00

10.479.876,34

85.207.202,27

51.369.900,94

4.939.967,00

1.099.530,67

57.409.398,61

115.061.907,94

37.977.866,49

3.883.726,00

156.923.500,43

59.360.106,07

1.627.210,00

1.481.564,98

62.468.881,05

175.948.615,50

5.171.929,05

30.404.730,89

211.525.275,44

214.147.038,63

19.532.774,67

71.828.969,47

305.508.782,77

53.549.919,25

2.694.002,00

23.004.303,93

79.248.225,18

64.879.030,34

2.671.000,00

20.043.371,21

87.593.401,55

38.887.057,96

11.743.050,00

18.385.942,05

69.016.050,01

116.800.998,28

14.404.872,82

16.053.640,15

147.259.511,25

77.232.761,94

2.349.643,35

28.158.330,79

107.740.736,08

MG

MS

MT

PA

PB

PE

PI

PR

RJ

RN

RO

RR

RS

SC

34


SE 30.623.929,95

4.707.087,95

6.976.483,91

42.307.501,81

481.441.918,49

56.459.587,07

79.343.079,14

617.244.584,70

52.817.977,96

2.183.931,57

30.801.236,79

85.803.146,32

165.480.822,70

407.805.775,56

280.033.277,06

853.319.875,32

3.100.114.380,91

723.333.678,02

825.058.960,38 4.648.507.019,31

SP

TO

Presidência

Total Geral

Para constar, tendo em vista a respeitabilidade e ótima fonte de informações, reproduz-se os valores do financiamento total de campanha colhidos no "site" "àsclaras" (http://www.asclaras.org.br/), completados agora com todos os processos eleitorais a partir do ano de 2002.

Tabela 7- Informações colhidas junto à internet sobre os valores repassados aos candidatos a todos os cargos e que disputaram o processo eleitoral desde o pleito de 2002: fonte http://www.asclaras.org.br/

Ano Doações a candidatos

Doações a

Total de doações

Custo do voto

comitês/diretórios* 2002

R$ 678.277.932

R$ 120.605.881

R$ 798.883.813

R$ 1,31

2004

R$ 1.080.614.325

R$ 304.042.016

R$ 1.384.656.341

R$ 6,79

2006

R$ 1.509.781.577

R$ 205.473.869

R$ 1.715.255.446

R$ 2,99

2008

R$ 2.099.614.903

R$ 419.751.172

R$ 2.519.366.075

R$ 11,82

2010

R$ 3.237.741.289

R$ 968.804.006

R$ 4.206.545.295

R$ 6,36

2012

R$ 3.933.140.987

R$ 626.436.283

R$ 4.559.577.270

R$ 20,41

* Descontadas de doações realizadas a candidatos e outros comitês.

Do confronto de informações fica anotada uma pequena diferença de valores, certamente fruto das complicadas declarações realizadas.

35


Entretanto, após uma rápida análise fica evidente que o custo do voto mais que duplica para as eleições minoritárias, tendo um crescimento um pouco menor nas eleições majoritárias, de onde advém uma preocupação muito grande: com um "custo eleitoral" já tão expressivo, além de duplicar a cada eleição, os candidatos deverão ter uma busca cada vez maior e se comprometer cada vez mais com financiadores de campanhas. Isto ocasiona um rápido afastamento das reais necessidades cidadãs, a bem da verdade já observado, indo indubitavelmente privilegiar tais financiadores ou, se desejarmos, a iniciativa privada Um exame diferenciado dos mesmo pleitos gera novas tabelas abaixo, onde se constata a imensa disparidade, agora entre os candidatos, já que os melhores posicionados nas pesquisas são expressivamente os mais agraciados com verbas.

Tabela 8- Discriminação dos valores "doados" aos candidatos e partidos na campanha do ano de 2002 à presidência da República (segundo turno entre Lula e José Serra) Fonte; www.tse.jus.br

Candidato

Partido

Valor

Luis Inácio Lula da Silva

PT

21.072.475,98

Comitê financeiro

PT

18.313.322,86

Anthony William Garotinho

PSB

Nenhum lançamento

Comitê Presidente

PSB

3.279.077,00

Ciro Ferreira Gomes

PPS

Nenhum lançamento

Comitê Presidente

PPS

13.942.876,15

Matheus de Oliveira

José Maria de Almeida

PSTU

8.212,54

Comitê Presidente

PSTU

28.353,76

José Serra

PSDB

Nenhum lançamento

Comitê Presidente

PSDB

28.540.261.80

Total

85.184.580.09

Este caso corresponde à primeira vitória de Lula, onde surge entre os candidatos com a maior arrecadação de financiamento, ou seja, aproximadamente 47%, José Serra com 33% e todos os demais com 20%.

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Na realidade esta análise encontra problemas, já que três candidatos não fizeram nenhum lançamento com o seu nome. Uma indagação interessante é como conseguiram fazer a campanha?

Tabela 9- Discriminação indicativa dos valores "doados" aos candidatos e partidos na campanha do ano de 2006 à presidência da República (segundo turno entre Lula e Alckmin). Fonte; www.tse.jus.br

Candidato

Partido

Valor

Luis Inácio Lula da Silva

PT

81.188.298,01

Comitê financeiro

PT

76.769.196,25

Luciano Caldas Bivar

PSL

214.054,26

Comitê financeiro

PSL

287.865,76

José Maria Eymael

PSDC

272.496,26

Comitê Presidente

PSDC

53.423,31

Cristovam Ricardo Buarque

PDT

1.715.720,42

Comitê Presidente

PDT

0.00

Comitê financeiro

PCO

4.889,09

Comitê Presidente

PCO

4.900,00

PSDB

79.206.150,77

PSDB

62.022.370,45

PSOL

155.135,38

PSOL

377.529,79

Total

302.272.029,75

Geraldo

José

Rodrigues

Alckmin Filho Comitê Presidente Heloísa

Helena

Lima

de

Moraes Carvalho Comitê Presidente

Também em 2006 Lula vence o processo eleitoral com 52% das arrecadações, Alckmin com 46% e todos os demais com 0,9%. Tabela 10- Discriminação indicativa dos valores "doados" aos candidatos e partidos na campanha do ano de 2010 à presidência da República (segundo turno entre Dilma e Serra). Fonte; www.tse.jus.br

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Candidato

Partido

Valor

Ivan Martins Pinheiro - 21

PCB

47.354,33

Comitê Presidente

PCB

Nenhum resultado

Rui Costa Pimenta - 29

PCO

3.988,00

Comitê Presidente

PCO

2.360,00

José Levy Fidelix da Cruz - 28

PRTB

17.300,00

Comitê Presidente

PRTB

150.121,75

José Serra - 45

PSDB

106.597.293,77

Comitê Presidente

PSDB

109.821.597,08

José Maria Eymael - 27

PSDC

319.450,83

Comitê Presidente

PSDC

401.470,41

Plínio Soares de Arruda Sampaio - 50

PSOL

99.245,00

Comitê Presidente

PSOL

230.705,22

José Maria de Almeida - 16

PSTU

95.030,54

Comitê Presidente

PSTU

122.456,83

Dilma Vana Rousseff - 13

PT

135.530.844,32

Comitê Presidente

PT

137.587.009,48

Maria Osmarina Marina da Silva Vaz de

PV

24.108.859,74

PV

24.937.366,51

Total

540.072.453,81

Lima - 43 Comitê Presidente

Neste caso, Dilma vence o processo, recebendo aproximadamente 50,5% dos recursos, José Serra fica com 40% e todos os demais com 10%. Assim, confirma que os mais populares recebem mais recursos. Afinal, quem vai querer apoiar perdedor? Agora, se agrupados os valores dos presidenciáveis que alcançaram o segundo, surge a tabela a seguir.

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Tabela 11- Análise comparativa do total repassado aos candidatos à presidência nas eleições de 2002, 2006 e 2010, com aqueles selecionados ao segundo turno. Fonte www.tse.jus.br Eleições 2002

Eleições 2006

Eleições 2010

Total recebido pelos

Total recebido pelos

Total recebido pelos

candidatos à presidência

candidatos à presidência

candidatos à presidência

85.184.580.09

302.272.029,75

540.072.453,81

Lula 21.072.475,98

Lula

81.188.298,01

Dilma

135.530.844,32

PT

76.769.196,25

PT

137.587.009,48

157.957.494.26

Soma

273.117.853.80

PT

18.313.322,86

Soma

39.385.798.84

Soma

Serra não declarou

Alckmin

79.206.150,77

Serra

106.597.293,77

PSDB 28.540.261.80

PSDB

62.022.370,45

PSDB

109.821.597,08

Soma 141.228.521.22

Soma

216.418.890.85

Soma

28.540.261.80

Assim, na campanha de 2002, os candidatos Lula e Serra receberam 79% do total arrecadado entre todos os candidatos à presidência da República, restando 21% aos demais. Em 2006, Lula e Alkmin recolheram 99%, e reles 1% foi recebido pelos restantes. Em 2010 Dilma e Serra receberam 91%, enquanto só 9% aos que não alcançaram o segundo turno. É indiscutível que uma pessoa que concorra em dois turnos, receba mais do que aquelas que concorreram num só, mas adiante este tema será retomado e com considerações específicas. Antes, porém, faço pequeno mas necessário comentário sobre a denominada pesquisa eleitoral que, como o financiamento particular, é um grande indutor de voto. É outro modismo que veio e permanece, mas, como opinião particular, são empregadas para direcionar o voto de indecisos, já que muitos eleitores encaminham seu voto para apoiar aquele que ocupa os melhores níveis de aceitação. Embora estejamos no início de 2013, já surgem as primeiras "pesquisas de intenção de voto" para a eleição presidencial de 2014. Não tem o mínimo sentido, não colabora e não constrói nada algo deste tipo. Tais levantamentos atendem interesses de grupos, sejam eles quais forem - iniciativa privada, partidos ou coligações políticas e tornam os demais candidatos em reles atores de um simulacro de democracia, distanciando-os em oportunidades. Subliminarmente a população é bombardeada com palavras de ordem tais como "calote da dívida", "benefícios do superávit

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primário", "melhorias da educação" e outros, buscando depreciar, também sem que se perceba, os que fazem a defesa de posturas políticas que contraditam a propaganda "oficial". Este forte agente indutor do voto faz com que o segundo turno apresente, via de regra, candidatos com propostas administrativas idênticas, num "debate" para ver quem vai implantar o mesmo programa de governo. Ou seja, os interesses de grupos ou pessoas já estariam garantidos e sentariam à mesa de negociação de qualquer um que ganhe, como no exemplo a seguir. No pleito de 2010, o empresário Eike Fuhrkem Batista doou R$ 6.050.000,00, de onde R$ 1.000.000,00 foi para o comitê petista de Dilma Housef, igual valor para o peesedebista José Serra, e R$ 500.000,00 para o PV de Marina. Ainda, lambuzou o DEM com R$ 100.000,00, o PCdoB com R$ 300.000,00, o senador Cristóvam Buarque com R$ 100.000,00 (PDT/DF) e Sérgio Cabral (PMDB/RJ) com R$ 750.000,00 (além de outros). Isso corrobora que qualquer governo que vencesse as eleições teria compromissos com o empresário. Mesmo sendo proprietário de empresas, optou por uma doação pessoal e ELE sentaria em qualquer mesa de negociações para defender os seus interesses. Adiante voltaremos ao assunto desta terna, autêntica e desinteressada relação Dilma/Eike. Como ponderado anteriormente, é óbvio que os sufragiados ao segundo turno recebam mais, mas deve-se ponderar qual a influência que os financiamentos podem ter neste segundo momento para a escolha do futuro governante, conforme análise do caso a seguir. No pleito de 2006, o segundo turno ao governo do estado do RS ocorreu entre Olívio de Oliveira Dutra (PT) e Yeda Rorato Crussius (PSDB), a qual, sem que se esperasse, frustrou as expectativas de reeleição do governador Germano Rigotto (PMDB). No confronto não só a campanha midiática do segundo turno foi expressiva em favor da peessedebista, como também o aporte financeiro superou em muito aquele do primeiro, conforme a tabela abaixo.

Tabela 12- Demonstrativo do aporte financeiro particular para a campanha da ex-governadora do RS, Yeda Rorato Crussius (2006-2010). Fonte www.tse.jus.br

Primeiro turno Valor recebido Número de doadores

Segundo turno

Total

1.761.844,72

4.469.167,41

6.231.012,13

212

99

311

40


Como se pode constatar, somente 99 doadores suplantaram em muito aquilo que 212 ofereceram. Também importante, é que alguns apoios se repetiram, só que de forma mais expressiva, e outros novos surgiram, conforme a próxima tabela. Tabela 13- Demonstrativo do aporte financeiro particular para a campanha do ex-governadora do RS, Yeda Rorato Crussius (2006-2010), detalhando alguns doadores do primeiro e segundo turno. Só estão expostos os financiamentos de empresas, descartando-se pessoas físicas e diretórios (fonte TSE).

Primeiro Turno

Valor R$

ARACRUZ CELULOSE S. A.

Segundo Turno

Valor R$

12.954,72 ARACRUZ CELULOSE S/A.

268.602,73

BANCO ITAÚ S.A. BRASKEM LTDA.

300.000,00

100.000,00 BRASKEM LTDA.

100.000,00

CALÇADOS AZALÉIA S/A.

100.000,00

CONSTRUTORA GIOVANELLA COPESUL

9.998,00

230.000,00 COPESUL CVI

COMP.

320.000,00 VONTOBEL

DE

10.000,00

INVESTIMENTOS.

EXPR. MERCÚRIO S/A.

DIMED S/A.

15.000,00

DRAGAPORT LTDA.

10.000,00

ENGEVIX ENG. S/A.

100.000,00

1.000,00 EXPRESSO MERCURIO S/A.

20.000,00

FLOPAL FLOREST. PALMARES GERDAU AÇOS LONGOS S.A.

200.000,00 GERDAU AÇOS LONGOS S/A

5.000,00 300.000,00

GRENDENE S. A.

20.000,00 GRENDENE S/A

20.000,00

HABITASUL DESEN. IMOB. S/A.

20.000,00 HABITASUL DESEN. IMOB.S/A

70.000,00

MARCOPOLO S/A

IPIRANGA PETROQUIMICA

150.000,00

IPIRANGA PETROQUÍMICA

150.000,00

MALCON FINANCEIRA S/A

15.000,00

15.000,00 MARCOPOLO S/A.

25.000,00

METALCORTE METALURGICA STORA GUSO BRASIL LTDA.

1.000,00 STORA ENSO BRASIL LTDA. VIA SOLO ENG. LTDA.

24.000,00 50.000,00

VOTORANTIN PAPEL E CEL. Total R$ 599.954,72

10.000,00

200.000,00

Total R$ 2.272.600,73

41


Embora esta tese esteja sujeita a avaliações e ponderações individuais, é inegável que a campanha midiática, somada ao aporte financeiro, foi decisivo para o resultado final do pleito. Também foi clara e inequívoca a influência destas empresas no governo Yeda, como no caso das papeleiras. Presentearam a peessedebista com R$ 511.557,45 (aproximadamente 8,2% do total), e as ações administrativas da governadora foram no sentido de colocar desde secretarias de governo até o terceiro escalão na defesa destes interesses particulares. Especificamente a Secretaria de Meio Ambiente foi rebaixada como mera esteira de passagem dos projetos de empresários do setor, tendo, inclusive, ocorrido denúncia de assédio moral por parte da presidência da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler sobre seus funcionários. A notícia abaixo detalha.

Sinal vermelho na área ambiental em Porto Alegre Mar 1st, 2011 Ex-secretária geral de governo e ex-diretora presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Ana Pellini foi uma das responsáveis pelo desmonte dos órgãos ambientais do Estado no governo Yeda Crusius (PSDB). As ONGs Sociedade Amigos das Águas Limpas e do Verde (Saalve), Agapan, Igré, Instituto Biofilia e Mira-Serra ingressaram com uma Ação Civil Pública por Improbidade Administrativa contra Ana Pellini, acusando-a de ter praticado assédio moral, ameaçando verbalmente e transferindo de postos, sem justificativa, técnicos da Fundação que se opuseram a mudar pareceres em favor de determinadas empresas durante o governo tucano no Rio Grande do Sul. http://rsurgente.opsblog.org/2011/03/01/sinal-vermelho-na-area-ambiental-em-porto-alegre/

Outro exemplo de inequívoca relação próxima entre governo e empresas ocorreu em Minas Gerais, com o então governador Eduardo Brandão de Azeredo (PSDB), conforme relata reportagem abaixo.

"Empreiteiras recebem R$ 296 mi de Azeredo Seis construtoras, segundo a PF, fizeram doações clandestinas de R$ 8,2 milhões para a campanha de reeleição do tucano.

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Polícia diz que dinheiro foi utilizado na quitação de empréstimos contraídos por Valério para a campanha ou custearam gastos eleitorais THIAGO GUIMARÃES - DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

As seis empreiteiras que, de acordo com a Polícia Federal, fizeram doações clandestinas de R$ 8,2 milhões para a campanha de 1998 à reeleição do então governador mineiro e atual senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), receberam R$ 296 milhões em pagamentos por obras na sua gestão (de 1995 a 1998)."

Têm-se, assim, outro fato concreto, quando as empreiteiras repassaram R$ 8,2 milhões para a campanha do candidato para, mais tarde, receberem R$ 296 milhões em obras. As divagações ou impressões sobre este ocorrido pertencem ao leitor — e à justiça. Aliás, em 20 de novembro de 2007, o Procurador Geral da República, Antonio Fernando

Barros

e

Silva

de

Souza,

denunciou

Azeredo

e

mais

14

(http://media.folha.uol.com.br/brasil/2007/11/22/denuncia_inquerito_n2280.pdf)

pessoas por

estarem envolvidos no chamado "valerioduto mineiro", ou seja, escândalo de corrupção ocorrido na eleição do mesmo ao governo de Minas Gerais. Mesmo com todos os cuidados nas citações sobre pessoas, é importante perceber que as eleições entraram para o mundo dos negócios e negociatas. Uma empresa que doa R$ 1 mil ou R$ 1 milhão, tem que ter certeza do retorno. Como já ponderado, é uma aplicação, um investimento e não um ato de democracia, como muitos desejam iludir.

- O Congresso Nacional

Analisando-se sob o prisma do financiamento particular de campanhas perguntar-seia: Este tipo de apoio pode interferir nas ações individuais dos congressistas? A resposta é "sim". Na realidade, o Congresso Nacional, há muito tempo, fragmentou-se na defesa de interesses de grupos claramente assumidos, as chamadas "bancadas". Assim, tem-se a bancada ruralista, evangélica, empresarial, sindical - uma não assumida é a "bancada do interesse próprio" - que operam em favor de propósitos específicos e não daqueles que importam à população. Apesar de permearem vários partidos, elas não perdem o seu foco de interesse e, quando necessário, agrupam-se como "suprapartidárias". 43


Nova questão; poderiam os membros do poder Legislativo agirem, referenciando-se em quem lhes paga as contas eleitorais? Novamente a resposta é "sim", conforme corrobora nova matéria jornalística, que, em 2009, enfocou o escândalo envolvendo a Construtora Camargo Corrêa, que teria enviado ilegalmente dólares ao exterior, além de ter superfaturado obras públicas e "lavado" dinheiro.

"Folha de São Paulo - 05 de abril de 2009 Base e oposição descartam CPI sobre Camargo Corrêa 55% dos congressistas atuais receberam doações legais de construtoras, segundo o TSE Para líder de partido aliado, CPI sobre a Camargo seria "destampar uma panela de pressão'; oposicionista diz que haveria "efeito dominó"

KENNEDY ALENCAR / RANIER BRAGON - DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em conversas reservadas com a Folha, deputados e senadores governistas e da oposição disseram que não há a menor chance de criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a empreiteira Camargo Corrêa, alvo da Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. As empreiteiras deram contribuições financeiras legais para 55% dos atuais congressistas, segundo dados fornecidos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) - sem contar eventuais doações ilegais. Um líder de partido aliado ao governo disse que investigar a Camargo Corrêa equivaleria "a destampar uma panela de pressão". Um deputado da oposição afirmou que poderia haver um "efeito dominó" - começar a investigar a Camargo Corrêa e chegar a outras empresas. Há também interesses específicos dos aliados do presidente Lula em jogar contra uma CPI. A Camargo Corrêa, segunda empreiteira com maior receita líquida no país, tem boa relação com o PT e com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), potencial candidata à Presidência em 2010. Além disso, a construtora participa de várias obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), sendo vista como uma parceira do governo para tocar investimentos do pacote de obras de Lula para tentar mitigar efeitos negativos da crise econômica. Os dois tucanos presidenciáveis, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), também são apontados como políticos que possuem boas relações com a empreiteira.

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A Camargo Corrêa foi a maior doadora individual da campanha de Serra à Prefeitura de São Paulo, em 2004, com R$ 1 milhão. Aécio foi o quarto político que mais recursos recebeu das empresas do grupo em 2006, com R$ 379 mil. Como o governo Lula tem maioria ampla na Câmara e maioria numérica no Senado, dificilmente uma CPI prosperará, ainda mais sem entusiasmo da oposição. A idéia de uma CPI para investigar relações da Camargo com a Petrobras, aventada pela oposição, é vista pelo Planalto como um blefe. Doações da Camargo A Camargo Corrêa fez apostas em políticos com posições vitais no Congresso. Trinta e seis dos atuais 513 deputados e 81 senadores receberam em 2006 - ano das últimas eleições para o Congresso - doações da Camargo Corrêa ou de empresas controladas por ela. O foco foi em políticos que integraram ou integram a cúpula do Congresso, sejam governistas ou de oposição. Entre os destinatários das doações, nove ocupam cargos de comando no Congresso, dois são ex-presidentes da Câmara e dois, dirigentes partidários. Em 2006, as doações diretas das empresas feitas a candidatos ou a comitês financeiros somaram R$ 16,7 milhões, valor que teve acréscimo de pelo menos R$ 6,3 milhões doados naquele ano a PT, DEM e PSDB (doações somente no nome da Camargo Corrêa), que geralmente repassam esses recursos para os candidatos. Petistas e tucanos Entre as doações feitas diretamente (sem passar pelos caixas dos partidos), o hoje secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo (SP), recebeu R$ 160 mil. O líder do partido no Senado, Aloizio Mercadante (SP), recebeu R$ 200 mil. O líder da bancada petista na Câmara, Candido Vaccarezza (SP), R$ 90 mil. Os ex-presidentes da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP), com R$ 210 mil, e Aldo Rebelo (PC do B-SP), com R$ 250 mil, também foram beneficiários das doações. Na época, Aldo era o presidente da Câmara. O atual ocupante do cargo, Michel Temer (PMDB-SP), recebeu R$ 50 mil. Entre a oposição, estão na lista deputados tucanos como Paulo Renato (SP) e Edson Aparecido (SP), que receberam R$ 100 mil cada um. O presidente do DEM, Rodrigo Maia, obteve doação de R$ 50 mil. Também em 2006, a Camargo Corrêa doou R$ 3,5 milhões para o comitê de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao comitê do candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, foram R$ 785 mil. Nas últimas eleições, as de 2008 (para prefeitos e vereadores), o grupo Camargo Corrêa diz ter doado R$ 23,9 milhões a partidos políticos e candidatos. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0504200902.htm 45


A história conta que a CPI não foi instalada e que congressistas agiram como empregados de empresas do setor de construção, atuaram como elementos terceirizados dos interesses particulares que lhes financiaram. O esquecimento da população deste fato ocorre naturalmente com o passar do tempo e os mesmos clãs políticos são reeleitos. O inacreditável é que o tempo passa e a mesma história se repete.

Folha de São Paulo São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2012 Maiores empreiteiros do país viram réus na Justiça Ex-diretores da Infraero também são réus; ação é do Ministério Público Federal Grupo de 41 pessoas enfrenta acusação de superfaturar obras em aeroportos; empresas negam irregularidades FERNANDO MELLO / DIMMI AMORA DE BRASÍLIA

As maiores empreiteiras do país vão enfrentar uma batalha nos tribunais. A 12ª Vara da Justiça Federal em Brasília aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra 41 pessoas, entre exdiretores da Infraero e diretores e representantes das principais construtoras brasileiras. Eles são acusados de envolvimento em superfaturamento de R$ 1,2 bilhão em obras de dez aeroportos, incluindo Brasília, Congonhas e Guarulhos. Todos agora são réus sob a acusação de formação de quadrilha. Nomes conhecidos aparecem no processo, como Ricardo de Queiroz Galvão (da Queiroz Galvão), Dário de Queiroz Galvão Filho (da Galvão Engenharia e vice-presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base) e Zuleido Veras (da Gautama, preso em 2007 em outra operação da PF). A investigação começou com a Operação Caixa Preta, da Polícia Federal, de 2007. Ao todo, representantes de 14 empreiteiras tornaram-se réus, entre elas Camargo Corrêa, Carioca, Mendes Junior, Construcap, Odebrecht e OAS -esta última é sócia da líder do consórcio que venceu o leilão de Cumbica, a Invepar. O juiz Marcus Vinicius Reis Bastos não aceitou a denúncia em relação a outras 14 pessoas, mas o Ministério Público vai recorrer. Além disso, a denúncia informa que os projetos tiveram preços propositalmente inflados para que as empresas tivessem mais ganhos ilegais. 46


Segundo um dos relatórios da PF, um dos motivos para os supostos desvios terem ocorrido foi o loteamento político da Infraero. "Entre 2003 e 2006, a principal alteração estrutural realizada na Infraero foi, além da nomeação de um político para sua presidência, a nomeação de apadrinhados políticos para cargos de chefia", diz a polícia. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/30006-maiores-empreiteiros-do-pais-viram-reusna-justica.shtml

Desta forma, em 8 de março de 2012 surge uma notícia/escândalo de superfaturamento envolvendo as maiores construtoras do país e que, coincidentemente, são as que mais recebem obras por parte do governo. Entretanto, já em dezembro, aparece uma das envolvidas, a Odebrecht, no noticiário como pertencente ao "clube dos 100 bi", ou seja, a construtora calcula que faturará em 2013 quantia superior a R$ 100 bi.

ÉPOCA No clube dos R$ 100 bi: Odebrecht chegará lá em 2013 9:02, 15 DE DECEMBER DE 2012 IGORPAULIN Entre as empresas não financeiras do país, só a Petrobras tem um faturamento superior a R$ 100 bilhões. No fim de 2013, a estatal passará a ter companhia nesse clube. O Grupo Odebrecht faturou R$ 71 bilhões em 2011. Fechará este ano com R$ 84 bilhões. O presidente do conglomerado, Marcelo Odebrecht, afirma que apenas os contratos já firmados asseguram entradas de R$ 100 bilhões no próximo ano. Dificilmente, a marca não será batida e é provável que seja superada. http://colunas.revistaepoca.globo.com/felipepatury/2012/12/15/no-clube-dos-r-100-bi-odebrechtchegara-la-em-2013/

Tudo "numa boa", com empresário sorrindo na foto, sem problemas... Mas também não é só, conforme mais esta notícia.

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Quatro empreiteiras concentram R$ 138 bilhões em obras no país GILBERTO SCOFIELD JR., RONALDO D'ERCOLE E DANIELLE NOGUEIRA Publicado:7/05/11 - 0h00 / Atualizado:7/05/11 - 0h00 SÃO PAULO e RIO - A decisão do governo brasileiro de entregar para a iniciativa privada a administração dos principais aeroportos do país vem movimentando os corredores das quatro maiores empreiteiras nacionais: Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht e Queiroz Galvão. Trata-se de novo e promissor braço de negócios para as quatro gigantes que, ao longo dos últimos anos, turbinadas por uma quantidade de investimentos no país vista somente na época do "milagre econômico", na década de 70, deixaram de ser apenas construtoras e se transformaram em verdadeiros conglomerados de infraestrutura, atuando em áreas que vão de petróleo e energia elétrica a telecomunicações e agronegócio. As cifras impressionam. As principais obras em andamento hoje no Brasil, ou já contratadas, nas quais "as quatro irmãs" estão envolvidas, somam R$ 138,7 bilhões, segundo levantamento feito pelo GLOBO. http://oglobo.globo.com/economia/quatro-empreiteiras-concentram-138-bilhoesem-obras-no-pais-2773130

Ao fim e ao cabo, pode se constatar que é assustador e estarrecedor como tais acontecimentos não geram qualquer ou a mínima reação popular. Ocorre à luz do dia, é noticiado, a população sabe e os processos investigativos acabam em nada! É aterrorizante!!! Embora não seja um fator exclusivo, o financiamento particular de campanhas ajuda candidatos que não se referenciam nos bons costumes jurídicos e buscam novas formas arrecadatórias durante os seus mandatos.

Folha Online 2/11/2009-03h37 Arquivo sigiloso da Câmara revela que deputados usam notas de empresas fantasmas Documentos mantidos em sigilo pela Câmara revelam que empresas com endereços inexistentes são beneficiárias de verba indenizatória de R$ 15 mil, informa reportagem de Alan Gripp e Ranier Bragon publicada neste domingo na Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal ou do UOL). A verba indenizatória é um adicional mensal pago aos parlamentares para despesas relacionadas à sua atividade. A Folha teve acesso por via judicial a 70 mil notas fiscais referentes aos quatro últimos meses de 2008, que justificaram reembolsos de supostos gastos de deputados federais. Tais notas apresentam endereços fictícios e empresas desconhecidas ou clandestinas. 48


Os parlamentares que usaram essas notas confirmam que os serviços foram prestados. Um deles é o deputado Marcio Junqueira (DEM-RR), que foi reembolsado mensalmente em cerca de R$ 15 mil pelo aluguel de carros da PVC Multimarcas. A partir de abril de 2009 a Câmara começou a divulgar na internet os dados da verba indenizatória usada pelos parlamentares. Desde então Junqueira parou de solicitar os reembolsos. Entre as empresas que mais emitiram notas, para dez deputados e ex-deputados, está a SC Comunicações e Eventos, cujas notas somam R$ 115 mil. De acordo com o documento, a empresa funcionaria em uma casa simples em Luziânia (GO). O dono do imóvel que corresponde ao endereço oficial garante que nele nunca funcionou uma empresa. O proprietário da SC é o assessor do senador João Durval (PDT-BA), Umberto de Campos Goularte, que explica o endereço inexistente como consequência de um erro de seu contador. Segundo o próprio Goularte, as notas foram dadas por serviços prestados de assessoria de imprensa — atividade para a qual os parlamentares recebem verba específica de R$ 60 mil por mês. http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u655841.shtml

Mas não foi só. Em maio de 2005, o Brasil foi sacudido com a notícia de que deputados eram pagos para aprovar as reformas propostas pelo governo Lula, fato que gerou o chamado "escândalo do mensalão". A crise teve início com a divulgação de um vídeo, onde um membro da Empresa de Correio e Telégrafos vendia vantagens em troca de suborno. Logo em seguida nova reportagem coloca o deputado Roberto Jefferson como

responsável pelo esquema,

desencadeando mais um escândalo do governo Lula. Jefferson declara que informou o esquema de venda de votos a seis ministros: Aldo Rebelo, Walfrido Mares Guia, Ciro Gomes, Miro Teixeira, José Dirceu e Antônio Palocci. Os quatro primeiros não negaram, Miro deixou o governo, enquanto Dirceu e Palocci disseram que não sabiam de nada. Este escândalo, que será abordado algumas vezes ao longo deste trabalho, é outra prova cabal de que a conduta de políticos oriundos do financiamento particular de campanhas, têm ocasionado graves desvios de conduta ética e moral no Congresso Nacional. Entre os vários envolvidos no mensalão, surgiu o deputado Romeu Queiroz (PTB/MG), o qual recebeu recomendação do Conselho de Ética para ser cassado, por conta de ter assumido o recebimento de R$ 102 mil não contabilizados na campanha da empresa siderúrgica Usiminas, via a SMPB, uma das tantas agências de publicidade de Marcos Valério (responsável pelo "valerioduto"). 49


Ainda, mandou um assessor sacar R$ 350 mil do mesmo esquema para compor "caixa 2". O deputado se defendeu dizendo que recebeu o dinheiro do PT, repassou para o PTB, e que não se apropriou de qualquer centavo desses recursos. Se não ficou com o dinheiro, assumiu o "caixa 2" explicitamente. Era crime eleitoral explícito! Mas, em votação secreta ocorrida no Congresso, o mensaleiro recebe o apoio de 250 "colegas" pela não cassação, 162 indicam seu afastamento, 22 se abstêm, oito votam em branco e um anula. Mesmo com o "caixa 2" explícito, o então Ministro do Turismo Walfrido Mares Guia (PTB/MG) fez campanha pela não cassação e, em entrevista, Queiroz afirmou que contou com 50 votos do PT na sua absolvição. E também, não só isto é importante, quando se lê a notícia abaixo e a hilária decisão judicial.

MPE pede cassação do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) por gasto ilícito em campanha TSE - 12/8/2009 O Ministério Público Eleitoral (MPE) apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recurso ordinário em que pede a cassação do diploma do deputado federal Ronaldo Ramos Caiado (DEM-GO) por captação e gasto ilícito de recursos e uso de Caixa 2 nas eleições de 2006. O recurso do MP foi feito com base em dispositivo do artigo 30-A da Lei 9.504/97 (Lei das Eleições). O Ministério Público acusa Ronaldo Caiado de saques em dinheiro na boca do caixa, no valor total de R$ 331.419,48, para pagamento de diversas despesas, o que representaria mais de 40% do montante arrecadado em dinheiro pelo candidato e 28,52% do gasto total de sua campanha para deputado. Acrescenta que, no dia 25 de setembro de 2006, com a presença do candidato, foi realizado por terceiros o leilão Amigos do Caiado, no qual o MP afirma que houve irregularidade na captação e gasto dos recursos arrecadados. O órgão ressalta que não há como saber ao certo a origem dos R$ 83.400, arrecadados no evento. O Ministério Público ressalta finalmente a existência de gastos não declarados pelo candidato com publicidade e materiais impressos junto à Barramares Gráfica e Editora no valor de R$ 80.500,00, que em parte teriam sido pagos com a quantia conseguida no leilão, segundo o candidato. O Tribunal Regional de Goiás (TRE-GO) entendeu, por maioria de votos, que, apesar de devidamente caracterizados a arrecadação e gastos irregulares de campanha por parte de Ronaldo Caiado, não seria o caso de se aplicar a sanção de cassação do diploma parlamentar, 50


conforme prevê o artigo 30-A da Lei 9.504. A Corte Regional afirmou que é preciso atentar para os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade da punição, pois a arrecadação e os gastos irregulares corresponderam a 5,24% do montante gasto pelo candidato em sua campanha e não tiveram impacto nas eleições de 2006 em Goiás. No entanto, o Ministério Público destaca no recurso que o bem jurídico amparado pelo artigo 30-A da Lei das Eleições é o princípio constitucional da moralidade, razão pela qual não se exige para sua configuração a pontecialidade de o ilícito influenciar as eleições. http://www.jurisway.org.br/v2/noticia.asp?idnoticia=38886

Com a sentença, o TRE-GO cria um problema gravíssimo, por ser insolúvel. A partir de então, deve-se estabelecer as conceituações e limites entre: "caixão 2", "caixa 2" e "caixinha 2"; não menos importante e debatido deve ser "corruptão", "corrupto" e "corruptozinho"; Quiçá de "imoralzão", "imoral" e "imoralzinho". Dramático imaginar que tais definições alcancem a área médica e que precise iniciar um debate sobre "quase grávida", ou "quase infartado" e, imaginemos, "quase morto"! A notícia seguinte, agora reproduzida parcialmente, relaciona-se à anterior e mostra como a corrupção têm alicerces parlamentares.

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Folha de São Paulo - 15 de fevereiro de 2010 Brasil não pune lavagem de dinheiro, aponta entidade Órgão internacional diz que falta preparo de tribunais superiores para combater crime Para o Gafi (Grupo de Ação Financeira), outro problema que influi na impunidade é o excesso de recursos judiciais que um processo permite MARIO CESAR CARVALHO / LILIAN CHRISTOFOLETTI DA REPORTAGEM LOCAL O Brasil não consegue combater e punir um tipo de crime que une traficantes de drogas, corruptos e criminosos de colarinho branco a lavagem de dinheiro. Faltam leis, disposição das autoridades para sequestrar bens comprados com dinheiro ilícito e preparo dos tribunais superiores para tratar o tema com a complexidade que ele requer. A avaliação é do principal órgão internacional que sugere e monitora políticas contra a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo, o Gafi (Grupo de Ação Financeira), em relatório de 302 páginas obtido pela Folha. Especialistas do Gafi visitaram o Brasil entre 26 de outubro e 7 de novembro do ano passado e apontam num documento preliminar que a maioria dos crimes de lavagem acaba sem punição. Impunidade Um dado citado no relatório resume a tendência dos processos sem fim no Brasil. Em 2008, as varas judiciais especializadas em crime financeiro registraram 1.311 processos, dos quais somente dez tiveram uma sentença definitiva. Duas das maiores investigações de lavagem no Brasil, sobre o banco Opportunitty e a empreiteira Camargo Corrêa, foram paralisadas por decisões do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e do STF (Supremo Tribunal Federal). Os dois fatores "tornam muito difíceis para os promotores conseguirem a condenação final para crimes como o de lavagem".

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Não deve ser esquecido que o financiamento de alguns candidatos vai além deste declarado. Um levantamento feito na eleição de 2008, no Estado de São Paulo, indicou que só as chamadas "doações ocultas" alcançam 53% das verbas não declaradas pelos candidatos. ESTADÃO.COM.BR Com cerco ao caixa 2, campanhas recorrem a mais doações ocultas Em São Paulo, porcentual da arrecadação sem identificação clara dos doadores quintuplicou de 2004 para 2008 06 de dezembro de 2008 | 0h 00 Clarissa Oliveira

O aumento da fiscalização por parte da Justiça Eleitoral e pressões da sociedade para inibir o caixa 2 nas campanhas levaram partidos a buscar uma nova forma de assegurar o dinheiro no caixa durante uma eleição, sem expor seus doadores. Muitas vezes a pedido de empresas e pessoas interessadas em financiar candidaturas, as siglas tornaram corriqueira a prática de receber doações em seu próprio caixa e, somente então, repassá-las ao candidato. Permitidas por uma brecha na lei, as chamadas doações ocultas interferem na transparência das prestações de contas. Ao contribuir por meio do partido, o doador fica livre de ter seu nome na relação de contribuintes apresentada à Justiça Eleitoral pelo candidato ou pelo comitê financeiro da campanha. Em seu lugar, aparece o nome do partido. Dirigentes de algumas das principais siglas do País admitem que a prática foi impulsionada pelo escândalo do mensalão, que expôs em 2005 o esquema de financiamento irregular protagonizado pelo PT e o empresário Marcos Valério. Antes, dizem eles, empresas que queriam contribuir sem ter seu nome atrelado à campanha o faziam pelo caixa 2. Mais grave é o fato de o sistema impedir que se saiba ao certo se foram respeitados limites legais para doações, de 2% da renda bruta para pessoa jurídica e 10% de pessoa física. CONTAS No maior colégio eleitoral do País, as doações ocultas explodiram nos últimos anos. Análise da prestação de contas das quatro maiores campanhas da última corrida municipal em São Paulo mostra que 53% das doações foram feitas em nome dos partidos. Foram R$ 42,9 milhões, de uma arrecadação somada de R$ 81 milhões. Apesar de os valores servirem de indicativo para a quantidade de doações ocultas, o montante real pode ser ainda maior. Isso porque o levantamento não analisou repasses dos comitês de vereadores, siglas aliadas ou outros candidatos. http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,com-cerco-ao-caixa-2-campanhas-recorrem-amais-doacoes-ocultas,289755,0.htm 53


A bem da verdade, o "modus operandi" de alguns partidos caracterizam-no como entidade criminosa, formando quadrilhas, ávidas por arrecadar fundos partidários visando, não exatamente como asseveram, processos eleitorais. Tais agremiações já não mais escondem a cobiça que têm por verbas e, sem pudor, defendem abertamente que o nome dos doadores seja sonegado. Como tais políticos e agremiações partidárias fazem as leis, gradativamente a ética não mais é tomada como referência e a vigarice baliza o comportamento do Legislativo e, inclusive, do Executivo. Complementa o fato que de, ao influenciar decisivamente o sucesso eleitoral, as empresas sobrepõem seus projetos aos de interesse nacional. Será que os limites e as consequências desta relação estão longe de serem conhecidas, num submundo em que a retribuição se dá em "serviços de gabinete"? Será que este processo de financiamento privado poderá influir na construção de um político pior que este? Vamos à outra matéria jornalística, reproduzida parcialmente.

"Polícia Federal rastreia dinheiro sujo para caixa 2 nas eleições deste ano O Sul - 19 de abril/2010 Na tentativa de combater o caixa dois e outros tipos de financiamentos ilegais de campanhas eleitorais, a Justiça Eleitoral e a PF (Polícia Federal) vão fazer monitoramento sobre a movimentação financeira de segmentos suspeitos de despejar ou lavar dinheiro no patrocínio de candidatos nas eleições deste ano. A polícia planeja investigar especialmente as articulações da máfia dos caçaníqueis e dos bingos nas eleições do Rio de Janeiro e em São Paulo. Autoridades federais estão preocupadas com a crescente desenvoltura no processo eleitoral de grupos supostamente ligados ao narcotráfico. O que mais chamou a atenção dos investigadores foi a discreta, porém efetiva, articulação da máfia de caça-níqueis em busca de aliados políticos. O movimento em favor dos jogos de azar ressurgiu com força nos últimos meses. Em geral, candidatos não declaram recebimento de grupos de jogos. 'Ficamos sabendo que [as máfias de caça-níqueis] estariam oferecendo dinheiro para quem se dispuser a ajudar na legalização do jogo. O movimento que ocorreu recentemente no Congresso para legalizar caça-níqueis não foi uma coisa à toa', disse uma autoridade encarregada de acompanhar o processo eleitoral. A Justiça Federal vai monitorar também as movimentações de uma das facções criminosas que aterrorizaram presídios em São Paulo nos últimos anos. Chefes da organização, que tem como um de seus negócios o narcotráfico, estariam se articulando para tentar eleger alguns candidatos (AG)". 54


As notícias sobre a ocorrência de delitos eleitorais se avolumam dia a dia, não param de crescer.

"Folha.com - 18/07/2010 - 08h01 Ranking da PF coloca Rio no topo dos crimes eleitorais LUCAS FERRAZ DE BRASÍLIA Terceiro maior colégio eleitoral do país, o Rio de Janeiro lidera um inédito ranking da Polícia Federal sobre crimes eleitorais. Nos últimos quatro anos, a polícia fez mais de 3.400 investigações no Estado para apurar delitos como compra de votos, caixa dois, inscrição e transporte irregular de eleitores e boca de urna. Desde 2006, a Polícia Federal abriu mais de 20 mil inquéritos em todo o país para apurar crimes relacionados às eleições, desde os pequenos até os mais graves, o que resultou no indiciamento de mais de 5.500 pessoas. Alguns dos políticos que tiveram os mandatos cassados no período foram alvos dessas investigações. Em segundo lugar no ranking está Minas Gerais, segundo maior Estado em número de eleitores e onde a PF abriu 1.912 inquéritos nos últimos quatro anos. O Estado de São Paulo, onde se concentra 22% do eleitorado, o maior do país, vem logo abaixo, na terceira posição, quase empatado com o Rio Grande do Norte, que tem 1,6% do eleitorado do país e que é o caso mais representativo do Nordeste. O principal crime, considerado o mais grave para procuradores, juízes federais e policiais ouvidos pela, é a compra de votos. "A compra de votos é um reflexo da falta de credibilidade e desesperança da população com os políticos", diz Sandra Cureau, vice-procuradora-geral eleitoral. Segundo a Folha apurou, o esforço é para tentar obter provas e propor ações antes da diplomação dos políticos, e não depois, durante a vigência do mandato, o que dificulta a punição. ATRASO Apesar da liderança do Rio nos inquéritos, o maior número de indiciamentos por crimes eleitorais ocorreu em Tocantins, (841 nos últimos quatro anos), Estado cujo governador foi cassado pela Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico e político ao usar a máquina do Estado para se reeleger, em 2006". http://www1.folha.uol.com.br/poder/768511-ranking-da-pf-coloca-rio-no-topo-doscrimes-eleitorais.shtml 55


Com base no exposto já é possível afirmar que atitudes discutíveis têm um leque que abrange "da direita à esquerda", como também "de cima até em baixo", envolvendo em pecados os congressistas mais religiosos e que falam "em nome dos céus".

Folha de São Paulo PF encontra R$ 10 mi com bispo do PFL

A Polícia Federal apreendeu no aeroporto de Brasília sete malas de dinheiro que estavam em poder do deputado federal João Batista Ramos da Silva (PFL-SP), bispo da Igreja Universal do Reino de Deus. As malas continham R$ 10,2 milhões em cédulas de R$ 5 a R$ 100. 11 de julho A Polícia Federal apreende sete malas de dinheiro que estavam dentro de um avião em Brasília. Os R$ 10,2 milhões estavam em poder do deputado João Batista Ramos da Silva (PFL-SP). O parlamentar diz que a verba era dízimos dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus.

O Ministério Público Federal investiga denúncias de um esquema de corrupção que envolveria a alta cúpula do PT e a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). O principal personagem da denúncia é a auditora fiscal do INSS Maria Auxiliadora de Vasconcelos. O Jornal Nacional denuncia que o suposto esquema de extorsão de empresários ocorria em troca de um fraudulento perdão das dívidas.

A Central Geral de Trabalhadores (CGT) entrega um documento de apoio às políticas do governo federal. Cerca de 750 sindicalistas da CGT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) participam de um encontro com o presidente Lula. Em nota oficial, a Telemar nega a existência de irregularidades na parceria com a Gamecorp – empresa onde Fábio Lula da Silva (filho do presidente da República) atua como sócio. Segundo a Telemar, o investimento faz parte de uma estratégia de negócio. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/inde12072005.shl

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Outra, agora do livro recém lançado "Sanguessugas do Brasil", do jornalista Lúcio Vaz (Coleção História Agora, Geração Editorial, 2012).

"O caso (CPI dos Sanguessugas) ganhou abrangência quando Luiz Antônio Vedoin fechou com o Ministério Público Federal um acordo de delação premiada. O número de deputados envolvidos passou para várias dezenas. Em 27 de julho, o colega Gustavo Krieger, do jornal Correio Braziliense, teve acesso na íntegra do depoimento prestado durante nove dias. O empresário relatou em detalhes como, quando e quanto pagou de propina a cada parlamentar envolvido no esquema. Ele apresentou cópias de cheques, depósitos bancários, e deu datas e locais de pagamentos em dinheiro, listando os laranjas que receberam dinheiro em nome dos políticos, Havia integrantes de todos os partidos, com destaque para a bancada evangélica. O exdeputado Bispo Rodrigues (PL-RJ), preso durante a operação policial, coordenava um grupo de seis deputados ligados à Igreja Universal (página 58)".

Isto prova que a corrupção é, de fato, diabólica!

- Os partidos

Não só o perfil comportamental dos políticos têm se alterado, mas, obviamente, seguem a mesma conduta os partidos, que visam, primordialmente, o acúmulo de verbas para as campanhas eleitorais (pelo menos esta é a alegação e assim se imagina). Conchavos, acertos e combinações estão tornando agremiações partidárias em máquinas para arrecadação financeira. Entretanto, para além disto, estão se especializando em esconder a identidade de agentes financiadores, cujo anonimato não interessa à cidadania, mas ao acobertamento de falcatruas. Se assim não o fosse, não haveria motivo para o desejo do sigilo.

Folha Online PT, PSDB e DEM se unem contra resolução do TSE para manter doações ocultas 08/02/2010-20h53

Adversários políticos declarados, PT, PSDB e DEM se uniram para contestar a resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que trata das doações ocultas nas eleições. Em petição conjunta, os partidos sugerem mudanças no texto da resolução para manter as doações sem identificação dos candidatos beneficiados. 57


Atualmente o mecanismo para realizar as doações ocultas é o seguinte: os financiadores repassam os valores para os partidos, sem identificar os candidatos que receberão as quantias, e os partidos fazem a distribuição dos recursos aos políticos nas eleições sem revelar a fonte dos financiamentos. O texto da nova resolução do TSE determina expressamente que em ano eleitoral os partidos sejam obrigados a "discriminar a origem e a destinação dos recursos repassados a candidatos e comitês financeiros". A ideia é impedir que os políticos, sob o escudo do partido, recebam repasses de fontes vedadas, como concessionárias de serviços públicos e sindicatos, além de permitir que a sociedade saiba quem financiou quem nas eleições. "É que a captação de recursos de diversos doadores e os eventuais repasses a diversos donatários não se dá a um só tempo e em quantias coincidentes, de modo a possibilitar dizer qual candidato recebeu especificamente de qual doador", dizem os partidos na petição. http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u691294.shtml

A motivação destes partidos pode ser complementada e entendida com a análise de mais uma notícia abaixo.

da Folha de S.Paulo 27/11/2008-08h35 Campanhas em SP ocultam R$ 42,7 milhões em doações CATIA SEABRA

O eleitor paulistano jamais poderá identificar a origem de R$ 42.767.802,25 gastos nas principais campanhas à Prefeitura de São Paulo neste ano. Essa é a soma de recursos repassados diretamente pelos partidos para os comitês municipais ou contas de campanha na eleição. Como na prestação apresentada ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) são registrados como contribuição partidária, o verdadeiro doador não é revelado. Na eleição, os comitês financeiros municipais do DEM, PT, PSDB, PPS e PP arrecadaram, juntos, R$ 71.226.669,87. Desses, R$ 37.110.204,51 --52,10%-- foram registrados como doações partidárias. Com isso, a origem de pelo menos metade dos gastos de campanhas à Prefeitura está oculta. Pela lei, os partidos políticos têm até o último dia de abril para prestar contas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Mas nelas só será possível saber quem contribuiu para determinada sigla. Não o beneficiário final do dinheiro. 58


http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u472207.shtml

Com os relatos acima, é possível entender o modus operandi de agremiações partidárias, fato discutido logo a seguir. O excelente livro "O Chefe", de Ivo Patarra (Creative Commons, 2010) faz uma descrição esmiuçada e detalhada do chamado "Escândalo do Mensalão". A sua leitura oferece ao leitor uma notável visão dos bastidores políticos de uma parte da história da era Lula. Na página 105, lê-se:

"A polícia de Minas Gerais apreende 2 mil notas fiscais da DNA Propaganda. Os documentos estavam em 12 caixas de papelão, na casa do ex-policial Marco Túlio Prata, em Contagem (MG). Ele é irmão do contador da agência, Marco Aurélio Prata. Na casa são localizados dois tambores de lata, com notas carbonizadas. Entre as notas fiscais queimadas, provavelmente documentos frios, a polícia encontra recibos da DNA, atestando supostos serviços de empresas terceirizadas, prestados ao Banco do Brasil, Eletrobrás e Ministérios do Trabalho e do Esporte". http://www.escandalodomensalao.com.br/ (grifo do autor)

Com base no exposto o leitor logo se questiona: o que levaria pessoas a queimarem notas fiscais que atestam - ou não - ligações da DNA com órgãos do governo? Em outro episódio, agora no ano de 2005, o Ministério do Esporte mantinha relações com a investigada empresa DNA e o ministro de então, Agnelo Queiroz - à época do PCdoB, estaria "chamuscado" no mesmo latão com notas carbonizadas.

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Seu sucessor na pasta, Orlando Silva, outro ministro de Lula do PCdoB, surge como envolvido no esquema de Marcos Valério. Desgastado pelo escândalo, Orlando é afastado (já com Dilma) e vai assumir Aldo Rebelo, outro do PCdoB. Ou seja, o Ministério do Esporte sempre esteve com o PCdoB. Do mesmo modo, não pode ser esquecido que o deputado Roberto Jefferson declarou haver informado o esquema de venda de votos ao presidente da Câmara dos Deputados, que, na época, era o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Assim, quem deve ser investigado não são só os ministros, como também — e fundamentalmente — o próprio PCdoB, para que não paire dúvidas sobre a isenção deste partido. E mais. Seria importante manter a informação exata da destinação dos valores repassadas para o PCdoB, fato que, de alguma forma, mais uma vez salvaguardaria o próprio partido. Por quê? Porque nesta óptica de financiamento particular e de desvios para fundos partidários, os políticos agem como num negócio; dividem ministérios na mesma perspectiva que dividem dinheiro. Por que Agnelo Queiroz e Orlando Silva assumiram o ministério? O que os qualificava? Por que Aldo Rebelo, notório destruidor do Código Florestal Brasileiro, financiado eleitoralmente por empresas do agronegócio, teria afinidades com o Ministério do Esporte? As divisões dos ministérios seguem critérios restritos de divisão de poder, mas nunca de qualificação. Folha de São Paulo 02/03/2012-14h11 Em posse, Crivella promete 'aprender rápido' sobre setor pesqueiro GABRIELA GUERREIRO / DE BRASÍLIA Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, o novo ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), assumiu o cargo com a promessa de "aprender rápido" sobre o setor pesqueiro do país. Ao reiterar que não sabe "colocar uma minhoca no anzol", Crivella admitiu não ser especialista no setor. "Colocar minhoca no anzol, a gente aprende rápido. Pensar nos outros é que é um pouco mais difícil. Eu aprendi uma coisa na vida. Muitas vezes, Deus não chama os mais qualificados, Ele não escolhe os mais qualificados. Mas sempre Deus qualifica os escolhidos", disse. Roberto Stuckert Filho/Divulgação PR http://www1.folha.uol.com.br/poder/1056249-em-posse-crivella-promete-aprender-rapidosobre-setor-pesqueiro.shtml 60


A possibilidade deste tipo de financiamento aos partidos permite, como em mais este escândalo recente, explicações não convincentes, como a da Ministra das Relações Institucionais, Sra. Ideli Salvatti (PT/SC). Ela foi alvo da Comissão de Ética, pelo fato de que quando administrava o Ministério da Pesca, teria comprado 28 lanchas-patrulha entre dezembro de 2008 e março de 2011, conforme notícia (parcial) abaixo;

"Brasil | N° Edição: 2213 | 05.Abr.12 - 17:30 | Atualizado em 23.Abr.12 - 06:35 Pesca fora da lei TCU vê indícios de direcionamento na licitação e superfaturamento na compra de 28 lanchaspatrulha pelo Ministério da Pesca. Oposição quer investigação Claudio Dantas Sequeira A compra de 28 lanchas de patrulhamento marítimo pelo Ministério da Pesca entrou na alça de mira da oposição. Na segunda-feira 2, o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias, pediu à Comissão de Ética da Presidência da República que investigue o caso. Na edição de 21 de outubro de 2011, reportagem de ISTOÉ revelou que o Tribunal de Contas da União havia aberto uma auditoria para apurar suspeitas de irregularidade envolvendo a aquisição das lanchaspatrulha. O contrato de R$ 31 milhões foi assinado em 2008 com o estaleiro Intech Boating, criado apenas um ano antes da licitação. Ao concluir a análise há poucas semanas, os auditores do TCU confirmaram indícios de direcionamento na concorrência e superfaturamento das embarcações, levando o tribunal a instaurar um processo de tomada de contas especial para ouvir os envolvidos no negócio. Ao acionar a Comissão de Ética, a oposição quer saber o grau de envolvimento da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, no escândalo. Quando ocupou a pasta da Pesca no ano passado, ela autorizou o pagamento da última parcela do contrato milionário ao estaleiro, que, por sua vez, doou ao diretório do PT catarinense R$ 150 mil na campanha de 2010. O PT-SC financiou 81% dos custos da campanha de Ideli ao governo estadual (grifo do autor). A doação da Intech Boating ao comitê financeiro do PT foi feita em 13 de setembro de 2010, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Em sua defesa, Ideli Salvatti afirmou que a doação da Intech foi feita legalmente ao comitê financeiro do PT em Santa Catarina, e não se destinou à sua campanha. A ministra também negou qualquer envolvimento com o negócio, feito na gestão de seu antecessor. Além das suspeitas, os auditores do TCU também questionam a pertinência da compra de lanchas para fiscalização, que não é atividade-fim do Ministério da Pesca. http://www.istoe.com.br/reportagens/197706_PESCA+FORA+DA+LEI 61


Assim, se mantida a possibilidade de que partidos recebam verbas eleitorais, fica reforçado o fato de que na redistribuição de verbas a parlamentares, deve ser identificada a origem do doador, sob pena de que futuras investigações a respeito da existência ou não de irregularidades, possam ser encaminhadas com mais clareza. É importante não perder a perspectiva de que financiamento particular de campanhas eleitorais, contravenção e sistema capitalista não apresentam limites quando o assunto é lucro ou a tomada de poder. Já não basta mais "financiar" candidatos, agora o projeto de alguns ampliou-se e já engloba a compra de partidos políticos. Embora ainda seja aguardado um desenlace, o PRTB está envolvido no atual escândalo de "Carlinhos Cachoeira". A máfia fez escola.

"Correio24Horas Notícias Carlinhos Cachoeira tentou comprar partido político, apontam gravações da PF A investida do bicheiro teria sido feita no diretório do PRTB em Goiás 01.05.2012 | Atualizado em 01.05.2012 - 22:27 Da Redação O bicheiro Carlos Augusto Ramos, conhecido nacionalmente como Carlinhos Cachoeira, tentou comprar um partido político, de acordo com gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal publicadas pelos jornais Folha de S.Paulo e o Estado de S.Paulo. Nas gravações, feitas em maio do ano passado, o presidente nacional do PRTB, Levy Fidelix, é citado. A investida do bicheiro teria sido feita no diretório do partido em Goiás. Fidelix disse que as acusações "não fazem sentido", e que ele não conhece o bicheiro, de acordo com informações do G1. Um dos assessores de Cachoeira, Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, quem teria sugerido a compra do parti Veja o trecho da conversa abaixo: Dadá: O cara que é o presidente nacional. É um tal de Levy Fidelix. É difícil de mexer toda a vida, viu? É um cara complicado, mas eu acho que tem chance também. Carlinhos: Ué, se negociar ele entregar o partido. Você acha que depois ele pode trair o ??? Dadá: Acho que tem que cumprir os acordos financeiros com ele escalonado. Tem que pagar na frente e tchau. Carlinhos: É vou ver então.Tchau. Três dias depois, Cachoeira e Dadá conversam sobre valores que seriam pagos a um partido.

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Dadá: Aquele valor que eu falei procê já aumentou, entendeu? Falou que era 200, passou para 300. Cachoeira: Que que é isso? Os caras tão roubando. Que garantia que tem? Dadá: Disse que faz na hora, entendeu? O presidente vem e faz tudo entendeu e vai para o TRE. Resolve tudo. Isso aí, o cara fica com o estado todo na mão, né? Aí ele nomeia os municipais. Foi o que ele me falou. Cachoeira: Oferece R$ 150 mil. Até R$ 200 mil dá pra fazer. Mas tem que ter garantia né, Dadá? Dadá: Falou, então. Uma semana depois, Dadá avisa Cachoeira. Carlinhos:Conseguiu falar com o Fidelix? Dadá: Tá no Paraná. Tá chegando dez horas. Colega vai pegar ele lá. As investigações da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, apontam ainda que as conversas vão até agosto e que Cachoeira mostra interesse na compra do partido a todo instante. A PF ainda não sabe se houve um encontro entre Fidelix e o bicheiro e se a negociação foi concluída http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/carlinhos-cachoeiratentou-comprar-partido-politico-apontam-gravacoes-da-pf/"

Se mantidos os repasses eleitorais com identificação dos doadores, vincula-se claramente muitos políticos com financiadores dos mais diferentes matizes. Caso contrário, seria impossível desenvolver a importante análise abaixo.

02/11/2010 - 13h20 Setores conhecidos por agredir meio ambiente doam valores expressivos à campanha de Marina Débora Zampier Da Agência Brasil / Em Brasília

Empresas de segmentos conhecidos por agredir o meio ambiente, como metalurgia, mineração, papel e celulose, fertilizantes e cana-de-açúcar, foram responsáveis pela doação de um montante expressivo da campanha da candidata do Partido Verde (PV) à Presidência da República nas eleições deste ano, Marina Silva: cerca de R$ 3 milhões. O valor corresponde a 12,5% do total arrecadado - R$ 24,1 milhões.

Saiba mais sobre a eleição 63


Só na área de mineração e metalurgia, arrecadou-se quase R$ 1 milhão. A Companhia Brasileira de Siderurgia e Mineração contribuiu com R$ 300 mil; a Companhia Metalúrgica Prada, com R$ 150 mil; e a Urucum Mineradora, com R$ 500 mil. No ramo de fertilizantes, as doações foram da Fosfértil (R$ 600 mil) e da Bunge Fertilizantes (R$ 100 mil). No ramo de papel e celulose, a Suzano contribuiu com R$ 532 mil e a Klabin com R$ 250 mil. A Cooperativa de Produtores de Cana de Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar) doou R$ 250 mil e a Cosan, uma das maiores produtoras mundiais de cana-de-açúcar, também doou R$ 250 mil. O principal segmento que doou para a campanha de Marina foi o da construção, que sozinho respondeu por mais de R$ 3 milhões. As contribuições foram da Andrade Gutierrez (R$ 1,1 milhões), Camargo Correa (R$ 1 milhão) e Construcap (R$ 1 milhão). O segmento bancário também foi expressivo na arrecadação, responsável por quase R$ 3 milhões. O maior doador foi o Banco Alvorada (empresa que doou o maior montante da campanha), com R$ 1,7 milhões, seguido pelo Itaú Unibanco, com R$ 1 milhão, Banco Safra, com R$ 200 mil, e Banco Rodobens, com R$ 50 mil.

Deve-se refletir sobre quais as chances reais de vitória, se um partido ou candidato não receber o financiamento particular. Em grande parte, ou na maior parte das vezes, o financiamento é que determina e encaminha a vitória no pleito.

- Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)

A bem da verdade, as tais "CPI" oferecem pouquíssimos resultados práticos, mas servem para mostrar um pouco da corrupção que permeia o Estado brasileiro. Constata-se, como se preciso fosse, que os políticos corruptos vão assaltar o cofre ao qual eles têm acesso facilitado; o cofre público! O próprio Banco Mundial alerta para este tipo de crime, ao publicar um relatório intitulado "Projeto de base de dados sobre grandes casos de corrupção".

The Puppet Masters: Database of Grand Corruption Cases The Grand Corruption Cases Database project is a compilation of large-scale corruption cases from 1980 to 2011, involving the misuse of at least one legal entity or legal arrangement to obscure its beneficial owner(s), and conceal the origin and/or destination of stolen assets.

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With few exceptions, the amount involved in the cases had to equal US$1 million (at the time of the scheme). http://www1.worldbank.org/finance/star_site/

Este projeto investigativo começou no final de 2011, a partir de um estudo do próprio Banco Mundial, que mostrou que a corrupção no mundo movimenta cerca de R$ 82.7 bilhões (US$ 40 bilhões) ao ano. Embora contestem através de assessores, Paulo Salim Maluf, Daniel Dantas, Edmar Cid Ferreira e Rodrigo Silveirinha Correa são os quatro brasileiros citados no relatório. O levantamento feito pelo noticioso R7 lembra algumas das CPI famosas ocorridas no Congresso.

Notícias.r7.com 16/04/2012 atualizado em 16/04/2012 Lembre outras CPIs famosas do Congresso Nacional

Carlinhos Cachoeira O Congresso Nacional deve ganhar, nesta semana, a primeira CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do governo Dilma Rousseff. A comissão, que será mista — composta por deputados e senadores —, vai investigar os negócios e as relações mantidas pelo contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos. O empresário, acusado de comandar um esquema de exploração de jogos de azar em Goiás, foi preso em fevereiro na operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Grampos telefônicos feitos com autorização da Justiça mostram conversas do contraventor com políticos e funcionários públicos. Um dos nomes envolvidos é o do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). A seguir, lembre outras CPIs que marcaram a história recente do Legislativo brasileiro

Anões do Orçamento Em 1993, o economista e funcionário público do Congresso José Carlos Alves dos Santos denunciou um esquema de corrupção no Congresso Nacional que resultou na criação de uma comissão que ficou conhecida como CPI dos anões. Santos fazia parte do grupo apelidado de “anões do orçamento”, cujos integrantes se envolveram em fraudes com recursos do Orçamento da União. O economista foi quem denunciou as irregularidades, mas ele próprio foi preso e acusado de assassinar a esposa, Ana Elizabeth Lofrano, que ameaçava contar os podres da máfia 65


CPI dos Bancos / CPI do Cacciola A CPI dos bancos foi aberta em 1999 e teve como personagem principal o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, dono do Banco Marka. A Comissão foi instaurada para investigar um escândalo de desvalorização cambial ocorrido naquele ano. Sob alegação de evitar uma “crise”, o Banco Central socorreu o Marka, vendendo dólares com cotação abaixo do mercado. Cacciola foi condenado em 2005 a 13 anos de prisão em 2005, mas ficou foragido até 2007, quando foi preso pela Interpol em Mônaco.

CPI do Narcotráfico A CPI do narcotráfico nasceu com o objetivo de apurar as relações desta atividade criminosa com roubo de cargas, assassinatos, lavagem de dinheiro. E teve como personagem principal o deputado federal e ex-coronel da Polícia Militar Hildebrando Pascoal Nogueira Neto, que acabou condenado a 18 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado no caso do "crime da motosserra". Ele foi acusado de matar de maneira brutal um mecânico, em vingança ao assassinato de seu irmão. Com a soma de outros crimes, como tráfico de drogas e formação de quadrilha, suas penas chegam a 106 anos de prisão

CPI do Judiciário / CPI do Lalau O juiz Nicolau dos Santos Neto, chamado de Lalau, foi um dos alvos da CPI do Judiciário, que investigou também o ex-senador Luís Estêvão e os donos do Incal. Eles foram acusados de desviar R$ 169,5 milhões de reais das obras do Fórum Trabalhista de São Paulo. O juiz foi condenado, em maio de 2006, a 26 anos e seis meses de prisão em regime fechado pelos crimes de peculato, desvio de verbas, estelionato e corrupção. Mas, atualmente cumpre a pena em prisão domiciliar

CPI do Futebol O ex-deputado federal e ex-presidente do clube Vasco da Gama, Eurico Miranda, foi um dos ouvidos na CPI do Futebol, como ficou conhecida a comissão que investigou contratos da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e do esporte no Brasil. O campeão de acusações, no entanto, foi Ricardo Teixeira, então presidente da entidade, que foi acusado de crimes como lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, apropriação indébita e evasão de divisas

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CPI do Bingos Carlinhos Cachoeira, que deve ser o protagonista de uma nova CPI no Congresso Nacional, já foi coadjuvante de uma outra em 2005. Ele foi um dos investigados na CPI dos bingos, que atingiu principalmente o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, flagrado em vídeo negociando propina com um empresário do ramo de jogos. A comissão também investigou a renovação do contrato de R$ 650 milhões entre a empresa Gtech (multinacional do ramo lotérico) e a Caixa Econômica Federal para gerenciamento do sistema de loterias federais.

CPI dos Correios O ex-diretor da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Maurício Marinho, foi flagrado, em 2005, recebendo em vídeo propina no nome do PTB. O caso gerou a CPI dos Correios, que por sua vez criou uma onde de denúncias de corrupção em órgãos públicos. O caso acabaria culminando no mensalão

CPI do Mensalão Em 2005, o publicitário Marcos Valério foi ligado ao mensalão, um suposto esquema de pagamento de mesadas feito pelo governo a aliados no Congresso em troca de apoio político. O escândalo, denunciado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), resultou em CPI e na cassação dos mandatos do próprio Jefferson e do petista José Dirceu (SP), que também perdeu o cargo de ministro da Casa Civil http://noticias.r7.com/brasil/fotos/lembre-outras-cpis-famosas-do-congresso-nacional20120416-11.html#fotos Não resta dúvida que parlamentares adoram figurar como exemplo dos bons costumes, de moral e ética, defensores do bem público. Na frente dos holofotes e câmaras de televisão desdobram-se em teatralidade, verdadeiros arautos da moral e da ética, mas nos bastidores fazem conchavos e acertos espúrios para proteger tanto figuras corruptas conhecidas, quanto seus partidos políticos. Mas não só estes escândalos marcaram, ou sujaram, a história política do país. O já citado livro do jornalista Lúcio Vaz cita outros fatos, que devem ser arrolados. O escândalo dos "sanguessugas" envolveu não só o deputado Nilton Capixaba em desvios de verbas da saúde por meio de emendas parlamentares, como também outros 72 outros parlamentares, entre integrantes ou colaboradores da chamada máfia das ambulâncias. Outro escândalo foi da Construtora Gautama, do empresário Zuleido Veras, um exdiretor da OAS.

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Através de uma Medida Provisória (MP) 270, baixada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva, de 15 de dezembro de 2005, a empresa havia conseguido um crédito extraordinário de R$ 70 milhões para a construção de um sistema de abastecimento de água para o Rio Pratagy. Embora tenha negado, jornais e políticos ressaltaram a "força política" do presidente do Senado, Renan Calheiros. A Operação Navalha, da Polícia Federal, mostrou a ação de vários políticos no esquema mas, em janeiro de 2012, os 60 réus do processo ainda aguardavam julgamento. E Renan Calheiros, por conta deste e de outros problemas, contou com o apoio irrestrito de Lula e, além de não ser caçado, manteve-se na presidência do Senado. A chamada "Máfia dos Remédios" surgiu no final de 2006, quando a Controladoria Geral da União

(CGU), associada ao Ministério da Saúde descobriram que a Fundação

Aproniano Sá promovia fraudes na distribuição de medicamentos, já tendo sido distribuídos R$ 5 milhões para 90 pequenas associações.

- O voto e a urna eletrônica

É inegável. O brasileiro tem uma tendência natural por modismos e tecnicismos, como é o caso da "urna eletrônica". A possibilidade de que o resultado do voto seja sabido algumas poucas horas depois de finda a votação causa entusiasmo e orgulho expressivo sobre o coletivo. É, para todos, uma maravilha da tecnologia resumida em três palavras: simples, rápida e segura! Entretanto, só as duas primeiras são verdadeiras. Esta maravilha da tecnologia não trás qualquer segurança ao processo de apuração dos votos. Nenhum juiz, qualquer juiz, tem como garantir que a apuração feita por urna eletrônica é segura e que não existe a mínima possibilidade de adulteração de votos. Qualquer manifestação de qualquer magistrado neste sentido nada mais é do que uma absoluta falta de bom senso, um devaneio e irresponsabilidade. Ainda mais se pensarmos em urnas antigas como são as brasileiras. Embora desnecessário, lembro que "hackers" conseguiram acessar, e mais de uma vez, as redes de computadores mais sofisticadas e protegidas do mundo, como já ocorreu nos Estados Unidos.

TERRA / Tecnologia Hackers atacam Casa Branca, Pentágono e Wall Street 08 de julho de 2009 / 16h41 / atualizado às 17h57

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Vários sites do governo americano, entre eles os da Casa Branca e o Pentágono, sofreram neste final de semana um ciberataque coordenado, informaram nesta quarta-feira vários especialistas em informática. O Departamento de Segurança Interior, que admitiu as ações, preferiu não identificar seus endereços na internet. Segundo o Serviço de Inteligência Nacional de Seul (NIS, na sigla em inglês), em reportagem da agência Reuters, 26 sites da Coreia do Sul e dos Estados Unidos foram atacados, e alguns deles desabilitados, por hackers possivelmente vinculados à Coreia do Norte. Segundo o especialista, o ataque de hackers também causou destruições nas páginas do Departamento de Segurança Interior, na Administração Federal de Aeronáutica (FAA), na Agência de Segurança Nacional (NSA) e nos Departamentos de Estado e do Tesouro, entre outros. Entre os privados, Ullrich mencionou a Bolsa de Nova York (NYSE), a eletrônica Nasdaq, o portal Yahoo!, o site de vendas Amazon e o jornal The Washington Post. A Bolsa de Wall Street admitiu em comunicado que seu site nyse.com foi atacado, mas que isso "não teve um impacto maior". (com agências internacionais) http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI3864451-EI12884,00Hackers+atacam+Casa+Branca+Pentagono+e+Wall+Street.html

Se o país mais avançado do mundo na área da informática sofre a intromissão destes "siber piratas", como podemos afiançar que o mesmo não possa ocorrer no Brasil? E mais, como será considerado adiante, vários escândalos no campo político mostram o envolvimento de contraventores especializados no jogo do bicho eletrônico com senadores, prefeitos, deputados e, inclusive, interessados na compra de partidos políticos. Assim sendo, quem, em sã consciência, pode afiançar que grupos de contraventores não tentariam adulterar resultados eleitorais visando eleger seus comparsas?

Denúncias Voto eletrônico: Hacker de 19 anos revela no Rio como fraudou eleição publicado em 11 de dezembro de 2012 às 19:57 por Apio Gomes, no portal do PDT, via Amilcar Brunazzo Filho Um novo caminho para fraudar as eleições informatizadas brasileiras foi apresentado ontem (10/12) para as mais de 100 pessoas que lotaram durante três horas e meia o auditório da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Rio de Janeiro (SEAERJ), na Rua do Russel n° 1, no

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decorrer do seminário “A urna eletrônica é confiável?”, promovido pelos institutos de estudos políticos das seções fluminense do Partido da República (PR), o Instituto Republicano; e do Partido Democrático Trabalhista (PDT), a Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini. Acompanhado por um especialista em transmissão de dados, Reinaldo Mendonça, e de um delegado de polícia, Alexandre Neto, um jovem hacker de 19 anos, identificado apenas como Rangel por questões de segurança, mostrou como — através de acesso ilegal e privilegiado à intranet da Justiça Eleitoral no Rio de Janeiro, sob a responsabilidade técnica da empresa Oi – interceptou os dados alimentadores do sistema de totalização e, após o retardo do envio desses dados aos computadores da Justiça Eleitoral, modificou resultados beneficiando candidatos em detrimento de outros – sem nada ser oficialmente detectado. “A gente entra na rede da Justiça Eleitoral quando os resultados estão sendo transmitidos para a totalização e depois que 50% dos dados já foram transmitidos, atuamos. Modificamos resultados mesmo quando a totalização está prestes a ser fechada”, explicou Rangel, ao detalhar em linhas gerais como atuava para fraudar resultados. Rangel, que está vivendo sob proteção policial e já prestou depoimento na Polícia Federal, declarou aos presentes que não atuava sozinho: fazia parte de pequeno grupo que – através de acessos privilegiados à rede de dados da Oi – alterava votações antes que elas fossem oficialmente computadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). A Dra. Maria Aparecida Cortiz, por sua vez, relatou as dificuldades para fiscalizar o processo eleitoral por conta das barreiras criadas pela própria Justiça Eleitoral; citando, em seguida, casos concretos de fraudes ocorridas em diversas partes do país – todos abafados pela Justiça Eleitoral. Detalhou fatos ocorridos em Londrina (PR), em Guadalupe (PI), na Bahia e no Maranhão, entre outros. Já o professor Pedro Rezende, especialista em Ciência da Computação, professor de criptografia da Universidade de Brasília (UnB), mostrou o trabalho permanente do TSE em “blindar” as urnas em uso no país, que na opinião deles são 100% seguras. Para Rezende, porém, elas são “ultrapassadas e inseguras”. Ele as comparou com sistemas de outros países, mais confiáveis, especialmente as urnas eletrônicas de terceira geração usadas em algumas províncias argentinas, que além de imprimirem o voto, ainda registram digitalmente o mesmo voto em um chip embutido na cédula, criando uma dupla segurança. http://www.viomundo.com.br/denuncias/voto-eletronico-hacker-de-19-anos-revela-no-riocomo-fraudou-eleicao.html

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A reportagem completa ainda cita nome de políticos envolvidos, mas o interessante é que a imprensa em geral não publicou com o destaque exigido e necessário este acontecimento. Por quê? Porque não houve uma cobrança enfática do próprio Tribunal Superior Eleitoral? Ter-se-ia, por acaso, um poder acima do Estado interessado na não divulgação de tais fatos importantíssimos? Por que os juízes insistem na presunção de segurança do voto eletrônico? Cada leitor tem de navegar nas suas próprias suposições, mas não se pode deixar de registrar que este é um imenso escândalo desconsiderado pela chamada "grande imprensa". Longe de ser uma preocupação isolada, têm-se exemplos que vêm de outros países que têm na democracia um bem inafiançável. unwatched.org Das Datenschutaportal Votação sem urna eletrônica na Alemanha 16 de março 2009 - 20:54 A Corte Constitucional Federal da Alemanha decidiu no dia 3 de março que o voto eletrônico, como tinha sido realizado nos últimos dez anos (inclusive nas eleições gerais de 2005) seria inconstitucional e, por conta disto, não poderá ser utilizado nas eleições de 2009. Todavia o resultado da última eleição permanece válido, já que não existe evidência de erros. Agora, o tribunal decidiu que a Portaria Federal sobre urnas eletrônicas (máquinas de votação), que estabeleceu a votação eletrônica, é inconstitucional, pois "não garante que as máquinas de votar permitidas sejam apenas aquelas que atendem às exigências constitucionais do princípio da natureza pública das eleições". O uso do voto eletrônico foi questionado pelo político científico Joachim Wiesner e seu filho, o físico Ulrich Wiesner, os quais ponderam que o sistema não é suficientemente transparente porque o eleitor verificar o que realmente aconteceu com o seu voto, ficando absolutamente dependente de acreditar na tecnologia. As urnas eletrônicas, que são fabricadas pela firma holandesa Nedap, não imprime comprovantes. Os queixosos ponderam que os resultados podem ser manipulados. No ano de 2005, uma petição assinada por mais de 45000 pessoas e que pedia o banimento do voto eletrônico, foi rejeitada pelo governo alemão. Agora, a corte determinou que a lei federal introduzindo as urnas eletrônicas seria inconstitucional, porque ela não "garante que somente tais urnas eletrônicas são permitidas e usadas, o que se contradiz o princípio constitucional da natureza pública das eleições". 71


A corte também considerou que, diferentemente do sistema de votação tradicional onde as manipulações e fraudes são muito mais difíceis, pois envolvem um alto grau de esforço e alto risco de detecção, os "erros de programação no software ou fraude eleitoral deliberada cometida pela manipulação do programa eleitoral utilizado na urna eletrônica, só podem ser reconhecidas com dificuldade". Também, na opinião da corte, o eleitor tem que estar em condições de verificar como o seu voto foi registrado sem possuir conhecimento detalhado sobre informática. "Quando o resultado da eleição é determinado através de um processo controlado por computador, de votos localizados numa memória eletrônica, não é suficiente se o cálculo do processo for meramente conduzido por uma máquina e ser tomado como resultado final uma impressão mecânica ou uma imagem eletrônica". Uma campanha contra o voto eletrônico foi iniciada pelos membros do "EDRi Chaos Computer Club", em conjunto com a fundação holandesa "Wij vertrouwen stemcomputers niet" (Nós não acreditamos em votos eletrônicos), por conta dos riscos de erros eletrônicos e pelo abuso potencial. Depois que um grupo de hackers em 2006 teve sucesso na adulteração computadores semelhantes a urnas eletrônicas na Holanda, o governo impôs uma moratória sobre o uso de urnas eletrônicas e também a Irlanda baniu o voto eletrônico. http://www.unwatched.org/node/1327 (Tradução do autor)

Note-se que a justiça alemã foi movida não só pela possibilidade de fraude, mas pelo simples fato de que cada eleitor tenha condições de aferir de forma simples e prática como ocorreu a contagem dos votos, o que é um respeito à cidadania, à Constituição e um ato acima de modismos. O debate sobre o voto eletrônico tem sido feito em outros países, onde transparece a falta de segurança deste sistema.

O voto eletrônico na Conferência Europeia de Democracia Eletrônica Terça-feira, dezembro 4 Por José Rodrigues Filho* No período de 21 a 25 de novembro foi realizado na pequenina cidade de Vadstena, na Suécia, a Conferência Européia de Democracia Eletrônica, que tratou dos desafios e realizações das ferramentas de tecnologia de informação no âmbito da democracia. Tais ferramentas tecnológicas, às vezes chamadas de dispositivos e até de brinquedos, foram profundamente discutidas, uma vez que, ao que tudo indica, não parecem estar contribuindo para ampliar a democracia, sobretudo em termos de participação cidadã. 72


Para alguns autores, estamos vivenciando a era dos brinquedos, no campo da democracia, em termos de uso da tecnologia de informação. Como será a fase além dos brinquedos, quando não estamos tendo as vantagens que se esperava? No próprio Brasil, depois de dez anos de propaganda do voto eletrônico, parece que o mito da urna eletrônica segura está caindo. A visão puramente técnica, utilitária e dominada pelo mercado tem evitado uma maior reflexão sobre o voto eletrônico no Brasil. Isso tem levado a que a urna eletrônica seja tratada apenas como uma ferramenta de votar e de oferecer o resultado de uma eleição em poucas horas. Nenhuma tecnologia de informação deve ser tratada apenas do ponto de vista puramente técnico, mas as questões políticas, sociais e culturais embutidas nessa tecnologia devem ser consideradas. Dentro da visão puramente técnica, a maioria dos brasileiros se sente orgulhosa de possuirmos uma tecnologia que, em poucas horas, nos dá o resultado de uma eleição. É muito perigoso jogar tecnologia de informação nas costas de uma sociedade sem informação. Antes da tecnologia, a sociedade necessita de informação precisa e segura e não uma informação com viés e, às vezes, até falsa. As elites políticas brasileiras têm demonstrado interesse em usar as tecnologias de informação, que muitas vezes interessam mais ao mercado, mas não têm demonstrado interesses em provocar mudanças políticas profundas no nosso país. Sem essas mudanças, nenhuma tecnologia vai funcionar, por mais completa que seja. O voto eletrônico foi introduzido no Brasil e em vários outros países sem nenhuma preocupação com a segurança e a transparência, orientado pelo mercado. Nas democracias tradicionais a rejeição a esse tipo de tecnologia foi imediata. Infelizmente nos países de democracia duvidosa, a fraude eleitoral só é percebida através do sistema tradicional de votação, uma vez que a urna eletrônica ainda é considerada como um brinquedo seguro, embora a sua capacidade de fraude alcance maiores proporções. *José Rodrigues Filho foi pesquisador nas Universidades de Harvard e Johns Hopkins. Atualmente, é professor da Universidade Federal da Paraíba.www.jrodriguesfilho.blogspot.com http://voto-e.blogspot.com.br/2007/12/o-voto-eletrnico-na-conferencia-europeia.html

Ressalta-se da notícia a colocação de que a urna eletrônica apresenta-se como uma questão mercadológica, não reflexiva e de modismo adotado pela elite política brasileiras e assumido com orgulho pela população.

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Por obviedade, os votos escritos também são passíveis de trocas e/ou adulterações, mas em escala infinitamente menor e sem as implicações e abrangência da contagem eletrônica.

- O Código Florestal Brasileiro - O interesse particular sobre o coletivo

Diz o PSDB que no período do presidente Fernando Henrique Cardoso teria ocorrido a modernização brasileira através da venda de estatais. Naquela época quem falasse contra as privatizações (privatarias) era logo denominado de "jurássico". Não havia meias palavras; ou era isto ou se era acusado de ser contra o desenvolvimento do Brasil. A venda da Vale do Rio Doce foi um exemplo clássico de como o Estado foi desmantelado para ser entregue à iniciativa privada. A Vale foi "vendida" por um valor inferior ao que dispunha em caixa. Na época, o discurso de vários políticos era de que "com o valor arrecadado das vendas, as contas brasileiras seriam pagas". Que nada! Eram mais mentiras para justificar o repasse de bens públicos em favor de grandes grupos empresariais (nacionais e estrangeiros), exatamente aqueles que mais financiam as campanhas políticas. FHC presenteou várias estatais seguindo o manual neoliberal privatizantes do "Estado mínimo". Foi seu Ministro da Administração Federal e Reforma do Estado, o economista Luiz Carlos Bresser Pereira, que copiou e adaptou os princípios ressurgidos na Universidade de Chicago, num "Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado". Mas, para que as tais privatizações ocorressem, foram necessárias profundas alterações na Constituição Federal e o Congresso de então alterou/adulterou nossa lei maior. Em que ponto tais considerações aproximam-se com as alterações do CFB (Código Florestal Brasileiro)? No fato de que o governo Lula/PT é a continuidade administrativa de FHC/PSDB, pois para dar andamento a projetos que atendem interesses particulares/internacionais sobre os coletivos é preciso alterar as leis, naquilo que foi escrito para preservar o bem coletivo. Durante as privatizações a oposição elevou a voz em defesa do regramento jurídico original e não pouparam críticas a FHC. Hoje, fazem exatamente o que criticaram, alterando/adulterando o que a norma legal impõe, para que setores específicos do

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agronegócio predador, multinacionais e parlamentares que cometem crime ambiental sejam favorecidos. Neste bloco surge o PCdoB, liderado pelo deputado [?], alegando que "queriam acabar com a fome no mundo". Entretanto, debaixo das fantasias acobertavam-se, grandes financiadoras de campanhas, como empresas do agronegócio e mineradoras. A notícia abaixo lança mais luzes sobre as reflexões que serão expostas.

"Folha de São Paulo - Ciência Agronegócio apoia campanha de Aldo Deputado lidera projeto que flexibiliza Código Florestal; mais dez membros da comissão receberam doação Pela primeira vez, um parlamentar do PCdoB recebeu dinheiro de empresas do setor agrícola, como a Bunge Sérgio Lima - 29.jun.2010/Folhapress Deputados Rebelo (PCdoB) e Moacir Micheletto (PMDB) FERNANDA ODILLA / CLAUDIO ANGELO / DE BRASÍLIA Setores interessados em flexibilizar o Código Florestal financiaram a campanha de 11 dos 13 deputados que votaram a favor do relatório de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), aprovado em 6 de julho por comissão especial da Câmara. O próprio Rebelo foi um dos beneficiários ao receber neste ano verbas de empresas ligadas ao campo. Só de cooperativas de produtores de café, cana e laranja, Rebelo recebeu R$ 130 mil. O comitê financeiro de seu partido também recebeu doações de cooperativas do setor, além de R$ 70 mil da Bunge Fertilizantes, mesma quantia doada a deputados ruralistas que integraram a comissão especial. Os cafeicultores têm interesse direto na alteração da lei sobre florestas. Grande parte do café plantado no sul de Minas e no Paraná está em encostas, áreas de preservação permanente (APPs). Se o código fosse cumprido à risca, como determina o decreto de 2008 que o regulamentou, a maior parte do café estaria ilegal, e os produtores, sujeitos a multa. O parecer de Rebelo tira encostas e topos de morro da categoria de APP e anistia de multa os desmates até julho de 2008. Questionado sobre se sua atuação sobre o código influenciou no perfil de seus doadores em 2010, Rebelo primeiro afirmou "não crer" que seu relatório atraiu financiadores. Disse que a arrecadação ficou por conta do tesoureiro da campanha. 75


Num segundo momento, admitiu que pode ter sido procurado por representantes do setor. "Também doaram para outras campanhas", disse. "Doaram mais para a da Marina [Silva] do que para a minha." A Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (MG), porém, sabe muito bem por que doou R$ 50 mil para a campanha do deputado. Foi "justamente" por causa do parecer, disse o seu presidente, Carlos Paulino da Costa. "CERTAS ONGS" "Havia uma campanha de certas ONGs que queriam impedir a eleição dele. Como o Código Florestal defende os nosso interesses, era hora de fazermos o contra-ataque." A Bunge também estreou como doadora do PCdoB. A multinacional nega que tenha sido motivada pelo projeto do código. "As contribuições são baseadas em posturas amplas de busca permanente da promoção do desenvolvimento sustentável", afirmou. Apenas Marcos Montes (DEM-MG) admitiu ter procurado representantes do setor para pedir doação. "Precisamos nos mobilizar para a sociedade entender a importância do produtor rural." Luis Carlos Heinze (PP-RS), Paulo Piau (PMDB-MG), Homero Pereira (PR-MT), Reinhold Stephanes (PMDB-PR) e Duarte Nogueira (PSDB-SP) não condicionam as doações à atuação na comissão. Dizem receber tradicionalmente doações do agronegócio por terem uma atuação ligada à agricultura. Dos que foram a favor das mudanças, só Ancelmo de Jesus (PT-RO) não recebeu dinheiro. Não consta a prestação das contas de Ernandes Amorim (PTB-RO), barrado na Lei da Ficha Limpa. Procurados por meio dos gabinetes na Câmara, os demais deputados não retornaram. http://mail.google.com/mail/?hl=pt-br&shva=1#inbox/12c45821245aaaf9"

Analisemos o perfil e os financiamentos eleitorais de alguns dos deputados que examinaram o CFB.

- Aldo Rebelo

Aldo Rebelo (PCdoB/SP) mostra-se como um parlamentar acanhado, sem palavras, possivelmente porque os repórteres, na maioria do casos, reproduzem suas falas, surgidas, quem sabe, de um raciocínio lento, arrastado. Mesmo assim ele tem grande representatividade dentro do partido comunista. 76


E, para espanto de muitos, não mais que repentinamente, Aldo surge armado com a motosserra do agronegócio, abastecida por grileiros e propondo alterações do CFB. Por que ele? O que o qualificaria para tal debate? No seu "site" se apresenta como "um operário da construção nacional, um jornalista, escritor e deputado federal..., cinco mandatos consecutivos", presidente da Câmara dos Deputados, ministro da coordenação política, líder do governo Lula e Ministro do Esporte. Montado neste invejável histórico passeou pelo Brasil em prol da destruição das nossas reservas naturais, afirmando que "precisávamos acabar com a fome no mundo". O parlamentar tem conhecimento (diz-se culto) do informe da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) que no mundo se produz alimento para saciar 12 bilhões de pessoas, onde vivem sete bilhões, mas que se desperdiça um terço do gerado. Ele tem a exata noção de que os esfomeados no mundo não recebem o alimento excedente, porque alimentá-los não compensa financeiramente e porque muito do produzido destina-se para alimentar animais. É interessante notar que Aldo, comunista, apoia o sistema que transformou alimentos em "commodities", ou seja, é um negócio e tem que dar lucro! É lei do mercado! E que agora Aldo a defende e implanta! Em um ano meio, fome matou 260 mil pessoas na Somália Aproximadamente 133 mil somalis que morreram — cerca de metade — eram crianças menores de cinco anos FAO/ONU Na última quinta-feira (2), um chefe humanitário das Nações Unidas no país afirmou que 260 mil pessoas morreram de fome na Somália, entre outubro de 2010 e abril de 2012. De acordo com a Unidade de Análise de Segurança Alimentar e Nutrição da FAO para a Somália (FSNAU), aproximadamente 133 mil somalis que morreram — cerca de metade — eram crianças menores de cinco anos. “O sofrimento jogado fora como um drama sem testemunhas”, afirmou Philippe Lazzarini, coordenador humanitário da ONU para a Somália. Ele lembra que a comunidade internacional poderia ter interferido mais e que o estudo deve ajudar a garantir que o país não passe por uma outra epidemia de fome. “Os avisos que começaram já com a seca em 2010 não desencadearam uma ação prévia suficiente. Em áreas mais afetadas, o acesso às pessoas necessitadas foi tremendamente difícil”, disse Lazzarini. A FAO revelou que cerca de 4,6% da população total e 10% das crianças menores de cinco anos morreram no sul e centro da Somália. “Com 2,7 milhões de pessoas ainda precisando de ajuda para salvar vidas e apoio para construir seus meios de subsistência, estamos redobrando esforços para investir nas pessoas e comunidades somalis para quebrar o ciclo de crise e de resposta”, declarou o coordenador. http://www.administradores.com.br/noticias/cotidiano/em-um-ano-meio-fome-matou-260mil-pessoas-na-somalia/75629/ Mesmo frente a estes acontecimento, até hoje não usou a tribuna do Congresso uma só vez pedindo a destinação de grãos para os que, exatamente desde aquela época, morriam 77


de fome na devastada Somália e arredores. Impossível imaginar que ele não saiba deste período em que sofrem as dores da fome, muitas perecem e... Silêncio! O que justificaria um distanciamento de pessoas que se dizem tão "próximas do povo"? A verdade é que ao assumir as propostas de alterações, Aldo representou personalidades interessantes que corporificavam os interesses privados que ele sempre disse combater: bancos, agronegócio (como a multinacional Bunge Fertilizantes), mineradoras e o capitalismo mais predador. Estes foram seus financiadores. O interessante é que a doutrina comunista de Aldo sempre depreciou e denunciou os princípios aéticos e objetivos de acúmulo do capitalismo. Contudo, hoje, parece que os tempos são outros. Um das respostas do por que Aldo tenha sido o escolhido para este desiderato pode estar nas doações recebidas na campanha de 2006, no valor total de R$ 1.453.544,40, e que estão declaradas abaixo.

Tabela 14- Parte das doações declaradas pelo candidato Aldo Rebelo, advindas de mineradoras, bancos, agronegócio e construtoras. Processo eleitoral de 2006. Fonte: www.tse.jus.br

Empresa

Valor

Caemi Mineração e Metalurgia SA

300.000,00

Construções e Comércio Camargo Correa S/A

250.000,00

Comitês Financeiros do Pc do B-Sp/Direção partidária

126.120,75

Companhia Siderúrgica Nacional

100.000,00

Usina Caete S/A

80.000,00

Embraer - Emp. Brasileira de Aeronáutica S/A

70.000,00

Biolab Sanus Farmacêutica LTDA.

50.000,00

Votorantim Celulose e Papel S/A

50.000,00

Bolsa de Mercadorias & Futuros Bm&f

50.000,00

Sistema Eng. e Arquitetura LTDA

50.000,00

Outras empresas de agronegócio

160.000,00

Outras construtoras

90.000,00 Total

1.376.120,75

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Desta forma constata-se que aproximadamente 94.7% da campanha política de 2006 de Aldo foi financiada por setores diretamente interessados nas alterações do CFB. Necessário destacar a expressiva doação da Caemi Mineração e Metalurgia SA, no valor de R$ 300.000,00, já que, como tese levantada neste livro, as alterações do CFB interessavam tanto ou mais às mineradoras do que ao agronegócio. Poder-se-ia imaginar que uma doação tão expressiva como esta influenciasse as atitudes de Aldo? Estaria o comunista desconsiderando a manifestação de especialistas e a opinião da maioria dos brasileiros contra as alterações por conta do financiamento de campanha? Vejamos o que relatou a imprensa. Zero Hora Crime & negócios Flávio Tavares - Jornalista e escritor

A Câmara Federal perpetrou algo ainda mais tresloucado, conduzida pela chamada “bancada ruralista” e sob comando do deputado Aldo Rebelo, do PC do B paulista, relator do projeto de reforma ao Código Florestal! A opinião de cientistas e técnicos não foi ouvida nem prevaleceu o bom senso. Predominou o interesse mesquinho de lucro a curto prazo. Nunca a vida nem o futuro. O deputado-relator sequer se lembrou de que o grande guia do seu partido chamou-se João Amazonas, cujo nome leva automaticamente à floresta. De que valem os alertas sobre a fragilidade do planeta, sobre a necessidade de preservar rios e florestas para manter a própria vida na Terra? Agora, foram abolidos praticamente todos os obstáculos à devastação contidos no código atual. Para coroar o crime insano (e talvez insanável), serão perdoadas as multas aplicadas a quem desmatou até julho de 2008, sob pretexto de “regularizar sua situação”. As multas – mais de R$ 8 bilhões – seriam usadas em políticas de reflorestamento. Mais terrível do que isso, porém, é o precedente de que a lei fixe data para legalizar o crime de desmatar! O delito está em todas as partes. Ou não é crime prestigiar a um criminoso, aplaudi-lo, abraçá-lo como irmão? http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2967078 .xml&template=3898.dwt&edition=15064&section=1012

Qual a lógica que alistaria o comunista no pelotão financista predador do meio ambiente? 79


Por que Aldo? Nas suas peregrinações contra o CFB disse ter escutado "mais de 300 pessoas", frente a uma população de 190 milhões, e acha que está bem! Ainda, manifestou-se "estarrecido com o que viu por todo o Brasil", ou seja, deputado muito bem assalariado por mais de 20 anos ele ainda não conhecia o Estado que se arvorava representar, seria um inútil e um desperdício financeiro para os cofres públicos (como muitos outros, de fato, também o são). Aldo? O improdutivo parlamentar (segundo ele próprio) fez publicar matéria no jornal "Folha de São Paulo". Sob o título de "A legislação atual é inaceitável" (Tendências/Debates; 5 de junho/2010), mais uma vez divaga culturalmente e chega à brilhante conclusão que existe um "conflito de interesses entre as nações ricas e pobres", mas não explica como as alterações propostas irão modificar este tipo de relação. Ainda, alucina sobre campanhas milionárias de ONG`s, para "interditar a fronteira agrícola e a mineração" na Amazônia legal. Nesta declaração, um descuido por mim salientado em negrito, deixa transparecer suas verdadeiras intenções; abrir a Amazônia para mineradoras nacionais e internacionais (ver adiante parte do montante doado por mineradoras) e, ai sim, Aldo estaria representando interesse de financiadores de campanha. Aldo se diz entendido no assunto de política ambiental, mas a notícia abaixo mostra a figura caricata que assumiu no Brasil.

"FOLHA DE SÃO PAULO - Quarta-feira, 09 de junho de 2010 Parlamentar comunista vira ideólogo da bancada ruralista CLAUDIO ANGELO - EDITOR DE CIÊNCIA

Em 43 páginas de um relatório dedicado "aos agricultores brasileiros", Aldo Rebelo martela uma só mensagem: a proteção ambiental é uma invenção dos "estrangeiros" para condenar o Terceiro Mundo à pobreza. O nacionalismo do deputado do PC do B era a base intelectual que faltava à bancada ruralista para emplacar a "flexibilização" do Código Florestal. Bons de pressão, mas ruins de ideologia, os ruralistas tentam há quase uma década mudar a lei florestal. Político experiente e de base urbana, Aldo dá um verniz erudito à grita primal por mais produção e menos legislação. Cita Graciliano Ramos, José Bonifácio, Malthus. Mas seu relatório resvala para o humor involuntário. Pede, por exemplo, a naturalização da jaca, uma vez que essa espécie chegou ao Brasil no século 17 - não deveria mais ser "exótica". 80


Acusa o Greenpeace e a Holanda de conspiração para ressuscitar a era Nassau. Não acredita? Ao relatório: "O sonho batavo de uma Holanda Tropical foi desfeito tragicamente nos montes Guararapes (...) Despojada do poder militar e comercial de antigamente, a Holanda se compraz em sediar e financiar seus braços paramilitares, as inevitáveis ONGs". (Como ensina Warren Dean no clássico "A Ferro e Fogo", a tese da conspiração internacional para frear o desenvolvimento do Brasil é velha. Ela foi usada já nos anos 1950 para justificar a grilagem das florestas do Pontal do Paranapanema.) Mas é em sua invectiva contra a mudança climática que o relatório se supera. Confunde aquecimento global com buraco na camada de ozônio; dispara contra os países ricos pelos cruéis "mecanismos de desenvolvimento limpo", ignorando que estes são uma invenção brasileira; e evoca uma "certeza" que nunca houve sobre um "resfriamento global". Além de uma consultora do agronegócio, o deputado bem poderia ter contratado um assessor científico". http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0906201002.htm (grifo do autor) Sua declaração ao TSE do total arrecadado na campanha de 2010 é de R$ 2.177.724,19. Após detalhamento, verifica-se que aproximadamente 95.6% deste valor provêm de setores particulares interessados não só nas alterações do CFB, mas também em construções de estádios, usinas, mineração (mais uma vez), indústria química e, sempre, os bancos.

Tabela 15- Detalhamento do financiamento de campanha do candidato Aldo Rebelo (PCdoBSP), na campanha eleitoral de 2010. Fonte www.tse.jus.br.

Setor

Total

Energia

102.000,00

Construtoras

646.000,00

Farmacêutico/químico

725.000,00

Bancos

75.000,00

Metalurgia/mineração

145.000,00

Diretórios

258.782,19

Agronegócio

130.000,00 Total

2.081.782,19

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Ainda poderia ser acrescida, nesta tabela, a doação de R$ 30.000,00 do setor de bebidas, o que elevaria o valor para R$ 2.111.782,19. Lembremo-nos que, de alguma forma, Aldo tem a oportunidade de representar tais interesses ao assumir o Ministério dos Esportes e, junto com vários outros parlamentares financiados pelo mesmo setor, as bebidas alcoólicas têm sido liberadas nos estádios, fato que notoriamente desrespeita a nossa lei vigente. Outra notícia abaixo correlaciona claramente os valores arrecadados com o deputado em questão.

Molina 27 de outubro de 2011 ALDO, AMIGO DAS MINERADORAS, DO AGRONEGÓCIOS, DOS BANCOS E EMPREITEIRAS, QUE FINANCIAM SUAS CAMPANHAS, TAMBÉM RECEBEU DOAÇÕES DE PATROCINADORES DA CBF

O novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B-SP), recebeu doações de campanha de empresas patrocinadoras da Confederação Brasileira de Futebol. Ele foi o presidente da CPI da CBF/Nike, mas nos últimos anos se aproximou de Ricardo Teixeira sendo um de seus interlocutores no Congresso. As declarações de bens do deputado mostram que ele teria perdido quase a metade do seu patrimônio entre 2006 e 2010. Segundo as informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a prestação de contas de Aldo nas eleições do ano passado mostra que ele recebeu doações de três dos dez patrocinadores da CBF. O deputado comunista recebeu R$ 50 mil do banco Itaú Unibanco, R$ 25 mil da Fratelli Vita Bebidas, que pertence à Ambev e R$ 80 mil da Companhia Brasileira de Distribuição, que controla o Grupo Pão de Açúcar. O deputado recebeu ainda dinheiro de empreiteiras envolvidas na construção de estádios para a Copa do Mundo de 2014. No ano passado, a Mendes Júnior doou R$ 100 mil a Aldo. A construtora participa das obras em Cuiabá. Em 2006, o deputado comunista recebeu R$ 40 mil de uma empresa do grupo Odebrecht, que está à frente de obras em quatro dos doze estádios do evento. Ele recebeu ainda R$ 200 mil em 2010 e outros R$ 250 mil em 2006 da construtora Camargo Corrêa, que não participa, porém, da construção de estádios. (AE) http://molinacuritiba.blogspot.com.br/2011/10/novo-ministro-do-esporte-amigo-das.html

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Passemos, agora, a uma análise mais detalhada do financiamento eleitoral dos membros da comissão que analisaram o CFB, com os valores repassados pelos agentes financiadores.

Tabela 16- Demonstrativo dos valores recebidos nas campanhas de 2006 e 2010 pelos treze deputados que analisaram o CFB, distinguidas as somas doadas por empresas (bancos, mineradoras, agronegócio e setor farmacêutico). Fonte www.tse.jus.br

Nome Anselmo de Jesus

2006 121.323,86

EMPRESAS

%

0,00

2010

EMPRESAS

%

437.312,55

96.350,OO 22

2.088.177,76

1.885.302,62 90

39.150,00

3.950,00 10

Abreu PT/RO Antonio Duarte

1.158.224,26

969.371,16 83

Nogueira PSDB/SP Eduardo Seabra da

33.500,00

0,00

Costa PTB/AP Ernandes Santos

79.962,86

13.209,50 16 Investigado PF

Amorim PTB/RO Homero Alves

605.370,90

208.860,00 34

2.934.764,68

1.902.565,68 65

1.453.544,40 1.376.120,75 95

2.177.724,19

2.081.782,19 96

Pereira PPS/MT José Aldo Rebelo Figueiredo PCdoB/SP Luis Carlos Heinze

994.414,59

795.562,60 80

1.557.728,41

1.273.975,29 82

992.614,58

698.614,58 70

2.243.153,97

1.890.778,57 84

617.718,01

300.461,75 49

1.796.473,84

901.259,02 50

1.161.967,46 1.076.127,46 93

2.380.528,47

1.660.821,65 70

PP/RS Marcos Montes Cordeiro PFL/MG Moacir Micheletto PMDB/PR Paulo Piau PPS/PMDB/MG Reinhold Stephanes

421.330,00

261.200,00 62

1.028.307,99

971.452,01 94

330.427,10

259.110,00 78

1.136.062,95

784.445,00 69

PMDB/PR Rubens Moreira Mendes Filho PPS/RO

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Valdir Colatto

116.078,75

28.493,80 24

559.238,22

422.138,22 76

PMDB/SC TOTAIS 8.086.476,77 5.987.131,60 74 18.378.623,03 13.778.470,25 75

Assim posto, constata-se que nos dois últimos períodos eleitorais, estes agentes políticos receberam um financiamento de empresas diretamente interessadas nas alterações do CFB e, importante, na soma expressiva de aproximadamente 74,5% de todo o aporte financeiro declarado. Para além deste fato, a atitude deste grupo favoreceu diretamente colegas deputados, na não cobrança de multas de congressistas por desmatamento irregular. O valor calculado do "perdão" da dívida foi de oito bilhões de Reais. Uma aprofundamento da análise destes 13 deputados listados indica que; Profissão  nove se apresentam nos seus "site" de congressistas (www.camara.gov.br) como agrônomos, ruralistas, agricultores ou produtores rurais - ou seja, foram, sim, os deputados pertencentes à bancada ruralista que analisaram e aprovaram as propostas de alteração do CFB.  dois são professores.  um é economista (Reinhold Stephanes) - como Ministro da Agricultura, sempre apoiou a bancada ruralista.  um é o redator, jornalista e político profissional assalariado (o Aldo) e que recebeu dinheiro do setor ruralista para a sua campanha eleitoral.

Relação de algumas empresas que lhes financiaram em 2006 e 2010  Guascor (http://www.guascor.com.br/quem_somos.php?aba=1) Levar energia elétrica a regiões isoladas da Amazônia foi o desafio inicial do Grupo Guascor no Brasil. Com a entrada em operação da primeira usina termelétrica, em Soure (PA), em 1997, a Guascor implantou...  Agropecuária Maggi (http://www.grupomaggi.com.br/pt-br/index.jsp) Atuando nos estados de Mato Grosso, Rondônia, Amazonas, São Paulo e Paraná, a Amaggi detém uma estrutura para comercializar, armazenar, processar, transportar e fomentar a produção de soja no Mato Grosso, através de recursos ou insumos. A Amaggi importa e comercializa fertilizantes e também é responsável pela produção de sementes de qualidade ...

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 Aracruz - perdeu 1,95 bilhão na "ciranda" do mercado financeiro de 2008 e faliu.  Stora Enso (http://www.storaenso.com/about-us/Pages/welcome-to-stora-enso.aspx) Stora Enso’s sales totalled EUR 8.9 billion in 2009. The Group has some 27 000 employees in more than 35 countries worldwide . Read more. Empresa estrangeira de papel Sueco-Finlandesa, mostrando que os deputados estão atendendo interesses de empresas fora do país.  Votorantim

Celulose

e

Papel

(http://www.votorantim.com.br/pt-

BR/Paginas/Home.aspx) No mercado financeiro, atua por intermédio da Votorantim Finanças, e, em Novos Negócios, investe em empresas e projetos de biotecnologia, tecnologia da informação e especialidades químicas.  Gerdau  Construtora OAS  Eike Batista  Minerações Brasileiras Reunidas S.A.  Urucum mineração  Fibria Celulose  Bunge Fertilizantes  CMPC Celulose

Entre os questionamentos já levantados, um deve ser novamente salientado: a quais interesses estes deputados estão sensíveis? A resposta pode ser dada com a ajuda do site "http://www.asclaras.org.br", comparando-se o agente financiador: se proveniente de cidadãos (pessoa física) ou de empresas (pessoa jurídica).

Tabela 17- Análise comparativa entre a fonte de financiamento (se pessoa física ou jurídica) dos deputados que analisaram as propostas de alterações do Código Florestal Brasileiro. Fonte http://www.asclaras.org.br

Nome

Relação de financiamento

Anselmo de Jesus Abreu PT/RO

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Antonio Duarte Nogueira PSDB/SP

Eduardo Seabra da Costa PTB/AP

Ernandes Santos Amorim PTB/RO

Homero Alves Pereira PPS/MT

JosĂŠ Aldo Rebelo Figueiredo PCdoB/SP

Luis Carlos Heinze PP/RS

Marcos Montes Cordeiro PFL/MG

Moacir Micheletto PMDB/PR

Paulo Piau PPS/PMDB/MG

Reinhold Stephanes PMDB/PR Rubens Moreira Mendes Filho PPS/RO

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Valdir Colatto PMDB/SC

Tal análise acima comprova que o principal aporte financeiro dos deputados veio de empresas privadas, muitas estrangeiras. Agiram como agentes políticos terceirizados do mercado ou defendendo interesses próprios, como reforça a notícia abaixo.

Folha de São Paulo São Paulo / Quarta-feira / 07 de dezembro de 2011 Novo Código anistia multas dos doadores de 50 políticos Empresas doaram cerca de R$ 15 mi em 2010, quando texto já era debatido Parlamentares negam que as contribuições tenham pesado no voto e dizem que não estão defendendo criminosos LÚCIO VAZ / DE BRASÍLIA

Empresas que poderão ter multas ambientais suspensas com a aprovação do novo Código Florestal contribuíram no ano passado com cerca de R$ 15 milhões para financiar a campanha de 50 congressistas que participaram das discussões do projeto no Congresso nos últimos meses. É o que revela cruzamento de autos de infração do Ibama com as doações eleitorais contabilizadas pelos partidos. As contribuições foram feitas no pleito de 2010, quando a reforma do código já estava em discussão na Câmara. O valor é 42% maior que o total doado pelas mesmas empresas na eleição de 2006. As empresas foram autuadas, num total de R$ 1,6 milhão, por irregularidades como destruir vegetação nativa, áreas de preservação permanente, e consumir carvão de mata nativa. Algumas também receberam multas impostas pela Justiça. O Senado Federal aprovou ontem à noite o projeto do novo Código Florestal. Com a nova lei, as empresas que aderirem a programas de regularização ambiental terão suas multas suspensas e convertidas em serviços de recuperação ambiental.

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Entre os senadores que receberam dinheiro dessas empresas e agora participam dos debates sobre a norma estão Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Wellington Dias (PT-PI) e Delcídio Amaral (PTMS). Dos deputados, quase todos apoiaram as mudanças no Código. Luiz Carlos Heinze (PP-SC), que recebeu R$ 150 mil da SLC Agrícola, declarou que não está defendendo "criminosos". Governadores, que têm grande influência sobre as bancadas estaduais, levaram R$ 4 milhões. Jaques Wagner (PT-BA) e Renato Casagrande (PSB-ES) ficaram com as maiores quantias. As indústrias de celulose ficaram entre as maiores doadoras do grupo. A Fibria, que tem multas de R$ 946 mil pendentes no Ibama, deu R$ 4,7 milhões às campanhas. Ela tem ainda 50% das ações da Veracel Celulose, multada pela Justiça em R$ 20 milhões e em R$ 390 mil pelo Ibama. O senador Dias recebeu R$ 150 mil da Suzano Celulose, mas não vê conflito de interesse nesse caso: "Seria muito pequeno um parlamentar colocar o mandato a serviço de interesses individuais de uma empresa". Ele disse que a empresa investirá R$ 6 bilhões numa fábrica no Piauí. Delcídio Amaral disse que as doações foram feitas legalmente e que "não se pode condenar previamente a empresa". Por sua vez, Ferraço recebeu R$ 150 mil da Fibria, mas rejeita a suspensão. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/13494-novo-codigo-anistia-multas-dos-doadores-de50-politicos.shtml

Somado às considerações acima, outra questão deve ser avaliada sobre as atitudes dos políticos, e que é uma "nova" perspectiva de luta pela terra. A chamada crise capitalista, especificamente no setor energético, alardeia a ideia de que os "biocombustíveis" se apresentam como um sistema alternativo. Na realidade, "biocombustível" é eufemismo, já que a designação correta é agrocombustível. Nesta perspectiva, a luta pela posse pela terra

intensifica-se e o governo, em

financiado por empresas ligadas ao agronegócio, freou a reforma agrária, colocando-a em níveis inferiores ao da época de FHC. A terra deixou de produzir "alimento" e agora gera "commodities". É negócio, tem que dar lucro e a exploração de milhões de hectares é feita de forma predatória para a natureza e para o homem. Propriedades de pequenos produtores estão sendo compradas, algumas por preços vis, como também grandes extensões de florestas virgens estão sendo dizimadas pela cobiça. A conivência do governo se dá abertamente através do financiamento de projetos empresariais via BNDES.

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Assim sendo, pode-se afirmar que, mundialmente, existe um movimento de contra reforma agrária, ocasionado por aqueles que vão fazer das áreas agrícolas e de florestas o seu manancial de lucros. Este é o modo de atuar do sistema capitalista predador, também denominado agronegócio, e que financia a campanha dos que analisaram as alterações do CFB. Este é o sistema que financia a campanha do deputado Aldo Rebelo e o seu PCdoB. Nesta lógica, percebe-se que as ações de Aldo promovem, num sentido um movimento de contra reforma agrária e, de outro, a aproximação do PCdoB de empresas dispostas em financiar futuras campanhas dos "comunistas". O comunista Aldo insistentemente denunciou a existência de "financiamentos particulares", "interesses de ONG" e outros para tentar barrar as alterações do código, mas sempre de forma genérica e sem nomear nada ou ninguém. Entretanto, se aprofundarmos um pouco mais a pesquisa de Aldo/PCdoB vamos perceber algo interessantíssimo. Em nova consulta ao "site" do Tribunal Superior Eleitoral (www.tse.jus.br) vemos que a prestação de contas do PCdoB de São Paulo oferece uma informação curiosa para os cidadãos, conforme a tabela abaixo.

Tabela 18- Relação parcial de um dos demonstrativos financeiros do PCdoB/SP referente à prestação de contas do processo eleitoral de 2010, selecionados de uma relação total de 685 doações (www.tse.jus.br).

Doador Comitê Financeiro Estadual/Distrital para Deputado Estadual

CPF/CNPJ Valor R$ Nome do Candidato 12.181.908/0001-28 77,50 CARLOS EDUARDO CAMARGO GÓES

Comitê Financeiro Estadual/Distrital para Deputado Estadual Comitê Financeiro Estadual/Distrital para Deputado Estadual Comitê Financeiro Único

12.181.908/0001-28

1.351,35 CARLOS EDUARDO CAMARGO GÓES

12.181.908/0001-28

1.852,55 CARLOS EDUARDO CAMARGO GÓES

Comitê Financeiro Único

12.181.908/0001-28

Comitê Financeiro Único

12.181.908/0001-28

Comitê Financeiro Único

12.181.908/0001-28

12.181.908/0001-28

1.947,27 JOSÉ ALDO REBELO FIGUEIREDO 1.147,50 JOSÉ ALDO REBELO FIGUEIREDO 12.041,58JOSÉ ALDO REBELO FIGUEIREDO 408,16 JOSÉ ALDO REBELO FIGUEIREDO

89


Comitê Financeiro Único

12.181.908/0001-28

Comitê Financeiro Único

12.181.908/0001-28

Comitê Financeiro Único

12.181.908/0001-28

Comitê Financeiro Único

12.181.908/0001-28

Comitê Financeiro Único

12.181.908/0001-28

Comitê Financeiro Único

12.181.908/0001-28

ELEIÇÃO 2010 ALDO REBELO-DEPUTADO FEDERAL ELEIÇÕES 2010 ALDO REBELO-DEPUTADO FEDERAL ELEIÇÕES 2010 ALDO REBELO-DEPUTADO FEDERAL ELEIÇÕES 2010 ALDO REBELO-DEPUTADO FEDERAL ELEIÇÕES 2010 ALDO REBELO-DEPUTADO FEDERAL Total doado

12.181.908/0001-28

18.700,00JOSÉ ALDO REBELO FIGUEIREDO 5.425,00 JOSÉ ALDO REBELO FIGUEIREDO 833,33 JOSÉ ALDO REBELO FIGUEIREDO 14.820,40JOSÉ ALDO REBELO FIGUEIREDO 10,00 JOSÉ ALDO REBELO FIGUEIREDO 27.788,25JOSÉ ALDO REBELO FIGUEIREDO 5.000,00 JESOMAR ALVES LOBO

12.181.908/0001-28

77,50 JESOMAR ALVES LOBO

12.181.908/0001-28

5.000,00 JESOMAR ALVES LOBO

12.181.908/0001-28

5.000,00 JESOMAR ALVES LOBO

12.181.908/0001-28

550,00 JESOMAR ALVES LOBO 2.809.819,37

Como bem se vê, Aldo Rebelo surge recebendo do CNPJ número 12.181.908/0001-28 a quantia total de R$ 83.121,49. Em outra parte da mesma tabela e com o mesmo número de CNPJ doador, mas agora com a origem de "Eleições 2010 Aldo Rebelo-Deputado Federal", aparecem R$ 15.627,50 doados a outro candidato. Imagina-se que exista uma explicação plausível mas, para nós cidadãos, fica difícil entender tal contabilidade ou, quem sabe, tudo é feito para que não se entenda. Mas tem outro detalhe interessante: o CNPJ número 12.181.908/0001-28 é um dos sete que pertencem à companhia Suzano Papel e Celulose S/A, conforme informação novamente obtida no TSE (www.tse.jus.br). Desta forma, poder-se-ia dizer que o PCdoB de São Paulo é quase uma "sucursal" desta papeleira, numa relação financeira em que chama a atenção não só o valor de R$ 2.809.819,37, como também a quantidade de 685 repasses. Se Aldo acusou os "ambientalistas" de representar interesses de financiadores particulares, será que é justo aplicar a mesma ponderação para dizer que o seu PCdoB (e ele próprio com R$ 83.121,49) representa interesses da Companhia Suzano?

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Aldo também falou enfaticamente contra ONG internacionais que estariam apoiando financeiramente os que desejavam manter inalterado o CFB, e mais uma vez omitiu que seu partido recebeu subvenção financeira de R$ 70.000,00 da Bunge Fertilizantes, que é uma multinacional americana e gigante mundial na produção de venenos agrícolas. Outros apoios que o deputado Aldo e seu partido defendem estão presentes no demonstrativo abaixo.

Tabela 19- Demonstrativo do repasse de algumas empresas particulares ao PCdoB no território nacional, durante o processo eleitoral de 2010. Fonte; www.tse.jus.br Doador Valor R$ BANCO ALVORADA S/A

150.000,00

BANCO BRADESCO S/A

500.000,00

BRACOL HOLDING LTDA

500.000,00

BULKTECH TECNOLOGIA E AUTOMAÇÃO LTDA

10.000,00

CONSTRUTORA OAS LTDA

750.000,00

CONTRUTORA QUEIROZ GALVÃO S/A

1.000.000,00

CRIDASA CRISTAL DESTILARIA AUTONOMA DE ALCOOL S/A

500.000,00

EIKE FUHRKEN BATISTA

300.000,00

LEYROZ DE CAXIAS INDÚSTRIA COMÉRCIO & LOGISTICA LTDA

400.000,00

MINERAÇÃO CORUMBAENSE REUNIDA S/A

200.000,00

MINERAÇÕES BRASILEIRAS REUNIDAS S/A MBR

500.000,00

RECOMA CONSTRUÇÕES, COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA

50.000,00

SANTA BARBARA ENGENHARIA LTDA

100.000,00

STRATÉGICA CONSULTING LTDA

150.000,00

URUCUM MINERAÇÃO S/A

450.000,00

BUNGUE FERTILIZANTES

70.000,00

MINERAÇÃO BRASILEIRAS REUNIDAS SA (apesar do nome, não

500.000,00

é empresa nacional) HAZTEC TECNOLOGIA E PLANEJAMENTO AMBIENTAL

125.000,00

CELULOSE NIPO-BRASILEIRA

10.000,00

KLABIN SA

15.000,00 Total

6.280.000,00

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É importante registrar o apoio em verbas que o setor de mineração oferece. Muito se tem debatido e criticado o agronegócio como principal defensor das alterações do CFB, fato que deve ser ponderado. Para que as mineradoras possam atuar livremente e com maior intensidade (diga-se, com maior devastação), as alterações do CFB são fundamentais. Pode-se afirmar que, metaforicamente, as florestas apresentam-se como verdadeiras "porteiras", impedindo a ação de processos minerais quer de "raspagem" de superfície, quer de tunelamento.

- Kátia Abreu

Kátia Regina de Abreu é senadora pelo estado de Tocantins e na sua carreira já pertenceu ao PFL, depois foi para o DEM, depois para o PSD. Foi eleita senadora em 2006 pelo estado do Tocantins. A sua atuação como senadora é feita no sentido da permamente defesa dos interesses do chamado "agronegócio", ou seja, onde se incluem seus interesses particulares, compondo um exemplo clássico de político setorizado em bancada e individualista. Sua prestação de contas ao TSE mostra três características interessantes: só tem um doador particular indentificado na campanha ao Senado (Banco Itaú); os demais 12 repasses são do Comitê Financeiro Único; estes 12 surgem no mesmo dia.

Tabela 20- Declaração do financiamento de campanha da senadora Kátia Regina de Abreu apresentada ao TSE, eleição de 2006 ao Senado Federal. Fonte www.tse.just.br

Nome

Data

Valor

BANCO ITAÚ S.A.

30/06/2006

50.000,00

Comitê Financeiro Único PFL-TO

30/09/2006

32.000,00

Comitê Financeiro Único PFL-TO

30/09/2006

366.054,65

Comitê Financeiro Único PFL-TO

30/09/2006

84.600,00

Comitê Financeiro Único PFL-TO

30/09/2006

596.529,00

Comitê Financeiro Único PFL-TO

06/09/2006

2.860,00

Comitê Financeiro Único PFL-TO

30/09/2006

117.400,00

Comitê Financeiro Único PFL-TO

30/09/2006

110.339,00

Comitê Financeiro Único PFL-TO

30/09/2006

199.848,44

92


Comitê Financeiro Único PFL-TO

30/09/2006

54.820,00

Comitê Financeiro Único PFL-TO

30/09/2006

490.339,56

Comitê Financeiro Único PFL-TO

30/09/2006

85.760,00

Comitê Financeiro Único PFL-TO

30/09/2006

273.108,46

Total

2.463.659,11

Valores repassados via comitê, como visto, têm o efeito de dificultar a identidade do doador, mas o exame das prestações de contas eleitorais do seu partido de então, o PFL, revela novos dados interessantes. Tabela 21- Exposição parcial da prestação de contas apresentadas pelo Comitê Financeiro Único do PFL-TO, eleições de 2006. Fonte: www.tse.jus.br

Nome

Data

Valor

BANCO MERCANTIL DE SÃO PAULO S/A

28/09/2006

50.000,00

BUNGE ALIMENTOS S.A

18/09/2006

20.000,00

BUNGE FERTILIZANTES S.A

19/09/2006

50.000,00

CMT ENGENHARIA LTDA

04/09/2006

100.000,00

TERRAP

E 14/09/2006

200.000,00

TERRAPLENAGEM

E 18/10/2006

200.000,00

EGESA ENGENHARIA S/A

29/08/2006

200.000,00

EGESA ENGENHARIA S/A

08/09/2006

650.000,00

EMSA EMPRESA SUL AMERICANA DE MONTAGEM 27/09/2006

1.050.000,00

CONTERSA

-

CONSTRUTORA

SANEAMENTO LTDA CONTERSA

CONSTR.

SANEAMENTO LTDA

S/A HABITE PROJETOS E CONSTRUÇÕES

26/10/2006

70.000,00

KÁTIA REGINA DE ABREU 255-TO

11/10/2006

49.790,56

Uma coincidência interessante é que três dias antes de a candidata receber seus milhões, a "EMSA Empresa Sul Americanas de Montagem S/A", depositou R$ 1.050.000,00 para o PFL.

93


A

empresa

(http://www.emsa.com.br/site/site.do?categoria=EMSA_Home)

tinha

contratos com o governo do estado e era responsável pela construção das seguintes obras tocantinenses: Terraplenagem e pavimentação asfáltica da TO-255; Companhia de Saneamento do Tocantins - Sede Administrativa - Palmas-TO; Estação de tratamento de esgoto Vila Aureni - Palmas-TO; Ponte em concreto armado e protendido sobre o rio Tocantins, TO-080; Assembléia Legislativa - Palmas-TO. De tal forma, têm-se uma situação em que a senadora e o próprio PFL, numa coligação para o governo do Estado com o PPB, PSL, PST, PAN, PSDC, PRTB, PTC, PSD, PRP, PRONA, PTdoB, recebem valor expressivo de uma empresa que desenvolve obras para o próprio governo. Então, como Aldo Rebelo (PCdo/SP), a senadora foi fortemente financiada por empresas ligadas ao agronegócio, como a Bunge Fertilizantes, além de construtoras e bancos. A defesa de interesse pessoal salientado acima, pode, mais uma vez, ser corroborado através da matéria abaixo.

Folha de São Paulo Justiça susta multa a senadora por desmatamento irregular DE BRASÍLIA 25/06/2010 - 10h03 A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) conseguiu uma nova liminar na Justiça, notificada ao Ibama em Brasília na terça-feira, que suspende provisoriamente a multa de R$ 120 mil contra ela por desmatamento cometido no Tocantins sem autorização. Reportagem da Folha do dia 18 revelou que a presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) será uma das beneficiadas pelas alterações no Código Florestal caso o projeto, que tramita no Congresso, seja aprovado como está. A proposta, de autoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), anistia todos os produtores rurais com irregularidades flagradas até o dia 22 de julho de 2008 nos crimes contra reservas legais, áreas de preservação permanente e desmatamentos sem autorização. Em carta enviada à Folha, a senadora questionou a reportagem afirmando que a multa tinha sido liminarmente suspensa. Segundo Kátia Abreu, a multa aplicada pelo Ibama refere-se a uma área em Tocantins que ela já teria vendido. A congressista afirmou que, quando foi notificada, não se tratava de "crime ambiental", mas "infração administrativa". A multa contestada não é transferível.

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Ao se defender no processo em trâmite no instituto, a senadora admitiu ter praticado desmatamento. Ela disse que, em razão da demora das autoridades ambientais em dar a autorização, e com o final do "período chuvoso" na região, começou a desmatar. Quando procurada antes da publicação da reportagem, a senadora havia dito, em entrevista gravada, que fora multada e respondia à autuação. Não citou que havia obtido nova liminar, por estar, segundo sua assessoria de imprensa, "com mil coisas na cabeça". A liminar citada pela senadora na carta só foi recebida pelo Ibama na última terça. O órgão informou que vai recorrer novamente. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2506201003.htm

Ela também legisla representando interesses de outros agressores ambientais.

Folha de São Paulo 24/06/2010 - 09h52 Vice de associação ruralista está em lista suja do Ibama CLAUDIO ANGELO EDITOR DE CIÊNCIA O presidente da Comissão de Meio Ambiente da CNA (Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil), tem uma fazenda embargada pelo Ibama por desmate irregular em Tocantins. Segundo dados do processo, o pecuarista Assuero Doca Veronez foi multado por desmatar sem licença uma área de 969 hectares no município de Campos Lindos. Na época, foi lavrada uma multa de cerca de R$ 90 mil, que não foi paga. O fazendeiro recorreu, e o processo ainda tramita no Ibama. A área, uma fazenda de soja, foi listada pelo órgão em 2006 entre as áreas embargadas da Amazônia Legal. Isso significa que todo grão produzido ali é considerado "pirata" e pode ser apreendido. Veronez diz que vendeu a área em 2002. Segundo ele, não houve crime ambiental, mas multa administrativa. Ou seja, a reserva legal e as áreas de preservação permanente (APPs) não teriam sido desmatadas. No entanto, o corte raso foi feito antes do licenciamento ambiental. "Havia pressão de tempo, o licenciamento demorou e quase todas as pessoas [da região] desmataram", disse Veronez à Folha. "Era uma vegetação de campo, nem floresta era", afirmou. "Nunca cheguei nem a plantar ali", prosseguiu. PASSIVO 95


A CNA tem sido uma das principais defensoras de reforma no Código Florestal, a lei de proteção às florestas. Os produtores argumentam que a lei criminaliza a maior parte dos agricultores do país e que é impossível recompor toda a vegetação nativa que precisaria ser replantada caso a lei fosse ser aplicada à risca. A CNA tem defendido a moratória a novos desmatamentos, mas a anistia a desmates já feitos em áreas agrícolas "consolidadas". É nessa direção que vai um projeto de mudanças no código, de autoria do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), que,..., anistia de multa todos os desmatamentos feitos até julho de 2008. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2406201002.htm (segue a notícia)

A senadora não dá bons exemplos no que se refere à sua preocupação com a cidadania, ao proferir que: "milhares e milhares de brasileiros que ganham um salário mínimo ou que não ganham nada e que, portanto, precisam comer comida com defensivo sim, porque é a única forma de se fazer alimento mais barato" (sic). Traduzindo: pobre tem que comer com veneno.

- Luiz Carlos Heinze - PP/RS Esse deputado, que também ameaça que é a reforma do CFB ou a fome, têm como origem de seus proventos eleitorais conforme se segue. O seu total declarado na campanha de 2010 foi de R$ 1.557.728,41. Se esmiuçado, constata-se que, além de R$ 30.000,00 da Associação Nacional Ind. Armas e Munições, R$ 856.782,66 de empresas nacionais ligadas ao agronegócio; R$ 321.942,63 são advindos de diretórios estaduais e nacional; e R$ 241.632,66 surgem de empresas internacionais ligadas ao agronegócio, conforme tabela abaixo. Tabela 22- Demonstrativo das doações recebidas pelo deputado federal Luiz Carlos Heinze (PPRS), provenientes de empresas internacionais, no processo eleitoral de 2010. Fonte: www.tse.jus.br

Empresa

Doação R$

BUNGE FERTILIZANTES SA

70.000,00

CMPC CELULOSE RIOGRANDENSE LTDA

16.632,66

KUHN DO BRASIL SA

5.000,00

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SLC AGRICOLA S/A

150.000,00 Total

241.632,66

Fica salientado que a tabela acima mostra empresas internacionais, pois o somatório recebido pela empresas nacionais ligadas ao agronegócio alcança ao valor de R$ 856.782,66. Entre todos os doadores deve-se salientar a empresa JBS Friboi SA, que repassou ao deputado o valor de R$ 50.000,00. No acesso ao "site" do TSE, este grupo surge doando a políticos, neste mesmo pleito de 2010, um total de R$ 30.105.900,00. O site "excelências" (http://www.excelencias.org.br/docs/DoadOcorr.pdf) informa que esta empresa apresentou o maior porcentual de repasses a parlamentares com problemas na Justiça e em Tribunais de Contas. É incrível imaginar que um frigorífico tenha R$ 30 milhões disponíveis para doação em processos eleitorais, todavia, adiante será verificado, mais uma vez, ligações com verbas públicas nestas transações. Neste ramo político, entende-se que a propaganda também é a "alma do negócio", que ocorre mesmo depois da eleição, expressa através de bajulações ou premiações fictícias. No seu "site", Luiz Carlos Heinze "alerta sobre necessidade de mobilização para aprovar mudanças no código florestal". Apresenta-se como merecedor do prêmio Responsabilidade Ambiental em 2010, outorgado por um tal "instituto ambiental borboleta azul". Neste caso a fantasia é a seguinte; os mesmos que financiam o "instituto", financiaram Heinze na campanha de 2006 - Votorantin R$ 19.217.16; Aracruz R$ 10.000.00 e Stora Enso R$ 15.770.16. Um premia o outro, o outro premia o um, a troca de prêmios vai para o currículo, o currículo vai para o palanque, daí para a imprensa e dá-lhe festa. Se o financiamento de campanhas fosse profunda e devidamente esmiuçado, seria constatado que muitos políticos transformaram-se em empregados terceirizados defendendo de empresas e com mandatos ricamente assalariados com verbas públicas.

- Belo Monte A obtenção de umas poucas informações já indicam que o problema do financiamento particular de campanhas é tão expressivo que compromete para além dos candidatos e partidos, indo corromper o próprio sistema eleitoral e a administração do Estado no seu todo.

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Muitas das obras públicas constituem-se em mananciais por onde fluem em pilhagem os valores que a população gera em impostos. E é exatamente esse sistema adulterado que energiza a construção dessa usina e de muitos outros projetos. Muito embora a proposta aqui não seja a de discutir aspectos técnicos da viabilidade ou não do projeto, é importante citar que movimentos nacionais e internacionais denunciam vários e sempre novos problemas da faraônica construção. Se assim o é, então surge a pergunta: por que o projeto continua? Assim como as alterações propostas para o CFB, também aproximadamente 80% da população brasileira é contra o faraônico projeto, mas o governo e congresso administram em benefício de empreiteiras e mineradoras (prestemos a atenção nestas últimas), ávidas pelos bilhões que podem lucrar. A opinião do povo só é sagrada na hora de pedir votos. O grupo empresarial responsável pela construção da obra chama-se Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) e é composto por 10 empreiteiras; Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Construtora OAS, Galvão Engenharia, J. Malucelli, Queiroz Galvão, Odebrecht, Serveng Civilsan, Centenco e Contern. Entre todas, somente as duas últimas não surgem no TSE como doadoras de campanhas. Um exemplo irretocável sobre a absurda atuação parlamentar, assim como o desconhecimento absoluto dos deveres e obrigações que a Constituição exige dos deputados, está presente nas palavras do ex-deputado federal Nicias Lopes Ribeiro (PSDB-PA), no excelente documentário sobre Belo Monte (http://www.belomonteofilme.org/portal/br). Diz ele:

"Quem é que é o dono do Brasil? Quem é que tem poder sobre o Brasil? Vamos começar. É o Congresso Nacional! Ok! Então, o Congresso Nacional baixou um decreto legislativo autorizando a conclusão dos estudos de Belo Monte e a implantação da hidroelétrica de Belo Monte. (os grifos significam a ênfase com que o político expressa sua argumentação) Tempo da gravação 00:07:59 http://www.belomonteofilme.org/portal/br"

Pelo que se percebe, políticos com a visão absolutamente distorcida como a do deputado Nicias não são poucos e são eles que determinam muitos dos destinos do país.

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A consulta à prestação de contas deste parlamentar no processo eleitoral de 2006 indica que do valor financiado de R$ 167.632,34, a Construções e Comércio Camargo Correa SA doou R$ 50.000,00) e a MBR Mineração Brasileira Reunidas o agraciou com R$ 100.000,00. Estas doações demonstram dois dos muitos grupos empresariais interessados na efetivação da obra, que são as construtoras e as mineradoras, estas últimas ávidas por "esfolar" solo e florestas em buscas dos diversos minerais presentes na região. Nota importante: esta MBR Mineração Brasileira Reunidas é a mesma Caemi, que em 1960 se uniu a Bethlehem Steel, um grupo estadunidense de mineração, e fundou a MBR sigla para Minerações Brasileiras Reunidas S.A. (Fonte wikipédia). Lembremo-nos que a Caemi doou R$ 300.000,00 para a campanha de 2006 do deputado Aldo Rebelo, o que justifica o parlamentar ter sido escolhido para representar os interesses destes grupos nas propostas de alterações do CFB. O quadro abaixo detalha o financiamento do Consórcio Construtor de Belo Monte aos partidos políticos no processo eleitoral de 2010.

Tabela 23- Detalhamento dos valores declarados doados pelas empresas construtoras de Belo Monte aos partidos políticos, durante a campanha eleitoral de 2010. Fonte: www.tse.jus.br

EMPRESA

VALOR R$

Andrade Gutierrez Camargo Correa

64.707.500,00

PARTIDOS PSB, PMDB, PSDB, PR, PV, DEM, PP, PRB, PT

119.378.920,00 PCdoB, PMDB, PSL, DEM, PP, PT, PPS, PSDB, PSC, PV, PMN, PDT, PTdoB, PSB, PR, PTC, PV, PSDC, PTB, PTN, PR, PRB, PSL,

Galvão Engenharia

26.090.730,00 PCdoB, PSDB, PV, PT, PP, DEM, PSL, PTN, PDT, PMDB, PR, PTdoB, PRP, PRB, PSB, PPS, PHS, PSL, PTC, PSDC,

J. Malucelli OAS

563121,00

PSDB, PMDB, PT, DEM, PDT

44.048.301,00

PT, PSDB, PR, PMDB, DEM, PSC, PSB, PV, PPS, PTB, PRB, PP, PCdoB

Odebrecht Queiroz Galvão

6.230.000,00

PSDB, DEM, PT, PMDB, PSB, PV

68.638.520,50

PCdoB, PP, PMDB, PT, PPS, PSDB, PRB, PR, PTB, PSB, DEM, PDT, PV, PP, PTC, PSDC, PHS, PMN

Serveng Civilsan S/A

13.315.000,00 PT, PSDB, PR, DEM, PP, PTdoB, PSL, PMDB, PSC, PTB, PSB

Total 342.972.092,50

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O quadro revela que das 29 agremiações partidárias a época, seis não receberam apoio financeiro - PSOL, PRTB, PSD, PCB, PCO, PPL, PSTU - e, destas, somente o PSOL (três deputados) e PRTB (um deputado) têm representantes eleitos no Congresso. Cumpre salientar que PSD e PEN foram criados recentemente, depois do processo eleitoral de 2010. Ou seja, se analisarmos somente a financiamento das construtoras, 99,22% dos 513 congressistas estão comprometidos com verbas vindas do setor interessado na construção de Belo Monte! Um dado interessante é que todos os políticos do Pará receberam financiamento, num total de R$ 85.207.202,27. A conclusão que pode ser retirada é que, para as empresas, não adiantaria financiar só os candidatos paraenses, pois precisam de todo o Congresso para aprovar atos que lhes beneficiem. Deve-se notar que na pesquisa dos valores repassados pelas mesmas empresas citadas, agora no processo eleitoral de 2006, mostra que o valor em 2010 foi significativamente maior, mesmo se considerados aspectos inflacionários.

Tabela 24- Detalhamento dos valores declarados doados pelas empresas construtoras de Belo Monte aos partidos políticos, durante a campanha eleitoral de 2006. Fonte: www.tse.jus.br

EMPRESA

VALOR R$

Andrade Galvão Andrade Gutierrez Camargo Correa Cimentos

PARTIDOS

65.000,00

PP, PT, PMDB, PTB

1.000,00

PSDB

8.264.500,00 PSDB, PMDB, PT, PSB, PCdoB, PTB, PPS, PFL, PPS, PP, PTC, PV, PDT, PSC

J. Malucelli Construtora OAS

41.500,00

PMDB, PSDB

7.276.500,00

PT, PSB, PMDB, PSDB, PFL, PTB, PPS, PDT, PPS, PSB, PV, PMN, PSC

Odebrecht

1.342.500,00 PSDB, PP, PT, PDT, PPS, PFL, PCdoB, PV, PL, PMN, PSB, PSC,

Queiroz Galvão

3.000,00 TOTAL

PT, PSDB

16.994.000,00

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Qual o motivo do aumento tão expressivo de repasse de R$16.994.000,00 em 2006, para R$ 342.972.092,50 em 2010? Por obviedade, o propósito não é outro senão a da própria construção imediata da usina e, para isto, a necessidade de "sensibilizar" os deputados. É óbvio! Pergunta-se; Como atuarão 99,22% dos parlamentares financiados com verbas das empresas na hora de decidir seus votos? Faz-se necessário lembrar o escândalo citado anteriormente envolvendo a Camargo Correa (também no CCBM), quando a "Folha de São Paulo" publicou em 05 de abril de 2009: Base e oposição descartam CPI sobre Camargo Corrêa: 55% dos congressistas atuais receberam doações legais de construtoras, segundo o TSE: Para líder de partido aliado, CPI sobre a Camargo seria "destampar uma panela de pressão'; oposicionista diz que haveria "efeito dominó" As votações referentes ao CFB já demonstraram claramente qual o tipo de comportamento adotado, pois se entende que o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal) legisla de costas para a população, salvaguardando interesses próprios e dos seus financiadores. Ainda mais! Pode-se afirmar que o atual Congresso foi constituído com um perfil para implementar ações em defesa de interesses particulares (as inúmeras repetições desta constatação é importante), que vão se materializar na destruição não só do CFB, como também favorável às alterações do código de mineração, à construção de Belo Monte, na implantação das políticas desastrosas e criminosas dos agrotóxicos/transgênicos, na continuidade das privatizações iniciadas com FHC (e contra as quais o PT tanto lutou antes de receber somas expressivas no financiamento de suas campanhas), assim como outras tantas. Impossível não perceber que existe uma forte relação de "causa/efeito" entre todas estas alterações. Se analisada sob o aspecto prático na busca de resultados eleitorais positivos, mais uma tabela revela a intenção dos financiamentos, com repasses feitos somente por algumas mineradoras nacionais e internacionais e companhias de energia nacionais e internacionais aos políticos candidatos e que, de uma forma ou de outra, seriam beneficiadas direta ou indiretamente com a construção de Belo Monte.

Tabela 25- Indicativo do repasse feito por algumas companhias de energia e empresas mineradoras nacionais e internacionais feitas aos candidatos no pleito de 2010. Fonte: www.tse.jus.br 101


Doador

Valor R$

Copelmi Mineração

4.162.500,00

PT, DEM

11.700.000,00

PCdoB, PSDB, PT, PP, DEM,

Companhia Metalúrgica Prada

Partidos

PMDB, PV, PSB, PPS, PR, PDT, PRB, CIA Metalic Nordeste

1.850.000,00

PTB, PMN, PSDB, PSC, PT, PRB, DEM, PMDB

IBQ Indústria Química LTDA

1.130.000,00

DEM, PT, PR, PTB, PSDB, PMDB

CIA SID DO PARA - COSIPAR

15.000,00

PMDB, PSDB, PPS, PT

5.000,00

PMN

U&M Mineração e Construção SA

351.680,00

PP, PT, PSB, PSDB

IUDICE Mineração LTDA.

198.000,00

PCdoB, PT, PSB

CSN Cimentos SA

100.000,00

PT

MINERAÇÃO SERRA GRANDE S/A

300.000,00

PTdoB, DEM, PTB, PT, PR

MAG BAN Mármores e granitos Aquidaban

CBMM - Companhia Brasileira de Metalurgia

6.315.000,00 PCdoB, PSDB, PDT, PP, PT, PV,

e Mineração CNPJ 33.131.541/0001-08

DEM, PPS, PSDC, PTB, PMN, PSC, PMDB, PSB, PPS, PR, PTC,

CBMM - Companhia Brasileira de Metalurgia

47.246,56 PR, PDT, PSL, PSC, PSDB, PTC,

e Mineração & Antonio Augusto Junho

PSL, PPS, PR,

Anastasia CNPJ 12.177.426/0001-02 MINERAÇÕES BRASILEIRAS REUNIDAS S.A. VALE FERTILIZANTES S/A - FOSFERTIL

6.650.000,00

PCdoB, PMDB, PSDB,

18.390.000,00 PPS, PT, PDT, PV, DEM, PMDB, PSDB, PP, PR, PMN, PSB, PHS, PSC, PTB

Urucum Mineração

3.300.000,00

PP, PSB, DEM, PCdoB, PV

VALE MANGANES S/A

12.110.000,00

PTB, DEM, PMDB, PSDB, PT

GERDAU Comércio de Aços S A

14.384.000,00 PP, PSDB, PDT, PSDB, PT, PSB, PMDB, PMN, PCdoB, PV, DEM, PP, PR, PSL, PTB, PPS, PRTB, PSDC, PSC,

AVG Minerações AS

2.950.000,00

PMDB, PSDB, PP, PT

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VOTENER - VOTORANTIM

3.450.000,00

PSDB, PMDB, PT, DEM, PTB,

COMERCIALIZADORA DE ENERGIA LTDA

PP

BROOKLIN COMPANY SA

200.000,00

PCdoB, DEM, PSDB, PV

KINROSS BRASIL MINERAÇÃO S/A

100.000,00

PMDB, PSDB

Mineração Anglo Gold Ashanti Brasil / ANGLO

920.000,00

PMDB, PSC, PP, PSDB, PT,

AMERICAN BRASIL

DEM, PPS, PSB,

EDK Mineração S/A Tractebel Energia

90.000,00

DEM, PP

3.425.000,00

PP, PDT, PMDB, PR, PSDB, DEM, PPS,

Sama Mineração de Amianto

1.925.000,00

PC do B, PMDB, PSC, PSDB, PRB, DEM, PP, PTB, PT, PDT

Total

94.068.426,56

Desta maneira, se somarmos o financiamento eleitoral declarado pelo CCBM, acrescido com o que foi doado pelas companhias de energia e empresas mineradoras nacionais e internacionais aos candidatos, têm-se:

Tabela 26- Indicativo do repasse feito pelo CCBM e por algumas companhias de energia e mineradoras nacionais e internacionais feitas aos candidatos no pleito de 2010. Fonte: www.tse.jus.br

Empresas

Valor R$

CCBM

342.972.092,50

Mineradoras

92.143.427,00 Total

435.115.519,50

Continuemos nesta lógica de interesses financistas associados aos eleitoreiros. "Belo Monte" não pode ser pensada de forma isolada e única neste cenário. De igual modo, também é importante a percepção das políticas gestadas no Congresso e Governo que geram outros "projetos Belo Monte", ou seja, paralelo a este consórcio também se agrupam os financiamentos eleitorais dos bancos e empresas de agronegócio, o que geraria mais este demonstrativo abaixo.

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Tabela 27- Indicativo do repasse feito por alguns bancos e empresas nacionais e internacionais ligadas ao agronegócio, feito aos candidatos no pleito de 2010. Fonte: www.tse.jus.br

Bancos, agronegócio Banco Pottencial Banco do Brasil BMG SA Banco Bonsucesso SA

Doação 729.500,00 3.847,18 14.908.500,00 1.254.400,00

Branco Bradesco

14.003.000,00

Banco Alvorada

54.169.000,00

Itaú Unibanco

23.600.000,00

Itaú Unibanco / Elekeiroz S.A

45.000,00

Banco Rural

1.330.000,00

Banco Safra / Grupo Safra

4.684.500,00

Bracol Holding Ltda.

5.120.000,00

Carioca Christian Nielsen SA

3.660.000,00

Sucocítrico CUTRALE LTDA

1.960.000,00

JBS Friboi

30.105.900,00

BRF BRASIL FOODS SA

4.490.000,00

VOTORANTIM INDUSTRIAL S.A. PAPEL

3.209.446,94

CNPJ 03.407.049/0001-51 VOTORANTIM INDUSTRIAL S.A.

2.840.000,00

CNPJ 03.407.049/0001-51 Votorantim Metais SA FIBRIA Celulose SA Celulose Irani SA

920.000,00 4.765.242,43 182.000,00

SUZANO Papel e Celulose S/A

6.063.120,90

Suzano Papel e Celulose / PC do B - SP

2.809.819,37

HABITASUL FLORESTAL S.A. Suzano Holding SA KLABIM S/A

119.000,00 30.000,00 3.000.210,34

ULTRAFERTIL SA

210.000,00

Banco Santander

1.896.328,80

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Socominter Sociedade Comercial Internacional

200.000,00

BROOKLIN COMPANY SA

200.000,00

Bunge Alimentos

2.833.000,00

Celulose Nipo-Brasileira

597.166,48

CMPC - Celulose Rio Grandense

859.587,54

Golden Leaf Tobacco

30.000,00

GOLDEN LEAF TOBACCO

60.000,00

RECOFARMA INDÚSTRIA DO AMAZONAS

7.100.000,00

CIA Ítalo Brasileira de Pelotização ITABRASCO

997.806,52

CIA Coreano Brasileira de Pelotização -KOBRASCO

1.405.864,68

CIA Nipo Brasileira de Pelotização -NIBRASCO

1.896.328,80

HAZTEC Tecnologia e Planejamento Ambiental S/A

1.329.000,00

TRUE ACCES CONSULTING

650.000,00 Total

204.267.569,98

Antes de dar continuidade ao texto é importante a percepção de algo fundamental: Desde quando bancos dão dinheiro? Como acreditar que sistema bancário brasileiro, que cobra os juros mais altos do planeta, que lucra bilhões com taxas consideradas de agiotagem, irão presentear milhões só em nome da democracia? Perguntemo-nos: Os bancos dariam R$ 110.943.247,18 sem pedir nada em troca? E o agronegócio, abriria mão de R$ 89.539.822,80 só em nome de melhores safras? Retomando o raciocínio anterior, onde se coloca a lógica do somatório de todos estes interesses está demonstrado abaixo.

Tabela 28- Indicativo dos valores declarados doados pelas empresas construtoras de Belo Monte, por algumas companhias de energia e empresas mineradoras nacionais e internacionais e também por alguns bancos e empresas nacionais e internacionais ligadas ao agronegócio, durante a campanha eleitoral de 2006. Fonte: www.tse.jus.br

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Empresas

Valor R$

Empresas construtoras de Belo Monte

342.972.092,50

Algumas companhias de energia e empresas

92.143.427,00

mineradoras nacionais e internacionais Bancos e empresas nacionais e internacionais

204.267.569,98

ligadas ao agronegócio Total

639.383.089,48

Com base neste nexo exposto, teoriza-se sobre a existência de um chamado de "grupo de pressão", que atuaria sobre as decisões de governos, estes aqui chamados de "grupos políticos". Ou seja, muitas das obras federais, antes de serem assumidas pelos governos, seriam pensadas e programadas no âmbito de empresas particulares (grupos de pressão) para, então, serem apresentadas e propagandeadas como benéficas ao povo. Após isto seriam assumidas pelos "grupos políticos". Poder-se-ia, também, pensar em termos de "órbitas" de interesse. Uma primeira órbita e mais circunscrita seria aquela composta por "consórcios" e "conglomerados" (grupos de pressão) que desfrutariam diretamente dos valores advindos da construção de determinado projeto. Neste caso, faz-se referência à CBBM, que repassou R$ 342.972.092,50 aos congressistas e candidatos à presidência da República, mas que receberiam a construção numa obra calculada grosseiramente em R$ 30 bilhões (lembremo-nos que estes valores iniciais sempre se alteram para mais). Numa órbita seguinte e mais ampla se encontram empresas mineradoras e de energia, cujo repasse foi de R$ 92.143.427,00 e que irão desfrutar das incalculáveis riquezas minerais da região. Em outra órbita, com um "raio" mais abrangente de ingerência, organizar-se-iam os que têm interesse que as políticas públicas sejam encaminhadas de forma que lhes beneficiem, o que significa acesso às verbas. Os conchavos e acertos deste grupo, mesmo que locais, somam-se aos interesses gerais de norte a sul do Brasil. No caso de Belo Monte nesta "órbita" giram bancos e alguns setores do agronegócio predador, que doaram R$ 204.267.569,98. Com valores tão expressivos, a necessidade do apoio financeiro a políticos neste caso é imperiosa, tendo em vista as riquezas minerais da região, a qual pode ser aquilatada no site do Departamento Nacional de Produção Mineral (www.dnpm.gov.br).

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Se formos até as coordenadas de Belo Monte (latitude 3o5'0,00''; longitude 51o0',00'') e ao redor desta traçarmos um raio de aproximadamente 25 km, constataremos que neste centro (exatamente onde se localizará a barragem) existe uma área de 1865,02 hectares já em fase de lavra para a obtenção de gemas de diamante. A continuidade da pesquisa neste campo circunscrito indica que existem aproximadamente 48 mil hectares com interesse minerário em ouro, 22 mil hectares visam diamante, 59 mil hectares para fosfato e três mil hectares para manganês. Será que alguém, em sã consciência, imagina que os impactos destas minerações serão mínimos? O que poderá resultar da retirada de milhares de árvores não só para o microclima destas regiões, mas para o todo amazônico?

Como imaginar que os milhões de metros

cúbicos de terra que serão deslocados, não ocasionarão nenhum revés? E o revolver de tanta terra e a retirada de árvores não impactarão toda a população local? Será que todos lembramos que os processos minerários são feitos mediante o revolver da superfície terrestre, quebra de rochas, explosões ou por tunelamento? Será que poderão ser calculados os problemas sociais advindos desta atividade? E, depois destes cálculos, alguém irá se dar conta que tudo isto só serviu para enriquecer uns poucos às custas de muito prejuízo a outros? A notícia abaixo ajuda nos cálculos dos lucros e quem sai ganhando. TERRA MAGAZINE Belo Monte abre caminho para garimpo bilionário no Rio Xingu A hidrelétrica de Belo Monte vai abrir caminho para um grande projeto de exploração de ouro na Volta Grande do Rio Xingu, o trecho que será mais impactado pela obra, com a perda de até 80% de sua vazão. A companhia Belo Sun Mining Corporation, com sede no Canadá, apresenta o empreendimento como o “maior projeto de ouro em desenvolvimento no Brasil”. A previsão é de um investimento total de pouco mais de US$ 1 bilhão e de que, em 11 anos de operação, deverão ser produzidas 51,2 toneladas de ouro, uma média de 4,6 toneladas de ouro por ano. O MPF solicitou ao Departamento Nacional de Produção Mineral informações sobre as licenças de exploração que a empresa Belo Sun Mining Corporation tenha na região do Xingu. De acordo com o site da empresa, trata-se de um empreendimento com sede no Canadá e “portfolio” no Brasil. - Belo Sun Mining está pesquisando ouro ao longo dos cinturões mais ricos em minério no norte do Brasil, uma região com vasta riqueza mineral e uma indústria mineradora vibrante e moderna.

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O Brasil tem uma indústria de mineração de importância mundial com um potencial de exploração considerável. O Brasil também tem clima político favorável, com um código de mineração recentemente modernizado e, apesar destas condições geológicas, permanece largamente inexplorado – diz o site da empresa na internet. A companhia informa que detém os direitos de pesquisa e lavra em uma área de 1.305 quilômetros quadrados que é conhecida pela mineração artesanal. É uma das preocupações do MPF, já que, de acordo com os moradores das ilhas da Volta Grande do Xingu, eles ainda detém os direitos de lavra na região. http://terramagazine.terra.com.br/blogdaamazonia/blog/2012/09/18/belo-monte-abrecaminho-para-garimpo-bilionario-no-rio-xingu/

Após essa rapidíssima análise do projeto pode-se dizer que todos os benefícios monetários energizarão os grupos de pressão. Os R$ 30 bilhões inicialmente calculados para a construção serão rateados entre as empreiteiras, enquanto que as toneladas de ouro, gemas de diamantes e metais tão raros quanto caríssimos irão somar valores para mineradoras, bancos e empresários. A imprensa relata que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) foi apresentado sem todos os elementos exigidos e, mesmo assim, o IBAMA aceitou a tramoia e concedeu a licença prévia. Vários impactos não foram analisados ou ficaram sem a profundidade exigida para que se saiba os efeitos deste projeto. Por exemplo, os problemas que afetarão os povos da região não foram sequer considerados. A "lama" que envolve a "garimpagem política" deste processo alcança as mãos do Legislativo e do Executivo. Já, para o Judiciário, sobra o relato de mais uma notícia.

Conselho Indigenista Missionário (CIMI) 8/05/2013 08:55:27 Dois jornalistas são expulsos e um é multado por cobrirem ocupação de Belo Monte Ruy Sposati e Lunaé Parracho, do CIMI No dia internacional da liberdade de imprensa, três repórteres foram impedidos de realizar a cobertura jornalística da ocupação do canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte, nesta sexta-feira, 3, no Pará. Dois deles foram retirados por cerca de cem homens da Polícia Federal, Tropa de Choque, Rotam e Força Nacional, e um terceiro foi multado em mil reais. Um ativista também foi expulso do canteiro. Há quatro dias, cerca de 150 indígenas de oito povos atingidos pela construção de hidrelétricas nos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires ocupam o principal canteiro da barragem, o Sítio Belo Monte, exigindo que as obras sejam suspensas até que eles sejam ouvidos pelo governo federal.

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Na sexta, foi negado pela Justiça Federal o pedido de reintegração de posse da Norte Energia contra os indígenas. Contudo, o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) também pediu à Justiça Estadual que concedesse reintegração de posse contra não-indígenas que estivessem no canteiro. A juíza Cristina Sandoval Collier da 4a. Vara Cível de Altamira concedeu pedido, o que levou à expulsão de dois jornalistas e a aplicação de multa em um terceiro. Os três jornalistas – o fotógrafo da Reuters, Lunaé Parracho, o jornalista do Conselho Indigenista Missionário, Ruy Sposati e o correspondente da Radio France Internationale (RFI) no Brasil, François Cardona – tem realizado cobertura diária dos acontecimentos que envolvem a ação dos indígenas contra a construção de grandes barragens que afetam seus territórios. A RFI publicou neste sábado uma reportagem sobre a expulsão sofrida pelo correspondente. PERIGO Em nova carta lançada sábado, 4, os indígenas que ocupam o canteiro se mostraram preocupados com a proibição da imprensa no local. Segundo o documento, “a cobertura jornalística ajuda muito” a “transmitir nossa voz para o mundo”. “Nosso protesto é pacífico. Estamos pedindo para sermos ouvidos. Por que eles não querem os jornalistas aqui?”, questiona o guerreiro Valdenir Munduruku. “Se alguma coisa acontecer, a responsabilidade é do governo”. http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=6852&action=read

Muitos dos que hoje estão no poder criticaram, denunciaram e até lutaram, nas décadas de 60 a 80, contra o regime militar, mas hoje atuam com a mesma censura que condenaram. A democracia e transparência que diziam defender, hoje parece estar secundarizada por conta dos interesses que passaram a defender. O que estaria justificando esta mudança de atitude? Entre as várias suposições, como o ditado popular que "o poder corrompe" ou "transforma" as pessoas, pode-se afiançar que o financiamento particular de campanhas políticas faz com que os políticos tenham como meta atender os interesses de quem lhes garante a vitória no processo eleitoral. Ademais, devemos lembrar que as eleições são num sistema capitalista e seguem as regras do capital: são extremante caras! As chances de vitória estão intimamente relacionadas com o montante disponível. Voltando ao Belo Monte, é impossível termos claro quais são as "atividade de palco" e o projetos reais, faltando ainda vislumbrar mais artimanhas de bastidores: outras usinas serão construídas! Justamente no atual momento da história da humanidade, quando reina o capitalismo mais selvagem, que permite e lucra com a morte de milhares, tanto por guerras, quanto por fome, querem que a população acredite que bancos, empresas de energia, do agronegócio predador (com empresas que envenenam pessoas, solo, animais com o uso de agrotóxicos e transgênicos), mineradoras nacionais e internacionais, estão se apresentando como defensoras da democracia e interesse dos povos e dos fracos?

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Por que empresas internacionais, como as citadas acima, "ofertariam" R$ 66.853.776,55 num processo eleitoral que ocorre num outro país, senão para obter lucros e vantagens desmedidas? Ou também, a "doação" de R$ 639.383.089,48 só pode ser entendida sob a perspectiva de retorno financeiro que miram, já de início com R$ 30 bi para a construção da obra. Um projeto como Belo Monte só seria possível com o apoio financeiro a candidatos para que, uma vez eleitos, estejam "sensibilizados" para aprovarem temas de interesse dos financiadores. Ao fim e ao cabo, se entendermos que as alterações do CFB visaram "abrir as porteiras" da região amazônica às mineradoras, o projeto de Belo Monte é a consolidação desta implantação. É a destruição da Amazônia.

- As empresas

Como já citado, o processo eleitoral de 2010 recebeu de pessoas físicas e jurídicas um valor declarado próximo a quatro bilhões e setecentos milhões de Reais. Qual seria a verdadeira soma? 20, 30 ou 50 bilhões? Como saber, se os candidatos escondem algo em torno de 53% das verbas recebidas? Outros declaram só 10%! Quanto receberão nas próximas campanhas eleitorais? O que fazem com somas vultosas que eles mesmos decidem onde aplicar? É lógico imaginar que a busca por financiamento será maior, unindo cada vez mais e visceralmente o doador ao eleito. Novas tramoias, invencionices e "brechas na lei", como a relatada abaixo, estarão presentes.

Folha de S. Paulo – 26/03/2009 Folha de São Paulo Empresa doou R$ 30 mi a partidos desde 2002 Repasses foram feitos indiretamente a candidatos e comitês; PSDB, DEM e PT receberam mais verba DA REPORTAGEM LOCAL / DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A Camargo Corrêa é uma das grandes doadoras legais de partidos, políticos e comitês eleitorais, especialmente de PSDB, DEM e PT. Desde 2002, foram ao menos R$ 30 milhões. Nas eleições municipais de 2008, as empresas do grupo doaram R$ 5,96 milhões. 110


O campeão foi o comitê financeiro municipal único do DEM de São Paulo, que tinha o prefeito Gilberto Kassab concorrendo à reeleição. Foram R$ 3 milhões. No caso de doações diretas para os candidatos, os que mais receberam foram o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), com R$ 300 mil; sua adversária na campanha do ano passado, Gleisi Hoffmann (PT), mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, com R$ 500 mil; e o também petista João da Costa (PE), com R$ 200 mil. A Camargo Corrêa já havia sido a maior doadora individual da campanha à Prefeitura de São Paulo de José Serra (PSDB) em 2004, com R$ 1,016 milhão. Kassab era o vice de Serra. Levantamento do site Às Claras mostra que a Camargo Corrêa doou, ao todo, R$ 4,18 milhões em 2004. Dos 10 candidatos que mais receberam, 5 eram do PT, 3, do PSDB e 1, do então PFL (hoje DEM). Os dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que, na corrida presidencial de 2006, empresas do grupo doaram R$ 3,54 milhões para o comitê de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu R$ 400 mil. Em 2006, foram mais de R$ 13 milhões doados. O senador Garibaldi Alves (PMDB) recebeu R$ 400 mil, o governador Aécio Neves (PSDB-MG) e a senadora Roseana Sarney (PMDB), R$ 300 mil, cada um. O senador Aloizio Mercadante (PT), R$ 200 mil, assim como o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). Doações ocultas Além de doações eleitorais, a Camargo Corrêa utilizou o expediente da "contribuição oculta" no pleito de 2006. Foram R$ 6,35 milhões a PT, PSDB e DEM. Trata-se de um drible na lei eleitoral: a doação é feita aos partidos, que distribuem o recurso aos candidatos. Assim, perdese o vínculo direto entre doador e beneficiário. Além disso, as empresas podem doar quanto quiserem. Se doarem aos candidatos, o limite legal é de 2% do faturamento bruto no ano anterior à eleição. Em 2006, a empreiteira doou R$ 2,85 milhões ao Diretório Nacional do PSDB, o que fez dela a segunda maior contribuinte do partido no ano. O PT veio em segundo lugar, recebendo R$ 2 milhões, sua quarta maior empresa doadora. O DEM foi o destinatário de mais R$ 1,5 milhão. (FERNANDO BARROS DE MELLO E FABIO ZANINI) http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2603200911.htm

No escândalo que se seguiu à operação “Castelo de Areia” da PF, em março de 2009, surgiu o repasse de valores a políticos, que teria sido feito pelo próprio presidente da

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poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e empresário Paulo Skaf. A matéria jornalística conta que:

"Folha de São Paulo - 26 de março de 2009 Fiesp rebate PF e diz que é "entidade apolítica" A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), divulgou nota no início da noite de ontem e negou as acusações feitas pela PF na Operação Castelo de Areia. Segundo o texto, a entidade, a mais representativa do empresariado brasileiro, não se envolve com campanhas políticas. "A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo é uma entidade apolítica, independente, voltada aos interesses coletivos da indústria paulista e da sociedade brasileira. A Fiesp não se envolve, de maneira alguma, em eventuais relações entre empresas do setor que representa e partidos políticos ou os candidatos deles."A polícia possui gravação de conversa entre o vice-presidente da Camargo Corrêa, Fernando Botelho, com um dos diretores presos ontem na Castelo de Areia. Segundo a PF, Botelho diz ter sido procurado por Skaf (presidente da Fiesp). A nota da entidade nem sequer menciona a possibilidade de envolvimento do presidente no caso, apesar de ter sido informada pela Folha."

A FIESP, entretanto, que se apresentou como “apolítica”, quatro dias depois voltou atrás. "Folha Online – 30/03/2009 Fiesp admite relação com partidos mas nega distribuição de dinheiro A Fiesp divulgou nota nesta segunda-feira na qual admite a relação institucional de empresas com partidos, mas negou a suspeita de distribuição de recursos a políticos citada na Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal."

Na sequência de informações a mesmíssima Fiesp ainda lançou nota, reproduzida em parte;

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"4. Por fim, a Fiesp esclarece que não contribui com nenhum tipo de recurso, financeiro ou de qualquer outra espécie, para partidos políticos e/ou candidatos. São Paulo, 30 de março de 2009"

Declarações totalmente contraditórias! Primeiro “a Fiesp é apolítica”; depois admite “relação com os partidos, mas nega distribuição de dinheiro”; a posteriori afirma que “não contribui com nenhum tipo de recurso financeiro”. Será isto mesmo? Outra reportagem.

Folha de São Paulo, 05 de outubro de 2008 "Indústria do fumo ajudou a eleger 12 deputados e 1 senador em 2006 Nas últimas eleições, setor do tabaco aplicou R$ 1,7 milhão em campanhas MARIA CLARA CABRAL - DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Congressistas de sete partidos -tanto da base governista quanto da oposição- receberam, na última campanha, dinheiro da indústria do tabaco. Em 2006, o setor aplicou R$ 1,7 milhão em campanhas; destes, R$ 750 mil ajudaram a eleger 12 deputados e um senador. Demóstenes Torres (DEM-GO) foi o que mais recebeu - R$ 200 mil. Ele, que não fuma há mais de 20 anos, diz não ter ligação com empresas do ramo. Além do senador, os deputados Efraim Filho (PB), Jorge Tadeu No PSDB, o único a receber ajuda foi Arnaldo Madeira (SP) -R$ 25 mil. O tucano diz ser "o maior antitabagista" no Congresso. Segundo ele, a ajuda veio através da Fiesp. (grifo nosso)."

Assim, em 2009, a FIESP “não contribui com nenhum tipo de recurso financeiro”, mas Arnaldo Madeira afirma ter recebido R$ 25 mil desta entidade em 2008! Parece mesmo que os partidos buscam candidatos com recursos, não importando as ideologias. Assim é que Skaff concorreu pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) ao governo de São Paulo no pleito de 2010. Ou seja, um capitalista representar o socialismo, num ato cuja única "coerência" é que o candidato teria dinheiro para bancar a campanha. A bem da verdade as "compras" feitas no "mercadão político" são cada vez mais abertas e com propósitos claros e óbvios.

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Folha de São Paulo / Ciência / 23 de novembro de 2009 Indústria poluidora banca campanhas Empresas que produzem grande quantidade de gases-estufa doaram R$ 60,8 milhões para políticos na eleição de 2006 Principais contribuições são da área do aço e de fábricas de papel e celulose; lobby é discreto porque país já ajuda poluidores, diz especialista

FERNANDO RODRIGUES DA SUCURSAL DE BRASÍLIA MARCELO SOARES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Um grupo de 38 empresas, pertencentes a áreas da indústria que emitem grande quantidade de gases-estufa, contribuíram R$ 60,8 milhões para campanhas políticas nas eleições de 2006 no Brasil. Os doadores pertencem a 12 associações nacionais representando indústrias de grande intensidade de carbono (ou seja, que produzem grande quantidade de gases do aquecimento global), como agronegócio, energia, carne, papel e celulose, cimento, mineração, óleos vegetais e siderurgia. O financiamento vindo das indústrias intensivas em carbono ajudou a eleger metade da comissão da Câmara dos Deputados que está considerando mudanças no Código Florestal (grifo nosso). Nesse caso, após intensa disputa, os deputados ruralistas conseguiram eleger Moacir Micheletto (PMDB-PR) como presidente da comissão. Sua proposta é deixar a legislação ambiental a cargo de cada Estado. Entre os financiadores de Micheletto estão a Bunge Alimentos (com contribuição de R$ 70 mil) e a produtora de carne Marfrig (R$ 30 mil).

"Não houve discussão, principalmente com o setor privado, para o Brasil se envolver com uma meta mais geral", diz o diretor executivo da CNI, José Augusto Fernandes. A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) diz temer que a adoção de metas sem contrapartida dos países ricos trave a competitividade do Brasil. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2311200901.htm

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Embora a matéria seja óbvia, deve ser salientado que "competitividade" significa "ganhar dinheiro de qualquer jeito e maneira".

- Exemplos que "vêm de cima" A ânsia de vitória num processo eleitoral deve ser imensa, ainda mais para políticos profissionais, os que têm várias reeleições. Uma legislatura só já não basta, ainda mais com tantas mordomias, tantos salários ao ano, tantas diárias e viagens, tantos secretários, adulações e puxa-saquismos. Os congressistas não vivem para a nação, mas esta para eles Infelizmente esta pesquisa não poderá alcançará o governo de FHC, já que, nesta época, não havia prestação de contas eleitorais ao TSE que possam ser acessadas. Se tivéssemos, certamente seria mais fácil entender como o Estado brasileiro foi presenteado para empresas nacionais e internacionais. Nesta altura já não se trata mais de imaginar se o financiamento eleitoral particular influencia a ponto de alterar o comportamento de políticos ou não, mas desenvolver outras breves reflexões e análises para perceber a amplitude do problema que o país enfrenta. Este tipo de apoio para um candidato é imprescindível e, para tal, os limites comportamentais (éticos e morais) progressivamente vão se esmorecendo, já que ele precisa de valores cada vez maiores para suplantar seus adversários. Alguns, inclusive, do próprio partido. Alguns exemplos.

- Fernando Collor de Melo O motivo do "impedimento" de Collor foi a indecorosa relação com o setor privado, que o financiou em valores que, certamente, jamais serão corretamente avaliados. Seu coordenador de campanha, PC Farias, surgiu misteriosamente morto, o que permitiu "viver" o sistema e princípio que corrompeu e levou o governo e políticos para páginas policiais. De lá para cá o sistema "aprimorou-se", compondo o que se poderia nominar de uma "corrupção branca", ou seja, tornou-se aceitável e compreensível aos olhos do público. Algo do tipo "é assim mesmo", tanto é que figuras politicamente comprometidas, como é o caso específico deste ex-presidente, têm sido reeleitas. Um fato interessante é que Collor foi eleito para acabar com a inflação (mais uma manifestação do brasileiro que vive de esperança e se deixa levar pelo midiático) e atacar os "marajás", estes representados pelos servidores públicos que recebiam salário vultosos. É claro que piorou um e outro, mas chama a atenção uma campanha presidencial, que teve apoio inequívoco e expressivo da mídia e que atacava exatamente o serviço público.

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Não se pode deixar de pensar que os apoiadores de Collor programavam, já no seu governo, lançar as bases do "Estado mínimo". Entretanto, com a corrupção desenfreada, esta ação mundial vai ocorrer tardiamente no Brasil no próximo presidente eleito e FHC iria "modernizar o Brasil".

- Fernando Henrique Cardoso - FHC A possibilidade de desenvolver este trabalho só se faz possível a partir da obrigatoriedade de publicização de dados referentes ao financiamento de campanhas. Isso exclui, lamentavelmente, o período de FHC. Não obstante, assim como Collor, seu período foi marcadamente midiático e, se não sofreu também "impedimento" (impeachment), não faltaram razões para tal, às pencas, desde as privatizações, algumas fraudulentas, como a mesma compra de voto do nominado "mensalão". A notícia abaixo corrobora.

Deputado diz que vendeu seu voto a favor da reeleição por R$ 200 mil [Reportagem publicada em 13 de maio de 1997] FERNANDO RODRIGUES da Sucursal de Brasília

O deputado Ronivon Santiago (PFL-AC) vendeu o seu voto a favor da emenda da reeleição por R$ 200 mil, segundo relatou a um amigo. A conversa foi gravada e a Folha teve acesso à fita. Ronivon afirma que recebeu R$ 100 mil em dinheiro. O restante, outros R$ 100 mil, seriam pagos por uma empreiteira _a CM, que tinha pagamentos para receber do governo do Acre. Os compradores do voto de Ronivon, segundo ele próprio, foram dois governadores: Orleir Cameli (sem partido), do Acre, e Amazonino Mendes (PFL), do Amazonas. Todas essas informações constam de gravações de conversas entre o deputado Ronivon Santiago e uma pessoa que mantém contatos regulares com ele. As fitas originais estão em poder da Folha. O interlocutor do deputado não quer que o seu nome seja revelado.

Mas não só ele teria vendido. Outros venderam Nas gravações a que a Folha teve acesso, o deputado acreano diz não ser o único parlamentar que se vendeu na votação da reeleição, no último dia 28 de janeiro, quando a emenda foi aprovada, em primeiro turno, com 336 votos favoráveis na Câmara. 116


"O Amazonino marcou dinheiro para dar (R$) 200 (mil) para mim, 200 pro João Maia, 200 pra Zila e 200 pro Osmir", diz Ronivon na gravação. Os personagens citados são os deputados federais João Maia, Zila Bezerra e Osmir Lima, todos do Acre e filiados ao PFL. Outro parlamentar também recebeu dinheiro para votar a favor da reeleição, conforme explicação de Ronivon. Eis como Ronivon menciona esse fato em suas conversas: "Ele (Amazonino) foi e passou (o dinheiro) pro Orleir (...) Mas no dia anterior ele (Orleir) parece que precisou dar 100, parece que foi pro Chicão, e só deu 100 pra mim." Na gravação, Ronivon fazia referência a deputados do Acre. O único deputado do Acre conhecido como Chicão é Chicão Brígido (PMDB), que, sempre segundo as conversas de Ronivon, entrou no negócio na última hora. Por isso, Orleir Cameli precisou de mais dinheiro e teve de dividir uma das cotas de R$ 200 mil. Há mais de uma versão sobre quanto cada deputado recebeu de fato para votar a favor da reeleição. Ronivon diz ser o único a ter embolsado R$ 100 mil. Todos os outros, diz ele, levaram R$ 200 mil à vista, em dinheiro. Em alguns momentos, entretanto, o deputado sugere que Chicão Brígido e João Maia também receberam apenas R$ 100 mil. Dos 8 parlamentares acreanos na Câmara, 6 votaram a favor da emenda da reeleição e 2 contra.

Já naquela época os deputados apresentavam atitudes condenáveis.

Venda corriqueira Ronivon tem comentado a sua venda de voto a favor da reeleição como se fosse algo corriqueiro. Fala com vários colegas deputados. Algumas dessas conversas casuais é que foram gravadas. As fitas apontam que, nos dias que antecederam a votação, cheques nesse valor foram entregues para, pelo menos, quatro deputados acreanos: Ronivon Santiago, João Maia, Osmir Lima e Zila Bezerra. Na gravação, Ronivon afirma que os cheques eram do Banco do Amazonas, em nome de uma empresa de Eládio Cameli, irmão de Orleir Cameli. Apesar de tudo acertado, a operação acabou não agradando aos deputados nem ao governador acreano. O arrependimento se deu na véspera da votação da reeleição. Era uma segunda-feira, dia 27 de janeiro passado. "Você é infantil" 117


De acordo com Ronivon, em conversas posteriores à venda de seus votos, os parlamentares começaram a avaliar que poderiam ser logrados depois da votação. Nada impediria, pensaram, que os cheques fossem sustados. Já aos ouvidos de Orleir Cameli chegou um alerta importante do seu colega do Amazonas, o governador Amazonino Mendes. Segundo Ronivon relata a seu amigo, Amazonino foi precavido e disse o seguinte a Cameli: "Você é tão infantil, rapaz. Vai dar esse cheque para esse pessoal? Pega um dinheiro e leva". Depois dessa sugestão de Amazonino Mendes, conta Ronivon Santiago, o governador do Acre "pegou todo mundo e deu a todo mundo em dinheiro". O dinheiro, emprestado a Orleir por Amazonino Mendes, só foi entregue aos parlamentares na manhã do dia da votação do primeiro turno da emenda da reeleição, 28 de janeiro, uma terçafeira, conforme a gravação. A entrega dos R$ 200 mil, em dinheiro, para cada deputado, foi feita mediante a devolução dos cheques pré-datados _que foram rasgados na frente de Orleir, segundo relato de Ronivon. A troca dos cheques por dinheiro ocorreu em um local combinado em Brasília. Cada deputado se apresentou, rasgou seu cheque na hora e recebeu o pagamento em dinheiro dentro de uma sacola. "Aí chegou o Osmir, estava lá com a sacola assim... (risos). João Maia com a outra", relata Ronivon, de bom humor, a cena da manhã que antecedeu a votação. "Sou leso?" Endividado, Ronivon diz que usou o produto da venda de seu voto para diminuir débitos bancários. O deputado disse que saldou uma dívida de "196 pau" (R$ 196 mil) que tinha contraído em bancos. Nas suas conversas, o deputado cita quatro bancos onde contraiu dívidas: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco de Brasília e Banacre (do governo do Acre). Cauteloso, não quis fazer os pagamentos logo depois da votação da reeleição. "Sou leso?", pergunta aos risos para seu interlocutor em uma das gravações. "Leso", segundo o "Novo Dicionário Aurélio", significa "idiota" e "amalucado". A pronúncia correta pede que a primeira sílaba seja tônica: "lé-so". Para evitar que fosse rastreado o dinheiro, Ronivon explica que saldou totalmente suas dívidas apenas no início de março _quando dá a entender que já teria recebido todo o pagamento pelo seu voto. http://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/marcos_do_jornalismo-01a.shtml

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Se FHC não cunhou o termo "mensalão", pelo menos ficou com "mesada", exatamente pelo fato descrito acima. É de se perguntar; será que nenhum outro deputado recebeu qualquer valor para votar pela reeleição?

- Lula - o filhote da demagogia As eleições, principalmente majoritárias, exigem muito dinheiro, grande teatralidade e, importante, um marqueteiro, uma espécie de diretor "hollywoodiano" de um filme chamado "Guerra das Eleições". Um dos mais famosos nesta arte foi Duda Mendonça, que iniciou elegendo em São Paulo o político Paulo Salim Maluf, mesmo com todos os escândalos que o envolviam. A esquerda de então (diga-se o PT) perguntava-se enciumada; como a população pôde votar no Maluf? Entretanto, logo na primeira oportunidade Duda foi contratado e seus roteiros fantasiaram Lula, que encenou momentos eleitorais de ternura e confissões pessoais, sendo finalmente alçado, em 2002, ao prêmio "Oscar presidencial" interpretando o romance político "Lulinha paz e amor". Teve reprise com recordes de bilheteria e o presidente-ator ficou mais quatro anos em cartaz com aprovações também recordes, deliciando multidões de sonhadores, sindicalistas pelegos, bancos, multinacionais, corruptos e outros. Logo após a eleição de 2002 os petistas bradaram que "não existe mais direita e esquerda" e foi inventado um tal "governo em disputa", tentando justificar o estelionato eleitoral em curso. O lullismo-petismo precisava cumprir os compromissos assumidos com agentes financiadores (e sabe-se mais lá com quem) de continuar o mesmíssimo e tão criticado programa neoliberal do seu tão criticado antecessor, FHC. O pacto não declarado, mas entendido, incluía, entre outros, os juros mais altos do planeta - o que aconteceu desde o primeiro ao último dia de governo de Lula, e continuou no governo Dilma. No petismo-lullismo têm-se o exemplo clássico de avanços sociais como reles concessões outorgadas à população, necessárias à manutenção de currais eleitorais. Embora o tema seja extremamente controverso, apesar das opiniões tão apaixonadas quanto contraditórias, as "discriminações positivas" não mudaram em nada a situação de quem juravam privilegiar. Exemplificar-se-ia citando a questão das cotas para ingresso na universidade. Para que não gerasse tanta discórdia, bastaria o governo calcular qual o valor total que este número de ingressantes exigiria, e o acrescesse ao orçamento do MEC. Mas, pelo contrário, o que fez? Encaminhou uma disputa desnecessária e, pessoas que de fato têm direito ao ensino público, concorreram com outras que também têm o mesmo direito. Constitucionalmente, todo e qualquer cidadão têm direito ao ensino público! 119


Analise-se o Orçamento Geral da União (OGU) de 2011, calculado em R$ 1.571 trilhão. Deste total, aproximadamente 45% (R$ 708 bilhões) foram destinados para o pagamento de juros e amortização da dívida pública, ou seja, quase R$ 2 bilhões diários que beneficiaram bancos e instituições do sistema financeiro. Do mesmo local e no mesmo período, a educação recebeu reles 2,99%, saúde 4,07%, segurança pública 0,41%, assistência social 2,85%, saneamento 0,02%, previdência social 22,01%. Para o ano de 2013, este calculado já no governo Dilma, já está projetado um aumento de 2% para o pagamento da dívida pública, incremento que corresponde a 2/3 do que vai para a educação. É o governo pagando seus compromissos com o sistema financeiro que o financiou. No superávit primário, execrado na época de FHC, superacumulou valores para garantir o saque dos investidores internacionais. Compõem o superávit verbas oriundas da saúde, creches, saneamento, segurança, educação, investimentos públicos e, quanto maior o "superavit", pior para o país. Mas Lula cumpriu o acerto pré-eleitoral com o sistema financeiro. Este foi somente um de tantos compromissos com os que precisavam recuperar os "investimentos" feitos no processo eleitoral. O Estado foi a grande vítima, conforme notícia abaixo. "BRASIL 01/07/2005 - 20:40 | EDIÇÃO Nº 372 REPORTAGEM DE CAPA Conexão perigosa Empresário envolvido no esquema de fraudes nos Correios foi um dos maiores doadores de dinheiro para a campanha de Lula em 2002 ANDREI MEIRELES COM RICARDO MENDONÇA E MATHEUS MACHADO

No dia 24 de outubro de 2002 já não havia muito mais a fazer na campanha eleitoral. Era o último dia para comícios e só restava mais uma edição dos programas de rádio e televisão. As pesquisas mostravam a vitória certa do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Foi nesse ambiente confortável que apareceu um dos maiores doadores de dinheiro para a campanha do PT. A companhia Promodal Logística e Transportes, do empresário Antonio Augusto Morato Leite Filho, entregou R$ 500 mil ao caixa de campanha de Lula, comandado pelo tesoureiro Delúbio Soares. No dia seguinte, 25 de outubro, 48 horas antes da eleição, outra empresa do grupo, a Tecnocargo, doou mais R$ 300 mil.

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As contribuições de última hora transformaram as empresas de Antonio Augusto no terceiro maior doador de campanha de Lula, superando grandes bancos, empreiteiras e outras empresas de porte. Se foi por interesse, valeu a pena: o empresário Antonio Augusto, hoje investigado por fraudes nos Correios, fez uma doação de R$ 800 mil e garantiu, até o fim de 2003, contratos com a estatal que renderam R$ 104 milhões". Segue a notícia http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EDG70951-6009,00.html

Poder-se-ia imaginar que o ocorrido não passou de mera coincidência, contudo, mais adiante a mesma notícia relata que;

"Em junho de 2003, dois dias depois de renovar com a Skymaster por R$ 56 milhões para seis meses de serviço, a direção dos Correios decidiu rever os contratos de todas as linhas aéreas, alegando que havia superfaturamento. Convocou como consultor para determinar os custos reais o brigadeiro Venâncio Grossi. A Skymaster declarou que as despesas do brigadeiro em Brasília com hotel, restaurantes e até de lavanderia foram pagas pelas empresas de Antonio Augusto. Acusou a direção dos Correios de pressioná-la demais para reduzir seus preços como uma estratégia para retirá-la do negócio e abrir as linhas para Antonio Augusto. Em dezembro de 2003, as linhas foram oferecidas em pregão público. Para manter o contrato, a Skymaster reduziu os valores pela metade. Depois, já em 2004, negociou a recomposição de custos com o governo. Milagre: passou a ganhar mais do que antes de ser obrigada a dar desconto aos Correios. O contrato segue em vigor". (segue a notícia)

A verdade é que o custo desta e de outras campanhas jamais serão sabidos, não só porque os financiamentos não são declarados, como também estas verbas recebidas têm destinações variadas que, segundo as investigações indicam, vão desde a compra de votos até a compra de mansões, desde a aplicação nas ditas "alegorias eleitorais" até a aplicação em paraísos fiscais. No livro "O Chefe" (Ivo Patarra - www.escandalodomensalao.com.br) encontram-se descritas várias outras situações com detalhes sobre o governo Lula, tratando do escândalo do Mensalão, ocorrido logo após a CPI dos Correios. Conta ele num trecho: "Ex-diretores do Banco Central são entrevistados pelos repórteres Fernando Dantas e Suely Caldas, de O Estado de S. Paulo. 121


Os pagamentos a Duda Mendonça no exterior reforçam os indícios de que os empréstimos dos bancos Rural e BMG ao PT e ao empresário Marcos Valério foram obras de ficção. As operações de crédito, uma estratégia para camuflar doações prévias, depositadas por empresas em contas bancárias no exterior, cujos titulares seriam os próprios bancos envolvidos no esquema. Os empréstimos serviriam para cobrir as doações, e não eram mesmo para ser pagos. Segundo a análise, não faz sentido a aprovação de empréstimos da ordem de milhões de reais, em operações com aval de dirigentes do PT, políticos com baixo patrimônio. A suspeita, portanto, é de que os empréstimos não deveriam ser quitados e nem cobrados, pois já haviam sido pré-pagos com depósitos no exterior. O repórter Lourival Sant’Anna, de O Estado de S. Paulo, obtém informações de bastidores, de fonte muito próxima a Delúbio Soares. Os gastos com a campanha de Lula, em 2002, alcançaram os R$ 200 milhões. O PT admitiu despesas de R$ 21 milhões, quase dez vezes menos. Os tais R$ 21 milhões teriam sido suficientes para todas as despesas, e teria havido uma sobra, de R$ 11 mil. Nos números de verdade, há uma dívida de caixa 2, de R$ 21 milhões. E a arrecadação não contabilizada teria sido de quase R$ 160 milhões (grifo nosso).

Na eleição de 2008, em São Paulo, foi calculado que os políticos declaravam algo em torno de 30 a 40% dos valores arrecadados. No caso acima há indícios de que só 10% tenha vindo a público. Onde foram parar os outros 90%? Em outro trecho do livro, quando o Sr. Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, presta depoimento à CPI do Mensalão, sabe-se a resposta.

"Dos repasses de dinheiro do PT a partidos aliados: – Parte do dinheiro era para resolver débitos de 2002. Uma parte para planejar, em 2003, as campanhas eleitorais de 2004. E uma parte para a eleição de 2004. Sei que foi uma ilegalidade. Pagar dívida de outro partido com dinheiro não contabilizado é proibido pela lei eleitoral. Apesar de se definir como “pessoa fiel”, incapaz de delatar as pessoas, enumera os parceiros com quem manteve negociações: – No PMDB, rachado em relação ao apoio ao governo, o contato era feito com o deputado José Borba. No PTB, o contato inicial foi com o ex-presidente José Carlos Martinez e, depois da sua morte, com o deputado Roberto Jefferson. No PL, as conversas eram com o presidente, Valdemar Costa Neto. 122


No PP, com o deputado José Janene. Intervenção da deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP): – Isso é ilegal. Um partido não pode assumir a dívida de outro. Delúbio aceita: – Como é dinheiro não contabilizado, sei que é ilegal. Por isso estou tendo tantas dificuldades. O tesoureiro lista os diretórios do PT que receberam recursos de caixa 2. Cita São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. – Pedi para o Marcos Valério resolver com esses Estados. Delúbio se atrapalha ao ser inquirido pelo deputado Júlio Redecker (PSDB-RS). O deputado procura esclarecer a transferência de R$ 457 mil do valerioduto para Márcio Lacerda, o ex-secretário executivo do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB-CE). O dinheiro teria sido usado para quitar dívida com a agência New Trade, do publicitário Einhart Jacome Paz. Depois de trabalhar para Ciro no primeiro turno, em 2002, ele foi prestar serviços à campanha de Lula, no segundo turno. O diálogo é tenso: – O dinheiro foi enviado para Ciro Gomes? – Sim. – Pagou despesas de campanha de Ciro ou de Lula? – De Ciro. – Mas Ciro disse que foi serviço prestado pelo marqueteiro dele no segundo turno à campanha de Lula. – Não foi. O dinheiro pagou serviços prestados pelo Einhart à campanha de Ciro no segundo turno. – Mas Ciro não foi candidato no segundo turno. Ele apoiou a candidatura de Lula. – O Einhart trabalhou com o Duda Mendonça. Eles filmaram o Ciro para o programa de Lula no segundo turno, o dinheiro pagou despesas que o Ciro teve no segundo turno. – Então o dinheiro de Valério, de caixa 2, pagou despesas de campanha de Lula no segundo turno. Delúbio silenciou".

Entretanto, os conchavos foram para além do sistema financeiro e o próprio governo foi às compras no mercadão político. Lula sabia com quem lidava.

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O discurso do presidente Lula em relação ao Congresso mudou à medida que o petista trocou a oposição pelo governo. Em 1993 ele declarou que, “de todos os deputados no Congresso, pelo menos 300 são picaretas”. Repetiu a crítica em 1994 (“Aquilo que eu falei de 300 é um pouco mais”) e 1998 (“Uma vez falei que havia uns 300 picaretas no Congresso, mas a coisa só piorou”). Em 2002, com a vitória à vista, a retórica mudou. Aceitou o apoio do senador José Sarney, a quem havia chamado de “grileiro”, em 1986 (“Sarney não vai fazer reforma agrária coisa nenhuma, porque ele é grileiro no Estado do Maranhão”), de “ladrão”, em 1987 (“Adhemar de Barros e Maluf poderiam ser ladrões, mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o governante da Nova República”) e de “impostor”, também no mesmo ano (“Sarney é um impostor que chegou à Presidência assaltando o poder”). Na sua campanha à reeleição, Lula fez uma autocrítica: “Eu me dei conta de quantas vezes nós cometemos injustiças contra pessoas… Uma coisa eu tenho tranquilidade, Sarney: nunca lhe ofendi”. http://blog.jornalpequeno.com.br/johncutrim/2009/06/17/discurso-vazio-de-sarney-naoconvenceu/

Um pequeno e fundamental parêntesis nesta narrativa, para abordar a grande capacidade de troca de opiniões de Lula. Mesmo tendo comparado Maluf a um trombadina, marcou a história política brasileira o "acordo" político feito pelo próprio Lula com Maluf para a disputada eleição de prefeito de São Paulo. Esta aliança mostrou que todo e qualquer conchavo é possível visando propósitos eleitorais, eleitoreiros ou particulares.

Folha de São Paulo / Poder Verba para partido de Maluf cresceu após aliança com PT Recursos do governo federal destinados ao PP quintuplicaram em junho Mês marcou a adesão de Maluf à candidatura de Haddad (PT) em São Paulo, após negociação avalizada pelo Planalto BRENO COSTA DE BRASÍLIA

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O apoio do PP à candidatura de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo coincidiu com uma disparada na destinação de verbas federais para obras e projetos apadrinhados por parlamentares do partido. Em um quadro atípico, o PP do ex-prefeito Paulo Maluf foi, desde o dia 1º de junho, o segundo partido mais beneficiado pelo governo no atendimento das emendas parlamentares, mostra levantamento da Folha. As emendas são o mecanismo pelo qual os congressistas inserem obras e projetos no Orçamento. O mês de junho marcou a reta final da definição das alianças para as eleições municipais de outubro. Quinta maior bancada no Congresso, o PP ficou à frente do PT e só atrás do PMDB -donos das maiores bancadas no Congresso. A eleição de Haddad em São Paulo é vista como principal objetivo eleitoral do PT, maior partido de sustentação do governo federal. Polêmica, a aliança com Maluf garantiu ao petista, neófito em eleições e em desvantagem nas pesquisas de intenção de voto, equilíbrio em relação a seu principal adversário, José Serra (PSDB), no tempo da propaganda de rádio e TV. A partir de 14 de junho, data em que Paulo Maluf passou a considerar publicamente a possibilidade de apoiar Haddad em vez de Serra, a liberação de emendas para o PP quintuplicou. Até aquela data, a liberação acumulada desde janeiro era de R$ 7,2 milhões. De um mês para cá, foram mais R$ 36,6 milhões para emendas do partido. A aliança do PT com o PP em São Paulo foi celebrada na casa de Maluf no dia 18 de junho, com a presença de Haddad e do ex-presidente Lula, que posaram para fotos. OUTRO LADO Em nota, a assessoria da ministra Ideli Salvatti afirma apenas que o governo "atendeu solicitações de parlamentares de todas as bancadas" e que se esforçou para realizar os empenhos até a data permitida pela Lei Eleitoral. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/55133-verba-para-partido-de-maluf-cresceu-aposalianca-com-pt.shtml

Não só esta, mas várias outras notícias mostram que as verbas destinadas para o partido de Maluf quintuplicaram. Fica evidente que no "acordo" entre os partidos, constava que o PP de Paulo Salim Maluf receberia um incremento de verbas federais, ou seja, a "aliança" ocorrida foi uma 125


"transação" subvencionada com verbas públicas, à luz do dia e com intensa cobertura jornalística. Trambique foi aceito e referendado pela população que elegeu o candidato petista! Mas voltemos ao tema anteriormente tratado. As ligações com o "grande ladrão" só se aprofundaram ao nomear Edson Lobão seu Ministro de Minas e Energia, fazendo com que a pasta que era de Dilma fosse para o grupo de Sarney. E mais! Dilma, enquanto ministra de Lula, ainda teria pressionado a secretária da Receita Federal, Lina Vieira, recomendando que fosse interrompida uma investigação sobre a família Sarney. Ainda no livro "O Chefe". "248 – 16/1/2005 Técnicos da CPI dos Correios concluem serem R$ 23,9 bilhões os recursos suspeitos não identificados. A soma é o total da movimentação bancária atribuída a pessoas e empresas com suposto envolvimento no escândalo do mensalão. Integram o número bilionário os valores eventualmente desviados em irregularidades ocorridas em órgãos públicos da administração federal. Todos os R$ 23,9 bilhões dizem respeito a operações em bancos, das quais não constam as identificações dos nomes dos favorecidos nem tampouco dos responsáveis pelos depósitos. Do que foi apurado, as seguintes instituições financeiras não prestaram as informações solicitadas pela CPI: Safra (operações referentes a R$ 10,7 bilhões), Real – ABN Amro (R$ 5,9 bilhões), Bradesco (R$ 3,7 bilhões), BankBoston (R$ 2,9 bilhões) e Citibank (R$ 516 milhões).

Do grupo acima que desconsiderou os pedidos da CPI, no pleito de 2010, o Bradesco "contribuiu com a democracia" doando mais R$ 14.103.000,00 para candidatos, o Banco Safra (Leasing, Arrendamento, Vida e Previdência, outros) distribuiu mais R$ 4.734.500,00 e o Banco ABN AMRO foi o mais contido ao presentear só R$ 380.0000,00. Será que uma empresa que financia um candidato não espera receber nada em troca? A empresa GDK-SA financiou campanha de Lula em 2002 e foi incluída no Escândalo do Mensalão, onde surge no Relatório Final da CPI dos Correios desta forma.

"Conforme se depreende da análise realizada pela equipe de auditoria do Tribunal de Contas da União nos autos do TC no 017.026/2005-3, a empresa GDK S/A dispunha de benefícios atípicos em contratos celebrados com o Estado, em sua relação com a Petrobras S/A. Considerando esse fato, agregado às denúncias de que o Sr. Silvio Pereira teria indicado dirigentes dessa Estatal e recebido um “presente” (um veículo marca Land Rover, modelo 126


Defender, ano 2003, cor verde, placa DKB 8091 - SP), oferecido pelo presidente da GDK S/A, Sr. César Roberto Santos Oliveira. Considerando, ainda, denúncias veiculadas na imprensa de que a GDK, que começou a prestar serviços à Petrobras em 1994, tenha tido um grande crescimento em 2002, no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso (naquele ano, seus contratos com a estatal passaram de R$ 126 milhões para R$ 430 milhões) e, com a mudança de governo, os contratos reduziram-se em 34% (Anexo 4). Considerando, também, a afirmação nessa denúncia de que a GDK teria contado, ainda, com a ajuda do atual Ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner, cuja campanha para o Governo do Estado da Bahia foi, em sua boa parte, financiada pelo dono da GDK, o Sr. César Oliveira (informação confirmada, de acordo com consulta realizada no sítio eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral - Anexo 5), que, por sua vez, empregou uma filha daquele Ministro na GDK (informação confirmada, de acordo com consulta realizada no Sistema CPF/CNPJ - Anexo 6), e que mais ajuda teria vindo do Sr. Silvio Pereira, ex-Secretário do PT, que teria indicado o diretor de serviços da Petrobras, Renato Duque, e que, dessa..." (segue o relatório)

A GDK já era parceira de governo desde o tempo de FHC. Os emaranhados surgidos já no financiamento eleitoral vão além de "ganhar dinheiro", gera o empreguismo e corrompe os próprios partidos. O Land Rover de Silvinho, dirigente petista, custou à época R$ 73.500.00 à GDK. Quem dá um presente destes sem esperar nada em troca, ou, então, que já tenha recebido algo? Segundo o livro "O Chefe" (Ivo Patarra - www.escandalodomensalao.com.br) temos:

"A GDK doou R$100 mil para a campanha de Lula. Em 2003, primeiro ano de governo, faturou R$ 145 milhões em contratos com a Petrobrás. Em 2004, venceu dez licitações promovidas pela estatal. Total em jogo: R$ 512 milhões. O maior contrato foi para reformar a plataforma de extração de petróleo P-34, no valor de US$ 88 milhões. Em 2005, mais cinco contratos celebrados com a Petrobrás, no valor de R$ 272 milhões. Na campanha eleitoral de 2004, a GDK só deu dinheiro para uma campanha política. Foi a de Osasco (SP), justamente o berço político de Silvinho. Doou R$ 400 mil para o candidato Emídio de Souza (PT), e com isso foi a maior doadora daquela campanha."

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A abrangência dos lucros do financiamento é bastante ampla. São muitas bocas para alimentar. No depoimento de Duda Mendonça, o grande marqueteiro lullo-petista-ilusionista, à CPI do Mensalão, ele afirma aos presentes;

"O jogo estava na mão deles. A minha parte eu já fiz. Agora ou eu recebo assim (caixa 2) ou simplesmente tomo um cano."

Adiante;

"Ele (Marcos Valério) chamou a Zilmar (Zilmar Fernandes da Silveira, sócia de Duda) e disse assim; traz uma conta lá fora, que fica mais fácil de pagar vocês. Para nós era uma coisa esquisita, mas era assim; ou traz a conta lá fora, ou não vai receber a grana."

Também;

"Esse dinheiro era claramente de caixa 2, a gente não é bobo. Nós sabíamos, mas não tínhamos outra opção, queríamos receber. Não vou dar uma de santinho". http://mail.google.com/mail/#sent/135b69de47385cfa

Contrariado, Marcos Valério também vai até a CPI e dispara que foi Duda que pediu para receber o dinheiro no exterior. Em entrevista transmitida diretamente da França para a rede Globo, Lula declara sobre o "caixa 2", distraído e arrogante, que "o PT fez do ponto de vista eleitoral é o que é feito no Brasil sistematicamente. Eu acho que as pessoas não pensaram direito no que estavam fazendo, porque o PT tem na ética uma das suas marcas mais extraordinárias. E não é por causa do erro de um dirigente ou de outro que você pode dizer que o PT está envolvido em corrupção". É incrível como um "erro" pode ocasionar, conforme técnicos da CPI dos Correios, a não identificação da origem de R$ 23,9 bilhões. Um último detalhe e dois comentários. Em maio de 2005 a Folha de São Paulo publicou a matéria abaixo, reproduzida parcialmente.

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Folha de São Paulo São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2005 Novadata faturou R$ 273 mi desde início do mandato do presidente MARTA SALOMON DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Pelas vendas de computadores feitas para empresas estatais e órgãos da administração direta, a Novadata faturou, do início do governo Lula até ontem, pelo menos R$ 273,5 milhões. Em três pregões, a Novadata conquistou contratos para a venda de R$ 95,1 milhões à Caixa Econômica Federal. Até pouco antes das 17h de ontem, o Siafi (sistema de acompanhamento de gastos da União) contabilizava o pagamento de R$ 82,3 milhões à empresa. Os negócios com a administração direta registraram um aumento no segundo ano de mandato de Lula, mas ainda assim ficaram aquém do volume de negócios fechados pela Novadata no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1805200512.htm

Primeiro comentário. A notícia toma contorno de escândalo (mais um) quando se soube que Lula, graciosamente, participou das festas de finais de ano em Búzios na mansão do empresário dono da Novada, o Sr. Mauro Dutra. Segundo comentário. A Novadata Sistemas não informou qualquer contribuição à campanha do candidato Lula no pleito de 2002, mas declarou os seguintes repasses abaixo.

Tabela 29- Repasses feitos a candidatos no pleito de 2002 pela empresa Novada Sistemas e Computadores SA. Fonte www.tse.jus.br

UF

Partido Nome

DF

PSB

Comitê Financeiro Único

DF

PT

LUIZ CARLOS SIGMARINGA SEIXAS

Candidatura

Valor 50.000,00

Deputado

72.244,00

Federal MG

PT

PAULO GABRIEL GODINHO DELGADO

Deputado

20.000,00

Federal

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SP

PSDB WALTER BARELLI

Deputado

5.000,00

Federal

Paulo Delgado (PT-MG) teve seu nome envolvido no escândalo do mensalão, quando seu assessor Raimundo Ferreira da Silva Júnior, sacou R$ 100 mil da operadora de Marcos Valério. Do presidente da República até a bancada petista percebe-se uma extrema falta de cuidado nas relações estabelecidas com o empresariado. Não restou dúvida que a campanha de Lula foi apoiada com "caixa 2", mas parece que o judiciário não teve o rigor exigido para julgar algo de tamanha envergadura. Não importa se na história do Brasil já consta um presidente afastado por corrupção. Se tivéssemos outro, agora então impedido por irregularidade no financiamento de campanha, mostraria a busca incessante de melhora do nosso processo eleitoral. Restou insepulto e inequívoco tanto o uso do ilícito eleitoral, quanto a omissão da justiça em dar um duro golpe na contravenção política. A impressão que fica, é que Lula pensa em retornar à presidência. É uma angústia.

- Dilma

Com fama de "durona", Dilma foi imposta ao PT por Lula. Seus gastos eleitorais declarados (dela o do partido) na campanha somaram R$ 273.117.853,80. Entretanto, no site "http://www.asclaras.org.br" o valor informado é de R$ 279.673.505,32 e, importante, é a constatação de que 99,75% do arrecadado provém de pessoas jurídicas, não físicas. Quem pagou a campanha da presidente foi o "mercado", não os cidadãos.

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Quando no ministério do governo Lula viu-se envolvida em escândalos, como o que ocorreu com a secretária da Receita Federal, a senhora Lina Vieira. Chamada no gabinete da Ministra da Casa Civil, esta funcionária teria recebido a "recomendação" por parte de Dilma, de encerrar investigações que estava fazendo sobre a família Sarney, conforme reportagem abaixo.

Folha de S.Paulo, em Brasília 11/08/2009-08h28 Dilma sabe que falou comigo, reitera ex-secretária da Receita A ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira reiterou ontem que esteve no gabinete de Dilma Rousseff (Casa Civil) e que a ministra lhe pediu para encerrar logo o processo de investigação nas empresas da família Sarney. "Ela sabe que eu estive lá e sabe que falou comigo. A Erenice [Guerra, secretária-executiva da Casa Civil] também, porque esteve no meu gabinete para marcar. Não custava nada ela ter dito a verdade. Qual a dificuldade? Na minha biografia não existe mentira." Ela afirmou que confirmou o encontro à Folha porque foi procurada pela reportagem. "Não preciso disso, estou passando um momento muito difícil por causa da entrevista. Não tenho costas quentes, não tenho ninguém para me defender. Não sou candidata a nada, não preciso de palanque." Lina disse que "Erenice pediu o encontro e que era para ser sigiloso", por isso não foi acompanhada de assessores. "Estive lá, antes a chefe de gabinete dela foi ao meu gabinete, agendou isso para ser uma coisa informal, que não constasse nem da minha agenda nem da dela. Eu cheguei pela garagem, entrei sem identificação, conversei com ela e voltei. (ANDREZA MATAIS e LEONARDO SOUZA) http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1108200904.htm

Assim, Dilma teria tentado privilegiar "alianças políticas mais amplas", em detrimento daquilo que defendeu no passado. Note-se que a aproximação ocorria com o "grande ladrão" definido por Lula, o mesmo Sarney que apoiou o regime que fez Dilma pegar em armas para combater. Estes tempos modernos que vivemos são incríveis, com metamorfoses pessoais inimagináveis. Ou, quem sabe, pode se supor que este comportamento ilustra claramente que o objetivo de políticos de tal jaez é a busca e manutenção do poder, não importando, inclusive, questões de bom senso, para dizer o mínimo.

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Para expressivo número de políticos, caixa dois seria um "mal necessário" cada vez mais aceito e utilizado. Contudo, o problema não está só neste desvio, mas o que ele oportuniza. Caixa dois é a ampla e fácil porta de entrada num mundo de delitos, onde está presente, já no primeiro passo, a corrupção. Até pode ser que o político tenha boas intenções, mas muitas dos que lhes financiam não as têm. E vão cobrar o devido retorno em benefícios espúrios, em votações tendenciosas, entre tantos outros. Então, embora nunca tivesse participado de disputa eleitoral, Dilma saiu-se bem sob a batuta de Lula, que lhe repassou a autoria de vários programas governamentais, criados exatamente para iludir a população. Além de ficar conhecida como a "mãe do PAC" (Programa de Aceleração do Crescimento), contou com o "Minha Casa, Minha Vida". Como seu chefe, logo ao assumir, deu continuidade ao programa de privatização de FHC/Lula, entregando à iniciativa privada Hospitais Universitários e aeroportos. Mas inovou em molecagem ao surgir com uma proposta indecorosa; que o governo trabalhasse em sigilo com gastos para a copa do mundo de futebol, conforme noticioso abaixo.

ÚLTIMO SEGUNDO Sigilo em obras da Copa 'evita cartel', justifica Dilma Presidenta diz que medida foi interpretada de maneira errada e diz que plano não é 'ocultar' gastos da competição iG São Paulo | 17/06/2011 15:22 A presidenta da República, Dilma Rousseff, defendeu nesta sexta-feira a decisão de manter em segredo orçamentos de obras da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, enquanto estiverem em andamento os processos de licitação referentes à competição. A previsão é parte de uma medida provisória aprovada pela Câmara dos Deputados na noite da última quartafeira, por meio da qual criou-se o chamado Regime Diferenciado de Contratação (RDC). Pouco depois, parece que arrependida, disse que não disse o que disse e tentou amenizar, ponderando que os Tribunais de Contas da União teriam acesso aos dados, mas não jornais e a população. A tentativa de sigilo era, inclusive, inconstitucional, já que a Carta Magna exige; CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 05 DE OUTUBRO 1988 CAPÍTULO VII DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Seção I DISPOSIÇÕES GERAIS

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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (grifo nosso)

Deve ser ajuizado que o desrespeito à Constituição Federal não partiu de Dilma isoladamente e, aparece como óbvio, que os que lhe cercam são muito mal preparados para as responsabilidades que as tarefas lhes exigem. Se a todo e qualquer cidadão é exigido o conhecimento das leis, imagine aos que assessoram à presidência e a própria presidência. O resultado deste episódio, infelizmente já esquecido, é a clara intenção de esconder do público e imprensa a detinação de bilhões de Reais provenientes de impostos, exatamente em benefício daqueles que são grandes financiadores de campanhas políticas. Como citado anteriormente, a relação Dilma/Eike Batista deve ser aprofundada, justamente por interessar ao presente assunto. A retribuição presidencial ao milhão presenteado pelo bilionário não pode ficar reduzida à teatralidade da notícia abaixo, mas, antes, representa um exemplo entre os muitos que acontecem.

O Estado de S.Paulo Dilma diz que Eike é 'orgulho do Brasil' Presidente defendeu a realização de parcerias entre a Petrobrás e a OGX e disse que \"não há concorrência no espírito\" entre as empresas 27 de abril de 2012 | 3h 04 SERGIO TORRES , GLAUBER GONÇALVES , ENVIADOS ESPECIAIS , SÃO JOÃO DA BARRA (RJ)

O megaempresário Eike Batista é o "orgulho do Brasil", declarou ontem em São João da Barra a presidente Dilma Rousseff, que defendeu a realização de parcerias entre a Petrobrás e a petroleira nacional OGX, uma das subsidiárias do grupo EBX, controlado pelo homem tido internacionalmente como o mais rico brasileiro do momento. Após a fala do empresário a funcionários e autoridades, Dilma teceu elogios a Eike durante 15 minutos e não abordou assuntos relacionados a questões políticas. "O Eike é nosso padrão, nossa expectativa e orgulho do Brasil", afirmou a presidente, para quem o empresário "tem capacidade de trabalho", "busca as melhores práticas", "quer tecnologia de última geração", "percebe os interesses do País" e "merece o nosso respeito". Para Dilma, "não há e não pode haver concorrência no nosso espírito entre duas grandes empresas, como é o caso da Petrobrás e da OGX". 133


(Segue a notícia) http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,dilma-diz-que-eike-e-orgulho-do-brasil,o,dilmadiz-que-eike-e-orgulho-do-brasil-,865908,0.htm

Entretanto, nesta outra notícia, o empresário que é o "orgulho do Brasil" dentro dos conceitos e critérios da presidente, surge da seguinte forma.

23/12/2011-17h31 MPF investiga atuação de milícias em empreendimento de Eike DO VALOR O MPF (Ministério Público Federal) em Campos instaurou procedimento para investigar suposta formação de milícias e a violação de direitos humanos no município de São João da Barra, no Rio de Janeiro, onde está em construção o Porto do Açu, empreendimento do grupo EBX, do empresário Eike Batista. Segundo o MPF, seguranças privados e policiais militares estariam atuando de forma truculenta e arbitrária na desapropriação de agricultores e pescadores do 5º distrito da cidade. O MPF diz ainda que as denúncias recebidas dão conta de que cerca de 800 famílias que querem permanecer na região estão sofrendo diversas ameaças para deixar o local, com a presença ostensiva de policiais militares e seguranças. "Além disso, moradores que já foram removidos não teriam recebido indenização e alguns despejos foram realizados sem a apresentação de ordem judicial", diz a nota divulgada pelo MPF. O comunicado frisa que o procurador da República Eduardo Santos de Oliveira, responsável pela investigação, irá requisitar informações para a Polícia Federal para saber se os seguranças privados foram autorizados a trabalhar na região. "Mesmo autorizados pela PF, os seguranças não poderiam realizar desapropriações nem atuar junto a cidadãos", alega o MPF, que também vai oficiar a Polícia Militar, a Polícia Civil, o Ministério Público Estadual, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, o governador do Estado e a Prefeitura de São João da Barra para que possam prestar esclarecimentos e informações acerca da situação dos moradores. OUTRO LADO Procurada, a LLX --empresa do grupo EBX responsável pelo Porto do Açu-- afirmou que "possui guarda patrimonial dentro das áreas que pertencem à companhia".

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Porém, a companhia ressalta que a desapropriação é conduzida pela Codin (Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro). Já a Codin, responsável pelo processo de desapropriação, afirmou desconhecer "completamente questões relativas à atuação de milícias" em São João da Barra. "Isso não tem nada a ver com nossos métodos de ação. As demarcações do polígono do 5º Distrito através dos decretos de desapropriação englobam cerca de 400 propriedades rurais das quais apenas um quarto apresentam famílias residentes e 16 delas aderiram ao reassentamento Vila da Terra. As demais ainda não foram contatadas e permanecem em suas residências", diz a nota da Codin. "A Codin garante que nunca usou, nem usará de processos que agridam os direitos dos cidadãos proprietários ou residentes do 5º Distrito. As desapropriações foram e serão feitas na forma da lei, amparadas pela Justiça", acrescenta a nota. http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1025578-mpf-investiga-atuacao-de-milicias-emempreendimento-de-eike.shtml

Ou mais esta.

Quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012 Empresas | 06:04 Processo do Porto do Açu some do site da Justiça Federal do Rio Compartilhe:Twitter Eike: Açu na Justiça O serviço de informática da Justiça Federal do Rio de Janeiro, até o fim da noite de ontem, havia sumido com as petições do processo judicial de embargo do Porto do Açu, obra de Eike Batista, no sistema de tramitação eletrônica da corte. O apagão dificulta que as partes acompanhem o caso no tribunal e deixam os advogados sob risco de perderem prazos de contestação. Os advogados dos moradores que sofreram com as desapropriações em São João da Barra aguardam para hoje a normalização do sistema. O fato já havia ocorrido antes. O tribunal demorou seis dias para cadastrar o processo e as petições, na semana passada, apareciam e sumiam de uma hora para outra. Os funcionários informaram aos advogados que desconheciam a causa do problema. http://colunistas.ig.com.br/poder-economico/2012/02/29/processo-do-porto-do-acu-some-dosite-da-justica-federal-do-rio/

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É difícil imaginar que a presidência da República não soubesse de tais fatos e fica o questionamento: será que o R$ 1 milhão doado por Eike justificaria esta manifestação de Dilma? De qualquer forma foram palavras de palanque, quem sabe uma adulação fingida, mas proferidas num ato público da presidência da República e que, ao envolver a Petrobras com as empresas de Eike, não tem influência restrita aos noticiários de final de tarde. Resta a todos nós imaginar o que se passou em gabinetes ministeriais e que pudessem beneficiar o doador.

Se não for com financiamento particular, como seria? A bem da verdade acho que o problema não está centrado no tipo de financiamento, mas nas pessoas. Um indivíduo de índole corrupta distorce qualquer coisa em benefício próprio, seja no financiamento público ou privado, mas isto não significa abrir mão da tentativa de melhorar o sistema. Após o exposto, a única proposta razoável, para que seja estancada esta sangria financeira do Estado brasileiro é a via do financiamento público de campanhas, o que já traria, de pronto, algumas vantagens. Primeiro é que o financiamento aproximaria em chances as disputas entre os "políticos profissionais" e quadros novos que precisam surgir na política brasileira, já que, tradicionalmente, os primeiros costumam receber os valores mais expressivos da iniciativa privada. Isto já lhes coloca numa posição de vantagem inquestionável. Em segundo lugar é que a população saberia, de antemão, quanto cada candidato disporia, fato que facilitaria o controle sobre a veiculação de propagandas, distribuição de chaveirinhos, camisetas e outros (se é que conseguiriam distribuir tais quinquilharias). Ainda, e importante, a fiscalização ocorreria entre os próprios candidatos, pois se um conseguisse produzir 100 camisetas, enquanto outro alcançasse 500 com o mesmo valor financiado, o prejudicado poderia alertar o TSE sobre a discrepância. Desta forma, criaríamos os melhores fiscais eleitorais, ou seja, s próprios candidatos fiscalizariam os concorrentes, pois quem não gostaria de retirar um concorrente da disputa? Terceiro, e muito importante, é que o eleito estaria compromissado com o Estado, com o eleitor, e não com empresas que estariam cobrando favores pelas verbas repassadas. Importante ressaltar, é que as empresas não estariam proibidas de doar ao processo eleitoral, mas o recolhimento seria responsabilidade do TSE, que criaria um conta única e desta seriam destinados os valores para os partidos ou candidatos.

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Certamente esta seria uma lei que exigiria aperfeiçoamentos e correçþes ao longo do tempo, tudo para combater a esperteza daqueles que buscariam, e achariam, brechas para continuarem se locupletando.

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- Anexo 1

Este segmento surge a partir das primeiras investigações feitas na busca da identificação das doações mais expressivas. Ao mesmo tempo, já se teciam as primeiras correlações entre doadores e candidatos. Entretanto, algumas das perguntas surgidas nesta fase ainda estão sem respostas e outras sem o devido e completo entendimento. No final ficou a impressão da importância de repassar alguns dos casos observados aos leitores. Ao mesmo tempo em que uns desconhecidos doam somas vultosas, comparativamente, outros famosos repassam valores irrisórios. Algumas doações chamaram a atenção, como o fato de que várias empresas, muito embora repassem valores expressivos, não apresentam um "site" na internet, que é uma forma barata e eficaz de difusão. Por quê? Uma das possibilidade é que possivelmente não existam.

Tabela 30- Quadro geral de alguns doadores, implicados ou não em algum fato relacionado acima, expondo os valores repassados às campanhas políticas. Fonte www.tse.jus.br Doadores Banco Pottencial Banco do Brasil BMG AS Banco Bonsucesso SA

Valor Obs. 729.500,00

Nota 1

3.847,18 14.908.500,00 Nota 2 1.254.400,00

Branco Bradesco

14.003.000,00 Nota 3

Banco Alvorada

54.169.000,00 Nota 4

Itaú Unibanco

23.600.000,00 Nota 5

Itaú Unibanco / Elekeiroz S.A

45.000,00 Nota 6

Banco Rural

1.330.000,00 Nota 7

Banco Safra / Grupo Safra

4.684.500,00 Nota 8

Bracol Holding Ltda.

5.120.000,00

Carioca Christian Nielsen SA

3.660.000,00

Constran SA / Construções

2.590.001,00

Coesa Engenharia

1.670.000,00

Construcap Cops Engenharia

50.000,00

Fidens Engenharia

1.294.000,00

GMEC Engenharia

140.000,00

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Galvão Engenharia

7.705.030,00

UTC Engenharia

8.264.666,00

LOGIC Engenharia e Construção LTDA

30.000,00

Construtora Andrade Gutierrez

47.500,00

Construtora Barbosa Melo Construtora Camargo Correa

855.000,00 50.665.000,00 Nota 9

Egesa Engenharia

3.095.000,00

COESA Engenharia

1.370.000,00

EMPARSANCO AS

650.000,00 Nota 10

Direcional Engenharia

846.000,00

Construtora Mendes Júnior

3.658.000,00

Construtora Norberto Odebrecht

4.100.000,00 Nota 11

Construtora OAS Serveng-Civilsan Grupo J. MALUCELLI

16.299.000,00 Nota 12 8.900.000,00 575.570,00

Galvão Engenharia

6.980.030,00

Construtora Queiroz Galvão

4.652.500,00

Delta Comercializadora de Energia Delta Construções Bombardier Transportadora Brasil LTDA

100.000,00 2.300.000,00 Nota 13 900.000,00

Transportes DELLA VOLPE S/A

4.000.000,00

Copelmi Mineração

4.162.500,00

Sama Mineração de Amianto

1.925.000,00 Nota 14

Companhia Metalúrgica Prada

11.700.000,00

CIA Metalic Nordeste

1.850.000,00 Nota 15

IBQ Indústria Química LTDA

1.130.000,00

CIA SID DO PARA - COSIPAR

15.000,00

MAG BAN Mármores e granitos Aquidaban LTDA

5.000,00

U&M Mineração e Construção SA

351.680,00

IUDICE Mineração LTDA.

198.000,00

IPIRANGA Produtos Petróleo S.A. ALESAT COMBUSTIVEIS S.A COPERSUCAR- COOP. DE PRODUTORES DE CANA DE AÇUCAR

50.000,00 1.650.000,00 800.000,00

E ALCOOL DE SAO PAULO CSN Cimentos AS

100.000,00

Leyroz de Caxias IND. COM & LOG LTDA

4.302.000,00 Nota 16

Sucocítrico CUTRALE LTDA

1.960.000,00

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JBS Friboi

30.105.900,00 Nota 17

BRF BRASIL FOODS SA

4.490.000,00

MINERAÇÃO SERRA GRANDE S/A

300.000,00

CBMM - Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração

7.829.936,43 Nota 18

CNPJ 33.131.541/0001-08 CBMM - Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração &

47.246,56 Nota 19

Antonio Augusto Junho Anastasia CNPJ 12.177.426/0001-02 MINERAÇÕES BRASILEIRAS REUNIDAS S.A.

6.650.000,00 Nota 20

VALE FERTILIZANTES S/A - FOSFERTIL

18.390.000,00 Nota 21

Urucum Mineração

3.300.000,00 Nota 22

VALE MANGANES S/A

12.110.000,00

GERDAU Comércio de Aços S A

14.384.000,00 Nota 23

AVG Minerações AS

2.950.000,00

VOTENER - VOTORANTIM COMERCIALIZADORA DE ENERGIA

3.450.000,00 Nota 24

LTDA CNPJ 03.984.862/0001-94 VOTORANTIM INDUSTRIAL S.A. PAPEL

3.209.446,94 Nota 24

CNPJ 03.407.049/0001-51 VOTORANTIM INDUSTRIAL S.A.

2.840.000,00 Nota 24

CNPJ 03.407.049/0001-51 Votorantim Metais SA

920.000,00 Nota 24

FIBRIA Celulose AS

4.765.242,43 Nota 24

Celulose Irani AS

182.000,00

SUZANO Papel e Celulose S/A

6.063.120,90

Suzano Papel e Celulose / PC do B - SP

2.809.819,37 Nota 25

HABITASUL FLORESTAL S.A - Foi para o PT

119.000,00 Nota 26

Suzano Holding AS

30.000,00

KLABIM S/A

3.000.210,34

ULTRAFERTIL AS

210.000,00 Total

413.600.147,15

140


NOTA 1- BANCO POTTENCIAL

No seu "site" (http://www.pottencial.com.br/perfil/index.html) consta; "O Banco é agente repassador de recursos do FINAME/BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social". Notícias de internet informam que:

"PF denuncia diretores do Banco Pottencial por crimes contra o Sistema Financeiro Nacional Eles são acusados de registrar ativos fictícios para ocultar do Banco Central a real situação financeira da instituição 30/11/2010 Belo Horizonte. O Ministério Público Federal (MPF) denunciou quatro diretores do Banco Pottencial - ... - pelos crimes de gestão fraudulenta e gestão temerária. Eles são acusados de registrar ativos fictícios, no valor de mais de 6 milhões de reais, com o objetivo de incrementar artificialmente as receitas do banco. A manipulação foi feita por meio da emissão de boletos bancários para cobrança de “Taxas de Cadastro” e “Taxas de Automação”, sem previsão contratual ou aceite dos clientes. (Nota do autor; o nome dos envolvidos foram retirados) http://www.prmg.mpf.gov.br/imprensa/noticias/criminal/mpf-denuncia-diretores-do-bancopottencial-por-crimes-contra-o-sistema-financeiro-nacional"

NOTA 2- BMG SA Este banco, além de repassar valores expressivos aos políticos, também esteve envolvido no escândalo do "mensalão", conforme está relatado abaixo em alguns trechos do livro "O Chefe" (Ivo Patarra, Editora Creative Commons, 2010).

"Além do Banco Rural, o banco BMG. A Folha revela, ainda, que o segundo banco, também com sede em Belo Horizonte, emprestou outros R$ 2,4 milhões ao PT, em 2003. A dívida junto ao BMG foi atualizada e chegou aos R$ 2,7 milhões em 2004. O Banco do Brasil, por sua vez, o único credor do PT em 2002, aumentou os financiamentos ao partido. Em 2002, foram R$ 705 mil. Em 2003, R$ 1 milhão. Em 2004, R$ 3,5 milhões. Ao mesmo tempo, o patrimônio líquido do PT alcançava os R$ 24,7 milhões, negativos".

141


"2/7/2005 A revista Veja traz detalhes de uma “sociedade secreta” entre Marcos Valério e o PT. A reportagem de Alexandre Oltramari conta a história do empréstimo de R$ 2,4 milhões do BMG ao PT. A operação foi avalizada por José Genoino, Delúbio Soares e Valério. O empréstimo, de fevereiro de 2003, não foi pago pelo PT. O partido acabou socorrido por Valério. O empresário pagou uma das parcelas da dívida, no valor de R$ 350 mil". "Veja também procurou a direção do BMG, para saber por que o banco não executou as garantias do empréstimo. Afinal, a operação não fora quitada pelo PT. A explicação, em nota: “A direção do BMG não pode comentar as informações levantadas pela revista em respeito à lei do sigilo bancário.” "Outra revelação: apesar das dificuldades para saldar a operação de crédito de R$ 2,4 milhões feita em 2003, o BMG destinou mais da metade das suas doações para campanhas eleitorais, em 2004, ao PT. Os dados são do TSE. Dos 26 candidatos que receberam R$ 795 mil do BMG naquele ano, 20 pertencem ao PT. Ficaram com R$ 505 mil da bolada." (Grifo do autor)

NOTA 3- Bradesco Notícias; Bradesco lidera ranking de reclamações no Procon-SP em 2011 Depois do Itaú, as empresas que mais geraram queixas ao Procon-SP neste ano foram, respectivamente,Telefônica (2º), Bradesco (3º), Claro (4º), Embratel (5º), Santander (6º), Eletropaulo (7º), Net (8º), Tim (9º) e Sky (10º) são, respectivamente, as empresas . O G1 entrou em contato com as empresas e aguarda retorno.

NOTA 4- Banco Alvorada

O Banco Alvorada, fundado em 1969, é uma instituição financeira que pertence ao Bradesco, o que eleva a doação para R$ 68.172.000,00. (http://www.securities.com/Public/companyprofile/BR/Banco_Alvorada_SA_pt_1141792.html). A empresa auditora do banco é a Price Waterhouse Coopers.

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NOTA 5- ITAÚ UNIBANCO

Notícias da internet;

"G1 Economia 02/04/2012 16h37- Atualizado em 02/04/2012 18h34 Itaú-Unibanco lidera o ranking de reclamações no Procon-SP neste ano

Do G1, em São Paulo o Grupo Itaú-Unibanco lidera o ranking on line das empresas que mais geram reclamações no primeiro trimestre de 2012, segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira (2) pela Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. Manifestação do próprio banco: "Políticas Política de Risco Socioambiental Análise de Risco e Crédito Socioambiental O Itaú Unibanco busca incorporar cada vez mais a questão da sustentabilidade em seu negócio. Assim sendo, entende que uma instituição financeira é capaz de colaborar para mudanças efetivas na relação entre atividades produtivas e comerciais, o meio ambiente e a sociedade. http://ww2.itau.com.br/sustentabilidade/_/no-itau-unibanco/politicas/politica-de-riscosocioambiental.aspx

A preocupação deve atentar para a "sustentabilidade financeira" e não ambiental, já que apoiou alterações do Código Florestal Brasileiro, ao financiar o deputado Aldo Rebelo (PCdoB / SP) com a quantia de R$ 50.000,00.

NOTA 6- UNIBANCO / ELEKEIROZ S.A.

É uma das 20 empresas pertencentes ao grupo Itaú-Unibanco, perfazendo um total de financiamento de R$ 23.645.000,00. Outras informações sobre a corporação "site" da Itaúsa (http://www.elekeiroz.com.br/PT/Paginas/home.aspx);

143


"A Elekeiroz S.A. foi a pioneira na produção de diversos produtos químicos no país, como anidrido ftálico, bissulfeto de carbono, octanol e butanol a partir de álcool de cana, trimetilolpropano, ácido etil hexanóico, entre outros".

NOTA 7- BANCO RURAL

O Banco Rural, apesar da pequena quantia de R$ 1.330 milhão, operava milagres ao movimentar montanhas de dinheiro que foram distribuídas para deputados federais, conforme ficou comprovado na CPI do "mensalão". Trechos do livro "O Chefe", quando trata do esquema do "valerioduto".

"Já a SMPB, a outra agência de Valério, cuida da conta dos Correios. Teve faturamento de R$ 39,9 milhões em 2004, sendo R$ 29,6 milhões apenas com os Correios. Além de atender o Banco Rural, a SMPB foi contratada pelo Ministério dos Esportes e pela Câmara dos Deputados, na gestão de João Paulo Cunha (PT-SP)."

Grifo do nosso, para lembrar que o Ministério do Esporte sempre foi cota do PCdoB no governo Lula, permaneceu no governo Dilma, quando continuou envolvido em escândalos. Seria interessante que as movimentações financeiras do próprio PCdoB fosse investigadas, e não só as dos ministros (se é que suas contas são investigadas). "Outra notícia: o Banco Rural foi condenado a pagar multa de US$ 5,9 milhões por ilegalidades cometidas no mercado de câmbio, na década de 80. O Rural teria permitido remessas de dinheiro ao exterior, com a falsificação dos nomes dos verdadeiros remetentes" "Fernanda Karina reafirma: Valério e Delúbio Soares voaram em avião do Banco Rural: – O Banco Rural sempre disponibilizava o avião, para quando eles precisassem". "28/6/2005 Fecha o cerco a Marcos Valério. A Polícia Federal analisa documentos apreendidos nos setores de contabilidade das empresas do empresário, mas não há registros de transações com gado ou cavalos. Valério mencionou negócios no setor pecuário como justificativa para saques em dinheiro, no valor de R$ 20,9 milhões, efetuados no Banco Rural. As investigações constataram novos números: durante o governo Lula, o patrimônio de Valério teria saltado de R$ 2 milhões para R$ 6,7 milhões".

"As finanças do PT. A Folha de S.Paulo publica reportagem de Cláudia Trevisan, 144


com revelações importantes. O partido do presidente Lula emprestou R$ 3,6 milhões do Banco Rural, em 2003. Detalhe: o PT não tinha sequer conta no Banco Rural antes de Lula vencer as eleições, em 2002. Em dezembro de 2004, o valor do empréstimo já atingira R$ 5,1 milhões. Outro detalhe: quando o PT conseguiu o financiamento dos R$ 3,6 milhões, estava com um patrimônio líquido negativo de R$ 4,2 milhões. A situação não recomendava que uma instituição financeira concedesse crédito. Além do Banco Rural, o banco BMG. A Folha revela, ainda, que o segundo banco, também com sede em Belo Horizonte, emprestou outros R$ 2,4 milhões ao PT, em 2003. A dívida junto ao BMG foi atualizada e chegou aos R$ 2,7 milhões em 2004. O Banco do Brasil, por sua vez, o único credor do PT em 2002, aumentou os financiamentos ao partido. Em 2002, foram R$ 705 mil. Em 2003, R$ 1 milhão. Em 2004, R$ 3,5 milhões. Ao mesmo tempo, o patrimônio líquido do PT alcançava os R$ 24,7 milhões, negativos". "Mais lenha na fogueira. A imprensa põe as mãos em relatório de prestação de contas do PT, datado de 2004. O documento foi registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Em dois anos, o partido do presidente Lula reconheceu que fez empréstimos de R$ 28 milhões junto ao Banco do Brasil, Banco Rural e BMG. O BMG entrou com R$ 2,4 milhões, cujos detalhes foram revelados por Veja. O Banco Rural, com outros R$ 5,1 milhões. E o restante, R$ 20,6 milhões, veio do Banco do Brasil, sendo a maior parte em contratos de leasing, para comprar dez mil computadores e impressoras para os diretórios do partido". ` Nota 8- Banco Safra / Grupo Safra Este trecho já foi citado anteriormente no livro, mas vale a pena repetir, pois este banco não repassou informações de dados bancários solicitados pela CPI dos Correios. Do livro "O Chefe". "248 – 16/1/2005 Técnicos da CPI dos Correios concluem serem R$ 23,9 bilhões os recursos suspeitos não identificados. A soma é o total da movimentação bancária atribuída a pessoas e empresas com suposto envolvimento no escândalo do mensalão. Integram o número bilionário os valores eventualmente desviados em irregularidades ocorridas em órgãos públicos da administração federal. Todos os R$ 23,9 bilhões dizem respeito a operações em bancos, das quais não constam as identificações dos nomes dos favorecidos nem tampouco dos responsáveis pelos depósitos.

145


Do que foi apurado, as seguintes instituições financeiras não prestaram as informações solicitadas pela CPI: Safra (operações referentes a R$ 10,7 bilhões), Real – ABN Amro (R$ 5,9 bilhões), Bradesco (R$ 3,7 bilhões), BankBoston (R$ 2,9 bilhões) e Citibank (R$ 516 milhões).

NOTA 9- Construtora Camargo Correa Conforme foi visto anteriormente, a construtora envolveu-se, em 2008, num escândalo por ter enviado ilegalmente dólares ao exterior, superfaturado obras públicas, "lavado" dinheiro e, mesmo assim, os congressistas não a investigaram por conta dos financiamentos de campanha. Apesar disto, e possivelmente por conta disto, a construtora continua financiando os políticos de forma tão expressiva - R$ 50 milhões. Importante recolocar trecho da reportagem, a qual já foi citada anteriormente.

"Folha de São Paulo - 05 de abril de 2009 Base e oposição descartam CPI sobre Camargo Corrêa 55% dos congressistas atuais receberam doações legais de construtoras, segundo o TSE Para líder de partido aliado, CPI sobre a Camargo seria "destampar uma panela de pressão'; oposicionista diz que haveria "efeito dominó"

KENNEDY ALENCAR / RANIER BRAGON - DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em conversas reservadas com a Folha, deputados e senadores governistas e da oposição disseram que não há a menor chance de criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a empreiteira Camargo Corrêa, alvo da Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. As empreiteiras deram contribuições financeiras legais para 55% dos atuais congressistas, segundo dados fornecidos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) - sem contar eventuais doações ilegais. Um líder de partido aliado ao governo disse que investigar a Camargo Corrêa equivaleria "a destampar uma panela de pressão". Um deputado da oposição afirmou que poderia haver um "efeito dominó" - começar a investigar a Camargo Corrêa e chegar a outras empresas. Há também interesses específicos dos aliados do presidente Lula em jogar contra uma CPI. A Camargo Corrêa, segunda empreiteira com maior receita líquida no país, tem boa relação com o PT e com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), potencial candidata à Presidência em 2010. Além disso, a construtora participa de várias obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), sendo vista 146


como uma parceira do governo para tocar investimentos do pacote de obras de Lula para tentar mitigar efeitos negativos da crise econômica. Os dois tucanos presidenciáveis, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), também são apontados como políticos que possuem boas relações com a empreiteira.

NOTA 10- EMPARSANCO Mais uma empresa envolvida em processos criminais. "PF diz que caso Emparsanco deverá estender-se por mais seis meses Emparsanco, que recebeu mais de R$ 80 milhões dos cofres municipais, promete ajudar a Prefeitura de Manaus no combate a dengue. Manaus, 26 de Janeiro de 2011 TEREZA TEÓFILO

O delegado federal Eduardo Fontes responsável pelo inquérito envolvendo a empresa Emparsanco S/A, suspeita de operar esquema de compra de votos na eleição de 2010, declarou a acritica.com que as investigações sobre a origem e o destino dos R$ 5 milhões que seriam sacados pelo ambulante Edivaldo Lopes Aguiar, faltando uma semana para o 1º turno das eleições gerais, poderá estender-se por mais seis meses. “Casos como esse não são tão práticos de se investigar”, disse Fontes, que em função do sigilo de Justiça não pode revelar detalhes da investigação. Edivaldo Lopes Aguiar foi preso por agentes federais em uma agência do Banco do Brasil no Centro de Manaus, onde de posse de um documento de identidade falso, tentava se passar por Francisco Lopes, um dos sócios da Santher e assim sacar cinco ordens bancárias no valor de R$ 1 milhão cada uma. As notas, de acordo com a PF, foram emitidas pela empresa Santher. O dinheiro de acordo com a Polícia Federal teria sido transferido para a conta da Santher pela filial da empresa Emparsanco em Manaus. Dados da prestação de contas de campanha do governador Omar Aziz revelaram que a empresa Emparsanco doou R$ 200 mil para a reeleição dele. A Emparsanco S/A também é alvo de uma inspeção do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) que tem o objetivo de identificar se a empresa realizou ou não serviços de tapa-buraco na cidade de Manaus ao custo de R$ 87,4 milhões. Relatório do TCE divulgado no final do ano passado sustenta que a Prefeitura de Manaus pagou indevidamente à Emparsanco um total de R$ 87,4 milhões, conforme concluiu inspeção extraordinária feita pelo Tribunal de Contas.

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Voluntária Enquanto a Polícia Federal e o TCE investigam os atos da Emparsanco, a empresa que ganhou licitação para também construir o corredor ecológico do Mindú, obra avaliada em mais de R$ 115 milhões, anunciou nesta quarta-feira (26) que vai ajudar a Prefeitura de Manaus a combater a dengue. http://beta.acritica.com.br/manaus/Amazonas-Manaus-Amazonia-Emparsanco-SantherPF_0_415758515.html

NOTA 11- NORBERTO ODEBRECHT

Não sem surpresa lê-se uma notícia de que uma empresa fatura bilhões ao ano. O que causa no leitor saber que só uma delas lucrou R$ 100 bilhões? Com imaginar que se possa lucrar tanto no Brasil?

No clube dos R$ 100 bi: Odebrecht chegará lá em 2013 9:02, 15 DE DECEMBER DE 2012 IGORPAULIN NEGÓCIOS TAGS: MARCELO ODEBRECHT, ODEBRECHT Entre as empresas não financeiras do país, só a Petrobras tem um faturamento superior a R$ 100 bilhões. No fim de 2013, a estatal passará a ter companhia nesse clube. O Grupo Odebrecht faturou R$ 71 bilhões em 2011. Fechará este ano com R$ 84 bilhões. O presidente do conglomerado, Marcelo Odebrecht, afirma que apenas os contratos já firmados asseguram entradas de R$ 100 bilhões no próximo ano. Dificilmente, a marca não será batida e é provável que seja superada. http://colunas.revistaepoca.globo.com/felipepatury/2012/12/15/no-clube-dos-r-100-bi-odebrechtchegara-la-em-2013/

NOTA 12- CONTRUTORA OAS Mesmo uma pesquisa rápida na internet revela claramente relações conflituosas, para dizer o mínimo, entre financiamento de campanhas e ações de governo. Do "site" http://gremioacimadetudo.blogspot.com.br/2009/08/construtora-oasenvolvida-no-escandalo.html 148


"Sábado, 8 de agosto de 2009 CONSTRUTORA OAS Envolvida no Escândalo do Governo Gaúcho ??? Os problemas envolvendo a governadora Yeda Crusius, tem mais um envolvido além do lobista Lair Ferst, alguns políticos e integrantes do primeiro escalão do governo estadual. É a CONSTRUTORA OAS, responsável pela nova Arena do Grêmio. Nas gravações do Ministério Público Lair Ferst declara que: "A construtora OAS doou R$ 60 mil, sem recibo e em dinheiro vivo, a Marcelo Cavalcante. O valor foi entregue a Walna Meneses, assessora da governadora. Quando o caso foi divulgado, o advogado de Walna, Norberto Flach, disse que, existindo o material, é necessário descontextualizá-lo como ato de alguém que busca obter vantagens num processo penal". Numa gravação com Marcelo Cavalcante, também há citação da OAS: "É um diretor da OAS lá de São Paulo. E esse cara aí saiu do nada. Ele não conhecia o cara. Aí daqui a pouco chegou, nas várias ligações que chegavam para mim no comitê, lá na sede do partido, uma ligação dele. E foi até uma ligação insistente, porque eu acho que demorei a dar retorno e tudo. E aí, numa ocasião, eu falei com ele: "Não, nós temos ai, já obras aí. Tá tudo certo, o governo do Rigotto não conseguiu tocar isso aí, entendeu, e nós temos que conversar". E ai nós marcamos. Ele veio a Porto Alegre, conversou com a governadora, depois conversou comigo, tá? E aí ficou estabelecido que eles entrariam também com uma contribuição para a campanha, que girou em torno de R$ 60 mil. E que realmente, de fato, isso aí depois chegou". http://gremioacimadetudo.blogspot.com.br/2009/08/construtora-oas-envolvida-noescandalo.html (Grifo do autor)

NOTA 13- Delta Construções Novo escândalo que surge obriga a reordenação de alguns tópicos deste livro; referese ao senador Demóstenes Torres, o qual tenta se explicar frente à notícia abaixo, reproduzida parcialmente. Folha de São Paulo Entenda o caso Cachoeira, que será alvo de CPI no Congresso 13/04/2012-19h36 COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Atualizado em 18/04/2012 às 19h28. Entenda o caso Cachoeira, que será alvo de CPI no Congresso

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As relações do empresário de jogos ilegais Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos, servidores públicos e empresários serão investigadas por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso Nacional. O empresário foi preso no dia 29 de fevereiro, durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desarticulou organização que explorava máquinas de caça-níqueis no Estado de Goiás. O contraventor, apontado pela PF como chefe do grupo, ficou conhecido com o caso Waldomiro Diniz, o ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil, considerado o primeiro escândalo do governo Lula, em 2004. Cachoeira é suspeito de vários crimes, entre os quais corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e contrabando. Entre as relações do empresário que serão investigadas está sua ligação com o senador Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM). Interceptações telefônicas feitas com autorização judicial indicam que o parlamentar atuava no Congresso em favor de Cachoeira. Outras gravações revelaram o envolvimento de servidores públicos do Incra e de funcionários dos governos estaduais de Goiás e do Distrito Federal. Veja abaixo a cronologia e os detalhes do caso: 29.fev - A Polícia Federal prende o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, durante a Operação Monte Carlo, que desarticulou organização que explorava máquinas de caça-níqueis no Estado de Goiás. Foram 82 mandados judiciais, sendo 37 mandados de busca e apreensão, além de 35 mandados de prisão e 10 ordens de condução coercitiva em cinco Estados. 3.mar - Grampos da Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo revelam a ligação entre Carlinhos Cachoeira e políticos de Goiás, incluindo o governador Marconi Perillo (PSDB) e o senador Demóstenes Torres (DEM). 6.mar - Em pronunciamento na tribuna do Senado, Demóstenes Torres negou ter concedido favores a Carlinhos Cachoeira, e disse "não haver motivos" para se defender porque mantinha uma relação de amizade com o empresário, sem qualquer vínculo profissional. 12.mar - O líder do PSOL na Câmara, deputado Chico Alencar (RJ), entrega à corregedoria da Casa pedido de investigação sobre as relações de parlamentares com Carlinhos Cachoeira. 14.mar - Carlinhos Cachoeira e mais 81 pessoas na mira da Operação Monte Carlo são indiciadas pela Polícia Federal por crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, contrabando, formação de quadrilha e violação de sigilo profissional, além da contravenção penal de exploração de jogo de azar. 16.mar - Relatório do Ministério Público Federal mostra que Carlinhos Cachoeira entregou telefones habilitados nos Estados Unidos (para supostamente evitar grampos, o que não 150


aconteceu) a políticos, incluindo Demóstenes Torres (que admitiu à Folha ter recebido o aparelho) e Cláudio Monteiro, chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que negou. O objetivo, segundo o Ministério Público, seria dificultar eventuais investigações. 20.mar - PT, PSB, PDT e PSOL pedem à Procuradoria que investigue a suposta relação de parlamentares --entre eles, Demóstenes Torres-- com Carlinhos Cachoeira. http://www1.folha.uol.com.br/poder/1075181-entenda-o-caso-cachoeira-que-sera-alvo-decpi-no-congresso.shtml

Mas não só o senador Demóstenes deve explicações, como também governadores. "Correio do Brasil, do Rio de Janeiro e Brasília Política - 14/04/2012 - 16:34 CPMI do Cachoeira lista governadores e dono da Veja para explicar ligações com crime organizado Os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, e o dono da revista semanal de ultradireita Veja, Roberto Civita, além do senador Demóstenes Torres – que figura em primeiro lugar na lista dos convocados para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira – deverão ser ouvidos no Congresso sobre as ligações que manteriam com o crime organizado no país. Segundo o deputado Fernando Ferro (PT/PE), Civita deverá ser convocado para explicar os cerca de 200 telefonemas trocados entre o redator-chefe da revista em Brasília, Policarpo Júnior, e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. A CPI também deverá investigar os engavetamentos de investigações pelo Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, e as relações entre Demóstenes Torres e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Nas duas últimas semanas, o noticiário da revista tenta tergiversar com uma tentativa de trazer à pauta o noticiário do julgamento, no STF, que tende a inocentar vários dos acusados de integrar um possível sistema organizado de corrupção na Câmara e no Senado. A CPI também terá a oportunidade de verificar o que há por trás das denúncias que os veículos da mídia conservadora estabeleceram como “mensalão”, após a PF descobrir que haviam interesses nada republicanos, e sim, ao que tudo indica, de organizações criminosas com interesses escusos contrariados na série de denúncias que culminou, ainda no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na queda do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

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Nos grampos efetuados pela PF e vazados para a imprensa, aparecem telefonemas de Cachoeira para Policarpo Júnior que levantam suspeitas de que o bicheiro encomendava matérias de seu interesse para lhe favorecer nos negócios ou prejudicar seus inimigos. Dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish também está na lista dos possíveis convocados para depor na CPMI do Cachoeira. Ele é amigo pessoal dos governadores Marconi Perillo (Goiás) e Sérgio Cabral Filho (Rio de Janeiro), responsáveis pela liberação de recursos milionários para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em seus Estados. Na véspera, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, reafirmou a intenção do governo de investigar todas as denúncias que envolvem a Delta Construções, maior empreiteira do PAC e corrigir eventuais irregularidades. A empreiteira, com acesso franqueado aos governos estaduais do Rio de Janeiro e de Goiás, é citada na Operação Monte Carlo, que prendeu o bicheiro Cachoeira. O diretor regional de Brasília e Goiás, Cláudio Abreu, é apontado como integrante do esquema de Carlinhos Cachoeira. – Isso vai ser investigado. De qualquer maneira, qualquer irregularidade terá de ser corrigida, como a gente sempre faz cada vez que elas são identificadas – disse a ministra. A Delta Construções recebeu do governo de Marconi Perillo, entre janeiro de 2011 a março deste ano, R$ 151,5 milhões em contratos licitados, segundo informações do site ComprasNet, da Secretaria estadual de Gestão e Planejamento, e do Transparência Goiás. Em 2010, por sua vez, na gestão do então governador Alcides Rodrigues, a administração estadual pagou à Delta cerca de R$ 46,7 milhões em serviços de custeio para manutenção de atividades de instâncias de governo. O chega a ser oito vezes maior do que em 2009, quando a empresa recebeu apenas R$ 5,5 milhões. Dos contratos realizados nos últimos 13 meses entre a Delta e o governo de Goiás, 11 deles foram com a Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), principalmente para a execução de obras realizadas em rodovias. Dois outros convênios foram relacionados à secretaria estadual de Segurança Pública (SSP), referentes à locação de automóveis e a obras. No Estado do Rio, a empreiteira recebeu, em 2001, R$ 47 milhões, em 2002, R$ 61,8 milhões, em 2003, R$ 15,1 milhões, em 2004, R$ 76,1 milhões, em 2005, R$ 142,8 milhões, em 2006, R$ 163,9 milhões, em 2007, R$ 67,2 milhões, em 2008, R$ 126,8 milhões, em 2009, R$ 243,4 milhões, em 2010, R$ 554,8 milhões, em 2011, R$ 358,5 milhões e, até agora em 2012, R$ 138,4 milhões. Na Prefeitura do Rio, a Delta também conseguiu fechar contratos milionários, entre 2008 e 2011, no total de R$ 420,2 milhões. Deste total, R$ 186,7 milhões na gestão do atual prefeito, Eduardo Paes (PMDB), em contratos com obras de urbanização e na locação de veículos e

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equipamentos de limpeza urbana. O último deles, fechado em agosto do ano passado, referese à implantação do Parque de Madureira, estimado em R$ 71 milhões. O restante foi pago à Delta Engenharia na administração do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), que também deverá ser chamado a depor na CPMI do Cachoeira. A Delta também foi acusada de praticar preços escorchantes na construção da nova sede do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no antigo prédio do Jornal do Brasil, do qual foi diretor o atual secretário de Saúde do governo Cabral, Sérgio Côrtes. Em agosto do ano passado, a Controladoria Geral da União (CGU) recomendou à direção do Into que exija da empreiteira a imediata “devolução dos valores pagos com sobrepreço e dos serviços executados em duplicidade”. Segundo denúncia do site Consultor Jurídico, o relatório da CGU encontrou um sobrepreço estimado em R$ 23,5 milhões no custo da segunda etapa da construção do hospital. Composição A Secretaria-Geral da Mesa do Senado entregou, na noite passada, ao presidente da Casa e do Congresso Nacional, José Sarney (PMDB-AP), o levantamento sobre como ficará a composição da CPMI do Cachoeira. As indicações dos membros que irão compor a parte do Senado na CPMI serão divididas de acordo com os blocos formados pelos diversos partidos políticos, segundo as informações da Secretaria-Geral da Mesa. Dessa forma, caberão ao bloco de apoio ao governo – que inclui PT, PCdoB, PSB, PDT e PRB – cinco indicações de membros titulares. Ao bloco da maioria – composto exclusivamente pelo PMDB – caberão mais cinco indicações de membros. Ao bloco da minoria, formado no Senado por PSDB e DEM, serão destinadas três vagas. O novo bloco União e Força, formado por PR, PSC e PTB, terá direito a duas vagas. Com essa divisão serão preenchidas as 15 vagas do Senado na comissão mista. Além delas, de acordo com a secretaria, haverá uma vaga extra para garantir espaço aos partidos que não fazem parte de blocos e, portanto, não alcançam o critério da proporcionalidade. Nesse caso, essa vaga deverá ser dividida entre PSOL, PP, PV e PSD. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já adiantou que o partido fará indicações internas para todas as vagas a que terá direito e não pretende ceder para outras legendas. – Somos 21 senadores. Se tivemos 15 membros (do Senado na CPMI), o PMDB irá indicar cinco membros. Não teremos dificuldade porque a bancada é grande – declarou Renan após reunião com o presidente Sarney e o líder do governo na Casa, Eduardo Braga (PMDB-AM). http://www.atibaianews.com.br/ver_not.php?id=23408&ed=Política&cat=Notícias"

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Outra notícia complementar importante. O Estado de S. Paulo: Por Alana Rizzo e Fábio Fabrini Maior empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Delta Construções S.A. teria negociado facilidades em contratos diretamente com a cúpula do Governo do Distrito Federal (GDF), em troca de favores de campanha eleitoral, como indicam grampos da Polícia Federal. Em conversas gravadas na Operação Monte Carlo, aliados do contraventor Carlinhos Cachoeira – acusado de comandar uma rede de jogos ilegais no País – revelam que a diretoria da empresa no Rio “cobrava a fatura” de doações eleitorais ao pressionar o Palácio do Buriti por nomeações e a liberação de verbas. Em 2010, a Delta consta como doadora de R$ 2,3 milhões apenas a comitês partidários no País. Do total, R$ 1,1 milhão foi destinado ao Comitê Nacional do PT e o restante ao PMDB. Não consta na prestação de contas do governador do Distrito Federal eleito, Agnelo Queiroz (PT), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) doação da construtora. Com Agnelo eleito, segundo a PF, a Delta tentava emplacar aliados em cargos-chave de administrações regionais e do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) de Brasília, o que facilitaria seus negócios. Além disso, tentava receber débitos do GDF por serviços supostamente prestados. Segundo revelam os grampos, o então diretor da empresa no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, enfrentava dificuldades para atingir seus interesses, ao que os diretores da Delta no Rio tiveram de tomar as rédeas. “Como ele (Cláudio) tá no ‘pé da goiaba’ e a chefia do Rio é que ficou na negociação de campanha, as autoridades do Rio que mexeram, vieram e cobraram a fatura”, relatou num telefonema o araponga Idalberto Matias, o Dadá, aliado de Cachoeira, ao ex-assessor especial da Casa Militar do GDF Marcelo Lopes, o Marcelão, que aguardava para conversar com o chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro. A conversa foi interceptada pela PF em 31 de março de 2011, dia em que Monteiro foi nomeado para o cargo. “O Cláudio não participou da negociação da campanha. Quem participou da campanha foi os ‘picas’ (sic) do Rio e os ‘picas’ do Rio estão dizendo que o Cláudio não tá dando conta de resolver o problema”, acrescenta Dadá ao interlocutor. Dadá diz a Lopes que Monteiro precisa entender que Abreu, da Delta, tem chefe. “Em cima dele, tem uma porrada de gente.” Reunião. Emissários da Delta no Rio teriam vindo a Brasília em 31 de março de 2011 conversar com representantes do GDF. 154


Num diálogo, Dadá conversa com um funcionário da empreiteira identificado como Andrezinho. Possivelmente, trata-se de André Teixeira Jorge, motorista do engenheiro Cláudio Abreu. Nos diálogos, o araponga explica que Cláudio Abreu está “sem moral” com o governo e que, diante disso, caberia aos seus superiores acionar o “01”. Segundo a PF, “01” era o tratamento dado pela quadrilha ao governador Agnelo. Na mesma ligação, os dois contam que a lista de nomeações no GDF seria levada ao secretário de Governo, Paulo Tadeu (PT). Dias depois, a Delta conseguiu liberar o pagamento de faturas. Na mesma data, o SLU emitiu nota de empenho de R$ 2,8 milhões em favor da Delta, paga na segunda-feira seguinte. Ao longo do ano, a Delta recebeu R$ 92 milhões do GDF, em faturas não raro negociadas pela organização de Cachoeira nos bastidores, como mostram os grampos. Os diálogos sugerem ainda uma relação de proximidade entre Cachoeira e o dono da Delta, Fernando Cavendish. Defesa. Procurada pelo Estado, a Delta confirmou que Cavendish e Cachoeira se conhecem, tendo sido apresentados “socialmente”. “Não há e nem jamais houve convívio maior nem outra relação profissional entre eles. Como a apresentação se deu em um evento social sem maior relevância, não há lembrança específica sobre datas ou assuntos tratados em conversas pessoais”, diz nota da empreiteira. A Delta informou desconhecer “os trechos, o teor e as motivações” das gravações. Segundo a empresa, Dadá não era um de seus funcionários e Abreu foi afastado em 8 de marco em razão das suspeitas levantadas na Monte Carlo. “Ele tinha relações pessoais com o empresário Carlos Augusto Ramos. A extensão e a profundidade dessas relações estão sendo investigadas.” Postado em Política, por Roberto Kenard

NOTA 14- Sama Mineração de Amianto Mais uma mineradora na lista das grandes financiadoras de campanha, cujos comentário já se encontram inseridos na notícia abaixo.

ESTADÃO E o Brasil continua a defender o amianto 10 de maio de 2013 | 2h 08 Washington Novaes É constrangedor. Contrariando parecer do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil há poucos dias absteve-se de votar em Genebra uma resolução no âmbito da Convenção de Roterdã que obrigaria qualquer país exportador de qualquer produto baseado em qualquer variedade de amianto a informar previamente o importador sobre o conteúdo dessa carga perigosa. Não se tratava de proibição de exportar, apenas de informação prévia. Os Ministérios brasileiros do Desenvolvimento e de Minas e Energia tomaram posição contra a resolução sob o argumento de que poderia prejudicar as exportações brasileiras da variedade

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crisotila, que não seria problemática, embora centenas de pareceres científicos no mundo todo digam que é tão prejudicial quanto o amianto. Por isso 66 países já baniram o uso de qualquer variedade - incluídos Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Holanda, Japão, Itália, Hungria, Grã-Bretanha e Estados Unidos; na América do Sul, Argentina, Chile e Uruguai estão entre os países que proibiram a importação. A União Europeia condena o uso. Recentemente, na Itália, dois proprietários de uma grande empresa produtora de artefatos de amianto foram condenados a 16 anos de prisão pelos danos à saúde dos trabalhadores. É, no mínimo, curiosa a posição brasileira contrária à informação prévia na exportação, pois desde 1984 a variedade nacional de amianto vem sendo questionada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que na Resolução 348 incluiu os resíduos de amianto na classe dos perigosos e passou a exigir uma advertência impressa aos consumidores, em todos os produtos, quanto ao risco do consumo. No Senado brasileiro há muito tempo tramita um projeto do senador Eduardo Suplicy que propõe o banimento do produto. Não é só. Vários Estados brasileiros já aprovaram legislação que proíbe o uso do amianto e a exportação, entre eles São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso. A execução da lei, entretanto, está suspensa, à espera do julgamento de recursos dos produtores no Supremo Tribunal Federal. A alegação é de "inconstitucionalidade" dessas leis estaduais. É problemático, já que a Organização Mundial de Saúde calcula que a cada ano morrem 100 mil pessoas que foram expostas aos produtos extraídos - que ela considera cancerígenos - ou seus derivados. E serão 10 milhões de pessoas até 2030, vítimas de cânceres do sistema respiratório e de membranas que recobrem os pulmões, o peritônio e o pericárdio. As mortes também podem estar associadas ao câncer de laringe e ao câncer do ovário. Já o argumento central dos defensores do amianto/crisotila está nos prejuízos que advirão para o município e a região de Minaçu, onde está a extração. Ali quase tudo depende dessa atividade - o emprego, o transporte, a comercialização, a hospedagem, etc. Em mais de três décadas de discussões e questionamentos, entretanto, nada foi feito para lá criar novas atividades substitutivas. Um parecer da Unicamp, de agosto de 2010, observa que o prejuízo econômico "pode ser minimizado por meio de algumas medidas de política industrial (...) e de fomento à pesquisa de novos produtos e materiais alternativos, além dos atualmente disponíveis". Mas o que é imperioso é colocar em evidência o fato de que o Brasil exporta amianto para outros países periféricos e com isso coloca em risco a vida de milhões de trabalhadores". E lembra o veto da União Europeia ao amianto desde 2005. A conclusão final é contundente: "Triste sina a desses países condenados a ficar à mercê de interesses econômicos mais espúrios. Mais triste ainda é o país que permite a exploração desses miseráveis, que possibilita que interesses econômicos se beneficiem da ignorância de populações de países carentes". Observa ainda que se beneficiarão os países que desenvolvem tecnologias mais adequadas. Não está no parecer, mas pode ser lembrado que a indústria produtora em Minaçu é uma das maiores financiadoras de campanhas eleitorais no País. * Washington Novaes é jornalista. E-mail: wrlnovaes@uol.com.br. http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,e-o-brasil-continua-a-defender-oamianto,1030412,0.htm#bb-md-noticia-tabs-1

NOTA 15- CIA Metalic Nordeste

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Apesar de repassar um cifra considerável, não é fácil identificar esta companhia, já que na internet não apresenta "website". Só informações indiretas indicam que é de Fortaleza, do setor de metalúrgica/metalurgia e pertence ao grupo CSN. Já, da CSN tem-se a informação;

"A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é a maior indústria siderúrgica do Brasil e da América Latina, e uma das maiores do mundo. Sua usina situa-se na cidade de Volta Redonda, no médio Paraíba, no sul do estado do Rio de Janeiro, tendo suas minas de minério de ferro e outros minerais na região de Congonhas e Arcos, ambas cidades do estado de Minas Gerais e também de carvão na região de Siderópolis no estado de Santa Catarina. Sua principal usina hoje produz cerca de 6 milhões de toneladas de aço bruto e mais de 5 milhões de toneladas de laminados por ano, sendo considerada uma das mais produtivas do mundo". http://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_Sider%C3%BArgica_Nacional.

NOTA 16- Leyroz de Caxias IND. COM & LOG LTDA

Sem "website" e sem "E-mail", conforme a informação abaixo. Leyroz de Caxias Indústria Comércio & Logística Detalhes do contato Endereço: rua Francisco de Sousa e Melo 251, Rio De Janeiro 21010410, RJ, Tel: 2125840748 Website - nenhum fornecido Email - nenhum fornecido http://www.hotfrog.com.br/Empresas/Leyroz-de-Caxias-Industria-Comercio-Logistica

NOTA 17- JBS Friboi

Segundo dados da internet, esta empresa surgiu em 2009, quando a JBS e a Friboi se uniram e, já no pleito de 2010, doaram a quantia de R$ 30.105.900,00. Como a lei eleitoral determina como limite máximo de doação somente 2% sobre o faturamento bruto da empresa no ano anterior, significa que este abatedouro lucrou em 2009 a bagatela de 1.5 bilhão de Reais. Este é um fato a confirmar.

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O que levaria uma empresa destas a "investir" tanto na política? A reprodução parcial da notícia abaixo revela detalhe interessante do JBS Friboi.

Mercado aprova a escolha de Henrique Meirelles para conselho da holding J&F O mercado recebeu com entusiasmo a nomeação do ex-presidente do Banco Central (BC) Henrique Meirelles para o conselho da J&F, holding que controla, entre outras empresas, o frigorífico JBS. Outro ponto destacado pelos analistas é que a notória experiência de Meirelles na área financeira veio em um momento oportuno para a JBS, já que o nível de endividamento é apontado pelo mercado como o "calcanhar de aquiles" da empresa. Com uma dívida líquida de R$ 8,5 bilhões, a empresa desembolsou R$ 1,5 bilhão para fazer frente a obrigações financeiras nos nove primeiros meses de 2011 - valor 18% superior ao seu lucro operacional no período, de R$ 1,2 bilhão. Além do JBS, a J&F controla a fabricante de produtos de higiene e limpeza Flora, o Banco Original, a J&F Oklahoma, maior empresa de confinamento de gado dos Estados Unidos, e a Eldorado, do setor de celulose. http://www.romasul.com.br/noticia/mercado-aprova-a-escolha-de-henrique-meirelles-paraconselho-da-holding-jf.html

Porém, se o frigorífico já havia chamado a atenção pelo valor doado, chamou mais atenção, ainda, pelo envolvimento noticioso com o escândalo do bicheiro Carlinhos "Cachoeira". Câmara dos Deputados / Agência Câmara de Notícias 10/05/2012 17:38 PPS quer convocar Delta, JBS/Friboi e BNDES na comissão de Fiscalização da Câmara Integrante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), informou há pouco que apresentou requerimento na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, convocando o atual presidente da Construtora Delta, Carlos Alberto Verdini; um dos controladores da holding J&F, Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central no Governo Lula; e o atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para que eles deem esclarecimentos sobre a possível compra da Construtora Delta pela JBS/Friboi, que faz parte do conglomerado da J&F. Segundo investigações da Polícia Federal, a Delta tem envolvimento com o esquema do contraventor Carlos Cachoeira.

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De acordo com Rubens Bueno, um empréstimo de R$ 10 bilhões do BNDES à holding J&F pode estar sendo usado na compra da Delta. “A Delta está sub judice, e essa compra pode apagar as digitais dos crimes que possam ter acontecido na empresa, inclusive caixa dois que pode ter beneficiado a empresa de Carlos Cachoeira e políticos de diversos partidos”, destacou Bueno. Delta ainda não investigada Já o senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que o depoimento da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues nesta quinta-feira à CPMI, que está em andamento, ressalta que a Delta nacional não foi investigada até agora. “Mesmo a Polícia Federal já tem indícios para a abertura de uma investigação, e a venda da Delta é preocupante”, disse o senador. “Uma empresa de 40 anos, que tem contratos de R$ 5 bilhões somente no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento, principal vitrine de obras dos governos Lula e Dilma Rousseff] e 35 mil colaboradores não pode desaparecer de uma hora para outra”, acrescenta. Por sua vez, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) afirmou que o presidente do BNDES também deve ser convocado para dar explicações na CPMI do Cachoeira, já que cerca de 31% do capital da holding J&F é de propriedade do banco oficial de fomento. http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/POLITICA/416923-PPS-QUER-CONVOCARDELTA,-JBSFRIBOI-E-BNDES-NA-COMISSAO-DE-FISCALIZACAO-DA-CAMARA.html

A notícia seguinte esclarece como as ações de governo são confusas e contraditórios os interesses.

WWW.MIDIANEWS.COM.BR / FOGO AMIGO 12.05.2012 | 11h17 - Atualizado em 12.05.2012 | 11h21 JBS-Friboi e Delta / Taques questiona agilidade na transação DA REDAÇÃO Em sua coluna, o jornalista Cláudio Humberto lembra que, hoje, em obsequioso silêncio, a Central Única dos Trabalhadores, braço sindical do PT, foi contra o empréstimo de R$ 10 bilhões do BNDES ao JBS-Friboi, em 2011. Agora, o grupo comprou a Delta, enrolada no esquema do bicheiro Cachoeira. A CUT até acusou o grupo goiano – gigante mundial do setor frigorífico – de deixar “rastro de sangue” com muitos acidentes de trabalho, excesso de jornada e “superexploração”. (Segue a notícia) HTTP://WWW.MIDIANEWS.COM.BR/CONTEUDO.PHP?SID=260&CID=119114

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Neste caso pode ser observada uma sequência interessante: é preso o contraventor Carlinhos Cachoeira, que têm relações e controle sobre alguns congressistas/governistas e já teria tomado a iniciativa de comprar um partido político; investigações indicam que Cachoeira tem ligações com a Construtora Delta; esta empresa é a que mais recebe verbas governamentais referentes a um dos principais programa/propaganda da eleição de Dilma, o "minha casa, minha vida"; mesmo depois de evidenciado o envolvimento da empresa com atitudes criminosas, o frigorífico Friboi imediatamente surge como comprador de tal empresa; por mera coincidência, não mais que isto, a J&F Holding que controla o Friboi, tem como proprietário de 31% da suas ações o BNDES; este banco faria um empréstimo de R$ 10 bi (dinheiro público) à J&F Holding para a compra de uma empresa tida como fraudulenta; novo e tremendo acaso, Henrique Meirelles, que foi do governo Lula exercerá "funções administrativas" do futuro negócio; a intenção é de que a compra seja feita rapidamente! Contudo, todo o negócio é abandonado, assim como iniciou, repentinamente. Só não é rápido e público o desenrolar da CPMI sobre a corrupção envolvendo Executivo e Legislativo, e que tem como expoente o ex-impedido-presidente Fernando Collor. NOTA 18- Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) CNPJ 33.131.541/000108

Está na "Wikipedia": A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) é uma empresa brasileira de mineração, com sede em Araxá, no estado de Minas Gerais, que tem como foco a exploração de nióbio. A empresa é de propriedade da família Moreira Salles, também proprietários do conglomerado Unibanco. No "site" do TSE surge doando sob dois números de CNPJ, respectivamente abaixo: - 12.177.426/0001-02 - ao se abrir este arquivo aparece o nome de Antonio Augusto Junho Anastasia (PSDB - MG), atual governador de Minas Gerais, de onde se presume que este recebeu os valores e os repassou a outros políticos, todos de Minas. - 33.131.541/0001-08 - neste caso surge o nome CBMM - CIA BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERAÇÃO, favorecendo políticos de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas. Se as informações do TSE estiverem corretas, o fato é interessante, pois uma empresa além de poder doar a um partido para este repassar ao seus filiados, também surge confiando valores a um candidato (no caso a governador) e este irá privilegiar o grupo que lhe dará apoio administrativo futuro. Perguntar-se-ia; os critérios partidários são os mesmos particulares? Informações do "site" da empresa.

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A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, do Grupo Moreira Salles, é uma empresa nacional que extrai, processa, fabrica e comercializa produtos à base de nióbio. Uma Conta de Participação nos Lucros entre a estatal CODEMIG e a CBMM garante a exploração racional do depósito de nióbio localizado próximo à cidade de Araxá, em Minas Gerais. O contrato concede 25% de participação nos lucros operacionais da CBMM ao Governo do Estado de Minas Gerais. http://www.cbmm.com.br/portug/index.html"

Assim, faz parte do Grupo Moreira Salles o Unibanco, que doou como Itaú-Unibanco a quantia de 23.600.000,00

NOTA 19- Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) CNPJ 12.177.426/000102 Este número de CNPJ também pertence a "ELEIÇOES 2010 ANTONIO AUGUSTO ANASTASIA GOVERNADOR", ou seja, possivelmente o candidato recebeu este valor e o repassou a políticos do seu estado, pertencentes aos seguintes partidos; PR, PDT, PSL, PSC, PSDB.

NOTA 20- MBR - MINERAÇÕES BRASILEIRAS REUNIDAS S.A.

Resultado de busca na internet.

"A MBR é uma das maiores produtoras e exportadoras de minério de ferro do mundo, sendo que a MBR Overseas, sua controlada, possui um núcleo na Áustria e outro em Bermuda. A MBR é controlada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que detém indiretamente 90% do seu capital. http://www.securities.com/Public/companyprofile/BR/Minera%C3%A7%C3%B5es_Brasileiras_Reunidas_SA_Mbr_pt_1151495.htm Auditores: Price Waterhouse Coopers (1999)

A MBR é a empresa que doou R$ 100.000.00 ao deputado Nicias (PSDB-PA), que faz uma campanha desarvorada pela construção de Belo Monte, justificando que o dono do Brasil, ou seja, quem manda no Brasil é o Congresso Nacional.

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NOTA 21- VALE FERTILIZANTES S/A - FOSFOFERTIL

Como o conglomerado (Vale Fertilizantes, Urucum mineração, Vale Manganês), o total doado pelo grupo foi R$ 40.450.000,00. A Vale foi uma das estatais que, literalmente, foi presenteada à iniciativa privada durante o governo de FHC.

NOTA 22- URUCUM MINERAÇÃO

A Urucum Mineração é uma empresa brasileira do ramo da mineração com sede em Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brasil. Foi fundada em 1976 e é controlada pela Companhia Vale do Rio Doce para extrair minério do Maciço do Urucum. http://pt.wikipedia.org/wiki/Urucum_Minera%C3%A7%C3%A3o

NOTA 23- GERDAU A empresa notabilizou-se por suas doações, não apresentando limite partidário ou ideológico, repassando um total de R$ 14 milhões. Segundo declarações do Partido Progressista (PP) do RS, feitas ao TSE sobre as eleições de 2010, as doações recebidas tiveram origem do Diretório Nacional, no valor de R$ 10.000,00 e da Gerdau, que alcançou R$ 250.000,00. Como será que votarão os sete deputados pepistas, quando na Assembleia Legislativa do RS surgirem matérias que confrontarem interesses da população e da Gerdau?

NOTA 24- VOTENER - VOTORANTIM COMERCIALIZADORA DE ENERGIA LTDA CNPJ 03.984.862/0001-94

O grupo Votorantim apresenta várias inserções no mercado, como a Votorantim Metais, Celulose e Papel, Metais Zinco, Cimento, Siderurgia e Cartões (Banco Votorantim). Especificamente, o Banco Votorantim foi comprado pelo Banco do Brasil, logo após a crise financeira global de outubro de 2009. O valor da compra de R$ 4,2bi corresponde ao que perderam na crise a Aracruz (R$ 1,95 bi) e a Votorantim Celulose e Papel (2,3 bi), muito embora este números variem bastante (alguns "site" citam um prejuízo de R$ 4,21 bi só para a Aracruz). 162


As notícias vinculadas, vistas de forma sequencial, mostram o ordenamento negocial de compra e venda, até o resultado final da nova empresa Fibria. Outubro de 2008:

18/10/2008-10h50 Crise financeira derruba fusão de VCP com Aracruz AGNALDO BRITO da Folha de S.Paulo A VCP (Votorantim Celulose e Papel) anunciou ontem, em teleconferência com analistas, a suspensão definitiva da fusão com a Aracruz. O fechamento do negócio aconteceria no dia 6 de outubro, mas foi postergado devido aos problemas financeiros da Aracruz gerados por uma malsucedida operação financeira com derivativos cambiais, pela crise de crédito do mercado internacional e pela redução da demanda internacional por celulose, efeito que já começa a paralisar unidades no Brasil. http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u457675.shtml Início de janeiro de 2009:

"09/01/09 - 10h31- Atualizado em 09/01/09 - 11h34 Banco do Brasil compra parte do banco Votorantim por R$ 4,2 bilhões A conclusão da operação depende da aprovação do Banco Central. Financeira do Votorantim é uma das maiores em financiamento de autos. O Banco do Brasil fechou compra de parte do Banco Votorantim nesta sexta-feira (9). Pelo acordo, o BB terá 49,99% do capital votante da instituição e 50% do capital social. A conclusão da operação ainda depende da aprovação do Banco Central do Brasil e demais autoridades. Em nota, o Banco do Brasil aponta que a operação tem como objetivo "fortalecer sua atuação no financiamento a veículos, mercado em que o Banco Votorantim atua com destacada especialização e rápido crescimento".(segue a notícia) http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL949226-9356,00BANCO+DO+BRASIL+COMPRA+PARTE+DO+BANCO+VOTORANTIM+POR+R+BILHOES.html"

Final de janeiro de 2009: "20/01/2009-10h30 Votorantim compra 28% da Aracruz e pode assumir controle da empresa

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da Folha Online Atualizada às 11h24 A VCP (Votorantim Celulose) anunciou nesta terça-feira que adquiriu 28,03% do capital votante da Aracruz por R$ 2,71 bilhões, se tornando uma das principais acionistas da empresa. A VCP pode comprar ainda outra participação de igual tamanho nos próximos dias, o que a faria sócia majoritária da Aracruz e tornaria o grupo o maior produtor de papel e celulose do mundo. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) vai desembolsar até R$ 2,4 bilhões para viabilizar o negócio". http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u492138.shtml

Desta fusão surge a Fibria, graças à compra do Banco Votorantim pelo Branco do Brasil, que "do capital votante da Aracruz de R$ 2,71 bi", o "BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai desembolsar até R$ 2,4 bilhões". Num país com tantas

carências,

tantas

necessidades

sociais,

justamente o Banco Nacional

de

Desenvolvimento Econômico e Social, que não tem absolutamente nada de "social", repassa "até" R$ 2,4 bilhões para uma empresa particular. Os deputados sabiam desta transação e a pergunta é; por que não fizeram nada? Os interesses públicos e sociais foram atendidos neste comércio em que dinheiro público foi repassado para interesses privados? A omissão política teve por base o repasse de R$ R$ 15.184.689,37 feito pelo conglomerado Votorantim (deve ser somada a doação da Fibria) nas eleições 2010 (mesmo que o repasse tenha ocorrido depois da "quebradeira", isto não isenta de que a Câmara atuasse na defesa dos interesses cidadãos).

NOTA 25- Suzano Papel e Celulose S.A. / PC do B - SP A companhia Suzano nas eleições de 2010 fez 684 repasses a candidatos do PCdoB só do estado de São Paulo, num valor total de R$ 2.809.819,37. A forma como ocorreu é tão interessante quanto confusa, mas não só ela o fez desta forma, pois outros casos como o relatado a seguir são observados. Na consulta ao "site" TSE sobre doadores de campanha nas eleições de 2010 tem-se o grupo Suzano com diferentes números de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Quando se escolhe o CNPJ 12.181.908/0001-28 surge uma tabela, só que na coluna de "Doador" tem-se agora o "Comitê Financeiro Estadual/Distrital para Deputado Estadual" e na coluna de "Nome do Candidato" os diferentes beneficiados. Para confundir ainda mais, nesta mesmíssima lista aparece como recebedor de R$ 83.121,49 o candidato Aldo Rebelo (linhas 237 a 246). Entretanto, em linhas posteriores (674 e 164


681 a 684), este vai aparecer na coluna "Doador" com a identificação de "Eleições 2010 Aldo Rebelo - Deputado Federal" e, incrível, com o mesmo CNPJ da Suzano. Como entender ou justificar algo assim? Embora tenha telefonado e conversado diretamente com pessoas do TSE em Brasília, confesso que não compreendi a explicação de como isto pode acontecer. Adiante na confusão. Na consulta à declaração de contas do PCdoB/SP desta mesma eleição vai constar duas doações da Suzano Papel e Celulose S.A., só que agora com o CNPJ 16.404.287/0001-55. A pergunta óbvia é: onde estão as demais doações?

- Anexo 2 No mesmo sentido do Anexo 1, ilustra-se somente uma pequena parte do financiamento for feita agora para empresas de capital estrangeiro. Oportunamente surge a pergunta: O que faz uma empresa internacional ter interesse nos processos eleitorais no Brasil? Será que elas também estão empolgadas em desenvolver a nossa democracia?

Tabela 31- Quadro geral de alguns doadores internacionais, implicados ou não em algum fato relacionado acima, expondo os valores repassados às campanhas políticas. Fonte www.tse.jus.br Empresa Banco Santander Socominter Sociedade Comercial

DoaçãoObservação 1.896.328,80 200.000,00Nota 1

Internacional BROOKLIN COMPANY SA

200.000,00Nota 2

KINROSS BRASIL MINERAÇÃO S/A

100.000,00Nota 3

Mineração Anglo Gold Ashanti Brasil /

920.000,00Nota 4

ANGLO AMERICAN BRASIL EDK Mineração S/A Tractebel Energia Brasken Bunge Alimentos

90.000,00 3.425.000,00Nota 5 200.000,00 2.833.000,00

Celulose Nipo-Brasileira

597.166,48

CMPC - Celulose Rio Grandense

859.587,54

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Golden Leaf Tobacco

30.000,00

GOLDEN LEAF TOBACCO

60.000,00Nota 6

RECOFARMA INDÚSTRIA DO AMAZONAS CIA Ítalo Brasileira de Pelotização ITABRASCO CIA Coreano Brasileira de Pelotização -

7.100.000,00Nota 7 997.806,52 1.405.864,68

KOBRASCO CIA Nipo Brasileira de Pelotização -NIBRASCO

1.896.328,80

HAZTEC Tecnologia e Planejamento

1.329.000,00Nota 8

Ambienta S/A TRUE ACCES CONSULTING

650.000,00Nota 9 Total

146.345.912,20

NOTA 1- SOCOMINTER SOCIEDADE COMERCIAL INTERNACIONAL Não foi encontrado "website" ou E-mail desta empresa.

NOTA 2- BROOKLIN COMPANY SA Não se encontra nenhuma informação clara na internet sobre o que é a empresa.

NOTA 3- KINROSS BRASIL MINERAÇÃO S/A

Empresa mineradora canadense que tem sede no Brasil, no Estado de Goiás, sendo operada pela sócia AngloGold Ashanti. Os níveis anuais de produção de ouro chegam a 6 toneladas (não informa se é ao ano), com teor aurífero de 7,4 gramas por tonelada. A unidade brasileira corresponde a 20% da produção mundial da empresa.

Mais informações da internet.

"Company Overview of Kinross Brasil Mineracao S.A. Kinross Brasil Mineracao S.A. offers gold mining services. The company owns the Morro do Ouro mine in Brazil. Kinross Brasil Mineracao S.A was formerly known as Rio Paracatu Mineracao S.A. Kinross Brasil Mineracao S.A. was founded in 1987 and is based in Paracatu, Brazil. As of December 31, 2004, Kinross Brasil Mineracao S.A. is a subsidiary of Kinross Gold Corporation. http://investing.businessweek.com/research/stocks/private/snapshot.asp?privcapId=5390934"

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Sob o título de "Responsabilidade corporativa", o "site" da empresa se apresenta com "o princípio da boa vizinhança está presente em qualquer lugar onde a Kinross opera. A responsabilidade social é considerada valor primordial na empresa. Conheça os projetos e iniciativas da Kinross em busca de um mundo harmonioso". Entretanto, outra relação está representada abaixo.

"Mineradora prejudica comunidades quilombolas Observatório ECO / Direito Ambiental Da Redação em 24 março, 2011 A Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal (CCAF), da Advocacia-Geral da União (AGU), esteve em Paracatu (MG), para conhecer as comunidades quilombolas prejudicadas por mineradora. A AGU atua no município para solucionar controvérsia envolvendo a demarcação de territórios quilombolas. A área é explorada pela mineradora canadense Kinross Brasil Mineração S.A e está em processo de demarcação pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). http://www.observatorioeco.com.br/mineradora-prejudica-comunidades-quilombolas/"

NOTA 4- ANGLOGOLD ASHANTI Seu "site" mostra, já na abertura, o título de "brasilidade", e repassa as seguintes informações, reproduzidas parcialmente;

"A AngloGold Ashanti é uma das maiores produtoras de ouro do mundo. Com sua matriz em Johanesburgo, na África do Sul, a empresa possui 21 operações em 10 países, divididos em quatro continentes. Em 2009, a AngloGold Ashanti produziu 143 toneladas de ouro, posicionando-se como uma das líderes na produção mundial. São mais de 63 mil pessoas trabalhando na empresa, mundialmente. No Brasil desde 1999, o grupo possui duas empresas: a AngloGold Ashanti Córrego do Sítio Mineração, em Minas Gerais, e a Mineração Serra Grande, em Goiás, uma joint venture com a canadense Kinross Gold Corporation. http://www.anglogoldashanti.com.br/Default.aspx"

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No Brasil, esta empresa parece representar interesses da ANGLO AMERICAN BRASIL, que é formada por unidades de negócio e com uma estrutura de diretoria corporativa para Níquel, uma estrutura para Nióbio e Fosfato e um corpo de diretores operacionais.

NOTA 5- TRACTEBEL

Resultado de busca na internet informa que é uma subsidiária do Grupo GDF SUEZ (68,7%). Pelo seu lado, 36% da GDF pertence ao governo francês.

"A Tractebel Engineering (GDF SUEZ) é representada no Brasil pela LEME, uma das principais empresas de engenharia consultiva da América Latina, com mais de 45 anos de experiência nos segmentos de energia e infraestrutura. Desde 2009, passamos a atuar também no mercado de carbono, a partir da aquisição da Econergy do Brasil. E, em parceria com as demais empresas do Grupo Tractebel Engineering no mundo, estamos aptos ainda a oferecer consultoria em projetos nos segmentos Nuclear, Gás e Industrial. http://pt.leme.com.br/"

A Tractebel vem sendo financiada com bilhões de Reais surrupiados de verbas do povo brasileiro, através do BNDES. A notícia seguinte sobre a Hidroeletrica de Jirau está reproduzida parcialmente, mas mostra como o dinheiro público é desviado para atender interesses extrangeiros, no caso franceses. Aliás, esta é a explicação do porquê da teimosia de construir hidroeletricas, como Belo Monte: poderosos interesses internacionais, que compraram políticos já nos processos eleitorais.

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/508423-gdfsueznegociarecursoextradobndesparaausinadejirau

GDF Suez negocia recurso extra do BNDES para a usina de Jirau

Os recentes conflitos no canteiro de obras da hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, não afetam os planos do grupo franco-belga GDF Suez no Brasil. Acionista majoritária do empreendimento e controlador da maior geradora de energia privada do país, a Tractebel Energia, a companhia está negociando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um adicional de financiamento para a usina e ainda avalia a possibilidade de adquirir a participação da Camargo Corrêa no negócio.

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A reportagem é de Rodrigo Polito e publicada pelo jornal Valor, 12-04-2012.

O acordo com o banco está sendo costurado pelo consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR), responsável pela usina. A GDF Suez tem 50,01% da sociedade, que conta ainda com a participação de Eletrosul (20%) e Chesf (20%), além da Camargo Corrêa, com 9,9%. Os recursos serão destinados para a expansão da hidrelétrica, que terá mais seis turbinas, totalizando 50 unidades, o que vai aumentar a capacidade da usina de 3.300 MW para 3.750 MW. Durante entrevista exclusiva concedida ao Valor na semana passada, no Rio de Janeiro, o presidente da GDF Suez no Brasil, Maurício Bähr, afirmou que essa ampliação vai demandar pouco mais de R$ 1 bilhão em investimentos, elevando o orçamento total da obra para R$ 15,1 bilhões. "Temos um empréstimo no BNDES de R$ 7,2 bilhões. Estamos negociando agora um aumento desse valor, em função da expansão da usina. Não tem um valor final definido ainda. O BNDES está fazendo as contas", explicou Maurício Bähr. A GDF Suez pretende repassar sua participação em Jirau para a subsidiária Tractebel Energia no fim deste ano, quando o grupo acredita que os principais riscos da obra já estarão mitigados. Braço da empresa com ações listadas na BM&FBovespa, a Tractebel concentra todos os ativos de geração em operação do grupo franco-belga no Brasil e é hoje a maior geradora privada de energia do país, com quase 7 mil MW de potência.. Com o repasse, a Tractebel Energia reforçará sua posição de maior geradora privada do país, atingindo 8,9 mil MW de potência instalada. O montante, mais de três vezes superior ao da segunda colocada, a AES Tietê (2,7 MW), equivale a 7,5% de todo o parque de geração brasileiro. A GDF Suez ainda avalia oportunidades no mercado para negociar a parcela de energia que detém no projeto destinada ao mercado livre. Segundo Bähr, o cenário atual é interessante, com tendência de elevação dos preços, devido à proximidade do fim do período chuvoso e à percepção, pelos agentes, de que um grande bloco de energia de termelétricas atrasadas não estará disponível nos próximos anos. "O mercado agora está tendo uma leitura mais adequada em função dos atrasos. Já sabíamos há algum tempo que uma série de usinas não entrariam em operação e que isso seria refletido no preço", explica Bähr. O executivo avalia que os contratempos ocorridos em Jirau e noutras hidrelétricas em construção vão alterar a perspectiva que os geradores tem em relação aos investimentos em novas hidrelétricas no Brasil. Na prática, os riscos ambientais das obras terão um peso maior no lance das empresas nos leilões de geração, o que levará a preços mais elevados para a energia hídrica no país. "Vamos ter uma energia mais cara no futuro porque nenhum empreendedor nos 169


próximos leilões vai imaginar que vai conseguir fazer a obra dentro do cronograma". Com atuação no setor elétrico brasileiro desde 1998, quando ganhou a concessão da hidrelétrica de Cana Brava, no rio Tocantins, em Goiás, a GDF Suez pretende ingressar no mercado de gás natural do país, mas ainda não vê oportunidades economicamente viáveis no momento. "Nunca houve a oportunidade dentro da relação custo benefício risco que nós estamos preparados para assumir" conta Maranhão.

NOTA 6- GOLDEN LEAF TOBACCO

Impossível de saber se é nacional ou internacional. A indicação é que tem localização no estado da Bahia.

NOTA 7- RECOFARMA INDÚSTRIA DO AMAZONAS É a Coca-Cola. Cumpre ressaltar que o setor de bebidas surge como grandes financiadores de políticos. Possivelmente este seja o motivo por que ainda é permitida a propaganda de bebidas alcoólicas na televisão.

NOTA 8- HAZTEC TECNOLOGIA E PLANEJAMENTO AMBIENTAL S/A

A Haztec Tecnologia e Planejamento Ambiental S.A. foi fundada em 1999 e, desde então, passou por um notável crescimento, não apenas orgânico, mas também corporativo, através da incorporação de sete importantes empresas brasileiras: Geoplan, Gaiapan, Novagerar, Aquamec, Hidrogesp, Gaia e Tribel. No período entre 2007 e 2008, além da SYNTHESIS EMPREENDIMENTOS LTDA, passaram a ser acionistas da Haztec o FUNDO INFRABRASIL, gerido pelo Banco Santander S.A., e o BRADESCO BBI, braço de investimentos do Banco Bradesco S.A.

NOTA 9- TRUE ACCES CONSULTING

Forneceu a Segurança da Informação dos votos eletrônicos nas eleições. E financia processos eleitorais!!!

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- Considerações finais

Não é a política que faz o candidato virar ladrão. É o seu voto que faz o ladrão virar político. (autor desconhecido)

É nosso entendimento que as evidências acima demonstram claramente alguns fatos, tais como: o Estado sob o domínio de interesses privados; que estes interesses alcançam a ingerência administrativa mediante o financiamento particular de campanhas; que a relação estabelecida entre financiador x financiado

forma um vínculo de compromisso e

subalternidade do futuro eleito; que este "mercado de financiamento" arregimenta pessoas sem permear questões de ética ou moralidade (em alguns casos parece ocorrer o contrário); e que este sistema de financiamento é o responsável pelo incremento da corrupção observada no momento. Todavia, para que se desenvolva um estudo mais abrangente do problema, por um momento, afasto-me dos relatos aqui feitos, indo observar como se organizam, compõem e se relacionam os diferentes níveis que estruturam a sociedade. Para tanto, lanço mão da análise organizacional do Estado sob a óptica de Marx, e ainda detalhada por Gramsci, onde se constata que o mesmo se organiza em três níveis: o da infraestrutura; o da estrutura; e da superestrutura. No primeiro, considerado a base da sociedade, encontram-se a burguesia e o proletariado, num eterno confronto de interesses entre "empregadores" e "empregados". Sinteticamente pode-se dizer que, enquanto um busca e explora a mão de obra mais barata, o outro luta pelo que entende como a justa remuneração. Nesta classe os patrões dominam o capital e têm a posse de grandes conglomerados como a imprensa, consórcios, empresas, bancos... Entretanto, a inesgotável ânsia pelo lucro que é típica do sistema capitalista - faz com que tais corporações busquem incessantemente incrementar lucros e, para tanto, adotam novas formas de dominação e exploração. Pelo seu lado, os assalariados também defendem seus interesses, lançando mão de diferentes formas de luta organizada, sendo a greve uma das mais correntes. 171


E aqui já se tem um ponto de discussão de como os movimentos grevistas sofreram alterações indiretas e significativas por conta do financiamento particular de campanhas e, exemplificado nas atuações cutistas, significativamente partidarizada. "Greve" não é um tumulto ou caos, mas se desenvolve pela ação criativa da própria classe trabalhadora a qual, organizada e sincronizada por "lideranças sindicais", atua com ações "paredistas" como forma de pressão para alcançar seus objetivos. Se aprofundarmos esta análise na última década, constatamos que tais "lideranças sindicais" modificaram drasticamente suas posturas desde a ascensão da "esquerda" ao poder (2002), já que também elas foram chamadas para compor órgãos de governo. O que deveria estar longe do poder, passa a fazer parte do próprio poder. Como já visto, dirigentes da CUT foram alçados a cargos em estatais, e agora, assalariados com verbas públicas, usaram a "máquina sindical" em benefício de partidos e políticos, afastando-se da defesa dos interesses dos trabalhadores. Considero que esta é a "década de ouro do peleguismo" no Brasil, que deu suporte aos partidos e políticos financiados eleitoralmente pelo capital, e com uma agenda de trabalho centrada na defesa de interesse destes financiadores. O melhor exemplo desta constatação surgiu com a proposta da reforma da Previdência, contra a qual o PT e a CUT atuaram ferozmente antes da eleição de Lula. Conta a história que a aprovação se deu exatamente dentro de liames capitalistas; com a compra do voto de vários congressistas, escândalo nominado de "mensalão"! Quem tinha interesse em alterar tais regras? Quem tinha dinheiro para financiar tal compra de votos? A reposta, por demais óbvia, mostra que unicamente os detentores do capital têm condições financeiras e interesse comercial nas alterações. No entanto, a atuação contra os trabalhadores precisou ser ampliada, já que houve uma reorganização na luta contra capitalismo/peleguismo, fazendo com que surgisse, por exemplo, o chamado Conlutas. Pelo seu lado, o patronato pressiona o Supremo para que ele "regulamente o direito de greve", o que, traduzido, significa: tirem a força das greves! Ou seja, o mesmo poder que compra os políticos, obtém vitória no Supremo e as paralisações coletivas, previstas na legislação dos povos livres, sofre agora o cerceamento "legal" por um poder de Estado. Um ato livre e de iniciativa dos trabalhadores e, não há como negar, que em algumas greves ocorrem excessos ou incidentes das mais variadas ordens, iniciadas tanto pelos

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grevistas, quanto pelos agentes repressores. Entretanto, tais confrontos não caracterizam e não são propósito de tais ações na quase totalidade dos casos. Todavia, se ocorrerem, os movimentos grevistas deveriam ser responsabilizados por possíveis danos que causam à sociedade civil (a "estrutura" de Marx e Gramsci), tais como quebra-quebra e violências, mas que são ocorrências já previstas dentro das legislações que regem as sociedades. Ou seja, as greves já encontram normativas (que não foram feitas especificamente para ela, mas as quais lhe ordena e limita), não sendo necessário novas imposições e regramentos vindo de cortes supremas. Entretanto, a classe patronal faz incursões e pressões sobre o judiciário, que passa a imaginar leis que visam limitar a ação paredista, descaracterizando e cerceando a principal possibilidade de luta dos trabalhadores. Um exemplo é o de obrigar que nas paralisações tenha um mínimo de funcionários presentes no trabalho, fato que só visa destroçar a ação organizada e conjunta. O "burgo midiático" é um dos principais fatores de pressão sobre o Judiciário. Exemplifico. Em greves dos serviços públicos, especificamente quando as atividades educacionais param, surgem inúmeras reportagens com jovens que "se prepararam para o vestibular e viram seu sonho acabar". Ou o "aluno que não consegue estudar" porque o professor é grevista. Mostram salas de aulas vazias, abandonadas e salientam o "desperdício do dinheiro público". Uma das matérias preferidas são "as férias familiares prejudicadas" e mais "sonhos que se acabam". Tais matérias não visam nem beneficiam a verdade dos fatos! Proporcionalmente, são poucos os jornalistas que abordam a baixa qualidade de ensino, prédios caindo e banheiros que não funcionam, falta de pessoal, equipamento ou reagentes nas universidades. Dando continuidade a análise da sociedade na visão de Gramsci, vê-se que a "superestrutura" está composta pelo Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário), suas leis, os partidos políticos, os serviços públicos (educação, saúde, saneamento, etc.), o aparelho repressor (polícias), entre outros. E é exatamente este conjunto administrativo que está na mira da classe dominante, a qual atua desde a "infraestrutura" no seu objetivo de influenciar e, em muitos casos, literalmente gerenciar em seu benefício os órgãos da "superestrutura". Novamente reforço que a sua forma de agir é através do financiamento eleitoral ou, mais claramente, mediante a compra de partidos e candidatos nos processos eleitorais, quando se estabelecendo a relação subalterna já citada. 173


Se assim o é, e para existir uma relação de "compra e venda", tudo indica que os financiadores buscam candidatos que entendam como normal colocar o seu mandato a serviço de quem lhes financiou. Ainda, as pessoas que aceitam este tipo de relação subalterna, via de regra já têm um histórico de corrupção ou, no mínimo, de malversação da "coisa pública". Para eles a carreira política é como um negócio, uma empreitada financeira com consequente retorno financeiro. Também anseiam as mordomias, os cargos, o luxo, as verbas extras, o esplendor, a pompa, a ostentação... Denúncias, fatos contundentes e desagradáveis, corrupção explícita, criminalidade em disparada, insegurança social/jurídica, saúde em colapso, educação rebaixada, compra de políticos, entre outros tantos, são sinais inegáveis das consequências deste domínio. Podem ser considerados tão somente como um "sobrenadante", a ponta do "iceberg" da degradação do Estado brasileiro. Para acabar com isto seria necessária uma campanha nacional pela redução de verbas e mordomias para os políticos. Tal iniciativa não partirá dos políticos, terá de ser uma ação popular. Os cadernos jornalísticos dedicados à política cada vez mais abordam corrupção, desvios de verbas, compra e venda de votos, superfaturamento, transformando-as em verdadeiras páginas policiais. Este fato compromete o Congresso Nacional, onde já se pode, inclusive, auferir o preço de alguns votos, conforme foi revelado no mensalão. As consequências que este sistema vem ocasionando no Brasil é alarmante, como comprova a análise da sequência de mando das pessoas responsáveis pela gerência do Estado. Iniciamos pela presidência da República. Sabe-se que Dilma, enquanto ministra, surgiu envolvida num escândalo jornalístico, por ter interferido junto à secretária da Receita Federal, Lina Vieira, para que esta agilizasse a fiscalização sobre o filho do Sarney. A mensagem foi entendida como uma exigência de interrupção dos trabalhos que desenvolvia. O resultado final é que Lina não atendeu e foi despedida; Dilma negou e continuou no cargo; ninguém investigou nada sobre o ocorrido e, ao que tudo indica, também o filho do Sarney não foi investigado! Quanto ao Vice-Presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), ele tem espaço reservado no livro de Palmério Dória intitulado "Honoráveis Bandidos". Aliás, este livro conta exatamente a trajetória de José Sarney e familiares, o mesmo protegido de Dilma (e de Lula), com adjetivações como a do título. Então, sobre o vice, conta um trecho:

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Pouco depois do massacre do Carandiru, em outubro de 1992, Fleury Filho indica Michel para a Segurança Pública. Ele organizou a Secretaria, criou condições de trabalho, deu recursos técnicos e operacionais. Os admiradores e eleitores sabem que, paradoxalmente, ao mesmo tempo em que conteve o crime organizado, foi a época de melhor coexistência pacífica entre jogo do bicho e cassinos clandestinos de um lado, e de outro lado o alto comando da polícia. Não se sabe de escândalo em sua gestão, mas não há quem não saiba em São Paulo que o comando da jogatina organizada e o impoluto jurista encarregado dc reprimi-la se davam às mil maravilhas.

Algumas linhas adiante Temer surge como padrinho político de Wagner Rossi, o qual é assim descrito.

Político de Ribeirão Preto, intimamente ligado ao quercismo, mas também a qualquer governo que possa lhe dar algo em troca. Na superintendência do porto de Santos, onde 8 mil estivadores pegam no pesado e 40 navios estão em operação num dia comum, Wagner Rossi criou um estilo debochado e extrovertido para não fazer nada pelo resto da vida, ele e os descendentes. Recebia empresários e fornecedores com um procedimento que marcou sua administração e traumatizou a maior parte de suas vítimas. Precavido, tinha no gabinete um aparelho de som potente, sintonizado nas mais inesperadas emissoras de Santos. E ao som de baladas brejeiras ou rock pauleira, tocados em altos decibéis, atendia os interessados. Assim evitava gravações. Falava quase no ouvido das pessoas, sussurrando uma cantilena de administrador ímprobo. Como se fosse o mímico Ricardo "Mareei Marceau" Bandeira das docas santistas, na calada do gabinete fechava os acordos mais espúrios com uma gesticulação que enojava ou divertia os empresários importadores ou exportadores. Sorridente, arregalava os olhos, levantava as mãos e esfregava freneticamente indica dores e polegares, sinal de dinheiro desde que o dinheiro existe. Se todo o empresariado brasileiro sabe disso, se toda a classe política sabe, se toda a imprensa nacional sempre soube, e agora você também já ficou sabendo, como Michel Temer não haveria de saber?

Apesar disto, mais tarde, Wagner Rossi ainda surge unindo Dilma e Temer. Folha de São Paulo 17/08/2011 - 19h20min Wagner Rossi pede demissão do Ministério da Agricultura Sérgio Lima/Folha Press DE BRASÍLIA

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O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, pediu demissão do cargo nesta quarta-feira após uma série de suspeitas de irregularidades na pasta e se tornou o quarto ministro a deixar o governo de Dilma Rousseff. Em sua carta de demissão (leia aqui a íntegra), Rossi ataca a imprensa e afirma ter sido alvo de "uma saraivada de acusações falsas". "Durante os últimos 30 dias, tenho enfrentado diariamente uma saraivada de acusações falsas, sem qualquer prova, nenhuma delas indicando um só ato meu que pudesse ser acoimado de ilegal ou impróprio no trato com a coisa pública", afirma. Segundo um assessor da vice-presidência que pediu para não ser identificado, Rossi procurou na tarde desta quarta-feira o vice-presidente Michel Temer, seu padrinho político, e disse que levaria a carta de demissão para a presidente Dilma Rousseff. O assessor afirmou que os dois foram até o gabinete da presidente e o então ministro formalizou sua decisão. SUSPEITAS Nesta semana, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar as denúncias de suposta corrupção no ministério. Há suspeitas de direcionamento de licitação e pagamento de propina. Os problemas do ministério começaram desde que o ex-diretor financeiro da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Oscar Jucá Neto, irmão do líder no governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), afirmar que "há bandidos" no órgão e sugerir que o ministro Wagner Rossi participava de esquemas de corrupção. Após nova reportagem da revista "Veja", desta vez sobre a atuação de um lobista no ministério, o então secretário-executivo da pasta, Milton Ortolan, pediu demissão do cargo. A situação do ministro se agravou após Israel Leonardo Batista, ex-chefe da comissão de licitação da Agricultura, afirmar em entrevista à Folha que o Ministério da Agricultura foi "corrompido" após a chegada de Wagner Rossi à pasta. Segundo Batista, o ministro colocou pessoas no assinar o que não devem". Outra denúncia que atingiu o ministro foi a revelação, pelo jornal "Correio Braziliense", de que Rossi e um de seus filhos, o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB-SP), viajaram várias vezes em um jatinho pertencente a uma empresa de agronegócios. PERFIL Wagner Gonçalves Rossi, 68, ocupava o cargo de ministro da Agricultura desde 1º de abril de 2010, ainda durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi mantido no governo pela presidente Dilma Rousseff. http://www1.folha.uol.com.br/poder/961307-wagner-rossi-pede-demissao-do-ministerio-daagricultura.shtml 176


(negrito em destaque do autor)

Se faltar a presidência e vice-presidência da República assume o presidente do Congresso, hoje o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Matérias jornalísticas contam que:

04 de Fevereiro de 2013•14h11 • atualizado às 15h36 Sob suspeita, Alves chega à presidência da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) é eleito o novo presidente da Câmara dos Deputados Antônio Cruz / Agência Brasil Luciana Cobucci / Direto de Brasília

Com 271 votos, o peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados pelos próximos dois anos em votação secreta realizada nesta segunda-feira. Denúncias Nem a sequência de reportagens divulgadas em veículos nacionais associando seu nome a casos de corrupção abalaram seu favoritismo à cadeira - embora, nos bastidores, seu nome nunca tenha causado muito entusiasmo no Palácio do Planalto, que se viu contrariado pelo então líder da bancada do PMDB em votações importantes. Uma das suspeitas mais antigas que recaem sobre ele está a de que manteria milhões de dólares em contas fora do País de forma ilegal (sem declaração), conforme denúncia movida desde 2004 pelo Ministério Público Federal e que corre sob segredo na Justiça Federal em Brasília. Já em janeiro, uma reportagem publicada no jornal Folha de S.Paulo apontou que a empresa de um assessor de Alves teria recebido pelo menos R$ 1,2 milhão do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgão do governo federal no qual ele exerce forte influência (Alves indicou dois diretores do Dnocs, ambos do Rio Grande do Norte, seu Estado). O assessor acabou pedindo demissão. Outra matéria, desta vez publicada pela revista Veja, revelou que ele teria repassado R$ 357 mil de dinheiro público para duas empresas de aluguel de veículo suspeitas, o que motivou a abertura de uma nova investigação por improbidade administrativa, parte do Ministério Público Federal. Alves também é suspeito de prática de nepotismo e uso de influência para obter vantagens para ele mesmo e para aliados. Ainda segundo matérias publicadas pela Folha de S.Paulo, o presidente da Câmara nomeou quatro pessoas da mesma família para cargos comissionados na Casa, sendo três em seu gabinete e uma na liderança do PMDB. Ele também 177


é apontado como o responsável pela contratação de seis pessoas no Ministério da Previdência, já na gestão de Garibaldi Alves Filho, seu primo. O jornal revelou ainda que, em troca de apoio político, o peemedebista fez lobby para agilizar processos de aliados na Comissão de Anistia, que julga pedidos de indenizações a pessoas perseguidas pela ditadura militar. Neste caso, o senador Renan Calheiros também teria utilizado sua influência para garantir prioridade às análises. Outro questionamento levantado durante sua campanha à Mesa Diretora foi sobre como teria conseguido dobrar seu patrimônio em quatro anos: de acordo com reportagem do jornal, o patrimônio do parlamentar saltou de R$ 2,8 milhões para R$ 5,6 milhões no último mandato, o que ele atribui a sua renda como empresário. Apesar da série de reportagens levantando suspeitas sobre Alves, o deputado sempre respondeu ser favorável às investigações dos casos e minimizou as denúncias. http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/sob-suspeita-alves-chega-a-presidencia-da-camarados-deputados,90ebe34cec79c310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

Se faltar a presidência da República, a vice-presidência da República e o presidente da Câmara dos Deputados, assume o presidente do Congresso, hoje o senador Renan Calheiros. As matérias jornalísticas sobre esta conhecida figura contam que:

VEJA / ESCÂNDALOS Confira em que escândalos esse personagem se envolveu – e sua participação em cada um RENAN CALHEIROS Renangate - Atos Secretos Envolvimento No centro do escândalo, José Sarney (PMDB-AP) tentou dividir a responsabilidade pelos atos secretos mostrando que seus antecessores no cargo de presidente do Senado também se valeram do expediente. Entre eles, Renan Calheiros (PMDB-AL) apareceu como o recordista de atos secretos: 260 de 663 atos tabelados, incluindo a criação de cargos e nomeações em favor de aliados. O que aconteceu O ex-presidente do Senado manteve silêncio sobre o caso e, como Sarney, resistiu a mais esta leva de denúncias. Foi reeleito senador em 2010 e, três anos depois, alçado por seus pares à presidência da Casa. Renangate - Caso Mônica Veloso 178


Envolvimento Ao longo de 21 meses, o senador e então presidente da Casa, Renan Calheiros, pagou 400 000 reais de pensão à jornalista Mônica Veloso, através do lobista de uma empreiteira, segundo perícia da Polícia Federal. Renan reconheceu que usou os serviços do lobista, mas disse que o dinheiro lhe pertencia e mostrou suas declarações de renda para comprovar renda advinda da pecuária. O que aconteceu O caso levou ao primeiro processo no Conselho de Ética contra Renan. O senador afastou-se da Presidência, mas escapou da cassação - duas vezes -, em votação secreta. Para tanto, contou com a ajuda do governo e não mediu esforços para constranger e chantagear aliados e adversários. Embora absolvido pelos pares, Renan não se livrou da Justiça. O caso corre sob segredo de Justiça e tem como relator o ministro Ricardo Lewandowski. Em janeiro (2012) o MP encaminhou uma denúncia ao STF contra o senador pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documentos falsos e peculato. De acordo com o parecer, Renan apresentou, em 2007, notas fiscais frias relacionadas à venda de bois. Em fevereiro de 2013, foi alçado por seus pares à presidência do Senado. Renangate - Caso do laranjal alagoano Envolvimento Em 1998, Renan Calheiros planejava se candidatar ao governo de Alagoas,... VEJA revelou em 2007 que Renan tentou montar sua própria rede de emissoras a partir das outorgas de concessões públicas garimpadas em Brasília. Os pagamentos foram feitos com dinheiro vivo, parte em dólar, parte em real. O que aconteceu O caso levou Renan pela segunda vez a julgamento em plenário. O senador foi outra vez absolvido por seus pares. Na mesma sessão, deixou a presidência da Casa. Mas ainda não se livrou da Justiça. É alvo de inquérito no STF, que corre em segredo de Justiça Renangate - Caso Schincariol Envolvimento VEJA revelou que a Schincariol comprou uma fábrica da família de Renan por um preço exorbitante. Em troca, o senador pressionou para que a Receita e o INSS não executassem os débitos fiscais da cervejaria. O que aconteceu O caso levou à abertura do segundo processo contra Renan no Conselho de Ética, mais tarde arquivado. Renangate - Golpe no INSS 179


Envolvimento Conforme depoimento de Bruno Lins, seu padrinho de casamento, o senador Renan Calheiros, negociou com aliados do PMDB uma maneira de beneficiar o banco BMG no serviço de concessão de crédito consignado para os aposentados da Previdência. Em troca, o banco pagou propina aos envolvidos. O que aconteceu A revelação provocou a abertura do quarto processo contra Renan no Conselho de Ética, depois arquivado. A oposição tentou criar a CPI do Crédito Consignado, mas ela nunca foi instalada. http://veja.abril.com.br/infograficos/rede-escandalos/perfil/renan-calheiros.shtml

Como se pode constatar, as quatro pessoas que ocupam a principal sequência de mando no Brasil tem os seus nomes ligados direta ou indiretamente à corrupção, malversação de dinheiro público ou obstrução de processos investigativos. É interessante notar que todos os quatro foram eleitos pelo povo e dois pelos seus próprios pares. Também ressalto que nenhum deles é funcionário público concursado. Muito embora não se lance qualquer sentença sobre os mandatários acima, tem que se registrar o espanto que causa a eleição, ou reeleição, de pessoas com tal retrospecto. A nação perdeu o rumo? Os políticos perderam o rumo? A tese aqui defendida é que o intenso financiamento de campanha monta uma "maquiagem", na qual o candidato se apresenta "só com o que tem de melhor", escamoteando todo um passado, não raro, de irregularidades. Ou, a melhor frase seria: "só com o que não tem de melhor". É óbvio que existem vários outros fatores além do financiamento. Um exemplo são os conchavos no período pré-eleitoral, com as negociatas por cargos e até o repasse de verbas aos "apoiadores". Um ótimo exemplo foi a adesão de Maluf e partido a Haddad na disputa da prefeitura da cidade de São Paulo, fato já registrado na manchete da Folha: "Verba para partido de Maluf cresceu após aliança com PT; Recursos do governo federal destinados ao PP quintuplicaram em junho; Mês marcou a adesão de Maluf à candidatura de Haddad (PT) em São Paulo, após negociação avalizada pelo Planalto". O grifo é meu para salientar que o apoio à candidatura de Haddad foi adquirida com verbas públicas. O problema é que a teatralidade eleitoral custa cada vez mais, sendo fundamental recolher valores mais expressivos para as campanhas e, para além, utilizando métodos ilícitos perante a lei. Enfim, na compostura de muitos, e cada vez mais, dos que alcançam o sucesso eleitoral não existe referência legal.

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Entretanto, é impossível desnudar toda a complexidade e profundidade dos fatos ocorridos, já que muitas das informações de financiamentos são escamoteadas. Não se pode esquecer das reuniões entre candidatos e partidos, mais adequadas às colunas e investigações criminais. Mas voltemos às reflexões gramscianas, quando este asseverava que o capital - a própria base econômica, o burgo - seria um fator determinante da superestrutura ou, se preferirmos, da própria gerência e organização do Estado. Argumentava o pensador que este Estado surge e se fundamenta na divisão da sociedade em classes e que ele só pode existir enquanto houver esta divisão. Seria, assim, função do Estado perpetrar tal divisão, garantindo que os interesses específicos de uma classe em particular (a patronal e gerenciadora do capital) se imponham e, até, sejam vistos como interesses em comum e geral da sociedade. Na concretização desta lógica surge a mídia permeando e misturando subliminarmente interesses que atendem a vontade de 1% da população - os mais ricos - com aqueles que representam a necessidade do povo em geral, quer nas matérias jornalísticas comentadas ou nas tais "pesquisas eleitorais", que parecem refletir o interesse e vontade da maioria da população e que, indubitavelmente, induzem muitos cidadão a votar num ou noutro candidato. Outro exemplo. Repetidamente os "âncoras" de jornais noticiam com expressões de satisfação o aumento do superávit primário brasileiro, induzindo no telespectador uma boa impressão e como se tal aumento tivesse um significado bom para os cidadão e para a nação. Entretanto, a realidade é bem outra e o informe abaixo encaminha uma reflexão deste tema num outro sentido.

ADITORIA CIDADÃ DA DÍVIDA O maior superávit primário da história Notícias comentadas sobre a dívida Fevereiro 2013

Os jornais desta semana noticiaram o maior “superávit primário” mensal desde o início da série histórica feita pelo Banco Central (em 2001): em janeiro de 2013, União, Estados e Municípios “economizaram” mais de R$ 30 bilhões para o pagamento da dívida, cifra superior ao que se pretende gastar com o programa “Bolsa Família” durante todo o ano de 2013 (R$ 22 bilhões).

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Cabe ressaltar que o superávit primário corresponde a apenas uma parte dos recursos destinados ao pagamento da dívida, que se alimenta também de diversas outras fontes, principalmente da emissão de novos títulos. Nesta semana também foi noticiado que o Banco Central lucrou R$ 24,6 bilhões em 2012, e tal lucro somente pode ser destinado para o pagamento da dívida: “Segundo o BC, o resultado positivo só pode ser utilizado pelo Tesouro para abater dívida. Não pode ser usado para gastos com custeio (orçamento federal).” Nesta semana, os jornais também mostraram que, devido às altíssimas taxas de juros destas dívidas, governadores estão tomando novos empréstimos para pagar a dívida com o governo federal. (ver publicação da Auditoria Cidadã da Dívida sobre o tema). www.auditoriacidada.org.br

Desta forma, a população é induzida a imaginar, inclusive pela expressão facial do apresentador, que o aumento do superávit beneficiaria "os brasileiros". Entretanto, na realidade os valores que o compõem originam-se de verbas desviadas da saúde, educação, saneamento, urbanismo, outras e que prejudicam o desenvolvimento de cada região do país. Por que a administração federal luta tanto pelo incremento do superávit? Porque quem financia as campanhas eleitorais é o próprio capital e comprova o que já foi asseverado anteriormente: governos comprados que assumem posição de subalternidade em relação aos financiadores. Mas não para aí a atuação do Estado em favor do capital. Em situações específicas, como nas de conflito em manifestações de trabalhadores, desocupações de terrenos ou áreas "invadidas", entra em cena o aparelho repressor estatal via tropas de choque e, interessante, cujo soldo é proveniente dos descontos feitos sobre o trabalho dos manifestantes. Os interesses defendidos são os do grande capital, do especulador, do "apostador no mercado" ou, em síntese, de trambiqueiros e agiotas bancários. A máquina repressiva resguarda a própria natureza de classe e, não raro, escudada na "legalidade" que o judiciário lhe afere, atua em favor destas minorias. Com base na análise deste financiamento particular de campanhas, pode-se afirmar que existe no Brasil o incremento e estruturação de uma "nova ordem" de exploração do capital predatório, identificado numa disputa entre "ambientalistas e desenvolvimentistas". Impulsionados por vários chavões como "necessidade de desenvolvimento" ou de que "precisamos acabar com a fome no mundo", agronegócio, setores da construção civil, de

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bancos, entre outros, investiram intensamente na compra de políticos no processo eleitoral de 2010. Iniciemos, como reflexão, na realidade da agricultura brasileira, começando pela reforma agrária. Muito embora seja uma obrigação constitucional é refreada pelo governo petista, o mesmo que sempre se apresentou como "dos trabalhadores". O PT insistentemente cobrou de FHC o cumprimento de metas desta reforma e, em várias situações, o taxou de atrasado, corrupto e insensível por não cumpri-la. Entretanto, hoje, os números de assentamentos estão abaixo daqueles do criticado FHC. Pelo seu lado, o MST afirma que não vê no governo federal um oponente, mas, antes, coloca como verdadeiro inimigo o agronegócio, sem perceber que o financiamento faz com que o primeiro seja uma extensão do segundo. Pode-se agregar a este fato uma reflexão gramsciana, que é o Estado fazendo uso do aparelho repressor para desalojar invasores do MST, ao mesmo tempo em que faz uma ampla aliança burguesa com Aldo/PCdoB/Kátia e efetiva as alterações no Código Florestal Brasileiro. No mesmo sentido, o governo Dilma/PT/BNDES repassa bilhões de Reais para o agronegócio, enquanto separa somente um décimo deste valor para a agricultura familiar, a qual é responsável pela produção de 70% do que a população se alimenta. Reforça a lógica da defesa de interesses de financiadores os atuais índices da reforma agrária dilmista/petista, tão estagnada quanto na época de FHC. Esta "aliança governamental" coloca os agricultores familiares e os brasileiros em geral sob o jugo de interesses de multinacionais do agronegócio (venenos e transgênicos), transformando o Brasil no maior consumidor mundial de agrotóxicos, em doses de 5,5 litros/brasileiros/ano. Mães já amamentam seus filhos com seu leite contaminado por venenos agrícolas. Frente a tal constatação, entende-se a lógica de surgir o nome da senadora Kátia Abreu para compor o ministério da presidente Dilma. Tem-se, ainda, a insistência do Legislativo e Executivo na construção de Belo Monte, justificada na necessidade da geração de energia. Entretanto, a análise do financiamento eleitoral lança sérias dúvidas sobre o real motivo da construção, ainda mais na forma como vem sendo realizado. O financiamento feito pelo Consórcio Construtor de Belo Monte, no expressivo valor de R$ 342,972,092.50, justifica tais dúvidas. Relembro que a soma lambuzou 99,22% dos 513 congressistas (só quatro não foram agraciados). Entretanto, para além disto, o somatório do financiamento dos grupos interessados nesta construção faraônica (às construtoras somam-se os bancos, mineradoras, agronegócio,

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empresas de energia) alcançou o valor de R$ 639.383.089,48, ou seja, mais de meio bilhão de Reais. Um fato importante é que Gramsci teve a oportunidade de vivenciar o surgimento de grandes sindicatos italianos, o que o fez teorizar que o poder das transformações necessárias para atender os interesses dos trabalhadores, estaria nas mãos deles mesmos. Sob este ponto de vista, é particularmente preocupante a desconstrução da representação sindical ocorrida com a ascensão de Lula/PT à presidência da República. Para tanto, bastou agraciar com cargos em estatais membros da direção da CUT, que estes abandonaram a defesa dos interesses dos trabalhadores. O tempo mostra que a vitória eleitoral, tida como uma conquista de "esquerda", nada mais foi do que a vitória dos interesses que bancaram os investimentos feitos no "candidato Lula". Sob mais este ângulo de visão, entende-se porque o primeiro movimento administrativo de Lula/PT foi a votação e aprovação açodada da reforma da Previdência, a qual interessava diretamente o capital (seguradoras e bancos). A tática adotada foi simples e objetiva: como já contavam com os votos do PSDB e PFL, compraram eleitoralmente quem impedia a reforma. Naquele período quem manteve a coerência dentro do PT foi expulso, possivelmente "servindo de exemplo" para outros possíveis revoltosos. Quem acha que isto não é relevante, tente se reeleger por um partido pequeno e verá com é difícil, senão quase impossível. No mesmo intento, e bem ao estilo capitalista, outros deputados foram simplesmente comprados, fato que gerou uma pergunta que o status quo jamais responderá (como no "suicídio" de PC Farias): quem financiou tal compra? E não será respondida porque quem deveria fazer o trabalho investigativo - aparelho policial e repressor - é controlado pelo governo, que recebe financiamento eleitoral do sistema capitalista, o qual não tem o mínimo interesse que esta resposta surja para os cidadãos, etc., etc. É um ciclo vicioso que conta com a passagem do tempo, para que tudo caia na vala comum do esquecimento. O resultado - catastrófico - deste peleguismo é que serão necessários vários anos até uma nova reorganização da classe trabalhadora e, então, restabelecida, faça a defesa dos seus direitos. Por enquanto, muitos acham que este é um governo que os representa. A "aquisição eleitoral" da esquerda (PT, PCdoB, PSB, PDT e outros) abriu novas vias rápidas de tráfego para o capitalismo. Hoje, "possuir", "desfrutar" e "ter" assumem de forma expressiva e global o centro do novo conceito de realização, de felicidade, de sucesso, ou de fracasso. As pessoas são 184


estimuladas a comprar e cada vez mais se lê no noticiário que o número de famílias que ultrapassaram sua capacidade financeira e atingiram o endividamento tem aumentado significativamente. A posse é a nova "way of life"! Inclusive a posse do próprio Estado! À "privataria tucana", seguiu-se a "privataria petista" (para entender melhor a primeira recomendo o livro "A privataria tucana", de Amaury Ribeiro Júnior, Geração Editorial). Não obstante, para além da "privataria", ou seja, para além da posse do próprio Estado via privatizações, o controle do Banco Central foi repassado ao sistema bancário internacional. Corrobora a assertiva do compromisso lullista-petista com o sistema bancário, e consequente estelionato eleitoral, a posse do peessedebista Henrique Meirelles para o Banco Central do Brasil! Esclarecimentos brevíssimos e atinentes ao presente tema sobre sua vida encontramse abaixo.

Henrique Meirelles From Wikipedia, the free encyclopedia

Henrique de Campos Meirelles (born August 31, 1945) is the former president of Banco Central do Brasil, Brazil's central bank. In 2002 he was elected to the Chamber of Deputies, Brazil's congressional lower house, as a Goiás-state PSDB party congressman. However, Meirelles resigned before swearing in to be able to assume his current position in January 2003. In 1996, he became President and Chief Operating Officer of BankBoston Corporation and in 1999 was named President of Global Banking for Fleet Boston Financial. In 2005, the Brazilian government accused Meirelles of tax evasion and illegal international money transfers http://en.wikipedia.org/wiki/Henrique_Meirelles

Ainda sob o aspecto informativo, insiro parte do texto abaixo. Brazil: Neoliberalism with a “Human Face”

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Replicating Argentina, Brazil's Macro-economic Policy under the Control of Wall Street creditors (Brasil: Neoliberalismo com um "Rosto humano" Replicação da Argentina, a política macro econômica do Brasil sob o controle dos credores da Wall Street) Por Michel Chossudovsky

A posse de Luís Ignácio da Silva (Lula) como Presidente do Brasil é historicamente significativa porque milhões de brasileiros viram no Partido dos Trabalhadores uma genuína alternativa política e econômica à agenda dominante (neoliberal) do "livre mercado". A eleição de Lula corporifica a esperança de toda uma nação. Constitui um voto esmagador contra a globalização e o modelo neoliberal, o qual redundou na pobreza em massa e no desemprego em toda a América Latina. Na reunião de Porto Alegre em fins de Janeiro, por ocasião do Fórum Social Mundial, a postura anti-globalização de Lula foi aplaudida por dezenas de milhares de delegados de todo o mundo. O debate no FSM 2003, verificado menos de dois meses antes da invasão do Iraque, foi efetuado sob a bandeira: "Outro mundo é possível". Ironicamente, enquanto aplaudiam a vitória de Lula, ninguém — entre os eminentes críticos do "livre comércio" e da globalização conduzida pelas corporações — que tenha falado no FSM 2003 parecia ter percebido que o governo PT do presidente Luís Inácio da Silva já havia entregue as rédeas da reforma macro-econômica à Wall Street e ao FMI. Enquanto era abraçada em coro por movimentos progressistas de todo o mundo, a administração de Lula estava a ser aplaudida pelos principais protagonistas do modelo neoliberal. Nas palavras de Heinrich Koeller, Managing Director do FMI:

"Sou entusiasta [em relação à administração Lula]; mas é melhor dizer que estou profundamente impressionado pelo presidente Lula, na verdade, e em particular porque penso que ele tem a credibilidade que muitas vezes falta um pouco a outros líderes, e a credibilidade está em que é sério para trabalhar afincadamente a fim de combinar política orientada para o crescimento com equidade social. Isto é a agenda certa, a direção certa, o objetivo certo para o Brasil e, para além do Brasil, para a América Latina. Assim, ele definiu a direção certa. Segundo, penso que o governo, sob a liderança do presidente Lula, demonstrou nos seus primeiros 100 dias que também é impressivo e não apenas de intenções aéreas pois elas funcionam ao longo do processo desta enorme agenda de reformas. Entendo que a reforma das pensões e reforma fiscal é prioritária na agenda e isto é correto. O terceiro elemento é 186


aquilo que o FMI ouve do presidente Lula e da equipe econômica, e é a nossa filosofia, naturalmente, para além do Brasil. (IMF Managing Director Heinrich Koeller, Press conference, 10 April 2003, http://www.imf.org/external/np/tr/2003/ tr030410.htm )

LULA INDICA UM FINANCEIRO DE WALL STREET PARA A DIRECÇÃO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL

Logo no princípio do seu mandato, Lula reassegurou os investidores estrangeiros que "o Brasil não seguirá a vizinha Argentina no default " ( Davos World Economic Forum, January 2003). Mas se esta é a sua intenção, então porque indicou ele para o Banco Central um homem que desempenhou um papel direto (como presidente do Boston Fleet) na ruína argentina e cujo banco estava envolvido em atividades fraudulentas? Ao indicar Henrique de Campos Meirelles, o presidente e diretor-executivo do Boston Fleet, como chefe do Banco Central do país, o presidente Luís Ignácio da Silva entregou essencialmente a condução das finanças e da política monetária à Wall Street. O Boston Fleet é o 7º maior banco nos EUA. Após o Citigroup, o Boston Fleet é a segunda maior instituição credora do Brasil. O país está numa camisa de força. As posições chave nas finanças e no sistema bancário da administração Lula são detidas por indicados da Wall Street. Em estreita ligação com Wall Street e com o FMI, o indicado de Lula para Banco Central do Brasil, Henrique de Campos Meirelles, manteve a orientação política do seu antecessor (que também era um indicado de Wall Street): política monetária dura, medidas generalizadas de austeridade, altas taxas de juro e regime de câmbios externos desregulamentado. Este último encoraja ataques especulativos contra o Real brasileiro e a fuga de capitais, resultando numa dívida externa crescente.

"COLOCANDO A RAPOSA COMO RESPONSÁVEL PELO AVIÁRIO"

O Boston Fleet era um dos vários bancos e instituições financeiras que especulou contra o Real brasileiro em 1998-99, conduzindo ao espectacular colapso (meltdown) da Bolsa de Valores de São Paulo na "Quarta-feira Negra" 13 de Janeiro de 1999. Estima-se que o BankBoston, o qual posteriormente fundiu-se com o Fleet, tenha ganho uns 4,5 mil milhões de dólares no Brasil no decorrer do Plano Real, principiando com um investimento inicial de

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US$ 100 milhões. (Latin Finance, 6 August 1998). Por outras palavras, o Boston Fleet é antes a "causa" do que "a solução" para as desgraças financeiras do país. Indicar o antigo presidente executivo do Boston Fleet a chefia do Banco Central do país é o equivalente a "colocar a raposa como responsável pelo aviário". http://www.globalresearch.ca/brazil-neoliberalism-with-a-human-face/374

A notícia segue com vários elementos de análise financeira e de conjuntura importantes, mas até o ponto elencado já serve para evidenciar que a política de governo adotada por Lula, era a mesma que o PT sempre criticara e combatera na época de FHC. Entretanto, para além destas considerações faz-se crível perguntar se o sistema bancário teve, de fato, vantagens durante o governo Lula/Dilma/petista? Para tanto, abaixo reproduz-se um gráfico que demonstra o lucro bancário ao longo dos últimos 16 anos, acompanhado de tabela que detalha com precisão o valor anual.

Tabela 32- Demonstração dos lucros bancários ao longo dos últimos 16 anos (www.auditoriacidada.org.br)

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Ano

Lucro dos bancos (R$ mil)

1996

4.423.259,00

1997

4.235.378,00

1998

688.247,00

1999

13.089.980,00

2000

9.264.601,00

2001

814.201,00

2002

20.595.421,00

2003

19.071.440,00

2004

24.287.054,00

2005

33.798.043,00

2006

42.089.227,00

2007

57.422.803,00

2008

52.912.958,00

2009

52.258.112,00

2010

67.134.989,00

2011

72.356.701,00

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Como se vê, não resta dúvida de que o sistema bancário lucrou de forma fenomenal e recorde com a ascensão da "esquerda" ao poder. Todavia, vale a pena ressaltar um dado interessante na tabela acima. Em 2001 e 2009, anos pré eleitorais, verifica-se um pequeno recuo no desempenho bancário, possivelmente uma tática que vise não chamar a atenção sobre o grupo. Este comportamento não acontece antes da reeleição de Lula, possivelmente por conta da certeza da vitória do petista. Outro fato que deve ser elencado é que o repasse bancário para as campanhas eleitorais não é tão expressivo quando comparado com outros setores, pois chega a somente R$ 119.847.747,18. Perguntar-se-ia: E, se neste caso, o "financiamento" não fosse para apoiar a campanha, mas repassado diretamente ao Candidato? Vários ex-presidentes e políticos de renome já surgiram no noticiário por apresentarem contas no exterior, como é o caso abaixo.

PAULOPES Banqueiro Dantas diz que Lula tem dinheiro no exterior Sábado, 13 de maio de 2006

Da Veja desta semana:

A guerra nos porões

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O banqueiro Daniel Dantas tem uma lista com contas em paraísos fiscais que seriam do presidente Lula e do resto da cúpula do PT O banqueiro Daniel Dantas está prestes a abrir um capítulo explosivo na investigação sobre os métodos da "organização criminosa" que se instalou no governo e o estrago causado por ela ao país. Seu nome voltou ao foco na quarta-feira passada, durante o depoimento de Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, à CPI dos Bingos. Na sessão, o senador Arthur Virgílio (PSDBAM) revelou o teor de um documento no qual o banco Opportunity, controlado por Dantas, diz ter sofrido perseguição do governo Lula por rejeitar pedidos de propina de "dezenas de milhões de dólares" feitos por petistas em 2002 e 2003. A carta, escrita por advogados de Dantas e entregue à Justiça de Nova York, onde o banqueiro é processado pelo Citigroup por fraude e negligência, é só o começo de uma novela que, a julgar pela biografia de Dantas, não se resume a uma simples tentativa frustrada de achaque. Para defender-se das pressões que garante ter sofrido do PT nos últimos três anos e meio, Dantas acumulou toda sorte de informações que pôde coletar sobre seus algozes. A mais explosiva é uma relação de cardeais petistas que manteriam dinheiro escondido em paraísos fiscais. Entre eles estão o presidente Lula, os ex-ministros José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda), Luiz Gushiken (Secom), o atual titular da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e o senador Romeu Tuma (PFL-SP). A lista é fruto de um trabalho de investigação feito pelo americano Frank Holder, ex-diretor da agência internacional de espionagem Kroll. Ela apresenta uma série de números de contas, seus titulares, os nomes dos bancos e os saldos referentes ao primeiro trimestre de 2004.

HTTP://WWW.PAULOPES.COM.BR/2006/05/BANQUEIRO-DANTAS-DIZ-QUE-LULATEM.HTML#.UVI6XXXVNAM

Restrinjo-me a só esse exemplo, muito embora existam vários outros. Mas "nem só de explorar os correntistas vivem os bancos". A análise do Orçamento Geral da União de 2012 mostra que, a título de "Juros e Amortização da Dívida", o governo federal repassa anualmente ao sistema financeiro 45,05% deste orçamento, o que corresponde à expressiva quantia de R$ 708 bilhões. Como visto, literalmente, sobra para a educação 2,99%, cultura 0,04%, saneamento 0,02%, saúde 4,07%, ou seja, para a cidadania, migalhas. E mais: nos dias atuais o governo gasta R$ 2,5 bilhões com a chamada "dívida pública", fruto da política de juros altos que só privilegia os bancos. Além de não ter cumprido a Constituição Federal e auditar a nossa dívida pública, Lula antecipou o pagamento de algumas parcelas deste compromisso ilegítimo, incrementando o 191


lucro de agiotas internacionais. E, pior, ao fazer o levantamento final de seu governo, mentiu que havia saldado a dívida externa, palavras em que muitos brasileiros ainda põem fé. Pelo seu lado, o governo Dilma propôs emprestar ao FMI, antigo inimigo e agora consorte, a soma de US$ 10 bi, para "ajudar a recuperação dos países europeus em crise". Ou seja, ao mesmo tempo em que o Palácio do Planalto sufoca financeiramente demandas sociais, privilegia e energiza com verbas públicas quem lhes pagou a campanha presidencial: empreiteiras, sistema financeiro, grandes conglomerados e contraventores (Carlinhos Cachoeira, empresa Delta e outros). Mais uma vez deve ser lembrado que a construtora Delta, envolta em escândalo de desvios de verbas públicas, é a principal empresa envolvida no incrível Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). É absoluta ingenuidade imaginar, mesmo brevemente, que após a posse o eleito não manterá uma relação diferenciada com o grupo que lhe financiou a campanha, aqui chamado de "grupo de pressão". A afinidade tornar-se-á cada vez mais intensa e, como em inúmeros casos noticiados, alcançará a literal corrupção. Não por acaso, e muito interessante, pode ser aqui transposto da Grécia para o Brasil, o mesmíssimo caso das olimpíadas em Atenas. Inicialmente apresentada pela CBF como "a copa da iniciativa privada", agora o custo de R$ 27.140 bi dos eventos futebolísticos virão de cofres públicos via BNDES, Caixa Econômica Federal e outras estatais. E dois fatos nodais não podem ser esquecidos. Primeiro é que em vários contratos ligados aos eventos da copa, o Tribunal de Contas da União alerta para superfaturamento de preços, ou seja, corrupção (sempre em benefício do "grupo de pressão"). Segundo é que FIFA, CBF e clubes são empresas privadas, ou seja, o governo afirma não ter recursos para área social, enquanto que para mais eventos futebolísticos não faltam verbas federais. Também chama a atenção o fato de que os grande clubes de futebol estão adquirindo direitos sobre o passe de vários jogadores de fama internacional, ou seja, para tais compras os clubes conseguem dinheiro, mas para arcar com os custos do evento futebolístico vão buscar o apoio do Estado. É um caso explícito de privatização dos lucros e socialização dos gastos que tem apoio do governo federal. Mas não só isto, já que FIFA e CBF também se enredam em cadarços de corrupção. Notícias internacionais vindas da Suíça dão conta de que João Havelange (Presidente de Honra da FIFA) e Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF) receberam R$ 45,5 milhões em subornos para facilitar contratos da Copa do Mundo. 192


Então, causa espanto a destinação de quantias exorbitantes para clubes de futebol, não só porque são grandes devedores de impostos sociais, mas pelas somas vultosas que movimentam. Mais uma vez fica corroborado que os grupos políticos atendem os interesses dos grupos de pressão.

FORBES / Investing Ricardo Geromel, Contributor Covering Billionaires with a focus on Brazil 7/17/2012 |10:28AM |32,124 views Corinthians, o único time de futebol bilionário no Brasil

O Brasil tem 37 bilionários na lista dos Bilionários Mundiais da Forbes. Entretanto, existe somente um clube de futebol milionário: o Corinthians Esporte Clube Paulista. De acordo com o estudo liberado ontem pela firma de consultoria BDO, o Corinthians é a marca de esporte mais valiosa no Brasil, calculada em R$ 1.005 bilhão (aproximadamente US$ 500 milhões). De acordo com a avaliação de 2012, a valor dos 17 times brasileiros mais consolidados é de R$ 5.38 bilhões (aproximadamente US$ 2,69 bilhões). O Corinthians lidera o grupo pelo terceiro ano consecutivo. No primeiro exame em 2004, o time aparecia atrás do São Paulo e Flamengo com um valor da marca de R$ 286 milhões. Luis Paulo Rosenberg, responsável pela propaganda do Corinthians e Andrés Sanchez, o presidente do Corinthians, são considerados por muitos como as pessoas chaves responsáveis por um crescimento tão expressivo. http://www.forbes.com/sites/ricardogeromel/2012/07/17/corinthians-the-only-billionairesoccer-club-in-brazil/ (tradução do autor)

Mesmo bilionário, o Corinthians recebe financiamento público para a construção de seu estádio, o Itaquerão.

BNDES aprova empréstimo de R$ 400 milhões para o Itaquerão O recurso faz parte da linha de crédito especial criada para as arenas da Copa do Mundo de futebol 2014 11 de julho de 2012 | 16h 47 / AE - Agência Estado - BRASÍLIA

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta quartafeira a aprovação do empréstimo de R$ 400 milhões para a construção do Itaquerão, o novo estádio do Corinthians, que está sendo erguido no bairro de Itaquera, na zona leste de São Paulo. O recurso faz parte da linha de crédito especial criada pela instituição para as arenas da Copa do Mundo de 2014 e cobre 46% do valor total da obra, estimado em R$ 820 milhões. Todos os 12 estádios que estão sendo erguidos ou reformados para a Copa tinham direito à linha de crédito do BNDES, no valor máximo de R$ 400 milhões para cada. Antes do Itaquerão, o banco já tinha aprovado o empréstimo para Belo Horizonte (R$ 400 milhões), Cuiabá (R$ 393 milhões), Fortaleza (R$ 351,5 milhões), Manaus (R$ 400 milhões), Natal (R$ 396,5 milhões), Salvador (R$ 323,7 milhões), Recife (R$ 400 milhões) e Rio (R$ 400 milhões). Além do dinheiro do BNDES, a prefeitura de São Paulo concedeu incentivos fiscais no valor de R$ 420 milhões para que o Corinthians e a construtora Odebrecht pudessem construir o estádio. E o governo estadual deve investir mais cerca de R$ 70 milhões em arquibancadas temporárias, para que o Itaquerão tenha capacidade para 68 mil pessoas e possa receber a abertura da Copa - depois do Mundial, será reduzido para 48 mil lugares. http://www.estadao.com.br/noticias/esportes,bndes-aprova-emprestimo-de-r-400-milhoespara-o-itaquerao,898875,0.htm

Somando: R$ 400 milhões de recursos públicos federais do BNDES; R$ 420 milhões de recursos municipais da prefeitura de São Paulo; R$ 70 milhões de verbas estaduais paulista. Total: R$ 890 milhões em verbas públicas para a construção de um estádio particular de futebol! Os corintianos podem torcer pelo seu time numa arena novinha. Entretanto, se um deles tiver problemas de saúde, deverá disputar uma vaga com dezenas de outros em hospitais ou postos de atendimento mal equipados e, muitos, abandonados. O problema central não é este ou aquele time, mas o sistema político corrompido em grande parte pelo financiamento particular e, ainda, não pode ser esquecida, a impunidade que estimula o corrupto. Quantos e quantos casos de escândalos envolvem várias construtoras?

No relato de mais um caso (certamente existem inúmeros outros), o prefeito da cidade de Palmas (TO) não procurou um "grupo de pressão", mas elementos ligados especificamente à contravenção, ou seja, ele não se importou com a origem dos recursos. Quando poderia se imaginar que um candidato a prefeito procurasse e oferecesse os serviços de uma cidade a contraventores, em troca de financiamento para a campanha política?

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Agência Câmara de Notícias 10/07/2012 13:24 Raul Filho diz que errou ao procurar Carlinhos Cachoeira

O prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), disse que errou ao procurar o contraventor Carlinhos Cachoeira para pedir contribuição de campanha e teve a "infelicidade de ter sido filmado". Ele repetiu diversas vezes que não se lembrava se, na ocasião, foi informado do tipo de atividade que Cachoeira exercia. O então candidato pede contribuição para sua campanha e, em contrapartida, diz que há em Palmas "uma série de oportunidades a serem exploradas, no campo imobiliário, de transporte e da concessão de água". http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/POLITICA/422103-RAUL-FILHO-DIZ-QUE-ERROUAO-PROCURAR-CARLINHOS-CACHOEIRA.html (notícia parcial)

É óbvio que este tipo de relação tem alterado significativamente não só o tipo de político eleito, mas as atitudes que os acompanham. Tudo para pior, pois a sensação de impunidade que envolve os escândalos que envolvem políticos e a administração pública é avassaladora. Segundo o ministro Gilson Dipp (Superior Tribunal de Justiça) a lavagem de dinheiro é a espinha dorsal do crime organizado e que 70% do dinheiro lavado no país vem da corrupção. A reprodução da entrevista abaixo também é parcial.

Revista Época Lava-jato de dinheiro Ministro do STJ diz que maioria dos recursos vem da corrupção e admite que Juizado Especial não alcança os que têm foro privilegiado DIEGO ESCOSTEGUY

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ÉPOCA - Quanto se lava de dinheiro no Brasil a cada ano? Gilson Dipp - Não há dados confiáveis. Fala-se em R$ 5 bilhões, R$ 6 bilhões. O que se tem de mais concreto é que o dinheiro lavado por ano no mundo atinge um quarto da economia do planeta. Agora, com as varas especializadas, é que começamos a produzir estatísticas. Mas certamente a movimentação é grande. ÉPOCA - Qual é a origem do dinheiro lavado no Brasil? Dipp - Em grande parte da corrupção. A maioria desse dinheiro vem dos crimes contra a administração pública. O caso das contas CC5 demonstra isso. Outros crimes que levam à lavagem de dinheiro, mas que não estão na lei brasileira, são os de sonegação fiscal. http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT825678-1666,00.html

Só uma brevíssima incursão nas contas CC5 (Carta Circular n 05) visando esclarecimento através da notícia abaixo.

Como funciona a lavagem de dinheiro por Julia Layton - traduzido por HowStuffWorks Brasil O uso das contas CC5 para lavagem de dinheiro do Brasil Entre os anos de 1998 e 2002, promotores e procuradores públicos brasileiros descobriram várias empresas que usavam para lavar dinheiro as chamadas contas CC5, contas que permitiam transferência de dinheiro (reais) para o exterior, criadas em 1969. Essas contas são voltadas para brasileiros residentes fora do Brasil, empresas exportadoras e financeiras com vínculos no exterior. Assim, é permitido, sem autorização prévia do Banco Central do Brasil, repassar uma determinada quantia de reais que se transformam em dólares para outros países e resgatar do exterior dólares que se transformam em reais para o Brasil. A princípio, a norma nada tem de ilegal, afinal o Brasil participa intensamente do comércio exterior e várias pessoas físicas brasileiras moram no exterior como os estudantes que fazem intercâmbios. Acontece que várias autoridades e políticos famosos e seus assessores usaram as contas para passar, para o exterior, dinheiro fruto de desvio dos cofres públicos e, conseqüentemente, limpar o seu nome. Segundo a Procuradoria da República, R$ 124 bilhões passaram pelos canais da CC5 desde meados da década de 90 até 2000, nem todos necessariamente frutos de transições ilícitas. Repare agora, caro leitor, o perfil das pessoas e empresas envolvidas no escândalo.

Entre os famosos que são acusados de usar as CC5 para lavagem estão o ex-prefeito de São Paulo e deputado federal eleito em 2006,Paulo Maluf. O ex-prefeito é acusado de desviar cerca de R$ 500 milhões durante as obras de construção da avenida Água Espraiada. Nem todo o dinheiro desviado foi mandado para o exterior, mas, em um dos seus relatórios, o Ministério Público Federal detectou que uma das empresas que participaram da obra mandou US$ 6,8

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milhões para o exterior, por meio das CC5, que depois teriam sido desviados para contas de Maluf em paraísos fiscais. Outro caso é o do Banco Nacional, que deixou um rombo de R$ 6 bilhões em 1996, e teria usado seu parceiro uruguaio Interbanco para desviar pelas CC5. Alguns corruptos usaram o mesmo ''laranja'' para desviar o dinheiro para o exterior. O juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, condenado a 26 anos de prisão por desviar R$ 196 milhões durante a construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, usou as contas de um tal Pedro Paulo Velasquez Romero, que depois foi confirmado pelas investigações como um nome “fantasma”, criado pelos grupos que articulavam o esquema. Esse mesmo Pedro Paulo Romero auxiliou o sócio do ex-senador e deputado federal eleito em 2006, Jader Barbalho, Osmar Borges, a mandar para o exterior pelo menos R$ 110 milhões, que teriam que ser usados para projetos agropecuários financiados pela Superintendência da Amazônia (Sudam). Agora perceba as consequências. Quanto aos acusados de lavagem de dinheiro, dois (Jader Barbalho e Paulo Maluf) passaram poucos dias na cadeia depois que a justiça decretou prisão provisário, foram soltos e eleitos deputados federais pelos seus Estados (Pará e São Paulo) em 2006. O juiz Nicolau dos Santos Neto, depois de condenado de prisão por lavagem de dinheiro entre outros crimes, passou um tempo na cadeia, acabou sendo solto por alegar sofrer de depressão, mas voltou para prisão em julho de 2007. No caso do Banco Nacional, onze diretores, inclusive pessoas que eram controladores do banco, foram condenados a prisão, mas tiveram a pena revertida em prestação de serviços à comunidade. (escrito por Luís Indriunas, do HSW Brasil) http://empresasefinancas.hsw.uol.com.br/lavagem-de-dinheiro3.htm Não por acaso, a recente notícia abaixo complementa esta anterior e dá um dos destinos das somas surrupiadas no Brasil.

Folha de São Paulo 23/07/2012-07h15 Brasil é o 4º país com mais dinheiro em paraísos fiscais, diz organização MARCELO SOARES / DE SÃO PAULO Brasileiros tornaram o país o quarto maior cliente de contas em paraísos fiscais, segundo relatório da Tax Justice Network (rede de justiça fiscal, em livre tradução). Segundo o relatório, ainda não divulgado, brasileiros tinham depositado de 1970 até 2010 cerca de US$ 520 bilhões (ou mais de R$ 1 trilhão) nessas contas, onde se pode guardar dinheiro em razoável sigilo, sem ter de responder a muitas perguntas nem pagar imposto. http://www1.folha.uol.com.br/poder/1124200-brasil-e-o-4-pais-com-mais-dinheiro-emparaisos-fiscais-diz-organizacao.shtml

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Lembro que este fato de enviar dinheiro para o exterior já foi aqui abordado, quando da notícia: "Base e oposição descartam CPI sobre Camargo Corrêa; 55% dos congressistas atuais receberam doações legais de construtoras, segundo o TSE; Para líder de partido aliado, CPI sobre a Camargo seria "destampar uma panela de pressão'; oposicionista diz que haveria "efeito dominó" Será que se pensarmos na forma do "modus operandi", não estaria exposta uma das fontes da origem dos recursos que financiaram a "privataria tucana" e o "menslão"? Estas duas não parecem ter grandes diferenças e, quem sabe, até Collor deva ser colocado nesta mesma fonte de pagamento curruptora. As implicações de tais financiamentos são amplas e impossíveis de serem analisas com o devido rigor e profundidade por uma pessoa como eu. Não obstante, as questões mais óbvias e mais evidentes já foram aqui analisadas. Não obstante, afirmaria com toda a tranquilidade que os últimos presidentes da República, os verdadeiros "comandantes" da superestrutura, foram submissos e atuaram em favor de quem lhes financiaram as campanhas. Como vemos, a principal meta de todo o banditismo aqui registrado, tenha ele origem do Executivo, Legislativo, Judiciário ou da iniciativa privada, é a busca incessante pelo dinheiro. Não obstante, neste conjunto vale a pena salientar a extremada submissão do Executivo às grandes corporações internacionais, especificamente sob o aspecto da chamada "dívida externa" e "dívida pública". No seu discurso de despedida Lula afirmou que havia pago a dívida externa do Brasil mas, embora seja uma palavra forte, deve-se salientar que esta foi uma colocação mentirosa. Bem ao contrário, ele adiantou o pagamento de algumas parcelas deste compromisso ilegítimo, dando lucro antecipado aos agiotas internacionais e, posteriormente, usou palavras enganosas para afirmar que havia saldado a dívida externa. Muitos brasileiros ainda acreditam que Lula pagou a "dívida externa". Ou seja, o governo privilegia e energiza com verbas públicas quem lhes pagou a campanha presidencial: empreiteiras, sistema financeiro, grandes conglomerados e contraventores (Carlinhos Cachoeira, empresa Delta e outros). Mais uma vez deve ser lembrado que a construtora Delta, envolta em escândalo de desvios de verbas públicas, é a principal empresa do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Esta é a sempre e antiga - mas agora escandalosamente exacerbada - relação dos grupos de pressão (infraestrutura) e grupos políticos (superestrutura). Para que os primeiros possam ter livre acesso à "res publica" (coisa pública) precisam ter o controle sobre os segundos, cuja relação, prevista na lei: chama-se financiamento de campanhas.

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É absoluta ingenuidade imaginar, mesmo brevemente, que após a posse o eleito não manterá uma relação diferenciada com o grupo de pressão. A afinidade tornar-se-á cada vez mais intensa e, como em inúmeros casos noticiados, alcançará a literal corrupção. Assim, tentou-se expor aqui uma pequena parcela das consequências ocasionadas pelo financiamento particular de campanha. Outros pontos deixaram de ser discutidos, como os gastos com a copa do mundo de futebol de 2014. Para este caso basta, simplesmente, lembrar que os grandes beneficiários dos bilhões que vão possibilitar o evento vão diretamente para as construtoras. Uma última, porém importante análise, são as atuação do poder Judiciário. Cito um único caso, porém emblemático, que se refere a aprovação das contas eleitorais do PT. Folha de São Paulo Tribunal ignora mensalão e aprova contabilidade do PT RUBENS VALENTE / ANDREZA MATAIS 05/05/2013 - 03h00 / DE BRASÍLIA O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aprovou as contas de 2003 do diretório nacional do PT e analisa uma recomendação para aprovar as de 2004, desprezando irregularidades que o processo do mensalão apontou nas finanças do partido nos dois anos. Para que isso ocorresse, o tribunal concentrou sua análise na contabilidade do partido e deixou de lado mais de R$ 58 milhões movimentados fora dos seus livros, cujo destino foi dissecado nas investigações que levaram à condenação de vários ex-dirigentes petistas no julgamento do mensalão, no ano passado. No processo de 2004, uma nota da área técnica do tribunal deixou isso explícito: "Não foram objeto de análise quaisquer movimentações de recursos não declarados, apesar de constar na denúncia irregularidades financeiras, importando inclusive em práticas de movimentações de recursos à margem da contabilidade e das contas bancárias oficiais do partido, [...] bem como do resultado da apuração da CPI dos Correios [que investigou o mensalão]". No processo de 2003, os técnicos também mudaram de opinião. Por três vezes, pediram a rejeição das contas, mas depois aceitaram as explicações do partido para algumas falhas e aprovaram as contas do PT com ressalvas. O PP, um dos partidos que recebeu recursos do mensalão, também teve suas contas de 2003 aprovadas. As contas do antigo PL, hoje PR, foram rejeitadas pelo tribunal. OUTRO LADO A presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, afirmou no despacho em que aprovou as contas do diretório nacional do PT de 2003 que decidiu "nos termos sugeridos pela Coordenadoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias" do tribunal. No voto, a ministra escreveu ainda que "compete ao relator decidir monocraticamente pedidos dessa natureza, desde que haja informação da referida coordenadoria pela aprovação das contas com ou sem ressalvas". "A unidade técnica analisou a documentação apresentada pelo partido e, com base nos princípios da relevância, materialidade e proporcionalidade, concluiu pela aprovação, com ressalvas, da prestação de contas", escreveu a ministra. http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/05/1273573-tribunal-ignora-mensalao-e-aprovacontabilidade-do-pt.shtml

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Confesso que, por mais lógicas ou coerentes que possam parecer as explicações, não consigo entender ou aceitar tal atitude. Os próprios réus disseram que lançaram mão do chamado "caixa 2", contudo tiveram suas contas aprovadas. Como isto é possível? Foi feito um julgamento com grande impacto, transmitido e assistido em cadeia nacional, onde foi exposto, parcialmente, como aconteceu a compra de congressistas para aprovar projetos de interesse do governo/empresas particulares. A chamada "reforma da Previdência" teve este trâmite. A bem da verdade, este não é um assunto novo, pois um leitor atento vai lembrar desta declaração de Lula, ocorrida em 2013, reproduzida na reportagem abaixo. Folha de São Paulo Doação eleitoral deveria ser crime inafiançável, diz Lula Ex-presidente faz defesa veemente de financiamento público de campanha PT foi partido que mais recebeu verba privada em campanhas para presidente depois de Lula ser eleito em 2002 PAULO GAMA 27 de março 2013 / de São Paulo Falando para uma plateia de cerca de 150 executivos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu ontem que o financiamento privado de campanhas eleitorais se torne crime inafiançável. Em resposta a uma pergunta sobre o papel dos partidos no mundo, Lula defendeu uma reforma no sistema político brasileiro e a adoção do financiamento público exclusivo de campanha eleitorais. "No Brasil nós precisamos priorizar uma reforma política. Eu sou defensor do financiamento público de campanha como forma de moralizar a política. E mais ainda: não só se deveria aprovar o financiamento público como tornar crime inafiançável o financiamento privado." E aqui, neste final de livro, espero que o leitor entenda a dificuldade de abordar um tema como este, tendo em vista a falta de seriedade e compostura de muitos políticos. Continuando a notícia relata: Depois de ter chegado ao Planalto, em 2002, o PT foi o partido que mais recebeu doações em disputas nacionais. Em valores corrigidos, Lula arrecadou R$ 114,8 milhões em 2006 e Dilma Rousseff, R$ 158,4 milhões em 2010. As empresas que mais financiaram campanhas de todos os partidos desde 2002 mantêm negócios com o poder público. A lista é encabeçada por quatro construtoras: Camargo Corrêa, OAS, Andrade Gutirrez e Queiroz Galvão. Mais uma vez as empreiteiras, as mesmas das estradas esburacadas ou das que não levam a lugar nenhum... Do superfaturamento das obras mais simples às mais complexas ou dos estádios para a copa, que abrigam tantas pessoas quantos escândalos.

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Claramente têm-se segmentos da infraestrutura determinando a conduta de componentes da superestrutura. Adiante: O financiamento público de campanha é uma bandeira antiga do PT. Mas a declaração de Lula foi a condenação mais veemente feita por ele em discursos recentes contra as doações eleitorais privadas -tema sensível ao PT devido ao mensalão. No julgamento do escândalo, em 2012, petistas defenderam a tese de que o dinheiro pago a congressistas era doação eleitoral irregular, por meio de caixa dois. O discurso foi utilizado sem sucesso- para tentar atenuar a acusação de que se tratava de compra de apoio político. A Câmara criou uma comissão especial para discutir o assunto, mas o relatório do petista Henrique Fontana (RS) pouco avançou. O texto também prevê o financiamento público, mas não fala sobre transformar doações em crime inafiançável. Apesar disso, Lula disse acreditar que o projeto não deve avançar no Legislativo e defendeu a criação de uma Assembleia Constituinte para tratar o tema. "Não acredito que o Congresso vote a reforma. Quem está lá quer continuar com o status quo. Se o Congresso não fizer uma reforma política, nós teríamos que ter uma Constituinte só para fazê-la." Citando a campanha de Jânio Quadros à Prefeitura de São Paulo em 1985, pediu que as pessoas "tomem cuidado" com "todo mundo que usa [o combate à] corrupção como bandeira de campanha": "Ele pode ser pior do que quem está acusando", afirmou. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/100734-doacao-eleitoral-deveria-ser-crimeinafiancavel-diz-lula.shtml (grifo do autor) As palavras do ex-presidente são por demais eloquentes e, inegavelmente, podem ser aplicadas a um número muito grande de políticos que, financiados, entregam os Estados para o usufruto da iniciativa privada, ou seja, de quem os comprou eleitoralmente. Uma última consulta à obra "O Chefe", tem-se ao longo da narrativa uma metamorfose literária, de uma descrição de fatos para um verdadeiro romance policial, com intrigas e narrativas de assassinatos. O final do capítulo "O assassinato do prefeito Celso Daniel, coordenador da eleição de Lula em 2002" conta: 377 – 25/5/2006 A Folha de S.Paulo revela novos detalhes do depoimento prestado pelo exsecretário de Habitação de Mauá (SP) ao Ministério Público, em 9 de fevereiro de 2006. Altivo Ovando Júnior também implicou Lula no esquema de arrecadação de propina do PT. Altivo foi secretário do ex-prefeito Oswaldo Dias (PT), de 1997 a 2000. Os fatos narrados por ele agora teriam ocorrido durante a campanha eleitoral para a presidência da República, em 1998. Lula era candidato. Queria dinheiro para financiar a sua eleição. Do depoimento de Altivo: “O declarante se recorda de que, no pleito de 1998, o presidente Lula compareceu no gabinete do prefeito de Mauá, oportunidade em que, utilizando termos chulos, cobrou de Oswaldo Dias maior arrecadação de propina em favor do PT.” Uma fotografia de Lula ao lado de Oswaldo Dias e do ex-prefeito Celso Daniel (PT), feita no ano 2000, ilustra a matéria. Em seu depoimento, Altivo reproduziu frase que atribui a Lula:

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“Ele dizia: ‘Pô, Oswaldão, tem que arrecadar mais, faz que nem o Celso Daniel em Santo André. Você quer que a gente ganhe a eleição como?” (grifo do autor)

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