Fazenda da Grama ed.24

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grama 24 fazenda da

JUNHO 2011

SÓ ME CONTENTO COM O MELHOR

REVISTA FAZENDA DA GRAMA • EDIÇÃO 24 • JUNHO 2011

punta mita: um passeio pelo campo número 1 do mundo

paixão, sol e chuva

Torneio Aberto reúne mais de 100 golfistas em sábado ensolarado e domingo chuvoso

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Sinônimo de alta gastronomia no Brasil desde 1902, o Fasano oferece com exclusividade, através da Enoteca Fasano, os melhores vinhos de pequenos produtores europeus e sul-americanos criteriosamente selecionados pelos sommeliers Manoel Beato e Gianni Tartari, e por Rogério Fasano, contando com a orientação e experiência de importação de Fabrizio Fasano. Os vinhos que compõem as cartas dos renomados restaurantes da familia Fasano, também estão disponíveis na Enoteca. O portifolio da Enoteca Fasano é composto por aproximadamente 200 rótulos de 50 produtores divididos entre Itália, França, Portugal, Argentina e Chile. A Enoteca Fasano oferece opções de eventos corporativos, como coquetéis, jantares e cursos para grupos em sua loja localizada a Rua Amauri 255, e também está estruturada para atender grupos in company ou em outros espaços.

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EDITORIAL

Alta cultura de almanaque Uma das boas memórias que guardo da minha meninice é a da espera ansiosa pela época em que os almanaques estavam por chegar. Sempre bem-vindos, aquela alegre expectativa era um prazer que anualmente celebrávamos. Eram vários e continham histórias e ensinamentos de algibeira que faziam a alegria de muita gente. Brincava-se, na ocasião, com a sarcástica expressão: “Fulano tem cultura de almanaque”. Ouvi essa frase infinitas vezes, como também ouvi a resposta engatilhada: “É melhor ter uma cultura de almanaque do que nenhuma”. As duas afirmações não são bem verdade, pois os ensinamentos neles contidos tinham conteúdo de conhecimento significativo, além de muito boa diversão. Essa minha lembrança de almanaques vem a propósito de um recente produzido pelo conhecido agrônomo paulista Xico Graziano, nascido em Araras. Esse ilustre engenheiro-escritor, ex-secretário da Agricultura e secretário do Meio-Ambiente do Estado de São Paulo, nos brindou com seu “Almanaque do Campo”, que nos traz uma imensa riqueza de informações sobre o cultivo da terra e o bom uso de nossas plantas. Nós, que convivemos com a natureza do Condomínio Fazenda da Grama, podemos encontrar no livro dicas preciosas que, postas em prática, nos trarão grande proveito, além de muita alegria. Sem a pretensão de ser “garoto-propaganda”, no entanto, já o sendo, afirmo que o bom conselho é ter esse almanaque à mão. É o roteiro apropriado para ser utilizado num pedaço de terra ou mesmo num vaso e, deles, colher com prazer o produto que se plantou. O amor pelas plantas e a felicidade de cultivá-las são dádivas que não podemos desprezar. Estou certo de que você terá um enorme lucro espiritual e o mais carinhoso agradecimento da natureza. Lembre-se: plantar é preciso! Por aqui ficamos. Até a próxima vez.

ALUIZIO REBELLO DE ARAÚJO

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COLABORADORES

ROSANE AUBIN

Gaúcha elegante e de humor fino, a editora soma ao talento jornalístico um singular discernimento para analisar o mundo e as pessoas como elas são, e não como parecem ser. Rosane só acredita naquilo que seus verdes olhos podem ver. Ao fazer a reportagem sobre o projeto Talentos do Brasil verificou, e conta aqui para os leitores, a riqueza e a beleza do trabalho desenvolvido por cerca de 2 mil artesãs que estão sacudindo a cena fashion internacional.

ANA PAULA KUNTZ

Dona de um texto fluente e divertido, a jornalista viveu uma experiência incomum na Fazenda da Grama: testemunhou a tempestade – coisa rara no local, famoso pelo bom clima –, que acabou por tornar ainda mais inesquecível o torneio que ilustra a capa desta edição. Ana assina um relato da competição e uma entrevista deliciosa, nos dois sentidos, com os chefs italianos Stefano Masanti e Leonardo Bassola.

MARÍLIA PEDROSO

O entusiasmo dessa jovem fotógrafa é contagiante. Rápida no gatilho e com um olhar vivaz e apurado, ela nos acompanhou nesta edição para registrar a vinda dos chefs italianos em belos retratos ao pôr do sol da Fazenda da Grama.

PAULO RÁLIO NETO

Formado em economia e expert nas altas e baixas do mundo das finanças, ele transformou outra de suas paixões em objeto de estudo: a cerveja. Formado pela Associação Brasileira de Sommeliers, ele já reuniu uma considerável bibliografia sobre o tema e a experiência prática de incontáveis degustações. Rálio Neto explica em detalhes o método de produção da bière brut, uma cerveja com cara de champanhe que se bebe em taças.

MURILO MATOS

Nascido em Salvador, ele é um apaixonado versátil: designer de segunda a sexta-feira e fotógrafo nos fins de semana, além de ser especialista em esportes. Praticante de surfe, mountain bike, skate e corridas de aventura, ele começou a fotografar amigos em corridas e não parou mais. Registrou vários eventos, entre eles o Rally dos Sertões e o Mitsubishi Outdoor, passou um ano na Austrália e agora é sócio da agência de fotos Green Pixel e dono da Trupi Interativa, onde exercita sua veia de designer. É dele a imagem da capa, sob um céu de cores fortes pós-tempestade.

CONTATOS FAZENDA DA GRAMA Pabx. 11 4591-8000 • Clubhouse Starter 11 4591-8001 Clubhouse Bar 11 4591-8003 Clube 11 4591-8004 Administração Juan Higuera Romero (gerente geral) 11 4591-8010 Eng. Antonio (construções) 11 4591-8018 Administração Regina (assistente) 11 4591-8012 Administração Sandra (assistente)11 4591-8011 Administração Sabrina (assistente) 11 4591-8015 Administração Eng. Sylvio (greenkeeper) 11 4591-8017 CONSELHO EDITORIAL Luís Eduardo Americano Araújo, Fernando Viana Lomonaco e Denilson Milan

Diretor Executivo – Georges Schnyder georges@4capas.com.br Diretora Editorial – Mariella Lazaretti mariella@4capas.com.br Gerente de Publicidade – Ruth Nór ruth.nor@4capas.com.br Direção de Arte – Nina Franco ninafranco@4capas.com.br Designer – Paulpa Portella Editora – Rosane Aubin rosane@4capas.com.br Repórteres - Ana Paula Kuntz e Vivian Carrer Elias COLABORARAM NESTA EDI­ÇÃO: Kevin Bulman, Sylvio Telles (texto); Ricardo D’Angelo, Carol Gherardi, Marília Pedro, Murilo Matos e Flávio Lattes (fotos); Ruth Figueiredo e Gil Bertolino (revisão) Rua Andrade Fernandes, 283 CEP 05449-050, São Paulo, SP Telefax (11) 3023-5509 E-mail: 4capas@4capas.com.br

PARA ANUNCIAR Tel. (11) 3521-7329 Diretor Executivo – Denilson Milan denilson@fortunacom.com.br Diretor Comercial – Doron Sadka doron@fortunacom.com.br Produção Gráfica – Doron Central de compras gráficas, tel. (11) 3813-9799 doroncentral@uol.com.br A revis­ta não se res­pon­sa­bi­li­za pelos con­cei­tos emi­ti­dos nos arti­gos assi­na­dos. As pes­soas não lis­ta­das no expe­dien­te não estão auto­ri­za­das a falar em nome da revis­ta ou a reti­rar qual­quer tipo de mate­rial sem pré­via auto­ri­za­ção emi­ti­da por carta timbrada da reda­ção.

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viajar

Conforto e vida selvagem nas vastidões da Namíbia

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MORAR

Vinhos, charutos e obras de arte em harmonia no apartamento decorado por Jóia Bergamo

16 TORNEIO Tacadas sob sol e chuva: o 5o Torneio Aberto reúne uma centena de participantes

64 especial

Doze homens e um museu: apaixonados por carros antigos reúnem-se em Jundiaí

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SUMÁRIO

BEBER

Cerveja com grife: as bière bruts, para beber em taças como as de champanhe

46 SENTIR

Ecologia e mãos delicadas: projeto nacional aproveita matérias-primas locais em artesanato com ar fashion

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14 CONTEMPLAR Design cosmopolita e alegre da Kare chega a São Paulo, drinque premiado e expedição fotográfica para turistas 24 BELOS OBJETOS Sofá colorido, poltrona charmosa, luminária cinematográfica e bancos com cara de objetos de arte 26 JOGADA RÁPIDA Dez perguntas para Pepus Trauwitz, a volta da França, um albatroz e o evento que vai reunir os melhores tenistas do mundo em São Paulo 30 GOLF TIPS Tacadas certeiras, sem rotação 36 CORPO E ALMA O óleo que faz o cabelo de Scarlett Johansson brilhar; pesquisa revela que amor e arte produzem reações parecidas no cérebro 50 JOGANDO LONGE Festival gourmet e golfe, no México, animam os campos mais charmosos do mundo 56 ARTE DE RECEBER Italiano com uma estrela no Guia Michelin revela os segredos das receitas saborosas 78 LEITURA O aguardado épico de Jonathan Franzen 82 ÓCIO CRIATIVO Ideias geniais na internet; escritora narra viagens à Índia sem lugares-comuns; uma exposição para espiar a vida da princesa Grace Kelly 84 POR DENTRO DO CAMPO Como manter o green saudável e veloz 86 EVENTOS As taças mensais e os campeões 88 CURTINDO NA GRAMA Pescaria reservada para crianças, uma trilha quase secreta e o heliponto 90 PAISAGEM Flávio Lattes registra uma sinfonia de luz e sombra sobre os greens e as árvores do campo

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compras

C O N T E M P L A R • NOVIDA D E S H E D O N I S TAS AQU I E L Á F O R A

GET A LITTLE BIT CRAZY

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A Kare, loja de decoração alemã conhecida mundialmente pelas coleções sofisticadas e bem-humoradas, acaba de abrir a primeira loja nas Américas. Reforçando sua personalidade ousada, chegou não pelos Estados Unidos ou pelo Canadá, mas pelo Brasil. Fundada em 1981, em Munique, a empresa tem lojas em mais de 20 países e trabalha com uma centena de estúdios de criação em todo o mundo. Com quase 1.000 metros quadrados, a nova loja em São Paulo tem arquitetura assinada pelo parisiense Nicolas Chopiton e projeto executivo da brasileira Zize Zink. Com dois andares, o showroom exibe ambientes temáticos de acordo com cada linha. Anualmente, são lançadas cerca de 1.500 peças em diversos estilos, que vão do tapete ao porta-retratos, do sofá às luminárias, sempre prometendo um novo olhar para mobiliários e objetos, apostando no design cosmopolita, alegre e criativo. Talvez até um pouco loucos, como eles mesmos gostam de dizer. End.: Rua Dr. Melo Alves, 651, Jardins.

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COISA DE REI

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O Palácio de Versailles, construído em 1680, foi por muitos anos o endereço oficial de Luís XIV. Dele e de quase toda a corte francesa, uma vez que o magnífico edifício dispõe de 700 quartos e tem 2.153 janelas, 67 escadas, 352 chaminés e 1.250 lareiras, além de 700 hectares de jardins. Desde 1837, o palácio desabitado passou a funcionar como museu, mas agora está prestes a recuperar – ainda que parcialmente – a condição de hospedaria. Isso porque o Hotel du Grand Controle, edifício que fica a 90 metros da construção principal, está sendo reformado pelo grupo hoteleiro belga Ivy International. As 23 luxuosas suítes, que terão diárias com preços que variam de 500 euros a 600 euros, devem ficar prontas até o fim do ano. Quando for reinaugurado, deverá ser rebatizado de Hotel l’Orangerie, já que alguns quartos dão vista para um dos cantinhos preferidos do Rei Sol, o jardim que abrigava centenas de laranjeiras, cultivadas com esmero durante o inverno.

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expedição

IMAGENS NA BAGAGEM Quais são as coisas mais importantes que se traz na bagagem ao voltar de uma viagem? Conhecimento, experiências, souvenirs? Seja qual for o tipo de viagem, as fotos estão sempre entre as lembranças mais importantes. Tanto que começa a nascer uma moda de viajar para, em primeiro lugar, fotografar. Um dos pioneiros na organização de expedições fotográficas no Brasil é o fotógrafo Marcos Kim, que leva grupos a lugares de visual espetacular e ensina a fazer cliques de profissional. A próxima viagem tem como destino a Turquia. O roteiro inclui a belíssima Istambul, além de localidades históricas como Troia Antiga, Pergamo, Éfeso, Bósforo e as piscinas naturais de Pamukkale. Durante o passeio o instrutor dá orientação direcionada a cada um, desde o fotógrafo novato até o mais experiente. A expedição dura dez dias e nove noites e está marcada para sair dia 17 de junho. Fica a dica: em 11 de novembro, o destino será o Egito, em um roteiro personalizado, privilegiando os lugares mais fotogênicos.

Mais

informações: www.linktours.com.br

Líder mundial na produção de bebidas alcoólicas premium, detentora de marcas como Johnnie Walker, Buchanan’s, Smirnoff, Cîroc, Baileys e Guinness, para citar algumas, a Diageo promove anualmente um concurso mundial considerado o Oscar da coquetelaria. Na primeira etapa brasileira do Diageo World Class 2011, realizada em abril, o campeão foi Henrique Monteiro, bartender do restaurante Kinoshita, que criou o drinque Morning Glory, feito com lichia, pitaya vermelha, suco de limão-siciliano e, claro, a vodca Ketel One. O drinque é servido em um ritual que leva gelatina de vodca com baunilha, espuma de graviola e até flocos de ouro. Haverá ainda uma segunda etapa e a grande final acontecerá em julho, na Índia. Por ora, fiquemos com a receita do expert para tentar fazer em casa. INGREDIENTES 50 ml de vodca Ketel One; 5 lichias; 5 ml de suco de pitaya vermelha; 5 ml de suco de limão-siciliano; espuma de graviola; grapa; flocos de ouro MODO DE PREPARO Macere as lichias numa coqueteleira. Encha de gelo e adicione a vodca, a pitaya vermelha e o suco de limão-siciliano. Bata vigorosamente. Verta a mistura numa taça de Martini, complete a taça com espuma de graviola e pulverize com grapa e flocos de ouro.

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drinques

TAÇA DE CAMPEÃO

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MORAR

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FLUTUANDO NO CORREDOR ZEN: A DESIGNER CRIOU UM VERDADEIRO TÚNEL BRANCO NA PASSAGEM ENTRE A ÁREA SOCIAL E O QUARTO, A PEDIDO DA MORADORA

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PRAZERES EXPRESSOS Em um apartamento de 800 metros, a designer Jóia Bergamo conseguiu expor a paixão do casal por vinhos, arte e tranquilidade por Rosane Aubin

O marido é um ex-leiloeiro de arte apaixonado por vinhos e charutos. A mulher, jovial, agitada e workaholic, gosta de receber, e queria um espaço para relaxar. Com dois filhos ainda morando com eles, o casal chamou a designer de interiores Jóia Bergamo pela quinta vez para decorar o apartamento em que estão morando, um amplo imóvel de 800 metros quadrados, no bairro Higienópolis, na capital paulista. “Já decorei quatro residências para eles, inclusive uma casa de praia no Guarujá. Nosso gosto bate muito, a confiança é recíproca”, diz Jóia. Como eles venderam o apartamento anterior decorado, trouxeram apenas parte de sua grande coleção de arte e os objetos de uso pessoal, o que permitiu à designer um grande exercício de criatividade.

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HALL DE ENTRADA COM AS OBRAS DE ARTE (AO LADO); AS POLTRONAS LUÍS XV LAQUEADAS DE PRETO BRILHANTE (CENTRO); E O LIVING COM HOME THEATER AO FUNDO (ABAIXO)

VISITAS & VINHO

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A área social precisava acolher muitos convidados, a adega, espaço para guardar charutos e para o home theater da família, tudo integrado e ao mesmo tempo independente. Um desafio que Jóia resolveu com duas portas de correr de vidro, da Cinex, que se encaixam em painéis de laca branca e têm trilhos apenas no teto. Elas dividem o grande salão em três ambientes, quando necessário. Em uma das extremidades do living está o balcão do bar em ônix iluminado, com a grande cave revestida de madeira ebanizada e a geladeira para charutos, entre outros equipamentos. “Decidimos colocar duas mesas quadradas porque eles recebem muita gente”, diz a designer. Assim, quando os convidados são menos numerosos, eles usam apenas uma mesa; caso seja um grande grupo, juntas elas formam um retângulo. A sala de estar mistura elementos contemporâneos e releituras de objetos clássicos, como as poltronas pretas em estilo do final do século XVIII. Na sacada, Jóia lançou mão do paisagismo para amenizar a falta de atrativos da vista. Na outra ponta, o destaque fica com o home theater e com o cantinho especial para leitura com uma cadeira confortável e um tríptico de fotos com a paisagem de Paris. “O dono gosta dos cafés de lá, me pediu algo que lembrasse a cidade, um canto da casa que remetesse a isso”, diz. Para explicar o que queria, ele convidou a decoradora para uma taça de vinho no Esch Café, para que ela se inspirasse na atmosfera do lugar. As obras de arte são uma atração no apartamento inteiro, mas nada que faça com que a casa se pareça com uma galeria de arte ou museu. Na entrada, esculturas ganharam relevo em nichos iluminados do hall de laca preta brilhante, que contrasta com a porta pivotante clara e o piso de mármore com filetes de travertino romano. No corredor interno e no lavabo, esculturas do artista Cássio Lázaro, da Arte Aplicada, são uma das contribuições de Jóia ao acervo do casal. “Feita de ferro pintado e rendada, ela compõe um conjunto harmonioso com o papel de parede de pedra prensada”, diz.

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CAVE (À DIREITA), MESAS E BAR: SOB MEDIDA PARA RECEBER MUITOS AMIGOS

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ESCULTURA DE CÁSSIO LÁZARO NA PAREDE DO LAVABO E O CANTINHO DO DONO DA CASA, COM PAISAGEM PARISIENSE

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QUARTO DO FILHO, FÃ DE BASQUETE: QUADRO DE CAMISAS DE ESTIMAÇÃO

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

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CONFORTO E ORGANIZAÇÃO: DUAS CAMAS DE 1,60 METRO, E, ABAIXO, COLEÇÃO DE ÓCULOS DE SOL COM FÁCIL ACESSO

INTIMIDADE ZEN Um dos pedidos da moradora era ter um espaço íntimo em que ela pudesse se sentir “flutuando, em paz, com tranquilidade e relaxamento”. Resultado: do corredor nasceu um túnel, com grandes pórticos de laca, luz diáfana e vidro branco com imagens de orquídeas também brancas. “Ela me disse que já chega ao quarto mais calma”, afirma a designer. Lá dentro, duas camas de 1,60 metro cada juntam-se para o descanso do casal, e o closet tem uma seção especial só para guardar os óculos. O quarto do filho, que antes jogava basquete nos Estados Unidos, revela a paixão pelo esporte com camisetas que viraram quadros e estão expostos no ambiente de bronze, madeira e laca cor de mel. A designer também teve de providenciar uma mudança para adequar o banheiro ao jovem: “Ele cresceu tanto que tive de subir o chuveiro para mais de 2,30 metros”.

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Fairway convida para

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É obrigatória confirmação por e-mail (contato@fortunacom.com.br) mediante informações nome completo e RG para autorização da entrada na Mostra. Não será liberada a visitação sem este procedimento.

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JOGADA RÁPIDA N O T Í CIAS DE E SP ORTE NO MUNDO

QUASE CENTENÁRIA A Volta da França, que neste ano está marcada para os dias 2 a 24 de julho, é considerada o evento mais importante do ciclismo mundial e um dos mais destacados entre todas as provas esportivas. Neste ano, chega à sua 98a edição, com novidades na forma de pontuação, premiando menos corredores com as camisetas de bola vermelha e verde, que indicam os líderes das subidas e de regularidade nas pedaladas, respectivamente. “O objetivo é manter o suspense até o final”, diz Christian Prudhomme, diretor da corrida. A partida será dada na Passage de Gois, um caminho que leva até a Ilha de Noirmoutier, na França, e às vezes fica alagado, e terminará 3.471 quilômetros e dois dias de descanso depois, em 24 de julho, na Avenida Champs-Elysées, em Paris. O espanhol Alberto Contador, tricampeão da prova, ainda não é presença confirmada, por causa da suspeita de doping. Neste ano, os organizadores anunciam prêmios de 3,6 milhões de euros, sendo que 511 mil vão para o vencedor.

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ALBATROZ NO BURACO 5 – VIVAS AO JOVEM TALENTO Um dos melhores jogadores scratch acaba de entrar para a história do Fazenda da Grama Country & Golf Club. Eduardo Costa, jogador jovem, porém experiente, realizou no dia 24 de fevereiro um belíssimo Albatroz no Buraco 5. O Albatroz (três tacadas abaixo do par do buraco) foi feito no Grama tee (profissional), usando uma madeira 5. O Par 5 de 593 jardas rendeu-se ao jovem talento. “Bati uma madeira 3 e uma madeira 5 para o green. Nem vi direito onde a bola aterrissou, vi que foi uma boa batida, e quando cheguei no green fiquei procurando a bola no entorno. Foi quando vi o grande pique que havia feito ao lado da bandeira e a bola dentro do copo”, disse Eduardo ao chegar ao Club House, ainda emocionado e acompanhado do pai, Paulo Costa, que testemunhou o feito. “Cheguei a chorar de emoção”, afirmou Costa, o pai. Nossos parabéns a Eduardo, que, literalmente, escreveu seu nome nos gramados do Fazenda da Grama.

OS MELHORES DO MUNDO EM SÃO PAULO O Ginásio do Ibirapuera, depois de passar por uma reforma, foi reinaugurado e agora está apto para receber também torneios de tênis. Com um novo ginásio, São Paulo passa a ser um promissor polo de grandes eventos do esporte, que está em destaque no Brasil por ter o paulista Thomaz Bellucci como um dos melhores do mundo, segundo o ranking da Associação de Tênis Profissinal (ATP). Já está confirmada a realização, no Ibirapuera, da primeira edição do ATP Challenger Tour Finals, torneio de tênis internacional que receberá os oito melhores jogadores do ATP Challenger Tour. O evento está marcado para os dias 14 a 20 de novembro. A nova estrutura vem abrindo possibilidades para que o ginásio receba outras competições, como a Copa Davis e o Brasil Open, que atualmente é disputado na Bahia, além de ser opção para sediar o Centro de Treinamento da Confederação Brasileira (CBT).

DESCOBRINDO OS TACOS O Discovery Golf foi criado para promover o primeiro contato da criança com o golfe de forma divertida e descontraída. Ocorre aos sábados e domingos, às 16 h, no D. Range. O Fazenda da Grama conta com estrutura de tacos específicos para a estatura de cada criança (foto), permitindo que os participantes, acompanhados pela equipe de recreação, literalmente “brinquem” de golfe.

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JOGADA RÁPIDA N O T Í CIAS DE E SP ORTE NO MUNDO

10 PERGUNTAS PARA PEPUS TRAUWITZ TACO COM PIMENTA

Ele começou a jogar aos 10 anos de idade durante um passeio com a família. “Foi uma casualidade, ninguém na minha casa jogava”, diz ele. Três semanas depois dessa primeira tacada, ele terminou um torneio local em terceiro lugar. “Ali comecei a achar que seria muito bom jogar pelo resto da vida.” Aos 33 anos, esse mexicano de Cuernavaca, já levou seis títulos no Campeonato Negra Modelo (nome de uma cerveja mexicana), o circuito de dez etapas mais prestigiado do país e terminou em 37o na Copa do Canadá 2010. Em 2006, foi eleito O Jogador do Ano. Pepus esteve no Punta Mita Gourmet & Golf em maio (leia mais à página 50) e falou à Revista da Grama: 1. Quem jogava golfe em sua família? Na verdade, ninguém. Meu avô jogava, mas antes de eu nascer. Aos 10 anos comecei a jogar por uma casualidade e me dei bem em campo. Decidi seguir a carreira profissional no ano 2000. 2. Qual foi a sua jogada de mestre. Aquela que contará a seus netos? Até agora, foi em 2006, quando ganhei a última etapa da Copa de Golf Mexicana e tornei-me O Jogador do Ano. 3. Como é seu dia de trabalho? Começo às 7 da manhã com ginástica, às 9 tomo o café da manhã, e às 10 começo a treinar com bolas. Às 12 h, saio para jogar em campo. Às 13h30 almoço e volto a jogar até as 17 h, quando treino jogo curto até as 19 h.

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4. Puxa! É uma vida bem disciplinada. O golfe é um esporte difícil e caprichoso. Exige muita disciplina e paciência. Muita paciência. Uma hora você acerta e no momento seguinte não. A prática é tudo. O treino é fundamental. 5. Tem alguma superstição antes de entrar em campo? Não. Só jogo de rosa aos domingos.

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6. Então a resposta é sim! (risos) E sempre me benzo antes de jogar em campeonatos (risos). 7. Você faz algum tipo de treino para a concentração? De certo modo. Nos últimos sete meses adotei um psicólogo que tem me ajudado na tarefa de melhorar a autoconfiança e a concentração. 8. Como foi sua experiência em São Paulo? Estive lá para jogar a Copa Johny Walker em 1997, mas nunca joguei como profissional no Brasil. Gostei muito de São Paulo. Tenho admiração e respeito pelo jogador brasileiro Alexandre Rocha, que representa muito bem o golfe latino-americano. Além de tudo, ele é meu amigo. 9. Qual é a grande vantagem de se adotar golfe como esporte de vida? O golfe não aposenta um jogador. Você pode jogar aos 60 anos como se tivesse 20. 10. Gostaria de jogar na Fazenda da Grama? Seria um prazer.

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golf tips

d i ca s para aprimorar suas tacadas

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REDUZA A ROTAÇÃO, GANHE DISTÂNCIA Os jogadores do PGA Tour estão batendo a bola extraordinariamente mais longe nos dias de hoje. Sem dúvida a melhoria introduzida na confecção de tacos e bolas é um importante fator, mas o fato de que os profissionais aprenderam a reduzir a quantidade de rotações da bola e a calcular o ideal ângulo de lançamento (launch angle) de seus drives também contribui. Uma taxa de rotação (spin rate) muito alta roubará de seus drives o máximo de distância que seria possível. Assim, golfistas que sabem dominar a arte de reduzir a rotação de suas tacadas do tee, vão ganhar jardas a mais com seus drives. A seguir, como fazê-lo. Primeiro: posicione a bola mais alta no tee. Adquira alguns tees extralongos e posicione a bola o mais alto possível. Isso vai promover um impacto na bola com a cabeça do taco em ascensão – no lugar de horizontal ou, pior ainda, em descenso – o que vai ajudar a criar um ângulo de lançamento de 10 graus ou mais e uma taxa de rotação de 3.000 rpm ou menos, que são comprovadamente as condições ideais de lançamento.

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Segundo: setup. Quando um bom jogador se posiciona para bater com o driver, ele ou ela, invariavelmente, o fazem com um stance largo e estável, e a bola posicionada na linha do calcanhar esquerdo. O stance mais largo ajuda a posicionar a cabeça do taco atrás da bola – exatamente onde deveria estar. As mãos não estão avançadas e tampouco em ângulo, atrás da cabeça do taco. A distribuição de peso favorece a perna direita (aproximadamente 60%) e a coluna está inclinada, de maneira que o ombro direito está mais baixo que o esquerdo, aproximadamente tanto quanto a mão direita está mais baixa do que a esquerda no grip.

p o r K ev i n B u l m a n FOTOS: DIVULGAÇÃO

Terceiro: elimine do swing qualquer ação de descenso. Isso ajudará a promover também um impacto na bola em ascensão. Também aumentarão as chances de o jogador fazer contato no centro da cara do taco, ou um pouco acima. Drives cujo impacto ocorre a uma ou duas ranhuras abaixo do centro da cara do taco terão demasiada rotação e uma trajetória que começa baixa e depois vai subindo. Para reduzir a rotação e maximizar a distância, os golfistas precisam adotar um swing que forneça um impacto similar ao do top-spin no tênis, no lugar de uma batida “chapada”. Quarto: mantenha-se atrás da bola. Qualquer tendência de “escorregar” à frente da bola vai baixar o ângulo de lançamento e criar mais rotações. Fique parado e firme durante o impacto, fazendo o swing do taco para cima, para fora e longe do corpo, não para baixo e cortando para dentro. Todos esses elementos promovem o desejado movimento de varredura (sweeping motion). Lembrese de que a bola está no tee, portanto, o ângulo de ataque deve ser raso ou em ascensão, de maneira a fazer um bom contato e lançar a bola alta, com a rotação reduzida. Trabalhe nessas instruções para diminuir a rotação de suas tacadas do tee e bater drives mais penetrantes e longos.

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ESPECIAL

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33 Os homens da chapa preta No Clube do Carro Antigo de Jundiaí, os associados se esmeram para deixar seus veículos o mais igual possível ao que eram na época em que saíram da fábrica por Ana Paula Kuntz fotos Carol Gherardi

No dia 21 de agosto de 1982, na cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo, 12 homens se reuniram para consolidar uma paixão em comum. Assim, fundaram o Clube do Carro Antigo. Um dos primeiros do país e parte de uma minoria filiada à Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), o grêmio jundiaiense tem hoje mais de 260 associados, vindos de outras cidades e até de outros Estados para compartilhar a idolatria pela história viva do automobilismo. O exemplar mais antigo é um Ford modelo T, que desde 1964 pertence a Antonio Santinato, um dos fundadores do clube. Outra raridade é o Maverick Mercury Comet 1976, único no Brasil, trazido de navio dos Estados Unidos por Valmir Lopes Espeleta, diretor técnico da associação. É ele um dos responsáveis por aferir as condições dos veículos, que devem respeitar uma série de exigências para ser dignos da cobiçada chapa preta. “Do motor ao padrão de costura dos estofados, da cor da lataria aos botões do painel, tudo no carro deve respeitar o modelo original. Eles precisam ter pelo menos 30 anos de uso e apenas os que têm 84% de todos os seus componentes iguais aos que saíram da fábrica podem receber essa placa diferenciada, emitida oficialmente por delegacias de trânsito”, diz.

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34 “gostamos dessa camaradagem, desse entrosamento entre os associados. Do portão para dentro, não importa a profissão ou a classe social de cada um. Somos todos, simplesmente, apaixonados por carros”

raros modelos: denis e seu ford galaxie 500 (à esq.), Dimas e o aero willys itamaraty, amaral com o mustang 1974 e valmir e o chevrolet 1951

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Desde os 9 anos de idade, Valmir é fissurado por carro. Lia revistas especializadas com toda a atenção e vivia fugindo da marcenaria de seu pai para a oficina mecânica do tio. Seu primeiro carro, que conquistou com 17 anos, foi um Aero Willys 1964, cinco anos mais velho que ele. “Já comecei a vida no volante com um carro antigo. Hoje, tenho uma coleção com seis modelos”, diz. O interesse permeia várias gerações. Denis Henrique Tealdi nasceu em 1980, quase junto com o Clube do Carro Antigo, onde hoje ocupa o cargo de diretor social. Sua primeira relíquia, um Ford Galaxie 500 1973, foi comprada há apenas cinco anos. Nele e nas máquinas de seus amigos, Denis pode ver e lidar com acessórios que já caíram em desuso nos carros da idade dele. Numa primeira olhada, o que mais chama atenção são os ponteiros do painel que hoje em dia são repletos de indicadores luminosos, colororidos, digitais. Nos veteranos das pistas, a carga da bateria, a pressão do óleo, tudo é analógico. Outro item curioso é a luz de cortesia, uma lâmpada que era manualmente acionada para iluminar a beirada da porta do veículo. Há ainda quem não se contente em encontrar um belo carro, mas que ainda se dedique a construir réplicas de tipos peculiares. É o caso de Dimas Frasson Reynaldo, um jundiaiense 1957, que possui um Aero Willys Itamaraty e está se empenhando em restaurar um Fusca 1967 nos moldes das viaturas usadas pela polícia militar do Estado de São Paulo. O desafio é grande. Além da dificuldade em encontrar peças, não há mais carros originais para ser usados

como referência. “Tenho me baseado principalmente em fotografias antigas, mas como algumas são em branco e preto fica impossível conferir precisamente a tonalidade das cores do carro. Outro referencial importante é uma miniatura que comprei de um artesão especializado em fuscas”, afirma. “O formato dos faróis e dos parachoques e o tipo de sirene devem ser idênticos aos usados nos anos 1960. O que está sendo mais difícil achar é o equipamento de radiocomunicação.” Para criar oportunidades para que quem tem uma peça antiga possa vendê-la, o clube promove em suas reuniões mensais uma ação de compra e venda, chamada mercado de pulgas. O evento é aberto a curiosos, que eventualmente podem se associar mesmo sem ser proprietários de um veículo do século passado. “Pagando a taxa de mensalidade, que custa 25 reais, qualquer pessoa pode fazer parte do clube, nos acompanhar nos passeios em comboio e frequentar nosso camarote no Sambódromo de São Paulo durante os eventos que acontecem às terças-feiras, com exposição e comercialização de peças e carros antigos”, diz o presidente, Osvaldo do Amaral. Ele ressalta o caráter filantrópico do grupo, que em todo evento arrecada dinheiro, alimentos, roupas e material para doar a entidades sociais. “Além de gostar de carros antigos, gostamos dessa camaradagem, desse entrosamento entre os associados. Do portão para dentro, não importa a profissão ou a classe social de cada um. Somos todos, simplesmente, apaixonados por carros”, afirma Valmir.

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Próximos eventos Encontros mensais: 12 de junho / 10 de julho / 14 de agosto / 11 de setembro, na sede do Clube do Carro Antigo (Av. Aristeu Dagnoni, 15, Jundiaí) Encontro anual: 15 e 16 de outubro, no Parque da Uva (Av. Jundiaí) Mais informações: tel. (11) 4527-1667

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C O R P O E A L M A • N OV I DA D E S D E SA Ú D E E B E L E ZA

OURO MARROQUINO NOS CABELOS Acaba de chegar ao Brasil o óleo que deixa o cabelo das hollywoodianas impecável. O produto é da marca Moroccanoil, que faz sucesso desde que foi criada, há quatro anos, e tem como adeptas as poderosas Scarlett Johansson, Lady Gaga e Madonna. Sua linha completa inclui vários itens para o tratamento dos cabelos, como xampu, condicionador, spray e máscaras hidratantes. O grande diferencial da fórmula é o óleo de argan, um fruto encontrado no Marrocos e também chamado de “ouro marroquinho”. A fórmula promete inibir a ação dos radicais livres, melhorar a hidratação e a elasticidade dos fios e combater os danos causados pelos raios ultravioleta. Além disso, hidrata, é anti-frizz e protege os cabelos do secador, da chapinha, do cloro e do sol. Será um ingrdiente milagroso? Por enquanto, chegou ao país apenas o óleo de tratamento original, que vem em um vidro de 100 mililitros, e pode ser usado tanto no cabelo seco quanto no molhado. O produto pode ser encontrado em uma lista restrita de salões de beleza, como o MG Hair, Jacques Janine e Loft Hair. PREÇO: R$ 200, APROXIMADAMENTE MAIS INFORMAÇÕES: WWW.MOROCCANOIL.COM

MORPHINE LIPS Lançar um batom que seja uma verdadeira inovação é tarefa difícil para qualquer grande marca: nada de novidade em hidratar, colorir e deixar os lábios mais volumosos. Com um nome peculiar, um novo produto quebrou a monotonia dos batons e trouxe algo de inusitado para esse item indispensável em qualquer estojo de maquiagem: o Morphine Lips promete um beijo entorpecido. Sua fórmula contém benzocaína, anestésico usado em procedimentos cirúrgicos dentários, que dá a sensação de boca anestesiada àqueles que passam o produto nos lábios. Além disso, o batom, que acaba de chegar ao mercado americano, tem vitaminas A e E e pode ser encontrado nos sabores manga e pêssego. PREÇO: R$ 19,50 MAIS INFORMAÇÕES: WWW.MORPHINELIPS.COM

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saúde

A ARTE DE AMAR Um estudo realizado no Reino Unido de autoria do neurobiólogo Semir Zeki, da University College de Londres, e divulgado no jornal inglês The Telegraph, concluiu que os sentimentos que experimentamos ao admirar uma obra de arte é semelhante àquele que provam os apaixonados. Semir pediu que voluntários olhassem 28 pinturas para depois observar seus cérebros com um scanner. O neurobiólogo identificou o aumento da quantidade de sangue em áreas que produzem dopamina, que está associada às sensações de prazer e afeto e que também é ativada quando estamos apaixonados. A arte, anteriormente, já havia se mostrado eficaz em tratamentos com internação e na recuperação de algumas doenças.

DIETA EXCLUSIVA A nutrigenômica é um novo ramo da nutrição que promete uma das coisas mais desejadas pelas pessoas de todos os cantos do mundo: fazer com que um regime dê certo. E o caminho escolhido foi estabelecer uma relação entre a genética e a comida. Ainda em estudo no Brasil, a ciência defende que um mapeamento detalhado do DNA do paciente possibilita que sejam analisadas as diferentes interações que cada alimento tem no nosso organismo. Com isso, será possível identificar quais alimentos funcionam e quais atrapalham o metabolismo de cada indivíduo, uma vez que um alimento que é benéfico para uma pessoa pode não ser para outra. Além disso, um mapeamento genético pode acusar doenças, como a intolerância à lactose. Isso, sim, é tratamento personalizado! MAIS INFORMAÇÕES: WWW.NUTRIGENOMICABRASIL.ORG

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VIAJAR

ONDE O SOL NASCE DO CHテグ

Deserto, mar, dunas, tribos, animais selvagens em paisagens abertas... A Namテュbia nos mostra um mundo ancestral e intocado por Mariella Lazaretti

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39 A PAISAGEM FANTÁSTICA DO DEADVALLEY

A Namíbia é um país com 2 milhões de pessoas e 1 milhão de focas. Sim, focas. Na África. E isso é só o começo das surpresas desta viagem. Espere até eu chegar ao mahangu. Quer encarar um? Quem falou em mahangu foi nosso guia, Siyepo Dias, um fanfarrão que, ao ser questionado sobre o que viria a ser o ditocujo, me encarou por trás dos óculos quadrados e respondeu com a síntese que lógicas ululantes exigem: – Mahangu é mahangu. Ora! Embora tenha sido apresentada ao mahangu apenas no penúltimo dia de viagem executada em tempo recorde por terra, ar e rio, lutei como pude para obter de Siyepo Dias algo menos lacônico. Mahangu tem olhos? É verde? Respira, tem raízes? Dias, nascido em uma tribo na região de Rundu, fronteira com Angola, era capaz de arranjos semânticos da língua portuguesa semelhantes a transmissões radiofônicas defeituosas que dispunham sempre de verbos, às vezes de adjetivos, mas jamais de preposições: – Mahangu tem muito lá. - ele disse. - Nós pega. Assim. Põe lá. E com essa enormidade de informações me despedi de Siyepo em terra (para reencontrá-lo no fim da jornada) e embarquei no avião bimotor que cuidaria de nos propiciar uma viagem inesquecível de 2.000 quilômetros pelos recantos mais surpreendentes daquele país e de nosso planeta. De modo que não custará muito a você, leitor, enfrentar algumas linhas para descobrir o que significa efetivamente “encarar um mahangu”. Antes, vamos por partes. Até chegar a Windhoek, a capital da Namíbia, eu mal sabia para onde ia de verdade. Minha bagagem tinha de tudo, inclusive um pavor ancestral de carrapato-estrela e malária. Assim, na linha do vexame de Lula, que na mesma Windhoek afirmou que “ali nem parecia África”, eu com o cuidado de não dizer isso num microfone, me surpreendi com ruas limpíssimas, pouquíssi-

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MULHER E CRIANÇA DA TRIBO HIMBA: MUITOS ADEREÇOS E CORES

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mos insetos, banheiros impecáveis e a informação segura de que toda a água da Namíbia é tratada. O.k., estamos falando de um país composto de 70% de deserto – o maior, mais impressionante e mais seco do planeta – e 2 milhões de habitantes, mas sem dúvida, se trata de uma joia da África. O maior trunfo da Namíbia cabe ao fato de a natureza ali não ter mudado muito desde a entrada na Idade do Fogo, quando bambis saltitavam, negras nuas acendiam gravetos e besouros se enterravam na areia em busca de clima ameno. Boa parte de quase tudo está intacta. Ou quase. A capital tem 600 mil habitantes que praticamente se conhecem pelos apelidos de infância. E olha que nome difícil não falta – a colonização foi alemã, o idioma oficial é o inglês, o popular é o africânder e cada tribo mantém sua língua oriunda da idade da pedra. Até 1990 a África do Sul dominava o país, tendo estendido para lá o pavoroso regime apartheid. Hoje o governo é negro e democrático. As paisagens da Namíbia são fascinantes e fazem você crer, ao longo de um dia de voos e caminhadas, que alguém colocou algum tipo de ácido no seu café da manhã. Afora isso, as inúmeras tribos – os bushmen, os hereros com chapéu de peixe-martelo, os himbas, cujas mulheres andam nuas e se pintam de tinta vermelha com muitos adornos – ainda vivem em ocas. Embora sejam obrigados a enviar crianças para as escolas (quando há, no meio do nada), a vida da maioria segue sob as próprias regras de seu povo. Elas convivem com os animais, que convivem com os humanos, que lutam igualmente para sobreviver na savana e no deserto. As distâncias na Namíbia são enormes e algumas só podem ser alcançadas de avião. Um fly safári possibilita conhecer tribos afastadas de tudo e paisagens impossíveis de ser vistas em sua plenitude se não do alto. O ideal, no entanto, é fazer algo misto – parte em terra, parte pelo ar. Ver um rinoceronte atravessar a pista à sua frente ou sentir a lufada de uma disparada de zebras é algo que cala no fundo de nosso código genético. Por isso, do aeroporto de Windhoek seguimos de carro por três horas para o sul, até a região de Ka-

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lahari. É uma área de elefantes e onde vive a maior parte dos 35 mil indivíduos da tribo san ou bushmen – aquele povo retratado no filme Os Deuses Devem Estar Loucos, magrinhos que ainda vivem da caça e pesca. Nosso objetivo era chegar a Sossusvlei – o cartãopostal da Namíbia –, e em seguida tomar os aviões para partir para as vastas paisagens. Na estrada, antílopes, impalas e girafas nos encaravam com curiosidade. Embora o costume local por gerações tenha sido comer animais que saltavam na frigideira sem que os nativos se esforçassem demais (em números gerais, há mais animais que gente), a Namíbia tem um comprometimento de preservação ambiental previsto em sua constituição. Os animais não têm medo dos homens. Hoje os bichos que eram parte da cadeia alimentar são designados genericamente de meat game (carne de caça) e criados para abate. Toda vez que vinha um prato de meat game, tentávamos descobrir o que estávamos comendo, porque nem eles sabem ao certo. Na segunda noite, chegamos à região de Khomas, um tapetão árido de cascalho marrom, com vales sombreados ao fundo. Dormimos no Kulala Lodge, muito charmoso e confortável, com quartos de lona, mas banheiros de cimento e água encanada. E ali, às portas do Deserto da Namíbia, começou o show de surpresas, luzes e sombras. Com 50 mil quilômetros quadrados, a faixa de deserto estende-se por 1.600 quilômetros ao longo do Oce-

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ano Atlântico, até o sul de Angola. A porta da entrada do deserto é um assentamento chamado Sossusvlei (pronuncia-se sóssusflei), onde estão as mais altas dunas do mundo (com até 325 metros de altura). As areias oxidadas têm um tom alaranjado. Para vê-las como convém, levantamos muito cedo. A luz matinal incidindo nas sinuosas dunas produz cores e movimentos. Com o silêncio permanente do lugar, a sensação é de se estar conhecendo um mundo recém-feito. Adiante da Duna 45 – as dunas têm números, sendo a de número 7 a mais alta do planeta –, há o Deadvalley, um lago petrificado há centenas de anos e do qual árvores mortas levantam como mãos retorcidas. Muito impressionante. Depois desse programa, seguimos para um campo aberto, em que Andre e Jan, os pilotos, nos receberam. Andre Schoeman, cujos ascendentes alemães aportaram por lá em cerca de 1700, mantém com três irmãos o negócio de safári aéreo aberto pelo pai na década de 70 – o Skeleton Coast Safaris. São quatro aviões, quatro acampamentos, apoios de jipes para passeios nas dunas e montanhas – e uma simpatia, disposição e empenho pessoal irreparáveis. Jan Friede, dono do Profile Safaris, que faz roteiros sob medida em toda a África, se apresentou também como fotógrafo. Seu inglês perfeito (segundo ele, aprendido nas escolas de Zimbábue, seja lá o que isso signifique) mantinha-o firme em qualquer combate – fossem meus gritos no banco de trás do avião

SHOW

Ao lado, a simpatia da girafa; e abaixo, a presença impressionante de dois dos Big Five: rinoceronte e elefante

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depois de um semilooping ou porque eu deveria ter fotografado o casco do navio afundado em vez de olhar as milhares de focas em Cape Cross. Na verdade, eram coisas demais para administrar no primeiro voo sobre o Skeleton Coast Park, a costa selvagem na faixa do mar, que nos descortinou tubarões, focas, navios afundados, deserto, dunas, portos e outros animais. Eu me esforçava para manter meu labirinto focado e não chorar de emoção com aquela paisagem toda. Ao longo dos três dias de voo o país ganhou sua dimensão real – ou irreal! O céu amplificado levantando-se por todos os lados, o sol solidificando cores no deserto de areias alaranjadas, vales sombreados por nuvens estáticas, antílopes correndo sob nós num planeta bege e fofo. As negras e escarpadas formações Ugab, montanhas impressionantes de 700 milhões de anos. As margens voluptuosas dos rios Huab e Kunene e braços

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de mar salpicados de flamingos. Eram muitas visões acachapantes para administrar. Os voos incluíam várias paradas para piqueniques e lanchinhos no meio do nada. Do avião, às vezes avistávamos algum movimento humano lá embaixo, um porto e um punhado de casinhas germânicas coloridas – como a cidade de Swakopmund, onde 6% da população loira de olhos azuis passam o verão. De modo geral, porém, éramos nós e a brisa. No teto de um jipão que surgia do nada pronto para embarcarmos, descemos crateras profundas e sonoras de dunas de areia em Terrace Bay e conhecemos uma das formas vegetais mais antigas do globo, a Welwitschia. Visitamos uma tribo himba, onde as mulheres são lindas e passam no corpo tinta vermelha feita à base de uma semente e gordura animal. Fomos até a fronteira de Angola descendo uma ribanceira de 40 graus e

O CARTÃOPOSTAL DA NAMÍBIA É SOSSUSVLEI, A MAIOR REDE DE DUNAS DO MUNDO, QUE DEVE SER VISTA AO NASCER DO SOL

vimos jacarés nos baixios do Rio Kunene cruzando a correnteza voluntariosa. E tivemos ainda a vivência nos acampamentos, o que merece uma descrição à parte. Ficamos no Kuidas Camp, no Purros Camp e no Camp Kunene River. Foi um contato absoluto com a natureza e com nossa própria ancestralidade (entenda como quiser). Na Namíbia há lodges cinco-estrelas, há lodges com serviço de hotel e quartos de lona, e há os camps, como dos irmãos Schoeman, onde ficamos. Para mim, que não acampo desde o Carnaval de 1983, foi inicialmente um choque – designação que uso para qualquer lugar sem banheiro azulejado. No entanto, as coisas ali eram tão bem pensadas que não geravam sofrimento, mas prazer, estimulando nosso lado silvícola. As cabanas de lona eram rodeadas por uma cerca de bambu, o que garantia a privacidade. O chuveiro era um boxe externo, também de gravetos compridos. Do alto pendia um saco de lona cheio de água colocada de antemão, com uma rosca furada na ponta servindo de ducha. Você podia se secar ao ar live, com vento por todos os lados diante da vista extraordinária, sem ninguém olhando de volta. O interior da cabana era arrumado com régua e compasso: duas camas ladeavam uma mesinha que mantinha à mão uma lanterna de bateria, um repelente, um espelho, caixinha de lenços, uma garrafa de água, um rolo de papel. O vaso sanitário clássico, com encanamento, ficava lá fora (para minha alegria) em cabanas de bambu – mas sem porta (barrabás!) –, apenas com uma parede em “L” que escondia o cubículo do vaso. Uma cordinha com uma bandeirinha pendurada na porta indicava a situação: se estivesse estendida, tinha gente; se estivesse solta, livre. As refeições eram feitas em um rancho. De dia, o almoço era lanche com salada, frios defuma

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TANTAS EMOÇÕES: DESCIDAS DE 4X4 EM TERRACE BAY E, ABAIXO, UM SOBREVOO SOBRE O DESERTO

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MULHERES E CRIANÇAS DA TRIBO HERERO: VIVENDO DE BEM COM A NATUREZA

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O QUE, ONDE, COMO, QUANTO...

dos de meat game , pastramis e queijos. À noite, após um banho redentor, sentávamos em volta do fogo ou diante de um rio, sob a brisa morna e um mar de estrelas, enquanto as cozinheiras serviam uma versão diferente de ensopado regado a bons vinhos sul-africanos. Quando nos despedimos de Andre, de sua filha Cindel, que nos acompanhou, e de Yan, seguimos para dois lodges luxuosos à beira do Etosha Park, um dos maiores santuários de animais do planeta. E foi lá que vimos bichos em seu habitat, compramos artesanato, reencontramos nosso querido Siyepo Dias e, enfim, fomos apresentados ao mahangu, a comida de subsistência da Namíbia. Trata-se de um cereal com o qual se faz farinha e, com ela, uma espécie de angu. Seu acompanhamento pode ser um guisado de galinha ou de espinafre, mas o mais comum é... lagartas fritas (!) chamadas mopane . Foi com uma porção generosa delas, apanhadas nas folhagens baldias, que a chef Erika nos preparou um mahangu. Incentivou-nos a comê-lo fazendo bolinhos do angu, com uma lagarta gorducha de cobertura. Foi quando achei que o contato com minha ancestralidade já tinha ido longe demais. Preferi deixar essa experiência para uma segunda visita a Namíbia. Disse adeus a Erika e Dias e fui fotografar elefantes a caminho do aeroporto, com a certeza de que havia sido apresentada ao planeta na semana de sua gloriosa inauguração.

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O QUE VOCÊ PRECISA SABER • A moeda na Namíbia é o dólar namibiano. O dólar sul-africano ou rand também vale para toda a África. • Não é necessário tirar visto, mas é preciso tomar a vacina contra malária e carregar o Certificado Internacional, que pode ser obtido no Ambulatório dos Viajantes, no Hospital das Clínicas, em São Paulo, e nos aeroportos internacionais. • Em todos os hotéis e camps há repelentes, mas na dúvida leve um Extreme Exposis 10 Horas. À venda nas lojas Alergoshop – www.alergoshop.com.br. Afasta também o carrapato-estrela. • Na primavera e no verão (de setembro a março), as temperaturas chegam a 40 graus e chove (pouco). Para quem quer ver cores nas paisagens é o momento adequado (há animais também, mas espalhados). No inverno, de abril a julho, quando a seca concentra os pontos de água, é mais fácil ver animais. No entanto, o sol não afasta o frio, e à noite as temperaturas caem bastante. Em agosto venta muito. COMO CHEGAR A SAA – South African Airways tem voos diários para Johannesburgo/Windhoek. A partir de US$ 999 + taxas por pessoa, ida e volta p/ baixa temporada (28 fev. a 17 jun. e 2 ago. a 2 dez.). Na alta temporada (18 jun. a 1o ago. e 3 dez. a 27 fev.), a partir de US$ 1.050 + taxas por pessoa. www.flysaa.com. Tel. (55 -11)3065-5115. ONDE FICAR Em Johannesburgo, o Hotel Michelangelo é uma boa: fica dentro de um shopping center, com saída para a Praça Mandela, com vários bares e restaurantes animados à noite. Na Namíbia, as grandes redes tipo Wilderness Safaris (www.wilderness-safaris.

com) ou o Leading Lodges of Africa (www. leadinglodges.com) oferecem estada mais excursões, em lodges e camps em vários pontos do país. • Epacha Game Lodge & Spa – Quartos enormes e luxuosíssimos, próximo ao Etosha Park, comida média. www.epacha.com Tel. +264 (0) 697047. US$ 200 por pessoa/ dia. Refeições incluídas. • Ongava Lodge – Também próximo ao Etosha Park, elegante, sofisticado e confortável, comida boa. O restaurante fica sobre palafitas sobre a savana, onde à noite os animais vêm beber água. www.wilderness-safaris.com. US$ 270 por pessoa/dia. Refeições incluídas. • Le Mirage – Próximo a Sossusvley, exótico, boa comida, oferece balonismo e triciclos para o deserto. lemirage@lemiragelodges. com Tel. +264 (0) 63683020. • Kulala Desert Lodge – Também na área de Sossusvley, com Land Rover e guia à disposição, é rústico e ao mesmo tempo muito confortável. Boa comida. www.kulalalodge.com. US$ 400 por pessoa/dia. Com refeições, passeios e drinks. SAFÁRI AÉREO • Skeleton Coast Safaris – Dos irmãos Schoeman, oferece quatro pacotes diferentes incluindo toda a alimentação, passeios de Land Rover e estada em seus camps ( fotos abaixo). Uma aventura que não tem preço, mas que custa em torno de US$ 5 mil por pessoa, variando conforme o número de integrantes e dos pacotes. www.skeletoncoastsafaris.com Tel. +26461-224248. • Profile Safaris – Jan é o guia que conduz o turista no espírito Indiana Jones. Preços em média de US$ 5 mil por pessoa. Trajetos por toda a África, de avião ou carro, sob medida. www.proflesafaris. com. Tel.+ 264-61-222357.

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BEBER

CERVEJA EM TAÇA

Produzida pelo mesmo método dos champanhes, a bière brut oferece as borbulhas, o frescor e o glamour dos espumantes Por Paulo Rálio Neto* Imagine o charme e o brilho do perlage em uma taça flûte, só que cheia de cerveja. Sim, poderíamos estar falando da glamourosa bebida produzida na região nordeste da França, mas estamos falando das bière brut, as cervejas feitas sob o mesmo processo das bebidas de Champanhe,que ganharam o gosto do brasileiro exigente.

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O método champenoise é rico em detalhes e curiosidades: no caso das cervejas, consiste em submeter a bebida a um segundo processo de fermentação, depois da adição de levedos (fermento) especiais usados na produção de espumantes, com o líquido já engarrafado no ambiente das caves. Durante aproximadamente três meses as garrafas passam pelo ritual de remuage – ficam inclinadas, são giradas duas vezes ao dia e endireitadas pouco a pouco, até que cheguem à posição de 90 graus de ponta-cabeça, quando o resíduo de levedura se concentra no gargalo. Dá-se, então, início ao dégorgement, técnica de congelamento do gargalo que facilita a retirada da borra de levedura sedimentada durante o processo. Depois, a garrafa recebe a rolha de alta pressão (nada de tampinha de metal) e a cerveja está pronta para consumo. O resultado, guardadas as variações de produção, é uma cerveja de coloração palha dourada, refrescante, de aroma e sabor condimentados, com notas florais e frutadas de corpo médio a alto. A elevada carbonatação permite a formação de bela espuma e dá equilíbrio entre o dulçor e o álcool, que chega a 11,5% em seu teor, equivalente ao de espumantes. A formação de borbulhas de gás carbônico dá o principal toque de personalidade desse estilo de cerveja. Ao servi-la a uma temperatura ideal de 2 a 4 graus, na taça esguia de cristal, é completa a sensação de se estar bebendo um champanhe. Há apenas quatro fabricantes de bière brut no mundo. Dois belgas

e outros dois, quem diria, brasileiros. Não, não existe nenhuma francesa. Na Bélgica, a pioneira a utilizar o método foi a Malheur, que a partir da produção de sua cerveja de estilo tripel (a Malheur 10) iniciou, em 1999, o projeto de sua bière brut. É também a única no mundo a produzir o estilo dark brut, mais escura, com maltes torrados. A Malheur ainda produz Cuvée Royale pelo mesmo método. Considerado um estilo raro e peculiar, a bière brut tem na belga Deus seu exemplar de excelência e requinte de produção. É maturada e tem sua primeira fermentação na Bélgica, e então é levada à cidade de Reims, na região de Champagne, onde se finaliza o processo de produção. No Brasil, temos duas microcervejarias que inovaram, investiram e se dedicaram ao especial método champenoise. A primeira a chegar ao mercado foi a Lust, da cervejaria Eisenbahn, de Blumenau, Santa Catarina. Da mesma família, a Lust Prestige é uma versão aprimorada

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LUST Feita pela Eisenbahn em Blumenau, foi a primeira bière brut do Brasil

da Lust, que fica durante um ano em processo de maturação (enquanto a outra matura por três meses), em uma vinícola catarinense. A mineira Wäls Brut é a grande novidade. Lançada em março, inovou duas vezes. Primeiro ao construir uma cava exclusiva e especializada para a produção da bière brut na própria cervejaria em Belo Horizonte - enquanto as demais geralmente locam uma cava em vinícolas. Segundo, porque no momento da adição do licor de expedição, artifício que algumas cervejas utilizam para atingir a potência e doçura desejadas, a fabricante optou por usar a própria cerveja, e não um líquido açucarado, como é praxe, resultando uma carbonatação particular. As bière brut se diferenciam das demais loiras do mercado pelo preço: todo cuidado que recebem e sua menor escala de produção têm um custo, que sai para o bebedor final algo em torno de 150 reais. Para harmonizar com ostras e frutos do mar são ideais. Queijos semiduros (como gouda, gruyère e emmental), os de fungo branco (tipo brie e camembert) também combinam com elas. Chocolates belgas elevam a degustação da dark brut a patamares espetaculares. A nós, resta beber e erguer um brinde à sofisticação e à genialidade humana.

DEUS É um produto belga, mas a finalização acontece na região de Champagne

MALHEUR Pioneira no mercado, começou a ser produzida em 1999, na Bélgica

WÄLS BRUT Lançada em março, é finalizada na cava da própria cervejaria, em Minas Gerais

*Paulo Rálio Neto é economista e sommelier de cervejas formado pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS)

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JOGANDO LONGE

BOLA AO MAR

A Revista da Grama esteve no I Punta Mita Gourmet & Golf, no MÊxico, e conheceu os mais charmosos campos de golfe do mundo, onde um dos buracos avança no oceano Por Mariella Lazaretti

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51 Você pode ser amante de golfe ou de quase todas as outras coisas boas da vida: comida e bebida caprichadas, luxo despojado, beleza natural, conforto, praia e sol. Seja lá o que você escolher, em Punta Mita tende a ser mais legal. Se for durante o Punta Mita Gourmet & Golf, um festival organizado pelos hotéis St. Regis e Four Seasons que ocorreu pela primeira vez em abril passado nessa península, a gastronomia terá ainda mais estrelas. Localizada no Estado de Nayarit, México, esse dedo de terra que avança pelo Oceano Pacífico e é banhado de um lado pela Baía Banderas e do outro pela Litigu, é um silencioso paraíso a 40 minutos de Porto Vallarta. A generosa paisagem natural recebeu feroz investimento de grupos hoteleiros e construtoras durante os últimos dez anos, para transformar Punta de Mita, o nome original da região, em uma das mais luxuosas áreas de condomínios e hotéis do México. Hoje é uma espécie de éden dos golfistas que para lá acorrem na ânsia de conhecer dois dos melhores campos do mundo, em um ambiente de extremo bom gosto e hotéis über confortáveis. Os dois campos foram concebidos pelo legendário especialista Jack Nicklaus. Com vista para o mar, os campos têm duas faces a oferecer – uma voltada para o Pacífico e a outra para a baía. O Pacífico é o primogênito dos dois, com oito buracos, nível de classe mundial, foi eleito em 2008 o Campo Número 1 do Mundo pelos leitores da revista Traveller, da Condé Nast. Seus greens espalhados entre o mar, as areias brancas, e sob o contraponto das montanhas da Sierra Madre ao fundo, seriam suficientes para qualquer golfista querer passar ali o restinho do ano depois do Réveillon. Mas isso não é tudo: ele apresenta ainda um desafio para os aficionados do esporte – o famoso buraco 3B ou o “Tale of Whale”.

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Abaixo, jogador lança a bola para o Tale of Whale, abaixo vista aérea do green dentro da ilhota natural

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Vista de um dos três conjuntos de piscinas do St.Regis: todos os tons de azul

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Estamos falando de um par 3 opcional que termina com o green em uma ilhota natural, cerca de 500 metros para dentro do oceano. Jack Nicklaus, o criador, costuma falar de sua “criatura” com carinho e humor especiais: “É um buraco difícil num dia calmo, mas quando há vento o green parece ficar ainda menor”, disse. “Ver alguém lutando pela primeira vez nesse buraco é uma cena e tanto: o jogador usa todo o swing extra que pode, mas por alguma razão misteriosa, os músculos parecem se mover involuntariamente na tentativa de mandar a bola de volta ao campo.” Engraçadinho, esse Nicklaus... De todo modo, os que lá passaram declaram que dar um lie-up é sensação de missão cumprida similar a ultrapassar a faixa de chegada na São Silvestre. Já o campo Bahia, inaugurado em 2008 com seis buracos e algo como 7 mil jardas, ganhou a distinção de Best New Course do México logo depois de sua inauguração. Um golfista experimentado que jogava no primeiro Festival Gourmet & Golf, afirmou ao final da peleja de oito horas em campo, que se trata de um campo com ondulações extremas e dificuldades que o fizeram enxergar o campo Pacífico como “um velho amigo, onde os greens e os bunkers testam o jogador em vez de condená-los ao desespero”. Obviamente que nenhuma dessas declarações foi dramática – ao contrário, vinham coroadas por uma satisfação quase masoquista. Grupos alegres bronzeados ao sol, com sorrisos no rosto e o suor escorrendo abaixo do chapéu-panamá, comentavam suas proezas depois de uma Margarita e antes de costelas de boi braseadas com “piloncillo” salteado com batatas-doces e tomates cereja, assinados pelo mexicano Abraham Salum, dono do melhor restaurante de Dallas.

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Gastronomia Ă beira-mar, e a suĂ­te com sala e varanda de frente para o oceano

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Em se tratando de um evento gourmet e de golfe, os almoços e jantares eram obviamente momentos esperados, sempre harmonizados com drinques de tequila e vinhos cultivados em algumas províncias mexicanas. No evento estiveram à frente de cada refeição chefs consagrados, como o jovem mexicano Enrique Olvera, do restaurante Pujol (que acaba de adentrar a lista dos 50 Melhores Restaurantes do Mundo), a argentina Paola Carosella, o australiano Andrew Orsnby e o francês Thierry Blouet, dono do melhor restaurante da cidade, o Café des Artistes. O idealizador do evento, o tonganês Carl Emberson, que viveu durante anos no Brasil como o principal manager do Grand Hyatt Hotel, de São Paulo, concebeu-o quando assumiu o comando do St. Regis Punta Mita Resort. “Estou muito feliz por poder trazer tantos brasileiros ao México, para conhecer serviços hoteleiros e campos de golfe com categorias difíceis de ser comparadas às do resto do mundo”, diz ele. As instalações do St. Regis, assim como de seu spa, estão espalhadas em forma de minimansões, com varandas, salas espaçosas e camas king size difíceis de ser abandonadas para o café da manhã à beira-mar. São três áreas com piscinas em desnível, jardins de cartão-postal, jaccuzys e tendas elegantes de tecido em frente ao Pacífico. Famílias com crianças preferem as casas na areia,

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com piscinas que se confundem com o azul do mar. “Acabamos de ser adicionados à lista dos estabelecimentos AAA Five Diamonds Award”, diz Emberson. “O AAA é uma qualificação concedida pela indústria hoteleira a pouquíssimos empreendimentos pelo mundo, atestando serviços incomparáveis, excepcional cozinha e experiências luxuosas e autênticas”, afirma. Do México, temos ainda mais duas boas notícias para finalizar esta reportagem: 1) por questões afetivas e mercadológicas, brasileiros terão tarifas especiais neste primeiro momento do hotel; 2) Já está marcado o II Punta Mita Gourmet & Golf para abril de 2012. Esperamos encontrar todos lá!

Bela vista de uma das jacuzzis na areia

O que, onde, como, quanto... Voos de São Paulo partem até Cidade do México. De lá, se toma um voo para Puerto Vallarta e um carro do hotel leva o hóspede, em 40 minutos, até Punta Mita. Hotéis The St. Regis Punta Mita Resort +51.329.291.5800 www.stregis.com/puntamita Four Seasons +52.329.291.6000 www.fourseason.com/puntamita

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ARTE DE RECEBER

A DUPLA, QUE NUNCA HAVIA ESTADO NO BRASIL, FOI PESSOALMENTE AO MERCADテグ DE Sテグ PAULO ESCOLHER O QUE USARIAM PARA CRIAR O MENU

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DOBRADINHA ITALIANA Os chefs Stefano Masanti e Leonardo Bassola vieram exclusivamente para cozinhar na Fazenda da Grama e falaram da associação slow cooking, da filosofia de trabalho e dos métodos que usam para selecionar os ingredientes de suas receitas premiadas por Ana Paula Kuntz fotos Marília Pedroso A noite que antecedeu o início do 5 o Torneio Aberto da Grama estava cheia de expectativas. Não somente por parte dos competidores, mas por todos que se reuniram naquela sexta-feira para jantar no condomínio. Afinal, junto ao chef da casa, Artur Sauerbronn, havia visitas ilustres. Uma delas, o chef Stefano Masanti, italiano de Madesimo. Nessa cidade, próxima ao Lago de Como e quase na divisa com a Suíça, Masanti comanda o restaurante Il Cantinone, inaugurado em 1974 por seu avô, Mario. Quinze anos depois, o neto, aluno aplicado, assumiu o manejo das panelas e passou a combinar técnicas modernas com as receitas tradicionais da família, seguindo sempre o princípio de favorecer o uso de ingredientes locais. A combinação de esmero e paixão – e talvez outros motivos que nem ele sabe explicar – rendeu ao chef a conquista de uma estrela no conceituado Guia Michelin em 2009, tornando seu restaurante famoso no mundo inteiro. Masanti veio na companhia de seu amigo, também chef e italiano, Leonardo Bassola. Proprietário do Open Restaurant, em Sondrino, ao norte do Lago di Garda, ele compartilha com o colega a mesma filosofia de trabalho, mundialmente conhecida como Slow Food: cozinhar sempre com produtos sazonais e típicos da região, para oferecer no prato os melhores sabores que a natureza oferece a cada estação. Convidados pela importadora Vinomaestro, que, além de vinhos italianos está trazendo a massa Latini para o Brasil, eles concederam esta entrevista com exclusividade à revista Fazenda da Grama.

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“A SOFISTICAÇÃO ESTÁ NO CUIDADO COM A SELEÇÃO DO QUE HÁ DE MELHOR, AINDA QUE SEJAM INGREDIENTES SIMPLES”, DIZ MASANTI, CUJO RESTAURANTE TEM UMA ESTRELA MICHELIN Qual é a filosofia de trabalho de vocês? BASSOLA – Está tudo ligado à qualidade dos ingredientes. Antes de apurar a técnica, é preciso ter consciência na hora de escolher os componentes de uma receita. Acreditamos que, para conseguir isso, o mais importante é valorizar aquilo que a natureza está colocando à nossa disposição a cada momento. Ou seja, procuramos usar produtos sazonais, típicos da estação, buscando a garantia de sabores autênticos. Também nos preocupamos em usar frutas, legumes e verduras cultivados nas redondezas, por pequenos produtores, sem o uso de agrotóxicos nem a necessidade de transporte entre longas distâncias, pois muito se pode perder dos alimentos no trajeto. Na Itália, isso é possível especialmente porque, diferentemente do Brasil, não há propriedades imensas, especialidade em uma única cultura, seja de café, de cana, seja de laranja. Em todas as microrregiões há sítios, às vezes pode ser até um jardim, e cada um produz o que quer, ou o que sabe, por paixão ou por sabedoria, sem pretensões de vender em escala industrial. Enfim, nossa filosofia de trabalho são as bases do que se conhece no mundo como Slow Food.

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E o que é o Slow Cooking? MASANTI – Esse é o nome de nossa associação. Não é um movimento, mas uma organização que reúne alguns poucos restaurantes de nossa região na Itália e favorece a criação de uma rede de relacionamentos com os produtores locais, rigorosamente selecionados e listados nas categorias frutas e verduras, mel, queijos e laticínios, farinha e cereais e também carne e embutidos. É o que chamamos cozinha de território. Temos nossas próprias regras para a admissão de restaurantes em nosso grupo, para as experiências gastronômicas para desenvolver o máximo potencial de cada produto, assim como para a seleção de vinhos. Vocês seguiram essa filosofia para preparar as receitas dessa noite? MASANTI – Claro. Fomos ao Mercado Municipal de São Paulo escolher pessoalmente os in-

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PRATA DA CASA: O CHEF ARTUR SAUERBRONN (AO CENTRO) COMANDA A EQUIPE QUE PREPAROU OUTRAS DELÍCIAS DO JANTAR, DA ENTRADA À SOBREMESA

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ENTUSIASTA

Masanti é um dos idealizadores da Slow Cooking, uma associação italiana que só admite membros que sigam, rigorosamente, as exigências de usar apenas produtos típicos da época, fornecidos por pequenas propriedades da região ao redor de seus restaurantes

gredientes. Não sabíamos o que iríamos preparar, deixamos para decidir lá, vendo, cheirando e tocando os produtos. O tomate estava lindo, o manjericão e o aspargo estavam perfumados, o camarão estava fresco. Com eles fizemos três tipos de molho, simples e deliciosos. Quais são as particularidades dessa massa que estão usando hoje? BASSOLA – Temos aqui três tipos de massa, rigatone, pene e strazzapreti. São todas curtas, mas de formatos diferentes. O particular é a matéria-prima, que resulta numa massa mais áspera e porosa, que absorve melhor o molho. A que motivos você, Stefano, atribui a conquista da estrela Michelin? MASANTI – Para ser bem sincero, para mim é um mistério (risos). Acho curioso que uma gastro-

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nomia como a minha, que segue essa filosofia dos produtos sazonais e da cozinha de território, tenha chamado a atenção dos avaliadores. A verdade é que nunca se revelou exatamente quais são os critérios deles. No meu restaurante, não servimos grass ou caviar, não trabalhamos com nenhuma iguaria muito extravagante, o que é até um desapontamento para uma pequena parcela dos clientes que pensa em outro tipo de requinte. Para nós, a sofisticação está nesse cuidado com a seleção do que há de melhor, ainda que sejam ingredientes simples. E, claro, o amor com que trabalhamos e a busca por satisfazer o cliente também fazem a diferença. Como você se tornou um chef de cozinha? MASANTI – Na minha família os homens cozinham melhor que as mulheres. Aprendi muito com meu avô, que foi quem inaugurou o Il Cantinone. Com 5 anos de idade, ele me ensinou a fazer sorvete de creme. Foi a primeira coisa que aprendi a preparar. Eu achava muito esquisito, e meus amigos mais ainda, ter de cozinhar uma coisa que comeríamos gelada depois. Mas assim fui aprendendo a química da gastronomia. Meu pai não queria que eu fosse cozinheiro, mas sempre estive decidido a me formar chef e tocar o restaurante do meu avô.

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Que dica você daria para quem quer preparar pratos com essa qualidade em casa? MASANTI – Não se preocupem em dominar as técnicas, isso vem com a prática, com o estudo. Para fazer aquela receita do dia a dia ficar ainda melhor, escolha bem os ingredientes. Costumo dizer que, na feira, devem-se olhar as mãos do verdureiro e reparar se as unhas estão sujas ou não. Se estiverem muito limpas, provavelmente não foi ele quem cultivou aquilo que está vendendo. Eu ficaria desconfiado. Outra coisa que as pessoas podem achar estranho é escolher frutas onde as moscas pousam. Elas são bichinhos sábios, escolhem só o melhor. E também recomendo que as pessoas não se impressionem com o tamanho ou a beleza dos legumes. É mais importante que sejam mais cheirosos do que bonitos. E os menores têm sabor concentrado, diferentemente dos grandes, que são ricos em água, não

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1. Chef Arthur 2. Ana Claudia e Giampaolo Michelucci com a filha 3. Glen Pebles (sentado à esq.) e Alejandra, Roberto Dhelomme, Flavio Lattes, Pedro Vergani (sentado à dir.)

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torneio

Faça chuva ou faça sol O 5° Torneio Aberto de Golfe da Fazenda da Grama reuniu esportistas apaixonados e determinados, numa disputa acirrada e desafiadora por Ana Paula Kuntz fotos Murilo Mattos

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65 Entre um lindo sábado de sol e um assustador domingo de chuva, foi realizado o 5º Torneio Aberto de Golfe Fazenda da Grama – GP. Com cerca de uma centena de participantes em quatro categorias, o evento que já virou tradição vem se firmando como um dos mais concorridos do clube. “Percebemos sempre um entusiasmo muito grande, e crescente, dos golfistas que entram nessa competição. É uma oportunidade para reforçarmos nosso compromisso com o esporte, dar um passo à frente para que seja cada vez melhor, agregando valor às experiências dos golfistas e à Fazenda da Grama como um todo”, afirma o anfitrião Aluízio Rebello de Araújo. A edição teve patrocínio da GP Segurança Patrimonial, que organizou um esquema especial para garantir a seguridade do evento. “Estou encantado com o condomínio”, diz o presidente da empresa, Berardino Fanganillo. “Nunca me aprofundei no golfe, porque confesso que minha paixão é o mar, a pesca esportiva”, diz ele. “Sendo comodoro de um clube náutico, nunca tive tempo para dar tacadas, mas fiquei muito contente de acompanhar o torneio.” A disputa foi um teste de resistência e perseverança para os golfistas e também de agilidade para os profissionais do campo. Um temporal na tarde de domingo, com um vento fortíssimo que envergou até as maiores árvores do condomínio, interrompeu a partida por cerca de uma hora. Conforme explica Kevin Bulman, Head Pro da Fazenda da Grama, o perigo maior são os raios. “Em condições como esta, é sempre importante observar a formação de poças no green. Mas, como o nosso campo tem um sistema de drenagem muito eficiente, isso não é problema”, diz. “Pior é enfrentar o vento, que muda o curso da bola, e ficar exposto aos raios,

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dando partida: alinhados, os carrinhos aguardam, em frente à sede, os participantes para o início do torneio

já que, com o taco de metal apontado para cima, os jogadores correm grande risco de serem atingidos.” A maioria dos competidores, porém, estava torcendo para voltar ao campo. A expectativa era grande inclusive na categoria feminina. Entre 91 homens, havia somente nove mulheres. A campeã Hiroe Wakabayashi, que virou o jogo no domingo para vencer com uma abaixo do par (71-72), derrubando Beatriz Ribeiro do Valle, líder da véspera, para o segundo lugar (68-75), chegou ao último buraco mesmo debaixo de chuva. “Fiquei contente com o primeiro lugar, mas o que me deixa mais feliz é ver que o número de mulheres nos torneios de golfe está aumentando”, afirma. “No ano passado foram apenas seis, e no ano que vem acredito que haja cerca de 20 competidoras. Temos que disseminar essa paixão entre as garotas da nova geração de golfistas.” As mulheres disputaram uma categoria única, com index até 22,1. Marise Nishi (7773) ficou com o terceiro lugar, Silvia Nishi ganhou o prêmio de melhor gross feminino e Angela Rappa foi escolhida como “Revelação” do torneio.

Categorias masculinas

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Ele tem apenas 15 anos de idade, mas já acumula mais experiência que muitos homens barbados no campo de golfe. Eduardo Araújo deu suas primeiras tacadas há quatro anos e agora conquista seu primeiro troféu de campeão na categoria C do torneio, com

index de 15,5 a 23. “Foi complicado, especialmente pela chuva forte, mas valeu e estou muito feliz.” O estreante no topo do pódio somou 74 pontos e foi premiado pela própria mãe, a capitã Maria Elisa Araújo. Ricardo Casali Pavan foi o vice com 72, seguido por Leonardo Greber, com 71 pontos. Na categoria B, de 8 a 15,4, o primeiro lugar ficou com um golfista de fora. Por não ser condômino da Fazenda da Grama, Paulo Hendges se programou para, uma semana antes, treinar no campo onde aconteceria o torneio. “Foi uma partida difícil, porque terminei o sábado liderando e precisaria me manter à frente no domingo, com chuva e tudo. O mais interessante é que durante o treino que fiz aqui tivemos um tempo chuvoso, acho que isso também ajudou.” Hendges terminou com seis abaixo (67-71), enquanto Denis Song (76-67) ficou com o segundo lugar e Antonio Takeo (71-74), com o terceiro. O grande campeão na categoria A, com index até 7,9, foi Alexandre

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enxergando longe: o aberto reuniu mais de 100 golfistas, com um aumento significativo no número de mulheres, que deverá dobrar na próxima edição. “a cada ano damos um passo à frente”, disse aluízio rebello de araújo

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Vasarhelyi, com parciais de 69 e 71, quatro tacadas abaixo de seu handicap. Ele contou ter encarado uma disputa muito acirrada. “O Renato (Araújo) deu muita canseira, não foi fácil vencê-lo. Paramos no buraco 16, devido à tempestade, e estávamos super empatados”, diz. “Renato Araújo, do clube Terras de São José, em Itu, foi o vice-campeão, no par do campo (71-73), seguido por Arthur Graf, que fez o melhor resultado do domingo, mas terminou outra tacada atrás (79+66). “Foi o torneio mais emocionante da minha vida”, desabafou Vasarhelyi com a taça em mãos. Álavo Almeida, ex-presidente da Confederação Brasileira de Golfe, gostou do que viu. “Campo irrepreensível, organização impecável e festa inigualável”, disse. O vice-presidente técnico da Federação Paulista de Golfe, Durval Pedroso, enviou carta com seus cumprimentos. “Nossos parabéns pelo excelente evento.”

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Segurança Total Com sede em Indaiatuba, a GP Segurança Patrimonial, empresa com 40 anos de atuação que emprega cerca de 17 mil profissionais em todo o país, é a responsável pela segurança do dia a dia na Fazenda da Grama. Durante o 5° Torneio Aberto de Golfe da Fazenda da Grama, a empresa reforçou o esquema de segurança com 25 vigilantes a mais, alguns deles acompanhados por cães de guarda. “Os cachorros tornam a vigilância mais ostensiva, colaborando com nosso objetivo de prover um regime de prevenção e orientação, diz Fabio Moreira, gerente comercial da empresa. “Trouxemos ainda viaturas equipadas com GPS e radiocomunicação e organizamos o serviço de recepcionista e controle de acesso. A vida é tão valiosa quanto os bens materiais, por isso nos preocupamos o tempo todo em cuidar também do patrimônio pessoal dos associados.”

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excelência reconhecida: a federação paulista de golfe cumprimentou a fazenda da grama pelo alto nível do evento. Álvaro Almeida, que presidiu a confedereção brasileira de golfe, também deu os parabéns

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2.

aluizio rebello de

3. Premiadas Categoria Feminina – Durval

Pedroso Vice- presidente técnico FPG, Beatriz R. do Valle (2), Hiroe Wakabayashi (1), Marise Nishi (3)

4. Vencedor sorteado de Hospedagem Mandarim Miami, Celso Ogawa e filhos.

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5 5.

Premiados Categoria B – Ministro Massami

Uyeda, Denis Song (2), Paulo Hendges (1), Antonio Takeo (3)

6. Premiados Categoria C – Leonardo

Grebler (3), Maria Elisa Araújo (capitã), Eduardo Araújo (1), Ricardo Pavan (2). Siqueira e Kevin Bulman

7.

Sylvio Telles

8. Premiados Categoria A

- Alexandre Vasarhelyi (1), Renato Araújo (2), Athur Graf (3), Camargo – Grupo GP.

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ALÉM DE VOCÊ

MÃOS DADAS DE NORTE A SUL

Projeto une mulheres de 12 estados e dá um ar fashion ao artesanato por Rosane Aubin

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73 DETALHE DE BOLSA FEITA COM TURURI, FLORES DE COURO DE PEIXE TINGIDO, TRABALHO COM PALHA DE BURITI, PEIXE, FIBRA QUE ENVOLVE O COCO, FITINHAS E LÃ: A REGRA É APROVEITAR A MATÉRIA-PRIMA DA REGIÃO

As mãos de dona Eva Eli Kuffner, de São Borja, nos pampas gaúchos, fiam, tingem e tecem a lã das ovelhas que são tosquiadas na região. Ela aprendeu a fiar com a bisavó e criou três filhos com o trabalho artesanal. Mas foi só em 2009 que Eva teve a verdadeira ideia da importância de saber e de ensinar técnicas ancestrais a um grupo de 57 mulheres. Em Paris, ela participou da feira de moda Prêt-à-Porter, e não dava conta de explicar aos visitantes as técnicas de produção de seus xales, cachecóis, casacos e bijuterias. “Foi emocionante”, diz, antes de soltar um “bah!” e contar de seu fascínio pela arquitetura da Cidade Luz. E não foi à toa que os visitantes da feira parisiense ficaram encantados. Quem vê os produtos do grupo gaúcho fica admirado com a mistura de técnicas artesanais antigas com linguagens contemporâneas, ou seja, parece que a vovó tricotou uma peça pronta para desfilar nas passarelas mais fashions do mundo. Essa sintonia fina entre o passado e o presente, o artesanato e o design foi possível graças ao projeto Talentos do Brasil, criado em 2005 pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Sebrae. Atualmente, atende 2 mil artesãs de 12 Estados, distribuídas em 19 cooperativas locais e uma geral, a Cooperúnica (www.cooperunica.com.br).

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São mulheres de norte a sul do Brasil que aprenderam ou reaprenderam a fazer peças artesanais especiais e únicas com a ajuda de designers como Renato Imbroisi, o primeiro a trabalhar com o grupo de dona Eva, o Lã Pura, que reúne artesãs da zona rural de São Borja e Uruguaiana. “Foi muito bacana, o Renato foi como uma luz no fim do túnel para nós”, diz Eva, citando e elogiando também os outros estilistas que já passaram pelo grupo, Ronaldo Fraga e Ana Vaz. O método de trabalho parece simples: eles chegam, fazem reuniões, trocam ideias e propõem soluções que agregam valor aos produtos. Equipes de outras áreas ajudam na gestão e na comercialização.

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S

do Sul. “Hoje, fazemos nossas previsões pensando em vender para o exterior. Isso é muito mais do que poderíamos imaginar, mesmo sendo muito otimistas”, diz Cleni.

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O QUE O PROJETO TEM O portfólio do Talentos do Brasil hoje tem 1.500 produtos. Eles usam as matérias-primas mais inovadoras, de crinas de cavalo para fazer bijuterias a cipós e tururi, uma membrana que envolve os cachos de coco da palmeira amazônica, conhecida como buçu. Conheça as coleções, as matérias-primas e os grupos.

FLORESTAS (AMAZONAS) As 39 integrantes da Cooperativa das Mulheres Costureiras e Artesãs de Manicoré produzem bolsas e bijuterias com trançados de palmeiras, fios de algodão, látex e cipós que pendem das árvores.

CÁ E LÁ (BAHIA)

O modelo está fazendo tanto sucesso que já está sendo exportado para outros países. Recentemente, artesãs e representantes do governo de El Salvador visitaram o grupo Dois Pontos, que reúne mulheres dos municípios de Alagoa Nova, Ingá, Riachão do Bacamarte, Serra Redonda e Juarez Távora, no agreste da Paraíba, para conhecer o jeito como elas trabalham. “O Talentos do Brasil melhorou minha vida e a de todas as mulheres do grupo no sentido do conhecimento. Antes não conseguíamos acessar o mercado, avançamos na produção e principalmente na geração de renda. Hoje, trabalhamos menos e ganhamos mais”, diz Ana Glória Santos, de 37 anos, do Dois Pontos. Atualmente, a meta do projeto é vender cada vez mais. “Temos propostas de investidores para criar showrooms em São Paulo e em Munique, na Alemanha. Além disso, pretendemos lançar em agosto, no Rio de Janeiro, a loja virtual, mais voltada ao varejo”, diz a mineira Patrícia Mendes, coordenadora do projeto no MDA. Ela foi uma das criadoras do Talentos. “Sou de Salinas, em Minas, uma região muito sofrida.” Sua experiência na prefeitura local, como secretária de Agricultura, Indústria e Comércio, foi essencial. “Fizemos eventos com a cachaça para gerar emprego e renda. Quando fui para o ministério, foi difícil convencer as pessoas de que a agricultura familiar poderia participar do mundo fashion”, afirma. Cleni Ocampos Seldberg, de 38 anos, casada e mãe de duas garotas, é uma das maiores provas de que a tese de Patrícia e de seus colegas estava correta. Ex-faxineira, ela agora ajuda a criar as coleções do Lã Pura, que são exportadas para vários lugares do mundo. Assiste a desfiles de moda ao vivo e pesquisa tendências na internet. Resultado: atualmente, eles não dependem mais de estilistas ou designers para lançar uma nova coleção, pois a própria Cleni cria as peças. E ela já ganhou até um prêmio Sebrae de Mulher de Negócios em sua categoria, no Rio Grande

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ACIMA, CARNEIROS DA RAÇA CRIOULA, QUE FORNECEM A MATÉRIA-PRIMA PARA AS PEÇAS FASHIONS DO GRUPO LÃ PURA

Bolsas, chapéus, pulseiras, cestos, jogos americanos e tapetes são produzidos por 296 mulheres de seis associações. Elas usam as fibras longas, flexíveis e lisas da piaçava para fazer peças inspiradas no artesanato indígena.

CANÇÕES DE BORDAR (BAHIA) Inspiradas nos cantos das lavadeiras, as artesãs de Santa Rita de Cássia produzem almofadas, echarpes, cortinas, bolsas e roupas com as famosas fitinhas de amarrar no pulso tão típicas da Bahia.

LINHOS DOS LENÇÓIS (MARANHÃO) A palha da palmeira buriti, tingida com urucum, salsa, cebola e gengibre, vira colares, bolsas, chapéus e sandálias nas mãos das mais de 250 artesãs dos municípios de Barreirinhas e Tutoia.

MULHER PEIXE (MATO GROSSO DO SUL) Em vez de ir direto para o lixo, a pele dos pacus e das tilápias agora é matéria-prima de bolsas, vestidos, colares, pulseiras e brincos,

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COLHEITA DE TABOA NO RIO DE JANEIRO, BORDADOS COM FITA NA BAHIA, LABIRINTO NA PARAÍBA E O PREPARO DO TURURI

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além de ser fonte de renda para as 60 mulheres de associações de artesanato dos municípios de Coxim, Corumbá e Miranda.

LINHA DO HORIZONTE (MINAS GERAIS) Com pedras, linha e tecidos, as artesãs de Barrinha, Novorizonte e Salinas criam cangas, echarpes, colares, cintos, sandálias, bolsas e chapéus.

PALAVRAS BEM DITAS (MINAS GERAIS) Feita por mulheres da região do Triângulo Mineiro, a coleção usa as palavras para enfeitar almofadas, toalhas, colares, acessórios, fruteiras e garrafas. Entre as matérias-primas, bagaço de cana-de-açúcar e pastilhas de chifre de boi.

TURURI DE MUANÁ (PARÁ) Com a membrana que envolve o cacho de coco, as 40 artesãs de Muaná, na Ilha de Marajó, criam bolsas, chapéus, sacolas, presépios e bonecas.

DOIS PONTOS (PARAÍBA) O labirinto, renda que abre espaço no tecido, e bordados portugueses são a base do trabalho das 50 mulheres do agreste paraibano. Elas fazem roupas, bonés, echarpes e bolsas com os poéticos nomes de Nuvem e Salada.

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DESFILE DE LANÇAMENTO DA COLEÇÃO PASSARADAS NA MARINA DA GLÓRIA, NO RIO DE JANEIRO, EM 2009

BORDADOS QUE BROTAM (PERNAMBUCO) As mais de 40 artesãs de Passira produzem roupas de cama, mesa e banho bordadas com técnicas tradicionais e que reproduzem plantas, bichos e flores locais. O município é considerado a capital dos bordados, por causa do capricho e da criatividade.

PEDRA PRIMEIRA DE PEDRO II (PIAUÍ) A opala é a matéria-prima principal das joias e bijuterias de ouro e prata feitas no município de Pedro II. O diferencial das peças, além do design, são materiais como a palmeira tucum.

TRANÇAS E TRAMAS (RIO DE JANEIRO) Mulheres de pescadores de Quissamã, no norte fluminense, produzem com taboa bandejas, caixas, chapéus e jogos americanos.

LÃ PURA (RIO GRANDE DO SUL) As artesãs de São Borja e Uruguaiana, na fronteira gaúcha, fazem bijuterias, cachecóis, colares e bolsas de lã, crina de cavalo e couro.

BABAÇU BRASIL (TOCANTINS) Coco e babaçu são usados para fazer roupas, sacolas, luminárias, jogos americanos, cestas, pulseiras e colares.

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CESTOS DAS ARTESÃS DE QUISSAMÃ E BOLSA FEITA DE PIAÇAVA

CACHECOL FEITO DE TRICÔ PELO GRUPO GAÚCHO LÃ PURA

BRACELETES DO MULHER PEIXE, DO MATO GROSSO DO SUL

BOLSA DO TURURI DO MUANÁ: A MEMBRANA DO COCO QUE SERIA DESCARTADA É A BASE DO ARTESANATO LOCAL

CHAPÉUS DO GRUPO CÁ E LÁ, DA BAHIA

PARA SABER COMO ADQUIRIR ESTAS PEÇAS ACESSE O SITE WWW.COOPERUNICA.COM.BR

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LEITURA • Uma prévia de b o n s l i v ro s qu e e s t ã o c h e ga n d o à s l i v r a r i as Saudado como o grande épico da atualidade, liberdade anuncia o fim do sonho americano a partir da epopeia de uma família típica de alta classe. AS frases longas e elegantes, a erudição, a ironia ferina e o humor irreverente de jonathan franzen, somados a diálogos verdadeiros e a perfis psicológicos bem urdidos, criam uma narrativa densa e profunda, à moda de autores clássicos como thomas mann e leon tolstói. A seguir, uma degustação dessa obra tão esperada Editora Companhia das Letras

Liberdade Jonathan Franzen

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Uma coisa ótima do jovem Walter era o quanto ele torcia para Patty vencer. Enquanto Eliza antes só demonstrava pequenos respingos insatisfatórios de parcialidade a seu favor, Walter lhe dedicava abundantes infusões de hostilidade contra qualquer um (seus pais, seus irmãos) que a deixassem aborrecida. E como ele era tão intelectualmente honesto em outros aspectos da vida, tinha uma credibilidade impecável quando criticava sua família e se alistava nos planos questionáveis que ela formulava para lidar com isso. Podia não ser exatamente o que ela queria num homem, mas era insuperável em sua dedicação, provendo Patty do apoio furibundo que, naquela época, ela precisava mais ainda do que de amor. Hoje é fácil ver que Patty teria feito bem se tivesse dedicado alguns anos a construir uma carreira e uma identidade pós-atlética mais sólida, adquirindo certa experiência com outros tipos de homem e, no geral, acumulando mais maturidade antes

de se lançar na condição de mãe. Mas, muito embora sua carreira como jogadora de basquete universitário estivesse acabada, ainda havia um relógio que marcava o tempo de ataque em sua cabeça, ela ainda responderia automaticamente à campainha, e precisava continuar vencendo mais que nunca. E o meio que tinha para vencer – a melhor jogada óbvia que tinha à mão para derrotar a mãe e as irmãs – era se casar com o homem mais correto de Minnesota, ir morar numa casa maior, melhor e mais interessante que a de qualquer outro membro da família, produzir bebês e, como mãe, fazer tudo o que Joyce nunca tinha feito. E Walter, apesar de ser um feminista convicto e membro-estudante que renovava a cada ano sua filiação à organização Crescimento Populacional Zero, adotou todo o programa doméstico de Patty sem reservas, porque ela era de fato tudo o que ele queria numa mulher. Casaram-se três semanas depois da formatura dela na faculdade –

quase exatamente um ano depois de ela ter tomado o ônibus para Hibbing. Coube à mãe de Walter, Dorothy, franzir a testa e expressar alguma preocupação, a seu modo suave, hesitante e ainda assim muito obstinado, ante a determinação de Patty em se casar no tribunal do Condado de Hennepin, e não deixar que os pais lhe organizassem um casamento de verdade em Westchester. Não seria melhor, perguntava Dorothy com doçura, incluir a família Emerson? Ela entendia que Patty não fosse próxima da família, mas, ainda assim, será que mais tarde não se arrependeria de excluí-los dessa ocasião tão importante? Patty tentou descrever para Dorothy como seria um casamento em Westchester: duzentos ou mais dos amigos mais próximos de Joyce e Ray, além dos maiores financiadores das campanhas de Joyce; pressão de Joyce sobre Patty para escolher a irmã do meio como dama de honra e deixar a outra irmã executar uma dança significativa durante a cerimônia; um consumo

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colagem nina Franco

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desenfreado de champanhe que acabaria levando Ray a fazer alguma piada sobre lésbicas perto das jogadoras de basquete amigas de Patty. Os olhos de Dorothy ficaram um pouco rasos d’água, talvez por dó de Patty ou talvez de tristeza ante a frieza e impiedade de Patty em relação à sua família. Não seria possível, insistiu ela docemente, organizar uma cerimônia particular modesta em que tudo fosse tal como Patty queria? Um dos motivos, não o menos importante, para Patty não querer organizar um grande casamento era o fato de que Richard teria de ser o padrinho de Walter. Aqui, o pensamento dela era óbvio e, ao mesmo tempo, tinha a ver com o medo do que poderia acontecer se Richard conhecesse sua irmã do meio. (A autobiógrafa, aqui, finalmente toma coragem e revela o nome da irmã: Abigail.) Já era desagradável que Eliza tivesse ficado com Richard; vê-lo se envolver com Abigail, por uma única noite que fosse, teria deixado Patty arrasada para sempre. E nem é preciso dizer que ela nem tocou nesse assunto com Dorothy. Disse que simplesmente achava não ser uma pessoa muito dada a cerimônias. Como forma de concessão, ela levou Walter para conhecer sua família na primavera, antes de se casar com ele. É penoso para a autobiógrafa reconhecer que ficava um pouco encabulada de mostrá-lo à família e, pior, que este pode ter sido outro motivo para ela não querer um grande casamento. Ela o amava (e ainda ama, ainda ama) por qualidades que faziam muitíssimo sentido para ela no mundo particular em que viviam a dois, mas não eram necessariamente evidentes para o tipo de olho crítico que ela estava certa de que as irmãs, sobretudo Abigail, haveriam de assestar nele. Seus risos nervosos, seu rosto que corava à toa, até mesmo sua extrema gentileza: esses atributos eram caros a ela no contexto mais amplo daquele homem. Até mesmo um motivo de orgulho. Mas a parte implacável dela, que o convívio com a família sempre dava

a impressão de realçar, não tinha como deixar de lamentar que ele não tivesse 1,90 metro e fosse um homem muito seguro de si. Joyce e Ray, diga-se em louvor de ambos, e talvez em seu alívio secreto por Patty ter acabado se revelando heterossexual (secreto porque Joyce, por exemplo, sempre se mostrava exaustivamente acolhedora com a diferença), se comportaram da melhor maneira possível. Sabendo que Walter nunca estivera em Nova York, nomearamse elegantes embaixadores da cidade, insistindo com Patty para que o levasse a exposições nos museus que a própria Joyce estava ocupada demais em Albany para ter visto, e depois ir encontrá-los para jantar em restaurantes aprovados pelo Times, entre eles um no SoHo que, àquela altura, ainda era uma área escura e aventurosa. O medo que Patty sentira de seus pais zombarem de Walter deu lugar à preocupação de que Walter pudesse passar para o lado deles e não conseguir ver por que ela não conseguia suportá-los: que começasse a achar que o verdadeiro problema era a própria Patty, perdendo sua fé cega em sua bondade a que àquela altura, em menos de um ano com ele, ela já se aferrava desesperadamente. Por sorte, Abigail, que era frequentadora assídua de restaurantes caros e fez questão de transformar vários dos jantares em desconfortáveis mesas de cinco, estava no auge de sua antipatia. Incapaz de imaginar outro motivo para que os outros pudessem se reunir além

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de escutá-la, tagarelava sobre o mundo teatral de Nova York (por definição um mundo injusto, pois não avançara nada desde seu início como substituta); sobre o “lixo nojento” que era um professor de Yale com quem ela tivera divergências criativas insuperáveis; sobre uma amiga sua chamada Tammy que produzira com dinheiro próprio uma montagem de Hedda Gabler em que ela própria (Tammy) tivera uma atuação brilhante no papel principal; sobre ressacas, as leis que controlavam os aluguéis e perturbadores incidentes sexuais ocorridos com terceiros que Ray, sempre tornando a encher a própria taça de vinho, lhe pedia com insistência para detalhar. Na metade do jantar final, no SoHo, Patty ficou de saco tão cheio com o sequestro por Abigail da atenção que todos deveriam dedicar a Walter (que educadamente ouvia cada palavra de Abigail) que disse com todas as letras à irmã que calasse a boca e deixasse os outros falar. Seguiu-se um intervalo desconfortável de manuseio silencioso de copos e talheres. E então Patty, fazendo gestos cômicos de quem tira água de um poço, fez Walter falar sobre si mesmo. O que hoje, em retrospecto, aparece claramente como um equívoco, porque Walter na época tinha um interesse apaixonado pelas políticas públicas e, desconhecendo como eram os políticos de verdade, acreditava que uma deputada estadual poderia interessar-se por saber o que ele pensava. Perguntou a Joyce se ela sabia o que era o Clube de Roma. Ela

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admitiu que não. Walter explicou que o Clube de Roma (ele convidara um de seus membros para ministrar uma paletra no Macalester College dois anos antes) se dedicava a discutir os limites do crescimento. A teoria econômica dominante, tanto marxista quanto defensora do livre mercado, disse Walter, tomava como certo que o crescimento econômico era sempre uma coisa positiva. Taxas de crescimento do PIB da ordem de 1% ou 2% eram consideradas modestas, e uma taxa de crescimento populacional de 1% era considerada desejável, disse ele, mas ainda assim, se projetássemos esse crescimento para daqui a 100 anos, os números seriam assustadores: um mundo com 18 bilhões de habitantes e um consumo mundial de energia dez vezes maior que o de hoje. E, se projetasse para dali a 100 anos, os números seriam simplesmente impossíveis. E, por isso, o Clube de Roma vinha procurando maneiras mais racionais e piedosas de refrear o crescimento do que simplesmente destruir o planeta e deixar todos morrer de fome ou chacinar uns aos outros. “O Clube de Roma” – perguntou Abigail – “tem alguma coisa a ver com o Playboy Club da Itália?” “Não”, respondeu Walter em voz baixa. “É um grupo de pessoas que contesta a maneira como vemos o crescimento. Quer dizer, todo mundo está tão obcecado com o crescimento, mas, se você for pensar bem, para um organismo maduro, o crescimento é basicamente um câncer, não é? Se alguma coisa começar a crescer na sua boca, ou no seu intestino grosso, é ruim, não é? Então esse grupo de intelectuais e filantropos se reuniu e está tentando pensar sem antolhos, e influenciar as políticas de governo nas mais altas esferas, tanto na Europa quanto no resto do Hemisfério Ocidental!” “As Coelhinhas de Roma”, disse Abigail. “Mamma-la-mia!”, disse Ray com um sotaque italiano grotesco. Joyce pigarreou bem alto. En famille, sempre que Ray começava a falar bobagens e indecências por causa do vinho, ela se limitava a refugiar-se em seus devaneios joycianos particulares, mas na presença do futuro genro não tinha como deixar de ficar constrangida. “Walter está falando de uma ideia muito interessante”, disse ela. “É uma ideia que não conheço bem, e nem esse... clube. Mas sem dúvida é uma visão muito interessante da situação mundial.” Walter, sem perceber o discreto gesto de cortar o próprio pescoço que Patty lhe fazia, seguiu em frente. “O motivo por que precisamos de algo como o Clube de Roma” – disse ele – “é que uma discussão racional sobre o crescimento precisa começar fora do processo político de todo dia. E você deve saber disso, Joyce. Quem quer se eleger nem pode falar em reduzir um pouco o crescimento, quanto mais em reverter o processo. É um suicídio político.” “Sem a menor dúvida”, disse Joyce com um riso seco.

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Ó C I O C R I AT I V O

82 exposição VIDA DE PRINCESA Para muitos, Grace Kelly foi e sempre será a mulher mais elegante do mundo. Você nunca verá uma foto em que ela apareça despenteada, malvestida ou gordinha. A exposição Grace Kelly, Princesa de Mônaco, em cartaz no Museu de Arte Brasileira da Faap (Rua Alagoas, 903, Higienópolis) até o dia 10 de julho, é uma verdadeira inspiração para quem admira a verdadeira classe e beleza. São mais de 900 objetos, entre fotos, filmes, joias, vestidos, quadros e cartas que ela trocava com amigos como a rainha Elizabeth, Greta Garbo e Frank Sinatra. Dividida em 14 salas, a exposição começa com suas fotos de infância na Filadélfia, mostra o início da carreira como atriz e sua ascensão no cinema. Em apenas cinco anos, ela fez 11 filmes ao lado de astros como Gary Cooper, ganhou um Oscar – cuja estatueta é exibida, junto com o vestido de cetim verde que usou na cerimônia. Em seguida, ela conhece o príncipe Rainier II, por quem deixou a carreira de atriz. A exposição traz as cartas de amor entre os dois, fotos do casamento, dela e do marido com os filhos Caroline, Albert e Stéphanie, os famosos bailes da corte e as roupas de alta costura que ela vestia. Dior, Chanel, Givenchy e Yves Saint Laurent estão lá para dar uma verdadeira aula de estilo para quem aspira alcançar a suprema elegância.

livro

ÍNDIA SEM CLICHÊS

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Hospedada em um hotel flutuante na Índia, Luciana Tomasi enfrentou uma espécie de “cantada espiritual” do gerente do local, que queria saber como se diz dedo, mão e outras partes de seu corpo em português. Até que ela deu um basta. “Comecei a puxar meu braço com uma cara de ‘vamos encerrando aqui pelos membros superiores’”, conta ela no livro Três Cidades Perto do Céu – Srinagar, Rishikesh e Katmandu (Artes e Ofícios, 176 páginas, R$ 41). Histórias desse tipo recheiam a narrativa, em que a jornalista e cineasta relata suas andanças pelas cidades do Oriente. Viajante com muitos quilômetros rodados, inclusive com seis viagens à Índia, Luciana evita o deslumbramento vazio e, mesmo admirando certas qualidades do povo, não deixa de lado a fina ironia e o humor. Como quando, num passeio no Lago Dal, considerado a Veneza do Oriente por onde já passaram “Maomé, Jesus Cristo, George Harrison e Bill Clinton”, observa a reação enraivecida das crianças quando turistas recusam-se a comprar flores. Rica em detalhes sobre a história dos lugares, a atmosfera e o modo de vida, a narrativa flui com ritmo, principalmente quando inclui diálogos engraçados com as pessoas nas ruas. Em 2007, ela já havia lançado Um Spa na Índia, sobre sua busca de conhecimentos em medicina ayurvédica. Entre as idas e vindas, ela participa de festivais internacionais de cinema, passa temporadas em Paris e escreve no blog da Casa de Cinema de Porto Alegre (www.casacinepoa.com.br).

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Num vídeo, o ex-presidente americano Bill Clinton assume que não fez nada para evitar o massacre de Ruanda durante seu governo. Em outro, Bill Gates, o dono da Microsoft, abre um pote cheio de mosquitos Aedes aegypti ameaçando sua plateia de ricos com a possibilidade de pegarem a dengue: “Não há razão para só os pobres terem essa doença”. Antes, ele havia dito que há muito mais investimento em pesquisas contra a calvície do que em enfermidades que matam os pobres. Dan Barber, o dono do restaurante Blue Hill, que prega a gastronomia sustentável e baseada em ingredientes locais, arranca risinhos constrangidos da plateia: “Se todos os insetos fossem extintos, a vida na terra desapareceria em 50 anos; se a humanidade desaparecesse, a terra floresceria”. Esses e centenas de outros vídeos de algumas das pessoas mais brilhantes e criativas do mundo podem ser acessados na internet, no site www.ted.com, uma espécie de universidade do alto conhecimento que já teve as “aulas” vistas mais de 300 milhões de vezes em 150 países. As palestras são em inglês, mas várias estão traduzidas no link www.ted.com/ translate/languages/por_br. O grande desafio dos participantes é falar em um tempo pequeno, de 5 a 15 minutos – mas, é claro que alguns, entre eles a cantora Natalie Merchant, ex-Ten Thousand Maniacs, ficam bem mais tempo no ar, sem que ninguém tenha a ousadia de reclamar. Estão lá os mais-que-tops arquitetos sir Norman Foster e Frank Gehry; o brasileiro Jaime Lerner, falando de cidades organizadas; os cantores David Byrne, Bono Vox e Annie Lennox; o artista plástico também brasileiro Vik Muniz; o cientista Stephen Hawking; e por aí vai. É uma verdadeira enciclopédia do conhecimento e de ideias inovadoras. Tanto que muita gente quase desconhecida, como é o caso do menino africano William Kamkwamba, vira celebridade internacional de uma hora para outra. O garoto, semianalfabeto, construiu um gerador de energia a vento no Malaui, na África, e ficou famoso no mundo depois de contar seu feito no TED. A sigla, aliás, significa tecnolo-

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83 conferências

IDEIAS GENIAIS A UM CLIQUE

gia, entretenimento e design, e foi criada em 1984, quando um grupo de milionários começou a reunir-se em Monterey, Califórnia, para escutar histórias inspiradoras de artistas, cientistas e aventureiros. Em 2002, quando o evento já havia mudado para Long Beach, o grande upgrade foi dado na oportunidade em que o editor de revistas Chris Anderson adquiriu os direitos de organização e decidiu popularizar as palestras, postando tudo na internet. Atualmente, o TED original espalhou-se pelo mundo. Esse movimento – expresso no slogan ”Ideas Worth Spreading” , algo como ideias que valem a pena divulgar – começou na Europa, com a TED Global, realizada em Oxford, Inglaterra; e culminou com a criação do TEDx, em que grupos de vários lugares criam eventos parecidos. Em São Paulo, acontece todo mês o TEDx Vila Madá, na Vila Madalena (programação no site www.tedxvilamada.com.br). E já foram feitos os TEDx Amazônia, o TEDx São Paulo e o Sudeste (realizado no Rio). PARA TODOS OS GOSTOS • O executivo americano Ric Elias promove uma espécie de autoajuda de choque em Três Coisas que Aprendi enquanto meu Avião Caía. Ele estava no avião que teve de fazer um pouso de emergência no Rio Hudson, em Nova York, em janeiro de 2009, por causa de problema nos motores. • O músico Jake Shimabukuro quer convencer o planeta de que todos seriam mais felizes se ouvissem e tocassem o ukulelê, uma espécie de pequeno violão havaiano de quatro cordas. E ele convence. Toca Bohemian Rhapsody, do Queens, divinamente. • Imagine uma engenhoca que começa com peças de um jogo de dominó caindo sobre as outras e vai sucessivamente dando a partida em centenas de outros pequenos aparelhinhos até finalmente bater em uma tinta que sai em jatos sobre quatro pessoas. Esse é o vídeo que Adam Sadowsky criou para a banda OK Go e mostra no TED.

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por dentro do campo

p o r Sylvio Telle s Siqueira

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PONTO DE EQUILÍBRIO

É PRECISO SABER RESPEITAR OS LIMITES NA BUSCA POR VELOCIDADE NO GREEN Quando avaliamos a qualidade de um campo, o primeiro quesito a ser levado em conta é o green. Considerado a área mais importante, ele é colocado à prova o tempo todo. Do ponto de vista de jogo, as condições ideais de velocidade são também as mais impactantes. Cortes com altura extremamente baixa e rolagem constante submetem os greens a condições extremas. Obter o “ponto de equilíbrio” entre o bom estado da grama e a velocidade é o maior desafio da manutenção dos campos. As características mais marcantes, sob o ponto de vista de jogo, são a velocidade e a receptividade. Elas são inversamente proporcionais. Vamos entender abaixo como se relacionam. Manejo aplicado

Irrigação

Corte

Adubação

RECEPTIVIDADE

Greens úmidos tendem a ser mais receptivos; e greens secos a ser mais duros e menos receptivos Quanto mais seca a superfície do green, mais rápido ele se torna

Quanto mais alto o corte do green, maior o atrito, contribuindo para a recepção

Quanto maior a Quanto mais compacta taxa de fertilidade, a superfície, mais dura maior a densidade e menos receptiva das folhas, contribuindo para a parada da bola

Quanto mais baixa a altura de corte, menor o atrito, proporcionando maior velocidade

Quanto menor a taxa de fertilização, menor a densidade das folhas, que faz aumentar a velocidade

VELOCIDADE

Rolagem (aplicação de rolo)

Quanto mais compacta a superfície, mais rápido se torna o green. O rolo aumenta a velocidade em até um pé

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

2 Podemos concluir que as características mais importantes dos greens são inversamente proporcionais. Nesse “braço de ferro” entre manejar os greens para ser rápidos e ser também receptivos, podemos dizer que a velocidade é o fator mais levado em conta. Para complicar um pouco mais, temos ainda de avaliar o manejo que visa a obtenção de velocidade, como cortes extremamente baixos (2,8 milímetros) e frequentes, baixa taxa de fertilização, irrigação limítrofe, rolagem constante e cortes verticais. Esses fatores também são prejudiciais aos greens quando aplicados por um longo período de tempo, tornando-os mais fracos e consequentemente mais suscetíveis ao ataque de patógenos e pragas. Outros manejos, como a aplicação de areia e o corte duplo diário, também são empregados no manejo dos greens para a obtenção de velocidade. A uniformidade de rolagem entre os 18 greens de um campo deve ser medida constantemente, com a finalidade de evitar grandes variações entre eles. Para medir a velocidade de um green, usamos o Stimpmeter (foto 1), ferramenta específica para esse fim. O método consiste em lançar três bolas em área plana, sobre a superfície do green, para verificar a distância média (em pés, foto 2) percorrida pelas bolas. Esse processo é feito novamente no sentido contrário para a obtenção da média

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real, uma vez que a superfície não é 100% plana. A velocidade ideal varia conforme o tipo de gramado, mas de maneira geral podemos dizer que em torneios profissionais a recomendação é estar entre 10,5 a 11,5 pés; em competições comuns, entre 9 e 10,5 pés; e em jogos normais, entre 8 e 9 pés. Vale ressaltar que, para gramas de clima quente como a Tifdwarf, no inverno, devido ao frio e os dias curtos, reduzimos as práticas de obtenção de velocidade para preservar a sanidade dos greens, inclusive elevando a altura de corte. Ou seja, os greens ficam mais lentos. O desafio para a qualidade dessas áreas é estabelecer um programa de manutenção flexível, levando em conta a programação anual de torneios, o limite de capacidade do green nas diferentes épocas do ano e os anseios dos golfistas. Todos queremos jogar em greens rápidos, mas, antes disso, queremos jogar em greens sadios.

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EVENTOS NA GRAMA

OS MELHORES DE FEVEREIRO

A PRIMEIRA TAÇA MENSAL DO ANO DISTRIBUIU PONTOS EXTRAS PARA OS 10 PRIMEIROS COLOCADOS DE CADA CATEGORIA

No sábado, dia 26 de fevereiro, foi realizada a primeira Taça Mensal do ano, com formato Stableford Net modificado. Os torneios internos já são válidos para o Ranking da Grama e os dez melhores colocados de cada categoria ganharam pontos extras. Na categoria 18 a 36, Angela Rappa somou 34 pontos, conquistando a segunda colocação. O primeiro lugar ficou com Luigi Valentino, que somou 35 pontos. Na categoria até 17, Tuca Gantus ficou em segundo lugar, perfazendo 38 pontos, e o grande campeão foi Massafumi Wakabayashi, com 47. Ele protagonizou seu “jogo da vida”, totalizando 12 abaixo de seu handicap. O Straiguest Drive foi para Freddy Giorgi, que posicionou sua bola a 34 centímetros da corda, superando a marca de Maurício Rappa. Confira a pontuação do ranking no link News – “Ranking e Resultados”.

1. PAULO RONALDO E SERGIO PELEAS 2. RICARDO PAVAN, MASSAFUMI WAKABAYASHI, FRANKLIN GINGLER E FLÁVIO LATTES

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OS MELHORES DE MARÇO

UM BELO DIA DE SOL ANIMOU OS JOGADORES NO DIA 26 DE MARÇO, COM PARTIDAS DISPUTADAS EM STROKE PLAY NET

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A Taça Mensal de 26 de março foi disputada na modalidade Stroke Play Net, em um belo dia de sol. Confira o sistema de pontuação e o ranking atualizado no campo “Ranking e Resultados 2011” VENCEDORES Categoria A até 17 • 1o Sérgio Fernandes 70 Net • 2o Ricardo Sapag 71 Net Categoria B 18 - 36 • 1o Celso Scaramuzza 68 Net • 2o Marcelo Abdo 72 Net Near Pin Giampaolo Michelucci

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HIROE WAKABAYASHI, BEATRIZ

RIBEIRO DO VALLE E SILVIA NISHI UYEDA

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JOGANDO A ISCA

As crianças têm um horário reservado especialmente para a pescaria. Entre 10h30 e 12 horas, a garotada está liberada para jogar suas iscas no lago, localizado no terreno onde será implantada a terceira fase do condomínio, e tentar fisgar peixes como o tucunaré e o pirarucu. O material de pesca pode ser solicitado à administração. Fora desse horário, é a vez apenas dos adultos. Vale lembrar que contornando o lago há uma pista de 2,4 quilômetros para quem quiser praticar cooper ou caminhada desfrutando a bela paisagem.

UNIVERSO INFANTIL

Os menorzinhos têm um espaço exclusivo para brincar. A brinquedoteca é equipada com jogos, brinquedos, mesinhas, pufes e um tapete colorido, onde elas podem divertir-se ou mesmo se acomodar quietinhas para assistir a filmes.

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CURTINDO NA GRAMA VENHA VOANDO

Ao lado da sede administrativa, o heliponto foi implantado para dar mais comodidade aos associados que viajam de helicóptero. Apesar de ficar próximo do aeroporto de Viracopos, o condomínio oferece essa facilidade para que os frequentadores possam otimizar o tempo e desfrutar ainda mais os momentos de lazer. Para os pilotos, há uma sala exclusiva onde eles podem descansar, assistir à TV, fazer refeições e ficar bem acomodados, enquanto esperam a próxima decolagem.

NO MEIO DO CAMINHO

Beirando o muro do condomínio existe um caminho quase secreto, livre do movimento dos carros e do trança-trança dos pedetres. A Trilha da Grama, destinada a quem quer praticar caminhada ou fazer cooper com toda a paz e concentração, conta com três percursos de diferentes níveis de dificuldade. O mais curto tem 1,2 quilômetro e o mais longo, quase o dobro.

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A tardinha cai

A capacidade de captar os contrastes entre luz e sombras é o grande desafio de pintores e fotógrafos. Flávio Amaral Lattes conseguiu registrar os vários tons com que o sol coloriu a paisagem numa bela tarde na Fazenda da Grama

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PA I S A G E M

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