Conhecimento Vivo

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r o h l e M aos 60 Horta em casa Suje as unhas, feliz!

6 histórias inspiradoras de pessoas que aproveitaram a maturidade para viver com mais emoção e liberdade, cumprindo novas realizações pessoais

Osteoporose: caia fora Segredos para um sexo intenso - sempre! 4 roteiros de viagem 1 com sua cara

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Carta

Eles têm

a força “Eu tenho a força!” O bordão do prín-

cipe de Eternia, defensor dos segredos do Castelo de Grayskull, o fortão He-Man, super-herói dos desenhos animados que mesmerizava a garotada nos anos 80, dá em boa medida o poder que tem nas mãos, nos dias de hoje, aqueles que já ultrapassaram a faixa dos 50 anos. O aumento da expectativa de vida da população mundial produziu um fenômeno irreversível. Vivendo mais e melhor do que seus pais e avós, A NOVA geração de grisalhos está redefinindo o conceito do que é envelhecer. Se no passado chegar à meia-idade significava aposentar-se precocemente em várias áreas do comportamento (trabalho, relacionamento, sexo), hoje o que se vê é uma turma com mais disposição, saúde e dinheiro para curtir a vida ao máximo. Nos últimos anos, os cinqüentões passaram a viajar mais, a namorar, a praticar esportes, a viabilizar sonhos e a viver muito melhor – até mais que na juventude. Ficaram mais saudáveis e estão mais vivos do que nunca na cama. Além de incrivelmente mais conservados, graças aos inúmeros avanços da ciência e da medicina modernas, o que inclui, felizmente, a democratização e o maior acesso dessa população a cirurgias plásticas, tratamentos estéticos e contra doenças graves, antes quase inacessíveis. Em 2025, o Brasil terá 33 milhões de pessoas com mais de 60 anos – exatamente a população da Argentina. Em países como Alemanha, Itália, Grécia e Japão, pela primeira vez na história esse grupo já é mais numeroso que o de crianças – uma situação que o mundo viverá em 2050, quando se prevê que as pessoas acima de 60 anos somarão 2 bilhões. Nesse mundo novo, surge Conhecimento Vivo. Nas próximas páginas, você conhece e confere as principais mudanças na vida dessa alegre e bem-disposta turma: a da chamada terceira idade. Ou, melhor, da melhor idade, como ela gosta e prefere ser tratada e conhecida. Boa leitura!

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sumário

DE TUDO UM POUCO

Compras, comprinhas, mimos e outros serviços 6 Horta ORGânica

Cores e sabores ao alcance das mãos 10 Nutrição

Dicas saborosas para melhorar sua disposição 12

saúde Saiba como preveni-la e tratá-la, sem quebrar os ossos 16 qualidade de vida

Como viver melhor segundo o neuropsiquiatra francês David Servan-Schreiber 18 Roteiro cultural

Programas para a mente funcionar a todo o vapor 22 ler, ver, ouvir Livros, CDs e DVDs para pensar e curtir o melhor da vida 26 REPORTAGENS Bossa nova: essa cinqüentona cheia de bossa 28 Slow food: comida para o corpo – e espírito 32 Superação: com pinta de garotões 38 TURISMO

Quatro roteiros (um com sua cara) para quem tem tempo livre e dinheiro em caixa 52

FINANÇAS

Onde investir e aplicar sem sustos suas economias 58

SEXUALIDADE

Verdades, mentiras e dicas da psiquiatra Carmita Abdo 62 ATIV(A)IDADE

Mexa-se e mantenha músculos e cérebro perfeitos 68 MUNDO VIRTUAL

Internet: sem medo do mouse 72

PAPO PESSOAL

A hora da diversão, por Alice Carta 78

REVISTA CONHECIMENTO VIVO _ Coordenação Geral Editora 4 Capas _ Diretora Responsável Mariella Lazaretti _ Diretor Executivo Georges Schnyder _ Direção de Arte Nina Franco _ Editor Marco Merguizo _ Repórteres Ana Paula Kuntz e Roberta Isfer _ Colaboradores Ricardo D’Angelo (fotos), Paulo Pompêo (revisão), Denis Rodrigues e Negreiros (ilustrações), Carla Araújo e Sérgio Crusco (texto)

Parte desta edição é destinada às bibliotecas escolares de vários estados brasileiros com apoio institucional do Ministério da Cultura (Lei 8.313/91)

Para falar com a revis­ta, ­enviar car­tas e suges­tões e-mail: 4capas@4capas.com.br

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de tudo um pouco

, m i s a z o d n i a z m n i Ra de an á l a r p s ma Um velhinho viúvo e ranzinza chamado Carl

será o protagonista de Up, a próxima animação da Pixar, conhecida pela produção de filmes como Procurando Nemo e Ratatouille. Seu plano é fazer sua casa levantar vôo e transportá-lo dos Estados Unidos até as montanhas da floresta venezuelana. Mas a casa cai – literalmente. Durante a viagem, que precisa ser feita a pé, o aventureiro setentão cruza o caminho de um dedicado escoteiro, de 8 anos, que viu despencar do céu a oportunidade de ganhar uma medalha por ajudar idosos. De acordo com o diretor, Peter Docter, o filme, que deve chegar aos cinemas em maio de 2009, é uma homenagem a todos os vovôs do planeta.

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Sofá contra dor e estresse A escandinava Ekornes comemora seu primeiro ano

de atuação no Brasil com o lançamento da linha Stressless, de sofás e poltronas desenvolvidos para prevenir problemas ósseos, musculares ou de articulações. Esses móveis são os únicos do mundo reconhecidos pela Associação Americana de Quiropraxia, que atesta produtos que não são nocivos à coluna lombar. A posição pode ser ajustada de acordo com a preferência do usuário, para ler, assistir ver televisão, navegar na internet e até cochilar. Para relaxar ainda mais, é só dar um toque no apoio da cabeça para que a poltrona fique completamente esticada. Tecnologia e design a serviço do bem-estar. Preço: R$ 6.300. (www.ekornes.com)

s n e v u n s a Andando n A Pantufa Massageadora massageia os pés enquanto você anda. Os monitores, que funcionam com pilhas, vibram trazendo sensação de relaxamento e conforto. Disponível em tamanho único, que serve do 36 ao 42, no site Submarino. Preço: R$ 79. (www.submarino.com.br)

Boa memória na xícara de chá Um estudo publicado na revista científica American

Journal of Clinical Nutrition revela que o consumo freqüente de chá preto e verde ajuda a preservar a memória e reduz os riscos de declínio da capacidade cognitiva. Foram avaliadas 2,5 mil pessoas com idade acima dos 55 anos. Das que não bebiam chá, 35% tiveram resultado pior nos testes de memória. No entanto, cerca de 65% dos participantes, que bebiam pelo menos duas xícaras de chá diariamente, mantiveram os mesmos resultados nos testes cognitivos dois anos depois do início da pesquisa. Entre as substâncias, os pesquisadores destacam o polifenol, conhecido por ajudar na prevenção de doenças cardiovasculares, e a teanina, conhecida pelo seu efeito relaxante. conhecimento vivo •

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de tudo um pouco

Novo paraíso easy rider Os fãs das motocicletas Harley-Davidson já podem visitar clássicos e relíquias da legendária marca no seu novo museu, inaugurado um julho na cidade de Milwaukee, nos Estados Unidos. Dentre as inúmeras atrações da coleção, há a exibição dos componentes desmontados que fazem parte das motos fabricadas desde 1909. Mais informações: www. harley-davidson.com

Deu praia no Planalto Central O sertão vai virar mar. Será? Pode ser que a profecia não se cumpra, mas uma coisa é fato: o Planalto Central brasileiro já tem praia. Inaugurada em 2008 pelo Rio Quente Resorts, a Praia do Cerrado tem quiosques, orla de areia branca e fina, e a maior piscina da América Latina de ondas (que chegam a 3 metros de altura) com águas quentes naturais. São 6,5 milhões de litros renovados a cada três horas. O investimento foi de R$ 13 milhões. O complexo, que tem área de 25 mil metros quadrados, equivalente a quatro campos de futebol, tem capacidade para receber até 15 mil pessoas, que podem escolher entre três tipos de praia: uma com ondas baixas e pouca profundidade, dedicada às crianças; outra mais reservada, com lounges com sofá e restaurante privativo, para quem quer tranqüilidade; e ainda uma terceira, com palcos para shows, bar aquático, restaurante e guarda-sóis, para quem quiser mais agito. Também fazem parte do complexo bares temáticos, lojas, bangalôs, vestiários e arena para jogos de vôlei e futebol na areia. Hóspedes dos seis hotéis do resort terão livre acesso à nova atração e visitantes poderão desfrutar do parque adquirindo ingresso diário do Hot Park. Endereço: município de Rio Quente (GO). Telefone: (11) 3514-9500 ou (21) 3512-9500. Mais informações: www.aguasquentes.com

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Para morar, curtir e relaxar Um condomínio, um hotel, um clube, um centro médico ou um

shopping? O Hiléa pode ser tudo isso, e um pouco mais. Localizado no bairro do Morumbi, em São Paulo, o empreendimento foi idealizado para oferecer novo estilo de vida. Além da parte residencial, que oferece serviços de hotelaria de alto padrão, o Hiléa tem área de consultórios de oftalmologia, fonoaudiologia, geriatria, psicologia, cardiologia e outras especialidades. Há também amplo espaço para esportes e lazer, com piscinas, salas de jogos e de ginástica, cinema. O Hiléa admite sócios, que podem fazer cursos que vão de dança de salão a história da arte com desconto. Mas é possível também pagar apenas para passar o dia. O preço promocional da mensalidade é R$ 350. Endereço: Rua Jandiatuba, 580. Telefone: (11) 3905-8700. Mais informações:www.hilea.com.br conhecimento vivo •

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horta orgânica

por Ana Paula Kuntz

Cores e sabores à mão

Instigue seus sentidos plantando em casa ervas e temperos que vão dar o toque final às receitas e colorir sua casa

É

possível preparar um cardápio completo com produtos de sua própria horta. E melhor: sem agrotóxicos. Desde que haja um espaço bem ensolarado, é possível plantar e colher diversos vegetais em qualquer casa ou apartamento. De acordo com Ana Zuila de Andrade, sócia da Hortinha em Casa, empresa especializada em plantios domésticos, o ideal, para quem não tem experiência, é começar pelas ervas aromáticas e temperos. “A maioria é perene, como cebolinha, salsinha, hortelã, orégano e coentro, e é fácil de cultivar”, diz. “Além do prazer de poder consumir alimentos produzidos em casa, a horta doméstica propicia o contato com a terra, que é uma atividade terapêutica e um resgate das nossas origens.” Contudo, mesmo em um ambiente fechado, é possível que pragas ou fungos contaminem as plantinhas. Para evitá-los, cuide sempre da drenagem dos vasos. “Se, mesmo com a prevenção, a planta for atacada por pulgões e cochonilhas, deve-se usar, por exemplo, produtos domissanitários, que são encontrados em casas de jardinagem”, afirma a engenheira agrônoma Patricia Fabiano Bechelli, da Cooperativa Veiling Holambra. Ela ainda recomenda outras duas soluções caseiras: a calda de fumo e a calda de sabão. Para quem quer iniciar uma horta em casa é necessário um vaso com furos no fundo, argila, terra, mini-rastelo, regador, borrifador e tesoura de poda. Se possível, também um medidor de umidade (espécie de termômetro para fincar na terra). Agora, é com você: escolha suas sementes e plantas preferidas – e mãos à horta.

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PASSO A PASSO

1. Escolha um local da casa onde bata bastante sol. Se você já possuir algum vaso, verifique se tem furos no fundo antes de começar o plantio. Esse é um detalhe essencial para evitar que a planta fique encharcada. 2. Forre o fundo do vaso com manta de bidim (mesmo material usado para drenar quadras de tênis). 3. Faça uma camada rasa de argila, de preferência em formato de bolinhas. 4. Afofe a terra com as mãos e dissolva os torrões. Encha o restante do vaso. 5. Dê uma leve afundada na terra com o dedo, de forma que o buraco fique com cerca de um centímetro de profundidade e cerca de dois dedos de distância um do outro. Cuidado para não ficar muito fundo, senão as sementes poderão morrer sufocadas. 6. Enterre-as nesses buracos. Não é necessário plantar todas as sementes que vêm no saquinho. Use o bom senso e selecione apenas algumas, considerando o tamanho do vaso. 7. Cubra com casca de pinus. Além de belo efeito decorativo, ela ajuda a manter a umidade da terra. 8. Procure regar as plantas sempre no mesmo horário, um pouquinho por dia. O período da manhã e o finzinho de tarde são os preferidos das plantas. 9. O adubo pode ser feito a cada três meses. Húmus de minhoca misturado com torta de mamona são produtos encontrados em casas especializadas, e costumam ser bem eficientes. Restos orgânicos, como cascas de frutas trituradas, também podem ser usados como complemento. 10. Observe diariamente a aparência da planta. Folhas secas ou fracas devem sempre ser retiradas com a tesoura de poda o quanto antes, para poupar energia para as folhas saudáveis.

Santo remédio*

Para manter suas plantinhas sãs e salvas de pulgões e outras pragas, faça você mesmo as seguintes preparações caseiras: Calda de Fumo Ingredientes: fumo em corda e álcool Como fazer: coloque o fumo em ½ litro de álcool e deixe macerar por dois ou três dias. Misture essa calda com água, na proporção de 50% e borrife na planta. Faça isso uma vez por semana e repita durante três semanas. Restrições: pode exalar cheiro desagradável por alguns dias. Calda de Sabão Ingredientes: água, 2 colheres (sopa) de sabão de coco líquido, óleo mineral ou 1 colher (sopa) de açúcar. Como fazer: misture o sabão com o óleo ou açúcar e dissolva em um copo d’água. Pulverize as plantas. Observações: a espuma produzida pelo sabão incomoda os insetos, que respiram pela pele, e não afeta as plantas.

* Fonte: Cooperativa Veiling Holambra

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nutrição

COMER, BEBER, VIVER... Uma jantar gostoso, fácil e saudável, para reunir os amigos e aproveitar a vida com sabor, muito sabor...

O consumo de uma série de alimentos e de bons hábitos à mesa – é uma das chaves da longevidade. Uma dieta correta não significa tédio. Confira o cardápio fácil que vai impressionar seus amigos os amigos (e o seu amor). A salada foi desenvolvida pela nutricionista Maria Cecilia Corsi e as demais receitas pela chef Daniela França Pinto do Lola Bistrô.

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TALHARIM VERDE COM QUEIJO DE CABRA, AZEITONAS PRETAS, TOMATE E MANJERONA CROCANTE (Para 4 pessoas) • • • •

500 g • de talharim verde grano duro 2 • tomates débora maduros 40 g • de azeitona preta chilena 1 vidro pequeno • de queijo de cabra boursin (em bolinhas no azeite) • Folhas de manjerona, hortelã, azeite de oliva extravirgem e pimenta-branca moída e sal a gosto

SALADA AO MOUSSE DE PEPINO DOCE E SAQUÊ (Para 4 pessoas) Ingredientes • 200 g de pepino com casca • 250 ml de água • 200 ml de vinagre de arroz • 200 ml de saquê • 4 g de adoçante em pó • 12 g de gelatina em folha vermelha • 250 g de queijo cottage • 10 g de molho inglês • 1 g de sal • 3 g de caldo de legumes • 2 g de óleo • 10 g de castanha-do-pará Preparo Para preparar o pepino doce Corte o pepino em fatias finas e tempere com bastante sal por 30 minutos. Em seguida, aperte bem para tirar toda a água.

Em uma vasilha, misture 50 ml de água, o vinagre de arroz, o saquê e o adoçante. Coloque o pepino fatiado nesse líquido e leve à geladeira por 4 horas. Para a mousse Escorra as fatias de pepino, apertando-as bem e reserve. Coloque a gelatina em folha com 200 ml de água e mexa bem. Leve a gelatina ao fogo brando até derreter. Não deixe a gelatina esquentar demais, apenas amornar. Coloque o queijo, o molho inglês e o caldo de legumes no liquidificador e bata rapidamente. Acrescente a gelatina e unte as forminhas com óleo. Coloque a massa nas forminhas e leve à geladeira por 2 horas. Desenforme, enfeite com a castanha-do-pará e sirva com uma salada de folhas verdes.

Modo de preparo 1. Aqueça uma panela grande de água, que será usada para tirar a pele do tomate e cozinhe a massa. 2. Faça um x na parte de baixo do tomate, coloque-o na água por 1 minuto, retire e passe na água fria para interromper o cozimento. Retire a pele e as sementes e corte em pétalas. 3. Corte a azeitona; reserve. 4. Em um bowl, misture tomate, azeitona e queijo; tempere tudo com pimentabranca moída, sal e azeite. Reserve. 5. Refogue em 30 ml de azeite as folhas de manjerona. 6. Aqueça somente a massa e misture os ingredientes do bowl. 7. Finalize com as folhas fritas de manjerona, o que trará uma crocância especial ao prato. Dica da chef Essa massa é pra lá de versátil, porque pode ser fria ou quente, já que todos os ingredientes são leves e muito saborosos. Para incrementar ainda mais a receita, utilizei azeite de oliva grego, pois esse macarrão me remete na lembrança a salada grega. Sirva em um bowl, que, além de dar um charme, elimina os protocolos formais de comer na mesa.

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nutrição

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AMEIXAS AMARELAS RECHEADAS COM SORVETE DE DOCE DE LEITE (2 porções) INGREDIENTES • 1 bandeja de ameixa amarela • Sorvete de doce de leite e folhas de hortelã a gosto MODO DE PREPARO 1. Retire delicadamente a pele da fruta e as sementes, de preferência sem parti-las ao meio. 2. Recheie com o sorvete e decore com folhas de hortelã. DICA DA CHEF Depois da invenção da roda e da luz, certamente a melhor descoberta do homem foi o sorvete. Nada melhor do que devorá-lo depois do almoço, do jantar, à tarde, de madrugada, sozinho, acompanhado, alegre ou triste... ou seja, sorvete sempre. Guloseima que fica imbatível se acompanhada de frutas frescas. Vá até o freezer mais próximo, e retire o valioso pote de sorvete (diga-se de boa qualidade, o que fará toda a diferença), recheie as belas frutas e seja muito feliz.

INGREDIENTES DO BEM ABÓBORA Além de vitamina A, cálcio, fósforo e sais minerais, fornece licopeno – um antioxidante poderoso na captura de radicais livres, que causam o envelhecimento das células, sobretudo as da visão. AVEIA Nutritiva, energética e pródiga em fibras, seu consumo regular auxilia no bom funcionamento dos sistemas digestivo e intestinal, na redução do mau colesterol (o LDL) e na reativação das funções cerebrais. AZEITE EXTRAVIRGEM Com características de alimento funcional, possui antioxidantes capazes de melhorar o sistema imunológico e o bom colesterol (HDL), além de prevenir doenças cardíacas, a aterosclerose e alguns tipos de câncer.

LOLA BISTRÔ Rua Purpurina, 38, Vila Madalena, tel. 3812-3009 www.lolabistro.com.br

COMA MENOS - E VIVA MAIS! Nos Estados Unidos, um estudo comparou um grupo de pessoas que vivia de dieta com outro que consumia, em média, 2 mil calorias por dia. A conclusão foi que o primeiro teve uma expectativa de vida cerca de 30% maior, além de ostentar maior disposição e aparentar ser mais jovem do que o segundo.

CASTANHA-DO-PARÁ Fornece ácido graxo ômega 3 – uma gordura vegetal que previne doenças vasculares e do coração – e selênio, cujas propriedades antioxidantes ajudam a manter o equilíbrio da tireóide, a elasticidade dos tecidos, além de retardar o envelhecimento. QUEIJOS Com menos gordura que os amarelos, os queijos brancos, como o nosso Minas e o cottage francês, de sabor suave, inibem o mau colesterol por serem ótima fonte de minerais (cálcio e fósforo), vitaminas (A e D) e proteínas. conhecimento vivo •

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saúde

Osteoporose: caia fora!

Como dançar, jogar tênis, chutar o balde e tropeçar no tapete, mantendo-se longe do gesso e da bengala

Q

uer a má notícia ou a boa? A boa: até 2010 o número de homens e mulheres com mais de 70 anos duplicará em relação à população atual. Resultado: você e eu podemos fazer planos para assistir às próximas Copas do Mundo e Olimpíadas, e talvez, participar de atividades paralelas para veteranos em uma equipe chamada “Se Elvis Não Morreu que dirá eu”. A má: se você permanecer ausente das caminhadas, mandando no cigarro e no álcool, e fugindo do sol – participar de um jogo de baralho em uma cadeira bamba será tão arriscado para sua integridade óssea quanto voar de asa-delta.

A osteoporose pode estar à espreita. Bom, digamos que ser prisioneiro do sedentarismo e do tabagismo é tornar-se alvo de vários males clássicos. Mas, no caso aqui, vamos falar de uma doença contra a qual pouca gente se previne, até se ver impedido de locomover-se com facilidade. Osteoporose caracteriza-se pela perda progressiva da densidade dos ossos, que enfraquecem e ficam mais sujeitos a fraturas. A doença afeta atualmente cerca de 10 milhões de brasileiros. E outros 30 milhões correm o risco de desenvolvê-la nos próximos anos, segundo estudos recentes. Nosso conselho e da chefe do setor de Doenças Osteometabólicas da Escola Paulista de Medicina e diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, doutora Marise Lazaretti Castro, é: caia fora dessas estatísticas, antes que elas o derrubem. Afora a piada infame e o alarmismo, a osteoporose pode ser prevenida e muito bem tratada nos dias de hoje. E, se as chances de muitos de nós é ultrapassar a casa dos 80, nada mais justo do que semear uma ossatura plena para grandes saltos. Em primeiro lugar, conscientize-se. Maus hábitos como o sedentarismo, o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, sem contar o uso de corticóides e a falta de cálcio e vitamina D na alimentação, contribuem decisivamente para o surgimento da doença. “Embora não se possa controlar a herança genética e o histórico familiar do paciente que o predispõe à doença, todos os demais fatores podem ser modificados e melhorados”, diz a especialista. A dica: desde os 50 anos consuma um grama de cálcio diariamente, o que equivale a três copos de leite desnatado. Outra dica importante: tome sol, ao menos 15 minutos por dia e, detalhe – sem protetor solar. “Apesar de ser chamada de vitamina, a vitamina D é um hormônio que age em todos os tecidos do corpo humano. Ele é processado apenas quando a pele recebe os raios ultravioleta”, diz a médica. Claro que sol em excesso é prejudicial e deve-se tomá-lo

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Por Roberta Isfer

com parcimônia. “Mas a falta dele pode levar até ao raquitismo, grave doença que afeta os ossos.” Como se ajudar: vá à feira e procure vitamina D. O salmão, o bacalhau e outros peixes gordos provenientes de águas frias são as fontes. “Mas nada como boa dose de sol diária – e sem ser através da janela”, diz a médica. A gente sabe que você é um azougue, ágil e destemido, mas, por vias das dúvidas, aqui outro conselho: não deixe em casa tapetes escorregadios, objetos que atravanquem seu caminho e superfícies lisas em estado derrubador. Em suma, dance, pule, bata o pé, mas não caia. De acordo comdoutora Marise, objetos espalhados pela casa podem ser armadilhas. “Tapetes, escadas e superfícies muito lisas são responsáveis por 95% das fraturas na melhor idade”. Ainda vale lembrar que algumas fraturas podem ser ocasionadas pelo excesso de atividade física. “Exercícios são importantes, mas devem ser feitos sob orientação, sem exageros, para se evitar fadiga muscular e possíveis fraturas”, diz doutora Marise – ela mesma, aos 50 anos, uma praticante de squash. Como mulher e médica, ela sabe que o sexo feminino é o que mais sofre com o problema. Entre os 50 e 70 anos, a incidência da doença é de oito mulheres para cada homem. Hoje, aproximadamente 25% das mulheres brasileiras acima de 50 anos apresentam a doença. Para as que estão na faixa acima dos 70, o número salta para os 35%. Para elas, portanto, a hora de se preocupar com isso começa cinco anos após o climatério, aos 50 de idade, em geral. É aí que nós devemos ficar mais atentas. “Isso, porém, não exclui os homens”, ressalta a especialista. “Ao contrário da mulher, o homem se cuida menos, pois acredita que a osteoporose não é uma doença masculina.” Ou seja, toda pessoa que já ultrapassou a metade da vida (e estou pensando aqui nos 100 anos) deve dar a devida atenção ao problema. “Muita gente fica depressiva, quando sabe da doença, porque acredita que haverá alguma perda de atividade ou grandes mudanças em sua vida. Porém, quando diagnosticada de forma precoce, a osteoporose pode ser prevenida e tratada”, diz. Como em outras doenças similares, fazer exames preventivos e adotar bons hábitos no dia-a-dia sempre é o melhor remédio. Ah, e quando for correr para pegar o jornal antes que o cachorro o destrua ou alcançar o chute de bola do seu neto – prefira usar tênis.

Xô, osteoporose!

10 dicas úteis para preveni-la e não comprometer sua qualidade de vida 1.Evite quedas e acidentes domésticos Não use objetos que facilitem quedas ou escorregões (tapetes, pisos encerados etc.). Redobre a atenção ao subir escadas – prefira as que têm corrimão – e evite carregar objetos pesados. Última dica: confira a graduação das lentes de seus óculos e: tome cuidado com uso de medicamentos que possam causar tonturas ou mexer com o labirinto. 2. Dê adeus ao sedentarismo Faça exercícios físicos e estimule a família a fazer o mesmo. E antes de optar por uma prática, procure um médico para realizar uma avaliação completa. 3. Alimente-se de maneira correta Privilegie uma dieta equilibrada e rica em laticínios, peixe, vegetais verdes, legumes, frutas. Não faça dieta para emagrecimento sem orientação médica e evite o excesso de café e refrigerantes à base de cola. 4. Tome sol Exponha-se ao sol no início da manhã ou fim da tarde, por um período de 15 a 30 minutos. 5. Largue o cigarro O cigarro acelera a perda da massa óssea. 6. Evite bebidas alcoólicas A ingestão excessiva de álcool acelera a perda da massa óssea. 7. Faça exames periódicos Desde os 40 anos, realize regularmente todo ano o exame de densitometria óssea, que mede a massa da ossatura. 8. Fique atento a medicamentos de uso contínuo Caso você faça uso de medicamentos que estimulem o aparecimento de osteoporose – corticóide, anticoagulantes, hormônio tireoideano, antiácidos,anticonvulsivantes, entre outros –, converse com o médico sobre a necessidade de um tratamento preventivo. Uma das indicações é a suplementação oral de cálcio e vitamina D. 9. Beba leite A ingestão de leite garante em parte a reposição e manutenção de massa óssea. 10. Procure (sempre) orientação do seu médico Na menopausa, converse com o ginecologista, ou especialista em osteoporose, sobre a necessidade de suplementação hormonal, cálcio e vitamina D.

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qualidade de vida

A

posente definitivamente o despertador e acorde com os primeiros raios da manhã. Bem devagar, abra os olhos. Em seguida, respire fundo. Dê afeto e viva de modo intenso cada instante de seu dia. Pense e aja de forma positiva. Associadas, essas e outras regrinhas aparentemente simples podem evitar o estresse e curar doenças emocionais crônicas como a ansiedade e a depressão. É o que garante o neuropsiquiatra francês David Servan-Schreiber, autor de Curar – o Estresse, a Ansiedade e a Depressão sem Medicamento nem Psicanálise e de Sete Passos para Curar. Segundo o especialista, também é possível reencontrar o equilíbrio físico e emocional, alimentando-se corretamente, praticando exercícios físicos e assim evitar o consumo desnecessário de medicamentos. “Emoção e razão devem estar conectadas e trabalhando uma a favor da outra”, concorda o neurologista Silvio Laganá de Andrade, da Clínica Aspin, de São Paulo. Confira a seguir cada um dos sete passos do receituário de Servan-Schreiber:

Movimente-se como os orientais Além de estimular os neurotransmissores do cérebro emocional para produzir substâncias que trazem a sensação de alívio e bem-estar, as chamadas endorfinas – fazer exercícios físicos com regularidade, como uma simples caminhada, também faz um bem danado ao coração. Além disso, a prática moderada de atividade física diminui a ansiedade, a tensão e o estresse do dia-a-dia. “De modo geral, os orientais, culturalmente praticantes de ioga e de outras atividades laborais, são os que mais vivem”, lembra Laganá de Andrade. “Não é à toa que nessas culturas, as pessoas mais velhas são mais valorizadas”, ressalta. Além disso, quem pratica exercícios regularmente possui maior controle do equilíbrio cardíaco, se comparado aos sedentários. Mas vale lembrar que a

Medicina de emoções Remédio, que nada. Para ganhar qualidade de vida e espantar a depressão e o estresse, mude atitudes e pequenos hábitos no seu dia-a-dia

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por ROBERTA ISFER • ilustrAÇões negreiros

atividade física deve ser prescrita e monitorada por especialistas. “Antes de praticar qualquer esporte, é recomendável procurar um médico e fazer uma bateria de exames. Para quem sempre foi sedentário, não adianta exagerar nessa fase da vida, pois podem gerar danos ainda maiores que a inatividade”, alerta.

Tique-taque: acerte seu relógio biológico Se todas as manhãs você é daqueles que implora por mais cinco minutinhos de sono, está na hora de acertar os ponteiros de seu relógio biológico e as contas com seu equilíbrio orgânico. Em seu livro, doutor David Servan-Schreiber sugere a compra de um aparelhinho que reproduz artificialmente a luminosidade da manhã. “O cérebro emocional é sensível aos diferentes ritmos biológicos, particularmente aos da luz. Ele é capaz de reconhecer e de adaptar-se a todo tipo de luminosidade. Ao receber os primeiros raios do sol, o cérebro envia ao corpo uma mensagem que já é hora de acordar”, explica o neurologista Silvio Laganá de Andrade. Assim, procure despertar de modo natural. Desse modo, a temperatura do corpo começa a aumentar e é liberada a secreção matinal de cortisol, hormônio produzido pela glândula supra-renal, que regula a pressão arterial e o açúcar do sangue, e está diretamente ligado ao estresse. Ao contrário de se acordar com o despertador, o processo deve ser, portanto, o mais suave e natural possível. Além do quê, pesquisas médicas comprovam que acordar naturalmente é eficaz no tratamento de sintomas relacionados à depressão.

De olho nos olhos mexidos O Eye Movement Desensitization and Reprocessing, ou, em bom português, a dessensibilização e o reprocessamento por meio dos movimentos oculares, é uma modalidade da psicoterapia, desenvolvida nos Estados Unidos no fim dos anos 80, que permite a estimulação dos hemisférios cerebrais onde as lembranças relativas à dor são armazenadas. Muito utilizada para casos de transtornos de estresse pós-traumático, essa terapia consiste em um tipo de hipnose estimulada pelo movimento rítmico dos olhos, similar ao que é realizado espontaneamente pelo corpo durante o sonho.

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qualidade de vida do equilíbrio emocional”, diz ele. “Recomendo a ingestão de alimentos a cada três horas, para que o nível de açúcar seja mantido e não seja transformado em adrenalina, evitando o estresse”, explica. Para que o cérebro e o corpo humano funcionem de modo equilibrado, é preciso consumir, de acordo com David ServanSchreiber, gorduras poliinsaturadas e ácidos graxos ômega 3 presentes em peixes de águas frias (como o salmão, anchova, atum e truta), verduras verdes ricas em clorofila (caso do espinafre), além de nozes e óleo de linhaça. Ainda segundo o neuropsiquiatra francês, tais alimentos tornam as células do cérebro fluidas e maleáveis, melhorando a comunicação entre elas ocorrerá de forma mais estável.

Seja afetuoso, ame e seja amado

Ou seja, a pessoa força a lembrança de imagens do evento que lhe causou o trauma, enquanto é conduzida a repetir os mesmos movimentos com os olhos que se faz espontaneamente ao sonhar. É esse movimento dos olhos que abre os canais de livre associação entre as várias áreas de pensamento e realiza o processamento e a assimilação da informação. De acordo com doutor Servan-Schereiber, essa hipnose permite ao cérebro digerir os resíduos de traumas do passado, permitindo uma espécie de reprogramação do sistema de informações do cérebro. Por exigir amplo conhecimento técnico, o EMDR é um método aplicado em clínicas especializadas apenas por psiquiatras, psicólogos, psicanalistas e psicoterapeutas diplomados.

A relação afetiva é um regulador de todas as emoções e, portanto, da fisiologia do corpo. O contato emocional é, portanto, para todo ser humano, uma necessidade biológica. “Muitas vezes o simples fato de a pessoa contar com a companhia de um animal de estimação altera de modo positivo seu estado emocional”, diz Laganá de Andrade. Estudos afirmam que a qualidade da relação entre pais e filhos, definida

Você tem fome de quê? Escolha peixe Para o endocrinologista Silvio Laganá de Andrade, muitos dos distúrbios psicossomáticos, como falta de concentração, ansiedade e dores pelo corpo, podem estar diretamente relacionados a desvios nutricionais, seja por excesso ou carência de alguns alimentos. “Uma alimentação saudável e equilibrada é a chave

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pelo grau de empatia entre eles e pelas respostas às suas necessidades emocionais, determina a tonicidade do sistema parassimpático da criança, favorecendo a coerência do ritmo cardíaco e o fortalecimento do coração contra o estresse e a depressão. Ou, em outras palavras, abra-se para relações afetivas saudáveis e dê mais atenção, afeto e carinho aos que estão à sua volta.

Dê agulhadas no estresse Os especialistas acreditam que a parte do cérebro responsável pelas emoções pode ser sim comandada pela acupuntura no tratamento do estresse e da depressão. Amplamente conhecida, essa técnica da medicina chinesa consiste em introduzir agulhas metálicas em pontos precisos do corpo de um paciente, para tratar de diferentes doenças ou provocar efeito anestésico. Aplicadas em determinados locais, as agulhas bloqueiam as regiões do cérebro emocional responsáveis pela experiência da dor e ansiedade. Há também hoje um outro grupo de pesquisadores que iniciou estudos sobre a influência direta desse tipo de terapia no equilíbrio entre os dois ramos do sistema nervoso autônomo, no qual o aumento da atividade do sistema parassimpático, o chamado

sistema nervoso vegetativo, em detrimento das atividades do sistema simpático, favorece a coerência do ritmo cardíaco e a retomada do equilíbrio de todo o sistema neurovegetativo.

Meu coração, não sei por que... Bate feliz, diz a música. Mas também pode bater descompassado. Cérebro e coração funcionam de modo complementar. Ou seja: o segundo traduz e reflete, por meio da variação dos batimentos cardíacos, o que o primeiro expressa. Em situações de estreßsse e ansiedade, o coração passa a bater mais acelerado, influindo na tensão arterial, na respiração e no funcionamento do sistema imunológico. De acordo com o neuro francês, basta controlar o ritmo do coração, em vez de fatores externos, para manter o ritmo cardíaco “coerente”. Por meio de exercícios respiratórios específicos, pode-se manter essa “coerência”, evitandose o “caos” ligado ao estresse e a estados depressivos. Se seu coração bate feliz, você vive mais e melhor.

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roteiro cultural

o s s m e e g c a t u n S ova mo em n

A comédia O Mistério de Irma Vap, com Marco Nanini e Ney Latorraca, foi um sucesso memorável: onze anos em cartaz. Se você viu a versão original – e quer rir outra vez –, dê um pulo no Teatro do Shopping Frei Caneca, em São Paulo, para conferir a nova montagem, com a dupla Cássio Scapin e Marcelo Médici, sob o comando de Marília Pêra, que já havia dirigido Nanini e Latorraca. O texto, do americano Charles Ludlam, é besteirol puro, e o movimento frenético dos atores (que trocam de figurino mais de 50 vezes) é um espetáculo à parte. Depois das férias de fim de ano, a peça volta em cartaz no dia 8 de janeiro, em São Paulo. O Mistério de Irma Vap – Teatro Frei Caneca, rua Frei Caneca, 569 – São Paulo. De quinta a domingo, ingressos de R$ 60 a R$ 70. Informações: (11) 3472-2229.

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por SÉRGIO CRUSCO

Acervo repaginado O Museu de Arte de São Paulo (Masp) lançou em outubro a quarta e última exposição temática extraída de seu próprio acervo, comemorando os 60 anos da instituição. A mostra Olhar e Ser Visto, com curadoria de Teixeira Coelho, reúne 95 obras de mestres dos séculos 16 a 20. São retratos e auto-retratos de gênios como Rembrandt, Ticiano, Picasso, Van Gogh, Goya, Renoir, Manet e muitos mais. As exposições anteriores – A Arte do Mito, A Natureza das Coisas e Virtude e Aparência (A Caminho do Moderno) – continuam em cartaz, por tempo indeterminado. É uma maneira nova de visitar um das coleções mais importantes do mundo, logo ali na avenida Paulista. Masp – avenida Paulista, 157 – São Paulo. Ingressos: R$ 15 (inteira), R$ 7 (estudantes) e grátis para menores de 10 anos e maiores de 60. Issssnformações: (11) 3251-5644

Programão sobre trilhos Que tal um passeio a bordo de um vagão puxado por uma antiga maria-fumaça? Esse programa com sabor de volta ao passado ocorre todo sábado e domingo em Campinas (SP), de onde parte a composição recém-restaurada rumo à vizinha Jaguariúna. O trajeto de 24,5 quilômetros dura 3h30 e passa por seis estações construídas em meados de 1920. Além da paisagem, os passageiros aprendem a história da antiga ferrovia, por onde escoava a produção de café do fim do século 19. Pessoas acima de 60 anos têm desconto de 50% na compra da passagem. Dica: para garantir, as passagens devem ser compradas na estação, até 40 minutos antes da partida. Maria Fumaça – Estação Anhumas – Campinas. Partidas aos sábados, às 10h10, e domingos, às 10h10 e 14h30. Preço: R$ 35. Informações: (19) 3207-3637 e (19) 3207-0625 ou http://www.mariafumacacampinas.com.br conhecimento vivo •

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roteiro cultural

Oásis paulistano

Um dos segredos mais bem guardados do bairro do Morumbi, em São Paulo, é a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano – um oásis de verde, tranqüilidade e cultura na capital. A mansão onde o casal viveu, projetada por Oswaldo Bratke em 1950, foi transformada em museu nos anos 70, abrigando uma coleção de peças e obras de arte dos tempos imperiais até o movimento modernista brasileiro, incluindo Portinari, Brecheret, Segall e Di Cavalcanti. Um dos charmes da casa é o salão de chá, onde são servidos cafés-da-manhã, brunches e chás vespertinos à moda inglesa. O bosque que circunda a sede contém espécies da flora brasileira, devidamente catalogadas. Fundação Maria Luisa e Oscar Americano – avenida Morumbi, 4077 – São Paulo. Ingressos: R$ 10, estudantes e pessoas com mais de 60 anos pagam metade. Informações: (11) 3742-007

Passeio na ilha Corcovado, Pão de Açúcar, Copacabana, Ipanema... Quem já viajou ao Rio de Janeiro na certa conhece bem esses pontos famosíssimos da Cidade Maravilhosa. Uma opção diferente é visitar a Ilha Fiscal, palco do último grande baile do Império, realizado alguns dias antes da proclamação da República, em novembro de 1889, quando o reinado de dom Pedro II já tinha certeza de estar com os dias contados. O belo edifício da ilha foi construído pelo imperador para servir como aduana e hoje pertence à Marinha, que oferece um serviço de visitas guiadas. Com o mesmo ingresso, conheça também o Espaço Cultural da Marinha, bem próximo, onde é exposta a galeota de dom João VI, entre outras peças da nossa história naval. Ilha Fiscal e Espaço Cultural da Marinha – avenida Alfredo Agache, s/nº, próximo à Praça XV – Rio de Janeiro. Visitas guiadas de quinta a domingo, às 13h, 14h30 e 16h. Ingressos: R$ 8 e R$ 4 pata estudantes, menores de 12 anos e maiores de 60. Informações: (21) 2233-9165.

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Futebol com história

O MUSEU DE OSCAR

Um dos espaços culturais mais bacanas de Curitiba, sem dúvida, é o Museu Oscar Niemeyer – que, como o nome indica, é obra do mais célebre arquiteto brasileiro. Quem estiver por lá durante esta temporada pode conferir duas exposições cheias de cor de artistas contemporâneos. Uma é Vertigem, da dupla de grafiteiros paulistanos osgemeos (até 1º de fevereiro), cujos traços surrealistas estão nas coleções de algumas galerias mais importantes do planeta. Outra é a Mostra Antológica, retrospectiva da desenhista Niobe Xandó (até 1º de março), precursora do realismo mágico no Brasil. Quando for visitar o museu, é bom também verificar sua programação de cinema, sempre interessante. Museu Oscar Niemeyer – rua Marechal Hermes, 999 – Curitiba. De terça a domingo, das 10h às 18h. Ingressos R$ 4 e grátis para menores de 12 anos e maiores de 60. Mais informações: (41) 3350-4400

Ainda no Rio de Janeiro, uma dica para os amantes de arquitetura, história e futebol é dar um pulo no Estádio Jornalista Mário Filho. Nunca ouviu falar? Pois esse é o nome oficial do Maracanã, construído em 1950. Estudantes de turismo podem guiá-lo pelas entranhas do estádio – o ponto alto da visita é a caminhada dos vestiários até o campo, com efeitos de luz e som que simulam o momento de entrada de um time em campo. Se você quer sonhar em ser um Zico ou um Romário, esta é a pedida. O Hall da Fama, que homenageia grandes jogadores, e uma exposição permanente de fotografias completam o passeio. Maracanã – rua Professor Eurico Rabelo, s/nº, portão 16 – Rio de Janeiro. Visitas guiadas de segunda a domingo, das 9h às 17h. Ingressos: R$ 14 e R$ 7 para crianças de 6 a 11 anos e maiores de 60. Entrada gratuita para crianças até 5 anos. Informe-se: nos dias de jogo, as visitas podem acontecer até 5 horas antes da partida ou ser canceladas. Informações: (21) 2568-9962

E a história do futebol

Com o objetivo de resgatar a história social e cultural do país por meio do esporte, o Museu do Futebol apresenta mais de mil imagens e 21 vídeos, além de atividades lúdicas, que contam a trajetória dessa paixão nacional e de personalidades como Charles Miller, Leônidas da Silva, Tarsila do Amaral, Getúlio Vargas. Além de ser novo ícone turístico, o museu requalifica um patrimônio de São Paulo, o estádio do Pacaembu, onde está instalado. Museu do Futebol – Praça Charles Miller, s/nº – São Paulo. Ingressos: R$ 6 e R$ 3 para estudantes e maiores de 60 anos. Entrada gratuita às quintas-feiras. Não abre em dias de jogos. Iinformações: (11) 3663-3848 ou www.museudofutebol.org.br conhecimento vivo •

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LIVROS

ler, ver, ouvir

Um amor de bichano Um gatinho encontrado na caixa de devolução de livros da biblioteca pública da cidade de Spencer, nos Estados Unidos, transformou-se em celebridade e agora tem sua vida contada por quem o acolheu, a bibliotecária Vicki Myron. Dewey virou o xodó da cidade, e viveu entre livros por 19 anos. Vicki intercala seus dramas pessoais – um ex-marido alcoólatra, a luta contra o câncer de mama – com a trajetória do gato, que fez das prateleiras o seu lar. Muitos visitavam a biblioteca só para ver Dewey, mas acabavam saindo de lá com um livro debaixo do braço. A autora acredita que o sucesso de Dewey: um Gato Entre Livros seja uma boa “vingança” contra o cão Marley, outro animalzinho que virou best seller (Marley e Eu, de John Grogan). A história é tocante, não apenas endereçada àqueles que amam os felinos. DEWEY: UM GATO ENTRE LIVROS, VICKI MYRON EDITORA GLOBO, 272 PÁGINAS, R$ 24,90

Histórias eletrizantes Alfred Hitchcock, ninguém duvida, é o maior gênio do cinema de suspense. Mas nem sempre as tramas macabras, complicadas e, às vezes, divertidas, saíam de sua cachola. Janela Indiscreta, um de seus filmes mais celebrados (em que um fotógrafo de pé quebrado desvenda um crime apenas observando a vizinhança de sua janela), foi baseado em um conto do americano Cornell Woolrich, que também trabalhou como roteirista em Hollywood. Esta seleção de histórias curtas traz, além daquela que originou o filme de Hitch, os títulos Post-mortem, Três Horas, Homicídio Trocado e Impulso. São narrativas eletrizantes, do tipo que a gente devora avidamente até que se revele o mistério. JANELA INDISCRETA E OUTRAS HISTÓRIAS, CORNELL WOOLRICH COMPANHIA DAS LETRAS, 208 PÁGINAS, R$ 33

A guerra e as tradições Ismail Kadaré notabiliza-se por narrar grandes momentos históricos sob o ponto de vista de personagens anônimas – o homem do povo, o soldado, o camponês. Uma de suas obras mais famosas, Abril Despedaçado, foi transformada em filme por Walter Salles, adaptando a trama passada na rural Albânia para a realidade do sertão brasileiro. Neste Crônica na Pedra, ele relata a ocupação nazista na cidade de Gjirokastra, onde a população vê seu mundo de tradições desmoronar ante os horrores da guerra. Os fatos são contados por um rapaz que abandona a infância e ingressa na vida adulta – da maneira mais dolorosa. CRÔNICA NA PEDRA, ISMAIL KADARÉ COMPANHIA DAS LETRAS, 280 PÁGINAS, R$ 44

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POR SÉRGIO CRUSCO

FESTA PARA NOEL Noel Rosa tem sua obra revista por bambas da atualidade no álbum Uma Noite... Noel Rosa. Ney Matogrosso, Roberta Sá e Anjos da Noite fazem parte da turma que interpreta temas do Poeta da Vila como Fita Amarela, Conversa de Botequim, Palpite Infeliz, Último Desejo e Três Apitos. Zeca Pagodinho e João Bosco também dão sua contribuição à festa, gravada ao vivo.

PAVAROTTI POP Por transitar com agilidade entre o erudito e a música popular, Luciano Pavarotti não deixou saudade apenas aos amantes da ópera. O CD Pavarotti – The Duets, mostra seu lado pop ao lado de estrelas como Frank Sinatra, Eric Clapton, Mariah Carey, Elton John, Annie Lennox, Lionel Richie e Bono Vox (do U2) são alguns dos que dividem o microfone com o tenor nesta compilação.

JAZZ TURBINADO

DVD

CDS

Herbie Hancock foi um dos artistas mais importantes na transição que o jazz sofreu na década de 60. Grandes temas do pianista fazem parte desta retrospectiva – Then and Now: The Definitive Herbie Hancock. Destaque para Cantaloupe Island (composição redescoberta nos anos 90 pelos DJs de música eletrônica) e Watermelon Man (com seu ritmo caribenho).

DRAMAS DA MEMÓRIA

SONHANDO COM A AMÉRICA

A atriz Sarah Polley estréia na direção em Longe Dela, abordando um drama ainda pouco explorado pelo cinema: o mal de Alzheimer. Fiona (Julie Christie) e Grant (Gordon Pinsent) são casados há 40 anos e levam uma vida tranqüila, até que ela começa a apresentar lapsos de memória. A situação agrava-se quando Fiona é internada em uma clínica para tratamento de doenças degenerativas e passa a não reconhecer o marido. Apesar da distância que a doença impõe ao casal – agravada pelas normas severas da instituição – Grant luta para ver sua mulher feliz.

No filme Novo Mundo, Salvatore Mancuso, um pobre siciliano, resolve partir para a América com sua mãe e seus filhos no começo do século 20 – sonhando com a fartura e as oportunidades que o novo continente parece oferecer. Durante a longa viagem de navio e algumas quimeras, surge uma misteriosa figura: a inglesa Lucy, que precisa se casar para conseguir entrar nos Estados Unidos. Com imagens ora realistas, ora fantásticas, o diretor Emanuele Crialese narra a viagem e as dores da chegada de maneira sensível, sem por isso resvalar no sentimentalismo. ver sua esposa feliz. conhecimento vivo •

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história

CINQÜENTONA

cheia de bossa

Cunhada de uma gíria carioca dos anos 50, a bossa nova, mais do que um gênero musical, virou movimento cultural e conquistou o planeta com seu caráter intimista, confidente, inovador

1948

O grupo Os Cariocas registra Adeus América (Geraldo Jacques/Haroldo Barbosa), já com as síncopes e a harmonização arrojada dos grupos vocais americanos que influenciariam os cantores do movimento.

1946

Num vocal coloquial ainda estranho ao samba tradicional, Dick Farney grava o que seria a primeira influência da Bossa nova: a música Copacabana (João de Barro/Alberto Ribeiro), com arranjo de Radamés Gnattali.

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1949

Fundado num porão da Tijuca, zona norte do Rio, o Sinatra-Farney Fã Clube reunia dentre outros Johnny Alf, João Donato, Paulo Moura e Nora Nei, dissidentes da música popular tradicional então ouvida no rádio.

1952

Após ter estreado em disco, um ano antes, com o conjunto vocal Garotos da Lua, João Gilberto debuta solo em um 78 rotações. Nele, imita o ídolo Orlando Silva, interpretando as músicas Quando Ela Sai (Alberto Jesus/Roberto Penteado) e Meialuz (Hianto de Almeida/João Luiz). O disco, ignorado à época, só entra para a história após a consagração de João, assim como sua primeira composição, Você Esteve com Meu Bem (parceria com Russo do Pandeiro), gravada pela cantora Marisa Gata Mansa, em novembro de 1953.

1953

Johnny Alf estréia em disco instrumental liderando um trio (com o modernista Garoto, autor de Duas Contas, no violão) e compõe os primeiros exemplos bem-sucedidos de fusão samba-jazz Rapaz de Bem e Céu e Mar.

1954

Com um início autoral tímido, ocorrido no ano anterior, Tom Jobim emplaca dois sucessos ao lado de Billy Blanco: a Sinfonia do Rio de Janeiro (orquestração de Radamés Gnattali e participações de Lúcio Alves, Dick Farney, Nora Nei, Os Cariocas, Doris Monteiro, Jorge Goulart e Elizeth Cardoso) e o samba-canção Teresa da Praia, com os mesmos modernistas Dick Farney e Lucio Alves.

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POR TÁRIK DE SOUZA • ilustrações denis rodrigues

E

lvis e Brigitte Bardot fulminavam corações. JK prometia ao Brasil “50 anos em cinco”. Um ritmo original surgia de modo espontâneo na Cidade Maravilhosa, a então capital federal. Do encaixe de voz e violão, e sob a batida calcada no tamborim do samba – inventada por um certo João Gilberto – o gênero musical ganharia o mundo. Como ocorreu com a Semana de Arte Moderna, de 1922, a bossa nova teve influências do impressionismo e do jazz (tanto das correntes cool quanto bebop) e numa fusão com o samba, desenvolveu um novo ritmo que seria batizado por uma gíria corrente da época – bossa. Além de reciclar a obra de seus predecessores, João Gilberto ainda teria à disposição a alta qualidade de toda uma geração: Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli e João Donato. Tal como os pioneiros Johnny Alf, Luiz Bonfá, Os Cariocas, Oscar Castro Neves, Sérgio Ricardo, Chico Feitosa, Normando Santos,

Leny Andrade, Durval Ferreira e os seguidores Geraldo Vandré, Marcos Valle, Eumir Deodato, Pingarilho, Vera Brasil, Walter Santos, entre outros. Além do canto íntimo, confidente, no qual a voz testemunhal prevalecia sobre o “dó de peito”, a bossa nova foi também um movimento de instrumentistas. Cedeu seu pedestal para memoráveis discos-solos de ases do violão como Baden Powell, Rosinha de Valença e Paulinho Nogueira. Para uma big band da linha samba-jazz representada por Sérgio Mendes, Edison Machado, Raul de Souza, J.T. Meirelles e Tenório Junior. E outras mais: a de sotaque afro traduzida por Moacir Santos e Jorge Ben ou a disseminada numa profusão de trios de piano, baixo e bateria, caso de Tamba, Zimbo, Bossa 3, Sambalanço, Jongo, 3D, além de conjuntos como Os Gatos, Os Catedráticos e o hepteto Paulo Moura.

1959

1956

Vinicius convida Tom para musicar sua peça teatral Orfeu da Conceição. A estréia se dá neste mesmo ano, no Teatro Municipal carioca, com cenografia assinada por Oscar Niemeyer. Em agosto, a cantora Sylvia Telles grava outra parceria de Jobim e Newton Mendonça – a música Foi a Noite. O produtor Aloysio de Oliveira hesita em classificar a composição como “samba-canção”: esse seria outro ponto inicial do movimento.

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1958

Elizeth Cardoso grava a Canção do Amor Demais, primeiro songbook da dupla Tom/Vinicius pelo selo Festa, dedicado à literatura e à música erudita. Em duas faixas, ela é acompanhada pelo violão inovador de João Gilberto. Poucos meses depois, o próprio João estréia no 78 rotações com Chega de Saudade (Tom/Vinicius) e Bim Bom (de sua autoria), obra que é considerada oficialmente como o marco inaugural da bossa nova.

• É lançado Chega de Saudade o LP que abriria a trilogia básica do inventor da batida da bossa. Ele seria secundado por O Amor, o Sorriso e a Flor (1960) e João Gilberto (1961). • O filme Orfeu Negro, do francês Marcel Camus, baseado em peça de Vinicius de Moraes, ganha a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de melhor filme estrangeiro, e espalha pelo mundo a bossa nova a partir de sua trilha com Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá/Antonio Maria) e A Felicidade (Tom/Vinicius). • Acontece o 1st. Samba Session Festival, realizado na Faculdade Nacional de Arquitetura, com a “turma bossa nova”: Alaíde Costa, Sylvia Telles, Carlos Lyra, Nara Leão, Normando Santos, Chico Feitosa, os conjuntos de Roberto Menescal e Oscar Castro Neves e a então vedete Norma Bengell, que se lançava como cantora.

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história Where are you Tom? AS DEZ MAIS CANTADAS Em cinco décadas, os clássicos da bossa nova que marcaram o gênero e todo o mundo canta

1 Garota de Ipanema (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) (1962) 2 Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá/Antonio Maria) (1959) 3 Desafinado (Tom Jobim/Newton Mendonça) (1958) 4 Samba de uma Nota Só (Tom Jobim/Newton Mendonça) (1954) 5 Samba de Verão (Marcos e Paulo Sérgio Valle) (1964) 6 Insensatez (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) (1956) 7 Mas, que Nada (Jorge Ben) (1963) 8 Maria Ninguém (Carlos Lyra) (1956) 9 O Barquinho (Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli) (1958) 10 O Canto de Ossanha (Baden Powell/Vinicius de Moraes) (1966)

1960

Nasce a linha politicamente engajada da bossa nova, em contraposição à ala O Amor, o Sorriso e a Flor, da “arte pela arte”. Sérgio Ricardo grava o protesto Zelão. Carlos Lyra, que estréia no disco Bossa Nova, participa da fundação do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes.

1961

Surge no fim do ano, no Beco das Garrafas, em Copacabana, no Rio, o Tamba Trio (Luis Eça, piano, Bebeto, baixo e flauta, Helcio Milito, percussão), um modelo do ramo, que faria vicejar seguidores e rivais como o Bossa Três, Dom Salvador Trio, Zimbo Trio, Sambalanço Trio, Jongo Trio, Sambrasa Trio, Bossa Jazz Trio, Trio 3 D e Som Três.

1962

• Desafinado é lançado nos EUA em gravação dos jazzistas Stan Getz (sax-tenor) e Charlie Byrd (guitarra). O single vende 1 milhão de cópias e instala a bossa na América. • Na casa noturna Au Bon Gourmet, em Copacabana, no Rio, ocorre show com João Gilberto, Tom Jobim, Os Cariocas e Vinicius de Moraes, pela primeira vez cantando em público. No espetáculo, que se repetiu por 45 noites superlotadas, Garota de Ipanema desfila pela primeira vez. • O show no Carnegie Hall, em Nova York, completa a decolagem internacional da bossa, com Luiz Bonfá, Agostinho dos Santos, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Sérgio Ricardo, Tom Jobim, João Gilberto.

O telefone toca num começo de noite, de 1967, no bar Veloso (atual Garota de Ipanema), situado na rua Montenegro (atual Vinicius de Moraes), em Ipanema, no Rio. Alguém do outro lado da linha diz que o cantor Frank Sinatra procura por Tom Jobim. Gargalhadas no bar, já levitando numa bolha etílica. Mas era verdade, e o encontro resultou em dois discos de sucesso gravados em dupla nos EUA. “Não canto tão baixo assim desde quando tive laringite”, brincou Sinatra, citado num texto da contracapa do primeiro deles.

CASOS

&

causus DA BOSSA

1963

“The composer of Desafinado plays”: aos 36 anos, sem nunca ter gravado um disco sob seu nome no Brasil, finalmente Tom Jobim debuta solo, nos EUA, com orquestrações do maestro alemão Claus Ogerman. Samba Esquema Novo, revela Jorge Ben, projetado no Beco das Garrafas, no Rio, com orquestrações de J.T. Meirelles e os Copa 5.

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Até tu, Elvis?!

Nos EUA apareceu desde uma dança até uma geladeira com a marca bossa nova. O rei do rock, Elvis Presley, desceu do trono em 1963 para gravar uma rumba da dupla de hitmakers Leiber & Stoller, chamada Bossa Nova Baby, incluída no filme O Seresteiro de Acapulco. Uma segunda tentativa passou mais perto do alvo: Almost in Love, do único brasileiro gravado por ele, Luiz Bonfá, com letra em inglês de Randy Starr, integrou a trilha de Viva um Pouquinho, Ame um Pouquinho, de 1968.

Garrafada nos vizinhos

Mesmo o som baixinho da “música de apartamento”, que definia a bossa nova, costumava irritar a vizinhança. Na verdade, o corredor de prédios em cujos rodapés funcionavam as minúsculas boates de um beco situado entre o Lido e o Leme, em Copacabana, no Rio, formava uma caixa de ressonância para a algaravia de freqüentadores dos shows: Sérgio Mendes, Tamba Trio, Bossa Três, Leny Andrade, Elis Regina, Jorge Ben, Lennie Dale e Wilson Simonal. Exaustos de reclamar, os irritados moradores passaram à artilharia pesada – daí o nome Beco das Garrafas.

Um certo Roberto Carlos

A repercussão nacional do lançamento de Chega de Saudade e logo depois Desafinado, na voz microfônica encadeada ao violão por João Gilberto, agitou a concorrência. O produtor Joel de Almeida, da dupla de cantores Joel & Gaúcho, à frente da direção artística do selo Polydor, em 1959, desfechou um petardo para combater o sucesso do contratado da Odeon, produzido pelo rival, Aloysio de Oliveira. Com duas músicas do amigo e conterrâneo Carlos Imperial (Fora do Tom e João e Maria), estreava em um 78 rotações que passou despercebido do público um tal de Roberto Carlos, imitando descaradamente João Gilberto.

1964

• O disco Getz/Gilberto abocanha Grammys e vende milhões, impulsionado por The Girl from Ipanema, a segunda música mais executada nos EUA, atrás apenas de Yesterday, dos Beatles. • Nara Leão estréia num disco em que divide-se entre a bossa engajada e o samba de morro, de Cartola e Nelson Cavaquinho. O show Opinião, idealizado por teatrólogos ds Partido Comunista, revela Maria Bethânia. • Explode a bossa instrumental, ou sambajazz, com discos de Sérgio Mendes, e o Bossa Rio (Você Ainda Não Ouviu Nada). • O espetáculo O Fino da Bossa superlota o Teatro Paramount e dá nome ao programa da TV Record que seria comandado por Elis Regina e o sambista Jair Rodrigues.

1965

Elis Regina vence o festival da extinta TV Excelsior no Guarujá com Arrastão (Edu Lobo/Vinicius de Moraes) e dá origem ao que seria chamado de MPB, uma pós-bossa nova que reincorpora formas tradicionais e regionais.

1966

Já tendo composto Água de Beber, com Tom Jobim, e Berimbau, com Baden Powell, que desvelou o instrumento para a música urbana, Vinicius embrenha-se pelos Afro-sambas, num LP coletivo: violão de Baden, vocal do Quarteto em Cy e arranjos do maestro erudito Guerra Peixe.

1967

Francis Albert Sinatra declina o nome inteiro em um disco: o americano não queria ficar inferior ao imponente Antonio Carlos Jobim com quem faz dueto, devolvendo a influência inicial da música americana na bossa.

2000

Reciclada no começo dos 80 por bandas inglesas como Everything But The Girl e Matt Bianco e, nos 90, pela eletrônica das correntes acid jazz e drum’n’bass, a bossa nova ressurge em nova roupagem no disco Tanto Tempo, de Bebel Gilberto.

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DEVAGAR É MAIS

GOSTOSO

gastronomia

Com simpatizantes em mais de 130 países, o movimento Slow Food desafia a pasteurização da gastronomia, revaloriza as tradições à mesa e resgata o ato de desfrutar – com muita calma – uma vida mais saudável e feliz

Q

ue tal curtir o preparo de um prato com apuro na escolha dos ingredientes e em seu próprio tempo? Melhor: sentir seus aromas, saboreá-los sem pressa, colherada a colherada, no compasso zen de um caracol? Ao simbolizar o Slow Food – movimento ecogastronômico surgido na Itália, décadas atrás, como contraponto ao fast-food, que inclui todo tipo de alimento de consumo a jato –, o chiocciola, um simpático caracolzinho típico da Bota peninsular, passou a traduzir o estilo de vida de milhares de pessoas ao redor o mundo, e, claro, no Brasil, onde há anos adeptos de todas as regiões do país aderiram à causa. Tentativa de resgatar a prática saudável de se comer e beber em paz e, melhor, sem a urgência de correr para um compromisso – esse movimento sociocultural, hoje de contornos planetários, nasceu na contramão da globalização. Em outras palavras: uma volta às raízes, às coisas simples, à convivência fraterna em torno da mesa e à essência do paladar, enfim. De acordo com seus seguidores, curtir o alimento confraternizando com outras pessoas, sentir os aromas, o gosto e as sutilezas da comida tem um valor superlativo. “Além de defender o direito ao prazer da

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POR MARCO AURÉLIO MERGUIZZO

alimentação, o Slow Food busca valorizar produtos artesanais de qualidade, que são cultivados de forma que se respeite tanto o meio ambiente quanto as pessoas responsáveis por sua produção e preservação”, diz Cênia Salles, divulgadora do movimento em São Paulo. “A forma como nos alimentamos tem profunda influência nas coisas que nos rodeiam: na paisagem, na biodiversidade da terra, em suas tradições e na própria sobrevivência humana. Hoje, para o consumidor consciente, é impossível ignorar as fortes relações entre o que se come e a sustentabilidade do planeta”, diz. Não por acaso, desde o seu início, o movimento marcou posição contra a tendência de padronização do alimento em todo o planeta, enaltecendo a necessidade de os consumidores estarem bem informados. Corria 1986. Donos de restaurantes, chefes de cozinha, intelectuais, políticos e cidadãos comuns saíram às ruas de Roma para pedir o fechamento do primeiro McDonald’s instalado na capital italiana – e naquele país. O grupo, que protestava contra a rede americana, símbolo mundial do junkie food e do chamado american way of life, afirmava que ela era uma afronta inadmissível à boa mesa italiana e às tradições culinárias européias. Pior: que descaracterizava o centro histórico romano. Não sem razão, a lanchonete instalou-se estrategicamente no térreo do belo Palazzo Mignanello, no coração da Piazza di Spagna, um dos mais famosos cartões-postais da capital dos eloqüentes italianos. conhecimento vivo •

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slow food

Valentino x McDonald’s Lendas e exageros compreensíveis à parte, conta-se que o costureiro Valentino, que tinha seu ateliê funcionando no primeiro andar do Mignanello, precisou ser socorrido por um médico, quando sentiu o cheiro de batata frita invadir seu então inexpugnável estúdio e impregnar a coleção de modelitos cotados a peso de ouro. Além de processar a rede de sanduíches, o hoje aposentado gênio dos croquis e tesouras ainda dobrou a empresa americana, conseguindo a instalação de potentes filtros. Pode parecer pouco, mas o costureiro favorito de Sofia Loren e Jackie Kennedy seria o primeiro a dobrar a espinha do gigante do fast-food. Meses depois, no entanto, ainda insatisfeito com o desfecho da pugna, Valentino partiria em definitivo dali, mudando-se para outro endereço na região central da capital romana. A lanchonete, no entanto, mesmo sem o peso de outrora, permanece de pé, até hoje, no mesmo ponto, com sua indefectível logomarca. Desde então, o Slow Food cresceria como fermento. Na região do Piemonte, norte italiano, um grupo de apaixonados barolistas – os apreciadores do excepcional vinho piemontês –, liderado pelo jornalista Carlo Petrini, até hoje o principal representante do movimento no mundo, faria coro à indignação dos manifestantes da Piazza di Spagna, ecoando seus conceitos naquela região. Com grande dose de humor e ironia, o grupo denominava o comportamento fast-food de “mordi e fuggi”, ou, em bom português, “morde e foge” ou “come e corre”. Pouco a pouco, a bandeira defendida por Petrini passaria a ser hasteada por toda a Itália e a seguir na França – trincheiras estrategicamente cruciais para a causa. “O homem deve recuperar sua sabedoria e libertar-se da velocidade, que pode reduzi-lo a uma espécie em via de extinção”, afirmava à época Petrini de forma apocalíptica. “É inútil forçar os ritmos da vida. A arte de viver consiste em aprender a dar o devido tempo às coisas. O Slow Food defende, e defenderá sempre, o direito ao prazer”, repete ele até hoje sobre as bases e o objetivo supremo desse grupo de inspiração epicurista. Prestes a completar 20 anos em 2009, o movimento reúne atualmente mais de 80 mil membros. Além de sua sede ancorada na terra natal de Petrini, a cidade piemontesa de Bra, conhecida por seus vinhos opulentos, queijos e tentadoras trufas brancas, há escritórios do Slow Food em várias partes da Itália, Alemanha, Suíça, dos Estados Unidos, da França, do Japão e Reino Unido, além de apoiadores em 130 países, incluindo o Brasil.

O homem deve recuperar sua sabedoria e libertar-se da velocidade, que pode reduzi-lo a uma espécie em via de extinção.”

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Carlo Petrini, jornalista italiano fundador do Slow Food

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Salve os sabores quase esquecidos Há bom tempo, porém, o comportamento veloz à mesa e os desvios alimentares urbanos deixaram de ser os principais alvos do Slow Food. O movimento já publicou manifestos que vão da condenação dos alimentos transgênicos à defesa do leite cru. Hoje, uma de suas principais bandeiras é justamente a defesa das diferentes culturas alimentares, a preservação do patrimônio enogastronômico dos países, a proteção e a revalorização das cozinhas regionais e de suas receitas tradicionais. Mais: o movimento defende em todo o mundo a biodiversidade alimentar e busca documentar produtos gastronômicos especiais, que estão em risco de desaparecer. Para tanto, Petrini e seus pares criaram em 1996, a Arca do Gosto – um catálogo mundial que identifica, localiza, descreve e divulga sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção, mas com potenciais produtivos e comerciais. No Brasil, um dos alimentos classificados é o arroz-vermelho, cultivado na região de Pirenópolis, em Goiás, e a castanha-do-baru, típica do Cerrado (confira, abaixo, estes e outros produtos protegidos pelo Slow Food do Brasil). Hoje, esse precioso catálogo reúne mais de 750 produtos provenientes de dezenas de países, e constitui um importante instrumento para recuperar raças autóctones e aprender a verdadeira riqueza de alimentos que o planeta Terra oferece. “O alimento da Arca deve ser a base da economia de uma comunidade. Além disso, deve ser bom no sentido de gostoso e bemfeito; ‘limpo’, para expressar que é livre de substâncias químicas; e, por último, justo em relação à forma como é comercializado”, explica Cênia. conhecimento vivo •

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slow food

JÓIAS NA DESPENSA QUE VALEM O SABOR

Conheça quatro dos 11 ingredientes brasileiros protegidos e divulgados pelo Slow Food no país ARROZ-VERMELHO Introduzido pelos portugueses no século 16, na capitania de Ilhéus, na Bahia, esse tipo raro de arroz migrou para a região semi-árida nordestina, principalmente no interior da Paraíba, hoje seu maior produtor e consumidor, já que integra a cozinha regional. Ali é conhecido como arroz-da-terra e arroz-deveneza. Plantado de modo artesanal por pequenos agricultores do Vale do Piancó, é cultivado sem qualquer agrotóxico e considerado, portanto, produto ecologicamente limpo. CASTANHA DO BARU Espécie nativa do Cerrado brasileiro, o baruzeiro (Dipterys alata Vox) origina frutos de sabor delicado e uso gastronômico, que amadurecem entre setembro e outubro. Ameaçada de extinção em razão da introdução da monocultura da soja e de cereais na região Centro-Oeste do país, a castanha-do-baru, quando torrada, lembra os sabores e a untuosidade da nossa castanha de caju. Com valor nutricional alto, contém cerca de 26% de proteínas. Pode ser consumido in natura, como amendoim, ou integrando receitas, como pé-de-moleque e paçoca. Também pode-se extrair dela óleo de excelente qualidade.

PALMITO JUÇARA Esta espécie saborosíssima de palmito – a juçara (Eutherpes edulis) – cresce naturalmente na área remanescente da Mata Atlântica na região Sudeste do Brasil. Por isso, também, corre risco de extinção, pois grande parte é removida através de métodos não-sustentáveis de extração, realizados por palmiteiros no Litoral Norte e Sul paulistas e Vale do Ribeira, uma das regiões mais pobres do estado de São Paulo. Esse tipo especial cresce no coração da mata, requer pouca luz solar e não precisa de fertilizantes ou outros tratamentos. A árvore deve ter no mínimo oito a dez anos antes do miolo ser removido, que pode ser saboreada crua, cozida, assada ou frita. UMBU Também conhecida como imbu, essa fruta típica da caatinga é nativa do sertão nordestino. Seu nome, originário do tupiguarani, significa “árvore que dá de beber”. Redondo e com tamanhos variados em verde ou amarelo, o umbu tem e polpa aromática, suculenta e agridoce, que pode ser comida crua ou transformada em conservas. Do umbu também se faz suco, vinagre, marmelada e compota.

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Ser ‘slow’ é apreciar cada detalhe da vida como se fosse um grande pilar de sustentação. É comprar um alimento social e ecologicamente corretos e chamar os amigos para cozinhar com alegria” ALCACHOFRA AO AZEITE DE ERVAS 1 porção Ingredientes • 1 alcachofra • 20 ml de azeite de oliva extravirgem • Folhas de tomilho, salsinha, manjericão, sal, limão e pimenta-branca moída a gosto

Outra iniciativa do movimento, que complementa a Arca do Gosto, são as Fortalezas de Produção. As fortalezas são projetos que envolvem diretamente os pequenos produtores, técnicos e entidades locais. “Para reconhecer e promover um produto é necessário juntar os produtores remanescentes e divulgálos, ajudá-los a comunicar e publicar a alta qualidade gastronômica de seus produtos, assegurando preços rentáveis”, esclarece Cênia. As Fortalezas Slow Food podem trabalhar de modos diferentes, mas os objetivos são os mesmos: promover os produtos artesanais; estabelecer padrões de produção com os produtores para assegurar a qualidade do produto e, acima de tudo, garantir a viabilidade futura para os produtos tradicionais. Só na Itália, são mais de 200 Fortalezas. Daí para incluir toda a biodiversidade do planeta, incluindo o Brasil onde há cerca de nove unidades, muito já se fez: do arroz bario da Malásia, à baunilha mananara de Madagascar, ao café guatemalteco e o queijo oscypek polonês. A chef Daniela França Pinto, do Lola Bistrô, dá a seguir, uma receita fácil, que valoriza o sabor natural de ingredientes celebrados pelo slow food, e que são um verdadeiro presente da natureza. Bom apetite.

Modo de preparo 1. Com um descascador de legumes, retire uma fina camada do caule; não o retire por completo para manter a flor perfeita durante o cozimento. 2. Coloque a alcachofra em uma panela de pressão com água e sal até cobri-las; quando pegar pressão, conte 15 minutos, desligue e espere parar de fazer barulho sem mexer, isso fará com que elas fiquem macias sem desmanchar. 3. Enquanto isso, junte as ervas, o azeite, os temperos e o limão em um bowl e massere-os para aromatizar o azeite. 4. Retire a alcachofra da água e regue com o azeite de ervas. Dica da chef Acho essa flor um verdadeiro presente da natureza, linda, saborosa e facílima de preparar. Pode compor muito bem uma entradinha ou chegar à mesa como prato principal, isso só depende da escolha de um bom acompanhamento. Produto de sazonalidade bem marcada, é bom aproveitar que sua época de colheita, de agosto a novembro, quando estão graúdas e macias. Experimente apreciá-las com uma bela taça de Sauvignon Blanc.

Lola Bistrô Rua Purpurina, 38, Vila Madalena, tel. 3812-3009 - www.lolabistro.com.br conhecimento vivo •

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A glória

Por Marco Aurélio Merguizzo, Ana Paula Kuntz e Roberta Isfer fotos welison calandria

de se reinventar

Em uma fase serena da vida, correr em busca dos sonhos e prazeres esquecidos pode ser a maneira mais eficiente de rejuvenescer. A seguir, a história de pessoas que, ao darem um olé no seu dia-a-dia, ganharam jovialidade, alegria e pique

H

á um momento da vida em que toda a nossa energia se concentra em construir uma carreira, comprar uma casa, criar os filhos. Geralmente é aí, nessa fase, que resolvemos engavetar hobbies, podar planos extraordinários e sublimar desejos e sonhos. Há quem acredite, numa visão negativista, que aos 60 anos, esse seja o resumo acabado de uma história que podia ter sido e não foi. Mas eis que, com filhos adultos, carreira consolidada, situação financeira resolvida e mais tempo na agenda, os desejos, sonhos e entusiasmo por alguns temas, de repente, afloram. E então o sujeito se pergunta: parar por que, se é agora que a vida está ficando realmente boa? Em certa medida, a explicação de fundo para essa nova postura no que seria a aposentadoria é, digamos, de saúde pública: as pessoas estão vivendo mais, com mais saúde e envelhecendo melhor. Segundo Indicadores Sociais 2008, colhidos com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2007), do IBGE, já há no Brasil atualmente 20 milhões de pessoas com mais de 60 anos, ou seja, 10,5% da população. Por sua vez, a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que em 2050 a população nessa faixa etária chegará 2 bilhões de pessoas – ou ao dobro do que é hoje. Isso nos conduz a nova realidade: bater nos 60 não é mais cruzar a linha de chegada, mas chegar a novo ponto de partida. Com a sabedoria da experiência a seu favor, e sem se importar com a barreira da idade, uma nova geração de madurões está disposta a levar adiante projetos pessoais deixados de lado ou nunca imaginados. A reportagem de Conhecimento Vivo selecionou algumas dessas histórias e personagens, que mostram a gloriosa guinada para o recomeço. Que seus breves relatos contados a seguir sejam inspiradores ... conhecimento vivo •

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reportagem de capa

Rei do asfalto

Q

uando o ex-consultor financeiro paulista Paulo Machado Cavalheiro, de 57 anos, sobe em sua Harley-Davidson, modelo 2007, e aponta o guidão para algum destino, ele se sente como se tivesse 18 anos. “Quando pego asfalto e tenho pela frente quilômetros e mais quilômetros de estrada, volto no tempo”, confessa. Máquinas de duas rodas, aliás, são um antigo sonho adolescente do consultor. Quando viu pela primeira vez uma motocicleta, uma Norton, modelo 1950, que pertencia a um primo de sua avó, ele logo se entregou à paixão pelas máquinas sobre duas rodas. Daí em diante, passou a juventude gastando a “semanada”, a mesada dada pelo pai, em aluguéis de motocicletas. Até que em 1975, adquiriu sua primeira moto, uma nacional de algumas poucas cilindradas. Desde então, foi trocando de marcas mas não o meio de transporte. “A diferença entre um automóvel e uma moto é que no primeiro caso, o condutor é um espectador. Já no segundo, vira parte da paisagem”, diz o easy rider.

“Consegui comprar minha primeira Harley-Davidson há apenas quatro anos. E não a troco ou a vendo de forma alguma”, diz. “Todo adepto dessa marca legendária não é um mero motoqueiro – é motociclista”, enfatiza. “É uma sensação de liberdade indescritível. Além disso, quando pego estrada relaxo como não consigo fazer de outro modo ou em qualquer outra atividade”, afirma. Na companhia de outros “harleydaivistas” de todas as idades, ele faz tanto roteiros que duram uma semana até os chamados passeios bate-e-volta. “Quando não viajo parece que não tive fim de semana”, afirma. Antes disso, Paulo viajava muito sozinho e colecionava poucos amigos. Quando passou a conduzir sua estradeira, percebeu toda a diferença. “Além dos cenários cenográficos, restaurantes e lugares fantásticos que descobrimos, fiz inúmeras amizades novas. “Quando pego o asfalto, paro de olhar para os problemas. E começo a aproveitar tudo. Com isso, descanso a mente e me diverto muito com o grupo. Sinto que hoje tenho mais paz interior”, afirma.

Hoje, esse motociclista veterano comanda o Harley-Davidson Owners Group (H.O.G.) – um grupo de proprietários da legendária marca, na capital paulista. Com 5 mil integrantes só no Brasil, o H.O.G. existe há aproximadamente 25 anos, e conta com mais de 1 milhão de privilegiados adeptos em todo o mundo. Seu estilo de vida atrai empresários, profissionais liberais e endinheirados que em nada lembra os rebeldes motoqueiros eternizados no cinema por James Dean, em Juventude Transviada. “Somos pessoas que apreciam a liberdade, descontraídas e com o espírito livre”, define. De acordo com ele, o grupo é bastante unido e inclui em seus programas toda a família. Muitas esposas e filhos passaram a ser amigos com as viagens realizadas pelo H.O.G.. “Nosso hobby não tem nada de excludente. Ao contrário, é um programa para toda a família.” Na casa de Paulo, por exemplo, o vírus de motociclista já contaminou um de seus filhos. Melhor, a filha. “Embora não tenha filhos homens, minha mais velha é também apaixonada por motos, digo, por uma Harley”, conta orgulhoso. Essa atmosfera camarada faz com que o grupo cada vez mais se torne mais unido. “Sem contar que essa convivência entre as diferentes gerações é muito especial”, afirma. A cada viagem do H.O.G. partem em média da capital paulista cerca de 160 motociclistas. “É uma festa. Não tem quem fique indiferente”, diz Paulo. Para quem conhecer grupos como o dele, Paulo dá a dica: “Basta procurar uma das lojas da marca, que hoje são o principal ponto de encontro desses apaixonados por duas rodas. Em São Paulo, nos reunimos todos os sábados para um animado café-da-manhã”, diz. Paulo lembra que não há restrição para quem não tem uma legítima Harley. “Basta ter espírito jovem e vontade de sair do sofá no fim de semana”, incentiva. “Nesse grupo, o chinelo e o pijama não têm vez mesmo”, ratifica. “Quando ficar bem velhinho e não conseguir mais subir em minha Harley, pode saber: vou comprar um triciclo”, diverte-se esse grisalho com pinta e alma de garoto.

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“Somos pessoas que apreciam a liberdade, descontraídas e com o espírito livre”

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É o sonho de qualquer esportista. Não imaginei que fosse competir a essa altura da minha vida”

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Mestria de espadachim

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primeira vez que seus olhos brilharam respondendo à reluzente espada de esgrima, Maria Helena Ermel Guatimosin tinha apenas 10 anos. O entusiasmo foi logo abafado pela mãe, que levou os quatro filhos para praticar outros esportes. Sempre juntos, os irmãos representavam gastos múltiplos e, como exige a aquisição de roupas e acessórios especiais, a esgrima se tornaria inviável para toda a prole Guatimosin. A garota loirinha cresceu. Tornou-se médica. Se casou. Profissional competente, logo se consagrou como uma das professoras mais bem conceituadas na área de otorrinolaringologia – dentro e fora do país. E, só 40 anos depois, após perder o marido, vítima de câncer, o antigo sonho de infância seria reavivado. E com mestria de espadachim, diga-se. Hoje, Guatimosin – nome de guerra pelo qual ela é internacionalmente conhecida nas arenas de combate – ocupa a liderança dos rankings da Federação Paulista e da Confederação Brasileira de Esgrima. “Conquistei tudo o que quis na minha vida profissional. Mas hoje tenho um orgulho especial como esgrimista, já que comecei bem tarde no esporte, que exige bastante”, diz a número 1 da espada.

dedicação fez dela a primeira mulher da América Latina a participar do campeonato mundial na categoria dos veteranos, que reúne uma pequena elite de 300 atletas. Como integrante da seleção brasileira, Maria Helena, ou a temida Guatimosin, já teve o privilégio de entrar em um estádio olímpico, desfilando a bandeira nacional. “É o sonho de qualquer esportista. Nunca imaginei que fosse viver essa experiência a essa altura da minha vida”, emociona-se. Ainda que não tenha começado a praticar a modalidade com o pretexto de fugir da solidão, Maria Helena encontrou nessa prática esportiva nova família. Durante as viagens para as competições, diz ela, todos os atletas passam por um convívio intenso: são horas dentro de ônibus ou avião, refeições coletivas e alojamentos que nem sempre garantem privacidade. “Dormir com a luz acesa, dividir espaço com grande bagunça de malas, usar banheiros comunitários são situações pela quais eu deveria ter passado na adolescência. Mas estou gostando bastante, pois as adversidades acabam fortalecendo a união do grupo”, diz animada.

Em seu dia-a-dia, Maria Helena vive a essência do significado da melhor idade: vive tranqüila e realizada profissional e financeiramente. Continua atendendo em seu consultório, mas escolheu deixar de ministrar aulas fora do país e fora de São Paulo, onde mora, para ter mais tempo para se dedicar aos treinos de esgrima e a outras atividades domésticas. “Adoro cuidar da minha casa”, diz. Além disso, a vida acadêmica chega a ser ingrata, pela condição solitária que a dedicação aos estudos requer. Depois de ter escrito seis livros e defendido minha tese de doutorado, achei que já era hora de começar a me divertir”, afirma. “Mas jamais abandonarei a profissão, afinal, nunca deixarei de ser médica. Mas estou colocando em prática o ‘plano B’ na minha vida, para satisfazer meu lado pessoal”, diz.

Competitiva assumida, a esgrimista veterana acha que a condição de igualdade com os atletas mais novos dá até um toque especial à sua vida esportiva. Seja nos treinos, nos bastidores ou durante as lutas. Afinal, a esgrima é um dos raros esportes em que não há divisão de categorias por idade. Desde os 17 anos, todos os competidores são iguais. Há apenas seis anos que foi criada a categoria dos veteranos, para competidores com mais de 50. Maria Helena conta que em um dos cinco campeonatos mundiais de que já participou, um atleta húngaro de 94 anos competiu e fez bonito. Todas as lutas são levadas a sério, sem dar moleza a ninguém. “Isso porque a esgrima é um esporte de estratégia, controle emocional e habilidade para lidar com situações de emergência, características que se aprimoram com a maturidade, e portanto podem até ser mais bem desenvolvidas em pessoas mais velhas.”

Do golpe gerado pela perda do marido, com quem desafortunadamente não teve filhos, ela buscou transformar seu sofrimento em estímulo para ultrapassar a tristeza e seus próprios limites. Hoje, em plena forma aos 60 anos, Maria Helena treina até três horas por dia no Clube Pinheiros, na capital paulista, numa verdadeira maratona de atleta profissional. Ela luta com espadada, a mais longa e pesada das armas da esgrima. Tanta

Como mulher e médica atuante, Maria Helena sabe de cor e salteado todos os benefícios que a atividade física, em geral, oferece ao corpo. Fortalecimento dos músculos, das articulações, combate à osteoporose, estímulo do cérebro e até uma amenizada no desconforto da menopausa. Porém, ela garante, a maior recompensa é para o espírito, com a melhoria da auto-estima e a alegria de viver. Touché, Guatimosin! conhecimento vivo •

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reportagem de capa Realizador de quatro costados

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stá no Aurélio: realizador – aquele que se dedica a grandes empreendimentos e realiza (algo), revelando capacidade para tal; o mesmo que empreendedor e fazedor; indivíduo que decide realizar, cumprir e executar tarefa difícil e trabalhosa. A descrição acima cabe como uma luva no empresário paulista Ernesto Haberkorn, de 64 anos. Diretor-executivo de sucesso na área de tecnologia e desenvolvimento de softwares, ele enfrentou momentos de angústia pouco antes de passar o bastão de presidente da sua empresa para vestir o pijama. A aposentadoria, por sinal, o apavorava. Workaholic assumido, o merecido direito ao ócio, após décadas atravessando madrugadas no escritório, causava-lhe pesadelo. “À época, tinha muitos amigos que estavam às portas de se aposentar, e percebia que eles ficavam totalmente perdidos, sem saber o que fazer”, relata. “Nesse dia, pensei não dá para passar o resto da vida dando volta na praça.” Sem medo de desafios e consciente da importância de se ter qualidade de vida nos dias de hoje, Ernesto não pensou duas vezes para pôr em prática um projeto que sempre acalentara: construir uma pousada ultracharmosa em um lugar bucólico e tranqüilo. Melhor, que oferecesse opções de lazer e esportes de aventura. Sonho realizado, abriu em 2006 a SPAventura, no município de Ibiúna, interior paulista. “Por ter uma situação financeira privilegiada, poderia adotar um estilo de vida sedentário, ficar passeando de iate, viajar. Mas preferi investir em algo que fosse estimulante para mim e pudesse levar um pouco da minha filosofia de vida para outras pessoas”, diz Ernesto, que é nadador, praticante (e hoje apaixonado divulgador) de esportes de aventura. “A idéia é proporcionar condições para que as pessoas se desenvolvam e evoluam física e mentalmente”, afirma. Em uma área de 110 alqueires, que abriga oito rios, três cachoeiras e muita mata nativa, Ernesto promove desde comportadas caminhadas a trepidantes circuitos de aventura que incluem trekking, ciclismo, canoagem e rapel para pessoas todas as idades. O espaço também materializa um outro sonho de Ernesto: o de disseminar a filosofia da Sociedade Brasileira para o

Uma coisa é certa: precisamos produzir sempre. Se ficamos apenas inventando coisas para ‘matar o tempo’, acabamos mesmo é ‘matando a vida’”

esporte, trabalho e amor – a ETA –, por ele criada. “A idéia é conscientizar as pessoas sobre a importância de se romper com o ócio improdutivo, motivando-as a viver intensamente por meio do esporte e do trabalho”, resume. A entidade nasceu quando Ernesto encontrou sua atual companheira, Elaine, após 20 anos longos anos de uma frustrada união. “Depois da separação, fiquei bastante desmotivado. Eu me senti só, sem ânimo até para me cuidar. Elaine me deu forças para novos projetos e me incentivou a criar o ETA, que existia só na minha cabeça.” Além de comandar a sociedade e a sua pousada, esse incansável grisalho dedica-se a outra de suas paixões juvenis: a natação, que ele pratica desde os 18 anos todo santo dia. Ernesto só não cai na piscina nos fins de semana em que vai para Ibiúna. “Eu me orgulho de nunca ter parado de nadar. Isso me traz uma série de benefícios, físicos e mentais. Se, ao meio-dia, eu estiver no meio de uma reunião de trabalho, interrompo para nadar. A hora do meu almoço é a hora do meu esporte”, diz. Além da piscina e das atividades relacionadas à pousada de Ibiúna, hoje Ernesto está empenhado em viabilizar outro projeto: os cursos de tecnologia da informação. “Esse é um trabalho tão fascinante que poderia passar uns 15 anos trabalhando nele que jamais me cansaria”, afirma. “Uma coisa é certa: precisamos produzir sempre. Se ficamos apenas inventando coisas para ‘matar o tempo’, acabamos mesmo é ‘matando a vida’”, diz esse realizador de quatro costados.

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Força de artista

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riar. Inventar. Reinventar. Superar-se. Diante da adversidade, todo verbo de ação caracteriza o bravo, o guerreiro, quase em toda parte. Aos 78 anos, e há apenas um estudando pintura, a dona-de-casa Anna Helena Calache, de São Paulo, é uma dessas pessoas que trocou a dor profunda originada pela perda do marido pela paleta, pelos quadros e pincéis. “Ele foi meu primeiro namorado e única paixão. Tinha 16 anos quando o conheci. Perdi totalmente o chão quando ele morreu. Fiquei assim durante dois longos anos, sem vontade de nada, quando enfim descobri o universo da pintura e resolvi me levantar”, diz a artista. Com a pintura, também voltou a antes perdida alegria de viver. Melhor: Anna tornou-se em pouco tempo uma artista ultra-requisitada. Vender quase todos os quadros logo na estréia é um feito e tanto para qualquer artista plástico. Em especial, para um iniciante. Em sua primeira individual no Club Homs, em São Paulo, Anna voltou para casa com algumas poucas telas e uma coleção de elogios. Até hoje, ela guarda orgulhosa a sete chaves o livro de presença com as impressões de quem visitou a mostra. Em uma delas, o pequeno Lucas, de 8 anos, desmanchou-se: “Anna, você é a minha artista favorita”, anotou. “Nunca em minha vida imaginei ser pintora, muito menos participar de uma exposição ou vender minhas obras. Mas estou realizada e entusiasmada com tudo”, diz. Antes, a artista havia exposto seus quadros uma única vez, mas sem a intenção de vendê-los. Foi no hospital Sírio Libanês, de São Paulo, onde ela atuou como voluntária durante mais de 30 anos. “Trabalhei no ambulatório e na UTI semi-intensiva, assistindo a pacientes em estado grave. Isso também contribuiu para que a exposição fosse muito visitada”, diz modesta. Mas o reconhecimento do público não foi seu principal ganho. Segundo ela, o maior deles foi ter reencontrado a força interior para vencer a viuvez. O fim de uma vida em comum, que durou 59 anos, trouxe a depressão. Nesse cenário desalentador, pano de fundo para o mais sofrido expressionismo, as aulas de pintura acrescentaram novas cores à sua vida. “Embora sinta muito falta dele, agora sei lidar melhor com a perda”,

Nunca em minha vida imaginei ser pintora, muito menos participar de uma exposição ou vender minhas obras. Mas estou realizada e entusiasmada com tudo”

diz. Uma frase grafada no texto de apresentação, em uma de suas exposições, sintetiza bem essa sua volta por cima: “Para não sucumbir à tristeza, descobri novo objetivo de vida”. Logo no início, quando começou a dar as primeiras pinceladas, Anna utilizava o grafite e o carvão. Em uma pasta, ela guarda cuidadosamente seus primeiros ensaios e também um segredo, a sete chaves. “Estudos de nu artístico faziam parte da aula. Como usamos foto de revista para referência, um dia comprei na banca de jornais uma Playboy. Fiquei envergonhada, mas agora fico mais preocupada em esconder dos meus bisnetos.” Suas técnicas preferidas, porém, são a aquarela e o óleo sobre tela. Com elas, deu identidade e personalidade próprias a suas obras. “Gosto muito da cor lilás, que tem um significado especial para mim, por me trazer lembranças do meu marido. Por isso, em todos os meus quadros, sempre há um toque de lilás, como se fosse minha assinatura”, diz. Crianças jogando bola. Uma baiana contemplando o mar, o pôr-do-sol. Um barco à deriva. Anônimos caminhando na chuva. Uma vila de pescadores emoldurada por uma enorme lua cheia. Muitos dos temas evocados nas telas de Anna têm forte ligação, claro, com as lembranças do companheiro de todas as horas, seu “único e eterno amor”, como costuma enfatizar. Mas, hoje, ela observa com outros olhos o cotidiano e tudo que está à sua volta. Mais atenta ao colorido da vida, Anna garante que a lua de pinceladas alaranjadas ou o céu rubro não são exageros da criação ou licenças artísticas, “mas autênticos caprichos da natureza”. Com a curiosidade, própria de criança, novamente acesa, ela reencontrou através da pintura todo o prazer e a beleza de se viver. “Essa terceira fase da minha vida será marcada não pela perda de uma grande paixão, mas por uma nova – minha arte”, diz Anna, uma artista da vida. conhecimento vivo •

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Maestro da superação

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orça. Determinação. Coragem. E um amor incondicional pela música. Tais características, somadas a alta dose de genialidade e superação, explicam em grande medida a trajetória do pianista e hoje maestro João Carlos Martins. Vítima de uma terrível seqüência de acidentes que lhe roubou a destreza das mãos, Martins enfrentou como poucos as adversidades físicas surgidas em diferentes momentos de sua carreira musical. Nem as contusões que ocasionaram a atrofia em seus dedos e tampouco as polêmicas na imprensa sobre o seu legado, que inclui mais de 1.500 concertos pelo mundo, a gravação completa da obra de Johann Sebastian Bach, o amplo reconhecimento internacional ou, até mesmo, o ocaso político ocorrido nos anos 90, evitaram que João, apontado como um dos maiores intérpretes de Bach do século 20, desse a volta por cima. A inabalável persistência, autoconfiança ou força interior, como queiram, traço marcante de sua personalidade e que o ajudou a enfrentar uma dura maratona de obstáculos, foi forjada ainda na infância. “Cada vez que um filho completava 7 anos, meu pai fazia que lêssemos os textos do pensador americano Orison Swet Marden, que exaltavam virtudes como o entusiasmo, a disciplina, a superação, a perseverança, a alegria de viver, a ética”, diz João, fã número 1 do pai, que na juventude deixou de estudar piano por ter perdido o dedo mínimo num acidente de trabalho. “Papai realizou o sonho de ser pianista através do meu irmão José Eduardo e de mim”, emocionase o músico veterano, caçula de cinco irmãos, entre eles, o jurista Ives Gandra Martins. Aos 26 anos, no auge da carreira de pianista, uma queda fortuita durante um bate-bola no Central Park deu início a seu drama pessoal. O pesadelo, que decretou duas longas paradas na carreira e a interrupção definitiva de sua história de amor com o piano, ocorreu no verão de 1965, em Nova York. Ali também começaria sua luta nas salas de cirurgia e fisioterapia. Mas a lesão no nervo e os problemas na mão direita não deram trégua, fazendo-o abandonar a carreira pela primeira vez em 1970.

Nesse período, João trabalhou em um banco e empresariou artistas como o campeão de boxe Eder Jofre. Inspirado pelo amigo boxeador, que reconquistou o cinturão de peso-pena aos 37 anos, voltou ao piano em 1978. O retorno marcou o começo da gravação da obra completa de Bach, mas o projeto foi interrompido em 1985, quando passou a sofrer também os efeitos da Lesões por Esforço Repetitivo (LER), em razão dos longos anos de estudos. Fez nova parada de sete anos, quando enveredou pelo mundo da política. Em 1993, viu-se envolvido no caso Pau-Brasil, do qual seria absolvido anos depois pelo Supremo Tribunal Federal. Depois do episódio, incentivado pelo pai, João decidiu retomar a carreira. Além da volta aos palcos, reiniciou a gravação da obra de Bach. Estava em Sófia, na Bulgária, para a gravação do seu 16o CD quando sofreu um assalto. Ao sair do estúdio tarde da noite, reagiu e foi golpeado na cabeça. O hematoma levou à perda de movimentos na mão direita. Passou oito meses tratando-se no Jackson Memorial Hospital, em Miami. Ali, reprogramou o cérebro para voltar a tocar usando a porção responsável pela fala, porém, sem sucesso. Mas a obstinação de João novamente surpreenderia a todos, ao passar a tocar apenas com a mão esquerda. A série de infortúnios físicos e as dores, porém, não acabaria. Em 2002, em turnê pela China, percebeu um inchaço na palma da mão. Diagnóstico: moléstia de Dupuytren, mal hereditário no qual um ou mais dedos se contraem, deformando a mão. “Em 2003, aos 63 anos, morria o pianista mas nascia o maestro. E também renascia dentro de mim um novo homem, o menino”, emociona-se. Da condição de aluno logo se tornou diretor da faculdade de música das Faculdades Metropolitanas Unidas, em São Paulo. Daí em diante, fundou a Orquestra Bachiana Filarmônica e o Toca Atitude, projeto que dissemina a música clássica em comunidades carentes, formando músicos e novas platéias. “Hoje, minha missão é trazer sempre mais um para a música”, diz. “Jamais vou desistir dos meus sonhos”, diz o maestro da superação. Bravo, João!

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Hoje, minha missão é trazer sempre mais um para a música”

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Dama das marés

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iosa e dedicada, à primeira vista a diretora escolar Conceição Gomes Pinheiro, de 64 anos, se parece como tantas outras professoras de ensino médio que atuam em escolas públicas do país. Mas não se engane. O sorriso colado ao rosto e o temperamento extrovertido de menina são trunfos que ela tem na manga para se aproximar dos alunos, adolescentes em sua maioria, do colégio que comanda em São Paulo. Fora de lá, seu rosto também só se ilumina, com igual intensidade, quando troca o guarda-pó pelo snorkel, pelas nadadeiras e pela roupa de mergulho. Quando isso ocorre, ela se parece mais a uma menina que vê pela primeira vez o mar. Mas nem sempre foi assim. Dona Conceição, como o alunado a chama, morria de medo d’água. Pior: nem sequer nadava, até pouco tempo atrás. Mesmo aposentada, não parou de trabalhar e lançou um desafio a si mesma: aprenderia finalmente a nadar. Foi mais longe: descobriu o mergulho aos 60 anos. Até aí, tudo bem. Há pessoas que nunca param mesmo e resolvem praticar esportes depois de certa idade. Agora, uma bióloga marinha que volta a entrar na água depois de passar um trauma de quase 50 anos, isso é para poucos. “Aos 12 anos, caí de barriga do trampolim do clube e quase morri. Desde então, nunca mais entrei na água. Nem em piscina ou tampouco em praia”, relata. Há quatro anos, decidiu mudar essa história. Ao levar seus aluninhos do primeiro ano do colégio Stockler, no bairro do Brooklin, zona sul de São Paulo, para nadar e fazer o chamado batismo em piscina, aproveitou a oportunidade para se inscrever na escola também. Depois de dar as primeiras braçadas, entusiasmouse, sepultou em parte seu medo e logo se inscreveu numa escola de mergulho. Mas antes de entrar no mar e encarar seu primeiro mergulho, perdeu as contas das vezes em que hesitou à beira da piscina. Até ser questionada por uma de suas alunas, que sofria de síndrome do pânico e claustrofobia, e vencera o trauma: “Mas por que você não vai”? Nesse momento, Conceição encheu-se de brios e caiu de vez n’água. “Minha aluna voltou tão feliz que não pude deixar de colocar o mergulho entre os principais desafios da minha vida, a partir dali. Pensei: se não nasci com esse problema, não iria morrer com ele. Meus medos precisavam ser vencidos”, relembra.

As aulas teóricas correram bem. Os desafios começaram, de fato, quando o professor anunciou que a aula seguinte seria dentro da piscina. No primeiro dia, Conceição obteve sua primeira vitória: sentiu-se em total segurança ao mergulhar na piscina devidamente trajada com o equipamento de mergulho. Um de seus brincos, porém, afundou imprevisivelmente n’água. No dia seguinte, constatou que sua jóia permanecera no mesmo lugar, na parte mais funda da piscina. “O instrutor notou o que havia ocorrido e disse à turma que ninguém poderia resgatá-lo, a não ser eu mesma”, recorda. “Esse brinco foi um troféu para mim. Ele simboliza minha vitória sobre o medo”, comove-se. A partir desse instante, Conceição não parou mais. Fez vários mergulhos depois em mar aberto. “Afundei, literalmente, meu problema”, brinca ela nos dias de hoje. “Recomendo a todo mundo. É uma tremenda emoção”, diz a diretora. Volta e meia, ela retorna a Paraty, no Rio de Janeiro, para fazer novos mergulhos e observar ao vivo e em cores o cenário subaquático e seus seres, objeto central de suas aulas. “O mergulho é uma oportunidade incrível para se conhecer pessoas interessantes e manter o corpo e a mente sempre jovens”, recomenda. A fim de condicionar-se melhor, Conceição tem também aulas regulares de natação e hidroginástica, além de fazer caminhada três vezes por semana. Afinal, dentro ou fora d’água, preparo físico nunca é demais.

O mergulho é uma oportunidade incrível para se conhecer pessoas interessantes e manter o corpo e a mente sempre jovens” conhecimento vivo •

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turismo

TEMPO DE VOAR

Com a vida mais calma, viajar pode ser o grande plano anual. Aqui, escolhemos quatro roteiros de viagem para vocĂŞ aproveitar o melhor momento da vida em novas paisagens

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m dos motivos pelo qual se diz que as pessoas estão na melhor idade é o tempo livre que elas dispõem para fazer o que bem entendem – e, melhor, na hora que desejam. Viajar, por exemplo, é uma delas. Enquanto a grande maioria corre de um lado a outro, para cumprir sua agenda de compromissos, quem já ultrapassou a barreira dos cinqüentinha e alcançou o nirvana profissional e financeiro pode-se dar ao luxo de fazer aquela viagem dos sonhos. Hoje, são inúmeras as opções e ofertas de destinos turísticos para ir só ou acompanhado, dentro ou fora do Brasil, e que atendem a todos os gostos e bolsos. Para tanto, selecionamos quatro sugestões de roteiro para você se divertir na próxima vez que tirar o carro da garagem e o passaporte do fundo da gaveta.

Na pátria do Romanée Conti e do coq au vin Ao lado de Bordeaux, a região de Borgonha ostenta o status de mais famosa produtora de vinhos da França. Meca de gourmets do mundo todo, é a terra-natal do mítico Romanée-Conti e do clássico coq au vin. A região agrupa milhares de pequenos produtores de vinhos, com rótulos de qualidade incontestável, e elaborados com as uvas Chardonnay e Pinot Noir, símbolos borgundos.

SERVIÇO

ROT EI RO G A ST RONÔMI CO

E que tal fazer o passeio de bicicleta pela região, saboreando sem pressa seus vinhos e a beleza das videiras e de seus châteuax seculares? Com diferentes percursos e níveis de dificuldade, percorre-se diariamente de 27 a 44 quilômetros, o que significa que você não precisa se esfalfar em cima do selim, já que o passeio inclui veículos que dão suporte aos ciclistas, como água, lanches e transporte de malas e mochilas. Dijon, cidade onde nasceu a célebre mostarda, é o ponto de partida do roteiro, que abrange vinícolas, châteaux, abadias, jardins e restaurantes intimistas. Longe dos olhos da maioria dos turistas, guias locais contratados indicam o melhor queijo, o melhor croissaint, o melhor tinto, dentre outras iguarias. Detalhe crucial: em dias de sol, essas delícias podem ser saboreadas em um piquenique a céu aberto. Basta estender a toalha. R oteiro : Dijon, Côte de Nuits, Côte de Baume, Hautes Côtes e Vele L’Ouche Tempo: 7 dias Preço: US$ 5.259, em apartamento, sem passagem aérea Quem leva: Butterfield & Robinson: tel. (21) 2259-8292

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turismo

R o te iro C u l tura l

Nas Gerais, cultura e história em cada esquina Um cardápio variado que reúne história, cultura e boa mesa. As cidades históricas de Minas Gerais são um prato cheio para quem deseja mergulhar na história do Brasil colonial. Uma verdadeira viagem no túnel do tempo, em que a cada esquina a opulência do estilo rococó se funde ao barroco e aos aromas irresistíveis do pão de queijo e do café fresquinho.

SERVIÇO

Quem visita Congonhas do Campo confere de perto no adro de entrada do Santuário do Bom Jesus do Matosinho os 12 apóstolos esculpidos pelo mestre Aleijadinho, que guardam seu interior ricamente decorado. Já o turista que vai a Diamantina pela primeira vez revive a história de outros dois personagens dos livros de história: o presidente Juscelino Kubitschek e Chica da Silva, a escrava que virou rainha. Próxima parada, Mariana, a primeira capital de Minas Gerais, possui um dos mais belos conjuntos barrocos do circuito histórico. Ouro Preto, palco da Inconfidência Mineira e Patrimônio Histórico da Humanidade desde 1980, é parada obrigatória. Também valem a visita as cidades de Sabará, São João Del Rey e Cordisburgo, a cidadenatal do escritor Guimarães Rosa, onde fica a famosa gruta de Maquiné. Roteiro: Belo Horizonte, Grutas Rei do Mato e Maquiné, Diamantina, Sabará, Ouro Preto, Mariana, Congonhas do Campo, Tiradentes e São João Del Rey. Tempo: 8 dias Preço: desde R$ 1.732, com passagem aérea Quem leva: CVC (SP), tel. (11) 2191-8410

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R o te iro A v e n tura

Ócio com sabor de aventura

SERVIÇO

As praias e os cenários selvagens de Itacaré, na Bahia, são um convite ao ócio com gosto de aventura. Partese, por exemplo, da Praia da Coroinha a bordo de canoas rústicas rumo à cabeceira do Rio de Contas, com suas paisagens primitivas quase intocadas. O trajeto dura pouco mais de uma hora e leva o aventureiro a manguezais e a antigas fazendas de cacau e dendê, onde se observa todas as fases da produção desses produtos. Mais radical, há um roteiro de trekking, com duração de uma hora e meia, que inclui as praias da Engenhoca, Hawaizinho, Itacarezinho e Camboinha. No caminho vale o mergulho na Cachoeira do Tijuípe e a seguir a travessia de barco pelo Rio Jeribucaçu para clicar árvores centenárias, a flora e a fauna locais. Embora não estejam no pacote, os loucos por adrenalina podem optar pelo rafting no Rio de Contas; arvorismo em plataformas de até 9 metros de altura; e rapel na Cachoeira da Noré, em Taboquinhas. Roteiro: Praias de Resende, Tiririca, Costa, Ribeira e Prainha; Passeio de Canoa pelo Rio de Contas até a Cachoeira do Cleandro e Visita a Roça de Cacau; Cachoeira do Tijuípe e praias de Engenhoca, Hawaizinho, Itacarezinho e Camboinha; Trilha da Usina, praias de Jeribucaçu e de Arruda. Tempo: 8 dias Preço: desde R$ 1.652, em apartamento individual, com passagem aérea Quem leva: Freeway (SP), tel. (11) 5574-1141

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turismo ro so i e t o Ro eligi R

Terra Santa: jornada milenar e de fé

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Seja religioso fervoroso ou entusiasta da história, viajar à Terra Santa é satisfação em dose dupla. Com chegada ao Cairo, a viagem inclui visitas a Menfis, a antiga capital do Egito, e às pirâmides de Gizé, Quéops, Kéfren e Mikerinos e à Esfinge de Alabastro, com direito a conferir de perto o tesouros do faraó Tutankamon, que viveu ali 1.300 anos antes de Cristo. O Monte Sinai, onde Moisés recebeu as tábuas dos dez mandamentos, é outra parada imperdível. Israel e Jordânia, os próximos destinos, reservam outras preciosidades: a cidade milenar de Petra, com seu paredão de 42 metros de altura esculpido com figuras helenísticas; Jericó (uma das cidades mais antigas do mundo); a região da Galiléia (onde Jesus operou seus primeiros milagres) e Tabgha (onde ocorreu a multiplicação dos pães e peixes). Conhecidos cenários bíblicos, como o Mar Vermelho, o Rio Jordão e o Monte das Oliveiras também estão ao alcance dos turistas. A travessia de barco pelo Mar de Galiléia costuma ser uma das etapas mais esperadas da viagem. Outro ponto alto é a reconstituição do caminho percorrido por Jesus, a chamada Via Dolorosa, passando pelas Basílicas da Ressurreição e do Santo Sepulcro em Jerusalém. Roteiro : Peregrinação por Cairo, Suez, Sinai, Nuweiba, Madaba, Akaba, Petra, Monte Nebo, Amman, Jericó, Monte da Quarentena, Rio Jordão, Tabgha Cafarnaum, Mar da Galiléia, Monte Tabor, Basílica da Anunciação, Cana da Galiléia, Haifa, Monte Carmelo, Cesárea, Jaffa, Jerusalém. Tempo: 16 dias Preço: desde U$ 4.700, em apartamento duplo, com passagem aérea Quem leva: Bureau du Voyage (RJ), tel. (21) 2292-4900

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Vovô paga menos Criado pelo governo federal em parceria com grandes operadoras de turismo, o programa Viaja Mais Melhor Idade oferece condições especiais de pagamento para aposentados e pensionistas. O grande diferencial é a possibilidade de se utilizar o crédito consignado para a compra de pacotes turísticos. Nessa modalidade, de acordo com o Ministério do Turismo, é possível pagar viagens de até R$ 3 mil em 12 vezes, com juros de até 1% ao mês, mediante aprovação de crédito. Ou seja: uma taxa competitiva diante das outras modalidades como o cheque especial, que tem taxa de juros acima dos dois dígitos ao mês. Uma oportunidade e tanto para quem quer, mas não podia, conhecer o Brasil.

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finanças

Uma pessoa de 50 anos ainda possui um horizonte de investimento bastante longo. E não há por que ela ser totalmente conservadora.” Sinara Polycarpo Figueiredo, superintendente executiva de Advisory do Santander

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POR CARLA ARAUJO

É possível economizar após os 50 anos e programar um futuro ainda mais tranqüilo

Planeje-se...

e relaxe

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uando o assunto é dinheiro, analistas garantem que nunca é tarde para investir e colher rendimentos para um futuro repleto de alegrias. A grande dificuldade existente é a imensa oferta de fundos, ações e aplicações em geral. Na opinião de Jurandir Sell Macedo Júnior, professor de finanças comportamentais do programa de pós-graduação da Universidade Federal de Santa Catarina, ainda há certa distorção por parte do mercado sobre o investidor mais maduro. “É complicado falar desses investidores, o risco não está necessariamente atrelado à idade, e sim ao perfil do indivíduo”, diz. O próprio Macedo Júnior, aos 47 anos, mantém investimentos na Bolsa de Valores, exposto a riscos e pensando a longo prazo. “Tenho um tio que aos 87 anos não investe em outro segmento que não o de ações”, conta. O exemplo do vigor no DNA da família do analista, no entanto, requer alguns cuidados. O mercado de capitais, em que as ações são negociadas, é sim o que oferece a maior rentabilidade em comparação com aplicações tradicionais como a poupança. Porém, essa liquidez significa também maior risco, pois a volatilidade é bem maior. Autor do livro A Árvore do Dinheiro – Guia para Cultivar a Sua Independência Financeira, Macedo Júnior explica que no mercado norte-americano é consenso de que um bom cálculo para saber o limite de recursos que devem ser destinados às bolsas é de 100 menos a idade do investidor. Ou seja, uma pessoa de 65 anos deveria investir 35% dos seus recursos em aplicações de maior risco. “Aqui no Brasil, que tem um mercado mais instável, eu recomendaria a conta de 70 menos a idade”, dá a dica, salientando que não há base científica nessa conta. conhecimento vivo •

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finanças

No início de outubro deste ano, as bolsas mundiais, por exemplo, registraram quedas muito significativas, o que representou a perda de patrimônio para os investidores. Na visão do consultor de investimentos Rodrigo Menon, que atua há cinco anos no mercado financeiro, se o objetivo é guardar dinheiro para poder “curtir a vida”, a palavra cautela tem de fazer parte dos investimentos. “Não é necessário apostar em estratégicas arrojadas. O ideal é aplicar pelo menos 85% do capital em renda fixa ou em produtos atrelados ao CDI (certificado de depósito interbancário), considerado um porto-seguro em momentos de crise, pois tem taxas pós-fixadas e possuem boa liquidez”.

mostrou que o comprometimento desse público com as finanças cotidianas ainda é bastante intenso, mas cerca de 40% deles conseguem fazer algum tipo de investimento. A poupança ainda é a aplicação mais procurada, com 34% dos recursos. E também a considerada mais segura, por 41% dos entrevistados.

Aqui no Brasil, que tem um mercado mais instável, uma pessoa de 60 anos deveria investir 10% de seus recursos em aplicações de maior risco” Jurandir Sell Macedo Júnior, professor de finanças comportamentais do programa de pós-graduação da Universidade Federal de Santa Catarina

Além da poupança A aplicação em fundos, para os especialistas, deve ser feita com algumas ressalvas. “O Brasil tem mais de 7 mil fundos de investimentos, isso significa que há no mercado boas e más opções”, afirma Macedo Júnior. Um levantamento da QuorumBrasil, que realiza pesquisas de mercado e presta consultoria, feito com 200 homens e mulheres, entre 65 e 75 anos,

Para aplicar deve-se ter uma visão de no mínimo cinco anos. E com possibilidade de resgatar a qualquer momento, caso haja necessidade e sem prejuízo da taxa no prazo decorrido” Marcos Villanova, responsável pela área de investimentos do Bradesco

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No entanto, é possível fazer uma aplicação considerada segura, porém, mais rentável do que a poupança. A opção, neste caso, para perfis considerados “equilibrados” é a compra de títulos públicos denominados Tesouro Direto. Para investir nessa modalidade, o capital mínimo é de R$ 100 e é preciso ter conta em um banco ou corretora que costumam cobrar taxas menores do que os fundos. No Tesouro Direto os investimentos podem ser de curto, médio ou longo prazo. O mais interessante nesse produto é a possibilidade de resgate dos títulos antes do vencimento pelo seu valor de mercado, pois o Tesouro Nacional garante a recompra todas as quartas-feiras. Sinara Polycarpo Figueiredo, superintendente executiva de Advisory do Santander, pondera que, pelo aumento da expectativa de vida do brasileiro, uma pessoa de 50 anos ainda possui um horizonte de investimento bastante longo. “Não há por que ser totalmente conservador”, diz. A recomendação da executiva é optar pela diversificação. Uma boa solução, na visão de Sinara, é investir pelo menos 60% dos recursos em certificados de depósito bancário, os CDBs. “É uma aplicação conservadora, mas com boas taxas e liquidez diária”, explica. Outros 10% podem ser destinados à compra de ações e o restante – se a intenção for programar um planejamento sucessório de recursos – deve ser aplicado em planos de previdência. Para Marcos Villanova, responsável pela área de investimentos do Bradesco, o ideal é aplicar com uma visão de no mínimo cinco anos, mas

Aos 50 anos, o horizonte de investimento é longo. A recomendação é diversificar” Sinara Polycarpo Figueiredo

com possibilidade de resgatar a qualquer momento caso haja necessidade e sem prejuízo da taxa no prazo decorrido. A instituição oferece benefícios para clientes antigos. “Além da possibilidade de obter taxas especiais para investimentos, oferecemos o CDB Fidelidade, que valoriza o cliente aumentando a rentabilidade a cada seis meses que ele fica aplicado.” Todas as aplicações possuem taxas de administração. Segundo Menon, que é sócio da consultoria de investimentos Beta Advisors, há uma variação significativa conforme planos, instituições e volume aplicado, que oscilam de 0,3% até 3% ao mês. “Essa cobrança tem impacto direto na rentabilidade”, diz.

Equilíbrio: o melhor caminho A pesquisa da QuorumBrasil mostrou ainda que 36% dos entrevistados apontaram como investimento seguro a compra de imóveis. A ressalva, nesse caso, é pela baixa liquidez que os apartamentos oferecem. Além disso, se a opção é para ganhar dinheiro com o aluguel é necessário levar em conta que o setor imobiliário está superaquecido e as chances de manter um apartamento sem conseguir alugá-lo são reais. “Em vez de ter receita, o proprietário passa a ter despesas”, avisa Menon. Entre tantas opções, o primeiro passo deve ser traçar o perfil que se quer ter como investidor. Avaliar taxas de administração, rentabilidade, segurança, prazo e impostos envolvidos são cuidados que não podem faltar num bom planejamento. Uma boa dica é procurar auxílio de profissionais que possam definir a melhor forma de multiplicar seu dinheiro. “Há apenas dois erros que podemos cometer quando o assunto é dinheiro: poupar muito e morrer cedo ou poupar pouco e demorar para morrer. Como ninguém conhece seu destino, recomendo sempre o equilíbrio”, ensina o professor Macedo Júnior. conhecimento vivo •

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sexualidade

é para toda a vida

A atividade sexual muda, mas não acaba. Com a saúde em dia e com a vantagem da experiência adquirida, homens e mulheres mantêm-se cada vez mais atuantes e felizes – em qualquer idade!

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armita Abdo entende muito de sexo. É fundadora e coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade São Paulo. Como pesquisadora e estudiosa do comportamento sexual humano, sob várias circunstâncias em diversas fases da vida, ela assegura: sexo é para a vida toda. Com um parceiro apenas ou alguns, o que importa é manter-se com saúde e espírito afiados. Na falta de apetite sexual ou insatisfação, é importante procurar um médico. “Muita gente não procura um especialista porque crê que sexo não deve ser preocupação ou mesmo existir depois dos 60 anos”, diz ela. “Mas uma vida sexual satisfatória é direito de todos, não importa em que idade.” Para falar sobre essa e outras questões relacionadas à sexualidade, Conhecimento Vivo conversou com a psiquiatra. Confira a seguir suas opiniões e orientações sobre como se manter ativo e feliz até o último suspiro.

Qual a fotografia atual da sexualidade na população brasileira da melhor idade? Muito melhor do que décadas atrás. A longevidade faz com que a vida sexual também se prolongue com melhores condições físicas e emocionais. Essa geração viveu uma maior liberdade sexual e pôde lançar mão dos seus benefícios com mais desenvoltura. Mas há ainda, em uma parcela da população, a falsa idéia de que sob o avanço da idade, a pessoa vá se tornando assexuada ou vivendo de lembranças do passado. O que acontece é que o ser humano atravessa na vida mudanças físicas, emocionais e sociais, as quais, normalmente, afetam diferentes setores da vida, podendo levar às diversas insatisfações. Nada, no entanto, que tratamentos adequados não consigam resolver.

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POR ROBERTA ISFER

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sexualidade

Medicamentos revolucionaram a vida sexual masculina. Há indicações de que esse “renascimento” sexual tenha gerado mais traições em casais maduros? Na última década, importantes medicamentos como Viagra, Cialis, Levitra, Helleva vieram revolucionar o tratamento de falhas de ereção. Há uma impressão, não comprovada, apenas a impressão, de que sob tais medicamentos os homens estejam se sentindo mais confiantes e que isso acarretaria a busca de eventuais novas parceiras.

As mulheres estão acompanhando essas evoluções? No caso das mulheres, é importante que elas estejam interessadas em manter a vida sexual e não a abandonem com a chegada da menopausa. Às vezes, não há queixas diretas sobre o sexo, porque muitas consideram que, com a idade, a vida sexual chega ao fim e, portanto, não há do que se queixar. Algumas passam a dizer que, com a menopausa e a incapacidade natural de engravidarem, o sexo já não tem mais sentido. É comum, então, que elas passem a dedicar-se exclusivamente à casa e aos filhos ou netos, evitando questionar-se sobre o seu próprio desejo sexual. A relação passa a ser apenas uma formalidade e abrem mão do seu prazer. Mas isso não precisa ser dessa forma.

A idéia de que o desejo sexual diminui na menopausa é folclore? A modificação das taxas de hormônios sexuais femininos, que ocorre por ocasião da menopausa, pode

Com o tempo, a vida sexual tende a ser mais tranqüila e menos performática, enriquecida pela intimidade e pelo afeto”

realmente reduzir o desejo sexual e a excitação. Há, para algumas mulheres, menor lubrificação vaginal, por exemplo, e isso pode causar dificuldade para se atingir o orgasmo. Mas, assim como para os homens, há tratamentos. No caso das mulheres, a terapia hormonal pode garantir um equilíbrio mais constante, nesse aspecto. Esse tratamento deve ser avaliado individualmente. O tipo de medicamento e a dosagem são específicos para cada paciente, podendo os riscos serem maiores para algumas mulheres. Com tratamento médico adequado e com maior atenção às preliminares e à qualidade das carícias, o sexo pode correr sem mistérios, com a vantagem de que ela não precisa se preocupar mais com a contracepção.

Há vida sexual longeva sem uso de remédios e drogas? Sim, sem dúvida. A vida sexual depende do estilo de vida que a pessoa leva ou na qual foi criada. A educação sexual, por exemplo, elimina tabus que antes eram limitadores. Além disso, as disfunções de ereção são encontradas mais freqüentemente em homens que tiveram vida sedentária, exageraram no álcool, fumaram e cometeram excessos alimentares. Nos casos de doenças como diabetes, hipertensão, problemas cardíacos, problemas da próstata há tratamentos e, em último caso, a possibilidade de prótese.

Então o futuro nos sorri? Sem dúvida. Do ponto de vista da idade, não há um limite para a atividade sexual. Homens e mulheres saudáveis podem manter-se sexualmente ativos durante toda a vida, embora com o tempo ela tenda a ser mais

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tranqüila e menos performática. Aqueles que conseguiram estabilidade econômica, tiveram seus filhos criados e toda uma história de vida construída a dois têm nessa fase maior probabilidade de buscar um significado novo para o sexo, enriquecido pela intimidade.

Um homem ou uma mulher que fumou a vida toda, ou bebeu muito, ao parar de fumar e beber pode recuperar seu desempenho sexual? Pesquisas indicam que sim. Um homem que pare de fumar aos 50 ou 60 anos, apresenta sinais de recuperação da vitalidade e da saúde de maneira surpreendente. Por isso, é importante reavaliar seus hábitos de vida e colocá-los na balança, em qualquer idade e sempre buscar o equilíbrio. Nunca é tarde.

Qual a média de relações sexuais do brasileiro? Não há um número exato. Na idade jovem o homem mantém entre duas a três relações por semana. Após os 50 anos, a média é de uma vez por semana e aos 80 anos, as relações ocorrem uma vez por quinzena, em média.

O quadro aos 80 ainda é bem animador. Quanto há de esforço pessoal e de disposições genéticas nessa matemática? Varia realmente conforme o indivíduo, sua saúde geral e o grupo cultural a que pertence. Os indivíduos que apresentam maior freqüência de atividade sexual quando jovens têm menor declínio ao envelhecerem. Nos que têm menor freqüência ao longo da vida, o declínio é proporcionalmente maior, sendo semelhante ao se comparar casados e solteiros. Com o passar dos anos, as mudanças na conhecimento vivo •

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sexualidade

atividade sexual levam a pessoa a uma atividade mais lenta e à redução da intensidade das diversas respostas ao estímulo erótico. Muda, mas não acaba.

O que muda? Muda a resposta ao estímulo sexual. No entanto, essa mudança se dá de forma lenta e gradual, permitindo que os parceiros se ajustem a uma atividade menos intensa, porém ainda prazerosa. As principais alterações masculinas são redução da freqüência de relações sexuais e ereções não espontâneas, necessitando do estímulo tátil. A masturbação também diminui, porém, em menor proporção, passando a ser uma atividade mais freqüente para aqueles ou aquelas que estão sem parceiros(as). Nas mulheres também ocorre redução de interesse pela atividade sexual, com conseqüente redução da capacidade de se excitar. Tal redução parece ser mais importante do que a dos homens, mas se pode dizer que o efeito do envelhecimento sobre a sexualidade é observado em ambos os sexos.

Após os 50 anos, a média de relações do brasileiro é de uma vez por semana e aos 80, as relações ocorrem uma vez por quinzena, em média”

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Sexo faz bem para a saúde? A atividade sexual ajuda a manter os órgãos sexuais saudáveis e não há nada de errado ou de vergonhoso em ter relações sexuais nessa idade, se for desejo do casal. O que em geral ocorre é que as necessidades vão- se alterando com o passar dos anos: durante a vida adulta, várias relações sexuais podem ser necessárias para alguém satisfazer-se, enquanto, para os mais experientes, o mesmo grau de satisfação pode ser alcançado com menor número de relações sexuais, num determinado período. Também podem ocorrer problemas físicos e emocionais, próprios da idade, interferindo no desejo sexual, os quais merecem investigação e tratamento por especialista.

sejando aquele desempenho sexual dos 20 anos ou aquele bom desempenho que jamais tiveram, que compreendam o que está acontecendo com seu corpo nesse momento. E com isso aprendam a criar e utilizar novos recursos e estratégias que facilitem sua adaptação a essa outra etapa de vida. Por meio da vivência das mudanças que ocorrem no organismo, após a terceira idade, com naturalidade, tranqüilidade e respeito aos novos limites do corpo, podese alcançar o direito à intimidade e à prática do sexo satisfatório até o fim da vida.

O que é a andropausa? Após certa idade, como mencionado, os homens sofrem uma diminuição na concentração de hormônios sexuais. Apesar do processo ser menos pronunciado do que nas mulheres, muitos podem apresentar dificuldades sexuais em decorrência da baixa de testosterona. Essa é a chamada “andropausa”. O uso de hormônios em homens sem sintomas e sem indicação médica pode resultar em sérios prejuízos à saúde. O médico deve ser consultado, antes de mais nada.

Quais seriam os problemas emocionais?

O que ocorre com a ejaculação, durante o envelhecimento?

Acontecimentos comuns nessa faixa etária: morte do parceiro, aposentadoria, distanciamento dos filhos, limitações físicas e mentais, preocupações econômicas e depressão. Nessas situações, a qualidade de vida sexual tende a decair, muitas vezes sendo necessário o apoio médico e psicológico. E, na verdade, em determinadas situações emocionais, a vida sexual pode ser afetada em qualquer idade.

A ejaculação pode ocorrer durante toda a vida. Haverá diminuição na quantidade de esperma expelido e o jato ejaculatório poderá ser menos intenso do que foi em idades anteriores, mas isso não significa diminuição do prazer. Afinal, ele deve contrapor ao sexo mais comportado, os benefícios da experiência adquirida.

Muitos homens temem o declínio da testosterona, que se dá com a idade. O que fazer ? Indicaria para homens e também para mulheres acima dos 60 anos que, em vez de estressar-se, de-

Qual é a fórmula para manter a qualidade da atividade sexual? Temos de envelhecer com qualidade. O que inclui evitar fatores sabidamente prejudiciais à saúde geral; perceber as mudanças do organismo e da mente como algo natural e esperado; procurar ajuda do parceiro e/ou de especialista para o merecido exercício da sexualidade seja lá em que idade for. E, enfim, é importante que se cultive a intimidade e o afeto, e se lance mão do que a vida nos brinda com a idade – a experiência. Ela tem grande valor. Em vez da agilidade e freqüência, utilizemos a sabedoria em benefício do prazer sexual.

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ativ(A)idade

Cabeça

em forma Exercícios físicos protegem cérebro, corpo e garantem bom humor. Escolha a modalidade certa para seu estilo

V

ocê quer continuar livre, leve e solto (a), sem depender de ninguém para nada, nos próximos 40 anos? Então faça três coisas: uma previdência, palavras cruzadas e exercícios. De acordo com o Centro Nacional de Estatística para a Saúde, cerca de 84% das pessoas com idade igual ou superior a 65 anos são dependentes para realizar suas atividades cotidianas.

“A prática de exercícios é capaz de manter as funções orgânicas e restaurar algumas funções já debilitadas pelo passar do tempo”, diz Ricardo Jacó de Oliveira, doutor em neurologia e co-autor do livro Exercício, Maturidade e Qualidade de Vida. Novas descobertas de benefícios que os exercícios oferecem ao corpo humano: dá mais força e fôlego, combate a depressão, melhora a coordenação motora e, agora, pode prevenir o mal de Alzheimer. Isso mesmo. Uma recente pesquisa realizada na Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, comprova que os exercícios físicos podem proteger o cérebro dessa patologia. Dentro do grupo pesquisado, aqueles que apresentavam sinais da doença, mas mantinham bom condicionamento físico, sofriam menos com a perda de agilidade mental. Ou seja, além de um coração forte e um pulmão potente, os exercícios contribuem para um cérebro resistente, com suas funções cognitivas bem preservadas.

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por Ana Paula Kuntz

Mesmo para quem chegou aos 60 anos sem ter experimentado esforço maior do que caminhar até a padaria, nunca é tarde para começar. Entre as atividades mais recomendadas aos iniciantes dessa faixa etária estão hidroginástica, caminhada, dança, natação, além de exercícios para flexibilidade como alongamento e ioga. “É preciso escolher uma atividade que dá prazer. Sem prazer na escolha, fica difícil prosseguir com disciplina”, diz Oliveira. A musculação é outra modalidade que tem tido cada vez adesão. A ciência já comprovou que, ao contrário do que foi sustentado por décadas, não há contra-indicação nesta prática. Segundo Oliveira, a musculação aprimora os níveis de força, favorecendo a realização das atividades diárias. Algumas academias de ginástica vêm investindo em programas específicos para atrair esse público. A Fórmula Academia, de São Paulo, por exemplo, criou o Fórmula Vita, um plano específico de prevenção e reabilitação cardiovascular que combina musculação e exercícios aeróbios supervisionados. Apesar de ser destinado a todo aluno que sofra de hipertensão, que tenha infartado ou passado por alguma cirurgia no coração, 80% das pessoas matriculadas nesse programa têm mais de 60 anos. “A incidência de patologias conhecimento vivo •

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ativ(A)idade

Colocamos músicas dos anos 50, 60 ou 70, que, trazem recordações, reavivam as emoções dos alunos e dão pique para as coreografias”

cardiovasculares é mais comum nessa faixa etária, mas não segregamos os alunos por idade. Todos precisam das mesmas orientações”, diz Fernando Torres, médico responsável pelo Fórmula Vita. Ele garante que nos primeiros meses já é possível verificar os resultados. “As melhoras nas taxas de colesterol e triglicérides são percebidas imediatamente”, afirma Torres. “O exercício deve ser encarado como um tratamento paralelo. É comum nossos alunos reduzirem as doses de remédio para hipertensão, por exemplo, depois de alguns meses de ginástica.” Já a Bio Ritmo, também na capital paulista, elaborou o Bio Master, exclusivo para pessoas que já passaram dos 60 anos. Além de musculação, bicicleta e esteira, pilates e alongamento, o programa oferece uma aula de dança chamada BodyVive. De acordo com a coordenadora Patrícia Trentino, é o ápice do treino. “Colocamos músicas dos anos 50, 60 ou 70, que, além de trazerem recordações e reavivar emoções dos alunos, dá pique para as coreografias”, afirma. Para ela, as academias que investem em aulas para a melhor idade estão antenas nas tendências do futuro. “Estudos indicam que no ano de 2025, mais de 40% da população será idosa, podendo viver até os 125 anos. Atualmente, já é comum que aos 80 ou 90 anos as pessoas vivam com muita qualidade”, diz Patrícia. Dicas: Além das academias e dos parques, há outros espaços que oferecem cursos de diversas modalidades, a preços acessíveis. A USP, por exemplo, tem aulas de educação física (R$ 15 por mês), hidroginástica (R$ 49 por mês) e alongamento (R$ 13 por mês) dentro do seu campus, na Cidade Universitária, em São Paulo. No Parque do Ibirapuera, todos os dias de manhã há aulas gratuitas de Lian Gong, técnica chinesa e cultura física, para o pleno funcionamento dos músculos, tendões e ossos. No Rio de Janeiro, o Sesc oferece, na praia de Copacabana (Posto 4), aulas de ginástica, vôlei, alongamento e futebol.

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Modalidade

grau de dificuldade

Benefícios

Hidroginástica

Baixo (1)

Melhora a aptidão cardiorrespiratória, a resistência muscular localizada e a densidade mineral óssea. Por ser realizado na água, reduz impacto e risco de quedas

Musculação

Baixo (1)

Aumenta a força e massa muscular e melhora da densidade mineral óssea. Reflete na melhora da execução das atividades da vida diária

Caminhada

Baixo (1)

Melhora a aptidão cardiorrespiratória, reduz o risco cardiovascular, auxilia no controle da pressão arterial, da glicemia e do sobrepeso. Deve ser realizada com calçados adequados, em ambientes pouco acidentados e em horários em que a temperatura não esteja elevada

Natação

Médio (2)

Melhora a aptidão cardiorrespiratória, a resistência muscular localizada, a densidade mineral óssea. Por ser realizado na água, reduz impacto e risco de quedas

Ciclismo

Alto (3)

Melhora a aptidão cardiorrespiratória, reduz o risco cardiovascular, auxilia o controle da pressão arterial, da glicemia e do sobrepeso

Ioga

Médio (2)

Melhora o humor e a ansiedade. Melhora a força isométrica

Tai-chi-chuan

Baixo (1)

Melhora a resistência muscular localizada e o equilíbrio

Dança

Médio (2)

Trabalha equilíbrio e lateralidade, melhora a capacidade de concentração e a agilidade

Fonte: Ricardo Jacó de Oliveira e Patrícia Trentini

Sucesso entre todas as faixas etárias, a corrida de rua é o exercício que mais ganha popularidade em todo o mundo. No Brasil, já são cerca de 4 milhões de praticantes, dos quais 3% têm mais de 60 anos, segundo dados do mercado. “Antigamente, achavam que andar era melhor, mas não é assim. A corrida é um ótimo trabalho para combater a osteoporose, por aumentar a produção de cálcio através do impacto”, diz Marcos Paulo Reis, técnico e preparador físico especializado em corridas de rua. Por seu caráter democrático, a corrida de rua propicia o conhecimento de novos amigos, que são um estímulo para os treinamentos. Apesar não ter contra-indica-

ção, a corrida é uma atividade que precisa de cuidados assim como as outras. “Se alguém que nunca fez exercício sair correndo, pode ter complicações. Independentemente da idade”, diz Reis. “De forma geral, qualquer pessoa pode tornar-se um corredor. O que é melhor e mais seguro seria uma caminhada rápida e trote alternados, com um controle rigoroso de freqüência cardíaca e volume de treino.” Seja qual for a modalidade escolhida, o importante é sair do sofá e começar a colher os benefícios da prática esportiva, dando adeus ao sedentarismo. Confira, no quadro acima, as sugestões dos especialistas Ricardo Jacó de Oliveira e Patrícia Trentini, de São Paulo.

serviços: Fórmula Academia São Paulo, tel: (11) 2197-7333; Campinas, tel:(19) 3756-7800; Belo Horizonte, tel: (31) 3262-1111 www.formulaacademia.com.br Bio Ritmo São Paulo, tel:(11) 3365-0800; www.bioritmo.com.br Solum Escola de Dança Tel: (11) 3255-5162 Cia. Brasileira de Dança de Salão Tel: (11) 3662-2946 USP Tel: (11) 3091-3348 Parque do Ibirapuera Tel: (11) 3266-5829 Sesc Rio de Janeiro Tel: (21) 3138-1031

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mundo virtual

CLICANDO

(SEM MEDO) NA REDE Fonte permanente de informação, a internet é hoje um recurso fácil de usar. Melhor: feita para todas as idades, aproxima as pessoas, mesmo a quilômetros de distância

C

onversar com alguém usando o computador pode ser algo frio e impessoal. Mas sabendo aproveitar os recursos oferecidos pela tecnologia, o relacionamento virtual tende a aproximar as pessoas e tornar essa ligação muito mais forte. Hoje, há diversas possibilidades de se comunicar pela internet: muito mais que enviar cartas eletrônicas pelo computador, é possível manter conversas instantâneas de texto, fazer chamadas de voz e videoconferência, encontrar amigos de longa data ou até participar de fóruns de discussão de assuntos do seu interesse. A falta de abraço, de um beijo, de um aperto de mão ainda não pode ser remediada pelas ferramentas de comunicação digital. Mas a distância deixa de ser uma barreira, ou mesmo uma desculpa, para trocar informações e estar em contato com seus amigos. Por isso, a rede mundial de computadores pode, sim, aproximar as pessoas. Aqui, apresentamos três dos mais populares modos de se “aquecer”, digamos, as relações do mundo virtual. Confira, a seguir, como melhor utilizá-los, em cinco passos.

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POR ANA PAULA KUNTZ

WINDOWS LIVE MESSENGER Para trocar mensagens de texto instantâneas, o Windows Live Messenger é o programa mais usado no mundo. As conversas podem ficar mais interativas usando um microfone e uma webcam (minicâmera de computador). Mas seu principal recurso é a conversa por escrito.

1. Abaixando o programa

Antes de tudo, é preciso baixar e instalar o programa. Um dos sites mais confiáveis para fazer o download é o Baixaki, do provedor IG (http://baixaki.ig.com.br/download/Windows-Live-Messenger.htm). A instalação é quase automática, basta clicar no grande ícone verde, selecionar “salvar” e depois “executar”. A segunda parte é um pouco mais demorada, mas é possível acompanhar o andamento da instalação observando a barra verde de progresso exibida na janela “Instalador do Windows Live”. Não feche essa janela antes de completar a operação. Terminada a instalação, é preciso iniciar o programa em “executar” ou “iniciar”.

2. Criando sua conta

Depois que o Windows Live Messenger for iniciado no seu computador, é preciso criar uma conta e uma senha para ter acesso ao programa. Se você possuir um email do MSN ou do Hotmail, terá automaticamente acesso garantido. Caso contrário, é preciso clicar em “Inscrever-se para um Windows Live ID”, que fica na parte inferior da janela do Live Messenger, ou digite o endereço http://get.live.com/getlive/ overview no seu navegador. Você será levado para uma página da internet onde tem o botão “Obtenha Grátis”. Clique ali e preencha o cadastro.

3. Lista de contatos

Automaticamente, o programa indicará o ícone para adicionar contatos. Clique ali e digite o e-mail da pessoa que deseja encontrar, depois clique em “adicionar contato”.

4. Batendo papo

Se a pessoa estiver conectada, aparecerá um ícone verde ao lado do seu nome, e você poderá conversar com ela no mesmo instante. Ao clicar duas vezes sobre o nome da pessoa, nova janela de bate-papo será aberta. Então, é só digitar suas mensagens e clicar “enviar”.

5. Inclua sua foto

Para personalizar sua foto, clique na seta embaixo na imagem inferior da janela de bate-papo, e depois em “mostrar tudo”, que fica no canto superior direito. Você poderá escolher entre uma lista de imagens padrão do programa ou clicar em “procurar” para selecionar uma foto sua.

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mundo virtual

ORKUT Parentes e amigos que você convive no dia-a-dia ou colegas que não reencontra desde os tempos do colégio. Parentes próximos ou um desconhecido que, por alguma afinidade, pode se tornar sim – por que não? – em um grande amigo. Todas essas pessoas podem ser “achadas” no site de relacionamento Orkut, contanto, claro, que também estejam cadastradas no sistema. Você pode compartilhar fotos, vídeos, escrever mensagens para seus amigos e participar de grupos de discussão. O portal tem versão em português e o cadastramento é bem didático.

1. Cadastrando-se

Na página inicial (www.orkut.com) há um link para quem ainda não é membro. Clique em “Entre já” e preencha o cadastro. No mesmo instante lhe será enviada uma mensagem de e-mail, solicitando a confirmação do cadastro. Entre na sua caixa de e-mail, abra a mensagem e clique no link.

2. Editando seu perfil

As lacunas marcadas com um asterisco são de preenchimento obrigatório. Ao completar as demais, pense bem em que tipo de dados pessoais quer revelar. O limite da sua privacidade é determinado por você. Uma dica: nos itens que têm ao lado uma chave amarelinha, você escolhe quem poderá visualizar aquela informação (só você, apenas os amigos que fazem parte da sua rede ou todos os usuários do Orkut). Clicando em “Encerrar”, você será levado à sua página de início personalizada.

3. Adicionando sua foto

No lado esquerdo da sua página inicial, há um espaço reservado para a foto que será seu cartão de visita no Orkut. Logo abaixo, há o item “perfil”. Clique em “editar”: aparecerá nessa mesma lateral, abaixo da foto, a opção “alterar foto”. Clicando ali, e a seguir em “procurar”, será aberta uma janela com todas as pastas e arquivos do seu computador. Localize a imagem que deseja exibir, selecione-a e aperte “Enter” no teclado. A foto aparecerá na tela para você recortar e enquadrar como quiser.

4. Encontrando amigos e comunidades

É importante identificar uma barra azul-escuro no alto da página, que estará sempre visível enquanto você navega. Ali estão os atalhos “início”, para sua página inicial, “perfil”, para você ver seus dados, “página de recados”, para ver as mensagens que lhe escreveram, “amigos”, para ver todas as pessoas em sua rede, e “comunidades”, para ver os grupos dos quais você participa. No canto esquerdo, há um espaço branco, onde está escrito “pesquisa do Orkut”. Clique ali e escreva o nome da pessoa que procura. Atenção: podem aparecer diversos usuários com nomes similares. Clique na foto deles para visitar o perfil e verificar se é mesmo a pessoa que procura. Se for, clique em “+ amigo”, ícone que fica logo abaixo da foto do usuário. Para escrever uma mensagem, clique em “recados” na página do seu amigo. Para entrar numa comunidade, você pode digitar uma palavra sobre um assunto de seu interesse na mesma janela “pesquisa do Orkut”, no canto superior direito. Clique na imagem para ver mais sobre o grupo e, caso queira fazer parte, clique em “participar”, que também fica na coluna da esquerda, abaixo da imagem.

5. Compartilhando fotos

Na coluna da esquerda há o ícone “fotos”. O processo é similar ao de adicionar a foto do seu perfil. Você poderá organizar as imagens por álbuns, adicionar títulos e legendas. O sistema permite que você envie diversas fotos ao mesmo tempo, mas atenção: selecionar muitos arquivos de uma só vez pode deixar a operação muito lenta. Se achar que está demorando muito, prefira adicionar uma foto por vez.

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SKYPE

O Skype ganhou fama por permitir fazer ligações do computador para telefones fixos e celulares a custos baixíssimos. O recurso é muito vantajoso principalmente para realizar ligações internacionais. Também é possível fazer chamadas entre computadores, estas gratuitas. Como as chamadas de voz são o forte deste programa, é importante possuir um microfone e caixas de som. Se você e seu interlocutor possuírem uma webcam, a “brincadeira” fica ainda mais interessante: enquanto conversam, poderão se ver na tela do computador.

1. Baixando o programa

Para fazer o download do Skype acesse o site http://www. skype.com/intl/pt/, que tem conteúdo em português. Clique em “baixar o Skype” e escolha a opção “salvar”. Quando finalizado, escolha “executar”. Depois de alguns instantes, o programa estará pronto para ser utilizado.

2. Criando sua conta

Automaticamente será aberta a janela “Criar nova conta do Skype”. Complete o cadastro. Assim que concluir, um tutorial será exibido, mostrando dicas de uso do programa.

4. Fazendo ligações para telefones

Para esse tipo de chamada é necessário adquirir créditos. No alto da janela, clique em “Contas” e depois em “Comprar Créditos Skype”. Será aberta uma nova janela para que você escolha a forma de pagamento (que pode ser cartão de crédito ou boleto bancário). Para fazer a ligação vá em “Discar”, escolha o código do país, o código de área e digite o número do telefone e clique no ícone verde.

5. Fazendo chamadas para outro computador

Na guia “Contatos”, os amigos que estiverem on-line estarão marcados por um ícone verde. Você só poderá chamar aqueles que estiverem conectados. Clique em cima do nome da pessoa que deseja chamar e depois no botão verde e redondo que fica na parte de baixo da janela. Quando a pessoa atender, a webcam e o microfone serão acionados automaticamente. Não se esqueça de verificar se estão ligadas as caixas de som.

3. Adicionando contatos

Clique em “adicionar contatos” e digite nome e sobrenome da pessoa que deseja incluir. Como pode haver homônimos cadastrados no sistema, procure conferir se a pessoa indicada é mesmo quem você procura. Para ter certeza, verifique informações como cidade, país e perfil para ver detalhes sobre aquele usuário. Clique no ícone azul do perfil e depois em “adicionar contato”. Você pode enviar uma mensagem de saudação, se quiser.

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agenda

Eu voltei!

Exclusivo para alunos com mais de 45 anos, a Universidade Aberta da Terceira Idade da Faculdade Editora Nacional, de São Caetano do Sul (SP), exige apenas que o candidato à vaga seja alfabetizado. Composto de quatro programas, cada curso tem duração de 12 meses. As matérias são linguagem, arte, teologia, psicologia, filosofia, comunicação, alimentação, movimento, direito, economia, história, qualidade de vida e saúde. Além das aulas, os alunos podem participar de cursos de teatro e coral e de passeios turísticos e culturais, que têm custos adicionais.

• Início do curso: Primeira semana de fevereiro. As matrículas abrem em janeiro • Aulas: terças e quintas-feiras, das 14h às 16h50 • Valor da mensalidade: R$ 55 • Endereço: Campus Aliberti, na rua Conceição, no 321 – São Caetano do Sul – SP • Informações: (11) 4223-7800 e (11) 4223-6000 ou www.faenac.edu.br/cur_terceira_idade.asp

Espaço para conviver e aprender

Iniciativa do Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo (Fussesp), o “Espaço Convivência Terceira Idade” funciona no Parque da Água Branca, na zona oeste de São Paulo. Todos gratuitos, os programas e projetos do Fussesp incluem aprendizado em pintura (aquarela, em telas e tecidos), bordado, técnicas de origami e ikebama, canto em coral, violão, teatro, idiomas e ioga, entre outras. • Informações: (11) 2588-5928 ou www.fundosocial.sp.gov.br/programas projetos.htm

Do babalorixá à baba-de-moça Orixás na Cozinha, Sarau Gastronômico e Cozinha Natural são os nomes de alguns dos cursos oferecidos pela Escola Sabores e Saberes, do restaurante paulistano Capim Santo. Sempre com temas criativos, e contando com a expertise de chefs renomados, as aulas prometem ensinar alguns truques e contar algumas curiosidades da culinária. • Endereço: Al. Min. Rocha Azevedo, 471 – Jardim paulista - São Paulo – SP • Informações: (11) 3085-1442 ou escoladecozinha@capimsanto.com.br

afezinho c s le p im s m u e u q Mais do A Academia de Barismo Isabela Raposeiras tem sempre novas turmas para iniciantes e para quem já tem mais intimidade com o mundo do café. O curso de Barista Júnior possui carga horária de 15 horas com aulas teóricas e práticas e ensina sobre cafés especiais e suas regiões produtoras; grãos arábica e robusta; categorias de qualidade em café; processamento, torra e empacotamento; métodos de preparação de café; vaporização do leite; produção de cappuccino; manutenção e limpeza de moinho e máquina; e conservação e armazenamento do café. Para aprofundar os tópicos do nível Júnior, desenvolver conhecimentos técnicos e capacitar o aluno ao trabalho no mercado de cafés especiais, a academia oferece o curso de Barista Sênior (nível intermediário). Com 30 horas de aulas, os futuros baristas aprendem entre teoria e prática, as técnicas de extração de expresso, vaporização, iniciação a máquinas, regulagem de máquina e moinho, diagnose e solução de problemas técnicos, degustação comparativa, notas aromáticas, técnica americana e iniciação a latte arte. • Endereço: Rua Cônego Eugênio Leite, 1121 – Pinheiros – São Paulo – SP • Informações: (11) 3375 -7400 ou www.academiadebarismo.blogspot.com

para ser um centro de disseminação de cultura, a Casa do Saber oferece cursos livres, palestras e oficiFamília Criada nas de estudo nas áreas de artes plásticas, ciências sociais, cinema, filosofia, história, música e psicologia, reurenomados professores e conferencistas. Os cursos são oferecidos em três endereços: em Higienópolis e em nindo nos Jardins, em São Paulo, e na Lagoa, no Rio de Janeirto. A programação atualizada está disponível no site. : (11) 3255-8900 . . . estudo • I nformações

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Corra,

Lola, corra...

O calendário de corridas de rua da Corpore, maior clube de corredores da América Latina, tem eventos o ano todo e diversas cidades. Ilhabela, Recife, São Bernardo do Campo, Campos do Jordão, além do Rio de Janeiro e São Paulo são alguns dos palcos desses eventos que são verdadeiras festas. Para acompanhar a programação, fique atento ao site: •Informações: tel. (11) 3884-4188 ou www.corpore.com.br

Grisalhos odara

A Faculdade de Ciências da Saúde (Facis), de São Paulo, também oferece um programa semestral na área de saúde para pessoas da melhor idade. Dentre as opções, existem cursos rápidos de nutrição, terapia floral, acupuntura, arteterapia, fonoaudiologia, homeopatia, fitoterapia, psicossomática, psicologia junguiana e bionergia. Também fazem parte do programa atividades físicas, como aulas de ioga e tai-chi-chuan, oficinas de informática e debates sobre temas de interesse específico, como o direito do idoso. •Início: previsto para março •Duração: cada curso é independente e costuma durar um dia, ou um fim de semana •Valores: serão definidos no início de 2009 e estarão no site •Endereço: Rua Inácia Uchôa, 399 – Vila Mariana – São Paulo – SP •Informações: (11) 5085-3141 ou www.facis.edu.br

l a r u t l u c o h l u Merg

Livraria, galeria e núcleo de reflexão sobre arte e cultura, a livraria Augôsto Augusta, em São Paulo, reúne uma coleção referencial de livros sobre artistas, fotografia, design, moda e arquitetura, um acervo precioso de gravuras e telas de grandes nomes brasileiros dos anos 60 e 70, além de CDs e DVDs selecionados para os apreciadores de música e cinema. Seu espaço cultural também conta com uma agenda semestral de cursos de arte, música, teatro, cinema, literatura e filosofia. Mais: a livraria organiza roteiros anuais de apreciação de obras de arte em cidades como Florença, Veneza, Verona, Roma, Berlim e Praga, monitorados por seus professores. • Programação de 2009: a previsão é os cursos regulares comecem em fevereiro. • Dica: é possível que haja cursos de férias, em dezembro e fevereiro. As novidades poderão ser conferidas no site. • Endereço: Rua Augusta, 2161- Jardim Paulista – São Paulo – SP • Informações: (11) 3088-2201 ou www.augosto.com.br conhecimento vivo •

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papo pessoal

Por Alice Carta (*)

Curta. Sempre!

Não há fórmulas prontas para ser feliz na vida. A regra é não ter regras. Arrisque, realize coisas novas e faça tudo o que você mais gosta

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ar dicas sempre foi minha especialidade na vida. Mesmo depois de deixar de escrever uma coluna que eu tinha na revista Vogue, as pessoas e os amigos continuaram a perguntar-me sobre o que eu achava disso ou daquilo. Essas dicas nunca se restringiram simplesmente a sugestões de compras, mas a estilo de vida, de como valorizar bem nosso tempo e viver da melhor maneira possível. Como eu, pessoas com idade acima dos 60 anos já passaram por várias fases da vida e sentem (porém, nem sempre percebem) que falta ainda muita coisa para se fazer e aprender. Quer um exemplo? O universo dos computadores. Para muita gente é uma coisa complicada, no entanto, é muito ruim quem não sabe trabalhar neles, pelo menos para receber e mandar emails. Para você ter uma idéia, convenci minha mãe de 90 anos a aprender a mexer no computador e a ter noções básicas de informática. Em pouco tempo, o assunto deixou de ser mito para ela. Todo aprendizado, porém, tem de ser divertido. É como aprender a jogar cartas. Jogar bridge ou tranca, por exemplo, é uma delícia. No entanto, é preciso – ou melhor, é uma boa – aprender a jogar corretamente, ter aulas, jogar todas as semanas – enfim, fazer um grupo para ‘treinar’ e passar horas jogando e se distraindo. Na cidade em que você mora, por certo deve haver algum clube ou uma turma de bridge ou tranca. Descubra onde fica e passe a freqüentá-lo e leve a “sério” este hobby que, além de agradável, faz bem para a cabeça. Há quem também curta montar coleções, fazer compras, tricô, crochê, bordado. Melhor: muita gente faz isso para ajudar entidades beneficentes e pessoas que de fato precisam. Já pensou em ajudar uma creche, por exemplo? Ou cuidar de pessoas necessitadas? Tudo vai da cabeça e do espírito de cada um. Tenho amigas que só cuidam dos netos – que bom! – para os netos, para elas e para toda a família. Outros ainda gostam de trabalhar na profissão de origem e acham que a vida sem trabalho cai no vazio. Esse é meu caso. Mas nada impede que se faça cursos de especialização ou de fotografia, culinária etc. É importante em qualquer idade não esquecer do seu corpinho. A rotina de ter de fazer ginástica, musculação ou caminhar pode parecer chata, mas faz diferença ao longo do tempo, deixando você mais disposto para tudo. Sem contar que essas atividades todas nos aproximam das pessoas. Aprenda. Divirta-se. E curta tudo da melhor forma.

ALICE CARTA é promotora cultural e de eventos, tem quatro filhos, cinco netos, joga bridge, tranca e faz pilates.

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Quando o seu filho está doente, você faz de tudo para que ele melhore e dê um sorriso. Nós fazemos isso com milhares de crianças.

Doutores da Alegria é uma organização sem fins lucrativos, pioneira no Brasil em visitas de palhaços profissionais a crianças hospitalizadas. Com 17 anos, ultrapassou a marca de meio milhão de visitas a 19 hospitais públicos. Sem custos para o hospital e pacientes, o trabalho é mantido com o apoio de empresas e com a sua doação. Seja um sócio da alegria e colabore com quanto quiser. O importante é que a sua doação seja mensal, porque as nossas preocupações em manter este trabalho são diárias.

Participe!

Para doar é simples: (11) 3061 5523 (São Paulo) ­www.doutoresdaalegria.org.br socios@doutoresdaalegria.org.br

O trabalho dos Doutores da Alegria é mantido com o apoio de empresas e doações pessoais. Nossos palhaços não pedem doações e não vendem produtos em hospitais ou nas ruas. Este anúncio contou com o apoio da Salem e deste veículo.

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