RelevO - Outubro de 2012

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Jornal

PARANÁ | OUTUBRO DE 2012 | EDIÇÃO 02 | ANO III

Laurene Desclaux


OUTUBRO

CELSO AUGUSTO UEQUED PITOL

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VIVIANNE MOUREAU

Jornalista e escritor canoense. Publica seus textos no otimoneiro.com.br e perspectivabr.wordpress.com.

Escritora paulista radicada em Curitiba, formada em Ciências Sociais pela Universidade de Londrina e Integrante do Mímesis | Conexões Artísticas.

Marcos F. Monteiro

Quase jornalista, quase escritor. Fotógrafo.

NINA ZAMBIASSI

DANIEL ZANELLA

Publicitária, trabalha com direção de Arte.

Cursa 6º período de Jornalismo Na UP. A cara do pai.

LAÍS VALÉRIO

LAURENE DESCLAUX

Atriz e estudante de Psicologia. Publica seus textos no endereço deansia.blogspot.com.

Fotógrafa francesa radicada no Rio de Janeiro.

Ricardo Pozzo

ALINE VALEK

Escritor e fotógrafo radicado em Curitiba.

Escritora, blogueira, redatora e publicitária. Publica seus textos no endereço alinevalek.com.br/blog.

MIA MACEDO

Cursa 4º período de Jornalismo na UP. Publica seus textos no endereço EDUARDO SILVEIRA ameioamarga.wordpress.com. Ator, biólogo e escritor curitibano. Mestre e doutorando em Educação pela UFSC. CLARA AVERBUCK Escritora gaúcha e colunista do Portal R7. Publica seus textos no ende- GUILHERME GONTIJO FLORES Poeta, tradutor e professor de Língua e Literatura Latina reço entretenimento.r7.com/blogs/clara-averbuck. na UFPR. Integra o coletivo literário escamandro.wordGERALDO LIMA press.com. Escritor e colunista do coletivo literário O Bule. Publica seus trabalhos RONALDO BRITO ROQUE no endereço baque-blogdogeraldolima.blogspot.com.br. Escritor. Publica seus textos no endereço estoriaspacatas. JOÃO DEBS blogspot.com.br. Fotojornalista curitibano. Vive em Florianópolis e publica seus textos no CARLOS PESSOA ROSA endereço joaodebs.blogspot.com. Poeta, contista e cronista, editor do site Meio Tom Prosa MARCOS BARRETO e Verso. Publica seus textos no endereço meiotom.art.br. Desenhista e escritor curitibano. Publica seus textos no endereço JULIO URRUTIAGA ALMADA umcontopormarcosbarreto.blogspot.com.br Poeta e escritor. Publica seus textos no endereço julioalmada.net.

Editorial

Certo seria um impresso que nunca dependesse de dinheiro público, nem de seus anunciantes – que tivesse no leitor o seu suporte e sobrevivência. (Como imaginar os grandes conglomerados midiáticos entregando ao seu público uma notícia confiável que envolva seus patrocinadores diretos?) A razão de existir de um periódico que promova jornalismo é permitir ao cidadão a possibilidade de decidir e se autogovernar. Em um impresso que tem a literatura como seu alicerce as coisas não funcionam de modo muito diferente. Nossa função existencial ultrapassa a mera publicação de escritores locais ou em início de carreira – os medalhões como farol. Buscamos, de uma forma própria, que o nosso leitor tenha na experiência literária um exercício de imaginação, sonho e invenção – e, por que não?, uma luz diante da escuridão cotidiana, a chama que o leve ao protesto e o retire da mornidão. Das pressões: não temos do que reclamar, de fato. Temos anunciantes fidelíssimos que não comprimem nossa linha editorial – e, veja só, são sempre os textos que envolvem sexo os mais controversos – e não batemos na porta dos políticos em busca de seus tostões, que deveriam ser nossos, mas não são porque este é dos jogos mais densos. Literatura é um ato de contravenção. Sempre. Uma boa leitura a todos.

Expediente

Fundado em Setembro de 2010 Edição: Daniel Zanella Projeto gráfico: Marcos Monteiro Fotógrafo responsável: Ricardo Pozzo Impressão: Folha de Londrina Tiragem: 2000 Edição finalizada em: 1º de outubro 20h.

 Contato twitter.com/jornalrelevo @jornalrelevo jornalrelevo@gmail.com Edições anteriores: issuu.com/jornalrelevo

Entrevista Coletiva

Não há jornal que não ofereça brindes. Há pouco tempo foi lançado um jornal que tinha escrito no cabeçalho: ‘Este jornal não oferece brindes.’ Até mesmo o meu jornal teve que oferecer. Isso me entristece um bocado porque percebo que os jornais têm investido mais em marketing do que em seus jornalistas, e esse não é um bom caminho. Porque, apesar de tudo, as pessoas respeitam os jornais porque são úteis à sua vida e à sua vida em sociedade.” Miguel Conde Coutinho


OUTUBRO

Minha cronista,

Não te queria falar sobre estas coisas, mas tenho uma dor crônica de mais de ano. Três anos em novembro. É uma pubialgia, mas se quiser, pode chamar de pubalgia, osteíte púbica ou pubeíte. Prefiro pubialgia, se você me deixar escolher – é uma dor tão firme e pungente que escrevê-la é torná-la ainda mais minha, a minha carne e a minha fraqueza. Sei que é uma inflamação, sei que preciso fazer 40 sessões de fisioterapia + seis meses sem jogar futebol, sei que as dores passam e voltam e passam e relembram de mim em uma noite como esta, quando a lua esfria sem temores. É que hoje joguei futebol, não joguei muito bem e me exagerei, o meu organismo está reagindo mal ao cansaço. Alguns médicos relacionam esta dor com uma outra dor, nas costas. Esta é a lombalgia, que se acusou em mim aos quinze anos. Toda semana tenho uma crise de falta de ar, de uns três minutos. Seu fim é quase um orgasmo. Não sei se você sabe, tenho um siso inflamado também, coisa de duas semanas. Comer somente de um lado me dá algumas câimbras, mas é suficiente para retroceder o inchaço. Este ano tive uma pneu-

monia depois do carnaval e quase me acabei de tanto fingir morrer. Também é só. Nunca tive dores de cabeça, estômago fraco, não tenho problema com pimentão, sempre fui muito resistente à bebida e à fome, posso dormir pouco e produzir muito, posso dormir muito porque nunca tive insônia – apenas alguns chiliques literários –, não sofro por mulher nenhuma, embora queira muitas, trabalho bem menos do que todos, fumo somente de vez em quando e sobram alguns trocados para dividir o bar de sexta-feira. Também sei amar intensamente algumas mulheres e tenho certos amigos para vinhos de fim de noite. Hoje não tenho muito dinheiro, mas também não devo a ninguém (somente ao banco). Talvez me falte um pouco mais de recursos para reprimir estas dores, mas não faço por onde e não me sinto culpado, dores de um corpo de seus vinte e sete anos de intensidades, exageros, luxúrias, belezas e venenos – o coração, não, o coração é forte como uma tempestade, minha querida.

Pubialgia

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Daniel Zanella João Debs


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Aline Valek Alguns acham que fãs de futebol são chatos. Outros insistem que chatos são os evangélicos. Outros discordam, acham que chatos são os gays. É particularmente difícil determinar a chatice que define um grupo de pessoas, mas parece haver um consenso sobre as feministas: elas é que são chatas. É claro que existe um universo de chatice explorado diariamente, mas a chatice das feministas é de uma proporção tão gigantesca que a chatice de pessoas desagradáveis como as que assoviam para você na rua acabam passando em branco. Tem gente que diz que mulher não pode sair de roupa curta. Tem que se valorizar. Mas sair sem maquiagem não pode, tem que ser feminina. Outros dizem que tem que alisar o cabelo, porque cabelo crespo ou indomável não pode ser bonito. São pessoas que vão olhar para alguém que não se encaixa no padrão e dizer “ih, você precisa se cuidar”. Mas as feministas é que são chatas. Tem gente que conseguiu determinar o que é uma “mulher de verdade”, em uma listinha cheia de detalhes complicados, como: não pode ser magra demais, mas também não pode ser gostosona, porque isso é vulgar; não pode gostar de beber, nem querer se divertir; tem que ser pra casar, para cuidar do marido quando ele precisar. Se não se encaixar na listinha com outros quinhentos e oitenta e três itens, só pode ser puta. Essas pessoas também dizem que mulher não pode falar palavrão e nem gostar de sexo como os homens. Mas as feministas é que são chatas. Tem gente que diz que, se uma mulher não quer transar com um cara que foi legal com ela, ela é uma vaca por deixá-lo na friendzone. Mas tem gente que também diz que se a mulher transa com quem quer, quando quer, ela é uma vadia. Há quem diga que o sexo desvaloriza a mulher, então ela precisa se “guardar”. Essas pessoas devem achar que buceta se desgasta com o uso. Mas as feministas é que são chatas. Tem gente que diz que homem não serve pra cozinhar. Que é um completo retardado incapaz de fazer sozinho a mais simples das tarefas domésticas sem fazer algo errado ou sem chamar

a mulher para ajudar, afinal, ela é que foi feita pra isso. Essas pessoas também dizem que homem é uma criatura rasa e descontrolada que vai querer enfiar o pau em qualquer mulher que vê pela frente. Tem gente que diz que homem com sensibilidade não pode, porque é “gay”. E ainda tem gente que diz que é o homem quem tem que pagar a conta. Mas as feministas é que são chatas. Tem gente que adora quando as mulheres tiram fotos de lingerie e publicam na internet, desde que não sejam gordas, velhas, feias ou usem lingerie bege. Tirar a roupa para protestar também não pode. Porque há quem diga que as mulheres até podem lutar por seus direitos, mas não podem “lutar demais”. Essas pessoas é que definem quem pode ficar nua, onde, por qual motivo e para quem elas devem se mostrar. Mas as feministas é que são chatas. Querem cagar regra sobre o que a mulher pode ou não fazer com seu próprio corpo. Mas as feministas é que são chatas. Feministas são chatas porque falam de assuntos que ninguém quer ouvir (porque, quem sabe, se não falassem tanto de estupro, ele magicamente dei-

xaria de existir). Feministas (e estamos falando de homens e mulheres) são as malas sem alça que desconstroem as mensagens da mídia e questionam tudo. Tudo porque acreditam na ideia radical que mulheres são seres humanos. É, as feministas são chatas. E eu, que escrevi isso, devo ser também.

As feministas é que são chatas

João Debs


OUTUBRO

Três da tarde

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Laís Valério

Quando a noite chega ainda na hora do dia e ninguém mais quer trabalhar ou estudar o céu de triste azul-claro-bobo foi ficando cinza escuro e o fôlego que sobrava em quem caminhava até o banco, em quem explicava equação fatorial, o fôlego de quem não finalizava o relatório, de quem acelerava na rodovia desacelerou. O fôlego suspirou e não quis mais ofegar. Quando a noite chega na hora do dia e ninguém mais quer trabalhar ou estudar a maioria trabalha e estuda. Mas aquela semana estava comprida e resolveu que não iria terminar. Meses sem sextas. Sem sextas-noites e sem cestas-arremessos porque o pai do filho pequeno só pulava alto aos sábados. Meses morrendo em meio às obrigações riscadas no papel. Meses amassando intermináveis massas de modelar. Meses programando códigos suspensos de eletricidades virtuais. Mas aquela semana estava comprida e resolveu que não queria terminar. E o céu que ficou cinza-escuro empalideceu a cidade pra combinar com os rostos murchos. Nuvens escuras começaram a dançar num ritmo fluído que densou a água acumulada. Os algodões agora nada brancos sobre as nossas mornas-vidas intensificaram o ritmo do compasso até que o líquido transparente saísse silencioso do montante de veludo flutuante. Os outros mais os que franziam as testas de cansaços, mais os que espirravam, mais os que verticalizavam cimentos e mais os que contavam moedas... Ao sentirem o cheiro inconfundível se aproximar, pararam. Até que as gotas tocassem o piso, o teto, a árvore, a casa e a cara não houve barulho ou ruído. O trânsito se acalmou, o carro apagou, a palestra cessou. Diagonal e fino o choro da cidade beijou todos os lábios que se abriram para sorrir ou chorar. Aliviou o fluxo de sangue que corria nas veias para aí sim pipocar com força tranquilizante todas as superfícies e todos os que queriam ser tocados. E o que se viu enquanto as grossas gotas gotejavam foi cama dormindo com homem de terno e gravata, foi a receita mais demorada sendo elaborada, foi cheiro de café, filme na sala, bolinho de chamego. Foi menina que até parou de escrever para

João Debs

Simone Huck


OUTUBRO

A mulher que eu não amava Quando eu acordei, a mulher que eu não amava já tinha levantadoesevestido.Elameperguntouseeutinharesolvido passar o dia na cama. Era sua piada do mês. Acordava antes de mim e perguntava se eu ia passar o dia na cama. Levantei, tomei banho e fui ler os jornais do dia anterior. Quando ela passou pela sala, perguntou, pela milésima vez, por que eu estava lendo os jornais do dia anterior. Até hoje ela não entendeu que o jornaleiro só passa depois que eu saio para o trabalho. Na sequência, me perguntou se eu podia pagar a conta da TV a cabo. Reagi: “Você não colocou em débito automático?” Ela alegou que não tem paciência para fazer cadastro no saite. Desde que um cara do telemarketing a convenceu a instalar a TV a cabo, ela vem tentando jogar essa conta para cima de mim. Mais uma vez eu disse: “Claro, amor, pode deixar”, e mais uma vez esqueci de levar a fatura. Nocaminhoparaotrabalho,fiqueimeperguntandopor que me casei com a mulher que eu não amava. Sempre que volto a essa pergunta, lembro basicamente de duas cenas, e as duas não têm nada a ver com ela. Uma é minha mãe no hospital, dias antes de morrer de linfoma. Ela me chamou, nervosa, como se precisasse dizer algo urgente, me puxou para perto dela, e falou: “Meu filho, eu perguntei ao médico. Você não tem que se preocupar, essa doença não é genética.” Só anos mais tarde descobri que ela havia mentido. Mas continuoachandoaquilodeumabelezaextraordinária.Acho que foi o único momento original na vida da minha mãe. A outra cena é a minha primeira namorada, sentada

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Ronaldo Brito Roque com o Marcelo, numa mesa do Supersteak. Entrei por acaso e eles não me notaram. Ela passava a mão nos cabelos dele, serenamente fascinada, parecia não perceber o mundo ao redor. Não consigo lembrar uma única vez que ela tenha me olhado daquele jeito. Nenhuma mulher, que eu saiba, jamais me olhou daquele jeito. E, como sempre, cheguei ao trabalho antes de encontrar minha resposta. Tudo estava indo bem na empresa. Ensinei uma estagiária a copiar os balanços do mês anterior e mudar apenas alguns números. Ela já consegue fazer isso sem me consultar, a garota tem futuro. Um pouco antes do almoço, quando acessei aquele saite pornô, lembrei que havia uns quatro dias que eu não transava.

A mulher que eu não amava já nem se preocupava em inventar boas desculpas; alegava mero cansaço ou dor de cabeça. Liguei para a Josilene e perguntei se ela queria almoçar naquele restaurante perto da rua Henfil Soares. Ela sabe o que essa pergunta significa e disse que não ia dar, porque tinha que aproveitar a hora do almoço para passar no banco. Eu falei, entre sério e irônico, que, se ela não topasse, eu não ia ajudá-la a fazer a auditoria trimestral que a nova presidência está exigindo. Ela tossiu, riu de nervosa, e disse que de repente ganharíamos tempo se almoçássemos já no próprio motel. Quando eu passava na Henfil Soares, entrei no motel mais barato mesmo. Já estou como minha mulher, nem me preocupo em inventar boas desculpas. A Josilene, como sempre, arrasou. Acho que ela ganharia uma nota se fosse garota de programa. A cama é sem dúvida seu território natural. Mas a vida é injusta e ela ainda vai passar muitos anos acreditando que pode ser contadora. Depois pedimos o almoço, e pela primeira vez reparei que ela come de forma desengonçada, mastiga de boca aberta, pega o frango com as mãos. Fiquei pensando que a mulher que eu não amava podia não ser boa de cama, mas pelo menos era mais delicada na hora de comer. Deixei a Josilene no banco e voltei ao escritório me sentindo ótimo. Sei lá, sempre me sinto feliz depois do sexo. Pensei até em ligar para a mulher que eu não amava e dizer alguma coisa romântica. Mas achei que seria injustiça com

João Debs

a Josilene ― afinal, ela é que tinha me dado aquela alegria toda. Mesmo assim decidi ligar, e falei que eu tinha visto uns merlots na promoção e a gente podia tomar com uma pitsa ou coisa assim. Ela perguntou: “Pitsa de novo, amor?” Depois falou: “E aquela conta? Esqueceu de novo, amor?” Nem levei o merlot, tomei uma cerveja mesmo. A mulher que eu não amava não comeu nada. Falou que estava de regime. Quando fomos nos deitar, notei que ela tinha vestido a camisola transparente, e aquilo me preocupou. Pensei que eu já tinha me divertido bastante durante a tarde e não teria mais energia para ela. Mas, depois, passando a mão na camisola, senti que uma ereção começou a se insinuar. Fiquei súper feliz por ter uma segunda ereção no mesmo dia e comecei a beijar a mulher que eu não amava tão calorosamente que ela pode até ter pensado que eu a amava. Fiz aquela brincadeira com a calcinha que até hoje eu não sei se ela detesta ou apenas finge detestar. Então fizemos um amor candente, arrojado. Ela parecia perplexa com minha súbita excitação, tanto quanto eu. Pensei que depois ela ia reclamar do meu suor e pedir que eu tomasse banho. Mas ela apenas ficou deitada no meu peito, me fazendo carinho, e por um instante me senti um pouco mal por não amá-la. Felizmente eu estava cansado demais para ficar pensando no assunto. No dia seguinte, quando eu acordei, ela já estava vestida. “Vai passar o dia na cama?”, ela perguntou. Tentei sorrir, depois fui para a sala e aguardei que ela fizesse a pergunta sobre os jornais. Ela fez, e não se esqueceu de mencionar a conta da TV a cabo. Entrei no carro com a pergunta estalando na cabeça, quase falei em voz alta: “Afinal, por que me casei com a mulher que eu não amava?” Depois liguei o rádio e segui para o trabalho. Acho que estou começando a entender que, no fundo, eu nunca quis saber.


OUTUBRO a

erv

Vivianne Moureau ns a co

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07

2012

Vertigo

o m a la ên e va do, d m aqAu eu a a s b c bala a r i a e anto N cab s ca ra o ri io cio a va mare is ad eus nqu n ti ilên S ão a l e t o boia ver e ele s i s P en ti ria can pé te nha , d tím cr scre Aqu cérebro e c aPda és ti nh p h e p ais e a o v a S eu u refinA re d -s a o ar ão m r fe e no a i r m d nd cis e p e m co r pe es ira n eitu e tura A r en la s ecid ha f carnAe a a e a man d q c r n v o d i a o d a r Ela d rn Srefiu uel qua o cio t te cor de O br de atdinnaa gemlu pr der is c ilên a i e n e l i a e d l l i n o u A p c h o E ele s irint aédr sil to poe ge boai sce e p eng teg ra lin ut la N qu roous d Aqu va lab eab ê a q d lad x r a r o d a i r e n e d u r o o r d c qu e Imit o cinlign le querta p e e lo.s r 36 ual oAsq ci da bo io aele pé dAopis ra quéualsi n u ca d e 0 Iqm du m í l i l c u ê 0 ara o hares Ed r ê a 6 n erep o aando iav bal sil eitra eeglee r r 3m nc m és tr vel. lcan F ns Firms calcan r pAen a a ê q tr tetoge lv ls espi n i de pe ã v e n a h m t o a Seu ria po Ni o uprou .u b rv aroes uadémaitlê a Sa irm c h g l e o m l i a a n n i m g d o b r a er A flreeausgs raaraa oabi nnacio ea seuo e Aca tinhaA c amguulelens e caoltãca ai r g oc sx u s o a d d n N i . a c l r o n e p o Não tia-Ssae pm e e eépma il titeltainh sc , d tíimsti idegaSe ão bar eaplca pé A i rnrta d de ênnícv do ara p s r ed p SenN d é i a t e a e e P i a eq pue oeuscer m c o l nte p v u asne f é nt in a snh e e p o i e e h s Pés in uaeva d bxo P m e a o r o tr are re idvaam de itu la s A rec ndtee -se a c r pêm A Precigsu le e bai otã s e rap d n r d s o o n o d i q c etad E pe ndarém lê ra da isav ppaer ma mo endulodoi o ar a re ua n eladm rn m a A sc Art o n fi A s s p l r e a a n g e o n a to N qu ond ou iu portacio uOm bri s de de paed ule pro r p cili ut ad nd i e t r n l ue a r bcr b s ge n z n e a h A a o q a a gu le eAu- lham rd q aassove p ue ncio ou ix cer arpnau go. ger qu dro F da o d gNumu uv or é si Ose p e silê l l a s e i l P ec t e o 3 a l e e e c m e ê 6 on b dor a ngu le seze a p si ncqu uinéhm 0 lqu de A nífla ca A ar ho e s l levaa A g s e e g i v ê é l N qu ou u/a a e x a r n m ilên eglralcan Nioin Eo pe rv o do ub m la ela in el ci br . a h motã c a A nvt rt d t o e o g l i s i r i O n g o o u ué e si ex rtou a v N qu ároiua u b veze tad uéares ag ja Ape u P lh is i e m lê e rias e cio o s á n o m n l n v r e d t ê r t z n e t l A ul ou g is v l a e c a u l e e A s b p eaixoão le si l En se o i e da N qu ou pr s a i o n pi pés da Sga pe daérmdeilênzes do d Aqu uém in e a g o l a m a n c i t f g e A i n ou uo ratn io d or cN le ué e si en do rêm or N v otãqou a l b b m t a r ê u e i u e d o o e n t d n r lo p a tã g le or ci ar Apdeor A s ja o o nucéio si a a a d n l pe SaiurEeeslepesrilê m lên gu o vez long el c a g a qAu pc t m i A a o uma nd um ueoténmou rn N inqg as ar Nin ue iddae ca painha o v l a u d s g fl cv-as mmp ve F eb uérteosu zeezs ag s ve es e il eese a z e a c i m r p ê P z a u n A h a e o ix petid al A aro ou scond nsciiloeêsnci ha g or roe e d u l v e N q u E/a u e r r á m ém in uel ria Abqriu guém o co g e u elaavd in e s u n O a e s ve ém silê N jan pi zl riu j P lh z n a e /ab o u e o n c l A u ou l n h s c a i o do e g o F o i d N qu u pra c a z arou o ilên i e s P n c l e a ve f l o g o que r u es r la um A a é guém red jane m ilên da Nin o ra da c j io a ra for r n p e p e la Olhou ioet u lou lênc id i u m P a sv ele s m Aaqvu é e u e g ze Ninz s

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ais silêncio ím lado as sesdcro, d lalba êênncicio aquele aad le s bro bo irm avaaenquanto de ano n v e n i i t v , a u l s fi a i b l t e a o ê p esmais escrever Se Fi a e qu um va silêncio a ou aquele irdecidira rdeen anenquanto esc iirin ti inh nci existisse a rn Ela não Aq cére boama are a v c r r l a u r a r mfeitura ntnada abi o ti r Aquele titneh fei rev a sesilêncio lad uqm arorefinada tro eve uer ene o ã am Actinha o s d t u a refi e F i i n a i s S a Aquele silêncio tinha feitura i c r s l s e n c a Seu t d t c rma a c n inti ha f revcar r en e sti nira iav e c aofred uraer alc poép a abecor u t n g l ê o a N d s l a d o h a c S i o a a o i t Imitava labirintite de carne caal Aquele é qua ar carne or iteu e co feitu nse cImitava eefinnq refidnada ãoAde n b in silêncio xilabirintite tin esr de carn rfeitura o aqueleeus c ra o p e esc Se cor rva nto de tinha auda r de ra r refi ticnabiaarpi nchaanrha ealat io e da r A d é ulealdrebro lênciomiateisco a e g N a a s c E n o l q i 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porta pela metade rapidamente para pegar no fl agra alguém espiando e t e I s o v n d u l m n r e a e b r c t d e é e r v q i s a Abriu porta pela metade rapidamente para pegar no fl agra alguém espiando u e í ã i d ame u muarea uApon mtopan cio da a P nãtdiaa-r rhnaiatavdE m êm rap m o tidnehaladdaN ulo m r u ére N g a l a e a q t l o e e l d u q d c e s b ã r m n A m o, edseru elea asil Abriu porta ialguém s lerê E inra Olhou urapidamente dam t in cdoteaspe ierciindtoisrtae earpifeOlhou t i o t p o enn de p rSaA e u A uc t pela metade para pegar no fl agra espiando e l u i e p z n ê m g d o n t refisnvilae tsilêncio r eun nt rtou cr oãrodm ara En cio ex r aixo lbaoadtgor a r u s e o o d id Pés ciosu s Fativptraeo Aquele n d Se s e q e u é a d ê i c A p Aquele silêncio a m ã é c s te p n t Ap iasrpenm e n ii de abrA secam a qocup gatrrou botã reNveqrnuceiolse o efllev o doouetroOlhou iceoiélleimqseutaal Aeq da conisse para ara lêA eadrletgu Ninguém rebicrrinS euus ciaIlm n n iP o S 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Os burocratas Celso Augusto Uequed Pitol e a literatura O farmacêutico mineiro Carlos Drummond de Andrade entrou para o serviço público em 1934. Estava cansado da carreira que escolhera na juventude (por imposição paterna) e sobrevivia de bicos como professor de História e redator de jornais, que também não lhe agradavam e roubavam-lhe tempo precioso de seus prazeres pessoais. Tinha 32 anos. Aposentou-se em 1962, aos 60 anos, com três décadas de diligente serviço prestado, condecorações e reconhecimento. Foi um funcionário exemplar durante todo este tempo. Seria caso do sr. Drummond de Andrade recolher-se à vida privada e, calmamente, sentado em sua cadeira de balanço, acompanhado de um bom chá e da edição mais recente do Correio da Manhã, esperar a inefável chegada da morte. Em vez disso, este senhor nascido na pequena Itabira, típica cidadezinha mineira encravada no meio das montanhas, resolveu dedicar seus dias a um singelo prazer: escrever. Cometeu alguns poemas e chegou até a publicar livros, o Sr. Drummond. E um destes poemas dizia respeito justamente à sua atividade profissional e ao que o sr. Drummond sentia por ela:

Escravo de Papelópolis Oh burocratas, que ódio vos tenho e se fosse apenas ódio é ainda o sentimento da vida que perdi sendo um dos vossos.

O ódio de Drummond aparenta ter sentido. Como um artista pode ser devedor da burocracia? Afinal, nada parece ser mais tolhedor de talentos individuais do que o ambiente de uma repartição pública, onde homens e mulheres enfadados e enfadonhos repetem mecanicamente gestos ensaiados à Chaplin em “Os Tempos Modernos”, trocando apenas a chave de fenda pelo carimbo e a peça de metal pelo documento autenticado. Ali não há espaço para a paixão, para a criação, para a mudança de rumos, de paradigmas, de vidas – para o gênio. Dito isto, fica claro um bom escritor não pode ser burocrata e um bom burocrata, definitivamente, não pode ser escritor. Eis a verdade, nada mais que a verdade. A raiva de Drummond para com o seu ganha-pão fica, assim, plenamente justificada. Ganhar o pão é sempre um problema para um escritor. Seus livros normalmente vendem pouco e o lucro das vendas escoa por tantos canais intermediários que somente um percentual muito pequeno de tudo chega, de fato, ao seu bolso. A

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mesquinhez da vida cotidiana fere sua rica e fina sensibilidade: o choro do filho recém-nascido, os puxões de cabelo da filha mais velha no filho mais novo, os queixumes da esposa na hora do jantar, as contas que não param de chegar, a caspa que teima em cair do cabelo, tudo isso são problemas que demandam aporte financeiro para ser solucionado. Nem todos os escritores são como o peregrino do absoluto León Bloy, para quem a pobreza não significava rigorosamente nada, ou para o flanêur Baudelaire, que transformou as imundas ruelas parisienses onde dormia em matéria de poesia. Alguns escolhem trabalhar e enfrentar o mundo da melhor maneira que podem. Drummond foi corajoso e enfrentou o mundo: escolheu ser burocrata. Assim como seu conterrâneo Murilo Mendes, auxiliar de guarda-livros. Ou do compatriota Machado de Assis. Ou o companheiro de língua Fernando Pessoa. Ou seus contemporâneos Franz Kafka e Georges Bernanos. Ou o velho George Bernard Shaw, de uma geração anterior. Ou Borges. Ou ainda Camilo José Cela, nada menos do que censurador oficial do regime franquista. A lista de escritores-burocratas se prolongaria ad infinitum e, por isso, nos faz pensar que, talvez, a ideia de que um escritor não possa ser burocrata não seja tão verdadeira assim – ou, se é verdadeira, que o seja de uma maneira um tanto diferente da que inicialmente imaginamos. É


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uma lista feita quase que só de nomes do século XIX e XX, quase todos da Europa Ocidental e das partes mais evoluídas das Américas. Parece estranho, porque a burocracia, como sabemos, não é um fenômeno nada novo. Já os antigos romanos e egípcios tinham os seus escribas, os seus censores e os seus funcionários públicos de carreira, todos burocratas no melhor sentido do termo. Nenhum deles, contudo, tinha qualquer das garantias dadas a Machado de Assis pela Secretaria de Agricultura, a Kafka pela companhia de seguros ou a Drummond pelo Ministério da Educação. Não eram submetidos a estatutos, não entravam na carreira por concurso, não tinham horário fixo de trabalho, muitas vezes não eram sequer remunerados e eram demitidos, expulsos do país ou até mesmo mortos ao bel prazer do governante por qualquer simples demonstração de incompetência, como um erro gramatical. O burocrata que hoje conhecemos e imaginamos é produto da sociedade racionalizada do século XIX regida pela “dominação legal”, na tipologia de Max Weber, isto é, baseada em um estatuto sancionado e cumprido, onde pouco importa quem está lá, mas sim o que faz. O verdadeiro burocrata não pode fazer uso de todos os seus dotes pessoais para fazer um serviço fora de série. O sistema é impessoal e exige o total e absoluto descomprometimento do funcionário para todas as matérias que não são da sua imediata obrigação. Cumprir a sua obrigação sine ira et studio – sem paixão nem entusiasmo – é o seu objetivo máximo. Weber dizia que a escolha definitiva dos

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2012 09 tempos modernos era entre a “burocratização” e o “diletantismo” na administração pública, sendo que a primeira era a claramente mais indicada para as necessidades das sociedades modernas. O diletante – de “dileto”, amado, querido, desejado – deveria ficar de fora, ou dedicar outro horário para as atividades às quais dedicaria todas as suas forças físicas e mentais. Ora, é exatamente aí que entram os escritores-burocratas. Todas as suas preocupações profissionais esgotam-se nas oito horas regulamentares e toda a sua mente está voltada para a execução de trabalhos que lhe exigem o mínimo de imaginação e interesse. Fora disso tudo, está tão livre quanto Pã nos campos da Arcádia. A atividade superior do espírito é equiparada, na sociedade moderna, a mera diversão das horas vagas, como assistir a uma corrida de automóveis, a um jogo de futebol ou à novela das oito, e é assim para a imensa maioria dos romancistas e poetas nascidos a partir do século XIX. O estereótipo do escritor alienado do mundo é, na verdade, muito falso: não se verifica a não ser em casos muito específicos. Figuras caricaturais (mas não autores de caricaturas) como um Rilke, incapaz de se encaixar em qualquer serviço por mais simples que fosse, são raridade absoluta e despertam até mesmo o desprezo dos demais escritores. O crítico inglês Matthew Arnold (que era inspetor escolar – logo, também um burocrata) dizia que a grande arte cumpriria em nosso tempo o mesmo papel que as religiões cumpriram em outras épocas. O artista “antena da raça” de Pound tornar-se-ia espécie de sacerdote, guia espiritual leigo para um mundo abandonado por todos os deuses nesta época

que – novamente segundo Weber – era a primeira desde o alvorecer da humanidade em que a religião havia deixado de ser um tema público para restringir-se somente ao mundo privado de cada um. Hoje já podemos dizer o mesmo da arte, transformada pela primeira vez em diversão de momentos fastidiosos. Talvez seja mais pensando em tudo isso, na condição que o mundo reservara para si, e não tanto no acabrunhante emprego que desempenhava, que Drummond disse que sentia haver perdido sua vida para a burocracia. Uma vida desperdiçada? Nem tanto. Drummond foi bem injusto com as oito horas diárias passadas entre papéis, clips, máquinas de escrever, grampeadores, furadores, livros-caixa, arquivos mortos e vivos e colegas de trabalho. Por mais enjoadas que fossem, foram estas oito horas diárias que lhe permitiram escrever seus poeminhas e deixar sair o artista excepcional que jazia por baixo do funcionário competente. Talvez, encalacrado em outra atividade, seu talento fosse empregado para ser um brilhante advogado, um grande jornalista, um professor de sucesso, um renomado médico ou engenheiro. Estas oito horas o inscreveram na história, dando inclusive sentido a brincadeiras como esta do primeiro parágrafo deste artigo. Drummond deve e muito à burocracia. É a maneira com que o Estado escolheu para ser mecenas: dar um emprego público para o escritor comer e dormir e, nas horas vagas, cumprir a sua nobilíssima função de antena da raça, sob as frias garantias de que nem ele, nem o seu colega ao lado fanático por futebol, serão importunados. Até amanhã, na hora em que o expediente recomeça.

João Debs

der? n e v e r r e u Q gente a m o c o t a ont Entre em c Jucélia (41) 3031-2357 (41) 9663-7557


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Espelho

João Debs

João Debs

Espelho

Mia Macedo Como você se imagina daqui cinco anos?, perguntou a moça de prancheta no colo sentada na poltrona à minha frente. Em que sentido, Eloá? Por ser uma entrevista de emprego, imagino que esteja se referindo à minha vida profissional. Pois bem, faço jornalismo. Não gosto de telejornalismo, TP me dá enjoo, as câmeras me confundem, minhas palavras soam artificiais debaixo das luzes brancas. Rádio é um pouco mais simpático: gosto de música, mas radiojornalismo? Não sei, não. É outro veículo que me deixa com as mãos suadas, não gosto de ouvir minha voz. Gosto de escrever, mas essa forçação de barra de alguns professores nos colocarem para trabalhar em dupla é difícil, principalmente com pessoas autoritárias. Me imagino com dinheiro, Eloá. Não necessariamente rica, mas vivendo confortavelmente. Sozinha, com um amigo, casada, quem sabe? Não precisa ter quase mil metros quadrados, mas precisa ser aconchegante. Entrar sol pela janela, ficar quentinho no inverno, refrescante no verão. Seria bom ter uma varanda, um cachorro, um sofá grande pra ver filme. Uma estante é essencial: meus livros já não cabem mais em lugar nenhum. Daqui cinco anos quero pagar

minhas contas, trabalhar, ser uma daquelas mulheres de vinte e poucos anos que se vestem elegantemente. Sair para um happy hour com os meus amigos da faculdade, ter um jantar romântico (espero que até lá pelo menos eu tenha um namorado), ir a shows com o meu melhor amigo. Espero que até lá eu seja mais magra e mais bonita, também. Ah, profissionalmente. Tenho essa mania de me perder nas conversas… Eu quero escrever. Romances, contos, crônicas. Notícias, peças publicitárias, informativos. Quero conhecer pessoas e histórias, quero mostrar pro mundo o diferente, o inesperado, o emocionante e até mesmo o absurdo, afinal, até o absurdo é melhor que a ignorância. Quero escrever coisas inventadas também, transportar o leitor para outra realidade, o fazer acreditar em algo maior. Não sei se você coloca muita fé em mim, afinal, estou longe de ser um grande talento. Mas olhando pra trás… Há cinco anos eu tinha 15 e sonhava com uma faculdade de jornalismo, com amigos confiáveis, uma relação boa com a minha família. Não posso reclamar, estou mais ou menos onde queria estar. Não sei se você coloca fé, mas eu coloco. De uma forma torta e estranha, serei quem eu quero ser.

mais em lugar nenhum. Daqui cinco anos quero pagar Uma estante é essencial: meus livros já não cabem varanda, um cachorro, um sofá grande pra ver filme. inverno, refrescante no verão. Seria bom ter uma chegante. Entrar sol pela janela, ficar quentinho no quase mil metros quadrados, mas precisa ser aconcom um amigo, casada, quem sabe? Não precisa ter mente rica, mas vivendo confortavelmente. Sozinha, Me imagino com dinheiro, Eloá. Não necessariapessoas autoritárias. para trabalhar em dupla é difícil, principalmente com çação de barra de alguns professores nos colocarem de ouvir minha voz. Gosto de escrever, mas essa forveículo que me deixa com as mãos suadas, não gosto música, mas radiojornalismo? Não sei, não. É outro brancas. Rádio é um pouco mais simpático: gosto de minhas palavras soam artificiais debaixo das luzes nalismo, TP me dá enjoo, as câmeras me confundem, Pois bem, faço jornalismo. Não gosto de telejorà minha vida profissional. entrevista de emprego, imagino que esteja se referindo à minha frente. Em que sentido, Eloá? Por ser uma tou a moça de prancheta no colo sentada na poltrona Como você se imagina daqui cinco anos?, pergun-

forma torta e estranha, serei quem eu quero ser. Não sei se você coloca fé, mas eu coloco. De uma reclamar, estou mais ou menos onde queria estar. uma relação boa com a minha família. Não posso faculdade de jornalismo, com amigos confiáveis, trás… Há cinco anos eu tinha 15 e sonhava com uma longe de ser um grande talento. Mas olhando pra sei se você coloca muita fé em mim, afinal, estou outra realidade, o fazer acreditar em algo maior. Não coisas inventadas também, transportar o leitor para absurdo é melhor que a ignorância. Quero escrever o emocionante e até mesmo o absurdo, afinal, até o quero mostrar pro mundo o diferente, o inesperado, informativos. Quero conhecer pessoas e histórias, ces, contos, crônicas. Notícias, peças publicitárias, perder nas conversas… Eu quero escrever. RomanAh, profissionalmente. Tenho essa mania de me magra e mais bonita, também. o meu melhor amigo. Espero que até lá eu seja mais pelo menos eu tenha um namorado), ir a shows com faculdade, ter um jantar romântico (espero que até lá Sair para um happy hour com os meus amigos da de vinte e poucos anos que se vestem elegantemente. minhas contas, trabalhar, ser uma daquelas mulheres

Mia Macedo


OUTUBRO

J

11

2012

Cinco contra os sacos

um e dava sua opinião sobre algo encontrado. Voltava a desembaraçar, calmamente. Outro lia. Havia encontrado um jornal ali junto aos sacos. Desfolhava-o com segurança. Um jornal aberto de forma correta, as notícias do dia vazavam para dentro de seus olhos. Macroeconomia, política, cultura e o resultado dos jogos do campeonato estadual. Este nem mesmo percebia o outro em sua busca. Entretivera-se. Chegou a soltar alguns suspiros de desaprovação e comentar no ar algumas críticas ao sistema penitenciário ou à votação de algum projeto de lei qualquer. Os outros somente escutavam atentos e acatavam. Havia uma que impacientara um pouco. Queria ir-se dali, já havia percebido que não conseguiriam nada de interessante. Era analítica, havia reparado nos prédios ao redor, friamente supôs que não deveriam ser de grande valia, aqueles sacos. Estava ansiosa para ler um livro que havia encontrado alguns sacos atrás destes. Na capa dizia arte e cultura pré-colombiana. Gostou do pré-colombiana e arte separadamente. Maníaca, constantemente limpava a capa já amarelada do volume espesso. Soprava, alisava com a mão, retirando qualquer vestígio de poeira. Nunca tivera um livro tão grosso. A outra olhava para todos com serenidade e tentava sustentar a mochila para que não apoiasse nos ombros já doídos. Apenas olhava, cansada. Durou a cena. Algum tempo. Em um quadro estático e contínuo. Dava-se a entender um ritual frequente aquela busca na lixeira acumulada pelos prédios no noturno centro da capital. 180311

Eduardo Silveira

Geraldo Lima Estou pronto para morrer, ele disse com uma voz que já trazia em si a ruína e o silêncio. Ela abriu a veneziana, como se cavasse uma fuga, e um vento frio a fez encolher-se um pouco mais para dentro do roupão. Um casal de pássaros, num voo-relâmpago, passou rente à janela. Parecia se pegar

para arrancá-la dali, daquele ambiente de falência múltipla. Assim que os pássaros sumiram mais adiante, em meio à copa dos abacateiros, ela foi sugada de novo para dentro dessa realidade prestes a se decompor. – Estou pronto para morrer, ele repetiu, como se

em pleno voo, ora quase tocando o chão, ora erguendo-se rumo às nuvens. Talvez os dois estivessem se acasalando, e aquela violência toda fosse só o modo de explicitar o desejo. Durou poucos segundos esse balé desvairado, o suficiente, no entanto, para arrebatá-la. O suficiente

estivesse enfiando um prego na mente dela. Ela fechou a veneziana e foi até o quarto. Abriu a gaveta da cômoda e do meio das roupas tirou um objeto que lhe provocou calafrios. Deu vontade de sentir de novo o vento frio na cara antes que tudo ruísse diante dos seus olhos.

A rajada de vento apanhou a folha de papel jogada sobre a ponte e a transportou numa viagem desengonçada por sobre as águas do rio. A mulher acompanhou a trajetória da folha até não avistá-la mais, talvez tenha caído na água e se dissolvido toda, pensou. E no mesmo

tronco de árvore podre, flutuava por alguns instantes e depois era arrastado violentamente pela força da gravidade. Sua imaginação febril agia com tanta perfeição que ela podia ouvir o som da água se esparramando toda em ondas concêntricas assim que o corpo a tocava.

instante desejou ser aquela folha de papel e ser arrastada pelo vento. Ser, enfim, arremessada contra uma superfície sólida ou líquida e desaparecer inteira. Quando pequena, ela já sentia a vertigem de se imaginar jogando ali de cima da ponte. O corpo, como um

Uma árvore de tronco podre, é assim que se sente agora. E está prestes a romper com as raízes e tombar no vazio. Só espera a próxima rajada de vento colhê-la sem aviso e delicadeza.

Casal A ponte

Eram cinco contra grandes sacos pretos, empilhados frente ao prédio da movimentada rua central da cidade anoitecida. Pareciam entusiasmados e conversavam alegremente, despropositados. Certamente estavam de passagem, não ficariam muito ali. O dia acabava para todos. Também para eles. Já eram quase dez da noite, logo deveriam ir. Embora? Mas uma conversa banal inicia. Cotidiana. As crianças adoentadas. A mulher que perdeu o ônibus. A coceira na perna esquerda. O ombro cansado pela mochila. Um até dignava-se a cantarolar. Patético, cantarolar naquela condição. Certamente não tinha noção de seu estado. Cantarolava uma alegria pueril, quase inocente. Já era natural aquela atitude. Remexia os sacos, cavando possibilidades enquanto cantarolava. Era algo de um samba antigo. Vez ou outra se atentava a alguma valiosidade encontrada e parava a música de forma não natural. Uma rima que não acabava, uma palavra cortada. Outra arrumava o cabelo, fixada às pontas, tentava desembaraçar um pequeno nó nas pontas descuidadas. Fazia o movimento com cuidado. Algumas vezes parava, olhava para aquele


OUTUBRO

J

12

2012

A MENINA E O CRUCIFIXO DE METAL Marcos Barreto A menina olhava fixa para o crucifixo de ponta cabeça na cabeceira da cama, enquanto o padrasto deitava sobre ela o corpo úmido e seboso de um dia cheio na oficina. Torcia para que a mãe chegasse logo do trabalho, pois o tilintar das chaves na porta era o aviso que seu martírio, por aquele dia, havia acabado. Questionava o santo por não tê-la salvo, já que assistira a tudo, todos esses anos e até então não havia feito nada. Mas não havia recurso, não havia a quem recorrer se não ao homem pregado na cruz de metal na cabeceira da cama. Tentou um dia falar com a genitora que a esbofeteou de “prima” e a chamou de mentirosa, disse também que se a filha desgraçasse seu casamento, iria se virar sozinha pelas ruas. Muitas vezes a investida do padrasto era mais de uma vez por dia, a ponto de a pobre menina adoecer tamanha era a voracidade do agressor. Pensou em fugir, mas para onde? Mal tinha completado treze anos e a vida não tinha sido gentil, nem entre os seus, “imagine nas ruas” – pensava – “Se tivesse um pai para recorrer” – mas a única lembrança paternal, era a figura plácida na janelinha do caixão. Não lembrava mais do rosto vivo do pai, apenas lhe vinha na memória a expressão vazia e sem vida de dentro da urna. As coisas na escola não andavam bem,

mas ninguém dava à mínima. Nesse dia em especial saiu um pouco mais cedo, pois havia percebido que seus dias de menina tinham acabado. Ansiosa e um pouco doente, foi direto para casa. Já haviam dito a ela que esse dia estava prestes e ela tinha que se preparar, mas algo lhe atingira na alma, trancou-se no quarto e começou a rezar diante do crucifixo de metal. Observou o quão bonito era o objeto, com detalhes minuciosos e inscrições que ela não tinha a ideia mínima do seu significado. Questionou se o sujeito crucificado havia passado por tormento igual ao que ela estava passando. Notou o peso do objeto, quando tirou da parede. Assustou-se pelos golpes brutos dado na porta de seu quarto: “Nós já conversamos sobre portas trancadas em minha casa, não conversamos?” – era o padrasto – “Hoje estou doente, por favor, me deixe em paz!” – argumentou a menina – Mas não houve resposta e a porta foi abaixo com apenas um golpe do sujeito que entrou bufando em cólera – “Olha só o que você me fez fazer, você e a puta da sua mãe só me dão prejuízo.” – pegou a menina pelo pescoço, como quem fosse estrangular, e a deitou com violência na cama. Começou a rasgar sua roupa, expondo o corpo pouco definido da jovem que lutava sem sucesso contra a investida do seu malfeitor. O homem, ainda

com as mãos sujas de graxa, percorreu seu íntimo e percebeu a recente mudança – “Oh! Minha menina está ficando mocinha”, – arrancou-lhe a calcinha, e meteu a cabeça em meio as suas pernas. A menina, angustiada, buscou o santo na parede, mas não encontrou. Lembrou que o havia tirado, tateou pela cama e sentiu o metal frio. Olhou para si, e viu o topo calvo da cabeça do padrasto, ainda em meio as suas pernas, sentiu náuseas, apertou com mãos firmes o crucifixo em seu peito, levantou-o a meia distância, hesitou por um momento e o cravou na nuca do homem que expirou rápido. Toda suja com o sangue do padrasto que se misturava ao seu, foi até a sala da casa, sentou-se no sofá e ligou o aparelho de televisão, na tela, um programa para jovens. Quando a mãe chegou do trabalho, viu o estado da menina. Correu para o quarto e encontrou o corpo fresco do marido. Voltou para a sala, deu um safanão na filha e trancou-se no quarto do casal. Uma semana depois, os vizinhos sentiram o forte odor de putrefação e chamaram a polícia. A menina foi encontrada no sofá inconsciente, o aparelho ainda estava ligado. O corpo do padrasto jazia no quarto sem suas partes. A mãe, em outro cômodo, nua, pulsos cortados e com o membro do marido enfiado em sua vagina.

João Debs


OUTUBRO

Guilherme Gontijo Flores ENCONTRAR NA CARCAÇA DUM PÁSSARO destroçada por dois gatos bem nutridos (gratuidade do ato crueldade – palavra inventada humana demais pra contar esse ato – sem pecado sem perdão) encontrar nesse corpo espalhado pela casa enquanto hesita entre uma pazinha ou um papel higiênico enquanto lembra de pegar um saco plástico não muito grande/não aquele azul enquanto afasta os gatos que teimam em brincar com a comida – aliás nem comida enquanto afasta os gatos que teimam em brincar (ponto)

J

13

2012

A nossa prosa versejava sobre o contraditório e o inverso O bar sob a lua: era todo o universo

Julio Urrutiaga Almada

encontrar uma réstia de vida não no pássaro morto/destroçado/espalhado pela casa nem nos gatos que de bem nutridos seguem a vida sem procuras uma réstia de vida um soco na cara um beijo por detrás da orelha uma réstia ainda & sempre por se encontrar João Debs

Toda terça


OUTUBRO

J

14

2012

Carlos Pessoa Rosa Releve todos os brotamentos. É onde o poeta respira. As duas linhas, a superior em declive e a inferior em ligeiro aclive, a compartilharem um mesmo porto. É o olhar que o neonato tem da mãe. Ao adulto, se através da sutileza de uma transparência ou da delicadeza dos traços de uma escultura em mármore, é Eros. Relevo primordial a aspergir sensualidades no que transborda da natureza. Assim, as dunas e o tegumento do deserto. Os seios selam futuros no imaginário humano. Pensemos na mulher sem os seios ou a mãe-Terra sem os relevos. Não existiriam os poetas, mas apenas os geômetras. E apenas os positivistas. Bachelard não sobreviria com seus devaneios em um mundo tão sem graça assim. É muito mais excitante medir a distância entre dois pontos de uma curva, acho que ninguém discorda disso. A tal montanha russa, seja o prazer da guloseima ou do divertir-se em aclives e declives, é turgescente. Sendo o relevo masculino algo incerto

e muitas vezes imperfeito, à mulher restam as metáforas. Assumir a parte pelo todo, transformarem-se em relevos ambulantes, desejáveis, por exemplo. Há aquelas que substituem o relevo pelas nádegas dos homens e as que preferem o olhar masculino. Muitos homens, ao contrário, preferem ir ao encontro do seio perdido. Existem os que negam de modo absoluto sua existência. Os poetas mais tímidos recorrem às montanhas, agem um pouco como São João da Cruz, dão um ar místico ao sensual. Olhar uma montanha é como olhar os seios encobertos de uma mulher, mas há sempre uma erosão aqui ou ali para um toque voyeur. No extremo, o barroco inundou as igrejas de relevos. Não devemos nos esquecer dos intelectuais que podem inventar, por exemplo, uma revista com o nome Relevo. Mas seio é seio, crônica é crônica... Ops! Ejaculei.

João Debs


OUTUBRO

J

15

2012

Pedro Lemos

A Maldita Comédia Comédia Comédia Quando subo no palco e empunho o microfone, é como se eu estivesse sob o efeito do álcool ou de alguma outra droga que me impulsiona a falar a verdade. Mas isso ninguém quer ouvir. As pessoas não querem ouvir a verdade, querem ouvir pequenas mentiras que as agradem, querem ouvir algo que não as faça pensar, que não as faça reagir. Querem algo simples e rápido, como um miojo. Bela analogia. Piadas simplórias e que não questionam nada são como um miojo: fáceis de serem digeridas, porém sem sabor algum. Odeio piadas assim. Para mim, elas devem ser como os pratos da mais alta gastronomia: elaboradas e refinadas, buscando cada vez mais requintar o paladar de seu público. Excelente analogia. Já fiz piadas para simplesmente satisfazer a plateia. Quando inexperiente e inseguro, o comediante tem uma incrível necessidade de ser amado e aprovado pelo seu público. Eu era assim, admito. Mas hoje, não mais. Às vezes me amam, às vezes não. Mas, sinceramente, isso pouco me importa. Não faço comédia para que desconhecidos gostem de mim. Isso é triste, ridículo e desnecessário. Prefiro o ódio com risadas verdadeiras ao amor com risadas de compaixão. Sim, isso é possível. Entendi que não preciso que gostem de mim para que riam de minhas piadas. E espero que, um dia, todos entendam. Sem essa imbecil necessidade de querer agradar a todos atrasa a evolução da comédia e

Laurene Desclaux

também, por que não, da sociedade. Quando subo no palco, não penso se vou ofender as pessoas ou suas morais, sejam elas verdadeiras ou falsas. Simplesmente faço piadas. Pessoas se ofendem com piadas. Inacreditável. Pessoas não se ofendem com a criminalidade, com o abuso de autoridade, com gente morando nas ruas passando fome e frio, com animais abandonados, com crianças maltratadas, com idosos que são desrespeitados, com a impunidade e nem com a estupidez e a hipocrisia de toda uma sociedade. Então, como podem se ofender por conta de uma piada? Como podem? Como? Camaradas, não somos monstros que destroem a vida das pessoas. Queremos apenas risadas e, se possível, lhes ensinar alguma coisa, para que a vida não passe batida. O comediante não é a praga, a piada não é a praga, o público não é a praga. A praga é a ignorância de se levar a sério. A praga é não conseguir rir de si mesmo. A praga é não achar graça nas desgraças da vida. A praga é sempre chorar quando se tem a opção de rir. Ria, meu amigo. Simplesmente reaja à piada sem se preocupar com o que os outros vão achar. Aprecie o humor, pois é para isso que ele serve: para ser apreciado, como um belo vinho tinto. Enquanto a sociedade se preocupa com suas idiotices, vou fazendo minha comédia. Seja ela divina ou maldita.


OUTUBRO

J

16

2012

CHEGA DE MUSA

Clara Averbuck

AGO 17h37 Pra todo lugar que a gente olha tem alguma "musa". Musa da praia. Musa do asfalto. Musa da várzea. Musa das olimpíadas. Musa dos nerds. Musa do apaputaquepariu, gente. Vamos ver na wikipedia o significado do termo MUSA. "As musas eram entidades mitológicas a quem eram atribuídas, na Grécia Antiga, a capacidade de inspirar a criação artística ou científica." Certo. Inspirar. Isso é uma coisa legal, não é? É uma coisa muito legal. Muitas pessoas me inspiram, pessoas de ambos os gêneros e transgêneros também. Mas aqui no Brasil existe uma verdadeira OBSESSÃO com arrumar musa pra tudo. Não musas que realmente inspirem alguma coisa; o termo virou sinônimo de gostosa, de gatinha. Então ficam tentando arrumar uma musa em tudo que é lugar, fazendo todo o tipo de coisa, sendo presas, sendo investigadas. Inclusive em lugares onde as minas estão apenas tentando estudar e trabalhar em paz. As mulheres não estão neste mundo para enfeitar, quem dirá para serem categorizadas de gatinha de algum rolê. Como disse a @ alesie, MUSAS INSPIRADORAS DE PUNHETA? Thanks but no, thanks. Olha, eu não sei vocês, mas eu não curto a ideia de ser resumida a punheta de ninguém. E tenho certeza que muitas, muitas mulheres também se sentem incomodadas com isso. Esse negócio de ficar achando "a musa" de tudo é simplesmente uma tentativa de "colocar a mulher no seu lugar", lugar este sendo enfeitar o mundo (e de preferência calar a boca). O mais triste de tudo é ver mulheres querendo ocupar essa posição e se colocar nessa situação porque não percebem que peito e bunda não são as únicas coisas que existem pra oferecer ao mundo. Fora que também tem o seguinte: ninguém nem mais sabe o que significa beleza. Tenho a impressão que a maioria dos homens curte os padrões impostos pela mídia sem nem refletir. Conheço vários rapazes que confessaram gostar de coisas "fora do normal", mas tinham vergonha de assumir na frente dos amigos. Seria quase como sair do armário, uiui, que horror. Muitos caras, infelizmente, ainda veem as mulheres como troféu. Andar de braços dados com uma magra/peituda/de chapinha/com sorriso no rosto é sinônimo de ser bem-sucedido, de ser um cara fodão, faz parte do pacote boas roupas – bom emprego – bom carro. Sei lá o que se passa na cabeça dessas pessoas. De verdade. Só sei que: CHEGA DE MUSA. Ok? Ok. Ok nada, né. Mas por favor, ao menos tentem REFLETIR a respeito do ridículo e do absurdo que é isso tudo. Obrigada, c.

Nina Zambiassi


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