Jornal Dez #9

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O FUTEBOL PARA LER COM TODA A MAGIA DO DEZ

Nº9

“BENTO(S) DE FEIÇÃO” A selecção apurou-se com relativa facilidade para os quartos de final do Euro. Um Cristiano estratosférico apareceu para calar os críticos e relança as esperanças lusas no leste. Nós acreditamos e vocês?


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“A face mais negra do futebol é a de Jimmy Hasselbaink” Kiko, ex-jogador


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“AMOR AO EURO!!”

Acabou a fase de grupos. Passou a voar e deixou-nos várias vezes de boca aberta. Quem diria que a Grécia, essa equipa de espartanos, que nunca desiste se apuraria para os quartos de final deixando de fora o anfitrião do torneio e a toda poderosa Rússia? O mesmo se podia aplicar a Portugal, se fossemos um dos profetas da desgraça, mas por aqui sempre acreditamos no potencial português. Resumindo está a ser um Euro fantástico dentro das quatro linhas e perspectivam-se mais quatro grandes jogos durante esta semana. Deixo-vos com esta fantástica edição onde tentamos analisar a fase de grupos, apesar de alguma falta de actualidade. Lançamos um olhar sobre o extinto Rangers, o comportamento dos adeptos entre muitas outras coisas. Carlos Maciel

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EURO 2012 - GRUPO B

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“ PORTUGAL E O GRUPO DA MO

Tex


ORTE”

xto: Pedro Vinagreiro Fotos: Getty Images

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Fase de Grupos As primeiras surpresas Fim da fase de grupos do Euro 2012, Rússia e Holanda foram as primeiras vítimas ao que inicialmente se previra, a Holanda com mais poderio e qualidade individual e a Rússia com um grupo à partida mais acessível. Duas seleções que desiludiram, com um futebol praticado muito abaixo do expectado, com um futebol lento e previsível e acima de tudo com defesas de fraco nível, requisito fundamental para se ir longe nestes torneios. Por outro lado, Alemanha e Espanha confirmam as expetativas e Itália surpreende com um futebol mais ofensivo do que inicialmente se pensara e a Grécia pela atitude guerreira que os caracteriza. França ainda não convence e Inglaterra mesmo passando este grupo, não deverá passar dos quartos-de-final, pela falta de profundidade do seu futebol. Grupo B “Portugal…é a única seleção que sempre que marcou presença, passou a fase de grupos” A Dinamarca apesar de se ter classificado em primeiro lugar do grupo na fase de qualificação à frente de Portugal, tendo inclusive ganho os dois jogos, era o parente pobre do grupo B. Um grupo muito forte onde por incrível que pareça só Portugal não tem títulos europeus mas que em todas as fases finais dos europeus é a única seleção que sempre que marcou presença, passou a fase de grupos. Por isso, os dados estavam lançados para uma autêntica lotaria para os apostadores. Agora, findo a fase de grupos, Alemanha e Portugal classificamse, justamente, sendo as seleções que apresentaram o futebol mais

consistente e criativo. A Holanda com três derrotas em três jogos foi a desilusão do grupo e do campeonato, problemas de balneário, aliados à falta de organização e entreajuda, assim como opções técnicas duvidosas, só poderiam culminar numa derrocada. Outras seleções passaram pelo mesmo e souberam reerguer-se e quem sabe não seja a Holanda a surpresa positiva do próximo mundial. Portugal-Holanda A falsa posse de bola Numa grande partida de futebol, ganhou o melhor, Portugal. A seleção de todos nós foi mais equipa, apresentou um futebol intenso, de grande maturidade e criatividade. Quem vê as estatísticas finais não pode deixar de reparar em dois pontos fundamentais, Holanda teve uma posse de bola bastante superior mas foi Portugal quem teve mais cantos, muitos mais remates e mais oportunidades flagrantes. Este ponto vem mostrar a eficácia do meio campo de Portugal, com um posicionamento que apenas permite ao adversário circular lateralmente a bola, não permitindo diagonais nem desmarcações. Pelo contrário, a Holanda defendeu muitas vezes com 3 defesas, permitindo que Cristiano Ronaldo e Nani soltassem toda a sua genialidade. Portugal ao invés da Holanda e de jogos anteriores conseguiu dar mais verticalidade ao seu jogo, Moutinho assumiu mais a condução de bola e possibilitou que esta chegasse aos 3 avançados portugueses com mais facilidade. Pelo contrário, Portugal tem de redobrar atenções nos cruzamentos ao segundo poste, de longe o calcanhar de Aquiles desta seleção, dois latereis baixos e bastante ofensivos que não conseguiram travar o jogo aéreo/ cruzamentos dos Dinamarqueses,


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Alemães e Holandeses, apesar de estes últimos não terem marcado. A rever este posicionamento, onde para isso terá de haver as devidas compensações pelos homens do meio campo, visto que CR7 não desce e Nani pouco defende. Na frente Nelson Oliveira começa a ameaçar a titularidade a um Hélder Postiga que apesar de ter marcado um grande golo não convence. Não segura jogo, pouco distribui, não ganha bolas e poucos espaços abre. A tranquilidade de Paulo Bento O Treinador português tem características fundamentais para ser um líder no balneário, o rigor e a lealdade. Que o digam Bosingwa e Ricardo carvalho, dois casos flagrantes de desrespeito pelo líder, principalmente quando já no Sporting , este mostrava ser intransigente com a indisciplina. O seu caracter tranquilo transmite segurança aos jogadores e incute responsabilidade e união de grupo. A organização tática que se visualiza em campo é resultado destes fatores e sem eles nenhuma seleção ou clube consegue alcançar grandes resultados. Furacão Ronaldo E que dizer desta exibição, sublime, um fabuloso Ronaldo que ridicularizou o adversário. Nove remates, dois golos e duas bolas ao poste. Uma exibição memorável que conduziu Ronaldo ao top10 dos melhores marcadores em Europeus e num dos melhores marcadores portugueses em fases finais. Não só foi o Ronaldo que todos esperavam, como superou as melhores expetativas. Agora, livre de qualquer pressão talvez venha a ser o Ronaldo goleador e decisivo que todos desejam. Alemanha-Dinamarca


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A lei do mais forte

Quartos-de-final

Num jogo onde nada estava decidido ganhou quem foi mais forte, uma Alemanha com um meio campo povoado, não permitiu grandes aventuras aos dinamarqueses. Forte a defender, perigosa no ataque perante uma Dinamarca sem grandes rasgos técnicos e de mudanças de velocidade. Aqui, finalmente apareceu Podolski a desequilibrar, um jogador de grande qualidade técnica, um bom drible e capacidade de remate.

Para os quartos-de-final perspetivam-se dois duelos interessantes, um Portugal-Rep. Checa e um escaldante Grécia-Alemanha. Uma Grécia que transportará para o campo a batalha politica e tudo fará para se vingar dos maus tratos infringidos pela troika e pela Merkel e uma Republica Checa que tentará fazer a mesma façanha do Euro 96. Certo é que serão dois grandes espetáculos, com muita emoção e nervosismo e no fim que ganhe Portugal, porque contra os canhões, marchar, marchar.


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EURO 2012 - GRUPO C

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“ O PEÃO NO CANTO DO TABULE


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EIRO” Texto: Nuno Pereira Fotos: Getty Images

Poznan, na Polónia, abria o dia 7 do Euro 2012 com um jogo que termina com a Itália mais longe dos ‘quartos’ e com a Croácia mais perto do sonho. Na ronda inaugural, a Croácia parecia ser apenas um peão no tabuleiro do grupo C, mas nesse dia já ninguém podia deixar de encarar os axadrezados com um cavalo de troia que saltava casas e peças rumo aos quartos-de-final. No jogo da estratégia começou melhor a Itália. Cesare Prandelli, selecionador italiano, manteve o onze inicial que tinha alinhado contra a Espanha. Manteve-se também o 3-5-2 italiano que parecia não dar hipótese a uma Croácia desligada e incapaz de importunar Buffon. Pirlo assumia-se como maestro e pegava na batuta que conduzia a orquestra transalpina aos seus melhores acordes. Na baliza croata destacava-se Pletikosa que mantinha o nulo com duas tremendas intervenções consecutivas aos 37’, negando o golo a Marchisio. Mas não tiveram de esperar muito mais os adeptos italianos para saltar das cadeiras porque, aos 39’, Balotelli foi derrubado em falta perto da área da Croácia. O livre, descaído para a esquerda, deu oportunidade a Pirlo para devolver a banana que foi enviada da bancada para a baliza croata, sem que Pletikosa conseguisse contrariar o arco descrito pela trajetória da bola. Estava aberto o marcador e a Squadra Azurra parecia desatar o dó do encontro, colocando os balcânicos em ‘cheque’. Só que na segunda parte tudo mudou. De forma incompreensível, a Itália baixou as suas linhas e tentou arrefecer o ritmo de jogo, expondose ao ataque organizado da Croácia. A juntar a isto, Slaven Bilic mexeu no posicionamento tático da equipa e os croatas começaram a jogar mais próximos da baliza italiana e a mostrar capacidade para criar ocasiões de

golo. A Itália esperava pelo erro adversário mas foi Chiellini quem cedeu, falhando o tempo de salto para interceptar um cruzamento de Strinić que foi parar aos pés de Mandžukić. O homem-golo croata não perdoou, disparando para o empate ao minuto 72. Com pouco tempo para responder a Itália foi incapaz de inverter o futebol cada vez mais entusiasmado da Croácia a que os seus adeptos davam sequência nas bancadas numa sonora manifestação de júbilo. A festa Croata durou até ao apito final que deixava a Itália em estado de alerta para a ronda decisiva da fase de grupos contra a República da Irlanda. Por seu turno os irlandeses são nesse dia despachados para casa com selo espanhol. Para a história jogo fica o resultado mais desequilibrado do certame [4-0] até à data. Completamente manietados, os ‘greens’ não tiveram hipóteses perante ‘La Roja’ que voltou a ter um ponta-de-lança, para mais inspirado, na pessoa de Fernando Torres. O dianteiro espanhol contribuiu com dois golos (4’ e 70’) para a goleada, um deles de antologia. Os outros golos da contenda foram apontados por David Silva (48’) e por Fàbregas que entrou já perto do fim para fechar as contas do jogo. Sem grande fúria, mas com total domínio das operações, as hostes espanholas seguiram rumo à liderança do Grupo C sem que Trapattoni e os seus rapazes fossem capazes de fabricar um milagre que os mantivesse vivos na prova. A fechar o jogo, ecoaram os arrepiantes cantares da falange de apoio laranjae-verde, apesar da pesada derrota sofrida pela sua equipa. Um momento marcante que irá figurar entre as melhores histórias do jogo e de todos os Europeus. Eles que constituíam um


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dos atrativos do Euro 2012 irão agora deixar um grande silêncio e uma sensação de vazio na prova. Para segunda-feira, 11º dia de prova, estavam guardadas as jogadas finais deste grupo. Ao apontar aquele golo, Mandžukić levava a Croácia à última casa do tabuleiro com as perspectivas em aberto de uma formação orientada para o sucesso por Slaven Bilic, um autêntico mestre do xadrez tático. No assalto final ao rei, deparava-se a Espanha, rainha da europa. Um empate a duas bolas ou mais permitiria a ambos manter as posições que então ocupavam, Espanha em primeiro e Croácia em segundo. Por esse motivo estava a Itália a ver fantasmas no jogo que se desenrolava à mesma hora em Poznan. A Itália que no Europeu de Portugal, tinha sido eliminada nas mesmas circunstâncias após um empate [2-2] entre a Dinamarca e a Suécia. Ao leme da Squadra Azurra estava na altura, nem mais nem menos que Giovanni Trapattoni, que agora despeja o seu frasquinho de fé no lado oposto da

barricada. Sem a água-benta de Trapattoni, a Itália tentava forçar uma goleada com o seu futebol forçado, rezando para que não acontecessem milagres no seu jogo, mas sobretudo no outro de Gdansk. De ouvidos no Espanha – Croácia, a Itália tinha a iniciativa de jogo como era sua obrigação mas a turma italiana, a jogar num sistema tático diferente daquele que utilizou nas duas partidas anteriores, era inconsequente. O 4-4-2 retirava capacidade criativa aos transalpinos que pareciam não entender-se dispostos dessa maneira. No outro jogo também a Croácia fazia o seu estilo de jogo chegar até Poznan. A jogar em dois campos, Slaven Bilic defendia-se com o reforço do meio campo, colocando cinco unidades com o intuito de travar o futebol apoiado da “Roja”. E a estratégia estava a dar resultado. Só que… Num pontapé de canto cobrado a 300 quilómetros de distância, Cassano conseguiu introduzir a bola na baliza irlandesa por escassos centímetros, abrindo o ativo. Este


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golo, que aparecia aos 39 minutos, vinha mudar a lógica de ambos os jogos. Em Gdansk a Croácia via-se forçada arriscar e a expor-se ao poderio técnico espanhol. Não havia volta a dar: ou os croatas eliminavam os campeões do mundo ou despediam-se da prova. O empate só poderia servir caso a Irlanda conseguisse dar a volta à Itália. O jogo que até então só tinha contado oportunidades para os espanhóis, viu a Croácia aparecer e tentar algumas iniciativas que no entanto não levaram à alteração do nulo no marcador até ao intervalo. Em Poznan mantinha-se o 1-0 para a Itália ao intervalo. Porém o segundo tempo trouxe um jogo bem diferente dos balneários. Tentando fazer um brilharete para agradar aos seus exemplares adeptos, os ‘Greens’ começaram a despejar bolas na área transalpina ao bom jeito do futebol britânico. Sem Chiellini em jogo os minutos foram sendo sofríveis para uns italianos que só a espaços criavam perigo junto da baliza à guarda de Given. Uma grande defesa de Casillas sacode não somente o cabeceamento de Rakitić como também o ambiente tenso que se vive em Gdansk. As equipas hesitam e as poucas oportunidades acentuam o nó no estômago. Navas e Fàbregas entram na Espanha para o lugar de Torres e David Silva, aas emoção mesmo só nos últimos cinco minutos da partida. Aos 85’ Corluka é agarrado por

Arbeloa na área castelhana. O penalty ficou preso no apito do árbitro e a partida seguiu para o minuto 87, que foi quando, jogando no limite do fora-de-jogo, Fàbregas picou o esférico para Iniesta que ficou em duo com Navas na cara do golo. Bastou que Iniesta tocasse para o lado para frustrar a oposição de Pletikosa e para que Navas entrasse com a bola pela baliza a dentro. O peão era comido pela rainha e o sonho croata estava desfeito. De volta a Gdansk a Itália era relegada para segundo e empurrada para o segundo golo, outra vez de canto. Balotelli, acabado de entrar, ensaiou um pontapé de moinho para um dos golos mais belos do Euro 2012, sendo imediatamente censurado pelos colegas nas celebrações. O golo de Balotelli pôs fim nas dúvidas: os cantos italianos e o banco espanhol arrumavam o peão croata a um canto do xadrez do grupo C. Avançam Espanha e Itália cujo destino se separa agora e só poderá voltar a cruzar na final. À Espanha opõe-se agora a França. Se passar resta Portugal ou República Checa no caminho para a final. Já a Itália irá medir força com uma surpreendente Inglaterra que se apresentou mais forte do que se esperava. Se passar Alemanha ou Grécia, uma delas será a última barreira antes da final. A partir de agora quem perder cai fora. Reposicionamse as peças no tabuleiro para que se jogue novamente.


EURO 2012 - GRUPO D

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“ MÁXIMA RENTABILID

Te


DADE”

exto: Francisco Baião Fotos: Getty Images

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O Grupo D juntava uma selecção do Top-10 do ranking FIFA (a Inglaterra que ocupa, actualmente, a sexta posição), duas selecções que se encontram no Top-20 (a França, actual 14ª e Suécia, que ocupa o 17º posto) e uma das anfitriãs (Ucrânia – actualmente na 52ª posição.) Desta forma, haveria 3 equipas para os dois lugares de apuramento para a próxima fase, embora se pudesse alimentar a ideia de que, perante o seu público, a Ucrânia pudesse ter uma palavra a dizer ou que, pelo menos, viesse baralhar as contas do apuramento (e os seus três pontos alcançados frente à Suécia, acabam por ser vitais para que os nórdicos tenham ficado matematicamente afastados da competição logo ao segundo jogo). Na linha da frente partiam, claramente, ingleses e franceses que, ao chegarem a este Europeu como vencedores dos seus grupos (G e D respectivamente) apresentavam como principal cartãode-visita, em ambos os casos, uma consistência defensiva ao nível das melhores estatísticas: a França, nos dez jogos da fase de apuramento, apenas sofreram quatro golos (igualando a Rússia e só batida pelos dois golos sofridos pela Itália) e a Inglaterra, que sofreu apenas mais um (mas em oito jogos), tantos como a Grécia (que disputou dez partidas). E, se o prato forte deste grupo D seria o França – Inglaterra, nada melhor que, para jogo inaugural, um combate entre estas duas selecções. O jogo foi intenso, equilibrado, com domínio alternado e, no final da partida, um golo de Lescott e outro de Nasri (ambos jogadores do Manchester City) atribuíam um ponto a cada equipa que, a julgar pela teórica superioridade perante os restantes adversários do

grupo, fazia antever uma disputa tacoa-taco até final do grupo. Para confundir as contas do grupo, a anfitriã Ucrânia conseguia três pontos perante a Suécia, com as grandes figuras de ambas as selecções (Shevchenko, do lado dos ucranianos, apontou os dois golos da sua equipa cabendo a Ibrahimovic, pela Suécia, o golo que inauguraria o marcador), partindo na frente para a segunda jornada. Ao segundo jogo, os suecos, que tinham chegado ao Euro como melhores segundos classificados da fase de apuramento com 31 golos marcados (só atrás de Alemanha e Holanda) estavam obrigados a, pelo menos, pontuar perante os ingleses, para não correrem o risco de ficar de fora, logo à segunda partida. Acontece que, num dos jogos mais emotivos do Europeu, já depois da França ter batido a Ucrânia e passado a somar quatro pontos, a Suécia, depois de estar em desvantagem no marcador, com golo apontado por Carroll, dá a volta ao “texto”, com Mellberg a estar no centro das atenções ao apontar um golo e ser elemento preponderante no auto-golo de Johnson, estava lançada para lutar pelo apuramento. No entanto, saído do banco, Theo Walcott, apontava o 2-2 e assistia para o 2-3 final que deixava os escandinavos afastados da competição. A terceira e última jornada começava com a ideia, para ingleses e franceses, de que haveria de evitar, a todo o custo, o segundo lugar do grupo, uma vez que, desde a véspera, se sabia que, quem ficasse nesse posto, iria encontrar a campeã da Europa e do Mundo (Espanha) nos quartos-definal. Nesta partida, a Inglaterra podia, finalmente, contar com o contributo de Wayne Rooney que, por castigo, apenas pôde participar ao terceiro


EURO 2012

jogo. Perante a Ucrânia, a Inglaterra partia com a tranquilidade de depender apenas de si própria para garantir o apuramento para a próxima fase (algo que também acontecia aos ucranianos) com a diferença que a igualdade serviria, perfeitamente, os intentos britânicos, apesar de, em caso de triunfo francês, essa igualdade os colocaria perante a “evitável” Espanha. Rooney fez o único golo da partida e os suecos, a jogar despreocupados, conseguiram vulgarizar uma França que se vinha mostrando em muito bom nível, arrastando os gauleses para o segundo posto e colocando a equipa de Laurent Blanc no caminho da de Del Bosque. À Inglaterra, porém, também não saiu nenhuma “pêra doce”, pois o estilo de jogo do seu adversário nos quartos-de-final (Itália) não é, propriamente, o mais desejável para os britânicos. O Grupo D chega, desta forma, ao fim, com o apuramento das equipas que se afirmavam como favoritas mas com um dado estatístico interessante: foi o único grupo em que todas

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as equipas venceram, pelo menos, um jogo, com a Suécia a cotar-se como o “melhor último classificado”, apontando 5 golos (menos 1 que o melhor ataque – Espanha) mas sofrendo outros 5 (pior só a Irlanda, mas igual a República Checa – líder do Grupo A). O cruzamento das equipas para os quartosde-final resultou em dois jogos que estão a gerar muita expectativa (Espanha – França e Inglaterra - Itália), podendo resultar em meiasfinais não menos “explosivas” caso Portugal elimine a República Checa (tanto Espanha como França darão, certamente, muito que fazer à nossa selecção) e, na outra possível meia-final, a superfavorita Alemanha (que defronta a Grécia) poderá medir forças com ingleses ou italianos. O Europeu está ao rubro e a entrar na fase decisiva e, das grandes equipas do Velho Continente, só a Holanda (eliminada no Grupo de Alemanha e Portugal) não marca presença nas 8 fantásticas que estão nos quartos-definal.


EURO 2012

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EURO 2012 - GRUPO A

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“ FILÓSOFOS DO ESFO

Te


ORÇO”

exto: Francisco Baião Fotos: Getty Images

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O

Grupo A, constituído por Rússia (principal candidata a passar aos quartos-de-final), Polónia (um dos países anfitriões da prova), Grécia (que chegava ao Europeu depois de uma qualificação quase perfeita, não perdendo nenhum dos 10 jogos disputados, ficando à frente da Croácia) e República Checa que, à semelhança de Portugal, alcança o Europeu depois de passar pelo playoff (no qual derrotou a selecção de Montenegro com triunfos por 2-0 e 0-1) era, à partida, aquele que não tinha nenhum candidato assumido à conquista do título, sendo, por essa razão, previsível que pudesse imperar o equilíbrio (foi, por exemplo, o único grupo em que todas as equipas perderam um jogo e o único em que nenhuma das selecções tenha perdido mais que uma vez, sendo, também, o único em que o último apurado para a fase seguinte – o segundo classificado – terminou a fase de grupos com os mesmos pontos da primeira equipa eliminada – o terceiro classificado). É também neste grupo que está presente o vencedor de grupo com menos pontos alcançados (6) sendo também aquele em que, uma equipa apurada (a República Checa), passa aos quartosde-final com saldo negativo entre golos marcados (4) e sofridos (5). Este grupo tinha um interesse especial para Portugal pois, em caso de apuramento (que se veio a verificar) daqui sairia o adversário da equipa lusa nos quartos-de-final o que, após o apuramento no “Grupo da Morte”, não deixa de ser um “prémio” para a selecção das quinas, uma vez que, de todos os apurados para os quartos, o Grupo A teria, em princípio, as equipas mais acessíveis para defrontar. Prova da ausência de um grande candidato no Grupo A é a ausência de uma equipa do Top-10 do ranking FIFA (em que, por exemplo, no Grupo B, as

quatro equipas presentes faziam parte desse Top-10, o Grupo C tinha a líder Espanha e a Croácia e o Grupo D tinha a Inglaterra), reforçado pela presença da equipa com pior ranking, a anfitriã Polónia (que ocupa o 62º lugar). A primeira prova de equilíbrio deste grupo surgiu no jogo de abertura da competição, com a Grécia (treinada por Fernando Santos) a empatar a uma bola frente à Polónia e só o segundo jogo (triunfo da Rússia por 4-1 frente à República Checa) fugiu à regra de diferença de um golo em todas as partidas do grupo. Esse triunfo dos russos, por tão expressiva margem, acabaria por ser, por um lado, o elemento “enganador” do grupo, uma vez que, ao já favoritismo que a equipa russa tinha no grupo, se tinha juntado um grande resultado aliado a uma boa exibição, e, por outro, a grande surpresa da competição pelo fato de se ter tornado no primeiro e único triunfo da selecção dos czares que viria a ser eliminada. Se a primeira jornada do grupo A poderia ter demonstrado uma Rússia demasiado forte para os concorrentes (dando a ideia que terminaria o grupo em primeiro lugar deixando o segundo posto para uma luta a três), a segunda jornada permitiu equilibrar as contas do mesmo, com a República Checa (com uma entrada de rompante perante a Grécia – aos 6’ já vencia por 2-0) a vencer por 2-1, fazendo os três pontos que lhe permitiam sonhar na última jornada, aliado ao empate entre russos e polacos (a uma bola), permitindo que, à entrada para a última jornada, ficasse a apenas um ponto da liderança e que as quatro equipas ainda pudessem passar aos quartos-de-final. Foi então que, com cada equipa a


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depender de si própria para seguir em frente na prova, se deu, na última jornada, o “golpe de teatro” que permitiu à Grécia sair da última posição (tinha apenas um ponto conquistado) para o segundo posto, afastando os superfavoritos russos que não conseguiram ultrapassar a bem montada defesa helénica que, apanhando-se em vantagem ao intervalo, nunca permitiu que os avançados russos pudessem fazer a festa da qualificação russa (que implicaria a eliminação da equipa de Fernando Santos). Com os russos fora de combate, a outra vaga disputava-se, à mesma hora, entre Polónia e República Checa, com estes últimos, mais cotados e experientes, a conseguirem um triunfo (o segundo em três jogos) que lhes permitiu “assaltar” a liderança do grupo,

lançando-se para os quartos-de-final onde encontrarão o segundo classificado do “Grupo da Morte”, o grupo de Portugal. O Grupo A chegava, assim, ao fim, com a curiosidade de ter um dos jogos com mais golos deste Euro (os cinco golos do triunfo da Rússia frente à República Checa por 4-1 só foram igualados nos triunfos de Portugal frente à Dinamarca e de Inglaterra perante a Suécia, ambos por 3-2) e, simultaneamente, como o grupo onde menos golos se marcaram (apenas 14) tendo, igualmente, um dos melhores marcadores da competição (Dzagoev da Rússia) que, juntamente com Mario Mandzukic (Croácia) já apontaram 3 golos que de pouco valeram a ambas as selecções, pois já abandonaram a competição.


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REPORTAGEM

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“ PROFETAS


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S DO FUTEBOL” Texto: José Alberto Lopes Fotos: Getty Images

O mundo do futebol é uma realidade mágica que só os que o vivem e o conhecem têm o privilégio de saborear momentos únicos. O futebol é mais que um desporto, mais que uma mera competição, mais que um simples jogo entre duas equipas. É um culto que nos faz sorrir e chorar de emoção, abraçar e cantar com os nossos, saltar e gritar bem alto o nome da nossa equipa e suspirar para nós mesmos, obrigado futebol! Neste Europeu temos testemunhado momentos exemplares de adeptos que amam o desporto mais popular do mundo e o vivem intensamente, transformando-o numa autêntica festa de cores, cânticos e convívio entre diferentes culturas. Como nada é perfeito, toda esta onda exemplar, é contrastada com pontuais atos sujos e violentos pelos bares e ruas dos países organizadores. Dos vários encontros já disputados, destaca-se o exemplo de fair-play e paixão, que os adeptos irlandeses demonstraram no jogo contra a Espanha. É importante referir que durante os 90 minutos, a Irlanda foi totalmente dominada pelo espetacular futebol espanhol, e que com essa derrota estava automaticamente eliminada da competição. Se dentro das quatro linhas a Espanha dava um recital de futebol, nas bancadas eram os irlandeses a brilhar e encantar. Mais de 30 mil adeptos cantaram durante alguns minutos a célebre canção popular irlandesa “The Fields of Athenry”, uma música que descreve o triste período designado de Grande Fome Irlandesa (1845-1849), onde como o próprio nome indica, a fome, as doenças e emigração em massa, mataram mais de 1 milhão de pessoas e forçou outro milhão a emigrar da ilha. Para quem ama e respeita o futebol, é um prazer testemunhar momentos como este, e é também importante, entender a origem e significado de certos cânticos, faixas ou até mesmo atitudes. Neste caso em particular, os irlandeses quiseram demonstrar que mesmo em momentos difíceis, estão ao lado da sua seleção e que cantando conseguem passar uma mensagem de união, demonstrando uma força única para ultrapassar os seus problemas. Parabéns e obrigado Irlanda! O contraste poluído vem das batalhas campais nas ruas e bares de Varsóvia e Poznan, sendo a


REPORTAGEM

mais grave entre adeptos Russos e Polacos. A história “Mais que um jogo”, préviamente contada neste jornal, confirmou que existem ainda, adeptos que usam o futebol para expressar as suas fracas atitudes e comportamentos, transportando para este desporto o renascimento de histórias que a sociedade tenta esquecer. Para todos os que sabem viver no mundo futebolístico é inútil desenvolvermos temas que nos desiludem e nos deixam tristes, manchando toda a palete de cores vivas e alegres que pintam este europeu.

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mais apetecido para misturar politica com futebol. O ambiente à volta deste confronto é pesado e delicado, o que possivelmente causará um derrame de atos que nada dignificam o desporto. Infelizmente a política medíocre estará sempre conetada a veículos de comunicação com visibilidade sem fim, e o futebol é um desses veículos. Num ambiente desta natureza, só os profetas do futebol serão capazes de dar uma lição de fair-play e convívio, dentro e fora do estádio. Esperemos então que os protagonistas baratos deixem de lado os seus problemas e desfrutem como nunca, de todos os Com os quartos-de-final a bater à porta, o ingredientes maravilhosos que este Europeu escaldante Alemanha - Grécia será o jogo tem para oferecer.


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REPORTAGEM

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“Não contrato promessas de 1 milhão de euros. Contrato-os quando forem craques e custarem 50 milhões.” Florentino Perez


INTERNACIONAL

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O RANGERS ACABOU: VIVA O RANGERS Textos: Tiago Soares Fotos: Getty Images

É

uma história que, provavelmente, terá na mesma um final feliz daqui a uns anos: o Glasgow Rangers FC entrou em liquidação após não conseguir entrar em acordo para pagar a dívida que tinha ao Estado. Mas como é que este gigante escocês chega a esta situação? O clube dos protestantes escoceses e irlandeses, uma equipa complicada de defrontar em confrontos europeus e com adeptos fervorosos? Numa perspectiva histórica, o Glasgow Rangers é (e sempre será) um dos gigantes do futebol escocês. Com sede em Ibrox Park, estádio com capacidade para 51,082 pessoas, o Glasgow Rangers conta com 54 (!) ligas ganhas desde o início, em 1890, do campeonato escocês, 33 Taças da Escócia (que se iniciou em 1873-74, sendo o troféu mais antigo do Mundo e a única competição interna em que é suplantada pelo Celtic) e 27 Taças

da Liga escocesa, mantendo ainda um recorde conjunto com o Celtic: venceram ambos nove ligas seguidas. Um currículo impressionante ao qual ainda se junta a glória internacional da vitória na Taça das Taças em 1972. Disputada ombro a ombro entre Rangers e Celtic, a liga escocesa perdeu interesse competitivo devido ao domínio acentuado de ambas, sem que Hearts (do “nosso” Paulo Sérgio e que conseguiu resgatar a Taça da Escócia em 2012), Kilmarnock (que conseguiu vencer a Taça da Liga escocesa em 2012) e Aberdeen consigam vencer campeonatos desde a época de 1984/85. Aliás, o Aberdeen até foi o último a conseguir intrometer-se nesta competição a dois... Consegue adivinhar o nome do seu treinador na altura? Ajuda se lhe disser que é agora Sir e está num clube de topo do futebol inglês?


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“Joga-se melhor com dez do que onze� Helenio Herrera, treinador


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Glasgow Rangers e Celtic partilham, aliás, o “Old Firm” - o grande derby escocês, em que se degladiam (sim, o termo é mesmo esse) não apenas jogadores, treinadores e tácticas: ideologias, religião e convicções estão em jogo nessa partida que ainda é seguida com algum interesse por quem gosta de futebol. É (ou era..) frequente haver confrontos e o ambiente em Glasgow torna(va)-se infernal. Curiosamente, não era apenas na Escócia que se sentia este autêntico inferno: na Irlanda, onde há muitos emigrantes escoceses e onde a religião se mistura também com o futebol, é comum os irlandeses terem uma preferência por um dos clubes do “Old Firm” e isso levou a vários conflitos também. Foi, aliás, num Old Firm, em 1971, que se deu o desastre de Ibrox – um dos episódios mais sombrios da história do clube. A 2 de janeiro, e no seguimento de um jogo bem disputado e que terminou num empate a uma bola, a multidão que tentava sair (na altura o estádio tinha lotação para mais de 80.000 pessoas) “empurrou” várias pessoas por uma das bancadas abaixo, começando aí um pânico generalizado onde faleceram 66 pessoas. Um jogo de beneficência para a família das vítimas foi organizado após essa tragédia. Variadíssimos jogadores e treinadores famosos passaram pelas suas fileiras, de entre os quais podemos destacar Ally McCoist (jogador e último treinador do clube), Andy Goram (guarda-redes internacional escocês), Barry Ferguson (médio internacional escocês) e, claro, Brian Laudrup (internacional dinamarquês) nos jogadores, e Graeme Souness, Walter Smith, Alex McLeish, Paul Le Guen e Dick Advocaat enquanto treinadores.

gers, procurava a glória europeia a todo o custo e, em 1998, contrata o renomeado treinador holandês e dá-lhe permissão para construir uma equipa poderosa utilizando os fundos do clube. Infelizmente, todo esse investimento acaba por se revelar inócuo, pois os melhores resultados do clube de Glasgow na Europa foram um afastamento na fase de Grupos da Champions League (1999/2000) e a chegada aos últimos 16 na Taça UEFA. Em Dezembro de 2001, Advocaat passa para director do futebol do clube, sendo substituído na função de treinador por Alex McLeish, sendo que o clube tinha já dívidas no valor de 36 milhões de libras em jogadores e 52 milhões no total. Vários jogadores começaram a abandonar o clube e, claro, começou a ser mais complicado (ainda) de atrair novos talentos e jogadores de reputação fidedigna. No entanto, o clube ainda logrou vencer as ligas de 2003, 2005, 2009, 2010 e 2011, bem como algumas edições das Taças nessas épocas, sob orientação de McLeish, Paul Le Guen e Walter Smith. Que o clube não navegava em águas calmas, todos sabiam; no entanto, ninguém previa esta situação de falência do clube de Glasgow até ao início deste ano, quando ficou claro que o clube não tinha forma de pagar as dívidas dos seus impostos ao Governo. Por essa altura, em 14 de Fevereiro, o clube entrou em administração judicial e perdeu, devido a essa situação, 10 pontos no campeonato escocês (praticamente entregando o título ao arqui-rival Celtic) e foi mesmo impedido de se inscrever nas competições europeias. No passado dia 14 de Junho, o plano de acordo de pagamento da dívida proposto pela administração do clube foi recusado pelos credores e, portanto, o clube entrou em liquidação.

Todos os seus bens, incluindo o Ibrox Foi durante o reinado deste último que Park e o Murray Park (centro de estácomeçaram a surgir os problemas finan- gios), foram comprados por um consórceiros: David Murray, presidente do Ran- cio chamado “The Rangers Football Club


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Ltd”, liderados por Charles Green, um antigo dirigente do Sheffield United (clube inglês). Tudo indicava que o clube iria agora disputar, com o nome Rangers Football Club, a liga mais abaixo possível do futebol escocês e começar, efectivamente, tudo do zero. No entanto, movimentações reportadas nos

media ingleses e escoceses nos últimos dias dão a conhecer que o clube poderá ainda voltar à Premier League escocesa caso os outros clubes estejam de acordo – o que poderá implicar grandes mudanças no actual formato do futebol escocês.Aguardam-se cenas dos próximos capítulos.


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“Abandonaria o futebol para jogar cricket se me pagassem o mesmo� Vieri, ex-jogador


OPINIÃO

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O DINAMO CHECO Texto: Carlos Maciel / Fotos: Getty Images

O

lhando friamente para os nomes que compõe esta equipa e os jogos da fase de grupos deste Euro, é impossível não fazermos uma comparação com a equipa checa de 2004. Essa talvez tenha sido a melhor geração de jogadores de sempre e tal como Portugal foram derrotados num canto grego. Dessa equipa apenas restam Cech, Rosicky e Milan Baros, mas o futebol checo revitalizou-se com a entrada em cena do Viktoria Plzen que trouxe jogadores muito interessantes como por exemplo Pilar. Bilek, o seleccionador, costuma apostar por um 4-2-3-1 que se vai transformando num 4-1-4-1. O ataque posicional e a coesão do bloco do meio campo para facilitar os apoios e sofrer menos em tarefas defensivas são os

factores chave desta equipa. Na baliza, o indiscutível Petr Cech. Foi um dos melhores guarda redes da presente temporada. Toda a gente o conhece: dominador da pequena área, elástico entre os postes, bom jogo de pés para activar os contra-ataques e uma envergadura que mete medo a muitos avançados são os seus pontos fortes. No entanto tem dificuldades em sair a alguns cruzamentos de média distância. Uma defesa de quatro com claro protagonismo para Kadlec. O lateral esquerdo do Bayern é um dos eixos desta equipa – habitual marcador de penaltis e o goleador na fase de qualificação – é por ele que se iniciação as transições ofensivas graças á potência, bom


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primeiro toque e colocação, mas sobretudo pela deficiente saída com bola da dupla de centrais. Habitualmente jogam Hubnik e Sivok: centrais corpulentos e muito perigosos a bola parada. Defendem muito atrás, perto de Cech, dado que não são velozes, nem talentosos no um-contra-um. Um avançado móvel como Postiga ou Oliveira, que baixam para receber jogo podem criar-lhes bastantes problemas. Contudo neste euro, Bilek, tem apostado por Kadlec e Sivok a centrais. No lado direito, Selassie, é o titular. É melhor ofensivamente que defensivamente, traz frescura e não é tão rígido posicionalmente como era Pospech. Do lado esquerdo Limbersky, o lateral do Viktoria, é bastante ofensivo e pode actuar como condutor de jogo. O meio campo é a zona chave dos checos. Hubschman é o “termómetro” da equipa que equilibra as transições. Inteligente na leitura de jogo, bom dominio posicional, recuperação, fortaleza física e bastante bom no primeiro apoio é o encarregado de dar simetria a atacar e facilitar a transição defensiva. Ao seu lado joga Plasil, joga bem com os dois pés e é o pulmão da equipa. Destaca-se pela sua polivalência e tanto pode jogar como médio interior esquerdo procurando diagonais e tentar o golo com o seu potente remate; ou como médio centro (onde joga mais frequentemente) dando destaque a Pilar. Este jovem extremo é uma das revelações do Euro, brilha em espaços reduzidos, procura a linha, protege bem e conduz os movimentos ofensivos da equipa. Tem jogado pela ala esquerda.

Jiraceck, do lado direito, sente-se mais confiante com Hubschman em campo. Tal como Pilar jogará no Wolfsburgo na próxima temporada. Traz visão de jogo, controlo, triangulações, batalha muito e é um apoio para que Selassie suba. Neste 4-2-3-1, Rosicky assume o protagonismo. O irregular 10 gunner reinventa-se sempre que veste a camisola do seu país. Um grande médio avançado centro, cuja criatividade por vezes se dilui na sua instabilidade física. Móvel entre linhas, muito técnico e é um especialista em bolas paradas. Será dúvida para o jogo dos quartos. Na frente Baros e Pekhart lutam pelo posto de ponta de lança. O segundo encaixa melhor na proposta de ataque posicional de Bilek pelo seu físico na hora de arrastar os centrais e activar a segunda linha para que apareçam Pilar, Rosicky e Jiraceck. Com Baros criam-se mais movimentos de ruptura, graças a velocidade contra defesas lentas. Tem estado bastante apagado neste Euro. Resumindo, a selecção checa destaca-se pela sua riqueza do meio campo em ataque posicional. Tem bons executores de livres e bolas paradas em geral e chegar aos quartos já ultrapassou as expectativas que os adeptos checos tinham depois do primeiro jogo contra a Rússia. Contudo tem bastantes debilidades defensivas sobretudo nos centrais e quando ultrapassada a linha de pressão composta pelo duplo-pivot. Portugal parte com o favoritismo.

www.jornaldez.com


OPINIÃO

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UMA QUESTÃO DE RESPEITO Texto: João Sacramento/ Fotos: Getty Images

E

m pleno dia de decisões na campanha Lusa para o Europeu 2012, um jornal desportivo português decidiu dar destaque na sua capa de domingo à entrevista exclusiva de Jorge Jesus, em detrimento de uma capa inspiradora, nacionalista e motivadora de apoio a seleção nacional rumo ao quartos-de-final. Penso que esta atitude, retrata um pouco a falta de nacionalismo que paira sobre o nosso país. Que raio de vício de menosprezar o que é nacional. Será que vamos viver eternamente na teia arcaica, que tende a valoriza o que é nacional, apenas, quando estes são valorizados além-fronteiras? O futebol nacional, necessita de uma injeção geral de união e cooperativismo. Chegou altura de remarmos juntos na mesma direção. Como amante incalculável da modalidade, é um prazer para mim ter oportunidade de ler, aprender e questionar os pensamentos par-

tilhados pelos treinadores nacionais em entrevistas exclusivas, contudo é necessário TIMING e respeito. Em relação a entrevista de Jorge Jesus, gostaria de relembrar os caros leitores, que na primeira edição do Jornal Dez, a minha crónica debruçou-se perante a problemática pela qual o Benfica não tem conseguido obter o sucesso durante as duas ultimas temporadas. Pois bem, em vésperas do arranque da nova pré-temporada, Jorge Jesus decidiu conceder uma entrevista, na qual mencionou e justificou que não conquistou nenhum troféu de relevo, pois pensava que poderia ganhar as duas competições mais importantes: Champions League e o campeonato nacional: «Optei por dar mais dias de descanso para a Champions do que para o campeonato. Isso foi algo que se hoje voltasse a acontecer não


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faria, porque já percebi que os sócios do Benfica querem é ser campeões nacionais. Isso é a prioridade, a Liga dos Campeões é importante mas não valorizam tanto como ser campeão nacional, e pensava eu que os sócios do Benfica, como há muito tempo não chegavam lá, queriam ir longe na Champions». Isto demonstra, do meu ponto de vista, o seguinte: 1. Os objetivos do Benfica não estavam claramente definidos antes do início da temporada. Uma equipa de futebol é como uma empresa. A caminhada rumo ao sucesso passa pela definição de objetivos lógicos e coerentes que possam ser alcançados/atingíveis. Os objetivos de uma equipa, um clube, uma empresa devem estar de acordo com os meios disponíveis. E devem ser claros para toda a gente. Podem ser revistos durante a «viagem», claro. Mas têm de estar definidos quando se prepara a temporada. 2. Nesta entrevista é possível constatar demasiada egocentricidade por parte do técnico encarnado. Ao longo dos diversos extratos é possível constatar que no seio do clube … Ele sentia, Ele decidia, Ele pensava, Ele sonhava e … talvez ele não ouvia. Como seres humanos, todos nos erramos, e consequentemente devemos de estar sempre disponíveis a ouvir os alertas dos outros. Um clube não pode ser só o treinador. Muito menos quando se trata de definir os objetivos da temporada. Isso é algo que deve envolver os dirigentes, o treinador e os jogadores e sobretudo a equipa técnica que nos rodeia. Não me parece razoável que Jesus justifique que deu demasiados dias de descanso a equipa para a champions. Hoje em dia o futebol é um desporto híper exigente, que apresenta um congestionamento de calendarização impressionante e consequentemente implica que os treinadores abram os seus horizontes e usem a ciência como um auxílio capaz de manter as suas equipas frescas e aptas em todas as frentes. O Benfica é uma equipa de top Mundial que possui um conjunto invejável de infra estruturas de apoio

ao seu departamento de futebol profissional, onde se destaca um super desenvolvido e moderno laboratório de ciência desportiva onde os jogadores encarnados são monitorizados ao segundo assim como todas as cargas e intensidades de treino são controladas meticulosamente. O Benfica Lab possui um luxuoso leque de profissionais com meios capazes de acelerar o processo de recuperação de fadiga dos atletas através de circuitos de banho de contraste de água quente e fria, uso de calcas de compressão pós jogo, recurso a tratamentos de hidroterapia, massagens localizadas, ingestão de bebidas ricas em eletrólitos, dietas pormenorizadas, entre outras (…). Pois bem face a este cenário, parece um bocado descontextualizado que Jorge Jesus se queixe de fadiga. Através destes meios e através dos conselhos e sugestões fornecidos pelos técnicos de ciência desportiva do emblema da Luz, Jorge Jesus pode saber exatamente quando é necessário conceder uma folga a determinado jogador ou equipa, sem no entanto menosprezar a ambição em qualquer uma das competições. Cenário complicado parece ser o que se vive nas equipas da 1º e 2º divisão inglesa onde as equipas e os seus jogadores são obrigados a efetuar cerca de 60-70 jogos por época e onde muitos dos encontros são disputados com menos de 48h de recuperação (caso do boxing day e época da pascoa). Num estudo elaborado por Raymond Verheijen, conceituado consultor desportivo na elite do futebol mundial, o autor analisou o impacto que a disputa de um jogo nas competições europeias (a meio da semana) pode ter na performance da equipa durante o jogo seguinte, a contar para as competições internas (liga). Pois bem, Raymond concluiu que as equipas Portuguesas são as equipas menos afetadas pela sobrecarga de jogos causadas pelas competições europeias, pois a Federação Portuguesa de Futebol é a única Federação na Europa que permite que as equipas alterem regularmente os seus calendários em função do jogo disputado para as competições europeias a meio da sema-


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na. Por exemplo: se o Benfica jogar para a champions a uma quarta-feira, o clube pode alterar o jogo para o campeonato, inicialmente previsto para Sabádo, para o Domingo ou segunda-feira. Pois bem, face a este cenário, penso que não seja apropriado ou até mesmo elegante para Jorge Jesus justificar o fracasso com fatores de calendarização, pois estes são iguais para todos, e como todos se lembram, José Mourinho e André Vilas Boas conseguiram conquistar competições europeias e campeonato nacional no mesmo ano, em circunstâncias de calendarização idênticas. Talvez, seja altura de Jesus ser menos “egocêntrico” ao tomar todas as decisões sozinho. Talvez seja necessário mais primazia ao trabalho em equipa, assim como permitir que o seu conhecimento se torne mais rico através de uma articulação entre a sua experiencia e a dimensão académica. Talvez não seja por acaso que José Mourinho não abdique do seu braço direito Rui Faria, o elemento responsável pela assimilação e conversão do conteú-

do académico para uma dimensão prática. 3. Os sócios. Os objetivos de um clube não devem ser escolhidos em função do que os adeptos pensam. Já reza a lenda que é impossível agradar a Gregos e Troianos. Os adeptos, tem a sua palavra nos atos eleitorais. Cada adepto vota em função do projeto que lhe agradar mais e consequentemente deve acreditar e apoiar a sua implementação. Se os adeptos tivessem constantemente uma voz ativa e impetuosa, os clubes seriam geridos em constantes votações de braço no ar, sem qualquer tipo de rigor ou responsabilidade. Quando votam, os sócios delegam na direção a gestão do clube, de acordo com um programa, com ideias, com promessas. E ponto. Um treinador não se pode orientar ou guiar em função dos adeptos. Nota: Tal como já manifestei anteriormente, tenho bastante respeito por Jorge Jesus e admiro-o bastante como treinador. Tem imensas qualidades e tem dado estabilidade ao Benfica durante os últimos anos.


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“Um 0-0 é como um Domingo sem sol” Di Stefano, ex-jogador


HISTÓRICO

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“MÁRIO


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O JARDEL” Texto: Ricardo Sacramento Fotos: Maisfutebol

M

ário Jardel Almeida Ribeiro era uma máquina goleadora, um jogador de área, um verdadeiro ponta de lança matador. Quem o viu jogar no FC Porto e no Sporting não esquece. No FC Porto em 175 jogos apontou 168 golos o que lhe vale uma média de 0,96 golos por jogo. Em Alvalade foi mais longe, superando essa marca ao festejar 67 golos em 62 encontros atingindo uma média de 1,08 golos por jogo. Os números são claros e falam por si. Analisando a carreira do Supermário, é incontornável que esta está marcada pelos números. Em 2011, após 21 anos de carreira já tinha vestido a camisola de 21 clubes diferentes. Em sua defesa pode-se argumentar que em certos clubes só vestiu a camisola no dia da apresentação. Jogou na Europa, na América, na Ásia e até na longínqua Oceânia. A vida de Mário Jardel deu muitas voltas, mas tudo começou na tropical Fortaleza, a 18 de setembro de 1973. Ali cresceu até aos 1,88 centímetros de altura. Ali deu os primeiros passos e os primeiros pontapés na bola. Começou a jogar num clube local, o Ferroviário, onde fez o trajeto das camadas jovens. Depois de se tornar profissional, deu nas vistas e foi chamado para o Rio de Janeiro, onde assinou pelo Vasco da Gama, num prenúncio da sua futura passagem por terras lusas.

por Jardel. A próxima paragem foi a cidade do Porto, onde Supermário foi imensamente feliz. Golos, mais golos, de todos os lados, de todas as maneiras, de todos os feitios. Nas alturas então era imbatível. Parecia adivinhar a trajetória de cada bola ao milímetro.

Num jogo da Taça contra o Juventude de Évora apontou sete golos num só jogo, feito que até aí só tinha sido atingido pelo sportinguista Yazalde. Mas Jardel fê-lo apenas em 45 minutos, os 45 minutos do segundo tempo, enquanto o Chirola precisara de um jogo inteiro para marcar outros sete ao Barreirense. No Sporting os números continuaram a falar por si. Chegou para jogar na 5ª Jornada e acabou o campeonato com 42 golos. Foi Bota de Ouro do futebol europeu (pela 2ª vez!) e firmou uma das sociedades mais famosas do Reino do Leão com João Vieira Pinto. Jardel marcava muito e festejava levantando a t-shirt com uma intrigante questão «porque será?», numa das mais brilhantes jogadas de marketing usadas até hoje no futebol português. Depois do céu, o inferno... Jardel cumpriu 6 épocas no futebol português e foi 5 vezes o melhor marcador. E só não foi 6 porque em 2002/03 não era o Jardel que cá estava... talvez fosse o Mário. O Mário resolveu brincar com a vida. Dizem que cedeu aos vícios. E a Seguiu-se o Grêmio de Porto Alegre, partir daí perdeu uma carreira. O onde o treinador Felipe Scolari Mário nunca mais foi Jardel. montou uma equipa à sua imagem. Paulo Nunes - que haveria de jogar no Benfica - assistia, Jardel faturava. 67 golos em 73 jogos e o canto da sereia do futebol europeu chamava


MIÚDO MARAVILHA

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ZAKARIA LABYAD Texto: Pedro Martins Fotos: google.com

A beleza do desporto rei do mundo é a vibração, o empenho, o sentir e a magia que muitos dos “artistas” proporcionam aos seus adeptos, Zakaria Labyad é um desses artistas! Nascido em Utrecht, Holanda, este jogador de 19 anos começou a dar os seus primeiros toques no USV Elinkwijk, onde foi observado pelos olheiros do PSV que o contrataram para as camadas jovens em 2004, sendo titular em todos os escalões até que em 2009 explodiu, estreando-se pela equipa principal e sendo chamado para a selecção sub 17 da Holanda para o respectivo Mundial da categoria. Desde 2009 até 2012 marcou 15 golos pela sua equipa entre campeonatos e competições europeias, sempre com classe e magia com exuberantes exibições de encher o olho. Em 2011, decidiu optar por representar Marrocos sub 23, pois possui dupla nacionalidade e em 2012 estreouse pela selecção principal. Transferiu-se este fim de época para o Sporting Clube de Portugal, assinando um contrato até 2017 com uma cláusula de rescisão de 50 milhões de euros. Este jovem talentoso, tanto pode jogar a médio centro ofensivo, a avançado mas rende mais a extremo, pois é onde a sua rapidez, técnica e magia se tornam mais eficazes. Tem bom toque de bola, entrega-se ao jogo de equipa mas brilha mais em pormenores individuais onde a sua qualidade técnica vem ao de cima fazendo vibrar os seus adeptos. Tanto a cruzar, como a facturar Labyad tem-se mostrado em grande plano!É daqueles jogadores que podem virar a corrente do jogo num rasgo de genialidade e a Liga Portuguesa só tem a ganhar com a sua incorporação. Um artista que em muito enriquece as quatro linhas e que faz valer o valor do bilhete, pago pelo adepto ávido de um bom espectáculo, Zakaria Labyad, um miúdo maravilha do hoje para o amanhã.


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“Pinto da Costa é o melhor dirigente do mundo, é um adiantado mental ” António Oliveira


EDITORIAL

INTERNET

Coordenação: Carlos Maciel e Ricardo Sacramento Editor Chefe: João Sacramento Direcção de arte e maquetização: Carlos Maciel Redação: Tiago Soares, João Sacramento, Tiago Jordão, Pedro Martins, Bruno Gonçalves, Ricardo Sacramento, Nelson Souso, Carlos Maciel, Nuno Pereira, Francisco Baião, José Lopes, Pedro Vinagreiro Publicidade: Ricardo Sacramento

facebook.com/jornaldez twitter.com/jornaldez http://www.jornaldez.com O Jornal Dez não se faz responsável da opinião dos seus colaboradores.

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