Jornal Dez 18

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O FUTEBOL PARA LER COM TODA A MAGIA DO DEZ

“MADJER MARTINEZ”

Nº18


“Saem pretos de toda a parte como se fosse uma máquina de churros” Jesus Gil y Gil

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09/10/12


FC PORTO

MADJER MA


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ARTINEZ Texto: Mística Portista Fotos: Getty Images

F

C Porto e Sporting entraram, este domingo, no Estádio do Dragão, para disputar o primeiro clássico da época, em jogo a contar para a sexta jornada da Primeira Liga Portuguesa com vários motivos de interesse e com momentos anímicos bem distintos entre os dois clubes. Se, por um lado, o FC Porto vinha de um triunfo, por uma bola a zero, tão importante como justo sobre os milionários do PSG para a Liga dos Campeões, triunfo que valeu o isolamento na liderança do Grupo A da prova mais importante de clubes a disputar no continente europeu, o Sporting, por sua vez, vinha de uma goleada, derrota por três bolas a zero, tão clara como vergonhosa com os húngaros do Videoton, que deixava o clube de Alvalade no último lugar do Grupo G da Liga Europa e, em sequência desse e dos restantes resultados da época, sem treinador após a saída de Sá Pinto. Mas os pontos de interesse desta partida, num dia de grandes jogos por essa Europa fora (Barcelona – Real, Marselha – PSG, Inter – AC Milan, entre outros), não se ficavam por aqui pois, caso o FC Porto não fosse derrotado, conseguiria cumprir o 4º aniversário e o 60º jogo sem conhecer o sabor da derrota em jogos no Dragão para a Liga Portuguesa. Mais que isso, havia também a coincidência de que, há 52 jogos atrás, o Sporting tinha sido a última equipa a conseguir sair do Dragão sem sofrer um golo, pelo que este era outro ponto de interesse num jogo que promovia a estreia de Oceano Cruz como técnico principal dos leões enquanto o clube procura um sucessor de Sá Pinto.

Mas falando da partida propriamente dita, o FC Porto entrou em campo com o “melhor onze”, repetindo a equipa titular que tinha batido o PSG, enquanto no Sporting, mais uma revolução na equipa com as entradas de Cédric e Insúa (na defesa), Schaars, Elias e Pranjic (no meiocampo) e de Carrillo (na frente) em relação ao jogo anterior. E se os momentos anímicos de cada equipa eram antagónicos, depressa o FC Porto fez questão de mandar no jogo e de o resolver, aproveitando as fragilidades de um Sporting que, quando saiu do seu meio-campo pela primeira vez, já perdia por 1-0 com um enorme golo de Jackson Martínez, daqueles que podem ser vistos e revistos vezes sem conta e que entrará, certamente, para a história deste campeonato. Mas este grande golo, que surgiu aos 10 minutos, nem foi a primeira oportunidade para os dragões uma vez que, desde o início do jogo o FC Porto se apoderou do meio-campo do Sporting e só uma enorme defesa de Patrício, aos 7’ e um remate ao lado de James, aos 8’, impediram que o Sporting começasse a perder ainda mais cedo. Ainda no primeiro quarto de hora Lucho obrigou Patrício a mais trabalho mas, logo depois, surgiria a primeira contrariedade para a equipa da casa com a saída, por lesão, do central Maicon. No segundo quarto de hora da partida o Sporting tentou reagir, mas desta reacção, nada surgiu além de duas cartolinas amarelas para Lucho e James e depressa o FC Porto voltava a tomar conta do jogo com Moutinho e


Otamendi, em dois lances de bola parada, a entenderem-se na perfeição, faltando a finalização certeira do argentino aos passes teleguiados do português que, aos 29’, na sequência de um pontapé de canto, e aos 35’, na cobrança de um livre indirecto levou perigo à área adversária. O intervalo chegava, assim, com o FC Porto confortavelmente na frente do marcador, apesar da magra vantagem. A segunda parte começou praticamente com uma grande penalidade a favorecer o FC Porto quando, aos 55’, num lance aparentemente inofensivo, Cédric no chão vê a bola tocar-lhe no braço direito com Jorge Sousa, de pronto, a assinalar grande penalidade que Lucho se encarregaria de desperdiçar atirando com estrondo ao poste direito da baliza de Patrício que adivinhou o lado mas não teria qualquer hipótese de desviar a bola. Mas nem a lesão de Maicon nem a grande penalidade falhada por Lucho desmotivaram os dragões ou deram mais moral aos leões que continuavam inofensivos. E se a vida estava difícil para o Sporting, pior ficou quando, aos 72’, Rojo, no espaço

de três minutos, vê dois cartões amarelos e é expulso, deixando a sua equipa em inferioridade numérica. Ainda assim, essa desvantagem numérica durou pouco tempo pois o FC Porto também ficaria reduzido a 10 elementos com nova lesão de um jogador da sua defesa, sendo Alex Sandro a sair aos 79’ com as substituições já esgotadas por Vítor Pereira. E foi nesses últimos 10 minutos de jogo que tudo se decidiu com o Sporting a ter duas oportunidades no espaço de dois minutos (Helton defende um livre de Pranjic aos 80’ e segura um cabeceamento de Wolfswinkel aos 81’) e, na resposta, o FC Porto beneficiava de nova grande penalidade cometida por Boulahrouz sobre Jackson Martínez na sequência de um grande cabeceamento de Mangala à trave da baliza de Patrício. Chamado a converter, James não perdoou (apesar de Patrício ainda ter tocado na bola) e o FC Porto encerrava o assunto, com o 2-0 final que lhe permite voltar à liderança da prova, liderança da qual o Sporting está já a oito e praticamente irrecuperáveis pontos.


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BENFICA

A IMAGEM DE

Te


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MAXI

exto: Eduardo Pereira Fotos: Getty Images

E

m semana de clássico, coube ao Benfica fazer as honras de abertura da jornada, defrontando o Beira-Mar no Estádio da Luz. A vitória revestia-se de especial importância, não tanto pelo nome do adversário, mas sim porque isso representaria “atirar” toda a pressão para o lado do F.C. Porto na luta pela liderança. Os azuis-e-brancos ficariam obrigados a vencer o Sporting para não se atrasarem na tabela pontual e o Benfica aproveitaria para pôr uma pedra sobre a derrota europeia diante do Barcelona. Jorge Jesus regressou, por isso, ao seu tradicional esquema de dois avançados, do qual havia abdicado para tentar contrariar a supremacia catalã no meiocampo. Rodrigo surgiu no onze inicial, posicionando-se ao lado de Lima, e a dupla ofensiva cedo começou a dar mostras de querer resolver o jogo. Em dois minutos, duas oportunidades para os encarnados, a mais perigosa das quais num cabeceamento do internacional espanhol, que levou a bola a passar muito perto do poste direito das redes aveirenses. Diz o ditado, porém, que quem não marca arrisca-se a sofrer - e o Benfica sentiu a frio toda a verdade deste chavão futebolístico. À entrada do minuto 4, livre para o Beira-Mar, na direita do seu ataque, Artur falha inexplicavelmente a intervenção e o central Sasso aparece a empurrar a bola para o fundo da baliza. A vantagem aurinegra contrariava as indicações que do rumo do jogo pareciam emanar mas, em abono da verdade, a ela se veio a dever a forma como a primeira parte se desenrolou. O Benfica, ciente de que a partida estava apenas a começar, não alterou a forma de jogar e manteve altos índices de agressividade. Só que estava à vista que a tarefa iria ser tudo menos fácil, já que o Beira-Mar se apresentava irrepreensivelmente organizado e, à medida que os minutos passavam, ia demonstrando que o resultado lhe era confortável. Isso permitia-lhe colocar sobre a formação encarnada um tipo de pressão a que esta não está muito

acostumada - pelo menos, diante do lanterna-vermelha da classificação. O Benfica atacava, sim, criava até lances de perigo com relativa frequência, mas era incapaz de lhes dar o melhor desfecho. A velocidade que a equipa procurava imprimir ao jogo, aliada à organização aveirense, acabava por impedir que as jogadas se desenrolassem com maior discernimento. Ainda assim, ao minuto 31, o empate esteve por centímetros. Salvio surge no coração da área a rematar cruzado, levando a bola a embater no relvado, subir e ir beijar o poste da baliza à guarda de Rui Rego, com o guardaredes já batido. Antes do intervalo, nova oportunidade soberana para os homens da casa. O árbitro Rui Costa assinala grande penalidade, por carga sobre Maxi Pereira dentro da grande área, mas Rodrigo permitiu que Rui Rego sustivesse o remate e levasse a sua equipa a vencer para o intervalo. A segunda parte veio dar continuidade àquilo a que se assistia no final da primeira. O Benfica regressou numa toada mais pressionante e, aos poucos, percebeu-se que o Beira-Mar estava a ter dificuldades crescentes para lidar com a pressão encarnada. Gaitán, Maxi, Rodrigo e Lima mostravam que o resultado não era do seu agrado e, sempre em ritmo elevado, iam levando o perigo até bem perto da área contrária. Refira-se, aliás, que Lima foi dos elementos mais rematadores em campo, mas nenhuma das “bombas” que foi disparando encontrou o caminho para o golo. Quem o encontrou - e com nota artística - foi Maxi Pereira. O uruguaio correspondeu de forma acrobática a um lance que nasce na esquerda, num cruzamento de Melgarejo, e passa ainda pela cabeça de Salvio antes do vistoso remate do capitão encarnado. Estavam jogados 57 minutos e, se até aí, o Benfica já se mostrava pressionante, mais ainda ficou depois do golo. Tanto que, em apenas dois minutos, virou por completo o resultado. O lance até parecia controlado pela defensiva aurinegra mas Rodrigo, muito rápido, antecipou-se e


adiantou para Lima que, em zona de tiro, teve a calma suficiente para esperar pela entrada do espanhol, ao centro. Livre de marcação, Rodrigo encostou para o 2-1 e carimbou a vitória encarnada. A meia-hora final, embora sem grandes ocasiões dignas de registo, foi jogada a bom ritmo e quase sempre no sentido da baliza do Beira-Mar. A acusar o desgaste físico e a desvantagem, os aveirenses continuavam a permitir rápidas jogadas de envolvimento ao ataque benfiquista e as incursões à área de Artur tornavam-se cada vez mais raras. Lima, Gaitán, Rodrigo, todos eles tiveram oportunidades para dilatar a vantagem, mas a verdade é que o marcador não mais mexeria até final. Perto do fim, o Beira-Mar ainda procurou o empate mas sem chegar a criar lances de real perigo para a baliza do Benfica.

perto de um desfecho embaraçoso. Não obstante, seria injusto não fazer duas referências: por um lado, à forma como os aveirenses encararam o encontro, sempre dispostos a lutar de forma aberta e organizada; por outro, ao volume da produção ofensiva encarnada: 42 ataques, 21 remates, 64% de posse de bola, dois golos, uma bola ao poste. Maxi Pereira destacou-se pelo golo marcado e pelo muito que atacou na ala direita. Quase se pode afirmar que o Benfica teve o mesmo ADN do seu capitão: grande entrega e bastante querer, ainda que, muitas vezes, tenha faltado um toque de classe que fizesse a diferença. Quando a Liga regressar, depois dos compromissos das selecções nacionais, o Benfica irá deslocarse a Barcelos para defrontar o Gil Vicente, equipa que já “roubou” dois pontos ao F.C. Porto nesta temporada (0-0) e que fez o mesmo aos A análise a este encontro pode ser feita por encarnados na abertura da época passada (2-2). vários prismas. Se se considerar que o Beira-Mar O encontro está marcado para as 20:30 horas do visitava a Luz na qualidade de último classificado, dia 27 deste mês. o resultado é curto e o Benfica passou demasiado


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“Joga-se melhor com 11... E se é com 12, melhor ainda” Di Stefano

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LIGA ESPANHOLA

OS MELHORES DO MU

Texto


UNDO

o: José Alberto Lopes Fotos: Getty Images

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O

passado domingo dia 7 de outubro de 2012, foi um dia marcado por inúmeros clássicos em toda a Europa, mas foi em Barcelona que dois astros se juntaram e mostraram ao planeta a sua magia, a sua força, a sua ambição e o seu caracter de melhor jogador do mundo. Cristiano Ronaldo e Messi, são decisivos, dão cor ao espectáculo e continuam a surpreender e a deliciar os amantes do desporto rei. A lista dos onzes iniciais colocou imediatamente o Real Madrid em excelente posição para vencer o clássico. Os merengues, com todo o plantel à disposição, defrontavam um Barcelona longe do seu onze de gala e com muitos problemas no sector defensivo. Muito se tem falado da perda crescente de competitividade da equipa culé, e muito se deve a uma gestão de plantel algo deficiente, que obriga Tito Vilanova a usar jogadores pouco rodados em posições criticas do campo. Poucas novidades no esquema culé, equipa bem aberta na transição defesa ataque, obrigando o Real Madrid a abrir espaços no meio do terreno, para que Messi, Xavi e Iniesta pudessem manobrar e criar desequilíbrios. O jogo foi bastante equilibrado e a equipa de Mourinho conseguiu em certas fases do jogo desequilibrar com contra-ataques rápidos e directos à baliza de Valdés. Como é norma nos clássicos, os merengues tentaram jogar com as suas linhas muito próximas e longe de Casillas, criando uma intensa pressão colectiva com muitas dobras e poucas linhas de passe.

madridista e outras vezes pelo famoso tiqui-taca catalão. Mas a diferença esteve mesmo na qualidade dos dois astros do futebol mundial. Rápidos, fortes, inteligentes e com um instinto matador, conseguiram desequilibrar um jogo que sem eles perdia interesse, ficava pobre e sem explosão. O momento da noite chegou ao minuto 61 através de um livre exemplarmente marcado pela estrela argentina. O soberbo lance do camisola 10 ficou marcado por uma trajectória exemplar e por um pormenor digno de mestre. Com a baliza no horizonte e uma barreira subida, Messi sabia que não tinha altura suficiente para a trajectória ideal, e foi quando decidiu recuar ligeiramente a posição da bola para traçar na perfeição uma verdadeira obra de arte. De facto um pormenor e uma sensibilidade à altura de poucos!

Conclusão, um jogo equilibrado e bastante disputado a meio campo, com muita agressividade da equipa de Mourinho, que em varias ocasiões abriu a defesa catalã criando algumas dificuldades através do seu estilo rápido e directo de transição defesaataque. Em relação ao Barça, um Messi inspirado que inventou espaços numa enorme teia branca e que por várias vezes conseguiu rasgar o muro rival. Comentários menos positivos para as exibições de Di Maria e Iniesta, que se encontram longe do seu melhor momento de forma. Mais um clássico de grande nível, com golos, emoção e sobretudo qualidade. Assistimos cada vez mais a um Real Madrid equilibrado, com um estilo de jogo mais sólido, mais competitivo e de certa forma confortável. Concordo quando dizem que o Barcelona jogou com um onze adaptado, e de facto isso A sequência de golos demonstra o notou-se sobretudo na saída de bola, equilíbrio durante os 90 minutos, mas tal como já referi, isso deve-se a umas vezes dominado pela pressão um erro de gestão de plantel, que por



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razões monetárias ou por razões técnicas não permitiu a contratação de um defesa central. Em relação às estatísticas, empate no número de remates à baliza (10), empate no número de remates entre os postes (4), empate em golos (2-2) e empate na exibição dos dois melhores do planeta. Para desempatar, teremos que esperar pelo dia 2 de Março, data em que se jogará o próximo clássico, e em que certamente, pesará o titulo de melhor jogador do mundo.


REPORTAGEM

COCAร NA: O RENASCIMENTO DO FUTEBOL COLOMBIANO Texto: Miguel Lourenรงo Fotos: Getty Images


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cocaína definiu o futebol colombiano no seu apogeu. O dinheiro investido pelos grandes cartéis de droga modernizaram o futebol no país e abriram as portas para a sua etapa dourada. Mas também deixaram a nu o lado mais negro e sangrento da sua história desportiva.

à Televisa mexicana a organização do torneio de 1986. As mortes nos estádios, antiquados e incapazes de receber em total segurança as multidões que redescobriam o prazer pelo jogo, eram o lado negro de uma história que começava a deixar as suas primeiras vitimas pelo caminho.

Gigante adormecido Da época do Ballet Azul ao regresso da Colombia em Mundiais de Futebol passaram quase quatro décadas. Um período em que o futebol na Colombia viveu o seu ponto mais baixo, desaparecendo quase no anonimato da pobreza e dos problemas sociais que asfixiavam um dos países hispânicos mais populosos do Mundo.

O juiz Lara Bonilla denunciou que o futebol colombiano estava corrompido até às entranhas pelos carteis. Meses depois foi abatido a tiro a sair de um julgamento abrindo assim o longo historial de ajustes de contas no futebol colombiano. Em cinco anos morreriam cerca de 1500 pessoas entre policias, juizes, directivos e jornalistas, todos ligados de certa forma à contestação do poder absoluto dos senhores da droga no mundo do futebol. Nem os grandes clubes se salvaram. Os presidentes do Deportivo Medellin, Deportivo Pereira e Milionarios foram todos abatidos a tiro por esquadrões dos carteis bem como vários directivos da federação e até técnicos de equipas rivais. A situação chegou ao extremo de um avançado do Deportivo Pereira, Uriel de Jesús, ter sido abatido em pleno estádio quando se preparava para marcar um golo que iria mudar um resultado previamente acordado entre as equipas. Ninguém foi detido.

Incapazes de investir em infra-estruturas e com pouca vontade de desenvolver o desporto do país, as elites governativas da Colombia que tinham tentado desafiar a FIFA na criação de uma das ligas mais polémicas dos anos 50 desligaram-se por completo do jogo depois de perceber que o lucro financeiro futuro seria minimo. Deixaram as equipas adormecer numa espécie de semi-profissionalismo que se assemelhou em muito à realidade de países muito mais pobres como a Bolívia, Peru ou Venezuela, todos eles estados vizinhos. A cocaína foi o ponto de inflexão. A cocaína acabou por salvar o futebol colombiano. A indústria que se formou à volta do tráfico de drogas significou uma profunda metamorfose da sociedade colombiana. A guerra civil liderada pelas FARC desde a década de 60 começava a fazer as suas primeiras vitimas simbólicas e a desvalorização do café no mercado internacional roubou ao país a sua principal fonte de exportação. Não demorou muito tempo até que os carteis de droga ocupassem o vazio de poder e transformassem o país num dos maiores exportadores mundiais de cocaína, cada vez mais procurada pelas elites norte-americanas. Com o dinheiro que chegava do outro lado das Caraíbas criaram-se fortunas, compraramse politicos e juizes para garantir o status quo. Mas, mais importante do que isso, modernizaram-se várias áreas de um país ainda profundamente rural.

Escobar e o Nacional de Medellin Por outro lado, os clubes começaram a investir, com o dinheiro injectado pelos carteis que os protegiam, na formação local, patrocinavam programas de reestruturação social nas favelas urbanas e melhoravam as condições de treino para encurtar distâncias com as grandes potências do continente. Até aos anos 80 nenhum clube colombiano tinha sequer chegado à final de uma prova continental. Em 1985 começou a inverter-se uma tendência que mudaria de forma definitiva quatro anos depois.

O America Cali, a par dos Milionários de Bogotá o clube com mais títulos nacionais do país, disputou a final da Libertadores com o modesto Argentinos Juniores. Foram precisos três jogos para dictar o ganhador mas no último e derradeiro encontro, em Assuncion, campo neutral, os argentinos venceram por 1-0. O clube era apoiado por um E como muitos desses lideres de carteis vinham das zonas dos maiores carteis do país que disponibilizou verbas para pobres, onde o futebol era um dos poucos luxos que atrair jogadores como Brown e até o treinador argentino, sobrevivia, a paixão pelo jogo acabou por pesar à hora de Carlos Billardo, foi seduzido para controlar a equipa. O clube gastar milhões. Os carteis aproveitaram as horas baixas do marcou presença nas duas finais seguintes da Libertadores, futebol colombiano para comprar clubes a baixo custo e perdendo ambas com o River Plate, mas deixou a nota do dedicaram-se a lavar dinheiro através das suas instituições que viria a seguir. legitimas enquanto perfilavam a honesta ambição de levar o futebol colombiano ao patamar dos gigantes do continente. Pablo Escobar, reconhecidamente um dos maiores traficantes Os anos 80 foram os anos do renascimento, os anos do de droga da história da América Latina, era também um pó branco e dos títulos inesperados. Os anos em que a amante do jogo. Desde a infância ambicionou ser jogador Colombia acreditou que podia recuperar de um só golpe e quando o dinheiro do seu cartel, instalado em Medellin, décadas de estagnamento. começou a jorrar, o seu primeiro capricho foi investir tudo no clube dos seus amores, o Atlético Nacional. Escobar, ao O dinheiro dos senhores da droga contrário de muitos dos traficantes colombianos, fazia-o No entanto o Mundo estava atento. sobretudo pela paixão que o ligava ao futebol e longe de investir apenas financeiramente, involucrou-se de forma Entre os confrontos na selva colombiana com a guerrilha directa nos destinos do clube. Contratou um técnico jovem marxista e os ajustes de contas nas ruas de Medellin, Bogotá e promissor, Francisco Maturana, para transformar o seu e Barranquilla entre os carteis rivais, os paises europeus clube no mais atractivo da América Latina e deu-lhe tempo. começaram a olhar para a Colombia como um dos países Tempo precioso que iria pagar os seus frutos. do cone sul a evitar. A FIFA percebeu que organizar um Mundial em solo colombiano seria um problema e entregou Maturana montou a sua equipa num 4-4-2 convencional mas


dotou-lhe daquilo que faltava ao futebol colombiano: pressão alta, velocidade e defesa zonal, apostando sobretudo num meio-campo de médios talentosos e em avançados móveis. Um esquema inspirado nos ritmos caribenhos do país e que no campo se transformou numa combinação vencedora. O Atletico venceu a liga em 1988 e no ano seguinte tornou-se no primeiro clube colombiano a vencer a Libertadores ao bater na final o Olimpia de Assuncion por penaltys, depois de perder a primeira mão no Paraguai por 2-0. O sucesso foi tal que Escobar financiou, do seu próprio bolso, a preparação da selecção colombiana para o Mundial de 1990 em Itália. E forçou a nomeação de Maturana como seleccionador do país. Uma decisão que se provou, uma vez mais, acertada Da surpresa do Itália 90 à morte de Escobar Os colombianos chegaram a Itália sem criar grande expectativa. Mas depois de uma brilhante primeira-fase, que incluiu um empate com a futura campeã, a Alemanha de Mathaus e Klinsmann, a equipa tornou-se numa das favoritas do público. No duelo contra outra surpresa, os Camarões, o erro de Higuita, o polémico guarda-redes do, anulou o brilhante trabalho colectivo de Valderrama, Aprilla, Mendozo, Perea e Rincón. A equipa acabou por perder por 2-0 mas as sementes estavam lançadas e na fase de qualificação para o seguinte torneio chegou a noite mais memorável da história do país. Uma goleada por 5-0 à Argentina em Bogotá que não só obrigou os argentinos a disputar um play-off como transformou os colombianos num dos favoritos para brilhar nos Estados Unidos. Mas tal como a era do controlo dos carteis começava a dar os seus últimos passos, no futebol colombiano, também este seria o inicio do ocaso da selecção do país. Entre ambos os Mundiais os clubes colombianos voltaram a ser ultrapassados em protagonismo nas provas continentais. Os carteis descobriram na venda de jogadores para a Europa um novo filão e rapidamente as grandes promessas do país

abandonaram a liga. As mortes continuaram a um ritmo imparável. Árbitros, jogadores e dirigentes eram alvos preferenciais. Em 1993 o próprio barão da droga em pessoa, Pablo Escobar, foi abatido. Era o principio do fim, o descontrolo tinha-se tornado absoluto. Durante a preparação para o Mundial a selecção foi tratada pela imprensa sul-americana como a grande esperança do continente. Os senhores da droga apostaram fortunas numa boa campanha dos “cafeteros”. Mas os resultados não acompanharam. Maturana voltou ao cargo que o tornou célebre a nível mundial e a equipa apresentava ainda mais estrelas do que em 1990. A derrota inaugural com a Roménia foi uma surpresa mas foi o jogo com os anfitriões, os Estados Unidos, que despoletou o fim da era dourada do futebol colombiano. Um auto-golo de Pablo Escobar, central do Atlético de Medellin, aos 35 minutos, abriu caminho para a vitória americana. Os colombianos precisavam agora de um milagre para seguir em frente. Mas o milagre não aconteceu e os favoritos voltaram para casa debaixo de um coro de insultos. Dias depois de aterrar em Bogotá, Escobar foi assassinado sem piedade por um dos carteis de droga que mais dinheiro tinha investido numa vitória colombiana no torneio. Era só mais um para os colombianos mas para o resto do Mundo, até então bastante passivo face à realidade do país, tornou-se um simbolo do quão perigoso o futebol sul-americano se estava a tornar.


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“O futebol é um jogo imprevisível porque sempre começa 0-0“ Vujadin Boskov

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“A SIDA é como um cartão vermelho mostrado por Deus” Rabat Madjer, ex-jogador do FC Porto

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SAMURAIS ALEMテウS


REPORTAGEM


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ão há nenhuma liga europeia onde a presença de jogadores japoneses seja tão evidente. A Bundesliga transformou-se na porta de entrada dos emergente futebolísticas nipónicos nos palcos europeus. Uma tradição que remonta aos anos 70. Agora são nove, os samurais que deixam prova do seu valor na liga germânica. Com o resto da Europa bem atenta. Okudera, o pioneiro Yasuhiko Okudera é o primeiro nome próprio de uma longa história de amor entre o futebol alemão e japonês. Depois dele, quinze outros compatriotas atravessaram meio mundo para brilhar no futebol teutónico. O médio nipónico foi o primeiro emigrante futebolístico do seu país. Nos anos 70 o futebol ainda era um desporto de minorias no Japão, muito atrás da popularidade do baseball americano ou das provas motorizadas que envolviam os grandes constructores do país. Não existia uma liga profissional, o fenómeno Captain Tsubasa ainda não tinha conquistado a juventude e por isso a chegada de Okudera à Alemanha passou relativamente desapercebida para a maioria da população nipónica. Hoje, olhando em retrospectiva, foi uma mudança de uma importância fundamental na aproximação do futebol asiático ao europeu.

e na época seguinte tornou-se no primeiro futebolista asiático a marcar numa prova europeia, na meia-final da Taça dos Campeões que a sua equipa acabaria por perder contra o Nottingham Forrest. Depois da sua etapa no FC Koln ter terminado, o japonês tornou-se num dos jogadores mais populares do Werder Bremen de Otto Rehagel, com quem chegou por três vezes consecutivas ao sub-campeonato alemão nos anos seguintes. Quando voltou ao Japão, em 1986, não era só uma estrela local. Era também o exemplo a seguir para muitos clubes alemães que começaram a olhar para o mercado asiático com outros olhos. A chegada do sul-coreano Bum Kum Cha ao Eintracht Frankfurt foi o melhor dos exemplos. Mas seria o Japão o país a quem os alemães olhariam sempre com interesse no futuro. E nunca tanto como agora. Os nove samurais No arranque desta edição da Bundesliga há um número recorde de futebolistas nipónicos na competição. Nove.

Apesar da saída de Shinji Kagawa, do Borussia Dortmund para o Manchester United, a legião de japoneses não só aumentou em tamanho mas também em categoria. Aos clubes da Bundesliga não chegam apenas jovens promessas e jogadores importantes para explorar Okudera transformou-se numa das o mercado asiático. grandes estrelas da excelente equipa do FC Koln do final da década de 70 Os clubes contratam, sobretudo, atletas e rapidamente deixou de ser uma com uma projecção considerável, atracção original para os adeptos para futuras estrelas do futebol internacional ser um dos jogadores mais influentes que procuram seguir os mesmos da equipa orientada pelo mítico passos de Kagawa, aparentemente Heinnes Weisweiller, o técnico que tinha desconhecido quando se estreou ao descoberto Netzer e Simonsen na sua serviço do Dortmund e hoje símbolo primeira etapa ao serviço do Borussia máximo do futebol asiático no resto do Monchengladbach. No seu primeiro ano Mundo. como profissional venceu a Bundesliga


REPORTAGEM

Takashi Inui, Hiroshi Kyiotake, Takashi Usami, Hiroki e Gotuko Sakai, Hajime Hosagai, Shinji Okazaki, Atsutu Uchida, Masoko Hasebe. Nomes próprios desta frutuosa relação futebolística que tem servido, sobretudo, para aumentar ainda mais a projecção internacional do futebol japonês no Mundo.

Gamba Osaka. As sensação foram tão boas que o jogador acabou por ser contratado e está agora emprestado, na sua primeira temporada completa, ao Hoffenheim.

Outra das revelações desta época joga no FC Nuremberg. Com 22 anos, Hiroshi Kyiotake chegou esta ano ao futebol alemão e já deixou Inui deu nas vistas ao serviço do Bochum, o seu impacto nas primeiras jornadas. Faz na segunda divisão do futebol alemão, e parte de uma nova geração de talentos à qual hoje é figura nuclear na estratégia de um pertencem também os irmãos Sakai. Eintracht Frankfurt que disputa a liderança da Bundesliga com o todo poderoso Bayern Entre as novas gerações e os veteranos Munchen. No clube bávaro, no meio de tantas Hiroki Sakai é um laterais com maior projecção estrelas, encontramos Takashi Usami. Em do Hannover 96 e o seu irmão, um ano 2011 o clube consegui o seu empréstimo ao mais novo, Gotuko Sakai joga actualmente


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por empréstimo no Stuttgart. Ambos são internacionais por um país que nas últimas olimpiadas surpreendeu com a sua campanha que lhes permitiu chegar até à medalha de bronze. Hajime Hosagai é outro internacional nipónico que deu nas vistas ao serviço do FC Augsburg, equipa recém-promovida à Bundesliga. Emprestado pelo Bayer Leverkusen, a sua performance convenceu Rudi Voller, director técnico dos homens de Leverkusen a recuperá-lo para fazer parte do plantel para esta temporada. Com 26 anos, está em plena maturidade futebolística, tal como Shinji Okazaki, médio ofensivo do Stuttgart e um dos mais consagrados jogadores asiáticos da actualidade. Ao seu lado, a popularidade do futebol alemão no Japão cresceu também com as exibições de Atsutu Uchida, lateral do Schalke 04 que despontou há duas temporadas ao serviço do clube azul de Gelsenkirchen. E, sobretudo, de Makoto Hasabe, jogador do Wolfsburg, e um dos capitães da selecção japonesa. Jogadores que chegaram ao campeonato alemão como perfeitos conhecidos e que se estabeleceram como figuras de proa das suas equipas, abrindo ainda mais a porta para a chegada de novas promessas. Mercado preferencial Nos últimos anos os clubes da Bundesliga tornaram-se numa das referências mundiais em gestão desportiva. A liga renovou-se a princípios da década passada, os adeptos aderiram aos novos estádios - construídos e renovados para o Mundial de 2006 – sobretudo porque os preços tornaram-se cada vez

mais acessíveis. E os clubes começaram a seguir modelos de gestão mais sustentável. O exemplo da falência do Borussia Dortmund serviu como alerta para todos. Um dos elementos preponderantes na gestão foi a aposta na formação local e a procura de mercados emergentes onde os jogadores fossem mais baratos e com maior projecção de futuro. Aos torneios de países vizinhos do centro e leste da Europa juntou-se um crescente interesse no mercado asiático. O sucesso de Kagawa tornou-se no pretexto ideal para os directores desportivos olharem finalmente para os jogadores japoneses da J-League mais como uma grande valia desportiva e menos como um efeito de marketing imediato. A pouco e pouco os principais clubes alemães vão mantendo um olho atento às ligas japonesa e coreana, e o sucesso das duas nações nos últimos Jogos Olímpicos parece dar-lhes razão. Dos nove jogadores que actuam actualmente na Bundesliga, oito são internacionais absolutos e cinco estiveram em Londres 2012. Se o futuro lhes pertence, os clubes alemães querem seguramente desfrutar dos seus melhores anos desportivos antes de os transformar em negócios rentáveis para ligas onde se movem quantias de dinheiro que à muito que a Bundesliga desistiu de tentar acompanhar.


INGLATERRA - PREMIER LEAGUE Tiago Soares Fotos: AP

No sábado, e na ressaca do empate com o B. Dortmund para a Champions League, o campeão inglês Manchester City venceu o Sunderland por três golos sem resposta. O jogo começou bem para os “citizens” com um golaço de livre de Kolarov logo aos cinco minutos e que parecia prenunciar uma primeira parte emotiva. Longe da verdade, só na segunda parte (e após a entrada de “Kun” Aguero) surgiram mais bons momentos – o segundo golo do City foi marcado por Aguero apenas quatro minutos depois de ter entrado em campo (aos 60) e o terceiro por James Milner, em mais um livre directo em que se fica com a ideia de que a defesa podia ter feito melhor. O campeão europeu em título, o Chelsea, venceu em casa o Norwich por 4-1, mas não se livrou de um susto inicial quando os “ca-

nários” inauguraram o marcador aos 11 minutos por Holt, num golo de belo entendimento do ataque dos visitantes. No entanto, quem tem uma equipa cheia de estrelas tem soluções para quase todos os jogos – e Torres, passado três minutos, mostrou como podia ser fácil a tarefa dos londrinos caso fizessem bem as coisas, alcançando o empate com um golo de cabeça no meio dos centrais. A partir daí, foi um “massacre”, com Lampard a dar a volta ao resultado (2-1 aos 22 minutos) e com Mata a criar o golo de Hazard num contra-ataque rápido (3-1, 31 minutos) e a assistir (apesar de parecer involuntariamente) para o golo de Ivanovic. 4-1 aos 76 minutos e um “stroll in the park” para os “blues”, que continuam em primeiro na Premier League com quatro pontos de avanço sobre o segundo classificado.


INTERNACIONAL

O Manchester United teve um jogo bem mais difícil do que o resultado (3-0) traduz. No entanto, aos 15 minutos já vencia em Newcastle por 2-0. Johny Evans e Evra fizeram o mesmo em dois cantos: marcaram golos de cabeça a uma defesa aparentemente apática da equipa da casa, mas a verdade é que a partida foi sempre emotiva e teve lances extremamente duvidosos (quase sempre a prejudicar a equipa da casa). Aos 51 minutos, o caso do jogo: a bola passa ou não passa a linha de baliza num cabeceamento de Cissé? Mais uma vez, o debate da tecnologia no auxílio da tarefa dos árbitros nestes casos vem ao de cima. Empurrado por um público extraordinário, que faz corar de vergonha muitas claques e públicos de outros jogos e países, o Newcastle tentou dar a volta ao marcador, mas foi impossível face à excelente exibição da defesa do United. O 3-0 chegou por Cleverley,

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aos 71 minutos, num cruzamento-remate que foi mesmo ao ângulo da baliza do Newcastle e acabou com o jogo. O Arsenal venceu o West Ham (3-1) num derby londrino que até nem começou bem para os “gunners” (golo de Diamé aos 21 minutos), mas que Giroud, Walcott e Cazorla (e que golo este último!) conseguiram inverter. O Everton empatou fora (2-2) com o Wigan, enquanto que o Tottenham de Villas-Boas teve um jogo difícil com o Aston Villa: Bent desbloqueou o marcador aos 58 minutos (num golo com um ressalto estranho em Caulker) e Lennon fez, aos 67 minutos, o 2-0 num belo remate após um “um-contra-um” com o defesa adversário.


ITÁLIA - SERIE A Tiago Soares Fotos: AP

A Juventus, campeã em título, foi vencer o Siena, de Luís Neto, recentemente chamado por Paulo Bento à Selecção Nacional, por 2-1. A equipa “bianconera” marcou primeiro, por Pirlo, num livre em que a bola passou por baixo de uma barreira em que todos os jogadores saltaram.. Definir este livre numa palavra é fácil: classe. Calaió marcou o golo do empate mesmo no fim da primeira parte, mas a Juventus chegou ao 2-1 com um golo aos 85 minutos de Marchisio. Impressionante a regularidade da “Vecchia Signora” que, mesmo não tendo feito um grande jogo e apesar das queixas do Siena da arbitragem, conseguiu quebrar a muralha da equipa adversária já nos últimos cinco minutos do encontro. Como diz o ditado, “a sorte protege os audazes” e a equipa de Turim mantém a liderança ex-aqueo com o surpreendente Nápoles.

O Nápoles venceu por 2-1 a Udinese, tendo chegado à vantagem com um golo de Hamsik após uma bela jogada de entendimento na qual se inclui um belo toque de calcanhar de Cavani. Pinzi empatou para Udinese aos 43 e, a fechar a primeira parte, Pandev deu vantagem aos “partenopei” com um golo de belo efeito, rodando na área e rematando ao canto inferior esquerdo da baliza da equipa de Udine. A segunda parte foi menos emotiva e menos bem jogada e o resultado não sofreu alterações. No jogo grande da jornada, o “Derby della Madonnina”, Milan e Inter defrontaram-se para ver qual deles conseguiria dar o pontapé na crise. Com efeito, ambas as equipas começaram mal a época e queriam dar a volta neste jogo contra o grande rival da mesma cidade. E a “sorte” sorriu ao Inter. Neste


INTERNACIONAL

caso, nem foi bem sorte – foi falta de arte dos jogadores do AC Milan que, mesmo a jogar contra dez quase toda a segunda parte (expulsão de Nagatomo), não foram capazes de reagir ao golo de Walter Samuel aos três (!) minutos. Desperdícios incríveis dos jogadores rossoneri, liderados por Boateng e Bojan, que não permitiram ao Milan sequer salvar um ponto deste derby de sentido único. Mesmo na primeira parte as melhores oportunidades pertenceram à equipa do AC Milan (teve inclusivamente um golo bem anulado), mas tudo acontece a esta equipa. Os “nerazurri” seguraram estes três preciosos pontos e venceram o derby mais aguardado em Itália com a ajuda dos nossos bem conhecidos Álvaro Pereira e Guarín. A Lazio foi vencer o Pescara por 3-0 com um

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golo do inevitável Hernanes (um golo fantástico de livre directo) e dois de Klose (um deles sentando o guarda-redes antes de introduzir a bola na baliza e o outro de cabeça), todos eles marcados logo na primeira parte. Por fim, realce para a derrota da Sampdoria (que tão boa conta tem dado de si neste início de época) por 2-1 com o Chievo, bem como para a vitória da Roma por 2-0, em casa, com a Atalanta.


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FRANÇA - LIGUE 1 Tiago Soares Fotos: AP

O campeão Montpellier foi novamente derrotado – desta vez em casa, pelo Evian. A equipa visitante adiantou-se no marcador à passagem da meia-hora com um golo de Khelifa (após distracção do meio-campo da equipa campeã), mas Estrada (com um livre de muito longe que acaba por não tocar em ninguém) e Camara (de cabeça, em posição duvidosa) deram a volta ao marcador ainda na primeira parte. No entanto, na segunda parte, Khelifa marcou um golo espectacular aos 61 minutos para empatar a partida e, já aos 88 minutos, completou o hattrick numa jogada individual de grande qualidade. Mais uma desilusão para os adeptos do Montpellier. Marselha e Paris SG, primeiro e segundo classificados, defrontaram-se no jogo grande desta jornada. E, num golo cheio de emoções, os pontos repartiram-se por ambos os conjuntos. Gignac inaugurou o marcador numa jogada que já parecia que não iria dar nada – mas o avançado gaulês “inventou” um remate colocado e o guarda-redes parisiense não foi capaz de o suster. Depois.. Bem, depois veio o show Zlatan. O golo do empate é simplesmente sublime, não se pode descrever. Vejam, revejam e vibrem por podermos ver golos destes de um jogador muito, muito acima da média. Aos 25 minutos, num livre de muito longe, de novo foi Zlatan a fazer a diferença para o Paris Saint-Germain. Um golaço do sueco.

Mas Gignac não quis que o sueco fosse a única figura do jogo e também bisou, aos 31 minutos, num belo cabeceamento a dar seguimento a um canto. O resultado não sofreu alterações na segunda parte, apesar de ter sido um jogo emotivo como é apanágio dos encontros destas duas equipas. Com este resultado final, mantém-se a diferença de três pontos entre ambos – bom prenúncio para este sempre competitivo campeonato francês. O Lyon empatou a uma bola na deslocação ao reduto do Lorient. Gomis colocou a equipa de Lyon à frente do marcador aos 23 minutos a culminar uma jogada bem congeminada pela equipa lionesa, já depois de várias ocasiões perdidas e por um ascendente claro dos visitantes. Aladiére empatou para o Lorient aos 47 minutos, resultado que se manteve até ao final apesar das investidas do Lyon para tentar levar os três pontos. Nos outros jogos, destaque para a bela exibição do St. Etiénne contra o Nancy – ao fim de 25 minutos estava a ganhar 4-0, resultado final. Dois golos de Brandao (ex-Marselha) e uma grande exibição de Aubameyang deram a vitória aos “verts”.


09/10/12

“Pisa-o, pisa-o! Ao inimigo nem água“ Bilardo, ex-treinador

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ALEMANHA - BUNDESLIGA Tiago Soares Fotos: AP

Com sete vitórias em sete jogos, o Bayern Munique continua a passear na Bundesliga. Desta vez a “vítima” foi o Hoffenheim e o “carrasco” dá pelo nome de Ribery que, com dois golos, deu expressão do domínio da equipa bávara sobre o adversário. O primeiro golo, aos 18 minutos, vem de um ângulo muito difícil (e conta com uma ligeira contribuição do guarda-redes) e, já na segunda parte, aos 47 minutos, um golo de belo efeito do internacional francês selou o triunfo do clube líder alemão. O Eintrach Frankfurt parece estar a “perder o gás” e foi derrotado, pela primeira vez esta época, pelo Borussia Munchengladbach (2-0). Arango e Jong marcaram os dois golos, ainda na primeira parte, da equipa com o nome mais impronunciável da Bundesliga e deram uma machadada nas aspirações da equipa-revelação para continuar a sua invencibilidade. Nem uma segunda parte a atacar (mais com o coração do que com a cabeça, diga-se) deu frutos para a equipa de Frankfurt, que se mantém, no entanto, no segundo lugar da liga teutónica. O Dortmund está a fazer um início de época aquém

do esperado e deixou-se empatar em Hannover contra a equipa local. O Borussia até começou melhor, dominador e mandão, marcando mesmo aos 25 minutos por intermédio de Lewandowski. Aliás, até aos 75 minutos, a equipa campeã alemã esteve sempre no controlo das operações – mas, a partir daí, a equipa da casa começou a aproximar-se com cada vez mais perigo da baliza do Dortmund até que, aos 85, Diouf marcou mesmo após uma jogada um pouco confusa e na qual parece até haver um pénalti antes do golo propriamente dito. A equipa actual campeã alemã parece não estar à altura do acontecimento para dar luta ao Bayern, que parece pronto para um passeio na liga alemã. Destaque ainda para a vitória do Schalke 04 (3-0 sobre o Wolfsburgo de Diego Benaglio), que tem vindo a fazer uma campanha interessante e se colou agora aos primeiros lugares.


09/10/12


MIÚDO MARAVILHA

ERIK LAMELA Texto: Pedro Martins Fotos: google.com

O Futebol é considerado por muitos uma arte, e é nesse contexto que Erik Lamela deslumbra com o seu “Tango”. Nascido em Buenos Aires, Argentina, este jovem talento começou nas camadas jovens do mundialmente conhecido River Plate. Fez toda a sua formação no clube até que com 18 anos fez a sua estrei pela equipa principal, alcançando o seu primeiro golo na época de 2010/2011, e foi na época seguinte onde se afirmou como jogador titularíssimo do clube realizando 34 jogos, 4 golos e 3 assistências, sempre com exibições vistosas e consistentes. Essas exibições de qualidade foram motivo da sua chamada à selecção “Celeste” sub20, sendo o mais evidenciado na sua participação no Mundial sub 20 com 4 golos. Toda esta consistência de exibições e deslumbre de classe despertou o interesse de entre outros, o A.S.Roma que o contratou por 12 milhões de euros e onde já ganhou o seu lugar na equipa titular disputando 31 jogos onde fez 6 assistências e 6 golos na sempre dura e difícil liga Italiana. Nessa época de 2011/2012 foi o melhor da sua selecção sub 20, contratado pela poderosa Roma e estreou-se pela selecção principal da Argentina. Lamela, apesar de poder jogar nas linhas devido à sua velocidade e agilidade, é um número dez de raiz, mas não um 10 tradicional argentino, pois alem de ser possante fisicamente, é um jogador de enorme simplicidade na hora de tocar a bola sem grandes adereços, optando sempre por ser o mais objectivo e consequente possível. Possui um toque de bola de classe, com bom drible curto, imprevisível no um para um, sempre a desenhar o ataque da sua equipa onde a sua especialidade é o ultimo passe colocando muitas vezes os seus colegas na cara do golo, é um organizador nato, equilibrando a sua equipa com os seus movimentos e capacidade física, incansável. Possui um pé esquerdo de requinte, com grande capacidade de remate que prepara com rapidez e em pouco espaço surgindo muitas vezes na área para finalizar e exímio na marcação de bolas paradas o que o torna ainda mais influente no sucesso da sua equipa. Um verdadeiro artista Argentino, que “dança” e faz “dançar”, Erik Lamela um miúdo maravilha do hoje para o amanhã.


09/10/12

“Árbitro, piso pescoço” Hristo Stoichkov

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EDITORIAL

INTERNET

Coordenação: Carlos Maciel e Ricardo Sacramento Editor Chefe: João Sacramento Direcção de arte e maquetização: Carlos Maciel Redação: Tiago Soares, João Sacramento, Tiago Jordão, Pedro Martins, Bruno Gonçalves, Ricardo Sacramento, Nelson Souso, Carlos Maciel, Nuno Pereira, Francisco Baião, José Lopes, Pedro Vinagreiro Publicidade: Ricardo Sacramento

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