Cosmogolé - Edição 2

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cosmogolé edição 2

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So nao venha com meu louro...


o dúvida nenhuma de que Queridos leitores, não tenh e não precisam si de a nt co ar m to m be sa os senhores al lugar é perigoso. qu ou l ta e qu o nd ze di m de ningué já que ninguém sabe , do ida cu r te m ve de e qu Nem di reito onde é a saída.

Não estão entendendo? Vejamos: que todo labirint o que se preze é do mesmo jeito, misterioso e escuro, fascinan te e revelador, isso vocês já sabem. E que, apesar disso, não há como resistir a ele também não é novidade. Sendo assim, nada posso fazer para impedi-los de seguir em fren te, mesmo temendo por sua segurança. Só o que resta a este velho editor é tornar a jornada mais proveitosa, divertida e eng raçada.


E é por isso que a Cosmogolé número 2 traz um guia completo, em texto e vídeo, de um passeio pelo jardim tropical criado pelo artista plástico Hélio Oiticica em 1967 – onde, além de um labirinto misterioso, é possível conversar com papagaios que não falam, pisar na areia fofa sem sapato e visitar uma casa sem janelas que nos faz olhar o mundo de uma forma diferente. A verdade, meus amigos, é que não pude pensar em rimas neste segundo número da Cosmogolé, pois tamanha era minha preocupação com as surpresas da nossa jornada que não achei nada que rimasse bem com “sejam cautelosos e voltem inteiros para a próxima edição”. Boa viagem!


Cosmogolé é Pesquisa, redação e edição Beatriz Antunes Produção editorial Lara Alcadipani Direção de arte Jader Rosa e Liane Iwahashi Projeto gráfico Liane Iwahashi Ilustrações Paulo Ito Revisão Polyana Lima Colaboração André Seiti Edison Forlenza Estevan Pelli Apresentação do Conexão Cosmogolé Taciane Glasberg Apoio Núcleos de Artes Visuais, Comunicação, Audiovisual e Educação Cultural do Instituto Itaú Cultural

Mas nAo seria sem... A colaboração preciosa de Paula Braga, pesquisadora da obra de Hélio Oiticica e autora do texto “Fim do labirinto. E agora?” Renato Severi Costa, zootécnico responsável pelas aves expostas na obra Tropicália e consultor para as informações sobre os papagaios que usamos nesta edição Paula Falco, produtora de eventos responsável pela manutenção do Tropicália e pelas informações sobre a montagem da obra para esta edição


i u q a e h c A rtas De portas adbee

n [O que são e o netráveis de Pe s encontrar o .6 Hélio Oiticica] p

Especial: Guia Tropicalia

[Um raio X repleto de curiosidades e mistérios da obra mais famosa de Hélio Oiticica] p. 8

Conexao Cosmogolé rumo ao Labirinto Tropicalal da

rn [Assista ao segundo jo incrível a Cosmogolé e confira rter ao jornada de nossa repó o] p. 12 centro de um labirint

Linha do tem po

[Ou os senho res pensam que vão embo ra sem saber o que se passo u de 1967 a 1970? Nada dis so!] p. 14

Fim do labirinto. E agora? [No final do caminho, o monstro ou o tesouro] p. 16


De portas abertas Para saber o que é um Penetrável, é preciso passear por dentro dele

Depois dos Parangolés, os Penetraveis

Até onde acompanhamos o trabalho de Hélio na revista passada – quem se lembra em que ano a gente parou? –, as cores tinham sido libertadas dos quadros e estavam sambando por aí, mergulhadas nos Parangolés. Alguns anos depois, Hélio percebeu que era possível ir ainda mais longe. Era preciso construir um espaço no qual as cores tomassem conta de tudo, estivessem por todos os lados. Ali dentro, pensou ele, todos poderiam sentir na pele o que antes só percebiam com os olhos. Em vez de ver as cores, as pessoas poderiam passar por elas. E o nome de Penetráveis dado a esses espaços foi bastante adequado, não acham?

De onde vem esse nome?

Do verbo “penetrar”, que é a mesma coisa que atravessar, passar de um lugar para o outro. Os Penetráveis são construções parecidas com casinhas, nas quais você pode entrar e sair, como se estivesse caminhando.

Liberdade de ir e vir

Na época em que os primeiros Penetráveis começaram a ser construídos, o Brasil vivia momentos difíceis. As pessoas não podiam dizer o que pensavam, nem mesmo frequentar os lugares que quisessem sem a permissão do governo, que estava sendo controlado pelos militares. Assim, um passeio por dentro de um Penetrável era mais do que uma simples visita a uma exposição de arte. Era também uma forma de experimentar a liberdade de ir e vir.

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Fotos: Edouard Fraipont

Rijanviera. Entre descalço porque tem água correndo no chão

Visite os Penetraveis

Durante a exposição Hélio Oiticica – Museu É o Mundo, vários Penetráveis estarão abertos à visitação, alguns, inclusive, montados ao ar livre. Confira:

Macaléia. Não é só você quem penetra

nesta obra, a luz também entra, e por todos os lados!

Penetrável da Gal – Itaú Cultural [Avenida Paulista, 149 – Paraíso] Rijanviera – Pinacoteca do Estado [Praça da Luz, 2] Macaléia – Casa das Rosas [Avenida Paulista, 37 – Paraíso] A Invenção da Luz – Parque Mário Covas [Avenida Paulista, 1853 – Jardim Paulista]

A Invenção da Luz. Um labirinto

branco onde quem inventa a cor é você.

Nas Quebradas – Teatro Oficina [Rua Jaceguai, 520 – Bexiga] Tropicália – Itaú Cultural [Avenida Paulista, 149 – Paraíso] PN14 “Map” – Parque do Ibirapuera [Avenida Pedro Álvares Cabral – Portão 3] Rhodislândia – Itaú Cultural [Avenida Paulista, 149 – Paraíso]

Nas Quebradas.

Como nas andanças de Hélio pelas favelas, você passeia por dentro de um barraco improvisado.

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Tropicália

Um jardim tropical

fi São muitas as definições da mais famosa obra de Hélio Oiticica. Mas o que importa é a experiência que vivemos dentro dela. Vamos passear pelo Tropicália?

Papagaios de verdade

Para criar um ambiente com a cara do Brasil, duas aves tropicais foram postas bem no começo do passeio. A gaiola delas é espaçosa e, enquanto você dá uma voltinha, elas ficam ali mastigando milho, bicando um tronquinho, dando aquela vocalizada*, satisfeitas.

Ecletus coratus é seu nome científico, mas pode chamá-las de papagaio.

Todos os dias, elas recebem a visita de um veterinário, que examina sua saúde e serve o café da manhã: ração especial e uma mistura de legumes, frutas e grãos. Hum!

Só puderam participar da exposição os papagaios machos. As fêmeas dessa espécie têm as penas vermelhas, e por isso não se parecem tanto com um papagaio comum.

Um Ecletus pode viver até 60 anos! Mas os papagaios artistas da exposição são mais novinhos: um tem apenas 1 ano e 1 mês e o outro só 7 meses.

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Como a exposição não abre às segundasfeiras, as aves dormem fora nesse dia. Aproveitam a folga para descansar do vaivém do público. E quando voltam na terça de manhã são pesadas para saber se estão bem.


Nao é jardim! É labirinto.

Como assim labirinto? É um penetravel.

Pene... o que? O nome é ins-tala-cao!

Afe...

Pé no chao

Se quiser, você pode andar descalço por esse caminho de areia e pedrinhas. Hélio fez esse percurso para lembrar as pessoas de como é gostoso caminhar por aí, sentir a areia no pé...

Foram usados 4 metros cúbicos de areia no jardim, o equivalente a 2 mil garrafas PET. Quase daria pra construir uma praia!

Apesar de grandes artistas, esses papagaios não aprendem a imitar a fala humana com a mesma facilidade que os papagaios comuns. O aparelho vocálico deles não é muito apropriado para isso, o que gostam mesmo é de vocalizar!

*Vocalizar é botar a boca no mundo, cantar bem alto, dar aquele grito. Pela manhã e no fim do dia, os papagaios (como todas as aves) vocalizam bastante.

$#@&*%! Todo dia a areia e as pedrinhas que são levadas pelo vento ou espalhadas pelos pés dos visitantes são varridas por uma equipe de limpeza.

Embaixo de toda essa areia, tem um carpete impermeável, pra não estragar o piso.

Sempre que necessário, um novo carregamento de areia é trazido. Ela chega de caminhão, depois é ensacada e levada em carrinhos de mão até o jardim, onde é espalhada no chão.

Ecletus e Papagaio não são nomes muito adequados para dois artista s... Vamos batizar esses dois papagaios? Escrev a para participe@ itaucultural.org.br e dê sua sug estão!

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Penetravel Bem, o porquê de penetrável você já aprendeu; e colorida é pra se maravilhar. Assim é essa casinha fi bem no meio do Tropicália. que fica Basta entrar ali pra tomar um verdadeiro choque de cor!

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e

colorida


Mistéééééééééério... Chegamos ao fim do jardim mais tropical no qual qualquer trópico já tropicou. Acontece que agora uma surpresa nos espera. Nessa casinha de aparência inofensiva reside um... não sei como dizer, uma... Bem, não esperem os senhores que a revista vá dar de bandeja a resposta para o maior mistério de toda a exposição. Façam o favor de ir até o final do labirinto e descobrir se é bom ou ruim, se dá muito ou nenhum medo o que tem ali. Sinceramente não é fácil para um editor da minha idade olhar nos olhos de uma ______ e dizer “olá, dona _______”, “como vai o seu trabalho como ________?”. Sigam o labirinto e descubram vocês mesmos.

Complete a riminha Mamãe, o que é um pirulito? É uma _________ espetada num palito. Mamãe, como é o Tropicália? É um jardim, um labirinto e __________. Dica: Não tem resposta certa!

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...aproveitando a passagem dos senhores por esta página, gostaria de lhes informar que mais um

Está no ar

conexãocosmogolé o jornal que se perdeu no labirinto mas voltou correndo porque já estava na hora de almoçar.

Antes de continuar rumando sozinhos para o desconhecido, peço aos senhores que assistam ao vídeo gravado por nossa equipe jornalística dentro das alamedas e curvas do Labirinto Tropical. Pode ser bastante instrutivo...

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o Não viu ídeo? v primei ro ui! Clica aq

Quer ver os b astidores? Clica aqui!

Sou velho e sei bem que há espíritos rebeldes e destemidos que preferem encarar sem preparo a fria face do perigo. A esses só me resta desejar boa sorte e indicar o caminho de volta... ―>

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Opa, opa, opa! Onde é que vão os senhores correndo desse jeito? Não sabem que a pressa é inimiga da perfeição? Que quem corre cansa e quem espera alcança? Que come cru quem come quente? Pois então vamos interromper essa corrida e descobrir o que é que Hélio Oiticica andava pensando e fazendo quando inventou esse tal labirinto...

1967 Em abril, ele

mostra o Tropicália pela primeira vez ao pú blico. Os cariocas adoram a novidade: um labirin to cheio de planta se bichos em que a ge nte entra descalço? Va mos Foto: Edouard Fraipon lá! Essa empolgação t toda chega aos ou vidos de um moço ch amado Caetano Ve loso, que dois anos depois...

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1969

ideias de ado Tropicália. Eram as am ch o sc di um ça lan ... lo ar... lhando como música pe

Hélio se

espa

1970 a 1977

Lá se vai Hélio de novo pa ra os Estados Unidos. Em Nova York, ele inventa um tipo diferent e de obra de arte, feita não só para a pessoa vestir ou pe netrar. Os Ninhos eram feitos pa ra abrigar – dava até para dormir neles! a linha do tempo continu a na próxima edição, mas o lab irinto é por aqui ---------------------------------------------------------------------------------------->

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Fim do labirinto. E agora? Como em todo labirinto, aqui vive um monstro ou um tesouro. Televisão ligada é o quê? Só você pode dizer... Para Hélio Oiticica, eram duas coisas. Uma chuva de imagens que a gente não consegue mais parar de ver – um monstro que devora a nossa atenção – e também um mundo novo que enriquece a vida como um tesouro precioso. Na época em que construiu o Tropicália, em 1967, passava na tevê um programa de calouros muito maluco apresentado pelo Chacrinha, um palhaço que o Brasil adorava. Hélio não só o adorava como virou jurado desse programa!

! FuéFin uéin! Pois é. No fifinal de um labirinto, tem sempre uma história nova pra contar. Paula Braga, pesquisadora da obra de Hélio Oiticica.


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