PARKINSON: CIRURGIA TRAZ NOVA ESPERANÇA PARA PORTADORES DA DOENÇA
REABILITAÇÃO: CENTRO OFERECE ESTRUTURA COMPLETA PARA RECUPERAÇÃO
PUCRS
SETEMBRO DE 2018 Nº 29
REVISTA OFICIAL DO HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS
QUATRO DÉCADAS DE
cuidado UTI Neonatal do HSL celebra trajetória de sucesso
2 PA L AV R A DA D I R E Ç ÃO
EXPEDIENTE
Uma trajetória a ser festejada
HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS
Nesta edição, celebramos com felicidade os 40 anos da UTI
Superintendente: Dr. Sérgio de Vasconcellos Baldisserotto Superintendente Adjunto: Ir. Lauri Heck Diretora de Operações: Dr.ª Izar Müller Behs Diretor Técnico: Dr. Saulo Gomes Bornhorst Diretor Financeiro Interino: Ivo Moraes Cadaval Junior
Neonatal do Hospital São Lucas da PUCRS. Pioneira no país e reconhecida internacionalmente, nossa UTI Neonatal possui uma longa trajetória de excelência em ensino, pesquisa e assistência sob a inspiração de seu fundador, o médico neonatologista Prof. Dr. Renato Fiori. Ao longo de sua trajetória, várias gerações de neonatologistas foram formados em nosso serviço, muito conhecimento foi gerado através da pesquisa aqui desenvolvida, e, acima de tudo, muitas vidas foram salvas. Atualmente, liderando uma equipe de experientes
PUCRS SAÚDE Coordenadora de Marketing: Daiane Wolk Textos: Évelyn Centeno e Jeniffer Remião Caetano Fotógrafos: Bruno Todeschini e Camila Cunha Revisão: Irany Dias Arquivo fotográfico: Camila Paes Keppler e Márcia Sartori Impressão: Epecê-Gráfica Editoração eletrônica: Carolina Fillmann, por Design de Maria
e qualificados profissionais, o Dr. Humberto Fiori dá continuidade ao legado construído pelo pai com os desafios da qualificação e atualização contínuas. Saudamos, portanto, o trabalho de uma vida, executado com simplicidade, coerência e consistência pelo Dr. Renato e sua equipe. Na gestão do HSL, seguimos em um ritmo firme e contínuo de investimentos e melhorias em nosso hospital, sempre colocando o paciente no centro de nossas decisões e ações, para que a assistência expresse os valores maristas que guiam a nossa missão de promoção à vida. Desejo a todos uma boa leitura. FOTO: BRUNO TODESCHINI
A revista PUCRS Saúde é editada pela Assessoria de Comunicação e Marketing do Hospital São Lucas da PUCRS Avenida Ipiranga, 6.690 – 2º andar – CEP: 90.610-000 – Porto Alegre (RS) – Fone: (51) 3320-3445 – Fax: (51) 3320-3401 imprensa.hsl@pucrs.br www.hospitalsaolucas.pucrs.br
Prof. Dr. Sérgio Baldisserotto Superintendente
N E STA E D I Ç Ã O
E D I TO R I A L 3
De olho no futuro O Hospital São Lucas da PUCRS está em constante transformação, e a Revista
4 CAPA
PUCRS SAÚDE reflete esse desejo de olhar para o futuro. Com um novo layout, a reformulação da publicação pretende tornar o Hospital um disseminador de conteúdo relevante na área da saúde e qualidade de vida. Esta edição aborda o pioneirismo e a excelência
20 DIAGNÓSTICO
E TRATAMENTO
do trabalho desenvolvido há quatro décadas na UTI Neonatal da Instituição; a cirurgia de Parkinson, que traz esperança
2 4
Nesta Edição, Editorial e Palavra da Direção Capa Qualidade e carinho desde o berço
para os portadores da doença; e o Centro de Reabilitação, que oferece estrutura de ponta para a recuperação dos pacientes.
10
Entrevista Leveza no Olhar
12
Viva Melhor Colesterol: o inimigo do coração
14
Diagnóstico e Tratamento Nova esperança
a substituição de válvula aórtica
16
Pesquisa O perigo da pedra
uma entrevista com um relato
18
Diagnóstico e Tratamento Coração Renovado
bariátrica. Encante-se ainda com
20
Diagnóstico e Tratamento Bálsamo para as dores do corpo e da alma
Paliativos e com o projeto Clube
22
Viva Melhor Assistência integrada é o segredo do sucesso da reabilitação
as crianças internadas no Serviço
27
Voluntariado A arte do Desenho
30
Curtas
A publicação traz ainda matérias sobre a área cardíaca, falando sobre temas como colesterol e apenas com anestesia local, e sobre a vida após a cirurgia o trabalho da Equipe de Cuidados do Desenho, que diverte e distrai de Pediatria do Hospital. Boa leitura! Daiane Wolk Coordenadora de Marketing
4 C A PA
Qualidade e carinho desde o
berço UTI NEONATAL DO HSL COMEMORA 40 ANOS COM RESULTADOS DE EXCELÊNCIA E MAIS DE 30 MIL BEBÊS ATENDIDOS
O nascimento de um filho é um momento especial e inesquecível. São meses aguardando por esse instante único, mas nem sempre tudo corre como o planejado. Para esses casos, é essencial contar com uma estrutura completa e uma equipe capacitada para cuidar do seu bebê, aliando a melhor assistência e tecnologia de ponta com todo carinho que ele merece. Há 40 anos, você encontra tudo isso na UTI Neonatal do Hospital São Lucas da PUCRS. Uma das mais antigas do país, a unidade já atendeu mais de 30 mil bebês e tem os melhores resultados no que se refere à mortalidade e morbidade entre hospitais universitários de excelência do Brasil. Com estrutura inicial para atender 16 recém-nascidos, atualmente, conta com 33 leitos em um espaço de 700 metros quadrados localizado no 5º Andar da instituição, sendo referência em tratamento intensivo neonatal. Inaugurada em 1978, a UTI já passou por muitas mudanças até alcançar o patamar atual. A evolução do conhecimento na especialidade fez com que os tratamentos e a assistência oferecidos se desenvolvessem. Os profissionais perceberam a importância de entregar um atendimento integral, levando em conta fatores que afetam o futuro dessa criança, contribuindo para que ela atinja o máximo de suas potencialidades.
FOTO: BRUNO TODESCHINI
Chefe de Serviço da UTI Neonatal, Humberto Fiori, destaca a importância de reunir o carinho do contato familiar com a mais alta tecnologia
6 C A PA
FOTO: BRUNO TODESCHINI
Setor é referência em tratamento intensivo neonatal
Para atingir esse novo patamar
acomodar o filho no peito da mãe,
técnico, o HSL se modernizou com
e ajuda as crianças a adquirirem
o que existe de melhor na área. O
menos infecções, a mamarem por
setor conta com iluminação espe-
mais tempo e precocemente, além
cial, que, por intercalar períodos de
de favorecer a conexão afetiva.
VISANDO AUMENTAR A QUALIDADE E A SEGURANÇA, OS PROCESSOS SÃO CONSTANTEMENTE REVISADOS E REPENSADOS NA BUSCA DA EXCELÊNCIA”.
claro e escuro, torna o ambiente
“A nossa UTI neonatal sem-
mais adequado ao repouso, além
pre considerou a participação da
de outros aparelhos que trazem o
família fundamental como parte
que existe de mais moderno para
dos cuidados dos bebês, permi-
atender os pequenos pacientes.
tindo a presença quase ininter-
HUMBERTO FIORI, CHEFE DE SERVIÇO DA UTI NEONATAL
As remodelações feitas ao lon-
rupta dos pais e a visitas dos avós.
go dos anos levaram em conta, de
Esses conceitos foram incorpo-
forma especial, todas as questões
rados apenas recentemente nos
que envolvem a atenção à família,
esforços para humanização da
propiciando melhor acolhimento
assistência propostos pelo Minis-
e trazendo mais conforto em um
tério da Saúde, por não ser uma
momento de fragilidade para os
prática em muitas unidades ainda
pais. Um exemplo disso é a Sala
nos dias de hoje”, explica o Chefe
Canguru. A técnica consiste em
de Serviço, Humberto Fiori.
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O pioneirismo e a qualidade no atendimento são símbolos do
UTI NEONATAL: OS DIFERENCIAIS
sucesso do trabalho. Para seguir alcançando essas marcas, o grupo se mantém em um processo contínuo de atualização, examinando de maneira permanente suas práticas. “Visando aumentar a qualidade e segurança, as metodologias são constantemente
33
700
leitos
pacientes atendidos por ano
revisadas e repensadas na busca da excelência. Juntamente com o planejamento e construção do novo centro obstétrico, o Hospital São Lucas propiciará aos recém-nascidos e suas famílias um ambiente ainda mais seguro e agradável, preparado para acolhê-los no início da vida”, enfatiza Humberto.
Equipe experiente, qualificada e dedicada
Comprometimento com o bem-estar dos bebês e das famílias
FOTO: BRUNO TODESCHINI
Com estrutura inicial para atender 16 recém-nascidos, atualmente, conta com 33 leitos
8 C A PA
Histórias de emoção O cuidado e atenção ao paciente sempre foram uma marca na trajetória da Unidade. As paredes cobertas de fotos de crianças revelam o impacto que o atendimento diferenciado que essa equipe trouxe à história de tantas pessoas, como da família Seganfredo. O filho deles, Henrique, nasceu em 2 de outubro de 1979, nos primeiros anos de funcionamento da UTI, e, devido a uma série de complicações, passou quarenta e nove dias internado no local. Como muitas mães, Leonilda sofreu com cada obstáculo passado pelo filho e, por alguns instantes, pensou até que ele não conseguiria se salvar. No entanto, com a força da família e o empenho dos profissionais, Henrique conseguiu superar todas as dificuldades e sobreviveu. “Lembro que viajei para Porto Alegre no dia seis de novembro para visitar o menino no hospital. Quando cheguei, ele havia sido levado para uma avaliação. Percorremos os corredores, ávidos, até encontrar a sala e sentamos ali na espera, que parecia não ter fim. Após uma hora se abriu a porta e apareceram os médicos com o bebê nos braços. Ele estava sem nenhum aparelho, respirando livremente. Peguei ele pela primeira vez no colo e tive a certeza de que Deus havia operado um milagre. Nunca esqueço a equipe do Dr. Fiori e peço em minhas orações que Deus lhe dê muita saúde, vida longa e que a graça divina o cubra de bênçãos. Ele tem o nosso agradecimento, nossa gratidão e um lugar para sempre em nossos corações”, conta ela.
Com 700 metros quadrados, a área renovada possui iluminação especial, que intercala períodos de claro e escuro
Renato Fiori é um dos pioneiros na neonatologia brasileira
FOTO: RAMON FERNANDES
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O fundador Essa trajetória de excelência está diretamente ligada à história do neonatologista Renato Machado Fiori, fundador e responsável pelo serviço da UTI Neonatal do HSL em grande parte desse período. Sempre interessado no cuidado e no bem-estar dos recém-nascidos, em 1969, Fiori decidiu buscar no Children´s Hospital Medical Center, da Universidade de Harvard (Boston), o conhecimento na área que ainda era muito pouco evoluída no Brasil. Além do pioneirismo do lançamento, a Instituição gaúcha foi a primeira do Estado a usar respiradores neonatais e, na década de 1990, a utilizar surfactante pulmonar, medicação que veio salvar milhares de vidas de recém-nascidos prematuros. “Uma grande parte da comunidade portoalegrense deve lembrar-se de algum dos seus familiares atendidos nesta UTI neonatal ao longo desses 40 anos”, lembra Fiori.
FOTO: BRUNO TODESCHINI
1 0 E N T R E V I STA
FOTO: CAMILA CUNHA
Leveza no CONHEÇA A HISTÓRIA DE VERA REGINA BARTH MIGUELEZ E SAIBA COMO FUNCIONA O ATENDIMENTO DO CENTRO DA OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA DO HSL
olhar
Alegria, descontração e bom humor. Esses são alguns dos sentimen-
tos transmitidos por Vera Regina Barth Miguelez para quem a cerca. Com 64 anos, casada há 38 anos e mãe de 3 filhos, ela usa a animação e a força de vontade, aliados à disciplina e ao comprometimento, para vencer todos os obstáculos surgidos em seu caminho, marcado por mais de 20 cirurgias, entre mastectomia, retirada do útero e colocação de prótese no joelho. O Centro da Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) também faz parte dessa trajetória. Em 2005, com 94 kg, ela realizou a cirurgia da obesidade com o grupo. Treze anos depois, ela não só alcançou a meta de perda de peso estabelecida, como segue 6% abaixo dela e com qualidade de vida comprovada pelo belo sorriso no rosto. Conheça a sua história nessa entrevista concedida para a Revista PUCRS Saúde.
11
O que a trouxe ao COM?
cisa deixar de viver. A cirurgia é
disse: o senhor é meu ídolo, mas a
Eu não era uma obesa mórbi-
muito importante, pois, se tu pen-
sua equipe é toda assim. A gente
da, mas uma obesa com comor-
sas em chutar o balde, não vais
se sente respeitado. É muito triste
bidades. Eu perdi um rim e estava
conseguir. Se eu te disser que eu
ver as pessoas relatando o pre-
chegando em níveis elevados de
nunca mais comi um salgadinho,
conceito, o bullying, o deboche
diabetes e pressão alta. Essas con-
eu vou estar te mentindo. Eu não
que elas sofrem em um cinema.
dições são duas das maiores cau-
olho para um pudim e digo não
Então, quando tu chegas em uma
sas que fazem com que a gente
comerei. Nada disso acontece.
equipe que te respeita, é tudo de
perca a função renal. Como eu já
Só que tudo com parcimônia. É
bom. Eu fui atendida pelo SUS e
tinha um rim só, não podia correr
algo eventual. Eu já fiz mais de
recebi a mesma dignidade de to-
esse risco.
20 cirurgias na minha vida e, para
dos que fazem via particular ou
todas, sempre levei muito a sério
convênio. É algo especial e dife-
Como foi a sua trajetória até
a recomendação médica. Então,
renciado.
chegar aqui?
sempre fui muito precavida. Como os resultados influencia-
Na época, eu tinha um convênio e eles não aceitaram as
Qual a importância de contar
comorbidades como um motivo
com a assistência de uma equi-
Foi maravilhoso. Eu só tenho
justo. Eu fui até o COM avisar que
pe multidisciplinar como a do
um rim, tenho calculo nesse rim,
nem ia mais fazer os exames, e
COM?
já fiz litotripsia, mas o funciona-
ram a sua qualidade de vida?
a Rosane (secretária do Centro)
Eu acho fundamental. Conhe-
mento dele é maravilhoso. Eu
percebeu que eu estava bem
ço pessoas que fizeram o proce-
passei cinco anos sem medica-
chateada e me indicou procurar
dimento em outras equipes e que
ção para a pressão e depois eu
um posto de saúde. Ela foi funda-
não tomam nem complementa-
voltei a tomar, mas tomo o míni-
mental, me disse que ia demorar
ção de vitamina, que não fazem
mo necessário. É algo muito leve,
um pouco mais, mas quando eu
exames, que já engordaram no-
literalmente, para não ter muita
chegasse aqui a equipe seria a
vamente. É muito importante ter
alteração.
mesma. No dia seguinte, eu fui
essa equipe que te diz: isso aqui é
ao Posto Modelo e comecei o
uma ferramenta, sozinha ela não
O que a senhora diria para quem
processo com o clínico geral, que
vai resolver sua vida, você vai ter
tem medo de fazer a cirurgia?
me encaminhou para o gastroen-
que participar.
terologista. Fui atendida pelo es-
Eu diria para fazer com uma equipe multidisciplinar, como um
pecialista uns 10 meses depois e
A senhora foi atendida tanto
grupo confiável e para seguir as
em dois anos aconteceu o proce-
através dos convênios quan-
recomendações médicas. Faça
dimento. Eu fiz a cirurgia em uma
to pelo Sistema Único de Saú-
com responsabilidade, faça sa-
segunda-feira e fui para casa na
de. Como funcionaram os dois
bendo que não é só pela estética,
quinta.
atendimentos?
mas pela tua saúde. É necessário
Nota mil é pouco. Quando fui
um comprometimento contigo
A cirurgia provocou muitas al-
fazer a plástica de retirada do te-
mesma para o resto dos teus dias.
terações na sua vida?
cido do abdome, o Dr. Mottin apa-
A maneira de encarar é muito im-
Tu vais ter que mudar várias
receu na sala. Ele entrou e chorou
portante para alcançar um bom
coisas na tua vida, mas não pre-
junto comigo. Eu agradeci muito e
resultado.
FOTO: SHUTTERSTOCK
1 2 V I VA M E L H O R
Colesterol o inimigo do coração
ALTOS ÍNDICES DE GORDURA PODEM OCASIONAR ENTUPIMENTOS DAS ARTÉRIAS O número de pessoas com co-
realizar o teste a partir dos 10 anos
proteínas de alta densidade) e os
lesterol alto cresce cada vez mais
de idade”, explica o cardiologista
triglicerídeos. Essas lipoproteínas
no país. De acordo com estudos,
do Hospital São Lucas da PUCRS
são os meios de transporte do co-
ele é responsável por, aproxima-
(HSL) e coordenador do Centro de
lesterol dentro do organismo.
damente, 50% dos problemas car-
Lípides, Paulo Behr.
O LDL corresponde ao lado
diovasculares como infarto, AVC e
Em algumas situações, pode
mau. Ele se acumula nas artérias
obstrução nas artérias dos mem-
haver o diagnóstico de hipercoles-
e coronárias, podendo levar à for-
bros inferiores. A substância, no
terolemia familiar, que ataca entre
mação de placas de aterosclerose
entanto, também desempenha um
3% e 5% da população. Surgida
que dificultam o fluxo sanguíneo
papel importante no corpo huma-
devido a alterações genéticas, os
para órgãos essenciais como cora-
no, sendo utilizada para produzir
portadores dessa doença apre-
ção e cérebro, aumentando a ame-
alguns hormônios, tais como vita-
sentam taxas elevadas desde a in-
aça de infarto e acidente vascular
mina D, testosterona, estrógeno,
fância e têm chance alta de sofrer
cerebral. Por outro lado, o HDL re-
cortisol e ácidos biliares, que aju-
um evento cardíaco agudo ainda
presenta o lado bom, absorvendo
dam na digestão das gorduras.
jovens, por volta dos 40 anos.
as gorduras das vias sanguíneas,
“O colesterol é um tipo de gordura encontrada em nosso or-
protegendo o coração. BOM X MAU
“A formação dependerá da ge-
ganismo importante para o seu
Provavelmente, você já ouviu
nética, do estilo de vida, da práti-
funcionamento normal. Trata-se
algum comentário sobre a existên-
ca de atividade física e da dieta.
de um componente estrutural das
cia de colesterol “mau” e “bom”.
Uma alimentação rica em gordura
membranas celulares em nosso
Quando o médico encaminha o
saturada, gordura trans e açúcar
corpo. Ele circula no sangue e, à
paciente para exames de controle,
pode elevar o LDL e os níveis de
medida que os seus níveis aumen-
as amostras apontam três tipos
triglicerídeos, aumentando o risco
tam, eleva também o risco para a
de colesterol: o LDL (lipoproteínas
cardiovascular”, explica o cardio-
saúde. É por isso que é importante
de baixa densidade), o HDL (lipo-
logista.
13
UMA ALIMENTAÇÃO RICA EM GORDURA SATURADA, GORDURA TRANS E AÇÚCAR PODE ELEVAR O LDL E OS NÍVEIS DE TRIGLICERÍDEOS, AUMENTANDO O RISCO CARDIOVASCULAR”. PAULO BEHR, CARDIOLOGISTA.
Aproximadamente, 70% do colesterol é produzido pelo nosso fígado, enquanto os outros 30% são provenientes da dieta. Contudo, ao consumir grandes quantidades de alimentos ricos em gordura, o órgão acaba produzindo mais o componente do que o normal. As fontes mais comuns de gordura saturada na dieta são carne vermelha, carnes processadas e produtos lácteos. Não só as gorduras trans aumentam o LDL (“ruim”) total, mas também diminuem o HDL (“bom”).
GORDURA BOA
GORDURA RUIM
Peixes como salmão, sardinha e cavalinha Sementes e nozes Óleos de girassol e oliva Frutas, legumes e verduras, incluindo o abacate
Manteiga Banha de porco Chocolate Bolos Massas folhadas
Centro de Lípides do HSL
Para diagnosticar, tratar e pesquisar os distúrbios nos níveis de gordura, conhecidos como dislipidemia, o HSL conta com o Centro de Lípides. Uma equipe de cardiologistas avalia cada caso e estabelece o melhor plano terapêutico para o paciente com alteração no nível de colesterol e de triglicerídeos. “A estratégia para o controle pode envolver desde modificações no estilo de vida, com aumento da atividade física associada a uma dieta mais equilibrada, até o uso de medicamentos” esclarece Paulo Behr.
1 4 D I A G N Ó ST I CO E T R ATA M E N TO
Nova
Cirurgia reduz em mais de 50% sintomas dos portadores da Doença de Parkinson
esperança HSL REALIZA CIRURGIA PARA TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON
Como você se sentiria se tivesse de conviver diariamente com constantes tremores? Essa é a realidade de mais de 200 mil brasileiros que sofrem com a Doença de Parkinson (DP). Cerca de 3% da população do país com 65 anos ou mais é atingida por essa que é considerada a segunda doença neurodegenerativa progressiva mais frequente do mundo. O tratamento é realizado com diversos remédios, que buscam aliviar os sintomas, mas também trazem alguns efeitos colaterais. Por isso, o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) traz uma nova alternativa para essas pessoas, a cirurgia.
15
Os portadores de DP sofrem com a perda de algumas células do cérebro responsáveis pela produção de dopamina. Uma das funcionalidades desse neurotransmissor é o controle dos movimentos, por isso quem possui a patologia tem desequilíbrios, lentidão, tremores e rigidez muscular. Os medicamentos utilizados na assistência desses casos procuram aumentar os níveis de dopamina, além de serem utilizados
QUEREMOS AUMENTAR A QUALIDADE DE VIDA DO PACIENTE, CONTROLANDO O CONTROLE DOS SINTOMAS DA DOENÇA E REDUZINDO OS EFEITOS COLATERAIS TRAZIDOS PELAS MEDICAÇÕES”. BRUNO FRAIMAN, NEUROLOGISTA
em conjunção com drogas psicoterápicas, que têm o objetivo de melhorar a depressão, a perda de memória e o surgimento de demências. Em algumas circunstân-
distúrbios da fala, da deglutição,
cias, no entanto, eles podem não
do equilíbrio, quedas, congela-
alcançar os resultados desejados
mento da marcha, transtornos de
de forma integral ou ainda causar
humor e perda de memória não
efeitos colaterais. Para essas situ-
são amenizados com o processo,
ações, a cirurgia surge como uma
que é considerado de baixo risco.
ótima opção. Realizado pela equipe multidisciplinar
especializada
Conheça os sintomas da doença
Uma investigação cuidadosa
•
Tremores
deve ser realizada pela equipe
•
Desequilíbrio
•
Rigidez muscular
•
Problemas de memória
do
para determinar se o paciente é
Laboratório de Distúrbios do Mo-
um candidato ideal. Por isso, o
vimento do HSL, composta por
processo inclui a solicitação de
neurologistas e neurocirurgiões, o
exames de neuroimagem e ava-
procedimento utiliza um sistema
liação neuropsicológica, além de
de Estimulação Cerebral Profunda
análise criteriosa de aspectos clí-
(ECP). Para isso, são implantados
nicos. Tudo isso para alcançar a
um gerador subcutâneo na região
maior segurança e conquistar os
do tórax e dois eletrodos, que, de
melhores resultados.
forma conjunta, transmitem pe-
“Esse é um grande recurso dis-
quenas correntes elétricas para
ponível atualmente. Com ele, que-
regiões profundas do cérebro, a
remos aumentar a qualidade de
exemplo de um marcapasso. A
vida do paciente, controlando os
melhora esperada é de mais de
sintomas da doença e reduzindo
50% em sintomas como tremores,
os efeitos colaterais trazidos pelas
rigidez e lentidão dos movimen-
medicações”, explica o neurologis-
tos. Entretanto, problemas como
ta Bruno Fraiman.
Distúrbios do Movimento Agendamento: (51) 3320.3200
16 PESQUISA
pedra
O perigo da
PSIQUIATRAS DO HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS DESENVOLVERAM PESQUISA QUE AVALIA EFEITOS DA COCAÍNA E DO CRACK EM USUÁRIOS
O uso da cocaína e do crack
larmente, sobre a região frontal
Pós-graduação da Psicologia da
crescem a cada ano no Brasil. Se-
e lobos temporais do cérebro.
PUCRS. O trabalho teve ainda a
gundo o Levantamento Nacional
Essas descobertas se relacionam
colaboração de um time de pes-
de Álcool e Drogas (Lenad/Uni-
às frequentes alterações mentais
quisadores formado por Alexan-
fesp), isso torna o país o segundo
presentes nesses pacientes, sobre-
dre Franco, Ricardo Soder e Breno
maior consumidor da droga e dos
tudo a disfunção executiva, carac-
Sanvicente Vieira.
seus derivados, ficando atrás ape-
terizada por dificuldades nas to-
A iniciativa contou com 40
nas dos Estados Unidos.
madas de decisão, planejamento,
participantes, todos do sexo mas-
Segundo o psiquiatra do Hos-
flexibilidade mental, julgamento e
culino, com idade entre 18 e 60
pital São Lucas da PUCRS (HSL),
déficit de atenção. Entre os usuá-
anos. “A dificuldade maior foi a
professor do Núcleo de Formação
rios, detectou-se uma elevada taxa
localização, triagem e contagem
Específica em Neurociências da
de morbidade e mortalidade, re-
dos dependentes, pois neces-
Escola de Medicina da PUCRS e
sultados esses que destroem famí-
sitavam comparecer ao exame,
pesquisador do Instituto do Cé-
lias e vidas, convertendo-se em um
permanecer imóveis dentro do
rebro (InsCer), Pedro Eugenio Fer-
problema de saúde pública.
espaço reduzido das máquinas de
reira, as alterações causadas por essa substância são razões fre-
ressonância magnética e responPESQUISA COM USUÁRIOS
der a inúmeros e exaustivos ques-
quentes de abandono escolar, ex-
Em 2016, foi iniciado no Ins-
tionários” salienta Ferreira. Os
clusão social e distúrbios de com-
Cer um estudo para a análise das
pacientes estavam internados no
portamento que, não raramente,
neuroimagens de dependentes
serviço de triagem clínica e foram
culminam em graves delitos. Es-
de cocaína e crack, obtidas em
transferidos para uma Comunida-
ses transtornos comportamentais
repouso e com um desafio (Teoria
de Terapêutica, onde iniciariam
tendem a agravar o envolvimento
da Mente) através de Ressonân-
um programa de reabilitação de
com as drogas, dificultando a ade-
cia Magnética 3 Tesla. O trabalho
longa duração.
são aos tratamentos oferecidos.
é coordenado por Ferreira em
As imagens estruturais obti-
Estudos prévios enfatizam os
parceria com o professor Rodrigo
das possibilitaram a avaliação do
efeitos nocivos do crack, particu-
Grassi-Oliveira, do Programa de
impacto da droga no volume ce-
17
rebral, na espessura cortical e na substância branca, região cerebral onde os neurotransmissores agem, transmitindo o impulso nervoso de um neurônio a outro. Elas foram correlacionadas com dados demográficos e clínicos, tais como comportamentos de oposição, agressão, hiperatividade, impulsividade e manifestações antissociais, além da fissura pela droga e aderência ao tratamento proposto. “Nosso modelo revelou uma significativa diminuição da espessura cerebral nos dependentes do crack em relação aos controles saudáveis. Mas nosso principal interesse se centra na análise das imagens que constituem, quando relacionadas com resposta terapêutica, um biomarcador de aderência ao tratamento”. Dessa maneira poderão ser prescritos tratamentos personalizados visando a aspectos de vulnerabilidade de cada paciente Alterações causadas pelo uso da droga causam abandono escolar, exclusão social e distúrbios de comportamento
e aumentando as chances de sua reabilitação psicossocial.
1 8 D I A G N Ó ST I CO E T R ATA M E N TO
Coração
renovado SERVIÇO DE CARDIOLOGIA DO HSL FOI UM DOS PIONEIROS DO PAÍS A REALIZAR A SUBSTITUIÇÃO DE VÁLVULA AÓRTICA APENAS COM ANESTESIA LOCAL
Com o avanço da idade, sinto-
vencional e uma recuperação mais
mas como dor no peito e falta de
rápida e segura para todos os pa-
ar ao praticar um exercício podem
cientes.
parecer uma simples falta de pre-
A estenose aórtica atinge cer-
paro físico. No entanto, talvez eles
ca de 5% das pessoas com mais
sejam o indicativo de uma séria
de 75 anos, sendo causada pelo
doença que leva, inclusive, à mor-
endurecimento e calcificação da
te: a estenose aórtica. Para evitar
válvula aórtica. Anteriormente, o
esse cenário, após a manifestação
tratamento convencional era a ci-
dos primeiros sinais, é essencial a
rurgia cardíaca para mudança do
troca valvar de forma veloz. O Hos-
dispositivo por uma prótese, o que
pital São Lucas da PUCRS (HSL) é
implicava em anestesia profunda,
um dos pioneiros no País a oferecer
intubação e ventilação com a aju-
uma técnica minimamente invasi-
da de aparelho. Além disso, o rees-
va para essa substituição, trazendo
tabelecimento era demorado, com
uma ótima alternativa para quem
internação na UTI por vários dias e
não pode fazer uma operação con-
semanas até recuperação total.
Vida plena Esse trabalho já ajudou a mudar a vida de muitas pessoas. Entre elas está Enio Eugênio Orlandini. Após o diagnóstico, levando em conta sua idade e o histórico de problemas cardíacos, foi definida a utilização do cateter para realizar a alteração da válvula. Com a expertise dos profissionais do HSL, a intervenção aconteceu em 14 de dezembro de 2017. No dia seguinte, saiu da UTI e foi para o quarto, onde já era capaz de se levantar e se locomover, ações praticamente impossíveis anteriormente. No dia seguinte, ele recebeu alta hospitalar. “Eu já não conseguia mais nem caminhar em casa. Várias vezes eu fui dormir sem saber se ia acordar. Mas, em uns 15 dias após voltar para casa, eu já estava caminhando 40 minutos no parque todos os dias. Eu nem senti nada. Foi tão tranquilo que eu nem me preocupei. Se alguém vier me perguntar, eu digo: é menos perigoso que uma injeção”, conta Orlandini.
19
Há pouco mais de 15 anos, foi iniciado o desenvolvimento de uma nova tecnologia que transformou esse cenário. Agora, a troca ocorre através da introdução de um pequeno cateter na virilha, que percor-
PR OJ E
TA D
O
PO RF
RE E
PIK
re os vasos sanguíneos até alcançar o coração. A nova válvula é colocada através do cateter, com mínimo desconforto. Ao final do procedimento, o equipamento efetua a sutura interna do vaso, enquanto externamente o fechamento é feito com a compressão com a mão, similar ao método empregado em um laboratório após extrair o sangue. Quando esse método foi lançado, usava as mesmas medidas anestésicas da cirurgia convencional, mantendo a recuperação prolongada. Recentemente, o HSL foi um dos pioneiros no Brasil a tratarem essa questão aplicando apeEstenose aórtica atinge cerca de 5% das pessoas com mais de 75 anos e pode levar à morte
nas anestesia local. Dessa forma, o paciente permanece acordado e conversando durante todo o processo, que demora em torno de
O que é a estenose aórtica? A estenose aórtica ocorre, frequentemente, com o avanço da idade. Ela provoca o endurecimento da válvula aórtica, que permite a passagem do sangue do coração para todo o corpo através da artéria aorta. Essa válvula possui três folhetos, que funcionam como portas. Com o passar dos anos, eles calcificam e não conseguem mais desempenhar o movimento de abertura e fechamento. Essa dificuldade de distribuir o sangue gera dor no peito e falta de ar associados ao esforço físico e, em casos mais graves, sentidas até em repouso, além disso pode provocar ainda a morte súbita. “A doença tem uma mortalidade maior do que grande parte dos cânceres. A partir do momento em que os sintomas surgem, o risco de morte é de cerca de 50% em dois anos. É uma doença muito letal. A contrapartida é que o tratamento é muito efetivo”, explica Caramori.
uma hora. A resolução é imediata e a recuperação muito mais veloz. “Esse sistema demanda uma série de preparativos e uma capacitação específica de toda a equipe. Ela traz uma assombrosa diferença em relação à cirurgia tradicional. Com ela, os traumas são muito pequenos, o que permite que o paciente possa ir para casa no primeiro ou no segundo dia após o procedimento na maioria das vezes”, explica o coordenador médico da Linha de Cuidados Cardiológicos do HSL, Paulo Caramori.
2 0 D I A G N Ó ST I CO E T R ATA M E N TO
Cuidados paliativos ajudam a prevenir e aliviar o sofrimento ao identificar e corrigir problemas de maneira precoce
Bálsamo para as dores do
corpo e daalma
CUIDADOS PALIATIVOS TRAZEM MAIS QUALIDADE DE VIDA A QUEM É AFETADO POR DOENÇAS GRAVES
Buscar a cura para as mais diversas doenças e salvar vidas é e sempre
foi o grande objetivo da medicina, no entanto o que fazer nos casos em que a recuperação total não é mais uma opção? Mesmo em situações terminais ou crônicas, os pacientes necessitam de apoio para amenizar e transformar o momento de sofrimento. Os cuidados paliativos surgem para cumprir esse importante papel. Eles são utilizados para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, oferecendo um olhar mais amplo, levando em conta aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais. Ciente da importância desse trabalho, o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) conta com uma equipe para o atendimento com essa modalidade de cuidado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 40 milhões de pessoas precisam de cuidados paliativos por ano em todo o mundo e somente 14% têm acesso. Segundo a OMS, eles ajudam a prevenir e aliviar o sofrimento ao identificar e corrigir sinais de dores e outros problemas biopsicossociais de maneira precoce. Antigamente, essas ações eram aplicadas somente quando o tratamento curativo já tinha sido esgotado. No entanto, hoje já se sabe que a abordagem
pode e deve ser feita também em diversos casos de patologias progressivas como em tumores; doenças neurológicas neurodegenerativas, como a esclerose lateral amiotrófica e as demências; insuficiência cardíaca; crônicas pulmonares, como a DPOC; e hepáticas, como cirrose em estágio avançado. Para trabalhar com essas situações, os profissionais da área utilizam uma ferramenta essencial: a comunicação. Eles funcionam como um sistema de apoio, esclarecendo dúvidas sobre a patologia, apresentando as opções disponíveis para cada caso e o prognóstico. Além disso, a partir dessas informações, são definidas as diretivas antecipatórias de vontade, em que o paciente realiza escolhas referentes aos procedimentos e medidas que serão tomadas ao longo do seu tratamento. ASSISTÊNCIA RESPONSÁVEL Com a evolução veloz da medicina, surgiram diversas alternativas de diagnóstico e tratamento cada vez mais modernas. Essas ferramentas são importantes, mas é essencial aplicá-las de maneira racional e responsável. Por isso, outra habilidade desses especialistas é determinar quais medidas já se tornaram fúteis para o tratamento e as extinguir. “Com esse avanço que tivemos nos últimos anos, a gente foi perdendo um pouco o princípio fundamental da medicina, que é centrado no paciente. Nós temos que evitar algo que se chama na bioética de distanásia. A distanásia está ligada a postergar o processo de morrer, ou seja, manter a pessoa viva com a tecnologia, mas sem um propósito de vida
CUIDADO PALIATIVO É UMA FILOSOFIA, UMA MANEIRA DE CUIDAR DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE FRAGILIDADE, QUE ESTÃO PASSANDO POR UMA DOENÇA AMEAÇADORA DE VIDA, PROTEGENDO-AS DE QUALQUER TIPO DE SOFRIMENTO, E DESMITIFICANDO ESSE TEMA CHEIO DE TABUS QUE É A MORTE.” LUCAS RAMOS, LÍDER DA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS
após isso. E o que a gente busca é a ortotanásia, a morte no momento adequado, de acordo com a evolução natural”, explica Lucas Ramos, líder do projeto no HSL.
Atenção multidisciplinar Na Instituição, essa iniciativa
quado para integrar a ação e das
a meta é iniciar um serviço ambu-
começou em junho de 2017. Atento
mais diversas áreas como medici-
latorial e uma unidade de inter-
ao crescimento da demanda pela
na, enfermagem, psicologia, servi-
nação em breve.
modalidade, o Serviço de Medici-
ço social, fisioterapia, nutrição, as-
“Cuidado paliativo é uma filo-
na Interna do HSL criou um núcleo
sistência espiritual, fonoaudiologia
sofia, uma maneira de zelar por
qualificado para atender de forma
e administrativa.
pessoas em situação de fragilida-
específica a essas necessidades. O
Com um trabalho de consul-
de, que estão passando por uma
trabalho começou com a discus-
toria disponibilizado para quem
doença ameaçadora de vida, pro-
são de conceitos e pontos-chave
está internado por qualquer es-
tegendo-as de qualquer tipo de
de abordagem e formação de uma
pecialidade, a ideia é ampliar os
sofrimento, e desmitificando esse
equipe multidisciplinar, composta
conceitos dos cuidados paliati-
tema cheio de tabus que é a mor-
por profissionais com o perfil ade-
vos por todo hospital. Além disso,
te”, conta Lucas.
2 2 V I VA M E L H O R
Assistência integrada é a fórmula do sucesso da
reabilita
Centro de Reabilitação oferece estrutura de ponta para a recuperação dos pacientes
23
CENTRO DE REABILITAÇÃO POSSUI ESTRUTURA DE PONTA PARA ATENDIMENTO DE CRIANÇAS E ADULTOS
ção FOTO: BRUNO TODESCHINI
Reabilitação é a ação, o processo e o resultado de reabilitar. É restabelecer, restaurar, recuperar a função. O termo descreve as intervenções realizadas para melhorar a funcionalidade do corpo. Além disso, engloba medidas abrangentes, destinadas a promover a inclusão social das pessoas, por meio da prevenção da perda funcional muscular e esquelética, da redução do ritmo desse dano, da melhora ou recuperação e compensação da função perdida. Ela prevê uma abordagem interdisciplinar e o envolvimento direto de profissionais, cuidadores e familiares nos cuidados completos ao paciente. Para oferecer esse serviço integrado com técnicos capacitados e uma estrutura de ponta, o Hospital São Lucas da PUCRS conta com o Centro de Reabilitação (CR). Com foco na promoção da saúde através do restabelecimento físico e o apoio do ensino em nível de graduação e pós-graduação da Escola de Ciências da Saúde da PUCRS e demais unidades universitárias, estimula ainda a geração de conhecimento e de novas tecnologias através da pesquisa e de programas de extensão universitária. TUDO NOVO DE NOVO A reabilitação pode envolver intervenções simples ou múltiplas, realizadas por um especialista ou por uma equipe. No HSL, a ênfase é na atuação interdisciplinar, contemplando desde a internação até a fase ambulatorial. O grupo define um plano de cuidados personalizado e a possibilidade de inclusão da tecnologia, dois tópicos que podem ser decisivos para o sucesso do tratamento. “O processo deve começar o mais precocemente possível, baseado em avaliações das necessidades e capacidades de cada indivíduo. Ela auxilia a pessoa com disfunção e a sua família, com ênfase na identificação dos problemas, definindo metas, planejando o cuidado e implantando medidas, além de avaliar seus efeitos”, explica a líder do Serviço de Fisioterapia do Centro de Reabilitação do Hospital São Lucas da PUCRS, Flávia Franz. Como auxiliares dessa metodologia, os recursos de acessibilidade podem ser úteis e decisivos na condução do tratamento. Os mais comumente observados são muletas, próteses, órteses, cadeiras de rodas, próteses auditivas, lupas, painéis de comunicação e sintetizadores de voz. “Essas ferramentas, quando adequadas ao usuário e seu ambiente, têm se mostrado poderosas para melhorar a independência e a participação do paciente”, explica Flávia.
2 4 V I VA M E L H O R
FOTO: BRUNO TODESCHINI
ATENDIMENTO MUSCULOESQUELÉTICO O setor conta com uma extensa área de assistência musculoesquelético. Ela é direcionada a quem apresenta dor aguda ou crônica, LER/DORT, lesões traumato/ortopédicas, pré e pós-operatórios traumato/ortopédicos, lesões desportivas, fibromialgia, tendinites, bursites, entorses, distensões musculares, osteoartrose, hérnia de disco, alterações posturais, entre outros. “O programa de reabilitação musculoesquelética respeita a individualidade de cada pessoa, da patologia e, consequentemente, dos problemas resultantes dessa condição. O tratamento busca trazer alívio ao quadro de dor, melhorar a funcionalidade, alcançar o fortalecimento muscular e o retorno às atividades de vida diária com a prevenção de novas lesões”, explica. Outro serviço disponibilizado é focado nas mulheres com incontinência urinária, causada pela perda na força muscular pélvica. Para auxiliar quem possui esse distúrbio, o CR oferece atenção especial. “O foco é o reforço dos músculos que compõem o assoalho pélvico através de exercícios e eletroestimulação, e a reeducação miccional. Nos homens, essa disfunção surge muitas vezes como consequência da cirurgia de próstata. Ele também pode ser capacitado para reter a urina”, conta Flávia. CENTRO DA COLUNA Estima-se que toda a população, em algum momento da vida,
Alívio da dor, fortalecimento muscular e prevenção de novas lesões são alguns dos objetivos do atendimento musculoesquelético
25
terá uma crise de coluna, que pode variar de cinco a sete dias, chegando, algumas vezes, até 30 dias. Para oferecer uma solução completa e integrada para esse público, o HSL e o Centro de Reabilitação contam com o Centro da Coluna Vertebral. Coordenado pelo ortopedista e professor Erasmo Zardo, o setor alia infraestrutura de ponta com médicos e fisioterapeutas especia-
O PROGRAMA DE REABILITAÇÃO MUSCULOESQUELÉTICA RESPEITA A INDIVIDUALIDADE DE CADA PESSOA, DA PATOLOGIA E, CONSEQUENTEMENTE, DOS PROBLEMAS RESULTANTES DESSA CONDIÇÃO.” FLÁVIA FRANZ, LÍDER DO SERVIÇO DE FISIOTERAPIA DO CENTRO DE REABILITAÇÃO DO HSL
lizados no tratamento da dor e da
reeducar as cadeias musculares
REABILITAÇÃO
incapacidade.
para tratar ou prevenir lesões. O
CARDIOVASCULAR
Em 90% dos casos, a opção
objetivo é atuar na causa do pro-
A inclusão da fisioterapia no
conservadora, com fisioterapia,
blema e não apenas nos sintomas.
programa de reabilitação para
reabilitação e medidas de controle
“O pilates clínico objetiva treinar a
quem é submetido à cirurgia car-
da dor é suficiente para corrigir o
estabilização segmentar dinâmica
díaca tem início antes mesmo do
problema. Se necessário, a fisiote-
da coluna, reabilitando e condi-
procedimento. O método visa a
rapia também atua no pós-opera-
cionando os músculos profundos
otimizar a capacidade cardiopul-
tório desses procedimentos. Flávia
estabilizadores, que perdem sua
monar e diminuir possíveis com-
explica que o tratamento objetiva o
função durante um quadro de dor
plicações no pós-operatório, além
alívio do quadro de dor, a melhora
ou lesão local”, explica Flávia.
de minimizar o prejuízo causado
da funcionalidade, o fortalecimen-
Por fim, utiliza-se também a hi-
por danos cardiovasculares. Ele
to muscular, o retorno às ativida-
droterapia. O setor possui área de
auxilia na estabilização clínica e na
des de vida diária e a prevenção de
recuperação e piscina terapêutica
otimização da capacidade cardior-
novas lesões.
composta por escadas de acesso,
respiratória, assim como na manu-
Como condutas são utilizados
barras paralelas e áreas com dife-
tenção física, prevenindo os efeitos
recursos na área de eletroterapia,
rentes profundidades. A hidrote-
prejudiciais da imobilização ou da
termoterapia, cinesioterapia, pro-
rapia é um conjunto de técnicas
restrição ao leito.
priocepção e terapia manual. Os
terapêuticas fundamentadas no
A Reabilitação Cardíaca englo-
profissionais são especializados
movimento humano. Alívio da
ba o somatório de todas as ativi-
em diferentes segmentos da área
dor e do espasmo muscular, rela-
dades necessárias para garantir
músculoesquelética, tais como
xamento, melhora da circulação
aos portadores de cardiopatias as
Cinesioterapia, Terapia Manual,
sanguínea, manutenção e/ou au-
melhores condições física, mentais
Fisioterapia Desportiva e Osteopa-
mento das amplitudes de movi-
e sociais, de forma que eles consi-
tia. Entre as técnicas aplicadas, es-
mento, reeducação dos músculos
gam, pelo seu próprio esforço, re-
tão ainda o Pilates e a Reeducação
paralisados, melhora da força e
conquistar uma posição normal na
Postural Global (RPG). O RPG bus-
resistência muscular, melhora da
comunidade e levar uma vida ati-
ca cuidar do corpo como um todo
atividade funcional, manutenção
va e produtiva. No HSL, a parceria
e não somente da região em que
e melhora do equilíbrio e coorde-
com o Serviço de Cardiologia é um
está localizada a dor. A visão é glo-
nação motora e da postura são
exemplo de sucesso e da impor-
bal: alongar, equilibrar, tonificar e
alguns dos resultados alcançados.
tância desse trabalho.
2 6 V I VA M E L H O R
FOTO: BRUNO TODESCHINI
funções cerebrais, existe a Reabilitação Neurofuncional. Nela, o suporte ao paciente neurológico é individualizado, proporcionando a melhora do gesto funcional através do ganho de força, do treino do equilíbrio, da manutenção e do ganho da mobilidade articular e da estimulação proprioceptiva, incentivando a plasticidade neuronal e restituindo a capacidade e a funcionalidade. Quando necessário, o tratamento também pode ser complementado por meio de um programa de Hidroterapia, atividade também fornecida pelo CR. Nesse contexto, as crianças com deficiência física, intelectual, doenças crônicas e/ou disfunções específicas recebem cuidado especial. Para ampliar, qualificar e diversificar as estratégias para seu atendimento, foi criado um ambulatório multiprofissional e interdisciplinar sobre o tema. “Esse acompanhamento é essencial, pois o cuidado com a saúde da criança, com especial atenção ao desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida, é tarefa indispensável para
Reabilitação cardiovascular ajuda a otimizar a capacidade cardiopulmonar e diminuir possíveis complicações no pós-operatório
a promoção da saúde, prevenção de agravos, identificação de atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor e plena evolução emocio-
O CR possui uma equipe pre-
de risco e aumento da capacidade
nal e social”, relata Flávia. A equipe
parada e equipamentos que ga-
cardíaca, pulmonar, metabólica e
do Ambulatório Interdisciplinar de
rantem a segurança antes, du-
muscular, além da prevenção”, diz
Apoio à Criança e ao Adolescente
rante e depois da intervenção. “O
Flávia.
é composta por assistente social,
programa contempla os portado-
enfermeira, fisioterapeuta, nutri-
res de doenças cardiovasculares,
REABILITAÇÃO
cionista e psicóloga do Programa
pulmonares e metabólicas, visan-
NEUROFUNCIONAL
de Residência Multiprofissional
do ao melhor controle dos fatores
Para casos de regeneração das
(PREMUS).
VO LU N TA R I A D O 2 7
A arte do
desenho PROJETO CLUBE DO DESENHO DIVERTE E DISTRAI OS PACIENTES INFANTIS DO HSL
O desenho é a primeira linguagem das crianças, antes mesmo da fala.
Por meio das imagens, é possível reconhecer alguns dos sentimentos infantis. Desde 2015, uma parceria entre o Serviço de Pastoral e Solidariedade do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) e a Escola Politécnica da Universidade promove o Projeto Clube do Desenho. Acompanhados de muito papel e lápis de cor, cerca de 10 voluntários dedicam, semanalmente, duas horas do seu dia para desenhar junto com as crianças que se encontram internadas na Instituição, frequentando leitos e os ambulatórios do 2º e 3º andares, ou circulando pela Sala de Recreação. FOTO: BRUNO TODESCHINI
Mirielly e os voluntários do Projeto Clube do Desenho
2 8 VO LU N TA R I A D O
O projeto é acompanhado pelo professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Paulo Ricardo Bregatto, que viu no voluntariado um novo aprendizado. “Cada vez que me encontro com elas eu ganho mais do que recebo. Esses encontros servem para redefinir nossa visão de mundo, nossas prioridades”, afirma o professor. Estudos mostram que desenhar é uma importante forma de expressão do público infantil. Segundo a equipe de voluntários, as imagens retratam o ambiente familiar dos participantes, suas vivências, sonhos. No caso dos pacientes internados, existe um destaque especial para cenários externos, de sol e flores. Para a pedagoga e responsável pelo Serviço de Recreação do HSL, Juliana Pierdoná, momentos como esse ajudam a suavizar o peAlguns dos desenhos produzidos ao longo da trajetória de três anos do projeto
ríodo de internação. “O ambiente hospitalar não deve ser entendido
29
somente na perspectiva dos cuidados médicos e de enfermagem, mas como um conjunto complexo de atitudes e ações motivadas por um pensamento humanitário e abrangente”, comenta. De acordo com Mirielly Nunes da Costa, é muito divertido esse momento de descontração durante o período de internação hospitalar. A menina de 13 anos está há um mês na ala Pediátrica do HSL.
CADA VEZ QUE ME ENCONTRO COM ELAS EU GANHO MAIS DO QUE RECEBO. ESTES ENCONTROS SERVEM PARA REDEFINIR NOSSA VISÃO DE MUNDO, NOSSAS PRIORIDADES.” PAULO RICARDO BREGATTO
Voluntários acompanham os desenhos junto com os pacientes
A capacidade de desenhar é uma fonte de satisfação intelectual e artística. Esse é o ponto de partida. E não existe um ponto de chegada. Uma vez que descobrimos as delícias do desenho, essa prática e esses prazeres nos acompanharão para sempre. “Desenho é visualização, observação, percepção, expressão, registro e prazer”, comenta Bregatto.
Voluntariado O Serviço de Voluntariado do Hospital São Lucas da PUCRS existe desde a fundação da instituição, em 1976, levando afeto e conforto aos pacientes que circulam no local. Atualmente, cerca de 150 voluntários fazem parte do grupo, distribuídos em 19 projetos. Para fazer parte do serviço, o interessado poderá entrar em contato pelo telefone (51) 3320-5070 ou pelo e-mail: voluntariado.hsl@pucrs.br.
FOTO: BRUNO TODESCHINI
3 0 CU RTA S
Reconhecimento Internacional O chefe do Serviço de Pneumologia do Hospital São Lucas
Seminário Apice On
da PUCRS (HSL), José Miguel Chatkin, foi nomeado com o título
O Hospital São Lucas da PUCRS
de Lifetime Achiever pelo Marquis Who’s Who, por sua produção
(HSL) realizou o 1º Seminário Apice
médica profissional e acadêmica. Desde 1899, após escolha e
On. A atividade abordou o aprimo-
indicação oficial por parte de avaliadores, a organização inter-
ramento e a inovação no cuidado e
nacional publica a bibliografia dos profissionais que se desta-
ensino em obstetrícia e neonatolo-
cam em várias áreas do conhecimento.
gia. Esse é um projeto do Ministério da Saúde e envolve hospitais universitários de todo o país. FOTO: JENIFFER CAETANO
Soul MV Em 2018, o HSL passou a utilizar o Sistema de Gestão em Saúde Soul MV. O sistema reúne um conjunto de soluções que simplifica o fluxo de dados entre os setores, integrando todos os processos do hospital. Gerenciando informações clínicas, assistenciais, administrativas, financeiras e estratégicas, promove uma gestão mais eficiente e um melhor atendimento
Estande da Saúde
para os pacientes.
No mês de junho, o HSL esteve presente nas Festas Juninas dos Colégios Maristas Rosário e Champagnat. As atividades incluíram a verificação de pressão arterial, cálculo de IMC, teste de glicose e orientações nutricionais e fisioterapêuticas.
23ª Jornada Temas de Psiquiatria Nos dias 18 e 19 de maio, o Hospital recebeu a 23ª edição da jornada Temas de Psiquiatria. Pro-
Estado da Arte em Medicina Interna O Serviço de Medicina Interna do HSL reuniu renomados profissionais no 1º Simpósio Estado da Arte em Medicina Interna. Na ocasião, foram debatidos assuntos como os entendimentos e manejos de patologias no atendimento primário e o seguimento dos pacientes pelo internista.
movida pelo Centro de Estudos de Psiquiatria Integrada (Cenespi), em parceria com a Escola de Medicina da PUCRS, o HSL e o InsCer, a iniciativa teve como tema Neurociências: a confluência de diversos saberes e seus resultados.
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FOTO: ÉVELYN CENTENO
Universidad Católica de El Salvador No mês de maio, o Hospital São Lucas da PUCRS recebeu a visita do reitor e do vice-reitor da Universidad Católica de El Salvador, o Monseñor Miguel Ángel Morán Aquino e Moises Martinez. A passagem dos representantes da instituição salvadorenha teve o intuito de conhecer o trabalho realizado no Hospital e trocar experiências sobre o ensino e a pesquisa em medicina. FOTO: BRUNO TODESCHINI
Tratamento Cirúrgico da Celulite Em abril, o médico do Serviço de Cirurgia Plástica do HSL Carlos Uebel recebeu o prêmio de melhor trabalho científico publicado na revista Aesthetic Surgery Journal. A entrega foi feita pelo editor-chefe da publicação, Foad Nahai, durante o Congresso Americano de Cirurgia Plástica, ocorrido em Nova York. Intitulado Cellulite – a surgical treatment approach, o projeto contou com a participação de mais de 126 pacientes.
Simpósio Internacional de Neonatologia Nas comemorações dos 40 anos da UTI Neonatal do Hospital São Lucas, foram realizados o 6º Simpósio Internacional de Neonatologia de Porto Alegre e a 7ª Jornada de Enfermagem Neonatal. Os eventos reuniram renomados especialistas em neonatologia do país. Aproximadamente, 500 pessoas passaram pelo evento.
Alameda 3 de outubro, 795, Sarandi (51) 3365.7778 | 3019.7778 medcarers.com.br
Um laboratório em suas mãos