PUCRS Saúde nº 27 – Outubro de 2016

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EDIÇÃO ESPECIAL

40 anos do HSL

OUTUBRO DE 2016 – Nº 27

De geração emgeração No aniversário de 40 anos do Hospital, pacientes atuais e antigos, como a residente Natália Corrêa, contam a sua ligação com a instituição

Funcionários dividem suas histórias marcantes Conheça os principais momentos da trajetória do HSL


EDITORIAL

Quatro décadas de belas histórias

C

uidar da saúde da população é a missão dos hospitais. Para isso, buscam equipar-se com tecnologia atualizada e ótimos profissionais, oferecendo o que de melhor a medicina disponibiliza. No entanto, a dimensão humana é tão importante quanto esses aspectos, trazendo conforto para pessoas em situações extremamente complexas e delicadas. A mescla do alto conhecimento técnico com a atenção ao aspecto pessoal, sempre foi uma

marca do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) em seus 40 anos de existência. O acolhimento único oferecido pela instituição fica claro nas reportagens dessa edição especial da Revista PUCRS Saúde. Entre muitos dos personagens entrevistados existe um sentimento comum: o São Lucas é como uma segunda casa para seus frequentadores. Na publicação, você descobrirá os motivos que fazem do HSL um

local tão especial. A matéria de capa conta as histórias de pacientes antigos e atuais do hospital. Você confere ainda os dados estatísticos do ano de 2015 e a estrutura atual, com destaque para algumas das principais áreas assistências e informações sobre ensino, pesquisa e humanização. Por fim, conhecerá os momentos mais marcantes da trajetória dos funcionários que estão entre os mais antigos da instituição. Boa leitura!

Sumário Reitor: Joaquim Clotet Vice-Reitor: Evilázio Teixeira Hospital São Lucas da PUCRS Diretor-geral e administrativo: Leomar Bammann Diretor administrativo-adjunto: Lauri Heck Diretor técnico e clínico: Plínio Vicente Medaglia Filho Diretor acadêmico: Marlow Kwitko Diretor financeiro: Ricardo Minotto PUCRS Saúde Editora: Jeniffer Caetano Repórter: Angela Vencato Estagiário: Rafael Macedo Ramos Fotógrafos: Bruno Todeschini e Camila Cunha Revisão: Gilberto Scarton Arquivo fotográfico: Camila Paes Keppler e Márcia Sartori Conselho editorial: Fábio Etges, Lauri Heck, Magda Achutti, Marlow Kwitko, Plínio Vicente Medaglia Filho, Raquel Martins e Ricardo Minotto Impressão: Epecê-Gráfica Editoração eletrônica: PenseDesign A revista PUCRS Saúde é editada pelo núcleo de Imprensa do Hospital São Lucas da PUCRS Avenida Ipiranga, 6.690 – 2º andar CEP: 90.610-000 – Porto Alegre (RS) Fone: (51) 3320-3445 – Fax: (51) 3320-3401 imprensa.hsl@pucrs.br www.hospitalsaolucas.pucrs.br

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3 Mensagens – Ir. Joaquim Clotet, Reitor da PUCRS – Serviço e assistência de qualidade 3 Mensagens – Leomar Bammann, Diretor-Geral e Administrativo do HSL – Integrando saúde e conhecimento 4 História – Eduardo Beck Paglioli – Hospital São Lucas da PUCRS, 40 anos 4 História – Uma Obra Marista 5 História – Ir. José Otão: Idealizador e fundador 6 Capa – Histórias de Vida 10 Linha do Tempo – Passo a Passo 16 Estatísticas – O HSL em números 18 Estrutura – A estrutura do HSL 20 Pediatria – Cuidado e carinho com a nova geração 22 Nefrologia – Assistência completa 24 Neurologia – Atendimento de excelência para o cérebro 26 Cardiologia – Atenção integral ao coração 28 Oncologia e Radioterapia – Nova era do tratamento oncológico 30 Intensivismo – Cuidado intenso 32 CDI – Tecnologia para o melhor diagnóstico 33 Cirurgia – Mais segurança e eficiência na cirurgia 34 Ensino – Lado a Lado 35 Pesquisa – Tratamentos em teste 36 Humanização – Rede de Solidariedade 38 Depoimentos – Caminhada de amor


MENSAGENS

Serviço e assistência de qualidade

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IR. JOAQUIM CLOTET, Reitor da PUCRS

esulta difícil descrever, no seu mais amplo significado, o valor humano, educativo, assistencial, científico, social e religioso do Hospital São Lucas (HSL) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). São 40 anos ininterruptos de serviço e assistência de qualidade. Uma longa trajetória de constante esforço, de trabalho diferenciado e de assídua superação, realizados juntamente com a Faculdade de Medicina (Famed), em prol da formação dos graduandos e da atenção à saúde da população de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul majoritariamente. Sem lugar a dúvidas, o maior ativo do HSL está constituído por pessoas. Os profissionais da saúde, os técnicos administrativos e os responsáveis pelos serviços gerais integram parte desse grupo. Nele também se inclui o incon-

tável número de pacientes, das mais diversas procedências e faixas etárias, que confiam sua saúde a essa diligente equipe. Nesta expressiva data de aniversário, merecem lembrança e um diferenciado reconhecimento os diretores e vice-diretores – Gerais, Administrativos, Técnicos e Clínicos, Acadêmicos e Financeiros – que desempenharam, com responsabilidade e compromisso incansáveis, a desafiadora função de dirigir e administrar este complexo hospitalar. O extraordinário avanço das tecnologias para tratamentos preventivos, diagnósticos e terapêuticos de pequena e de alta complexidade continua sendo acompanhado e incentivado pelos profissionais altamente qualificados e seus colaboradores. Merecem menção especial, na área da pesquisa

FOTO: BRUNO TODESCHINI

avançada, com reconhecida reputação, o Instituto de Pesquisas Biomédicas (IPB), o Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG), o Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia em Tuberculose (INCT), o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (INSCER) e o Centro de Pesquisa Clínica (CPC). O termo excelência pode ser atribuído adequadamente a todos eles e, do mesmo modo, aos demais serviços aqui não citados. Em nome da Igreja Católica e do Instituto dos Irmãos Maristas, recebam meus agradecimentos os que têm dedicado e os que ainda hoje destinam uma parte relevante da sua vida profissional à saúde e ao cuidado das pessoas com necessidade de atendimento. Parabéns, nesta feliz e singular data, pela inestimável contribuição ao bem-estar das famílias brasileiras.

Integrando saúde e conhecimento LEOMAR BAMMANN, Diretor-Geral e Administrativo do HSL

O

Hospital São Lucas da PUCRS se expressa fundamentalmente pela tríade assistência, ensino e pesquisa. É uma grande obra Marista, um bem a serviço da comunidade porto-alegrense e gaúcha, além de referência para vários estados brasileiros e países da América Latina. Destinado a todas as categorias de pacientes adultos e pediátricos, abrange praticamente todas as especialidades médicas, tendo como empreendimento “Saúde e Conheci-

mento”. Em seus 40 anos de existência, foram realizadas 10.960.635 consultas médicas, equivalente a toda população do Rio Grande do Sul, 896.234 internações e 580.194 cirurgias. Aqui nasceram 127.272 crianças. Com o diferencial de contar com um corpo clínico e um grupo técnico e administrativo qualificados, atingiu níveis de alta qualidade nos serviços prestados, em benefício dos pacientes e promovendo a formação de profissionais e a geração de conhecimento. Obteve reconhecimentos externos em gestão, pelo Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade,

e em acreditação hospitalar, pela Organização Nacional de Acreditação. Em 2015, acolheu cerca de 2.000 alunos de graduação e especialização de 10 cursos da área das Ciências da Saúde da Universidade, bem como 115 projetos de pesquisas acadêmicas e 69 ensaios clínicos, incluídos em um total de 249 ensaios ativos. Os números apresentados expressam a dimensão do que foi realizado nessas quatro décadas, conquistas alcançadas pelo compromisso cotidiano e imensurável dos colaboradores do Hospital São Lucas.

FOTO: GILSON OLIVEIRA

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HISTÓRIA

Hospital São Lucas da PUCRS, 40 anos FOTO: BRUNO TODESCHINI

EDUARDO BECK PAGLIOLI

N

o ano de 1966, recebi um convite do Irmão José Otão para uma reunião na Reitoria da PUCRS. Lá chegando, encontrei os colegas Osvaldo Ludwig, Antônio Spolidoro e Manoel Albuquerque. A PUCRS crescia ao redor a olhos vistos. Falamos longamente. Em meio à conversa, o Irmão Otão confessou que a congregação dos Irmãos Maristas não tinha nenhuma experiência na área médica em todo o mundo. O cérebro iluminado daquele homem fez uma perfeita síntese dos assuntos enfocados naquela tarde. Captou todos os fundamentos relacionados com o objetivo daquela reunião. Era sua intenção construir apenas ambulatórios e fazer convênios com hospitais de Porto Alegre e Canoas para a prática do ensino. Foi só mais tarde que, por influência do Irmão Nor-

berto Rauch, se optou pela construção do hospital que hoje desfrutamos. Quantos foram os pacientes que, nos últimos quarenta anos, vieram buscar aqui o alívio para os seus sofrimentos? Seria muito difícil hoje imaginar a

cidade de Porto Alegre sem o Hospital São Lucas da PUCRS. Ir. José Otão, Ir. Norberto Rauch e Ir. Joaquim Clotet: gestores devotados desta grande Universidade, cujo único ressarcimento foi o prazer de ver a obra crescer para o bem!

Uma Obra Marista

O

Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) é mantido pela União Brasileira de Educação e Assistência, sociedade civil do Instituto dos Irmãos Maristas da Província Brasil Sul-Amazônia. A Rede Marista (RS, DF, Amazônia) é fruto de quase dois séculos

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de atuação do Instituto dos Irmãos Maristas no mundo e mais de um século em solo gaúcho. Instituição confessional católica, fundada na França em 1817 por São Marcelino Champagnat, tem como propósito evangelizar por meio da educação.

O Instituto Marista está presente nos cinco continentes, em mais de 80 países, com mais de 40% da sua atuação concentrada no Brasil. Cerca de 30 mil Irmãos, Leigos e Colaboradores atuam em 98 cidades brasileiras, distribuídas em 23 Estados e no Distrito Federal.


Ir. José Otão: idealizador e fundador O Hospital São Lucas é resultado da visão empreendedora do Irmão José Otão, Reitor da PUCRS no período de 1954 a 1978. Nesses 24 anos, somou realizações que transformaram o futuro da Universidade. Quando assumiu o cargo, a Instituição estava instalada no Colégio Rosário e, percebendo o limite de espaço físico que a localização impunha, idealizou e concretizou a transferência para a área do Instituto Champagnat, situada no bairro Partenon, e a construção da Cidade Universitária. Inaugurada em 1968, com a participação do presidente da República, Mal. Artur da Costa e Silva, concentrava à época todas as unidades acadêmicas, entre elas a Faculdade de Odontologia (primeiro prédio a ser construído), a Escola de Engenharia, o Restaurante Universitário, a Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas, que abrigava ainda a Escola de Serviço Social e a Faculdade de Comunicação Social; e o prédio da administração central, onde foi instalada a Reitoria. Ir. Elvo Clemente, no livro Pilares da PUCRS, conta que Ir. Otão “sempre teve em mente a criação do Instituto de Teologia e da Faculdade de Medicina” e os projetos tiveram início em 1969. A Faculdade de Medicina viria a ser inaugurada em 1970, mas sem a presença de seu idealizador, que se encontrava em tratamento contra o câncer. Por meio dos esforços da Reitoria e da direção da Faculdade, o Governo do Estado doou seis hectares

ILUSTRAÇÃO: ARQUIVO PUCRS

HSL surgiu a partir da iniciativa do Reitor Ir. José Otão

de terreno situado à Av. Ipiranga para a instalação do Hospital Universitário da PUCRS, cujas obras iniciariam em 1972. Voltado a atender às demandas curriculares da Medicina, teve seus primeiros atendimentos em 1973 na área de ambulatórios, inaugurados em 15 de setembro. A conclusão das obras, contudo, ocorreria apenas em 1976, exigindo da Universidade a contratação de grande convênio financeiro com a Caixa Econômica Federal, por meio do Fundo de Apoio ao Desenvolvi-

mento Social, para finalizá-lo com mais rapidez. Foi o maior empréstimo da história da PUCRS até aquele momento. Mesmo debilitado pela doença, Ir. Otão manteve os esforços para ver concluída a construção, que representava o primeiro empreendimento do Instituto dos Irmãos Maristas na área da saúde no mundo, e participou de sua inauguração. Ocorrida em 29 de outubro de 1976, contou com a presença do presidente da República, Mal. Ernesto Geisel, entre outras autoridades nacionais e estaduais. Àquela época, o Hospital somava 39.259 metros quadrados de área construída e 700 leitos. No ano da inauguração, a Instituição contava com 120 médicos e realizou 11.594 consultas, 20.161 reconsultas e 3.858 exames. Nos anos seguintes, viria a se tornar autossuficiente, com todas as especialidades médicas. Em 3 de abril de 1978, recebeu para internação Ir. Otão, com o estado de saúde fragilizado. Ir. Roque Maria, no livro Irmão José Otão – Vida e obra, conta que o Reitor, apesar das orientações médicas, postergou ao máximo sua hospitalização, o que lhe permitia seguir ainda à frente da Universidade. “Quando eu for para o hospital, não volto mais”, dissera Ir. Otão ao Ir. Roque Maria. Quatro semanas após ser internado, em 2 de maio, o Reitor faleceu. Naquele momento, a Cidade Universitária que desenhara contava com 27 edifícios, além do Hospital. 5


CAPA

Histórias Atendimento humano e de qualidade é destacado por Lívia

Os corredores, salas, consultórios e leitos de um hospital são testemunhas de muitos acontecimentos. Quando esse hospital possui quatro décadas de existência, essas histórias crescem em volume e passam a formar um trajeto rico e marcante. É o caso do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), que completa quarenta anos no dia 29 de outubro de 2016. Para celebrar a data, ouvimos aqueles que são a razão de existir da nossa instituição, sem os quais jamais existiríamos. Nossos pacientes são nossa força motora e fonte de inspiração diária para fazermos mais e melhor. Por isso, ninguém melhor do que eles para explicar o que o HSL tem de especial. 6

Melhor assistência, maior amor

E

m alguns instantes, nossa vida pode mudar para sempre. No dia 25 de novembro de 2007, foi isso que aconteceu com Lívia Linck Silveira. Nessa data, na emergência do Hospital São Lucas da PUCRS, ela descobriu uma insuficiência renal crônica que, posteriormente, foi diagnosticada como síndrome hemolítico-urêmica atípica. Além de levá-la a fazer hemodiálise durante quase nove anos, a enfermidade impedia a realização de um transplante, já que, por ser uma doença genética, ela poderia ser transmitida ao novo órgão. Com apenas 18 anos na época, ela passou por um longo processo para compreender e aceitar a difícil situação. “No início, foi bem complicado.

A gente sempre se pergunta: por que comigo? Até então, eu não tinha nada, era uma pessoa saudável. Nunca tive muitos problemas de saúde. Foi, literalmente, do dia para a noite. No sábado, eu estava estudando para uma prova e no domingo estava no hospital fazendo hemodiálise. Algo totalmente impensável”, lembra. A solução veio com o surgimento de um novo medicamento capaz de bloquear a ação da doença no organismo, evitando que o novo rim fosse afetado. Desde setembro de 2015, a cada duas semanas, ela vem ao hospital para receber a droga que tornou possível o tão aguardado transplante. A cirurgia aconteceu no dia 27 de abril de 2016, um dia antes do aniversário


de vida da doadora, Roselena Linck Silveira, mãe de Lívia. As duas passaram essa data tão especial juntas, celebrando a vitória alcançada depois de tantos desafios. “Eu acordei na UTI Cirúrgica no final da tarde do dia 27, e a minha mãe estava na sala de recuperação. O técnico que estava cuidando de mim me levou na cama para dar um beijo nela à meia noite e como eu estava muito bem, pude ficar direto com ela. Passamos a madrugada do aniversário dela juntas, uma do lado da outra. Ela me deu a vida duas vezes, quando eu nasci e agora”, afirma. Na batalha de tantos anos, Lívia contou com um aliado especial. O chefe do serviço de nefrologia do HSL, Carlos Eduardo Poli de Figueiredo, teve papel essencial nessa trajetória. Foi ele quem esteve presente em todos os passos do tratamento, desde a chegada dela na emergência da instituição, sendo o responsável por encontrar a droga que permitiu a realização do transplante. Mas tão importante quanto a qualidade da assistência e o conhecimento técnico foi o carinho e o cuidado, criando uma relação que vai muito além do consultório. “O Poli é como um segundo pai. Eu sempre digo que ele é um anjo na vida dos pacientes, porque é maravilhoso, humano e preocupado. Há nove anos ele é meu médico, mas é muito mais do que isso. Cria um laço muito forte e eu vejo que não é só comigo que ele tem isso, mas com todos, porque, realmente, ele é uma pessoa especial. Eu lembro até hoje que, quando ele achou a solução, a secretária dele me

ligou e ele me contou chorando, muito feliz”, conta. Esse ciclo de amor é uma marca também na interação com outras áreas da instituição. Desde a equipe da hemodiálise, que acompanhou cada etapa do processo, até os funcionários dos andares onde ela ficou internada, passando pelos do bloco cirúrgico e a equipe do laboratório do Centro Clínico, todos são lembrados com carinho. “Eles são essenciais para a minha qualidade de vida. O Hospital é. Sem o suporte que eu tenho, eu não teria acesso a tantas coisas, inclusive a medicação, que é uma tecnologia muito nova. Não tenho como agradecer tanto carinho e cuidado de todos comigo. Tu acabas criando um vínculo forte. Eu já fiz hemodiálise em outros lugares, fora do país e em outros estados do Brasil, e sinceramente, nunca vi um atendimento tão humano quanto o que eu tenho deles lá. Apesar de ser uma situação complicada, ir para

lá não era tão difícil em função do grupo, que sempre foi muito atencioso. Como eu ainda vou uma vez a cada duas semanas, o laço não se desfez”, ressalta. Os desafios dessa longa caminhada trouxeram muitos ensinamentos. A união e o amor da família e a descoberta de muitos amigos verdadeiros foram algumas das consequências positivas que uma situação tão complicada pode trazer. “Claro que, se eu pudesse escolher, eu não gostaria que isso tivesse acontecido. Mas eu acho que me tornei uma pessoa um pouco melhor do que eu era. O que aconteceu lá atrás me fez ser quem eu sou hoje. Eu já parei de ficar pensando que isso não deveria ter acontecido. Eu sou feliz assim e acho que sou abençoada, por tudo de bom que eu descobri que tenho ao redor de mim”, explica ela, que, atualmente, tem 27 anos e é formada em nutrição pela UFRGS. FOTOS: CAMILA CUNHA

Amor infinito: Lívia divide com a mãe e a irmã tatuagem 7


CAPA

Ciclo de carinho e conhecimento

S

ão muitos os funcionários e médicos com longas e belas trajetórias no Hospital São Lucas da PUCRS (HSL). No entanto, poucos deles podem dizer que iniciariam essa relação no dia do seu nascimento. Esse é o caso da residente em neonatologia Natália Corrêa – ela nasceu no HSL e ficou internada na unidade onde hoje atua. Sua história se cruza com a da instituição em várias etapas e é pontuada pelo amor pela profissão e pela atenção aos pequenos pacientes. Sua mãe, Marília Corrêa, foi estudante da Faculdade de Medicina da PUCRS (Famed), residente de pediatria do HSL e, após sua formação, trabalhou durante muitos anos na emergência e no ambulatório da especialidade, inclusive durante sua gestação. Apesar da gravidez tranquila, ela teve uma ruptura uterina espontânea - uma situação rara e grave na obstetrícia - e precisou passar por um parto cesáreo de urgência. Natália nasceu com 34 semanas e quatro dias e foi internada na UTI Neonatal devido à prematuridade, onde permaneceu por 15 dias. Nesse período, ficou sob os cuidados do Dr. Renato Machado Fiori, chefe do Serviço de Neonatologia e, hoje, seu preceptor. Desde a infância, sempre demonstrou seu interesse pela medicina e, em 2007, ingressou na Famed. Após a conclusão do curso, em 2012, a escolha pela pediatria, com a qual sempre teve grande identificação, se mostrou natural. Cursou sua residência nesta área nos anos de 2013 e 2014, no HSL. 8

Placa de identificação da incubadora onde ela ficou após seu nascimento

Natália considera o hospital como uma segunda casa

O próximo passo na carreira a trouxe de volta para onde tudo começou. Desde 2015, Natália é residente em neonatologia no São Lucas. “Sempre me senti acolhida no hospital ao longo da minha faculdade. Queria muito fazer aqui minhas residências. Tenho certeza de que foram as melhores escolhas”, conta ela. Segundo ela, a experiência completa um ciclo em sua história, marcado por muito estudo, mas também por uma afinidade especial com o local e sua equipe. “Gosto muito do

Hospital da PUCRS, dos professores e dos colegas com quem convivi por tantos anos. Sabemos que a faculdade de medicina e a residência de pediatria são excelentes, e que o serviço de neonatologia está entre os melhores do Brasil. Me sinto orgulhosa de fazer parte de tudo isso”, ressalta. Após tanto tempo dentro do HSL, Natália destaca a relação construída durante esse período e o afeto recebido em cada etapa, característica que ela considera marcante na instituição. “Existe essa sensação de ciclo. O Dr.


FOTO: ARQUIVO PESSOAL

IMAGEM: ARQUIVO PESSOAL

Vida nova

Q

FOTO: BRUNO TODESCHINI

Fiori foi o meu médico neonatologista quando eu nasci e hoje é meu preceptor e chefe. Esta plaquinha de identificação (foto) ficava na minha incubadora – é o registro da minha passagem como prematura na UTI Neonatal em que hoje trabalho diariamente, retribuindo os cuidados que tiveram comigo, há tantos anos. Tenho um carinho muito especial pelo hospital devido a toda esta trajetória: primeiro como paciente, depois como estudante e agora como residente. Me sinto como em uma segunda casa.”, conta.

uem vê Larissa Eltz hoje, brincando e interagindo, não imagina os desafios que ela superou em seus dez anos de vida. No momento do seu nascimento, teve hipoglicemia. O problema deixou algumas sequelas, mas uma delas só se manifestou quando ela completou seis anos. Com essa idade, ela começou a ter crises convulsivas. Apesar do atendimento com os profissionais da cidade natal da família, Campo Bom, as crises pioraram e passaram a impedir a menina de realizar atividades normais, não conseguindo caminhar e falar. A busca pela cura trouxe os pais dela até o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL). Aqui, eles conheceram a equipe do Programa de Cirurgia da Epilepsia. Comandado pelo neurologista André Palmini e pelo neurocirurgião Eliseu Paglioli Neto, o grupo começou a atender o caso e, após a tentativa de controle através de medicação, realizou a cirurgia que mudou a história da família. O procedimento aconteceu em maio de 2014 e trouxe imediata diminuição das crises. Em setembro de 2016, completaram-se dois anos sem nenhum episódio. “Quando vemos fotos antigas, a gente se emociona. Chegamos a calcular e, nos últimos tempos, ela tinha até mil crises por dia. Mais de uma por minuto, em alguns momentos. Hoje, ela brinca,

Em setembro de 2016, Larissa completou dois anos sem nenhuma crise

come sozinha, vai na escola com acompanhamento”, conta Oziel Eltz, pai de Larissa. O acompanhamento na instituição segue ocorrendo, com três visitas anuais. A vitória alcançada é partilhada pela família com os profissionais que foram essenciais nesse momento tão difícil. “Eu falo com orgulho da equipe do Dr. André e do Dr. Eliseu. São seres humanos fantásticos. Não tem o que dizer do hospital. O atendimento tem que ser elogiado. Mudaram a vida da minha família”, ressalta Eltz. 9


LINHA DO TEMPO FOTOS: ARQUIVO

Passo a

Em constante evolução, HSL cresceu e adequou-se para

C

riado para cuidar da saúde da mente e do corpo. O Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) surgiu como uma iniciativa do Reitor Ir. José Otão que, desde o início da sua administração, em dezembro de 1954, enxergava a carência de profissionais nas áreas da saúde e

1972

de locais de qualidade para atendimento à população da região. Por isso, em 1970, lançou a Faculdade de Medicina e, em 1976, inaugurou o Hospital Universitário da PUCRS. O empreendimento foi pioneiro para o Instituto Marista em todo o mundo, passando a ser o primeiro investi-

_Início da construção do Hospital Universitário da PUCRS

mento da Congregação na Área da Saúde. Nos seus quarenta anos de existência, a Instituição sempre foi destaque em assistência, ensino e pesquisa no Estado e no País, aliando experiência e conhecimento com cuidado e carinho com a sociedade gaúcha.

1973

_Início dos atendimentos nos ambulatórios

1973

_Inauguração do Instituto de Geriatria e Gerontologia, por intercâmbio entre os governos do Brasil e do Japão

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FOTO: GILSON OLIVEIRA

passo

atender as demandas da assistência, do ensino e da pesquisa

1976

_Inauguração do Hospital

1977

1978

_Abertura da UTI Neonatal

Criada e coordenada pelo neonatologista Renato Machado Fiori, a UTI Neonatal do HSL é uma das primeiras do País. Já atendeu mais de 30 mil bebês em sua história e tem a mais baixa mortalidade em prematuros imaturos entre os hospitais universitários do Brasil, segundo a Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais. Em seu lançamento, contava com capacidade para atender 16 recém-nascidos com incubadoras, berços de calor radiantes, monitores digitais de frequência cardíaca, temperatura e pressão arterial, respiradores próprios, entre outros. Atualmente, são 35 leitos aparelhados com os mais modernos equipamentos para o atendimento aos pacientes.

_Inauguração da unidade de internação e do pronto-atendimento

1978

_Abertura do Centro Obstétrico

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LINHA DO TEMPO

1978

1982

Foi lançada com o objetivo de atender crianças de até 12 anos e dispunha de 12 leitos. Com equipe preparada para prestar assistência especializada e humanizada, contava com equipamentos de monitorização eletrônica e respiradores.

A denominação foi uma homenagem ao apóstolo e evangelista São Lucas, que foi médico e artista plástico, considerado o padroeiro dos médicos.

_Lançamento da UTI Pediátrica

_Mudança do nome da Instituição para Hospital São Lucas da PUCRS

1979

_Início do funcionamento do tomógrafo computadorizado de corpo inteiro, pioneiro no Estado FOTOS: ARQUIVO

1982

_Inauguração da internação do 9º Andar – Norte

1981

_Abertura da unidade de internação particular (9º andar – Sul), com 21 suítes

1981

_Inauguração do Laboratório Clínico

12

1982

_Implantação da UTI Cirúrgica

1985

_Início das obras do Centro Clínico da PUCRS


1988

_Inauguração do Centro Clínico da PUCRS

1998

_Criação do Centro de Diagnóstico por Imagem

Com área de 5.000 m², o Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) reunia 14 unidades de diagnóstico por imagem com equipamentos de última geração: Densitometria Óssea, Endoscopia, Hemodinâmica, Função Pulmonar, Litotripsia, Diagnóstico em Cardiologia, Diagnóstico em Mastologia, Medicina Nuclear, Neurofisiologia, Radiologia, Radioterapia, Ressonância Magnética, Tomografia Computadorizada e Ultrassonografia. Contava com equipe de 246 profissionais e capacidade de realização de 30 mil exames por mês.

1988

_Criação do ProntoPUC, emergência particular com atendimento 24h

1999

_Reforma dos Ambulatórios FOTO: CAMILA CUNHA

1996

_Inauguração da nova área do ProntoPUC

1997

_Criação do Instituto de Pesquisas Biomédicas, mediante convênio da Universidade com o governo do Estado 13


LINHA DO TEMPO

2004

_Inauguração do Centro de Reabilitação FOTO: MARCOS COLOMBO

2008

_Inauguração do Centro de Diagnóstico e Tratamento Intervencionista (CDTI) FOTO: GILSON OLIVEIRA

2005

_Ampliação e reforma da área do Centro Cirúrgico e Obstétrico

2009

_Inauguração da Unidade de Tratamento Intensivo Cardiovascular (UTI CV)

2008

_Inauguração do Centro de Pesquisa Clínica (CPC)

Situado no 4º Andar, possuía 700 metros quadrados e centralizava todos os estudos clínicos realizados na Instituição. Atualmente, é referência na área no Brasil, com estrutura de 900 metros quadrados e cerca de 40 investigadores de 22 especialidades distintas. Integra a Rede Nacional de Pesquisa Clínica, iniciativa conjunta dos Ministérios de Ciência e Tecnologia e da Saúde para testar medicamentos utilizados no Sistema Único de Saúde (SUS). FOTO: GILSON OLIVEIRA

14

Com 14 leitos, o novo espaço contou com projeto arquitetônico que, além de levar em consideração as peculiaridades do paciente cardíaco, trouxe também mais conforto. O local passou a possuir uma sala de espera e acolhimento exclusiva para os familiares dos internados e novos equipamentos, como monitores cardíacos multiparamétricos e aparelhos de ventilação mecânica de última geração. FOTO: BRUNO TODESCHINI


2009

_Inauguração da nova área da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI Geral)

2013

_Nova Sala de Recuperação Cirúrgica FOTO: BRUNO TODESCHINI

A reformulação da área permitiu o aumento da capacidade de 13 para 15 leitos, todos equipados com monitores cardíacos multiparamétricos e ventiladores microprocessados, com capacidade para hemodiálise. Com 561 metros quadrados, o novo ambiente trouxe mais privacidade aos pacientes. FOTO: GILSON OLIVEIRA

2015

_Inauguração de novos leitos de UTI

2016

_Reestruturação da Emergência Pediátrica

2012

_Inauguração do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) FOTO: BRUNO TODESCHINI

2016

_Lançamento da Unidade de Tratamento Clínico do Centro de Oncologia FOTO: CAMILA CUNHA

Fonte: Levantamento da Faculdade de História, Informativo O HUP, Informativo Pulsação, Revista PUCRS Saúde, PUCRS Informação edição nº 106, e livros Irmão José Otão – Vida e obra, de Irmão Roque Maria; História da PUCRS – 1978-1998, vol. 3, de Faustino João e Elvo Clemente; e Hospital São Lucas da PUCRS 25 Anos, de Elvo Clemente e Leomar Bammann 15


ESTATÍSTICAS

O HSL em

Estrutura

84 17 3 2.815 1.200 224 19.200

Leitos UCI

_Consultórios

49

Leitos UTI

_Salas de cirurgia

104

_Salas de parto

502 Leitos de Internação

655

Total de leitos_

Atendimentos 115.881 26.500 349.767 2.669.956 20.535 3.352 Urgência e emergência_

Internações_

Consultas_

Exames_ Cirurgias_

Partos_ 16

_Funcionários efetivos

_Médicos credenciados

_Médicos residentes

_Visitantes/dia

Centro Clínico da PUCRS 79 68 43% 57% 335 5.500 _Clínicas

_Especialidades _profissionais

_pessoas acolhidas por dia


números

Procedência do público atendido Local

Demanda da Assistência Outros Estados_1%

Interior do RS Região Metropolitana

Particulares e Convênios

9% 20%

36,8% 70%

63,2% Porto Alegre

Pastoral da Saúde 31.399 2.543 2.976 3.798 213

Pacientes/Familiares atendidos_

Funcionários atendidos_ Comunhões_

Unções_

Missas_

Sistema Único de Saúde

Ensino 1.545 26 42 242

Estagiários_ Residentes multiprofissionais_

Pesquisa 115 69 Pesquisas Acadêmicas_

Ensaios Clínicos_

Programas de Residência Médica_ Número de residentes médicos_

Dados referentes ao ano de 2015 17


ESTRUTURA

Direção

A estrutura FOTO: BRUNO TODESCHINI

• Adm. Leomar Bammann (Diretor-Geral e Administrativo) • Ir. Lauri Heck (Diretor Administrativo Adjunto) • Dr. Plinio Vicente Medaglia Filho (Diretor Técnico e Clínico) • Dr. Marlow Kwitko (Diretor Acadêmico) • Prof. Ricardo Minotto (Diretor Financeiro)

Serviços Assistenciais • Anestesiologia • Cardiologia • Cirurgia Bariátrica e Metabólica • Cirurgia Bucomaxilofacial • Cirurgia Cardiovascular • Cirurgia da Mão e Microcirurgia Reconstrutiva • Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo • Cirurgia Pediátrica • Cirurgia Plástica • Cirurgia Torácica • Dermatologia • Emergência • Endocrinologia • Estomatologia • Gastroenterologia • Geriatria • Ginecologia • Hematologia 18

FOTO: BRUNO TODESCHINI

• Infectologia • Medicina da Família • Medicina Interna • Nefrologia • Neurocirurgia • Neurologia

• Obstetrícia • Oftalmologia • Oncologia • Otorrinolaringologia • Pediatria • Pneumologia

• Proctologia • Psiquiatria • Reumatologia • Transplante • Traumatologia e Ortopedia • Urologia


do HSL

Serviços Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento FOTO: BRUNO TODESCHINI

Unidades de Tratamento Intensivo

• Centro de Diagnóstico e Tratamento Intervencionista • Densitometria Óssea • Diagnóstico em Cardiologia (CardioPuc) • Diagnóstico em Mastologia • Endoscopia • Fisiatria • Hemodiálise • Hemoterapia • Laboratório Cardiopulmonar • Laboratório de Anatomia Patológica • Laboratório de Neurofisiologia Clínica • Laboratório de Patologia Clínica • Medicina Nuclear • Quimioterapia • Radiologia • Radioterapia • Ressonância Magnética • Tomografia Computadorizada • Ultrassonografia

Pesquisa FOTO: BRUNO TODESCHINI

FOTO: BRUNO TODESCHINI

• UTI Cirúrgica • UTI Geral • UTI Coronariana

• UTI Pediátrica • UTI Neonatal

• • • •

Centro de Pesquisa Clínica Instituto de Pesquisas Biomédicas (IPB) Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) 19


PEDIATRIA

Cuidado e carinho Pediatria reúne conhecimento técnico e FOTO: BRUNO TODESCHINI

Profissionais e estudantes debatem casos na reunião Oito em Ponto

C

uidar das enfermidades dos pacientes desde o momento do seu nascimento é a missão do Serviço de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL). Com uma equipe capacitada, está preparado para atender de forma integral as crianças, tendo à disposição uma estrutura de ponta formada ainda pelas renomadas UTIs Pediátrica e Neonatal da instituição (saiba mais sobre elas nas páginas 28 e 29). A pediatria foi a primeira área de internação do HSL. O atendimento começou no 3º andar, onde hoje funciona a UTI Adulto, com cerca de 80 leitos e, posteriormente, foi transferido para o 5º andar, onde se encontra até hoje. 20

Na época, o hospital ainda dava seus primeiros passos, e a montagem do setor foi realizada com a participação de cada funcionário. Alguns deles ainda atuam no lugar e lembram com alegria desse momento. “Nós vimos o crescimento e o desenvolvimento do São Lucas. Caminhávamos entre madeiras e tijolos à vista. Visitávamos as obras. Era bem interessante”, lembra o Dr. Manoel Luiz Soares Pitrez Filho. Atualmente, o Departamento de Pediatria é composto por 30 pediatras, divididos em diversos setores. A área tem a sazonalidade como característica. Por isso, são mais prevalentes as doenças respiratórias no inverno e outras doenças infecciosas

no verão. O serviço é referência para as centrais de distribuição de leitos estadual e municipal, recebendo o encaminhamento de casos com as mais diversas patologias. Para prestar a melhor assistência, desde o seu início, contou com a presença de residentes, tendo um programa reconhecido nacionalmente por sua qualidade e relevância. Atualmente, são formados dez residentes por ano, que trabalham de forma conjunta com os preceptores, doutorandos, estagiários e alunos de graduação, que passam pela área desde o primeiro ano do curso. Esse histórico de união entre profissionais e estudantes com diferentes níveis


com a nova geração humanização no atendimento para as crianças de conhecimento é uma marca do trabalho. “Essa interação é muito importante e já virou rotina entre nós. Com isso, todos são muito bem recebidos. Não há dificuldade na aceitação, pois todos sabem que esse é o processo. Todos estão aqui para aprender e para ajudar”, explica o Dr. Luiz Telmo Romor Vargas. O foco na multidisciplinaridade é outra questão importante e contribui para alcançar a excelência. Semanalmente, realiza-se a reunião “Oito em Ponto”, que une equipes da Medicina, do Serviço Social, da Psicologia, da Enfermagem, da Odontologia, da Nutrição, do Controle de Infecção e da Pedagogia. Nela, os casos são debatidos de forma ampla, levando em consideração as diferentes visões e experiências. Além disso, o projeto abre uma grande oportunidade aos jovens, que sentem a liberdade de opinar e aprender com os demais. Todas essas iniciativas buscam fornecer o melhor e mais completo atendimento, com atenção total ao paciente. “O que a gente se esforça para fazer e faz com sucesso é ver as crianças como um todo. Tem uma frase atribuída a Pedro de Alcântara que diz que “o pediatra trabalha com as mãos no presente com os olhos no futuro”. Sempre pensando no crescimento e no desenvolvimento delas. Esse é o diferencial da nossa especialidade”, ressalta o chefe do Serviço de Pediatria, Dr. Pedro Celiny Ramos Garcia.

FOTO: JENIFFER CAETANO

Serviço de Recreação proporciona espaço de socialização e criação

Humanização

Ninguém gosta de ficar doente e de ser internado em um hospital, especialmente as crianças. Por isso, uma abordagem humanizada e carinhosa é essencial nesses momentos. Essa é uma das características únicas da Pediatria do HSL, ação que se reflete nos resultados alcançados. “Nós sempre nos preocupamos muito com a questão da humanização. É um diferencial nosso, pois não são todos os lugares que podem oferecer esse tratamento. Eu acho que é algo fundamental. Já estive em outros locais que tem um esforço nesse sentido, mas a maneira como as pessoas trabalham aqui é diferente”, afirma Vargas. Além da atenção da equipe assistencial, o HSL conta com um Serviço de Recreação, que realiza atividades pedagógicas, lúdicas e artísticas, tentando diminuir o trauma e melhorar

o astral. O projeto envolve pintura, brincadeiras, jogos e atividades pedagógicas. Coordenado, desde 1999, pela pedagoga Juliana Pierdona, o serviço proporciona socialização, diversão, desenvolvimento do potencial criador e da aprendizagem dos pacientes, além de promover ações como a Recrearte, exposição com os trabalhos infantis realizados no setor; e festas em datas comemorativas, como Páscoa, Dia da Criança e Natal. Situado no 5º andar, funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h e das 14h às 17h. Juliana diz que, apesar de ter um cronograma de atividades diárias, nem sempre ele é seguido, pois os pequenos têm a voz de comando. “Este é um espaço deles. Na maior parte das vezes, o hospital é um local onde eles não podem dizer não para nada, mas aqui eles têm o direito de escolher com o que querem brincar e o que querem fazer”, destaca. 21


NEFROLOGIA

Assistência

Nefrologia do HSL é referência desde o suporte aos pacientes de alto risco até o transplante renal

D

esde 1973, o Serviço de Nefrologia do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) presta um serviço de destaque. Com uma equipe especializada e multidisciplinar, é referência em transplantes renais, suporte a pacientes de alto risco e no apoio a unidades de todo o Rio Grande do Sul e de outros estados do país. Abrange os setores de Diálise e Transplante, Clínica Nefrológica, ambulatórios, Laboratório de Nefrologia, no Instituto de Pesquisas Médicas (IPB) e pesquisa, no Centro de Pesquisa Clínica (CPC). Possui 20 equipamentos para hemodiálise crônica, cinco para hemodiálise fora da unidade e quatro para procedimentos contínuos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A instituição tem uma previsão de ampliação para 32 pontos, projeto já aprovado junto à Vigilância Sanitária. Dispõe ainda de infraestrutura para diálise peritoneal de casos agudos e crônicos. Desde 2011, não reutiliza dialisadores, mesmo que a legislação vigente permita. Os ambulatórios da especialidade atendem as áreas de nefrologia clínica e hipertensão arterial; doença renal crônica e diálise; transplante; nefrologia pediátrica e pesquisa clínica. Destacam-se ainda o trabalho com pacientes hipersensibilizados, o programa de residência em transplante renal e a vinculação à Sociedade Internacional de Diálise Peritoneal. Na 22

produção científica, ressaltam-se os estudos relacionados à hipertensão na gestação e à diálise peritoneal, em que há a participação na definição de diretrizes internacionais. Por fim, é importante salientar o papel desempenhado na formação de novos profissionais, com projetos desenvolvidos na graduação e pós-graduação lato sensu e stricto sensu. O serviço é chefiado pelo nefrologista Carlos Eduardo Poli de Figueiredo. Segundo ele, a qualidade do atendimento prestado e o foco na humanização são dois dos diferenciais do trabalho. “O paciente é o motivo de estarmos aqui. Temos uma equipe extremamente dedicada e comprometida com a valorização dele. Além disso, possuímos uma forte integração entre assistência, ensino e pesquisa.” O grupo é composto por 12 médicos, quatro médicos residentes em nefrologia, além de enfermeiros, técnicos de enfermagem, administrativos, profissionais do serviço social, psicologia, nutrição, fisioterapia, farmácia, engenharia biomédica e controle de infecção.

Mais de 1,5 mil transplantes

Em parceria com o Serviço de Transplante, coordenado pelo cirurgião Marcelo Hartmann, e a organização de Procura de Órgãos (OPO2), que conta com a supervisão do nefrologista Maurício Schuck, o HSL já soma

mais de 1500 transplantes renais. A iniciativa começou em 1978 na instituição, com o nefrologista Domingos d’Avila. O número de procedimentos aumentou consideravelmente nos últimos anos, com recordes em 2012 (107) e 2014 (113). Nos últimos doze meses, foram 83 operações. Esse tipo de cirurgia mantém-se em gradativo crescimento no hospital, com média anual de 100 intervenções, o que evidencia o trabalho de referência dos envolvidos. O HSL foi o primeiro a realizar transplantes renais intervivos com retirada do rim por meio de videolaparoscopia. A técnica oferece benefícios como melhora da qualidade de vida, melhor cicatrização, redução da dor no período pós-operatório e possibilidade de alta precoce. O nefrologista Leonardo Kroth desenvolveu uma pesquisa sobre a trajetória do serviço e o perfil dos pacientes. O resultado aponta para a diminuição das complicações no pós-operatório e das taxas de infecção. A rejeição é de menos de 20%, apesar da alta complexidade dos procedimentos. O índice de sobrevida é elevado. Em cinco anos de acompanhamento, as médias alcançadas foram de 95% para receptores de doador vivo e de 80% para os de doador falecido. A idade dos envolvidos também aumentou nos últimos anos. A média dos receptores é de 45 anos, enquanto a dos doadores é de 42 anos.


completa

Setor de diálise é uma das unidades do Serviço

FOTO: RAMON FERNANDES

A procura dos órgãos Desde 2011, o HSL conta com a OPO2 (Organização de Procura de Órgãos). Ela incorporou as funções da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) e tem suas atribuições regulamentadas pela Portaria 2600, de 21 de outubro de 2009. Formada por um coordenador, dois enfermeiros e um auxiliar administrativo, incrementou o número de transplantes não

apenas na instituição, mas em todo o Estado, juntamente com outras cinco unidades espalhadas pelo Rio Grande do Sul. Seu objetivo é ajudar na identificação de doadores e auxiliar no diagnóstico da morte encefálica, na entrevista dos familiares e na operacionalização do processo. Também é responsável pelo treinamentos de enfermeiros e médicos e organização de campanhas de conscientização,

como a mostra fotográfica “Doando Órgãos, Multiplicando Vidas”, lançada em setembro de 2014. A OPO2 atende 28 hospitais, fora o HSL, cobrindo região metropolitana e litoral. Mesmo com resultados favoráveis, 801 pessoas aguardavam por um rim no Rio Grande do Sul, no mês de setembro de 2016, de acordo com a Central de Transplantes, o que demonstra importância de um trabalho dessa natureza. 23


NEUROLOGIA E NEUROCIRURGIA

Atendimento de excel Neurologia e Neurocirugia do HSL são reconhecidas nacional

O

cérebro é o órgão mais complexo do ser humano. No Hospital São Lucas da PUCRS, ele recebe atenção especial. Os serviços de Neurologia e Neurocirugia da instituição são reconhecidos nacional e internacionalmente por sua excelência. Além do pioneirismo em áreas como a cirurgia da epilepsia, o trabalho diário de forma integrada é uma marca desses grupos, trazendo melhores resultados para os pacientes. Formado em 10 de dezembro de 1974, o Paglioli Neto (à esquerda), Palmini e Maria Dal Pozzo, técnica em Serviço de Neurologia é eletroencefalograma, integram o Programa de Cirurgia da Epilepsia integrado por 32 médicos, entre neurologistas, residentes e cursistas. Atingiu noto- São reconhecidos pelo trabalho com Já o Serviço de Neurocirurgia riedade nacional e internacional sob problemas complexos, que deman- atende as principais doenças ligadas o comando do Dr. Jaderson Costa da dam a integração entre assistência à especialidade, como tumores cereCosta, que criou um ambiente fértil ambulatorial e de emergência, in- brais, tumores de coluna, sangramenpara a formação e o desenvolvimen- vestigação e tratamento hospitalar, tos cerebrais, hérnias de disco, má to de jovens profissionais, tornando com destaque para as epilepsias, formação pediátrica (hidrocefalia, má o HSL referência latino-americana. a esclerose múltipla e as doenças formação congênita), epilepsia adulto Chefiado pelo Dr. André Palmini des- cerebrovasculares. “O Serviço tem a e pediátrica, entre outras. Atualmente, de 2010, oferece atendimento e pro- responsabilidade de atender, de for- é chefiado pelo Dr. Eliseu Paglioli Neto move pesquisas nas principais áreas ma humana e inovadora, pessoas que e realiza, aproximadamente, 450 cirurda especialidade, incluindo epilep- sofrem de problemas neurológicos. gias por ano, trabalhando de forma sias de difícil controle; doenças dos Ao longo dos anos, posicionou-se integrada com outros serviços da insmovimentos, como a Doença de como um dos melhores do Brasil, e tituição, como a própria neurologia, Parkinson; problemas de memória, nosso objetivo é manter um padrão traumatologia, oncologia, pediatria e como a Doença de Alzheimer; cefa- de atendimento, educação e pesqui- endocrinologia. Apesar da seriedade leias; alterações dos nervos e múscu- sa compatível com essa perspectiva”, dos casos atendidos, com a alta calos; neuropsicologia e neuropediatria. ressalta Palmini. pacitação e especialização da equipe, 24


lência para o cérebro e internacionalmente pela qualidade do trabalho desenvolvido FOTOS: BRUNO TODESCHINI

composta por seis neurocirurgiões e seis residentes, os resultados alcançados são bastante positivos. O nosso índice de complicações e mortalidade é muito baixo. Tivemos pouquíssimos casos de óbitos durante a cirurgia em todos esses anos. É algo raro, com todos os recursos e qualidade que temos hoje”, diz Paglioli Neto.

Referência internacional

Criado em 1992, o Programa de Cirurgia da Epilepsia do HSL é referência no Brasil e na América Latina para o tratamento da doença, que atinge 1% da população brasileira. Pioneira na realização de cirurgias desse tipo na Região Sul, o grupo fez mais de 2 mil procedimentos nesse período. Pacientes de todos os estados do País, além de Argentina, Portugal, Chile, Paraguai, Uruguai, Honduras e Estados Unidos, já foram atendidos. O programa foi formado por iniciativa dos chefes dos serviços de Neurologia e Neurocirurgia do HSL à época, respectivamente, Jaderson Costa da Costa e Eduardo Paglioli. “O Programa surgiu da necessidade de encontrar alguma alternativa de tratamento para pacientes que tinham epilepsia e não respondiam aos medicamentos. O segundo motivo foi que esse projeto permitiria uma interação intensa entre três setores: clínico, cirúrgico e de pesquisa clínica e experimental. Nós reunimos forças para atender uma parcela da população e desenvolver um novo modo de pensar e agir, funcionando

Equipes reúnem-se semanalmente para a discussão de casos clínicos

com maior interação interdisciplinar”, explica Costa da Costa, diretor do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer). Nos primeiros três anos, foram operadas cerca de 30 pessoas. O número aumentou para 70 ao ano quando o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer cobertura. Atualmente, são realizados entre 90 e 100 procedimentos anuais. O atendimento envolve investigação, cirurgia e acompanhamento posterior. A equipe é coordenada pelo neurocirurgião Eliseu Paglioli Neto e pelo neurologista André Palmini; é formada também por neuropsicólogos, neurorradiologistas e neuropediatras. O índice de complicações apresentado é baixo. Em alguns tipos específicos da doença, os resultados alcançados estão entre os melhores

do mundo. “A epilepsia tem entre 40 e 50 tipos diferentes. Em alguns casos, a pessoa fica 100% curada. Em outros, o resultado é de 50%. Na média, 70% dos pacientes ficam sem crises. Mas quem não fica completamente curado, normalmente passa de 60 crises por dia para duas por mês”, afirma Paglioli Neto. O sucesso traz satisfação para os participantes da iniciativa que, com o seu trabalho, modificam a vida dos pacientes diariamente. “O resultado alcançado é muito alentador. O projeto foi gestado dentro do HSL e do laboratório. Cresceu com os recursos existentes aqui, que não são abundantes, pois nenhum hospital tem recursos abundantes. Mas isso prova que é possível fazer um grande trabalho e atingir a excelência”, enfatiza Paglioli. 25


CARDIOLOGIA

Atenção integral Oferecendo suporte completo ao cuidado cardiológico, HSL une diagnóstico, tratamento, pesquisa, ensino de graduação e formação de especialistas

P

resente desde o início da atuação do Hospital, a Cardiologia chega à quarta década com reestruturações para proporcionar assistência ainda mais eficaz. Fazem parte dessas mudanças o acolhimento realizado na Emergência e a reorganização das unidades de tratamento intensivo dedicadas aos pacientes da especialidade. O chefe da área Cardiológica, Mario Wiehe, destaca que o objetivo é verticalizar a assistência e manter uma forte comunicação entre as áreas para o direcionamento eficiente dos casos. “As emergências são a origem majoritária dos nossos pacientes; então a ideia é que tenhamos um atendimento adequado, rápido e integrado entre as áreas da cardiologia, desde o acolhimento, passando por CDTI (Centro de Diagnóstico e Tratamento Intervencionista), cirurgia cardíaca, UTI Coronariana, indo para a unidade de internação e utilizando-se de todos os métodos diagnósticos invasivos e não invasivos que o serviço dispõe”, explica o cardiologista. Mesmo sendo um hospital geral, o HSL sempre se caracterizou por ter áreas de tratamento intensivo específicas para a cardiologia, destacando-se em relação a outras instituições. Wiehe considera essa estrutura de alta complexidade um diferencial, assim como o acolhimento adequado; a cirurgia cardíaca muito atuante, operando 26

mais de 300 casos ao ano; os equipamentos modernos e os recursos humanos suficientes para proporcionar uma boa assistência; e a alta tecnologia, dentro do CDTI, para realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos de ponta minimamente invasivos. Soma-se a isso o fato de dispor de programas de residência e de formação de especialistas e cursistas em cardiologia, ecocardiografia, eletrofisiologia clínica, cirurgia cardíaca e hemodinâmica, todos com alto índice de aprovação nas provas de título. A forte presença do ensino e da pesquisa resulta em uma produção científica igualmente marcante. Além de dissertações e teses, em 2016, foram mais de 30 temas livres apresentados nos congressos gaúcho e brasileiro, sem contar a participação em eventos científicos internacionais. Muitos desses trabalhos originam-se dos bancos de dados produzidos pelas áreas. Entre eles estão os de cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca, síndrome metabólica, arritmias e de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. Este último, coordenado pelo chefe do Pós-Operatório em Cirurgia Cardíaca, João Carlos Guaragna, soma, em 20 anos de análise, mais de 5,5 mil registros de características pré e pós-operatórias, desfechos e variáveis do caso. Essas informações permitiram a criação do escore de ris-

co para quem vai se submeter à cirurgia de troca de válvula cardíaca e à de ponte de safena (revascularização do miocárdio). Aplicado no HSL, o escore também foi validado externamente e pode ser adotado em outras instituições. A Cardiologia atua igualmente na pesquisa clínica, coordenada pelo cardiologista Luís Carlos Bodanese. Realizados no Centro de Pesquisa Clínica do HSL, esses estudos estão vinculados a laboratórios farmacêuticos e direcionados ao teste de medicamentos em voluntários.

Time completo

O atendimento eletivo, ou seja, que não é de urgência, é realizado nos ambulatórios. Eles são divididos em seis subespecialidades: cardiopatia isquêmica; pós-operatório de cirurgia cardíaca; valvulopatias; hipertensão e síndrome metabólica; arritmias e insuficiência cardíaca. São voltados tanto aos pacientes do SUS, quanto aos de convênios e particulares. Se houver indicação de exames, estes podem ser realizados no CardioPUC, onde são disponibilizados teste ergométrico de esforço, monitorização da pressão arterial por 24h (Mapa), monitorização da frequência cardíaca por 24h (Holter), ecocardiograma e eletrocardiograma. O diagnóstico também pode ser feito no CDTI, quando é necessária a realização da cinecoronariografia,


ao coração

CDTI é uma das áreas que compõe a completa rede de atendimento em cardiologia do HSL

FOTO: BRUNO TODESCHINI

que estuda as coronárias, permitindo verificar a existência de obstrução. Este recurso também é utilizado, em regime de urgência, em situações de infarto agudo do miocárdio, quando a artéria coronária afetada precisa ser desobstruída o mais rápido possível. Nesses casos, o tratamento é feito com o uso de cateter, num procedimento pouco invasivo para a colocação de stent – tubo expansível implantado para manter a artéria aberta. O chefe do CDTI, Paulo Caramori, explica que cerca de 70% dos procedimentos feitos são em caráter de urgência e emergência, ou seja, que precisam ser realizados imediatamente ou em até 72h. Também são tratados os pacientes com arritmias cardíacas e que necessitam do implante de marca-passo. Eles são assistidos pelo programa de eletrofisiologia, chefiado pelo especialista Carlos Antônio

Kalil. A estrutura, composta por três salas de hemodinâmica e com equipe médica presente ou de sobreaviso em tempo integral, é utilizada ainda pelas áreas neurovascular, de cirurgia endovascular e radiologia intervencionista. São realizados, em média, 400 procedimentos ao mês. Embora, atualmente, muitos casos sejam tratados no CDTI, a gravidade do quadro clínico dos pacientes tem elevado o número de cirurgias cardíacas realizadas no HSL. A principal razão para o crescimento da demanda é a longevidade, que propicia o surgimento da aterosclerose (doença inflamatória causada pela formação de placas nos vasos sanguíneos) e da estenose aórtica (calcificação da válvula). Chefe do setor, João Batista Petracco conta que a revascularização miocárdica responde pelo maior volume de procedimentos da equipe

de cinco cirurgiões cardíacos, seguida das cirurgias de válvula. Por fim, a cirurgia vascular periférica, chefiada por Marco Antônio Goldani, é outra linha de atuação do Serviço. Preparado para atender todas as patologias da circulação tanto arterial como venosa ou linfática, o grupo conta com dez profissionais altamente capacitados. Os especialistas são agrupados em três equipes: de cirurgias das doenças das veias (varizes), com uma Unidade de Flebologia; de Cirurgias Endovasculares, com atuação na Hemodinâmica; e de Cirurgias Arteriais. Entre os procedimentos mais frequentes estão o tratamento das varizes por termoablação com laser; cirurgias de revascularização das extremidades, de aneurismas arteriais, das doenças das carótidas e para acessos vasculares para hemodiálise. 27


ONCOLOGIA E RADIOTERAPIA

Nova era do tratamento oncoló Combate ao câncer é uma das áreas de destaque na história

Nova Unidade de Tratamento Clínico traz mais conforto aos 800 pacientes atendidos mensalmente

C

om prevalência crescente nos últimos anos, o câncer é a segunda causa de morte em nossa sociedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde, espera-se aumento de 70% no número de casos nas próximas duas décadas. Para atender essa demanda cada vez maior, o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) conta com experientes serviços de Oncologia e Radioterapia. Eles oferecem atendimento de qualidade em um sistema integrado de tratamento, composto ainda por métodos diagnósticos por imagem, como ressonância magnética, tomografia computadorizada e PET-CT, este último realizado pelo Instituto do Cérebro (InsCer), componente de distinção nessa linha de cuidado; Centro de Pesquisa Clínica e Instituto de Pesquisas Biomédicas (IPB), além da assistência ambulato28

rial aos pacientes. Juntas essas áreas compõem o Centro de Oncologia do HSL, lançado em 2016. Com tradição de 38 anos, o Serviço de Oncologia atende no ambulatório, em média, 1.300 pacientes por mês e acompanha, diariamente, os casos daqueles que estão internados. Além disso, possui uma Unidade de Tratamento Clínico recentemente inaugurada, com ambiente de 273 metros quadrados que proporciona mais conforto aos 800 pacientes recebidos mensalmente e seus acompanhantes. No local, que conta com 13 poltronas e quatro leitos, para realização de quimioterapias de infusão prolongada, são dispensados todos os tratamentos oncológicos, que abrangem quimioterápicos, drogas biológicas e de administração oral. “Tecnicamente já tínhamos um padrão muito bom, mas

ambientalmente, agora, entramos no padrão ouro”, ressalta o chefe do Serviço de Oncologia e da Quimioterapia do HSL, Sérgio Lago. Lançado em novembro de 1980, o Serviço de Radioterapia possui tecnologia de ponta para o tratamento do câncer. O setor foi o primeiro do País a utilizar um computador idealizado especialmente para o uso em radioterapia (treatment planning system) para realizar os cálculos dos planejamentos terapêuticos com maior precisão e agilidade. Nos últimos anos, o serviço, que iniciou seus trabalhos com uma unidade de telecobalto e o acelerador linear de maior energia no Estado para a época, passou por reformas no espaço físico e somou dois novos equipamentos de última geração, os aceleradores lineares Clinac iX e Trilogy.


Centro de Oncologia

lógico do HSL FOTO: CAMILA CUNHA

Trilogy é um dos mais modernos aceleradores lineares do Sul do País

A integração de várias áreas do conhecimento, somada à renovação das estruturas e dos aparelhos e à qualificação das equipes, tornam o HSL um centro de destaque no tratamento oncológico no Rio Grande do Sul. “A Radioterapia do HSL encontra-se na sua melhor fase desde a sua inauguração. Estamos orgulhosos com o nível tecnológico que alcançamos atualmente. Contamos com equipamentos que permitem realizar tratamentos radioterápicos com extrema precisão, oferecendo aos nossos pacientes o que há de mais avançado na área. Além disso, é importante salientar a qualificação do grupo, com a participação de radio-oncologistas, físicos médicos e técnicos em radioterapia treinados no Brasil e exterior”, afirma o chefe do Serviço de Radioterapia, Aroldo Braga Filho.

Unidade de Tratamento Clínico • Estrutura: 273 m², 13 poltronas e 4 leitos • Atendimento: 800 pacientes por mês Serviço de Radioterapia • Equipamentos: – Clinac iX: Adquirido em 2013, o acelerador linear Clinac iX, da empresa Varian, permite a realização de procedimentos com grande precisão e segurança, como a radiocirurgia estereotáxica craniana, indicada em casos de tumores cerebrais primários e metastáticos. Entre as técnicas disponíveis está a Radioterapia com Intensidade Modulada (IMRT), que, ao modular a intensidade da radiação, protege órgãos ou estruturas próximas ao tumor; e a Radioterapia Guiada por Imagem (IGRT), que permite verificar, em tempo real, o local onde estão sendo feitas as aplicações, oferecendo mais precisão. – Trilogy: Um dos mais modernos aceleradores lineares do Sul do País voltado ao tratamento de tumores, o equipamento de última geração Trilogy, da empresa Varian, realiza, entre outros procedimentos, a radiocirurgia estereotáxica extracraniana (SBRT), indicada para tratar câncer de pulmão. A técnica é uma alternativa terapêutica à cirurgia convencional, apresentando resultados de controle local do tumor e sobrevida semelhantes. Além de também permitir a realização da IMRT e da IGRT, assim como o Clinac iX, outra característica do equipamento é o Rapid Arc, que diminui o tempo de cada tratamento, proporcionando mais conforto e menor possibilidade de alterar a posição do paciente no momento da aplicação. • Tratamentos e técnicas realizados no setor: – Radioterapia Convencional – Radioterapia com feixe de elétrons – Radioterapia Conformal (Tridimensional-3D) – Radioterapia com intensidade modulada (IMRT) – Radioterapia com arco volumétrico de intensidade modulada (Rapid Arc) – Radioterapia Guiada por Imagem (IGRT com Portal Vision e MV Reposition) – Radioterapia Guiada por Imagem com Cone Beam CT e Respiratory Gating – Radioterapia Estereotáxica: Craniana, Fracionada e Extracraniana (SBRT) – Radioterapia Intra Operatória

Oncologia Cirúrgica O Serviço de Cirurgia Geral e suas subespecialidades contam com profissionais de formação oncológica em cada área específica, o que permite alcançar os melhores resultados no tratamento dos diversos tipos de tumores. Instituto do Cérebro – PET-CT Instalado no Instituto do Cérebro (InsCer), junto ao HSL, o PET-CT é um método de diagnóstico por imagem em Medicina Nuclear indicado para diversas neoplasias. Com a aplicação de um radiofármaco no paciente, o equipamento visualiza alterações tanto anatômicas (CT – tomografia computadorizada) quanto metabólicas (PET – tomografia por emissão de pósitrons), o que permite a detecção de células malignas, que apresentam alto metabolismo glicolítico. O exame é realizado no corpo inteiro, possibilitando inclusive encontrar metástases no organismo. Centro de Diagnóstico por Imagem • Estrutura: 5500 m² • Unidades: Densitometria Óssea, Endoscopia, Hemodinâmica, Função Pulmonar, Diagnóstico em Cardiologia, Diagnóstico em Mastologia, Medicina Nuclear, Neurofisiologia; Radiologia, Radioterapia, Ressonância Magnética, Tomografia computadorizada e Ultrassonografia. Unidades de Internação O paciente internado dispõe de estrutura completa de assistência, com equipe multidisciplinar preparada para atender todas as suas necessidades 24h por dia. Unidade Ambulatorial O atendimento ambulatorial é realizado por uma equipe especializada composta por oito oncologistas, de diferentes subespecialidades, e sete residentes. Em média, são realizadas 1.300 consultas ao mês. Laboratórios de Patologia Clínica e Anatomia Patológica Indispensáveis para a área oncológica do HSL, os laboratórios respondem pelos exames anatomopatológicos, por estudos de imuno-histoquímica e avaliação de marcadores tumorais. Centro de Pesquisa Clínica O Centro de Pesquisa Clínica (CPC) da Instituição é um dos líderes do País no setor. No momento, realiza mais de 200 ensaios clínicos, com destaque para as testagens de novas drogas oncológicas em parceria com a indústria farmacêutica. O Centro conta com estrutura de 900 metros quadrados. 29


INTENSIVISMO

Cuidado

Equipamentos modernos e profissionais qualificados

A

FOTOS: BRUNO TODESCHINI

estrutura necessária para atender casos de alta complexidade caracteriza o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) como uma instituição terciária dentro do sistema de saúde. Às especialidades médicas e aos recursos diagnósticos somam-se as áreas de intensivismo para oferecer essa assistência aos pacientes. Com vocações distintas, as unidades de tratamento intensivo (UTIs) somam 106 leitos e são fundamentais para o funcionamento de outros serviços do Hospital. É o caso das cirurgias mais complexas, que necessitam desUTI Geral conta com três espaços e 29 leitos para pacientes clínicos e cirúrgicos se suporte no pós-operatório para poderem ocorrer. Além disso, o original de atendimento intensivo com dez leitos cada, e o Centro de chefe da UTI Geral, Sergio Baldisse- geral; possuem um total de 29 leitos Diagnóstico e Tratamento Intervenrotto, destaca que, atualmente, há destinados a pacientes clínicos e cionista (CDTI), que realiza proceuma necessidade maior em relação cirúrgicos. Manteve-se no quarto dimentos minimamente invasivos a essas acomodações em função do andar a UTI Cirúrgica, que recebe o em pacientes cardíacos e de outras avanço tecnológico e do crescimento pós-operatório de cirurgia geral. Cria- especialidades. da longevidade. da em 1982, passou por reforma em Por essa razão, o HSL tem investi- 2016, aumentando sua capacidade Desde o nascimento do na modernização e ampliação da de oito para dez leitos. Entre as UTIs mais antigas do HSL capacidade dessas unidades. As moCom essas reestruturações, o está a Neonatal, aberta em 1º de fevedificações mais recentes envolvem tratamento intensivo da cardiologia reiro de 1978 e uma das primeiras do as áreas destinadas ao atendimento pôde ser concentrado no terceiro País na especialidade. Com estrutura geral, cardiológico e cirúrgico. Em andar. Dessa forma, ficaram lado inicial para atender 16 recém-nasci2015, a UTI Geral passou a contar a lado a Unidade Coronariana (an- dos, a área de 700 metros quadrados com três espaços. Denominadas Área teriormente denominada UTI Car- foi totalmente renovada em 2013, I, antiga UTI da Emergência; Área II e diovascular), o Pós-Operatório de quando passou de 33 para 35 leitos. Área III, que permanece no ambiente Cirurgia Cardíaca (POCC), ambos Também fizeram parte das melhorias 30


intenso

possibilitam o atendimento de alta qualidade nas UTIs

UTI Neonatal já atendeu mais de 30 mil bebês em sua história

a estruturação da sala canguru e a aquisição de modernos respiradores. Chefiada pelo neonatologista Renato Machado Fiori desde o princípio, a UTI Neonatal já atendeu mais de 30 mil bebês e tem a mais baixa mortalidade em prematuros imaturos entre os hospitais universitários do Brasil, conforme a Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais. Fiori diz que a remodelação propiciou o melhor acolhimento dos pais, favorecendo a permanência deles junto aos filhos; e a instalação de nova iluminação, que, por intercalar períodos de claro e escuro, torna o ambiente mais adequado

ao repouso dos pacientes. A unidade, referência em cirurgia infantil, neurocirurgia e tratamento intensivo especializado, é reconhecida igualmente pela formação de especialistas. Estão em treinamento oito médicos residentes de neonatologia ao ano, vindos de diferentes localidades, além de residentes de pediatria que fazem rotação na unidade e na UTI Pediátrica. Além de ter sido pioneira no Rio Grande do Sul no uso de respirador artificial, realizou o primeiro surfactante do Estado, e um dos primeiros do Brasil, em 1992. A medicação facilita a respiração em prematuros.

Por fim, a UTI Pediátrica (UTIP) completa a estrutura de intensivismo da Instituição. Inaugurada em 27 de julho de 1978, dispõe de 12 leitos equipados para a assistência de crianças de mais de 30 dias. Foi uma das primeiras unidades desse tipo organizadas no Brasil e, atualmente, é a mais antiga UTIP do país em funcionamento. Idealizada pelo Dr. Antônio Spolidoro, primeiro Chefe do Serviço Pediatria do HSL, é comandada pelo professor Pedro Celiny Ramos Garcia desde sua criação. A equipe do setor é composta por quatro médicos assistentes, dez plantonistas e quatro residentes em terapia intensiva pediátrica. “Nos destacamos na prestação de serviços à comunidade, na formação de especialistas e na pesquisa. Diversas publicações nacionais e internacionais foram apresentadas pelos nossos mestrandos e doutorandos. Entre os destaques nessa área está um livro produzido aqui que já alcançou a sua quarta edição (Piva & Celiny) e é utilizado como fonte de consulta em todo o Brasil”, destaca Celiny. Segundo ele, existem planos para, em breve, ampliar o número de leitos para 15. 31


CDI

Hospital oferece moderno e completo sistema para realização de exames e tratamentos

O

Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) tem uma estrutura completa para o diagnóstico e tratamento de doenças, reunindo um total de 21 áreas, sendo nove localizadas no Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI). Inaugurado em 1998, ele possui 5.500 m² e traz aos pacientes o conforto de poder realizar todos os procedimentos em um mesmo local. Juntas, essas áreas oferecem um sistema de assistência integrado com os mais modernos equipamentos. Para manter o mais alto padrão de atendimento, a atualização precisa ser constante. Por isso, o Serviço de Ressonância Magnética e Tomografia Computadorizada conta, desde 2014, com um segundo tomógrafo. O aparelho possui um software para realização de investigação nas coronárias, evitando exames invasivos, como o cateterismo. “Esse aparelho vem se ajustar a uma necessidade da Instituição. Foi comprado com a ideia de atender as urgências de pa-

Centro de Diagnóstico por Imagem • Densitometria Óssea • Diagnóstico em Mastologia • Endoscopia • Medicina Nuclear

• Radioterapia • Radiologia • Ressonância Magnética • Tomografia Computadorizada • Ultrassonografia

Medicina Nuclear é uma das 21 áreas de diagnóstico e tratamento do HSL

FOTO: CAMILA CUNHA

Tecnologia para o melhor diagnóstico cientes com dor torácica que precisam fazer o diagnóstico entre tromboembolia pulmonar e doenças coronarianas”, diz o chefe do Serviço, Rubião Hoefel Filho. Com uma equipe de 48 funcionários, seis médicos e quatros residentes, o HSL possui ainda dois aparelhos de ressonância magnética de alta capacidade de campo, com 1.5 tesla, com os soft­wares mais potentes para investigar, especialmente, lesões cerebrais. Outra modificação ocorreu na área física do Laboratório de Neurofisiologia Clínica, que foi reformulado para melhor atender aos pacientes. A unidade é referência nacional para procedimentos relacionados ao sistema nervoso periférico, eletroencefalograma e polissonografia, foi a primeira no Brasil a realizar este procedimento em recém-nascidos, em 1980. O laboratório conta com três salas para

realização de eletroencefalograma, uma sala para eletroneuromiografia, uma de polissonografia, local para interpretação de exames, recepção, sala de espera e dois banheiros, além dos equipamentos de ponta. “É a prática aliada à estrutura, que agora está muito boa. Foi uma mudança radical”, comemora o responsável pelo Laboratório, o neurologista Daniel Bocchese Nora. A renovação é uma marca na instituição e segue também nas demais especialidades. Recentemente, passaram por reformas ou adquiriram novos equipamentos setores como a Endoscopia, a Radioterapia, a Ultrassonografia e de Diagnóstico em Cardiologia (CardioPuc).

Demais Serviços de Diagnóstico e Tratamento • Centro de Diagnóstico e Tratamento Intervencionista (CDTI) • Diagnóstico em Cardiologia (CardioPuc) • Fisioterapia

• Fonoaudiologia • Hemodiálise • Hemoterapia • Laboratório de Anatomia Patológica • Laboratório de Patologia Clínica

• Laboratório Cardiopulmonar • Função Pulmonar • Laboratório de Neurofisiologia Clínica • Quimioterapia


CIRURGIA

Mais segurança e eficiência na cirurgia Bloco cirúrgico passou por alterações estruturais e de gestão

C

FOTO: BRUNO TODESCHINI

tante monitoração om o propódo que está sendo sito de me executado em cada lhorar a quauma das 17 salas que lidade da assistência compõem o bloco e garantir mais sefoi implementada, gurança, o bloco cialém da atualização rúrgico do Hospital do instrumental. Isso São Lucas da PUCRS tudo possibilita um (HSL) passou recenmelhor fluxo entre temente por uma sémédicos, enfermeirie de alterações esros e administrativos. truturais e de gestão. As ações contam Entre os destaques, com o apoio de toestá a mudança na Sala de recuperação pediátrica passou por reestruturação física dos os envolvidos no área da sala de recuperação pediátrica, espaço para onde rientes do HSL, o Dr. Jarcedy Alves as- dia a dia do setor. O objetivo desses os pacientes são encaminhados após sumiu o cargo em março de 2016 com movimentos é diminuir o tempo de a realização dos procedimentos, e na o objetivo de promover a excelência permanência na UTI e na recuperação UTI Cirúrgica, que teve sua capacida- no atendimento. O projeto é realizado e aumentar a produção e a segurança de aumentada, contando agora com em conjunto com a coordenadora de assistencial, aliando normas estabeledez leitos. Só em 2015, foram realiza- enfermagem, Alessandra Padilha, e cidas com uma gestão mais eficiente das mais de 20 mil cirurgias no local. o encarregado administrativo, Daniel dos materiais. Regras devem ser A recuperação pediátrica foi trans- Marques, responsáveis pela manu- seguidas, como a utilização do protoferida, dando espaço para a cons- tenção de materiais e a logística de colo de cirurgia segura, um dos metrução de uma sala de treinamento escalas, turnos de trabalhos e pes- canismos de barreira recomendados destinada aos estudantes da Facul- soal. Com tudo isso, Alves destaca o pela Organização Mundial da Saúde dade de Medicina da PUCRS (Famed). momento vivido pela instituição. “O (OMS). O processo busca garantir a Houve modificações também no setor hospital conta agora com um suporte lateralidade do procedimento, assedestinado aos familiares dos pacien- de recuperação muito avançado. É gurando que o lugar e lado do corpo tes. Além disso, o Pós-Operatório em algo essencial para evitar possíveis corretos serão operados; a presença dos profissionais e materiais corretos Cirurgia Cardíaca (POCC) passou a complicações”, ressalta. funcionar junto a UTI Coronariana, Entre as estratégias utilizadas por em sala; e o tipo de cirurgia e anesaprimorando a integração e os pro- Alves nessa nova etapa, está o encon- tesia certos. Para isso, foi elaborado cessos desenvolvidos. tro com as equipes cirúrgicas para a um check list eletrônico, que deve ser Para comandar esse momento, foi apresentação das alterações no fun- conferido pelas equipes. O Núcleo de apresentado um novo gestor para o cionamento do local e discussão so- Segurança do Paciente é responsável bloco. Um dos cirurgiões mais expe- bre os métodos utilizados. Uma cons- por comandar essa iniciativa. 33


ENSINO

Lado a lado Trabalho conjunto traz mais qualidade para assistência e ensino FOTO: CAMILA CUNHA

Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria é uma das inclusões mais recentes ao programa

A

sinergia entre a assistência e o ensino está contemplada na missão do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL). Transmitir conhecimento, formar novos profissionais e qualificar o atendimento aos pacientes faz parte da história da Instituição. O HSL surgiu para atender a demanda da Faculdade de Medicina da PUCRS (Famed) e outras unidades acadêmicas, existentes e novas, passaram a usufruir da mesma estrutura. Atualmente, 13 cursos da Universidade realizam estágios de alunos de graduação no hospital. Além disso, no ano de 2017 serão ofertadas mais de 100 vagas para novos residentes em 42 programas de residência médica e em 6 programas de residência multiprofissional. 34

Com o crescimento, o trabalho conjunto tornou-se um desafio cada vez mais complexo. Por isso, a Pró-Reitoria Acadêmica (Proacad) e a Direção do HSL criaram, em 2011, o Programa de Aprimoramento da Integração Assistência Ensino, o Integra. Para colocá-lo em desenvolvimento, uma equipe com representantes do hospital e dos cursos da área da saúde foi formada. Os integradores, dez assistenciais e dez docentes, representam as áreas profissionais e de ensino atuantes na instituição. O programa é composto por dois módulos. No primeiro, o foco é o acolhimento. Neste, estão inseridas a formalização administrativa dos estágios, a apresentação do São Lucas, a viabilização dos campos de

prática, a recepção dos estudantes e a realização de pesquisas de satisfação das unidades acadêmicas. No segundo módulo, o objetivo é o aperfeiçoamento da interação dos alunos nos processos assistenciais. Entre as iniciativas desenvolvidas em parceria está a consolidação dos protocolos de barreira preventivos, que garantem a segurança do atendimento. Com o intuito de ampliar a abrangência, foram incluídas no programa outras áreas do conhecimento: Letras, Hotelaria e Educação. “A integração com o ensino está na raiz da criação do Hospital São Lucas. O Integra vem cumprindo o papel de fortalecê-la e de promover sua melhoria contínua”, resume o diretor acadêmico do HSL, Marlow Kwitko.


PESQUISA

Tratamentos em teste Centro de Pesquisa Clínica destaca-se nacionalmente na realização de estudos de novos medicamentos junto a voluntários

C

riado em 2008, o Centro de Pesquisa Clínica (CPC) do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) consolida-se, a cada ano, como uma referência no Brasil no desenvolvimento de estudos junto à indústria farmacêutica. Eles envolvem pacientes que se voluntariam a experimentar novas drogas antes de serem disponibilizadas comercialmente, o que dependerá do resultado obtido na investigação. Dessa forma, muitas pessoas têm a possibilidade de receber tratamentos de ponta de forma gratuita. Em 2016, o CPC foi o único centro do Sul do País escolhido para participar dos testes da primeira vacina nacional contra a dengue. Desenvolvido em parceria entre o Instituto Butantan, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, e os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, o imunizante será aplicado em 17 mil voluntários distribuídos em 14 centros de 13 cidades das cinco regiões do País. O CPC está recrutando mil pessoas para o estudo, coordenado pelo chefe do Serviço de Infectologia do HSL, Fabiano Ramos, e pela pesquisadora do Instituto de Pesquisas Biomédicas (IPB) e professora da PUCRS Cristina Bonorino. Além disso, é conduzida investigação única no País sobre a resposta imune que a vacina gera no organismo, avaliando quais mecanismos imunológicos são acionados para gerar memória. Essa análise é feita no IPB e na Faculdade de Biociências da PUCRS.

FOTO: GILSON OLIVEIRA

Centro de Pesquisa Clínica do HSL é referência na área no País

Além da Infectologia, outras 21 especialidades realizam investigações no CPC. A meta, segundo o coordenador administrativo, Raul Martins, é chegar a 39, abrangendo a totalidade das áreas do HSL. A Oncologia tem o maior número, seguida de Cardiologia, Pneumologia e Nefrologia. Atualmente, estão em andamento mais de 200 pesquisas clínicas, envolvendo cerca de 40 investigadores. Em 2015, registrou-se crescimento de 35% em relação ao volume financeiro do ano anterior, e a expectativa de manter o mesmo índice em 2016 está se confirmando. Para melhor atender as necessidades técnicas, em 2016 o Centro foi ampliado e passou a ocupar 900 metros quadrados. A cada ano, entre 500 e 600 pessoas ingressam nos estudos. Na avaliação de Martins, a qualificação dos profissionais e a credibilidade da marca PUCRS são os diferenciais. As pesquisas clínicas duram, em média, 48 meses e, na maioria das ve-

zes, são conduzidas simultaneamente em diferentes países. Apenas ao término é que se terá certeza quanto ao sucesso do novo medicamente e se poderá ser aplicado globalmente. Por essa razão, o coordenador-geral do CPC, Domingos d’Avila, é cauteloso em afirmar que os participantes são beneficiados. Ele prefere dizer que os benefícios serão sentidos pelos futuros pacientes. “Não sabemos se a droga nova é melhor que as existentes e só saberemos ao fim do estudo. A segunda questão é que sempre existe um braço controle e um experimental, e ele será sorteado para um dos dois”, ressalta d’Avila. No grupo controle, o voluntário recebe a medicação padrão para o seu caso. Apesar disso, o coordenador-geral destaca como vantagem para todos os participantes o fato de terem monitoramento mais rigoroso da saúde e cobrança mais intensa para que façam o tratamento corretamente. 35


HUMANIZAÇÃO

FOTOS: BRUNO TODESCHINI

Rede de

Projetos buscam tornar o ambiente hospitalar mais acolhedor aos pacientes internados e seus familiares

D Voluntariado traz alegria aos corredores do HSL

Projeto Caminho Trabalha com a doação de roupas, calçados, material de higiene, alimentos, vale-transporte e fraldas. Também realiza o Brechó Solidário. Projeto Começar de Novo Fornece atendimento, apoio e presença junto a pacientes portadoras de câncer de mama e seus familiares nos aspectos preventivo e assistencial. Realiza confecção de órteses mamárias feitas de tecido e enchimento de painço. Projeto Amigos dos Bebês Apressados Apoia as mães e seus be36

esde a inauguração, o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) sempre contou com a atuação, junto aos usuários da instituição, de Irmãos Maristas, sacerdotes e religiosos, bem como voluntários. O objetivo é dar apoio aos pacientes internados e seus familiares por meio de atividades que proporcionem uma troca de experiências e conhecimento. Essas iniciativas estão reunidas no Serviço de Pastoral e Solidariedade da instituição, que se divide em três áreas. O Núcleo de Voluntariado busca

bês durante a internação. Além disso, faz doação de enxoval no momento da alta. Projeto Esperança Encorajamento para cuidadores e pacientes, visando propagar a solidariedade além dos limites do HSL. Projeto Espiritualidade Realiza visitas aos pacientes, cuidadores e funcionários do HSL com o objetivo de partilhar o amor de Deus. Projeto Fantoches Proporciona entretenimento, através de brincadeiras com fantoches para as crianças internadas na instituição.

Projeto Histórias de Vida Contação de histórias e audição dos relatos vividos pelos pacientes, valorizando a arte de dialogar. Projeto Maninho Acolhe e envolve de forma lúdica as crianças que são trazidas ao hospital na condição de pacientes ou acompanhantes. Distribui material para pintura e desenho. Projeto Ouvir Promove o diálogo sobre o cotidiano do paciente, identificando formas de ocupar parte do tempo destinado ao tratamento.

espalhar um sentimento solidário, partilhando recursos materiais, dons e talentos humanos, construindo relações fraternas, justas e comprometidas com a vida e o bem comum. A Irmã Liane Terezinha Berres coordena o trabalho desde março de 2015 e destaca como ele modifica a percepção de mundo de quem a realiza. “É parte de um plano de vida. Quem participa compreende a solidariedade como uma ferramenta de transformação da vida das pessoas.” Atualmente, 14 projetos estão em andamento. Ao todo,

Projeto Arco-Íris da Alegria Representação de personagens que inspiram alegria, com o intuito de proporcionar entretenimento aos pacientes, acompanhantes, colaboradores e visitantes do hospital. Projeto Clube do Desenho Realiza a prática do desenho livre para as crianças que estão internadas na pediatria e que acompanham pacientes. Projeto Anjos da Guarda P ro m o v e at i v i d a d e s recreativas e pedagógicas com as crianças em

período de internação. Transforma o ambiente hospitalar em um local mais divertido e acolhedor. Projeto Belém Apoia as crianças e familiares no período de tratamento hospitalar através da Palavra de Deus. Utiliza-se de músicas, histórias bíblicas, artesanatos, entre outros recursos. Projeto Alegria O intuito é contagiar pacientes, acompanhantes e funcionários com doses de carinho, amor e alegria. Proporciona o bem-estar de todos e a humanização da saúde.


solidariedade 84 voluntários dedicam uma parte do seu tempo para ouvir e amparar o próximo. Para se inscrever, é preciso agendar uma entrevista através do telefone (51) 3320-3576 ou pelo e-mail voluntariado@pucrs.br. A Pastoral da Saúde (Pastoral Espiritual) zela pelo cuidado integral do enfermo, familiares e profissionais da saúde, promovendo a evangelização nas dimensões humana e religiosa, respeitando as preferências, necessidades e valores de cada indivíduo. Tendo como fonte de inspiração a Palavra de Deus, tem o intuito de trazer alegria, acolhida, cuidado e compaixão, além de promover momentos de celebração e oração. Composta por uma equipe fixa de quatro pessoas e mais 28 voluntários do Projeto Espiritualidade, realiza serviços religiosos ecumênicos com atendimentos espirituais, destinados a todas as religiões; visitas aos quartos; bênçãos; aconselhamentos; entre outros. Em 2015, atendeu mais de 30 mil pessoas. “O nosso trabalho tem se revelado de grande importância ao ajudar a pessoa a atravessar a experiência da enfermidade. Nesta condição de vida, revela-se muita fragilidade e uma alta sensibilidade ao sagrado. Busca-se, então, orientar para melhor entender a doença a partir da espiritualidade e da fé”, explica a Ir. Nair Frey. Já a Humanização busca incentivar e gerir ações de integração e solidariedade, trabalhando em consonância com a Política Nacional da área. Uma das iniciativas desenvolvidas pelo setor é a biblioteca itinerante

FOTO: JENIFFER CAETANO

Equipe do Serviço de Pastoral e Solidariedade

Roda Livros. Voltado para os colaboradores, o projeto circulará por todas as unidades da instituição. Por fim, há 18 anos, o HSL recebe o projeto Integrando Literatura e Saúde. Anteriormente voltado apenas para a Pediatria, ele foi expandido para a Unidade de Internação Psiquiátrica em 2014. A ação é desenvolvida por bolsistas de iniciação científica e pós-graduandos das faculdades de Letras e Medicina da PUCRS, além de contar com o auxílio de médicos do HSL, professores e pesquisadores. Com a coordenação da professora Vera Wannmacher Perei-

ra, busca usar a arte, especialmente a literatura, como geradoras de prazer. O grupo promove leituras e encenações para os pacientes, além de disponibilizar livros para os internados. Outra iniciativa desenvolvida são os saraus mensais, que aliam a literatura à música, com interpretações individuais e em coro e declamação de textos. A integração com a equipe do hospital, o que permite uma abordagem adaptada para cada caso, e o retorno positivo dos participantes são marcas Sarau leva arte do sucesso. aos pacientes

37


DEPOIMENTOS

Caminhada

Alguns dos funcionários mais antigos apresentam os fatos mais marcantes

Ivan Antonello

A

história do nefrologista Ivan Antonello está tão interligada com a do HSL que começou antes mesmo de o Hospital ser inaugurado. Como aluno da primeira turma da Faculdade de Medicina (Famed) da PUCRS, realizou atividades práticas do curso nos ambulatórios em 1973, antes da abertura do complexo. Em 1976, já formado, iniciou oficialmente sua carreira na Instituição em que segue até hoje. Antonello participou de um momento marcante do São Lucas. Esteve presente no primeiro plantão do 6º andar do hospital, o primeiro voltado a adultos. Anteriormente, apenas a pediatria realizava internações. Passados quase quarenta anos da data, o nefrologista lembra a apreensão do então jovem profissional com o novo desafio. “O primeiro plantão que fiz aqui foi o mais estressante da minha vida. Passei a noite inteira em um hospital vazio, só a enfermagem e eu. Estávamos todos ansiosos pelo 38

FOTO: GILSON OLIVEIRA

primeiro paciente, que não chegou. No final, não baixou ninguém. Foi um plantão terrível. Com a pessoa aqui, o problema está ali e a gente tem que resolver. Sem ela, o problema é a fantasia que a gente faz a respeito da capacidade que temos de atendê-la. O primeiro paciente baixou só no dia

seguinte, mas fiquei aqui, porque estava tão ansioso e preocupado, que me solidarizei com o colega que faria o próximo plantão e permaneci junto com ele”, conta. Além de médico do Ser viço de Nefrologia, desde 1978, quando concluiu residência também realizada no HSL, é professor da Famed desde o mesmo ano, foi um dos fundadores e primeiro presidente da Associação dos Médicos do HSL e diretor da Faculdade entre 2004 e 2012. Por isso, após viver tantos momentos marcantes na Instituição, conhece muito bem as suas qualidades. “Sou suspeito para falar. Tenho esse viés de ter nascido com o Hospital, de tê-lo conhecido bem jovem e ele também ter me conhecido bem jovem. Já atendi em outros locais e percebi que aqui é diferente. Aqui as pessoas se veem, cumprimentam-se, encontram-se com sorrisos. Acho que nós temos essa marca”, ressalta.


de amor

do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) da sua trajetória na instituição

Margarete Schuler

C

om a carreira toda passada no HSL, a auxiliar administrativa Margarete Schuler, da Gerência de Relacionamento, acredita que o amor e o comprometimento com a Instituição e as relações pessoais foram fundamentais para a sua permanência. “É uma história de vida”, diz. Em 38 anos de casa, atuou em diferentes setores e criou laços que vão além do trabalho. “Passo o dia inteiro aqui, então os colegas acabam fazendo parte da minha vida. O vínculo é muito forte”, conta. Ela diz que não se imagina em outro lugar e que, mesmo ao se aposentar, não pensou em parar. A admissão ocorreu quando ela tinha 20 anos, em fevereiro de 1979, como secretária de marcação de cirurgia no Bloco Cirúrgico. Posteriormente, foi transferida para a Supervisão de Enfermagem e para o 6º andar. Dali passou ao Serviço de Controle de Infecção e Unidade de Isolamento, onde ficou por cerca de 15 anos, já como auxiliar admi-

FOTO: BRUNO TODESCHINI

nistrativa. Em 1994, trocou de setor, indo para o Recursos Humanos e, em seguida, para o Centro de Interação e Desenvolvimento, Assistência, Pesquisa e Ensino (Cidape), que estava sendo reestruturado. Considera esse o período mais marcante, pois trabalhava com recrutamento e seleção.

Conhecia as pessoas que vinham para entrevista e gostava de vê-las felizes quando ela avisava que haviam sido escolhidas. Lá ficou até 2003, quando foi para o setor de Relacionamento. Do início no HSL, lembra-se das dificuldades para realização da escala de cirurgias, feita em máquina de escrever manual e rodada com mimeógrafo, com páginas coladas para poder incluir todas as informações. Embora tenha passado por momentos difíceis dentro do Hospital, Margarete diz que as recordações são sempre muito boas. Considera que a persistência, a conduta profissional e seu jeito de ser ajudaram-na a manter-se na Instituição. “Cada vez que eu trocava de setor, era uma novidade, aprendia coisas novas, era como se fosse outra empresa”, afirma. Além disso, há conquistas atribuídas ao trabalho, como a compra da casa própria e os amigos que serão levados para a vida toda. 39


DEPOIMENTOS

Luiz Walter Jacques Dornelles

N

atural de São Borja, Luiz Walter Jacques Dornelles, o Lalo, veio para Porto Alegre em busca de uma oportunidade. Após alguns anos de planejamento, rumou para a cidade, que já abrigava seu irmão mais velho. Chegou à capital gaúcha no dia 20 de novembro de 1977 e, em 13 de janeiro de 1978, já estava empregado no Hospital São Lucas da PUCRS (HSL). Começou sua trajetória no Almoxarifado, foi comprador externo e ajudou a montar o setor de custos e patrimônio, onde tornou-se encarregado e coordenador. Em seguida, realizou a transferência e organização das planilhas manuais dos ambulatórios para o novo sistema de informática. Com o bom trabalho, foi chamado para ser supervisor do setor, que comanda até hoje junto com o Serviço de Arquivo Médico e Estatística (Same) e a área

de Serviços Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento (SADTs). Além disso, durante muitos anos, realizou plantões administrativos durante a noite e finais de semana. Testemunha de diversos momentos da história da instituição, lembra com carinho da sua participação na construção e crescimento do HSL e da interação entre os colaboradores. “Quando eu cheguei aqui, não tinha nenhum desses prédios ao redor. Eu trabalhava no almoxarifado, mas, quando faltava alguém na manutenção ou chegava algum equipamento novo, eu ia ajudar. Auxiliei na montagem do aparelho de raio-x, por exemplo. A gente interagia bastante, pois eram poucos funcionários e setores. Tudo era novidade para nós” relembra. Trabalhar por 38 anos em uma mesma instituição requer compro-

FOTOS: BRUNO TODESCHINI

misso. E essa sempre foi a marca do trabalho exercido por Lalo no hospital. “Meus focos sempre foram: objetivo, resultado, transparência e honestidade. Essa é a minha maneira de ser”, destaca.

Jorge Antônio Hauschild

O

dia 29 de outubro de 1976 marcou não apenas a data da inauguração do Hospital, mas também o começo de uma bela e importante história na vida pessoal do médico Jorge Antônio Hauschild. Na mesma data, ocorreu o seu casamento. Hauschild ingressou no HSL como médico residente de terceiro ano da pediatria em 1977 e se tornou professor na Faculdade de Medicina em abril de 1978. Com isso, acompanhou a criação e o desenvolvimento da área na Instituição. Ele, que considera a qualificação técnica do profissional e o carinho com as crianças a chave para o bom trabalho na especialidade, credita às pessoas e à estrutura a excelência do trabalho realizado no 40

São Lucas. “O grupo é qualificado. E há vantagens em trabalhar num hospital geral e universitário. Quando tu não consegues resolver um caso sozinho, tens a opção de contar com outros profissionais, de outras especialidades, que te ajudam e agregam conhecimentos”, destaca. Para ele, a estrutura oferecida é essencial para a adequada atenção aos pacientes e para a formação dos futuros médicos. “É emocionante essa ligação com a educação. Além de ter a atenção ao paciente, tu tens a formação do aluno na sua amplitude. O aluno qualifica o atendimento, está aberto ao conhecimento e costuma ser mais inquieto. Ele questiona e te tira da zona de conforto. Tens que estar sem-

pre estudando e te renovando, para responder às suas demandas e, dessa forma, atender melhor”, enfatiza.


Maria dal Pozzo

U

ma trajetória marcada por sucesso, inovação e pela paixão pelo que faz. Assim podem ser resumidos os 37 anos de dedicação da técnica em eletroencefalograma Maria dal Pozzo ao Hospital São Lucas da PUCRS (HSL). Com conhecimento e vontade de fazer coisas novas, ela participou de momentos marcantes para a Instituição. A história da eletroencefalografia no HSL iniciou com um aparelho trazido em 1978 do Japão pelo geriatra Yukio Moriguchi. Maria foi responsável por operar esse equipamento e todos os outros que foram adquiridos para o setor com o passar dos anos. Além do atendimento aos pacientes baixados e do ambulatório, nesse período passou a trabalhar com polissonografia neonatal e a integrar o Serviço de Cirurgia da Epilepsia,

criado em 1992 e um dos mais renomados do Brasil e da América Latina. Integrar um projeto tão reconhecido é algo emocionante para ela. “Sim, tenho muito orgulho. Me perguntam: Por que vocês conseguiram alcançar tanta notoriedade? Isso é o querer. Gostar do que você faz e não questionar o que tenho de retorno com isso. O foco é sempre o paciente. Por isso, cresceu. Além disso, reuniram-se as pessoas certas. Como eu digo, o Dr. Jaderson (Costa da Costa) foi o meu grande professor e minha inspiração. Ele sempre pensa no futuro e tem esse perfil de buscar coisas novas”, ressalta. Além da função exercida no HSL, Maria é professora de matemática da rede estadual. Mesmo com uma carga horária tão puxada, a satisfação pelo trabalho bem feito e o retorno dos pacientes e familiares garante a

força para seguir essa bela trajetória. “A gratificação é enorme. Desde o início da atividade, nunca me neguei a vir no final de semana, por exemplo. Eu venho para a PUCRS com o maior prazer. O retorno tu não pode imaginar o que é. Como é bom ganhar uma folha rabiscada como agradecimento. Todas as semanas alguém vem aqui nos dar um abraço e nos agradecer. Não tem coisa melhor. Por isso, aqui é a extensão da minha casa. Os meus familiares dizem: não te imagino fora do hospital”, conta.

Iara Regina Germano Xavier

T

rabalhar 38 anos em um mesmo local é uma demonstração não apenas de comprometimento, mas de carinho com a empresa e as pessoas com quem convive diariamente. Iara Regina Germano Xavier é um exemplo disso. Desde 1978, integra a equipe do Serviço de Nutrição, atualmente ocupando o cargo de encarregada. Durante esse tempo, muitas coisas mudaram na sua vida pessoal, na Instituição e no setor, mas o sentimento de satisfação na sua tarefa diária permanece o mesmo. “Gosto muito de trabalhar aqui. Parece que o tempo não passou, mas, nesses 38 anos, conheci meu marido, tive a minha filha aqui, ela estudou no Champagnat, realizou

sua graduação em direito na PUCRS. Então, tenho muitas histórias conectadas”, afirma. O contato com pacientes e outros frequentadores por tantos anos é marcado por fatos recheados de emoção. Iara lembra com carinho de uma dessas situações. “Anos atrás, encontrei uma senhora na Radiologia e ela estava muito chorosa e preocupada com o marido, pois não sabia exatamente onde ele estava. Eu a auxiliei e me coloquei à disposição caso precisasse de mais alguma coisa. Tempos depois, ela me procurou e veio me presentear com um pão feito em casa e uma muda de orquídea. Conversando com ela, o hálito dela me lembrou a minha mãe, que já havia falecido. Eu

senti aquele cheiro de mãe”, recorda. As orquídeas florescem até hoje em todas as primaveras. 41


DEPOIMENTOS

João Carlos Guaragna

O

cardiologista João Carlos Guaragna possui uma relação com o Hospital que começa antes mesmo da sua construção. Ele integrou a primeira turma formada pela Faculdade de Medicina da PUCRS (Famed), cujas aulas iniciaram em 1970. Elas eram realizadas no mesmo prédio dos cursos de Biologia e Odontologia, próximo da Avenida Bento Gonçalves. As memórias desse período ainda estão vivas na lembrança do cardiologista. “Na época, o Hospital ainda não estava totalmente completo, somente os ambulatórios já realizavam atendimentos. Era estimulante, pois a gente viu ele se formando, assistimos ele crescer. Quando nos formamos, em 1975, ele ainda não estava

pronto, então, fui realizar a residência no Instituto de Cardiologia. Voltei em 1978 e não saí nunca mais”, recorda. Com uma história de vida que se entrelaça com a da Instituição, Guaragna rememora sua trajetória com carinho e orgulho. “Para mim, é importante isso. Por quê? Sou da primeira turma da Famed. Sou professor da Faculdade. Trabalho no Serviço de Cardiologia, onde fui chefe por três anos, e comando o Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca há vinte anos. Olhando tudo isso, minha vida aqui dentro já valeu muito”, afirma. O contato diário com alunos e residentes, característica especial da Instituição, é importante para ele, que destaca o papel da estrutura fornecida na for-

mação. “Eu acho que é fundamental. Talvez se dê mais valor quando não se tem isso. Sempre passo isso aos alunos. Vocês têm que entrar para o hospital e examinar o máximo de pacientes possíveis, pois não adianta só a teoria”, conta.

Neida Silva dos Santos

T

estemunha da trajetória do Hospital, a Assessora da Direção enfermeira Neida Silva dos Santos lembra cada momento marcante nos quarenta anos da instituição. As histórias pessoais e profissionais dela se misturam com as do HSL, formando uma rica narrativa de carinho e cuidado. Formada na UFRGS no dia 14 de dezembro de 1976, começou a trabalhar no então HUP – Hospital Universitário da PUC apenas seis dias após a cerimônia de conclusão do curso de enfermagem. Ela lembra que, na época, ocorreu um surto de desidratação em Porto Alegre e, por isso, foi aberta uma unidade de internação pediátrica no 3º andar, 42

apesar de a instituição ainda não estar em funcionamento. Essa unidade emergencial foi montada em apenas duas semanas, utilizando os equipamentos e móveis que, posteriormente, foram transferidos para o quinto andar, onde a unidade de internação de pediátrica funciona até hoje. “Considero que foi um privilégio ter participado desse processo. Foi uma experiência impar. Tive a oportunidade de aprender e crescer junto com o hospital e com a equipe multiprofissional, a maioria recém-formados. O trabalho conjunto nos propiciou, além do crescimento, o fortalecimento de laços, criando vínculos e o sentimento de pertença. O

São Lucas também é nossa casa e nossa família. Espero que esse espírito se perpetue e se renove ao longo do tempo”, conta. A caminhada dentro do HSL passou por diversas áreas. Da Internação Pediátrica foi para a UTI Pediátrica, onde ficou até 1987, quando assumiu a Coordenação das Emergências e Ambulatórios. No período de 1992 a 1996 e 2000 a 2009, comandou a Super visão de Enfermagem, ficando à frente da Supervisão de Serviços Gerais e Suprimentos entre 1996 a 2000. Por fim, a partir de 2009, chegou ao cargo atual, Assessora da Direção, onde é responsável pelo controle da documentação dos alvarás; rece-


Terezinha Paz Munhoz

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resente no HSL desde 1979, Terezinha Paz Munhoz, farmacêutica-bioquímica e chefe do setor de Hematologia do Laboratório de Patologia Clínica, considera a PUCRS sua segunda casa. Para ela, o clima de união é um diferencial do HSL e um dos motivos que a fez seguir na Instituição por 37 anos. “É muito bom entrar no Hospital todo dia cumprimentando amigos e colegas, com quem compartilhamos nossas atividades. O clima de acolhimento e a valorização do lado humano, características maristas, podem ser sentidos em toda a instituição”, explica. Durante esses anos, acompanhou a transformação do São Lucas e, especialmente, do laboratório, onde pode

presenciar a evolução e as conquistas alcançadas. “Trabalhamos com tecnologia de ponta e, principalmente, com pessoas capacitadas e comprometidas, que fazem um trabalho de excelente qualidade”, ressalta. Professora da Faculdade de Farmácia desde sua fundação, em 1993, e coordenadora do curso de especialização em Diagnóstico Laboratorial, Terezinha vê na integração entre Hospital e Faculdade um importante aliado para a formação dos novos profissionais. “A atualização constante, a pesquisa e a docência trazem benefícios para todos os envolvidos. Sou grata, sinto muito orgulho de ter trilhado este caminho e de fazer parte da história do HSL e da PUCRS”.

FOTOS: BRUNO TODESCHINI

bimento e acompanhamento de visitas de inspeção dos órgãos fiscalizadores; elaboração de relatórios técnicos de projetos e obras, e pelo contato com a Vigilância Sanitária e Secretaria da Saúde, entre outras atribuições. Com o conhecimento adquirido com o passar dos anos e a experiência obtida ao percorrer diversos setores, considera essencial a preocupação e o envolvimento de todos com cada aspecto da instituição para o alcance da excelência. Trabalhar com paixão e alegria é o grande segredo para manter essa bela relação de décadas. “Quando se ama o que se faz, fazemos com prazer. Isso sempre foi algo que me movimentou. Para mim, os quarenta anos não existem. O que eu faço hoje realizo com a mesma vitalidade de quando comecei. Vivo cada dia como uma grande novidade, pois tu nunca sabes o que vai acontecer. Esse é o meu jeito e tento diariamente passar esse sentimento para as pessoas”, ressalta. 43



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