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ADRIANA STRELLA

Adriana Strella, é Ativista Quântica, escritora, colunista, na área desenvolvimento humano Escreve desde os doze anos de idade seu trabalho foi reconhecido pela Federação Brasileira das Ciências Letras e Artes com os títulos de Doutora Honoris Causa em psicanálise, literatura e comunicação através das redes sociais, revistas e livros Adriana também é Coach, Mentora e Terapeuta Recebeu o Título de Altíssima Comenda Sigmund Freud tendo seus trabalhos reconhecidos pela Academia de Letras São Pedro da Aldeia, se tornando Comendadora Dessa mesma Academia recebeu o título de Embaixadora Cultural Brasil África, Adido Cultural

POR RAFAEL DOS SANTOS

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De onde você é? Conte um pouco da sua vida no Brasil.

Eu sou mineira de Teófilo Otoni e morava na Bahia antes de vir para Portugal. Eu estava em um relacionamento de oito anos e havia interrompido meus estudos porque tive três filhos seguidos Eu passava muito mal com anticoncepcional, com 21 anos fiz a cirurgia para laquear as trompas. Nunca pensei em abandonar meus estudos, apenas adiei, esperei até minhas crianças atingirem idade escolar para que eu também pudesse estudar no mesmo horário que eles, assim sairíamos juntos de casa e eles não sentiriam minha ausência.

Porque você mudou para Portugal?

Meu tempo foi totalmente dedicado ao lar até minhas crianças atingirem idade escolar, um dia eu estava sentada no tapete da sala com meus filhos e falei para meu esposo que no próximo ano eu já poderia retomar meus estudos porque já era hora de colocar os três na escola

Fiquei muito surpresa com o que ele me respondeu, ele apontou para nossos três filhos e falou: “ Aí estão seus três diplomas, você não precisa de mais nenhum, o que está te faltando? Essa conversa acaba por aqui.” Ali mesmo sentava no tapete eu percebi que nada seria como antes, já senti que precisava procurar um trabalho pelo menos de meio período para comprar meus materiais escolares quando chegasse a hora de me matricular, eu consegui o trabalho, mas no segundo dia ele foi na empresa e falou em alto e bom som que era para eu escolher, ou ele ou o trabalho, tirou a aliança e jogou no chão, e foi embora. O ano que se seguiu não foi fácil, me matriculei, foram muitos desentendimentos, e como eu não ia desistir de mim, acabamos por nos separar. Fui viver com minha mãe, mas ele começou a me perseguir Foi quando decidi deixar meus filhos com minha mãe e vir para Portugal para ter paz e poder seguir com a minha vida.

Você tem uma formação no Brasil mas mudou de profissão em Portugal. Conta para a gente um pouco sobre essa mudança.

Toda a minha carreira foi construída em Portugal, onde moro há 22 anos. Não tive condições nem sossego para construir uma carreira no Brasil. Mas eu já sabia que era escritora de alma Eu comecei a escrever com doze anos de idade e nunca mais parei. Sabemos que a maioria dos imigrantes quando chegam trabalham com limpeza Eu queria mesmo fazer limpeza por causa de uma ajudante do lar que eu tinha em minha casa no Brasil

Eu também queria escolher com quem trabalhar, e fazer meus próprios horários. Aconteceu algo no Brasil que mexeu muito comigo. Quando decidi ir em uma agência de emprego procurar trabalho, eu fui sem ter experiência e sem nenhuma formação. Quando cheguei lá, haviam muitas pessoas esperando para serem atendidas e todas elas seguravam uma pasta com currículo, só eu estava com as mãos abanando. Esperei para ser atendida por último, deixei passar em minha frente até quem chegou depois de mim Quando chegou a minha vez, eu fui com a cara e a coragem falar com a secretária. Fui sincera, falei que eu não tinha nenhuma formação, muito menos curso de datilografia, mas tinha certeza que ela iria arranjar um trabalho para mim

Ela me pediu que levasse um currículo no outro dia, e eu perguntei: “ O que vou colocar nesse currículo pois eu estou te dizendo que nem concluí meus estudos ”

Ela disse que era para eu colocar uma foto, assinar meu nome e colocar meu endereço, pois seria meu cadastro na agência Eu não tinha nem uma moeda para comprar currículo quanto mais para tirar uma foto

Eu já tinha feito o pagamento para Maria, a moça que trabalhava em minha casa. Foi aí que vi que minha situação precisava mudar Eu sendo patroa fui pedir umas moedas emprestadas para minha empregada, não tive coragem de pedir para fotos, que situação! Mas ela estava há 2 anos em minha casa e sabia como era meu esposo

O que te inspirou a se tornar uma escritora?

Quando eu era criança, eu não podia brincar com meus brinquedos, por que minha mãe colocava minhas bonecas para enfeitar as camas e se eu as tirasse do lugar desarrumar a cama A única coisa que eu podia fazer era assistir desenhos animados depois que minha mãe arrumava a casa. Ela ligava a radiola e cantava enquanto fazia suas tarefas domésticas Eu gostava de ouvir sua voz, mas depois que ela cantava algumas músicas, ela parava de cantar e eu só ouvia o disco, eu ia devagarinho ver porque ela havia parado de cantar e quando eu chegava na porta da cozinha, minha mãe estava chorando sentada no degrau da porta que dava acesso ao quintal

Eu não entendia o motivo do choro já que ela estava bem, nem meu pai estava em casa para brigar com ela. Quando as vizinhas e amigas de minha mãe iam lá em casa conversar com ela, eu ouvia a conversa e não entendia porque elas reclamavam tanto da vida. Elas falavam de uma tal sociedade que não deixava as mulheres fazerem o que queriam Quando eu perguntava à minha mãe quem era a sociedade, ela dizia que não era assunto para criança e que eu não entendia nada da vida.

Eu fiquei querendo saber quem ou o que era a tal sociedade, eu precisava descobrir se era uma lei, ou uma pessoa. Pois já tinha decidido que fosse quem fosse, não iria me impedir de viver como eu queria A escrita me ajudou a expor melhor as ideias e minha visão de mundo.

Quais os desafios você enfrentou em sua jornada de escritora e como você os superou?

Os desafios foram exatamente cumprir o que eu já tinha prometido para mim, e para isso eu precisei tirar os obstáculos que me impediam de ser eu, e de viver em minha essência

Eu escrevo desde doze anos de idade e as pessoas falavam que eu perdia tempo com algo inútil, que escrever era besteira, que eu gastava caneta, papel e tempo com algo que não me levariam a nada. Falavam também que eu sonhava demais. Eu nunca esqueci daquelas mulheres que reclamam de suas tristes vidas, incluindo minha mãe que chorava todas as manhãs depois que cantava aquelas músicas

Eu nunca convivi muito com muitas pessoas, por gostar de escrever, eu gostava de ficar sozinha mas ao mesmo tempo sempre que eu conversava com alguém eu falava sobre a importância da gente viver na nossa essência e que não devemos abrir mão dos nossos sonhos.

Que conselho você daria para as mulheres que estão pensando em escrever um livro?

Existem duas situações, quem queira escrever e não sabe organizar as ideias eu diria para escrever na ordem dos acontecimentos, geralmente a pessoa quer contar sua história. E para quem quer escrever e não gosta de escrever o conselho é que procure uma ghostwriter, porque ela ou ele, vai fazer todo o trabalho e até já publicar a obra.

Qual foi a lição mais valiosa que você aprendeu como escritora?

Aprendi a me ouvir, ouvir meus sentimentos e isso ajudou a expandir bastante minha consciência, tanto que no título de um artigo eu escrevi: “ meu amor pela escrita e a libertação que essa paixão me trouxe ”

Como você prioriza e gerencia seu tempo como escritora, empreendedora, mulher?

Eu não tenho um cronograma de como gerenciar meu tempo. Amo escrever, escrevo todos os dias, quando sinto que minha mente está cansada, eu vou assistir Netflix e enquanto assisto uma série eu faço pressoterapia nas pernas. Fico ali até sentir que minha mente descansou, não me forço.

Com a escrita é igual, eu fico produzindo conteúdo para as redes sociais, revistas e livros, quando canso, paro! Quanto a ser mulher, eu me cuido, mas meu tempo é todo para mim e minha casa que gosto de organizar a noite Sou divorciada, eu não teria tempo para me dedicar a um relacionamento nessa fase.

O que você espera do seu futuro? Como você se vê daqui a 10 anos?

Continuar ajudando pessoas a mudarem as suas vidas, quando ajudo alguém a mudar, é como se eu estivesse ajudando minha mãe e aquelas mulheres Agora vou iniciar as palestras presenciais. Eu me sinto plenamente realizada fazendo o que faço e me vejo fazendo isso pelo resto de minha vida.