Brasil em Código - 15ª edição

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EDIÇÃO 15

BRASIL EM

BRASIL EM CÓDIGO • GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação

Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação • jan/fev/mar 2015 • www.gs1br.org

EDIÇÃO 15

CÓDIGO

A PEÇA QUE FALTAVA Cadastro de produtos é o elemento-chave para alinhar as estratégias da indústria e do varejo

ENTREVISTA

AS TENDÊNCIAS PARA O VAREJO NA VISÃO DO CONSULTOR EDUARDO TERRA




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ao leitor

Juntos por uma mesma causa Uma das bandeiras da GS1, que se faz presente desde a sua fundação, é incentivar a colaboração entre as empresas. Utilizamos para isso a tecnologia e os padrões, capazes de facilitar a gestão dos negócios em qualquer parte do mundo. Firmes nesse propósito, aprimoramos cada vez mais as soluções disponibilizadas aos nossos associados. Um exemplo disso é o Cadastro Nacional de Produtos (CNP), uma ferramenta on-line criada para auxiliar a indústria no cadastro e no gerenciamento de informações de suas mercadorias. Por meio desse sistema, o fabricante consegue ter uma visão ampla dos itens tanto para controle interno quanto para os parceiros acessarem as informações. E para estimular que os varejistas, parceiros das indústrias, se beneficiem da riqueza de informações presentes nessa plataforma damos destaque a esse assunto na matéria de capa desta edição. Nossa preocupação com o tema é legítima, porque, atualmente, a falta ou o conflito de dados ou informações entre as empresas é uma realidade. Esse desajuste gera perdas operacionais, financeiras e pode até pôr em risco a imagem de uma marca. No entanto, um cadastro compartilhado e bem ordenado propicia agilidade nas operações, controles mais rigorosos, melhoria na comunicação, confiabilidade das informações disponibilizadas ao mercado, transparência e visibilidade dos negócios na cadeia de abastecimento. Hoje o cadastro de produtos é tratado, por muitos, como uma burocracia, quando, na verdade, representa um ponto estratégico para as companhias. Em nossa visão, o cadastro é a peça que falta para o varejo e a indústria se conectarem de maneira estratégica e eficaz. É por isso que, cada vez mais, a GS1 Brasil incentivará o uso compartilhado de um cadastro único de produtos. A tecnologia e a padronização são partes fundamentais desse processo, que requer ainda uma mudança importante de comportamento dos profissionais do mercado. Estamos prontos para apoiá-los e orientá-los nesse sentido. Nesta edição, o varejo ganha destaque e trazemos uma entrevista com o consultor e presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, que aponta as principais tendências do segmento no Brasil. Também estamos de olho nos movimentos do setor fora do País. Estivemos no maior evento mundial da área, a NRF Big Show, realizada em janeiro, em Nova York, nos Estados Unidos, numa comitiva com os principais executivos da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Por lá, conferimos as novidades no que diz respeito às estratégias de gestão e soluções de automação. Assim, começamos 2015 promovendo cada vez mais às boas práticas e tendências do mercado globalizado, a fim de apoiar nossos associados. Do ponto de vista econômico, este ano não será fácil e, por isso, as empresas sabem que podem contar com a GS1 Brasil para continuar a se desenvolver sempre.

Foto: Paulo Pepe

Um forte abraço, João Carlos de Oliveira presidente



[expediente

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A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.

João Carlos de Oliveira P residente

Antônio Carlos Leão José Humberto Pires de Araújo Maria Eugenia Proença Saldanha Paulo Hermínio Pennacchi Pedro Zidoi Sdoia Wanderlei Saraiva Costa V ice - presidentes

Virginia Villaescusa Vaamonde CEO

M arketing R elações I nstitucionais

e diretora de

e

Charles Sampaio D iretor

de

F inanças

D iretor

de

I novação

e

S erviços C orporativos

Roberto Matsubayashi e

A lianças E stratégicas

Silveraldo Mendes D iretor

de

P rocessos

e

A tendimento

ao

A ssociado

coordenação da revista Andréa Palmer GS1 BRASIL Rua Henrique Monteiro, 79 Pinheiros – 05423-020 – São Paulo Telefone: (11) 3068-6229 www.gs1br.org Redes sociais facebook.com/gs1brasil www.linkedin.com/company/gs1-brasil www.youtube.com/gs1brasil www.flickr.com/gs1brasil FALE COM A REDAÇÃO revista@gs1br.org PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA G&T Comunicação Ltda. Telefone: (11) 2503-4618 comunicação redacao@gtcomunica.com.br Editora Denise Turco – MTB 43.537 Editora-assistente Kathlen Ramos Revisão Helder Profeta Fotografia Paulo Pepe CAPA Marcelo Gorzoni Arte Adriano Cristian Fernandes Colaboração Adriana Bruno, Camila Guesa, Claudia Manzzano, Epaminondas Neto, Juliana Jadon, Mariana Izidoro, Patricia Lucena (texto); e Edson Perin (artigo) Impressão Referência Gráfica Tiragem 3 mil exemplares

Cadastro de produtos é peça-chave na gestão das empresas

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sumário

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40 8 CURTAS 28 OPINIÃO Olegário Araújo 34 PERDAS & GANHOS 39 OPINIÃO José Luiz Tejon 42 NEGÓCIOS 46 comercial 48 estratégia 52 jogo rápido 58 radar 60 desconexão 65 panorama 66 tecnologia & negócios

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CAPA Cadastro de produtos tem importância estratégica, pois ajuda a diminuir as perdas e a otimizar as operações em toda a cadeia de abastecimento

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Evento Confira os vencedores do XVII Prêmio

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ENTREVISTA O consultor e presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, revela as tendências do setor

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GESTÃO Saiba como se preparar

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MERCADO Conheça o seguro ideal para

Automação, que valoriza o trabalho e o empenho daqueles que adotam os padrões globais

para fornecer produtos e serviços aos órgãos governamentais

as necessidades das pequenas empresas

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PERFIL O caminho trilhado pela Easy Taxi, que

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recursos humanos

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marketing Apesar do

criou aplicativo para unir passageiros e motoristas por meio do smartphone

Contratação de refugiados por companhias nacionais rendem experiências positivas

surgimento de novas ferramentas de divulgação, e-mail marketing ainda mantém eficácia


curtas

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A Asociasión Nacional de Tiendas de Autoservicio y Departamentales (ANTAD), entidade que reúne os varejistas e fornecedores que atuam no México, promove a sua exposição e congresso anual, de 18 a 20 de março, em Guadalajara. O presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira, e a CEO, Virginia Villaescusa Vaamonde, participam da Expo ANTAD, que reúne 2,4 mil expositores e atrai 42 mil visitantes, que conferem mais de 600 novos produtos. A viagem continua na Cidade do México, onde os executivos visitam a GS1 sediada no país.

Recorde de desempenho

Fotos: Divulgação

A Associação Nacional das Indústrias de Biscoitos (ANIB) atingiu a marca de US$ 111 milhões em exportações de biscoitos, massas, pães e bolos industrializados, entre janeiro e outubro de 2014. Trata-se do maior valor exportado já registrado desde o início da atuação da entidade, em 1996. Em volume, as exportações atingiram 60,5 mil toneladas nos dez meses de 2014, alta de 17% em relação ao mesmo período de 2013. O resultado é fruto do desenvolvimento de negócios em países como Paraguai, Uruguai, Angola, Chile, Bolívia, Estados Unidos, Venezuela, África do Sul, entre outros.

Celebrando encontros A GS1 Brasil recebeu, em dezembro, a visita do CEO do Magazine Luiza, Marcelo José Ferreira e Silva, e da coordenadora de projetos corporativos da empresa, Jackeline Ridolphi. Na ocasião, eles conheceram a infraestrutura da sede da entidade. “Estou maravilhado com o circuito do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), que mostra os processos de produção e mecanização desde quando o produto é identificado até chegar ao ponto de venda. O grau de automação e codificação que nós temos no Brasil representa uma evolução muito grande. Fico extremamente recompensado de verificar a transformação que foi feita nessa entidade, que é fundamental para o varejo”, disse. O executivo comentou, ainda, que o Magazine Luiza trabalha com foco no processo de automação dos Centros de Distribuição (CDs) e das lojas.

8 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Onde todos se encontram

A equipe da GS1 Brasil marca presença em mais uma edição do Global Forum que acontece entre 9 e 13 de fevereiro em Bruxelas, na Bélgica. Realizado anualmente, o evento tem o propósito de inspirar os colaboradores da entidade espalhados pelo mundo e alinhar as estratégias globais. Com a participação de cerca de 600 profissionais que representam aproximadamente 90 países, o Global Forum compartilha as melhores práticas envolvendo o uso de padrões, incentivando a inovação nessa área.

Fotos/Imagens: Thinkstock

Mercado mexicano


Incentivo para a automação

Quem deseja encontrar equipamentos, sistemas, suprimentos e serviços de automação terá, em breve, o apoio da GS1 Brasil para isso. A entidade criou um sistema web para que seus associados possam divulgar, gratuitamente, essas soluções. Dinâmica e de fácil usabilidade, a nova plataforma é uma atualização do Guia de Parceiros, um canal disponível atualmente no portal da associação no qual as empresas podem pesquisar contatos de fornecedores da área. A nova ferramenta possibilita consultar dados de provedores de automação, pesquisar e visualizar produtos e serviços, inclusive por meio de fotos e vídeos, fazer comentários e avaliá-los. Além disso, permite trocar mensagens com os fornecedores. O projeto-piloto acaba de ser finalizado e, em breve, o sistema estará disponível para acesso.

Programe-se

A GS1 Brasil elaborou um calendário de cursos gratuitos no formato webinar, que permite interação por meio de chat, no qual os associados de todo o Brasil podem acessar informações sobre as soluções de automação desenvolvidas pela entidade. Para fevereiro, está programada uma seção do “Pergunte ao especialista”, sobre como criar e gerenciar a identificação de um produto. As previsões setoriais para 2015 podem ser conferidas no webinar de março. Já em abril, o tema abordado será o gerenciamento de dados variáveis e logísticos. Todos os meses, será realizado o plantão de dúvidas sobre o Cadastro Nacional de Produtos (CNP). Confira a agenda de cursos no site www.gs1br.org/educacao-e-pratica/eventos/.

Criado em 2014, o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) da GS1 Brasil nasceu com a meta de ampliar as perspectivas sobre automação na cadeia de abastecimento. Nesse período, o balanço foi bastante favorável, pois divulgou conhecimentos para mais de 830 associados e profissionais de vários setores que visitaram o espaço. Dentre eles, alguns ilustres convidados, como representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Também conheceram o espaço os profissionais e empresários ligados ao Ministério de Justiça, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Magazine Luiza, Via Varejo, Abbott, Pfizer, IMAM, DHL, Reckitt Benckiser, Libbs, Saint Gobain, Unidocks, Hospital Albert Einstein, Brasil Foods, Cencosud e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Jornalistas da imprensa de todo o País conheceram as instalações do CIT, como os representantes do Estadão, CBN, Uol Economia, Jornal do Comércio, Globo Rural, Revista SuperHiper e Revista Tecnologística.

Foto: Paulo Pepe

Saldo positivo

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curtas

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Prestação de contas

Segundo pesquisa da consultoria Nibo, especializada no desenvolvimento de plataformas de gestão financeira às pequenas e médias empresas, 67% dessas organizações não recebem qualquer tipo de relatório ou consultoria dos contadores. O estudo revela que uma em cada três companhias já pagaram multas por conta da má comunicação com o serviço externo de contabilidade; algumas empresas apontam, também, que não conseguem enviar as informações necessárias e completas a tempo para os contadores.

Rastreabilidade em pauta

Em janeiro, o Grupo de Trabalho Saúde, da GS1 Brasil, promoveu sua primeira reunião do ano a fim de discutir as principais ações do setor em 2015. Outro objetivo foi consolidar uma equipe, formada por representantes de entidades, distribuidores, indústria e fornecedores de tecnologia, interessada em construir um material de apoio ao segmento sobre o compartilhamento de informações para o cumprimento da legislação. O foco são as medidas implementadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), como a RDC 54/2013 e a Instrução Normativa 6, que definem mecanismos para a rastreabilidade de medicamentos.

Novo aliado do consumidor

A Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e), implantada em março de 2014, superou as 100 milhões de emissões, realizadas por 15 mil empresas do País. A aceitação já é considerada de ótimo nível, já que o prazo legal para adoção do documento ainda não está em vigor. O calendário de obrigatoriedade começa a valer em 2016 e será estabelecido pelos Estados. Os códigos de barras são considerados fundamentais nesse procedimento. “A ferramenta simplifica a operação da loja ao eliminar a exigência da impressora, do credenciamento da máquina e do mapa de resumo de caixa”, destaca o líder nacional do projeto da NFC-e pelo Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributários (ENCAT), Newton Oller.

10 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Preferências do delivery

Noventa por cento da população latino-americana recorre ao telefone no momento de solicitar serviços de entrega de comida, enquanto que, na Europa e nos Estados Unidos, esse percentual é de 60%, segundo o diretor de marketing do PedidosJá, que presta esse tipo de serviço via web, Álvaro Garcia. “Ainda há uma desconfiança em pedir comida pela internet, que estamos vencendo aos poucos e temos visto resultados animadores”, diz.

Expectativas positivas

Embora o cenário econômico nacional esteja passando por um momento de turbulência, uma pesquisa global realizada pela Randstad, empresa multinacional de recursos humanos, verificou que os brasileiros são os mais otimistas com relação à economia em 2015. O estudo comparou 33 nações nas quais a companhia tem operações. Noventa e três por cento dos entrevistados no Brasil acreditam que a situação econômica vai melhorar neste ano. Outro aspecto explorado na pesquisa foi a expectativa de receber um aumento de salário em 2015. Nesse caso, o percentual de respondentes brasileiros foi de 81%, o que representa o quinto lugar, atrás de Índia, México, Argentina, Malásia e Chile.

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Tendências mundiais

Fotos: Divulgação

Em janeiro, os principais executivos da GS1 Brasil foram a Nova York, nos Estados Unidos, para conferir as tendências do varejo na 104ª edição da NRF’s Annual Convention & Expo, mais conhecida como Retail’s Big Show. A convenção e a feira são promovidas pela National Retail Federation (NRF) e representam o evento mais importante na área, pois revelam o que há de mais avançado em soluções e estratégias para o varejo. “Nossa participação em um evento desse porte é fundamental para apresentarmos aos associados tendências e soluções que elevam o Brasil ao patamar dos países mais evoluídos em automação”, afirma o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira. A equipe da entidade (foto) esteve junto com representantes da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), conferindo as palestras e os estandes dos fornecedores, além de visitas técnicas a grandes redes varejistas como Costco, Stew Leonard’s, Trader Joe’s, Morton Williams e Whole Foods.

Turismo em destaque

O Brasil obteve, em 2014, a maior nota desde que foi criado o Índice de Competitividade do Turismo Nacional, há seis anos. A ferramenta de monitoramento foi desenvolvida pelo Ministério do Turismo e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice mede a evolução de 65 destinos considerados indutores do turismo brasileiro. As dez cidades com o melhor nível de desenvolvimento turístico foram, respectivamente, São Paulo (SP); Porto Alegre (RS); Belo Horizonte (MG); Rio de Janeiro (RJ); Curitiba (PR); Foz do Iguaçu (PR); Recife (PE); Brasília (DF); Salvador (BA); e Florianópolis (SC).

12 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


A demanda global por leite deve crescer 36% na próxima década, principalmente em razão do aumento da população, do maior poder aquisitivo e da urbanização na África, na Ásia e na América Latina, revela o relatório “Tetra Pak Dairy Index”. No entanto, a oferta e a demanda do produto estão desequilibradas em todo o mundo. A crescente procura por lácteos em mercados emergentes dificilmente será suprida pelo leite cru produzido localmente, enquanto nos mercados desenvolvidos o excedente fabricado enfrenta os desafios de competir no mercado externo, além da queda no consumo interno. De acordo com o presidente e CEO do Grupo Tetra Pak, Dennis Jönsson, nesse cenário, devem surgir oportunidades em mercados desenvolvidos, para exportação de produtos lácteos longa vida e em pó para economias em crescimento.

Fotos/Imagens: Thinkstock

Mais consumo de lácteos

Estratégia em solo francês

A CEO da GS1 Brasil, Virginia Villaescusa Vaamonde, esteve presente em mais uma reunião do Advisory Council, realizada entre 19 e 22 de janeiro, em Chantilly, na França. O objetivo do encontro é definir as estratégias mundiais da entidade e promover integração entre as principais lideranças da GS1 que compõem o grupo. As reuniões acontecem três vezes ao ano.

Conexão Portal GS1 Brasil O ano de 2014 foi muito importante para a GS1 Brasil, afinal, dentre várias conquistas, a entidade inaugurou sua nova sede, no bairro de Pinheiros, em São Paulo (SP), e o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), que nasceu com a meta de apresentar as soluções de automação em toda a cadeia de abastecimento de forma prática. Num período tomado pela inovação, o portal da GS1 não ficou de fora e ganhou um novo formato, de fácil navegação, maior interatividade e, ao mesmo tempo, com mais informações para associados e empreendedores. A partir de agora, a cada edição da Revista Brasil em Código, os leitores poderão conhecer um pouco mais sobre os segredos do site, para que possam explorá-lo com mais agilidade e eficácia. Para começar, um dos destaques é o link Educação e Prática (www.gs1br.org/educacao-e-pratica/eventos), no qual estão inclusos a agenda dos eventos realizados pela entidade em 2015, além de informações sobre o Prêmio Automação e da conferência internacional Brasil em Código. “O associado já pode se inscrever para o evento de interesse, incluindo visitas ao CIT”, destaca o coordenador da área de comunicação da GS1 Brasil, Frederico Bellini Coelho.

Fique conectado no

www.gs1br.org [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 13


Marcelo Vigneron e Romero Cruz

Fotos: Marcelo Vigneron/Romero Cruz

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evento

[AUTOMAÇÃO

Momento de comemoração Por Denise Turco e Kathlen Ramos

XVII Prêmio Automação, promovido pela GS1 Brasil, mostra que o País avança na adoção de padrões que ajudam as empresas na competitividade e visibilidade global O espaço HSBC Brasil, na capital paulista, foi palco de mais uma cerimônia do Prêmio Automação, promovido pela GS1 Brasil. Chegando à sua 17a edição, a premiação reuniu cerca de 770 convidados, entre empresários, dirigentes de organizações representantes de diversos segmentos da economia e do governo, que tiveram a oportunidade de trocar experiências e celebrar suas trajetórias de sucesso ao longo de 2014. O Prêmio Automação é uma homenagem às empresas e entidades de vários setores da economia que tiveram o seu trabalho reconhecido por projetos inovadores em processos automatizados a partir dos padrões GS1.

14 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

“O Prêmio Automação se tornou uma referência que valoriza o trabalho e o empenho de empresas e entidades brasileiras em adotar padrões que aumentam a eficiência dos negócios e a competitividade. Essa é nossa contribuição para o desenvolvimento socioeconômico do País”, afirmou o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira. Para entrar no local onde ocorreu a premiação, os participantes eram convidados a passar por um túnel formado por barras paralelas com luzes de neon. Esse espaço remete, diretamente, ao código de barras, solução que simboliza uma das maiores conquistas da GS1 e constitui uma importante ferramenta para o desenvolvimento das empresas.


“O Prêmio Automação se tornou uma referência que valoriza o trabalho de empresas e entidades em adotar padrões” João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 Brasil

Os jornalistas Luís Ernesto Lacombe e Cynthia Benini, responsáveis pela apresentação da cerimônia, convidaram os participantes a refletir como seria o mundo sem o código de barras. Hoje parece impossível, pois ele está presente no dia a dia das pessoas e empresas, otimizando praticamente todas as atividades. O código de barras ajudou, por exemplo, a reduzir o tempo nas filas nos supermercados e facilitar a rastreabilidade dos alimentos, a garantir segurança do paciente ao ser medicado corretamente nos hospitais e o autoatendimento nas lojas. Portanto, a chegada do código de barras ao Brasil trouxe um impulso positivo para os negócios e fez com que

a economia prosperasse e ganhasse o mesmo reconhecimento de outros mercados internacionais. Essa é apenas umas das soluções da GS1 que ajudam as organizações a ganharem eficiência em seus negócios. Celebrando parcerias Além do prêmio, na ocasião, a GS1 Brasil assinou um termo de cooperação técnica com o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), com o objetivo de disseminar os padrões nos estudos, capacitação e pesquisas. Desse modo, as instituições firmam o compromisso de expandir ações em conjunto em seus setores de atuação.

A entidade aproveitou o momento de celebração para reconhecer profissionais e organizações que apoiam o uso e o desenvolvimento dos padrões GS1, a exemplo da parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (SEBRAE-SP). Juntos, eles têm demonstrado esforço em incentivar ações de capacitação de micro e pequenos empreendedores, permitindo o acesso de seus produtos ao mercado. A homenagem se estendeu ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que, por meio da Secretaria de Comércio e Serviços, apoia a disseminação do Sistema GS1 em território

Celebração Evento reuniu 770 convidados, entre empresários, dirigentes de organizações e do governo [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 15


EVENTO

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Dia de festa Os jornalistas Luís Ernesto Lacombe e Cynthia Benini foram os mestres de cerimônia, que terminou com o show do Capital Inicial

Vencedores do XVII Prêmio Automação 2014 Categorias

EMPRESAS

Contribuições

Automação Logística

DIA %

Utilização do padrão GS1-128 para automação logística

Cadastro de Produtos

Magazine Luiza

Implantação de um padrão para maior controle dos seus produtos

Educação

RFID COE (Centro de Excelência em RFID)

Parceria que oferece curso e certificações em identificação por radiofrequência (RFID)

EPC/RFID

Hewlett-Packard (HP)

Troca de informações sobre produtos identificados com padrão EPC/RFID com parceiros por meio da plataforma em ambiente de nuvem

EPC/RFID no Setor Têxtil

Brascol, Itag e Acura

Utilização do EPC/RFID para automatizar processos e encantar os clientes

Identificação de Itens Comerciais

Voestalpine

Identificação de produtos acabados com informações adicionais de lote para controle interno

Identificação Logística Automação e Certificação

Grupo Pão de Açúcar, JBS Carnes e Frimaster

Implementação do padrão GS1-128 nas caixas e paletes para automação logística e certificação dos códigos de barras

Identificação para Rastreabilidade

BRF

Utilização do padrão GS1-128 para controle de rastreabilidade

Micro e Pequena Empresa

Irmãos Ferraro Microcervejaria

Adoção da automação e identificação para controle de estoque e rastreabilidade dos produtos

16 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


nacional. Essa difusão de informações é realizada a partir da participação da entidade nas oficinas do grupo de trabalho sobre etiqueta inteligente e no conselho do Plano Brasil Maior – a política industrial, tecnológica e de comércio exterior do governo federal. Já a chefe do Centro de Horticultura da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), Anita Gutierrez, foi reconhecida por seu trabalho contínuo de estímulo ao uso das normas de identificação de frutas e hortaliças. Outro homenageado pela representatividade de suas iniciativas foi o professor e pesquisador Hector Abel Palacios, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL). Seu trabalho colabora no sentido de propa-

gar as melhores práticas de monitoramento e rastreabilidade de alimentos. Ainda nesse setor, a gerente administrativa Amanda Prado da Itaueira, produtora de frutas e do conhecido melão Rei, recebeu homenagem por estar à frente, há dez anos, do processo de rastreabilidade da empresa com os padrões GS1 e compartilhar essa experiência com outros players da cadeia de suprimentos. Por sua vez, o Sindicato do Comércio Atacadista do Distrito Federal (SINDIATACADISTA) foi reconhecido por atuar como um multiplicador dos padrões do GS1 nos diversos segmentos que atinge, como alimentos, autopeças, materiais de construção e medicamentos.

Trajetória de sucesso Vencedores brindam o reconhecimento da GS1 Brasil aos seus projetos inovadores Homenagem à imprensa O Prêmio Automação contemplou, ainda, reportagens que disseminaram conhecimentos sobre as soluções globais de padronização, processos e códigos de produtos, identificação de uma forma geral e seus benefícios para a cadeia de abastecimento. “O papel da imprensa tem sido fundamental na disseminação de padrões e soluções da GS1 Brasil. Quanto mais o consumidor estiver bem informado, maior será o desenvolvimento do País”, considerou Oliveira. 7 898357 410015

Ganhadores da Categoria Imprensa Mídia

Jornalista

Veículo

Matéria

Jornal

Raone Saraiva, com colaboração de Dháfine Mazza Nunes

Diário do Nordeste

“A era da automação chega aos supermercados”

Revista

Rubia Evangelinellis

Revista Distribuição

“30 anos de sucesso”

Webjornalismo

Edson Perin

RFID Journal Brasil

“Padrão EPCglobal reduz custos de soluções RFID”

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 17


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entrevista

[EDUARDO TERRA

Varejo ganha um novo perfil Players internacionais, fusões, colaboração entre varejo e indústria e aposta em tecnologias de automação devem ser alguns dos movimentos do setor para 2015 Por Kathlen Ramos Estranheza é a palavra que melhor define o varejo brasileiro neste momento, na visão do consultor e presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra. Isso porque os principais pilares capazes de manter o consumo estável em qualquer país – emprego, renda e crédito – estão em patamar aceitável no Brasil, porém não justificam o crescimento do varejo em 2014 na comparação com o ano anterior, que deve fechar entre 0% e -2%. O problema é a instabilidade e o receio que tomam conta do País, tanto na visão dos consumidores quanto na dos investidores. Resultado: consumo retraído. No entanto, esse cenário mostra-se favorável àqueles que têm capital para investir. “Em tempos como esse, surgem oportunidades para abrir lojas ou comprar empresas, porque os preços caem. Assim, a expansão fica mais barata”, ressalta Terra. De qualquer forma, em 2015, o setor varejista precisará de muito trabalho para reduzir custos, sem diminuir a qualidade e, ainda, fazendo o possível para ser inovador, na opinião do consultor, que está à frente da SBVC desde maio de 2014, quando foi fundada. A entidade é uma organização multissetorial, sem fins lucrativos e com atuação complementar às demais instituições de classe do varejo. Seu objetivo é contribuir para aumentar a competitividade, por meio de pesquisas de mercado, além de promover o networking entre executivos do

18 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

segmento. Um dos estudos desenvolvidos pela SBVC, em parceria com a Virtual Gate, empresa especializada no monitoramento de tráfego de pessoas em lojas, é o cálculo do “Índice de Clientes no Varejo Mensal (ICV 30)” e do “Índice de Clientes no Varejo Sazonal (ICV SAZ)”, que retratam o comportamento do comércio nas lojas físicas. A seguir, Terra, que também é sócio-diretor da consultoria de varejo BTR Consulting, professor em várias universidades brasileiras e palestrante em eventos nacionais e internacionais, fala das expectativas e tendências do setor. BRASIL EM CÓDIGO Como está o cenário do varejo brasileiro atualmente? EDUARDO TERRA Observamos uma desaceleração tanto do Produto Interno Bruto (PIB) quanto das vendas e consumo. Temos uma previsão de que o crescimento do varejo ampliado, que inclui material de construção e veículos, em 2014, seja entre 0% e -2% em relação a 2013, com base em previsão feita nos dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PCM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O ano passado deve ser considerado o pior da história do varejo dos últimos tempos. Desde 2003 não tínhamos um período tão ruim, mesmo vindo de uma década de ouro, com crescimento bem maior do que a própria economia.


Fotos: Paulo Pepe

“Parceria entre varejo e indústria deve se tornar cada vez mais forte”

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ENTREvista

“Em tempos como esse, surgem oportunidades para abrir lojas ou comprar empresas, porque os preços caem” BC Quais são os fatores que levaram a essa situação? ET Considerando crescimento e consumo, há dois vetores importantes: os fundamentos econômicos e a expectativa e a confiança. Os três fundamentos econômicos para que haja consumo, vendas e crescimento são: emprego, renda e crédito. Quando analisamos esses aspectos, vemos que o desemprego é estável, pois não há movimentos de demissões em massa; assim como a renda, já que, em 2014, o salário mínimo foi corrigido acima da inflação. O crédito, por sua vez, está disponível, embora os bancos estejam um pouco mais reticentes. Com base nisso, os dados de crescimento do varejo parecem não ter consistência, porque os pilares que sustentam os fundamentos econômicos são positivos. Quando analisamos a Espanha, por exemplo, com 20% de desemprego, sem crédito

e perda de renda real, de fato, não há como consumir bem. Mas não é o que acontece no Brasil, onde as vendas estão retraídas, mas o tripé do consumo é favorável. Nesse sentido, o cenário é estranho. É nesse ponto que os vetores da confiança e da expectativa ganham importância e justificam esse momento do varejo. BC Quando esses pilares começaram a ficar instáveis? ET As manifestações sociais que aconteceram nas ruas, na minha visão, foram o gatilho, porque muitas pessoas ficaram com receio de sair de casa por conta de alguns atos de violência. Portanto, deixaram de consumir. Quando isso foi contornado, veio a Copa do Mundo. Esse evento, que seria uma espécie de alavanca econômica, passou a ser um obstáculo, já que havia a expectativa de movimentos sociais de grandes proporções. No entanto, nada aconteceu do ponto de vista político e social, porém o consumo foi freado. Na sequência, vieram as eleições e, com ela, toda a expectativa das mudanças que poderiam ocorrer. Agora entramos numa fase na qual não se tem mais nada pela frente. É o famoso: “vamos trabalhar e ver o que acontece”. O problema é que não se recupera confiança e expectativa tão rapidamente e tudo está muito atrelado ao cenário político. Temos o efeito Petrobras, o do time ministerial... a cada notícia que surge, a economia se movimenta de um jeito. BC Considerando esse cenário, quais são as expectativas para o segmento varejista em 2015? ET Esperamos um ano difícil. Além

20 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

disso, haverá reajustes de alguns índices que não ajudam o consumo, como corte de despesas públicas, juros para conter a inflação e aumento de impostos para melhorar a arrecadação. Há uma sinalização muito tímida do governo para que se incentive o consumo. BC Nesse caso, o que o empresário pode esperar? ET Muito trabalho e uma busca para reduzir custos, sem afetar a qualidade, e fazendo o possível para inovar. Em tempos como esse, surgem oportunidades para abrir lojas ou comprar empresas, porque os preços caem. Assim, a expansão fica mais barata. Para aqueles que têm dinheiro em caixa, o momento é propício para investir. BC Quais segmentos do varejo vêm se destacando? ET Temos áreas mais relevantes, como a de alimentos. Historicamente, o varejo alimentar tem uma característica menos “montanha-russa” do que os outros, porque ninguém para de comer. No caso de materiais para construção, a oscilação é intermediária. Já tecnologia vem ganhando espaço na vida dos brasileiros naturalmente e cresce pela inovação. Entretanto, em outros setores mais ligados a crédito e nos quais se pode adiar as compras, como veículos, móveis e eletrônicos, espera-se um início de ano mais difícil. BC Como a internet tem influenciado as novas formas de consumo? ET Com a internet acessível e smartphones, começa-se a repensar a maneira de consumir. Daí vem o e-commerce ou soluções integradas com esse canal virtual. Na França, por exemplo, 6% das vendas do varejo alimentar já acontecem num modelo no qual se compra pela internet, normalmente pelo aplicativo e a caminho de casa; depois, o cliente para numa espécie de drive-thru da loja e retira suas encomendas. Essa é uma tendência, já que a entrega é


Fotos: Paulo Pepe

um grande entrave do e-commerce. Afinal, hoje em dia todos trabalham e há cada vez menos pessoas em casa para receber as encomendas. BC Integrar os canais físicos e virtuais, atendendo às tendências do omnichannel, deve ser uma aposta do varejo? ET O omnichannel é a atuação em vários canais, físico e internet, com a integração das políticas comerciais. Mas percebemos que isso demanda mudanças na estratégia de trocas, sortimento e preço. Hoje o consumidor quer comprar no virtual e conseguir trocar na loja física. Em relação ao mix, ele também deseja encontrar a mesma variedade em todos os canais. O quesito preço tem gerado muita polêmica. Na minha visão, o varejo vai migrar para o omnichannel, menos em relação a preço, já que são momentos de compras diferentes e os custos do empresário também são distintos entre um canal e outro. No físico, os gastos são muito maiores com pessoal, aluguel, etc. BC O que tem sido feito para melhorar a experiência de compras pela internet? ET Temos um ótimo exemplo que é o modelo one click to checkout. Com essa solução, muitos e-commer-

ces nacionais já permitem a compra com, no máximo, dois cliques, quando o cliente já é cadastrado. Isso elimina boa parte da burocracia, já que não é preciso refazer o cadastro ou repassar os dados do cartão. Outro caso é o de alguns supermercados, que salvam a última lista de compras [no site], de acordo com o CPF do cliente. Ou seja, praticidade somada à segurança são as principais apostas. Além disso, também existem investimentos em vídeos, demonstrações e informações técnicas sobre alguns tipos de mercadorias que, em tese, conseguem até dar um atendimento melhor no canal virtual do que na loja física. BC Quais são as outras tendências para o varejo no Brasil? ET Há uma tendência de internacionalização, com a chegada de alguns players de fora, como Forever 21, da área de moda: CVS, do segmento farma, e Grupo Falabella, de materiais de construção. Há também uma tendência de formação de grandes grupos, por meio de fusões e aquisições. São exemplos a varejista de moda Restoque [dona de marcas como Le Lis Blanc e Bo.Bô, que incorporou a Dudalina] e o Carrefour [que anunciou a venda de 10% da sua subsidiária brasileira

à Península Participações, do empresário Abilio Diniz]. Há, ainda, um movimento para o uso de soluções tecnológicas, a exemplo da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) e outras, capazes de melhorar experiência de compras e a eficiência da loja. Outra tendência forte é uma visão mais sustentável do varejo, com a diminuição das sacolinhas plásticas e reúso de água. Daqui para frente, vemos um varejo cada vez mais promocional, desenvolvendo kits, packs e ações como a Black Friday. BC Na sua opinião, o que esperar da parceria entre varejo e indústria? ET A colaboração é mais uma das tendências e, assim, a parceria entre o varejo e a indústria deve se tornar cada vez mais forte. As duas pontas da cadeia devem discutir como trabalhar melhor um produto no ponto de venda e unir esforços para atender ao consumidor. Com essa colaboração, muitas das tecnologias e padrões, como os da GS1, fazem muito sentido. Para que se ache produtividade e colaboração, é preciso ter tecnologia na supply chain e dentre elas estão o EDI, a etiqueta eletrônica, a reposição automática, entre outras. Compartilhar informações é o primeiro passo da colaboração. 7 898357 410015

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CAPA

[CADASTRO

Imagens: Thinkstock

Peรงa-chave para atender ao cliente


Por Denise Turco

Indústria e varejo podem se beneficiar de um único cadastro de produtos para otimizar as operações, melhorar a comunicação e a confiabilidade das informações disponibilizadas ao mercado

Uma famosa indústria vendeu um lote de bebidas para uma rede de supermercados do interior de São Paulo. No pedido, constavam 15 caixas com 24 garrafas de 1 litro. A loja recebeu a quantidade solicitada e no prazo correto, porém com produtos na versão de 250 ml. Que situação complicada! Sua empresa já teve alguma experiência desse tipo? Nesse momento, é hora de refletir: onde está o erro? Possivelmente, o problema começa no cadastro. Se os dados do varejo estiverem desatualizados, por exemplo, o pedido sairá com quantidade menor ou maior. Portanto, a falta de dados ou informações desencontradas entre os parceiros comerciais é uma realidade enfrentada por muitas empresas, de diferentes setores. Tratado às vezes como algo corriqueiro ou como uma burocracia desnecessária, o cadastro é, na verdade, um ponto estratégico para as companhias, na medida em que a ausência ou o conflito de dados podem gerar perdas. Compras em quantidade errada, devoluções, impacto na logística, retrabalho e o desgaste no relacionamento são exemplos de situações que podem ocorrer e refletir diretamente no ponto de venda, causando a ruptura – a falta de produto na gôndola. Isso significa lucros menores para todos. “Para a indústria é importante que as informações de seus produtos sejam comuns tanto para os fornecedores quanto para os clientes. Com uma linguagem única em todos os canais, a empresa apresenta ao mercado dados sempre com as mesmas características, tais como conteúdo, descrição, marca, etc.”, ressalta o assessor de projetos da área de inovação e alianças estratégicas da GS1 Brasil, André Lullis.

A divergência de informação gera problemas tanto de fornecimento quanto de recebimento. “O ideal é ter um cadastro sincronizado, pois isso significa redução de custos, de tempo e, ainda, a melhora no relacionamento entre varejo e fornecedor, de maneira que os parceiros possam focar nas questões comerciais e estratégia de vendas”, ressalta o gerente da área de produtos da GS1 Brasil, Paulo Crapina. Tendo isso em vista, é preciso olhar com mais atenção para a maneira como os dados são cadastrados. A tecnologia e os padrões podem auxiliar nessa questão, como é o caso do Cadastro Nacional de Produtos (CNP), ferramenta da GS1 Brasil que agiliza o registro dos dados e ainda dá base para a visibilidade – algo que cada vez mais as empresas buscam para dar transparência e segurança aos seus processos. Trata-se de uma ferramenta on-line criada para auxiliar a indústria no cadastro e no gerenciamento de informações. A novidade é que, a partir de agora, o varejo também poderá acessar os dados sobre produtos nesse sistema, aproveitando a riqueza das características inseridas pelos fabricantes, como, por exemplo, descrição detalhada de um item, marca e até o link para o site do produto ou da indústria. O CNP pode se usado por empresas de qualquer porte e ramo de atividade. O ponto interessante é que o fabricante consegue, através do sistema, dar uma visão 360 graus do produto tanto para o seu controle interno quanto para os parceiros acessarem as informações. Assim, torna-se uma ferramenta eficaz de gestão. “Pelo fato de ter a informação cadastrada em um único local, a indústria pode utilizá-la para assegurar dados uniformes a todo o mercado, sem [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 23


Encaixe perfeito Conheça as facilidades que o CNP oferece para as indústrias e varejistas e como utilizá-lo de maneira estratégica

1. A ferramenta pode ser

acessada pela internet e usada por várias pessoas da empresa por meio de qualquer computador. Para começar a usar, é preciso ser associado da GS1 Brasil e criar uma conta no site www.cadastronacionaldeprodutos.com.br.

4. É possível fazer a gestão da lista de produtos, cadastrando detalhes como descrição do item, marca, foto, peso, volume, entre outros. 5.

Todos os dados cadas-

trados podem ser compartilhados com varejistas, distribuidores e compradores, como, por exemplo, o número do código de barras e informações gerais da empresa, por meio de outra ferramenta integrada, o GEPIR.

6. O CNP garante que o código de barras esteja validado e correto, evitando a duplicidade de numeração junto aos varejistas, já que o sistema faz o cálculo baseado no prefixo GS1 da indústria de forma automática.

loja


2. O sistema oferece segurança e backup, pois as informações ficam armazenadas na nuvem. Isso é benéfico, principalmente, para empresas de menor porte que não contam com uma sólida estrutura de TI ou outros sistemas de controles de produtos.

3. A companhia pode obter os padrões globais para identificação de produtos, como o número de código de barras (GTIN), localizações físicas (GLN) e código eletrônico do produto (EPC/RFID).

7. A solução permite a im-

pressão de etiquetas com código de barras, com opção de incluir os dados adicionais cadastrados.

8.

Possibilita importar dados da lista de produtos utilizada em sistemas ou planilhas próprias, evitando retrabalho de digitação. Também gera relatórios.

10.

Pelo aplicativo GS1 InBar o consumidor final também tem acesso às informações de um produto. Para isso, o sistema utiliza como base o CNP.

9. É possível compartilhar as informações constantes no CNP de maneira estratégica, para apoiar ações de marketing, comunicação, promoções, etc.


CAPA

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Fotos: Paulo Pepe

André Lullis, da GS1 Brasil Cadastro único garante que as indústrias multipliquem informações confiáveis para o mercado

Registro eficaz A indústria Fermoplast é uma das empresas que mais utilizam o CNP

26 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

para obter a numeração do código de barras. “Para nós, o CNP é fundamental porque os atacadistas e lojistas para os quais fornecemos usam o código de barras”, acrescenta o gerente de produção, Weliton Oliveira Salgado. Atualmente, a empresa utiliza apenas a função de cadastro do CNP, mas planeja aproveitar as informações constantes no código de barras para melhorar os processos logísticos. “Em breve, vamos armazenar de acordo com a data de fabricação do produto, de maneira que o sistema indique os itens que devem ser despachados primeiro aos clientes. Vamos utilizar o código de barras como suporte para isso”, comenta Salgado. Para a Krater, de Mogi-Guaçu (SP), que desde 1991 produz peças automotivas e para motocicletas, usar o CNP

foi um avanço nas vendas e na logística. “Há tempos nossos clientes solicitavam o código de barras no padrão GS1 nos produtos. Mas usávamos o código gerado pelo nosso próprio software, e muitos não aceitavam, inclusive perdemos dois contratos por esse motivo”, conta a sócia-proprietária, Gislene Gianetti Bezerra, que cuida da área comercial da empresa. Ela diz que resistia em usar o código de barras no padrão global por ser mal informada quanto aos procedimentos para obtê-lo e valores a serem pagos. “Quando conhecemos a GS1, recebemos as instruções do consultor e concluímos que esse processo era bem fácil e prático”. A partir daí, a Krater começou a usar o CNP, sendo que já cadastrou mais de 900 produtos. A empresa de pequeno porte possui 53 funcionários e exporta para 17 países.

Fotos: Divulgação

correr o risco de ter o cadastro administrado por terceiros, já que é ela mesma quem identifica e coloca informações sobre o seu produto”, afirma Lullis. Organizações de diferentes áreas e portes já se beneficiam disso. É o caso da Fermoplast – indústria que fabrica acessórios metálicos e de plástico (fechos, ganchos, regulagens, etc.) para lingerie, fitness e moda. Atualmente, ela é uma das maiores usuárias do CNP, com cerca de 900 acessos por mês. A empresa de médio porte de Nova Friburgo (RJ) atende atacadistas, varejistas e confecções de todo o País. “É um sistema fácil de trabalhar e bem completo”, afirma a estoquista Adriana da Silva Medeiros, completando que são lançados no sistema os dados de todos os itens fabricados


Paulo Crapina, da GS1 Brasil CNP ajuda o varejo a aproveitar dados da indústria de maneira estratégica

Varejo Para os varejistas, o CNP serve de apoio para ajustar os processos e, assim, melhorar os lucros. Na prática, isso significa aproveitar os dados dos produtos constantes na ferramenta para alimentar seu cadastro interno, usar a descrição do item para colocar no cupom fiscal ou na etiqueta de gôndola. Isso porque o fabricante pode inserir no sistema as características do produto em poucas palavras. Por exemplo: xampu que dá brilho. “É esse tipo de informação que o varejista pode usar no ponto de venda, agregando assim uma informação correta e complementar para o consumidor”, afirma Crapina.

Além disso, com a inclusão das informações pelas indústrias, o varejo conta com dados atualizados sobre o item e também imagens que são necessárias quando a loja faz promoção de um determinado artigo e o destaca no tabloide, por exemplo. O varejo tem o acesso às informações inseridas pelas indústrias por meio de outra ferramenta desenvolvida pela GS1 Brasil, o Serviço de Verificação Global de Autenticidade de Prefixos (GEPIR), que é integrada ao CNP. O GEPIR garante a autenticidade de códigos de barras GS1 em âmbito global, facilitando a consulta aos dados dos produtos. Isso é possível porque a entidade está presente em mais de cem países e todos compartilham uma base de dados sobre mais de 1 milhão de empresas. Em geral, a ferramenta é usada para buscar quem é a empresa proprietária do código de barras, além de CNPJ, nome, endereço e informações detalhadas de uma mercadoria. Ao acessar o GEPIR, o varejista utiliza o mesmo número de código de barras informado pela indústria no CNP. Os processos do varejo também são beneficiados, já que o foco do CNP é agilizar ou atualizar o cadastro. Hoje, essa ação é feita, normalmente, em um formulário no qual o fabricante envia para o varejo, que, por sua vez, redigita as informações no sistema. “É um processo moroso e sujeito à falha humana de digitação.

Utilizando o CNP, a inclusão das informações pela indústria torna-se automatizada, reduzindo o tempo de cadastro e garantindo a uniformidade das informações”, conclui Crapina. Em breve, o consumidor final terá acesso aos mesmos dados sobre produtos, podendo saber mais sobre suas características e efetuando, assim, uma compra mais qualitativa, por meio do aplicativo InBar, desenvolvido pela GS1 Brasil. A aplicação mobile estabelece mais um canal de informações para as empresas associadas disponibilizarem dados sobre produtos e marcas. A solução é capaz de ler e interpretar vários tipos de códigos, como o EAN-13, o GS1 DataMatrix e o QR Code. Por meio do aplicativo, as empresas podem identificar as preferências dos clientes e preparar ações promocionais sob medida para seu público-alvo. Assim, além de ser uma ferramenta de cadastro, o CNP pode ser usado como uma vitrine para as companhias divulgarem seus produtos. Desse modo, com o CNP, o fabricante consegue atingir um grande número de varejistas ao mesmo tempo utilizando apenas um cadastro. O varejo, por sua vez, dispõe de uma fonte de consulta confiável. E ambos conseguem obter visibilidade na cadeia de abastecimento, com informações seguras e atualizadas para o consumidor final. 7 898357 410015

Avanço na prática A empresa de pequeno porte Krater já cadastrou mais de 900 produtos no sistema

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 27


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opinião

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VAREJO

Colaboração para atender ao consumidor Olegário Araújo Diretor de atendimento da Nielsen, com a colaboração especial de Leandro Oliveira, gestor pr icing/ge r e n c i a mento categorias do Lopes Supermercados, e Jorge Felizardo, gerente de categorias do Condor Supermercados

Cadastro é essencial para a operação do varejo, mas, se negligenciado, pode comprometer a gestão e os resultados Muitas são as inovações tecnológicas e as promessas de obter melhores resultados propiciados a partir delas. Entretanto, a tecnologia é um meio, e não um fim. Nesse sentido, o varejo precisa trabalhar com base em três pilares: pessoas, processos e tecnologia. Essa ação tem de começar pelo básico, ou seja, a qualidade do cadastro dos itens comercializados. Isso porque o sucesso da operação varejista está nos detalhes – a exemplo do cadastro, que, de maneira geral, tem sido negligenciado pelo setor e comprometido a operação dos negócios. Sortimento, estoque, precificação e logística também fazem parte do coração do varejo. Sem o funcionamento dessas questões essenciais, porém complexas, o entendimento do consumidor/shopper por si só não gerará a experiência de compra positiva e seu encantamento. Na Nielsen, recebemos informações de milhares de estabelecimentos, detalhadas por item e loja. Ao manusearmos esse volume de dados, constatamos que, de maneira geral, o varejo precisa revisar seus processos de cadastro de itens. A recorrente utilização do código interno vinculado aos códigos de barras da indústria leva as empresas a agrupar itens distintos, o que pode comprometer a gestão do sortimento e do estoque, levando ao excesso de algumas mercadorias e falta de outras. Como consequência final, a ausência do produto preferido do consumidor/ shopper nas gôndolas. Observamos que uma das etapas que, normalmente, é comprometida pelo agru-

28 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

pamento de códigos e um cadastro com baixa qualidade, refere-se ao gerenciamento por categorias (GC). Ao longo dos anos, nos deparamos com profissionais que foram contratados para cuidar do processo de GC e que, na prática, tiveram de dedicar muito tempo para organizar o cadastro da empresa varejista. Sabemos que o objetivo dessa solução é, justamente, garantir que somente produtos correlatos sejam agrupados entre si. Além disso, constatamos que as informações do varejo para a tomada de decisão são organizadas e disponibilizadas com base em diferentes premissas e que, por vezes, não permitem chegar às mesmas conclusões, contribuindo para gerar conflitos entre as áreas. Até mesmo questões aparentemente simples, como a descrição do item, são de suma importância e devem seguir critérios claros e padrões de cadastro como: tipo do produto, característica (cor, fragrância, sabor, etc.), marca e gramatura. Também é necessário seguir a exata ordem das características no momento do cadastro. Essa padronização assegura a correta identificação, descrição, classificação e parametrização inequívoca dos materiais, evitando desnecessárias despesas com compras, dificuldade na identificação pelo fornecedor, erros de alocação, estocagem ou gerenciamento. Outro ponto é a descrição reduzida do produto no momento do cadastro, pois é essa informação que compõe a etiqueta que será colocada na gôndola. Em um espaço limitado a poucos caracteres, é importante informar o má-


e geridos pela “pasta” do comprador ou por um profissional sem o conhecimento necessário para compreender o impacto no negócio.

- Controles: é essencial que o varejo tenha claramente desenhado o processo do cadastro como o alicerce do produto final que será oferecido ao consumidor. Por essa razão, é importante adotar regras claras, tais como um glossário para descrições, limitadores de SKU e política de inclu-

Ao manusearmos os dados de milhares de estabelecimentos, constatamos que, de maneira geral, o varejo precisa revisar seus processos de cadastro de itens

- Flexibilidade: sistemas operacionais “engessados” não permitem as quebras necessárias e dificultam muito a gestão. Em tempos atuais, as várias segmentações de público e sortimento deixaram de ser luxo para se tornarem primordiais. E elas refletem um cadastro bem organizado. - Estrutura mercadológica: em muitos casos, há entraves relacionados à estrutura mercadológica, na qual não há definições claras e os agrupamentos das categorias são determinados

são e exclusão de itens. Também deve ser uma premissa o processo de “deliste” (exclusão) e limpeza do cadastro, porque os poucos controles que existem são destinados à entrada e nunca para a exclusão. A GS1 Brasil tem o conhecimento para apoiar a revisão desses procedimentos, inclusive de produtos perecíveis. Pensando nessas questões, a entidade e a Nielsen estabeleceram uma parceria cujo objetivo é obter melhorias nos processos de cadastro e, assim, ajudar a preparar o mercado para um mundo cada vez mais digital e sincronizado. Um processo colaborativo com foco na gestão da demanda, ou seja, tendo como base o consumidor/shopper, é fundamental. 7 898357 410015

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As opiniões deste artigo não expressam o pensamento da GS1 Brasil ou da editora. Fotos: Divulgação/Thinktock

ximo possível ao cliente/shopper, fornecendo claramente as características do produto. Recursos tecnológicos, como a sincronização eletrônica de cadastro entre indústria e varejo ou a etiqueta eletrônica, certamente, trarão otimização e maior acuracidade das informações. Entretanto, sem as pessoas executando os processos da maneira adequada, eles de nada adiantam. Corremos o risco de continuarmos executando apenas em maior velocidade, porém de forma errada. Cadastro é algo básico, mas essencial para a operação do negócio. Revisar processos e utilizar a tecnologia correta é fundamental para alcançar a produtividade adequada e, consequentemente, a rentabilidade esperada. É a partir disso que atingiremos a satisfação do consumidor/shopper, que terá o produto e a quantidade certas, na loja de sua preferência, precificado de acordo com o posicionamento da bandeira e a missão de compra do cliente da loja. Nesse sentido, é necessário estar atento para:


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Imagens/Fotos: Thinkstock/Paulo Pepe

gestão

[edital

Parceiro público

Por Claudia Manzzano

Existem vantagens importantes no fornecimento de produtos e serviços para a administração governamental, mas é preciso estar bem preparado para isso

30 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Há quase uma década, a Lei Complementar 123/2006, mais conhecida como Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (MPEs), trouxe um amplo mercado para companhias desse porte. Além do tratamento favorecido e simplificado para impulsionar a competitividade, a legislação garantiu vantagens nos processos licitatórios lançados pela administração pública. As licitações até R$ 80 mil para atender aos órgãos e às entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios passaram a ser exclusivas das organizações menores. Também foi a partir daí que as instituições do governo puderam subcontratar as MPEs em obras e serviços. E ainda produtores rurais (pessoa física) e agricultores familiares começaram a usufruir dos mesmos benefícios dos pequenos negócios. Para se ter uma ideia, em 2013, as MPEs representaram cerca de 30% das compras do governo federal, alcançando um valor de R$ 20,5 bilhões do total de R$ 68,4 bilhões contratados, segundo a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI/ MP). Trata-se de um volume importante de recursos para o dinamismo da economia e geração de emprego e renda. “Tendo em vista o grande poder de compra da administração pública e o tratamento diferenciado às MPEs, as licitações públicas tornaram-se um novo canal de negócios e uma oportunidade para ampliação da base de clientes e do faturamento, promovendo o desenvolvimento de parcerias e inovações, com ganho de tecnologia e colaborando com o desenvolvimento regional”, afirma o coordenador geral de compras públicas da Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE) da Presidência da República, Fábio Santos Pereira Silva. Na opinião do consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (SEBRAE-SP), Júlio Durante, não se trata de privilégios, mas de vantagens importantes para as MPEs concorrerem entre si nesse segmento. “As empresas maiores participam de licitações de grandes empreendimentos e volumes, na área de infraestrutura, por exemplo”, pontua. As MPEs também conquistaram outros direitos importantes. Por exemplo, em caso de empate entre propostas apresentadas nos leilões, elas têm preferência se as ofertas forem iguais ou até 10% superiores à proposta mais bem classificada. E mais: os órgãos governa-

mentais precisam dar prioridade à contratação de MPEs sediadas local ou regionalmente. Mas apesar desses benefícios, o cenário atual ainda não é perfeito para os negócios de pequeno porte. A própria SMPE admite que os processos licitatórios são bastante burocráticos e as MPEs gastam grande parte do tempo organizando a documentação necessária para participar dos leilões. Normalmente, as dificuldades são anteriores ao início da concorrência, como, por exemplo, falta de informação, desconhecimento dos benefícios legais e até mesmo insegurança quanto ao recebimento do pagamento. A experiência do consultor Durante aponta que as MPEs têm dificuldade tanto no planejamento quanto na execução do pedido para atender aos critérios do edital – o documento que apresenta todas as condições e exigências da licitação – no que diz respeito a qualidade, prazo e preço. Ele ressalta que mão de obra capacitada e conhecimento profundo desse documento são fundamentais. “É preciso ler o edital inteiro e entender o que está sendo pedido”, destaca. Além disso, o empresário precisa ter em mente que produto competitivo não garante por si só o fornecimento para a administração pública, mas uma série de fatores que envolvem toda a gestão da empresa. O consultor cita o exemplo de uma papelaria do interior de São Paulo que forneceu material para escolas municipais e comprometeu todo o seu estoque, ficando sem produto para atender outros clientes. Além disso, a papelaria contou com o recebimento da prefeitura em determinado prazo para pagar os fornecedores, mas como isso não aconteceu, acabou fechando as portas. Portanto, sem preparo, não há sucesso. Primeiros passos Antes de entrar em uma concorrência pública, o ideal é que o empresário tenha toda a documentação em dia. Os itens mais importantes são: ter CNPJ, regularidade no pagamento dos tributos e não apresentar nenhuma pendência – principalmente na folha de pagamento. “O artigo 27 da Lei 8.666/93 [que estabelece normas para licitações e contratos da administração pública] define a documentação necessária referente à habilitação jurídica, à qualificação técnica, econômico-financeira e à regularidade fiscal e trabalhista”, aponta Silva. Ele ressalta que, para participar da licitação, basta providenciar a documentação para habilitação jurídica e apresentá-la junto ao órgão comprador. Entretanto, se a empresa vencer [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 31


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Gestão

Prepare-se para um edital

Verifique a documentação:

• Habilitação jurídica • Qualificação técnica e econômico-financeira • Regularidade fiscal e trabalhista Comece devagar:

• Inscreva-se no site de leilões do governo e acompanhe os pregões

• Observe as empresas concorrentes

• Busque ajuda de quem conhece o sistema • Faça o primeiro lance em compras divisíveis

Fontes: Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República e Sebrae

o leilão, deverá providenciar o restante dos documentos. Caso não tenha tudo à mão, poderá perder a oportunidade. Seguindo o exemplo da papelaria citado por Durante, do SEBRAE-SP, a empresa não pode destinar 100% das suas vendas para o governo. Isso porque, em primeiro lugar, ela precisa conseguir atender outros clientes frequentes e, em segundo, porque o Poder Público tem uma dinâmica de pagamento diferente das companhias privadas e pode demorar até seis meses para pagar. “No máximo, 60% da produção deveria ser direcionada ao setor público”, aconselha Durante. A MPE também deve estar tecnicamente preparada para atender ao serviço contratado. “Licitação não é aventura”, alerta Durante. É necessário calcular bem o preço de venda e os custos, avaliar se possui estoque suficiente e se a mão de obra é capaz de produzir ou prestar o serviço. Vale

32 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

lembrar que a empresa não cumpridora do contrato pode ficar até cinco anos sem poder vender para nenhum outro órgão público. Para não errar, a dica é: conheça o processo de licitação com profundidade. Comece com a participação em um leilão menor ou com compras divisíveis, ou seja, quando o órgão público pode adquirir um determinado item de diferentes fornecedores. É válido também fazer cursos de capacitação, buscar apoio de especialistas e assessoria de um profissional de contabilidade, que ajuda, sobretudo, na definição dos custos de todo o processo. Caminhando passo a passo, o empresário terá uma base mais sólida para concorrer em um processo de compra maior. Papel do governo Com o objetivo de simplificar o acesso das MPEs às compras promovidas

pela administração pública e tornar as licitações mais adequadas à realidade delas, a SMPE vem desenvolvendo o Portal Empresa Simples (PES), disponível no endereço www.empresasimples.gov.br e que promoverá ações para a redução do custo de abertura e a baixa de empresas bem como do peso das exigências do Estado. Também propiciará acesso facilitado a crédito e inovação, aumentando a capacidade de venda, de gestão e da produção das MPEs. Na dimensão das compras públicas, o PES pretende integrar todos os portais de compras hoje utilizados no Brasil, com o objetivo de centralizar o cadastramento das empresas, tratando de forma automática toda (ou a maior parte) a documentação referente aos processos licitatórios, além da divulgação das oportunidades de negócios para os mais de 8 milhões de empreendedores formais que atuam no País.


Em busca de oportunidades Conheça exemplos de pequenas empresas que se lançaram no fornecimento para o setor público A Nanotech do Brasil é uma indústria de soluções para isolamento térmico e acústico que priorizam a eficiência energética e o uso consciente dos recursos naturais. Fundada em 2006, a empresa de Santo André (SP), com 20 funcionários, planeja buscar novos negócios a partir das licitações. Observando o desaquecimento do mercado da construção civil e indústria – áreas em que a Nanotech atua –, o proprietário José Floriano Faria (foto) avalia que, em 2015, não terá grandes melhoras nesse cenário. Como consequência, a inadimplência será inevitável. Diante dessa insegurança, o empresário acredita que participar de licitações pode garantir uma parcela dos ganhos, independentemente dos rumos da economia. Para perseguir esse objetivo, Faria contratou um advogado especializado e experiente no tema para assessorá-lo. “A ideia é não entrar em nenhuma cotação que venha a me prejudicar. Esse profissional pode me orientar e dizer ‘nessa você vai, naquela não vai’”. Até o final de 2014, ele determinou que seria o tempo de preparo, ou seja, para obter todas as certidões, cadas-

Para arejar os negócios A Brisamax, de Mogi das Cruzes (SP), especializada na venda, instalação e manutenção de aparelhos de ar-condicionado já entrou para o mundo das licitações. A empresa, criada em 2008, sempre atuou na área técnica, com projetos para instalações industriais, comerciais e residenciais, mas nunca tinha pensando em atender compras públicas. Foi depois de um momento de

Fotos: Paulo Pepe

Preparação a todo vapor

tramento nos sites e fazer muita pesquisa. Faria também montou uma equipe para se ocupar das licitações e trabalhar nos produtos mais vantajosos para entrar nos leilões. “Por meio de pesquisa de mercado, descobrimos qual preço é competitivo e elegemos três produtos para focar nas licitações”, conta. O início de 2015 foi escolhido para dar a largada nas concorrências. “Primeiro estou estudando o mercado, os concorrentes, os pregões e fazendo simulações”, afirma. Faria espera que, neste ano, 25% do faturamento venha das compras públicas.

movimento fraco e de uma conversa com um amigo, que o proprietário Wallinson Arcanjo (foto) decidiu apostar nessa área. A preparação para a estreia nas concorrências públicas foi rápida, num processo que levou três meses. Mas isso porque Arcanjo é formado em economia, com pós-graduação em administração, e seu sócio já conhecia os processos licitatórios. Para ele, a maior dificuldade para vender à administração pública está na escolha de fornecedores. As negociações para conseguir bons preços se dão ao longo do tempo, e as grandes empresas, já estabelecidas, têm muito mais facilidade nesse aspecto. Além disso, é complicado encontrar mão de obra qualificada, já que a Brisamax precisa de pessoal para instalação e manutenção de ar-condicionado. “Procuro funcionários que tenham boa postura diante do cliente, além de conhecimento técnico”, define. Atualmente, mais 90% do faturamento da empresa, que conta com 17 colaboradores, vêm das licitações. Mas Arcanjo sabe que isso é um problema. O plano estratégico de 2015 é tornar a Brisamax uma varejista e deixar de depender tanto de um único setor. “O ponto positivo do setor público é que ele compra constantemente. Mas na rentabilidade, não é tão vantajoso.” 7 898357 410015

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perdas & ganhos

[ESTRATÉGIA

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No caminho certo Fundador da Doctor Feet abandonou os negócios da família e decidiu criar a própria empresa. Em meio a erros e acertos, mas sempre com objetivos definidos, ele realizou seu sonho Por Patricia Lucena A vontade de empreender e criar algo do seu jeito foi o pontapé inicial para que o jovem Jonas Bechelli abrisse mão da rede de farmácias de manipulação de sua família e criasse o seu próprio negócio, no final da década de 1990. “Comecei a trabalhar nas farmácias do meu pai aos 14 anos, só que não queria ser o filhinho que apenas herda grandes negócios, mas investir em algo diferente. Por isso, aos 21 anos, saí da empresa. Na época, meu pai não aceitou a decisão e disse que eu não poderia mais contar com a sua ajuda financeira”, conta Bechelli. Para conseguir reunir capital para montar sua empresa, ele decidiu vender apartamento e carro e morar de aluguel. Depois, observou em que área poderia investir. “Estava acostumado a utilizar frequentemente os serviços de podologia e comecei a reparar que quase não havia comércio profissional na área de tratamento para os pés. Havia um bom espaço nesse mercado”, diz Bechelli.

34 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foi assim que, em maio de 1998, com as suas economias, ele abriu a primeira Doctor Feet no Shopping Aricanduva, na zona leste de São Paulo (SP), com foco em oferecer serviços de podologia e outros tipos de tratamento para os pés, além de vender produtos relacionados. A escolha do local se deu pela boa relação custo-benefício que o shopping oferecia, levando também em conta o grande fluxo de pessoas e a popularidade naquele momento. Mas, logo no início, o empreendedor enfrentou seu primeiro grande problema. Ele notou que o público que circulava no shopping, em sua maioria das classes C e D, tinha a percepção de que a Doctor Feet oferecia um serviço caro. “As pessoas nem sequer perguntavam os preços, pois consideravam a loja muito sofisticada”, comenta. De fato, o espaço tinha um modelo diferente na época, com recepção e cabines individuais onde os serviços eram realizados para oferecer mais conforto e


Fotos: Divulgação

discrição. “Errei em escolher o local por conta do público, que naquele momento não estava acostumado a esse tipo de serviço. Mas aprendi logo e vi que poderia contornar a situação e ganhar aqueles clientes.” Assim, Bechelli pensou em uma estratégia para reverter o cenário e mostrar que a podologia estava ao alcance de todos. “As pessoas precisavam quebrar a resistência de entrar na loja, pois eu tinha certeza de que, depois disso, o serviço agradaria.” Dessa forma, elaborou panfletos em formato de pé, oferecendo uma avaliação gratuita, e os distribuiu em semáforos que davam acesso ao shopping. A ideia deu certo e despertou o interesse das pessoas, que começaram a visitar a loja por curiosidade e para experimentar os serviços. Com o passar do tempo, o empresário percebeu que a sua primeira falha tornou-se em acerto. A persistência e a humildade em aceitar e aprender com os próprios erros fizeram com que aquela lojinha no Shopping Aricanduva se transformasse, após três anos de atuação, em mais 13 unidades próprias. Com a aceitação de mercado, Bechelli decidiu adotar, no ano 2000, o sistema de franchising, por ser um método confiável de expansão, apoiado por associações e regulamentado no País. “A partir desse momento, comecei a compartilhar meu know-how e metodologia com outros empreendedores”, comenta. Hoje, a rede de franquias fatura R$ 48 milhões e atende a mais de 60 mil clientes por mês. A empresa opera com processos padronizados de atendimento e possui profissionais especializados na área de saúde, que passam por formação técnica e rigoroso processo de treinamento e qualificação.

Jonas Bechelli, da Doctor Feet Problemas são oportunidades para um maior aprendizado e crescimento

Outro fator responsável pelo sucesso e desempenho das franquias foi a ampliação do público-alvo. “Antigamente, cuidar dos pés era algo específico para as mulheres. Hoje, o número de homens e mulheres que procuram um podólogo é praticamente igual. São pessoas entre 35 e 75 anos”, conta. Isso tem ajudado no aumento do faturamento mensal, que atualmente é de R$ 60 mil para as lojas de rua e R$ 100 mil para as unidades instaladas em shopping. A lucratividade é de 20% em ambos os casos. Neste ano, a rede planeja abrir novas unidades e tem como locais de interesse os Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e toda a região Centrooeste. Um dos critérios para a escolha das cidades onde a franquia pode chegar é ter uma unidade do SENAC que ofereça o curso de podologia. “Com isso, otimizamos o treinamento dos funcionários e diminuímos os custos de viagens”, diz o proprietário da Doctor Feet. Hoje, Bechelli tem um ótimo convívio com seu pai, que entendeu suas decisões no passado e o apoia. “Estou muito satisfeito com tudo o que conquistei. Fui atrás dos meus sonhos e deu certo. Acredito que erros e problemas são, na verdade, oportunidades para um maior aprendizado e crescimento.” 7 898357 410015

compartilhe Conquista Rede de franquias fatura R$ 48 milhões e atende 60 mil clientes por mês

suas experiências com os leitores da Brasil em Código e conte no que errou – operação, tecnologia, gestão, recursos humanos, etc. – e qual foi a solução encontrada. Escreva para a redação: revista@gs1br.org [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 35


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Mercado

[SEGUROS

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Riscos sob controle

Por Epaminondas Neto

O segmento de seguros descobriu o nicho das pequenas empresas e oferece cada vez mais produtos customizados


Pet shop, restaurante, estacionamento, pousada, escritório de advocacia, clínica odontológica, indústria de calçados, escola, academia ou barbeiro. Cada tipo de negócio já pode contratar um seguro desenhado para suas características e necessidades. Isso é resultado da evolução da economia brasileira, que aumentou a renda disponível das pessoas (físicas e jurídicas), aliada ao avanço do segmento de seguros, que há três décadas luta para desvendar o caminho das pedras de como vender proteção aos pequenos empresários. Nos últimos anos, as seguradoras aprenderam a destrinchar os riscos de cada tipo de empreendimento e passaram a desenvolver produtos massificados que simplificaram a vida de corretores e clientes. E para atrair e manter uma clientela sensível a cada real poupado, essa indústria também aprendeu a oferecer uma linha de serviços agregados para satisfazer a necessidade de “retorno” do investimento aos segurados. Ao mesmo tempo, os empreendedores, com o crescimento de suas empresas, acordaram para a necessidade de investir na proteção de seus ativos. O empresário pode (e deve) tirar partido dessa nova fase do segmento de seguros, mas precisa ficar atento aos detalhes: são neles que reside a diferença entre a despesa que pode garantir a sobrevivência de sua empresa e o gasto que somente consome seu fluxo de caixa. Com mais de 30 anos de atuação no mercado, o diretor da Associação Paulista dos Técnicos de Seguro (APTS), José César Caiafa Júnior, testemunhou as transformações na venda desses produtos para as pequenas e médias empresas, desde o emaranhado de regras dos anos 1980 até o processo de simplificação e massificação neste início de século. Segundo ele, um dos principais problemas é contratar a opção mais barata como sendo a mais adequada. “Algumas vezes até pode

ser assim, mas há casos em que o seguro é mutilado, com a exclusão de garantias apenas para ficar com um custo mais acessível.” Outra situação comum é que, depois de muitos anos sem um sinistro expressivo, o empresário decide cortar as despesas com o seguro que nunca lhe proporcionou um retorno compatível com seus gastos anuais. “Agindo dessa maneira, sem perceber, ele coloca em risco todo o seu negócio. O seguro é o garantidor do seu principal patrimônio e da fonte de sua renda”, alerta o executivo. Riscos e prejuízos Durante um final de semana, o encanamento de um escritório comercial na capital paulista deu defeito, provocando a inundação de todo o andar de baixo e acarretando danos de milhares de reais. O final dessa história é feliz para o escritório, cujo seguro cobriu as perdas e poupou a empresa de um prejuízo pesado. Esse caso real é o tipo de advertência que a corretagem de seguros tem usado para convencer os empreendedores da necessidade de adquirir seus produtos e manter essa despesa ao longo dos anos. “Seguro é um investimento que você faz na sua capacidade de gerar riqueza”, defende o consultor da corretora Barros de Moura Associados, Carlos Barros de Moura. Um salão de beleza, um pet shop ou um consultório odontológico, por exemplo, podem adquirir o mesmo tipo de seguro com as coberturas básicas contra incêndio, roubo ou explosão. Mas o diferencial será em relação às soluções personalizadas. O salão de beleza vai encontrar um seguro de responsabilidade civil que cobre danos aos clientes por acidentes com tratamentos químicos ou chapinhas; o pet shop, uma cobertura específica para ocorrências com animais durante trabalhos de banho e tosa, incluindo mortes;

Proteção para todos Seguradoras aprenderam os riscos envolvidos em cada tipo de empresa e gestores acordaram para a necessidade de investir na proteção de seus ativos [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 37


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MERCADO

enquanto o consultório dispõe de uma cobertura contra roubos de equipamentos e notebooks. “Para pequenas e médias empresas, o recomendado é a contratação de Seguro Compreensivo Empresarial, ofertado amplamente no mercado para garantir os riscos patrimoniais e responsabilidades civis”, sugere o professor da Escola Nacional de Seguros, José Varanda. O interesse das seguradoras favorece que empreendedores encontrem alternativas para bolsos de vários tamanhos. Na Caixa Econômica Federal, por exemplo, o tíquete médio dos seguros vendidos no nicho de pequenas e médias empresas mal ultrapassa a casa dos R$125 ao ano, enquanto que, na seguradora do Bradesco, supera a faixa de R$ 1 mil. Avalie as possibilidades À semelhança dos produtos oferecidos para as pessoas físicas, as seguradoras incluem um amplo rol de serviços às coberturas vendidas aos pequenos empresários: serviços de chavei-

ro, indicação ou fornecimento de mão de obra, como encanador, eletricista, vidraceiro, limpeza, técnico de informática, cobertura provisória de telhados, entre outros. “Cada vez mais, as seguradoras têm procurado incrementar seus pacotes de serviços. O motivo é evitar que o segurado, que passou um ano sem sinistro, tenha a sensação de que o seguro ‘não valeu a pena’”, reconhece Caiafa Júnior, da APTS. Além de produtos para garantir seus ativos, empreendedores também têm usado seguros para suas próprias políticas de recursos humanos, com o propósito de atrair e reter funcionários. Pesquisa do Datafolha, feita em 2013 a pedido do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), mostra, por exemplo, que os planos de saúde privados figuram como o terceiro item de desejo do brasileiro, atrás da casa própria e da educação. Na verdade, as seguradoras se “desinteressaram” em vender coberturas

individuais e focam cada vez mais na comercialização de planos corporativos, para grupos acima de cinco funcionários, pelo menos. Além desse fator, várias categorias trabalhistas já obrigam os patrões a contratar seguros de vida, funeral e saúde, lembra o professor Varanda, da Escola Nacional de Seguros. Mas é fundamental não parar no tempo. Tão importante quanto avaliar o melhor seguro para a sua empresa é reavaliá-lo periodicamente. Ao longo de sua trajetória, uma empresa muda, e, da mesma forma, mudam os riscos à sua sobrevivência. “Infelizmente, não é incomum o segurado, ou até mesmo alguns profissionais da área, renovar as apólices ao longo dos anos sem uma reavaliação e sempre nas mesmas bases”, diz o superintendente de Negócios Corporativos da Generali Seguros, Eduardo Gaspar Porto. “E em determinados casos, [essa prática] pode ocasionar a contratação ou a manutenção de coberturas inadequadas à realidade da empresa”, conclui Porto. 7 898357 410015

Dicas para contratar um seguro corporativo Identifique os riscos que podem afetar a existência do seu negócio e busque coberturas para essas ameaças. Evite comprar coberturas para riscos que sua própria empresa pode assumir. Por exemplo: verifique se o seu negócio, por causa da localização ou um outro fator, está mais ou menos sujeito a roubos ou furtos, recomenda o consultor Carlos Barros de Moura.

Pesquise as diferenças entre os produtos oferecidos e não se engane com as semelhanças de nome entre eles. “Uma cobertura com determinada denominação em uma seguradora pode não conceder a mesma garantia que uma opção de mesmo nome em outra seguradora”, adverte José Varanda, da Escola Nacional de Seguros.

Escolha um corretor de seguros experiente. “Não avaliar previamente as condições do seguro contratado com o auxílio de um corretor habilitado leva os empresários a perceberem os erros só depois. E, geralmente, quando é tarde demais, já que parte dos bens ou alguns riscos não estavam cobertos”, alerta Eduardo Porto, da Generali Seguros.

38 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


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opinião

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Inovação

A liderança disruptiva Professor de pós-graduação da FGV in company e dirigente do Núcleo de Agronegócio da ESPM, conselheiro do Conselho Científico para a Agricultura Sustentável (CCAS) e Top 100 do Agronegócio Revista ISTOÉ – Dinheiro Rural

Ser protagonista acima das tecnologias, amar o que faz e respeitar os fatores clássicos da boa administração é característica desse tipo de liderança Viva, chegou o Brasil disruptivo! Não seremos mais os mesmos a partir desse ano que começa! Mudança virou palavra de ordem. O que significa disruption? Aquilo que cria um impacto disruptivo, muito acima e maior do que a tecnologia em si ou muito acima de modelos de gestão, governança e administração. James McQuivey escreveu o livro Digital Disruption e deixa claro que disruption não é sinônimo apenas de tecnologia. Ele diz: “Seja disruptivo, quebre os conceitos, ouse criando diante do que não foi oferecido, produza protótipos e novas ideias estudando as necessidades e possíveis lacunas existentes para oferecer o inusitado.”

Não seremos mais os mesmos a partir deste ano que começa! Mudança virou palavra de ordem Ney Bittencourt de Araújo, com quem trabalhei no grupo Agroceres, atuava em elevados níveis de disrupturas. Trazer para o Brasil, na virada dos anos 1970 para os anos 1980, a tecnologia de suínos e de aves híbridas significava desconstruir modelos antigos e abrir um novo caminho. Shunji Nishimura, fundador da Jacto S/A em Pompeia, interior de São Paulo, faleceu aos 99 anos e atuou sempre na sua vida com a alma disruptiva.

Mas o que podemos desvendar e descobrir a partir da observação dos exemplos disruptivos? Eles... 1-São protagonistas acima das tecnologias e jamais vítimas. 2-Têm velocidade antecipatória, captando o mundo nas suas bordaduras. 3-Amam ver vida real onde existe apenas o potencial. 4-São conectores impecáveis – conectam o que parecia inconectável. 5-Têm coragem para arriscar e colocar o melhor dos seus recursos na inovação disruptiva. 6-Não envelhecem nunca. 7-Amam trabalhar, têm paixão, equipes e respeitam os fatores clássicos da boa administração: confiança, a base maior da sua liderança. Porém, como tudo no universo, os movimentos, a ciência, a arte e o poder dos líderes podem ser utilizados para o bem sintrópico ou o mal entrópico. E o novo Brasil disruptivo fica totalmente dependente de lideranças. Mas quais? Os bodes expiatórios de governos precisam ser desmantelados e os elefantes brancos das corrupções precisam desobstruir as salas escondidas das incompetências. Essas, sim, se valem dos muros das corrupções para esconder as lamentações dos incompetentes. O País será aquilo que nossa sabedoria permitir costurar de um patchworking de representações e a sociedade civil organizada será heroína ou bandida nesse novo Brasil. O disruptivo significará jamais abandonar o humanismo, porém jamais permitir que optantes pela dependência e vitimização assumam a pauta das decisões vitais da nação.

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As opiniões deste artigo não expressam o pensamento da GS1 Brasil ou da editora. Foto: Divulgação

‘ José Luiz Tejon


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PERFIL

[EMPREENDEDORISMO

Destino: inovação Por Juliana Jadon

Chovia forte em um fim de tarde no Rio de Janeiro (RJ). O trânsito ficava cada vez mais intenso e o transporte público cheio. Como seria bom para os cariocas ter um táxi esperando na porta de casa ou do trabalho com facilidade para levar-lhes até o destino almejado. Se o uso desse meio de transporte fosse mais barato do que o convencional, ficaria melhor ainda. Foi exatamente nessa situação e com esse pensamento que, em junho de 2011, Tallis Gomes e mais quatro amigos idealizaram e deram largada a um grande case de sucesso: o aplicativo Easy Taxi. Com poucos anos de existência, o aplicativo da empresa, que une os passageiros aos motoristas por meio de um smartphone, atingiu a marca de 15 milhões de usuários e presença em 33 países. O app leva conveniência aos usuários. Para utilizá-lo, é preciso fazer um breve cadastro, inserindo alguns dados e foto. Depois, basta acionar o botão Pedir Táxi e o serviço imediatamente en-

40 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

contra o taxista mais próximo por meio do GPS do celular. Enquanto o cliente aguarda, é possível conferir o nome do condutor, o modelo do carro e, ainda, acompanhar no mapa a sua aproximação. Com essa ideia colocada em prática, a empresa se destaca no serviço móvel de chamada de táxi na América Latina. São mais de 1,3 mil funcionários espalhados pelo mundo para atender à demanda e aperfeiçoar o serviço prestado. Obstáculos superados A primeira versão do app conectava passageiros por meio de seus smartphones às cooperativas de táxi. Com a estratégia inovadora, os jovens empresários venceram, em 2011, um concurso durante o Startup Weekend, evento realizado na capital carioca que une empreendedores e desenvolvedores com a meta de compartilhar ideias e criar protótipos de empresas de tecnologia. Logo, Gomes e seus amigos perceberam que o ideal seria aperfeiçoar o produ-

Foto/Imagem: Thinkstock

Conheça as estratégias da Easy Taxi, empresa que, com apenas três anos de existência, alcançou a marca de 15 milhões de usuários no seu aplicativo e atuação em 33 países


Gustavo Vaz, diretor de operações Em 2015, empresa incentivará o mobile payment nas corridas de táxi

Fotos: Divulgação

“Se você acredita que algum projeto é possível, vá até o fim. Conseguir os primeiros clientes certamente será difícil. Por isso, é preciso investir principalmente o seu tempo”, acredita o diretor de operações da empresa Gustavo Vaz.

to e ter o contato direto com os taxistas. Significaria um negócio mais vantajoso para esses profissionais pelo fato de não precisarem mais arcar com os custos das cooperativas. Dessa maneira poderiam colocar um preço atrativo para chamar a atenção de novos clientes. No início, além da falta de recursos para expandir o negócio, um dos entraves era a falta de credibilidade e o baixo percentual de taxistas que utilizavam smartphones e acreditavam na capacidade da solução. Por isso, a própria companhia comprou alguns desses aparelhos e os distribuiu aos motoristas, que, aos poucos, começaram a perceber as vantagens. Mas os fundadores estavam com dificuldade para atrair investidores. Após uma busca incansável, conseguiram o primeiro aporte de recursos, de R$ 10 milhões, vindo do fundo de capital de risco alemão Rocket Internet, em outubro de 2012. De lá pra cá, a companhia atraiu diversos outros investidores, totalizando recursos da ordem de R$ 170 milhões. Hoje o modelo junto aos taxistas funciona da seguinte maneira: o profissional não precisa trabalhar com exclusividade para a Easy Taxi nem mesmo deixar de lado a cooperativa ou os acenos dos passageiros. Mas pode utilizar o serviço no momento em que for pertinente. Em termos de lucro, é vantajoso, pois pode driblar os custos da cooperativa. A Easy Taxi, por sua vez, ganha uma pequena taxa em cada corrida, apenas R$ 2.

Chegamos!? Há dois meses, Vaz estava em uma viagem a trabalho nas Filipinas quando foi abordado por um taxista, que o agradeceu pela iniciativa desenvolvida pela companhia em nome de toda a comunidade dessa categoria de trabalhadores. Disse que, por conta da parceria, conseguiu ganhar mais dinheiro. Consequentemente, foi possível comprar um carro melhor e, ainda, passar mais tempo com a família. Histórias semelhantes a desse profissional se repetem nos diversos países em que a companhia está presente e dão a sensação de que ela está no caminho certo. Mas os líderes da corporação são inquietos e procuram aperfeiçoar os serviços, dando atenção ao que os colaboradores, clientes ou motoristas têm a dizer. Com o investimento da Rocket Internet, a Easy Taxi começou a rápida expansão não somente no Brasil mas também em outros países. Gustavo Vaz entrou para o time da empresa exatamente para ajudar a conduzir os negócios na entrada em novos mercados. Nesses locais existem diferentes características na contratação dos táxis, obrigando a empresa a se adequar. No Brasil, por exemplo, o preço da viagem é calculado pelo taxímetro. Já no Peru, todos os valores são negociados. Na Nigéria, por sua vez, as pessoas possuem receio de andar de táxi e assim por diante. Em 2015, o taxímetro da empresa continuará ligado. A Easy Taxi passará por um período de consolidação e de busca pela liderança em alguns mer-

cados. Além disso, os executivos da companhia dedicarão boa parte do seu tempo e investimentos, principalmente ao incentivo a maior adesão do mobile payment, modalidade de pagamento na qual, com apenas um clique, o cliente efetua a transação e o motorista recebe a quantia em sua conta. Nessa empreitada, o maior desafio é mudar o hábito das pessoas que, mesmo com o avanço da tecnologia, ainda efetuam os pagamentos com dinheiro em espécie. “Vamos mostrar os benefícios dessa adesão, tanto para o passageiro quanto para o taxista, como a segurança e a conveniência que esse tipo de pagamento proporciona”, diz o diretor de operações. Uma mudança recente na rota da Easy Taxi foi a saída do fundador, Tallis Gomes, que parte para o desafio de criar uma companhia de robótica. No entanto, ele continua fazendo parte do conselho da empresa. Os outros três fundadores não atuam mais na companhia, que atualmente está sob o comando do co-CEO, Dennis Wang. Não há dúvidas de que o caminho trilhado pela Easy Taxi ainda terá muitos quilômetros rodados. 7 898357 410015

Conveniência Aplicativo permite conferir o nome do condutor e carro

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Fotos/Imagens: Thinkstock/Rio 2016

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NEGÓCIOS

[OLIMPÍADA

Oportunidade de ouro Por Claudia Manzzano

Micro e pequenas empresas têm participação garantida nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos em 2016 A Olimpíada realizada no Brasil será a primeira da história na qual as micro e pequenas empresas (MPEs) poderão ofertar seus produtos e serviços com todo o apoio do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, instituição privada responsável pelo planejamento do evento. Nas edições anteriores, havia um envolvimento distante dos organizadores com elas, mas nada oficial. Esse avanço foi possível em virtude de uma parceria do Comitê Rio 2016 com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), com o objetivo de catalisar as melhores oportunidades para os empresários e orientá-los para atender às exigências do megaevento.

42 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Estima-se que os Jogos Olímpicos movimentem R$ 3 bilhões em compras diretas, sendo R$ 300 mil destinadas às MPEs, montante que pode triplicar na previsão do SEBRAE. Desse modo, o projeto em questão, batizado de SEBRAE no Pódio, corre em busca de fornecedores de pequeno porte para dar conta da extensa lista de compras, que envolve categorias como alimento, têxtil, lavanderia, gráfica, mecânico, brindes, artesanato, mobiliário, tecnologia da informação, consultorias, recursos humanos, treinamento, idiomas e até arma de fogo para competição de tiros. Além disso, são necessários mais de 6 mil itens esportivos.


“O movimento no comércio varejista é enorme. Imagine quantos produtos os hotéis e os restaurantes precisam comprar no varejo? Fora o segmento de serviços na área de turismo, transportes, audiovisual, etc.”, calcula o coordenador do Projeto SEBRAE no Pódio, Francisco Marins. Ele lembra, ainda, que ocorrerão eventos paralelos promovidos pelos patrocinadores oficiais da Olimpíada, pelos não patrocinadores e também pelas delegações – estes são eventos menores, porém farão parte da festa. Uma empresa de pequeno porte que já começou seus treinos para atuar na Rio 2016 é a MCM Brand Experience, especializada em campanhas de comunicação e promoção de eventos. A diretora Mônica Schimenes conta que procurou o SEBRAE para entender quais seriam as demandas de serviço por ocasião da Olimpíada. Depois de receber as orientações, precisou, por exemplo, reformular o site, criando uma versão em inglês, e contratar pessoas fluentes nesse idioma. Em seguida, a empresa de São Paulo (SP) passou pelo processo de validação do Comitê Organizador do evento. E mais: Mônica teve a surpresa de ser convidada pelo SEBRAE para ir a Londres conhecer como funcionou o processo de compras dos Jogos Olímpicos de 2012. Neste momento ela está propagando o conhecimento da viagem e preparando fornecedores com documentação e certificação para atuarem na Rio 2016.

Outro exemplo é a Biotechnos, de Santa Rosa (RS), que desenvolve produtos, projetos e assessoria nas áreas de bioenergia e biodiversidade na cadeia de valor do biodiesel a partir de óleos e gorduras residuais. Sua missão na Olimpíada é gerar energias alternativas a partir da reciclagem antes, durante e depois do evento. Desse modo, a empresa atenderá parte das solicitações do plano de sustentabilidade da Rio 2016, que destaca o uso de biocombustível produzido a partir de óleo de cozinha usado (com a inclusão de catadores de materiais recicláveis) em geradores de energia elétrica e veículos de transporte. Com experiência acumulada na Copa do Mundo FIFA 2014, a presidente do conselho da Biotechnos, Márcia Werle, ressalta que os eventos são muito diferentes. Na opinião dela, o Comitê Olímpico adota uma postura inteligente e de bom relacionamento. “Já nos reunimos, recebemos visitas

técnicas e estamos em contato direto com responsáveis. Essa é uma diferença importante em relação ao mundial de futebol, pois eles estão mais próximos e comprometidos com um verdadeiro legado, que signifique mais do que marketing para seus patrocinadores”, afirma. Como funciona Para participar do SEBRAE no Pódio, primeiro, o empresário conhece as demandas específicas destinadas às empresas de menor porte. Depois, a entidade realiza, gratuitamente, um diagnóstico para avaliar a gestão das empresas. A partir desse retrato, dá suporte por meio de consultorias especializadas e cursos, para qualificálas como fornecedoras da Rio 2016. As empresas interessadas no programa podem acessar o site www.sebraenopodio.com.br e aguardar um consultor fazer o diagnóstico em qualquer parte do Brasil. Uma vez que a empresa recebe a chancela do

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NEGÓCIOS

Fotos: Divulgação

Pequenos treinam para os jogos olímpicos

Sustentabilidade Missão da Biotechnos é gerar energias alternativas para o megaevento a partir da reciclagem do óleo de cozinha

SEBRAE, a entidade a encaminha para a organização da Rio 2016. O empresário obtém login e senha para completar seu cadastro e acompanhar as concorrências diretamente no site da do evento. Desde julho de 2013, o SEBRAE procura empresas com perfil adequado para participar do programa, pois recebe as demandas de compras do Comitê Rio 2016 e sai à procura de quem possa atender ao pedido. “Circulamos por 12 Estados procurando empresas para entrar no projeto. Atualmente são 3 mil MPEs cadastradas no portal SEBRAE no Pódio, que representam mais de 50% do total”, conta Marins. Caso a requisição do comitê da Olimpíada seja para adquirir toalhas, por exemplo, a instituição mapeia as regiões do País com potencial para oferecer o produto e verifica se as empresas estão prontas para o fornecimento e as exigências da organização do evento. Em caso positivo, elas são cadastradas no site do programa e tornam-se habilitadas para participar das concorrências. E, se a empresa precisar de um reforço na capacitação, a entidade coloca seus cursos e consultores em ação para qualificá-la. 44 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Troca de experiências Grupo de empresários brasileiros, entre eles Mônica Schimenes, da MCM Brand, foi para Londres conhecer o processo de compras da Olimpíada de 2012

Mas nem sempre é fácil. A Copa do Mundo da Fifa 2014 até deu uma forcinha nesse sentido. Como algumas das empresas já tinham se preparado para o mundial de futebol, estavam aptas para atuar também na Olimpíada. No entanto, a maioria não está pronta e nem sempre acredita na possibilidade de lucrar com os Jogos Olímpicos. “Quando entramos em contato, os empresários acham que não é verdade”, comenta Marins. Há ainda outras formas das MPEs participarem da Olimpíada por meio desse projeto. Elas podem se associar a companhias maiores de várias áreas, como alimentação, lavanderia e uniformes. No segmento de alimentos, por exemplo, apenas empresas de catering de grande porte têm capacidade para atender às solicitações do Comitê Rio 2016, devido ao imenso volume de refeições. Assim, as MPEs podem se tornar fornecedoras das grandes companhias. Também é possível estabelecer parceiras com empresas estrangeiras que pretendem lucrar com o evento, porque elas são obrigadas a se associarem a organizações brasileiras. O procedimento é o mesmo: as MPEs con-

tatam o SEBRAE, que busca setores que desejam negociar. Este processo também é positivo, segundo Marins, porque há troca de tecnologia, promovendo uma experiência positiva para as companhias nacionais. Planejamento Na última Olímpiada, realizada em Londres, em 2012, o registro de visitantes chegou a 700 mil pessoas. A expectativa é de que esse número aumente na Rio 2016, assim como os próprios jogos, que passarão de 26 esportes e 29 modalidades, em 2012, para 28 esportes e 38 modalidades no próximo ano. Para aproveitar tudo isso, é preciso fazer um bom planejamento. O diretor da empresa de auditoria e consultoria BDO Brazil, Pedro Daniel, explica que, diferentemente do mundial de futebol, a Olimpíada será concventrada em apenas uma cidade. Portanto, o apelo de explorar a cultura de vários Estados, com culinária e artesanato, fica mais limitado. Outro ponto é que, nesse momento, os principais contratos para fornecimento de materiais já foram fechados. Assim, o ideal para quem ainda vai começar a


40 mil camas 68 mil colchões

481 mil tolhas

planejar para 2016, é buscar oportunidades no segmento de serviços. “Dependendo do investimento, é preciso ter mais tempo para planejamento, como comprar veículos para transporte. Mas se for algo relacionado a facility, em seis meses é possível se preparar”, avalia Daniel.

14 milhões de refeições

24 mil bolas de tênis

Pelo fato de que grande parte das competições acontecerá na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do Rio e mais distante do centro, os serviços na área de logística serão bastante requisitados. O segmento de turismo também apresenta boas chances de negócios, afinal, os turistas vão querer conhecer a cidade.

12 mil computadores

Nesse sentido, é importante começar o planejamento desde já e estar pronto já no início de 2016. “Assim, quando chegar o grande fluxo de pessoas ao País, as empresas estarão bem posicionadas e poderão se tornar referências nos serviços que querem prestar”, conclui Daniel. 7 898357 410015

Fonte: SEBRAE

Conheça algumas demandas da Rio 2016


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COMERCIAL

[conteúdo

Discurso afinado Por Juliana Jadon

Sexta-feira, nove horas da manhã. Você aguarda um profissional que representa a empresa que espera conquistar como cliente. Nesse momento, começa a dar aquele frio na barriga e o roteiro do que pretende dizer durante a reunião passa rapidamente pelos seus pensamentos, muitas vezes com dúvidas ou incertezas. De fato, apresentar um produto ou serviço e sair da sala de reuniões com uma resposta positiva não é tarefa fácil. Por isso, a Brasil em Código conversou com alguns especialistas no assunto e descobriu quais são os macetes necessários para elaborar uma apresentação de qualidade e, principalmente, que gere resultados surpreendentes. Nesse sentido, a principal orientação dos especialistas consultados é: conheça a empresa-cliente o máximo que puder e, certamente, irá conquistá-la. “Oferecer somente um bom produto ou serviço não adianta. É preciso saber qual é o mercado que ela está inserida e se a solução ofere46 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Imagens:Thinkstock

Confira como obter sucesso na apresentação de produtos ou serviços em momentos decisivos

cida atende à sua necessidade”, indica o professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Célio Placer. Histórias que valem ouro Estudos de neuromarketing publicados pelo especialista Martin Lindstrom na obra A Lógica do Consumo indicam que mais de 80% das compras são emocionais. Muitos profissionais, no entanto, ainda não sabem exatamente para que lado devem apontar o arco para conseguirem flechar o coração do cliente. “A apresentação deve tratar não apenas os aspectos racionais e técnicos que envolvem o produto mas, principalmente, emocionais, do ponto de vista dos ganhos humanos”, avalia o sócio da consultoria especializada em apresentações corporativas Soap, Eduardo Adas. Desse modo, quando o assunto é vender um produto, uma ideia ou um serviço, saber contar histórias para entreter é fundamental para alcançar, exatamente, a emoção. “A história tem

de conectar e atingir a audiência que se quer mover. Para isso, precisa ser construída na direção dos interesses do público, usando ou não pessoas como protagonistas”, orienta Adas. Uma vez que a estrutura da história foi criada, a linguagem visual a complementa. Define-se, assim, uma identidade e um roteiro que ajudem a mostrar a narrativa desejada. Esse processo de estruturar e contar histórias chama-se storytelling. O sócio da Soap ressalta que, em vez de simplesmente apresentar dados ou falar sobre o quanto um produto é bom, contar uma história – com dificuldades, momentos decisivos, superação e com um protagonista – faz com que o público se identifique e crie laços emocionais, fazendo com que a recepção da informação seja diferente. “Ninguém compra um produto ou serviço, mas busca realizar um sonho


ou ter uma boa experiência. Nesse contexto, a empresa que criar vínculo afetivo com parte dos consumidores ganha uma vantagem competitiva”, acrescenta o coordenador dos cursos de pós-graduação e MBA em marketing da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Richard Vinic. Outro ponto relevante nessa questão é transmitir essas informações

com sinceridade. “As pessoas valorizam produtos que possuem uma história para contar. No entanto, se a narrativa for manipulada e, posteriormente, descoberta, criará uma emoção negativa”, considera Vinic. Já Placer, da FIA, complementa que a apresentação deve ser direta para não cansar o receptor da mensagem, que ficará atento até o final.

São 11 horas da manhã e a reunião do executivo do início dessa reportagem acabou. O empresário, mesmo com poucos recursos e uma breve e objetiva apresentação em PowerPoint, conseguiu passar aos clientes a almejada confiança. A partir dessa etapa, as barreiras e resistências caem por terra e aspectos relacionados a preço podem até ficar em segundo plano. Negócio fechado! 7 898357 410015

O passo a passo Eduardo Adas, sócio da Soap, lista algumas dicas que podem auxiliar na elaboração de uma boa apresentação de produtos ou serviços. Confira:

Entenda seu cliente corporativo Junte tudo o que você sabe sobre a empresa. Se for insuficiente, informe-se com colegas ou nos veículos de comunicação. Verifique o que pode oferecer Essa é, de maneira geral, a etapa que merece mais reflexão e cuidado. Trata-se de um trabalho de lapidação, combinando as necessidades do cliente e do consumidor e a gama de soluções que sua empresa oferece. Sintetize em uma frase o que você pode oferecer ao cliente. De preferência, busque um slogan publicitário para este fim. Escreva um roteiro O roteiro deve ser dividido da seguinte forma: introdução, mensagem principal e, em segundo plano, os demais temas ligados ao assunto principal. Escreva uma conclusão que resuma o benefício do seu produto ou serviço. Organize o texto Coloque o texto no PowerPoint e o separe por slides. Quanto menos informação por página, melhor. Analise a apresentação como um todo e o que deverá ser dito.

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Procure imagens que enfatizem o conteúdo Se você resumiu bem a apresentação, haverá frases curtas em cada tela. O ideal é que cada uma delas tenha quatro ou cinco frases, no máximo. Opte por imagens que representem cada tópico ou uma que ilustre todas as informações, conforme o caso. Seja você mesmo Lembre-se: você vende credibilidade. Sua personalidade é mais crível do que qualquer personagem que possa criar.

Prepare-se Treine bastante, pois a preparação é muito importante. [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 47


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ESTRATÉGIA

[IMÓVEIS

Imagens:Thinkstock

O ponto ideal Por Adriana Bruno

A escolha da localização da loja ou do escritório exige estudo aprofundado sobre o perfil da empresa e do público que se pretende atingir

Investir tempo, recursos e sonhos na abertura ou expansão de um negócio é uma decisão e tanto na vida de um empresário, experiente ou não. Há uma série de fatores que precisa ser considerada nesse processo, sendo um deles a escolha do ponto comercial. Essa é uma decisão estratégica que pode fazer toda a diferença para que os negócios fluam bem. Antes de procurar pelo endereço da empresa, é preciso definir o público que se pretende atingir, pois de nada adianta estar em uma localização privilegiada da cidade se o seu potencial cliente não passa por ali. Além desse fator, o ponto comercial deve estar numa região que ofereça conveniência e segurança. No caso de escritórios corporativos, é preciso considerar o deslocamento de clientes e funcionários até

48 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

a sede da empresa. “Muitos empresários têm migrado dos grandes centros para o interior em busca de menos trânsito, preços mais competitivos, menor especulação imobiliária e segurança. Porém, essa decisão precisa ser muito bem pensada, pois dificilmente um cliente irá se deslocar quilômetros até a empresa; o mesmo acontece com funcionários”, diz o coordenador dos programas de MBA do INSPER – Ensino Superior em Negócios, Direito e Engenharia, Silvio Laban. Portanto, é importante avaliar todas as condições: áreas de influência, concorrentes, classe social predominante e potencial de consumo do entorno. “Faça visitas ao local em dias e horários diferentes, assim será possível observar o fluxo de pessoas e as características de consumo. Quando se analisa antes o perfil da clientela, é mais fácil criar es-


tratégias para ampliar as vendas no futuro”, orienta a sócia-fundadora e diretora geral do Grupo Bittencourt, Claudia Bittencourt. Outro quesito importante é a visibilidade da marca, que está diretamente associada ao endereço da empresa. “No caso de lojas, é essencial ter duas frentes e vagas de estacionamento”, ressalta a analista da área de pesquisa da Colliers International, especializada em soluções imobiliárias, Bruna Prates. De acordo com ela, hoje, quando se trata de varejo, as áreas mais privilegiadas em São Paulo (SP), por exemplo, são as ruas Oscar Freire, Haddock Lobo e a Avenida Paulista. No Rio de Janeiro (RJ), as ruas Garcia d’Ávila, Aníbal de Mendonça e Visconde de Pirajá. Já no caso de escritórios, na capital paulista, as regiões mais valorizadas são Faria Lima, Paulista, Brooklin, Vila Olímpia e da Avenida Roque Petroni. No Rio, os destaques são o centro, os bairros de Leblon e Ipanema e a região portuária. Alternativas O mercado de imóveis comerciais vem se diversificando e, atualmente, é possível ter uma loja ou mesmo um pequeno escritório alocado dentro de shopping centers, hipermercados, aeroportos, postos de gasolina, entre outros. Segundo Claudia Bittencourt, os pontos de rua estão sendo procurados como opção aos shopping centers consolidados – que cobram

aluguéis com preços quase proibitivos para a grande maioria das marcas. Esse cenário fez com que o mercado desenvolvesse alternativas, como os strip centers, espécie de minishopping que pode até abrigar marcas famosas, e as galerias – que voltaram a ter maior relevância aos empresários. Os dois formatos “casam” bem com negócios de conveniência, como alimentação, padarias, confeitarias, lanchonetes, farmácias, lavanderias, bancas de jornal e revista, perfumarias, floriculturas, sapatarias, entre outros. Na opinião da consultora e diretora da Vecchi Ancona Inteligência Estratégica, Ana Vecchi, lojas instaladas em galerias de uma grande rede varejista, por exemplo, se beneficiam do intenso fluxo de pessoas, além de capitalizar vantagens com relação a comunicação, propaganda e parcerias com outros estabelecimentos instalados no local. Um dos pontos fracos, dependendo do perfil do negócio, é a eventual necessidade de operar 24 horas, precisando, assim, redobrar os cuidados com a segurança. Análise profunda Fazer um checklist com os itens mais importantes a serem analisados, como acessibilidade, fluxo de pessoas, segurança da região, entre outros, é a recomendação de Bruna Prates, da Colliers Internacional. “Entender o que ocorre ao redor do ponto é fundamental. Por exemplo, para determinadas operações,

estar em uma área de fácil acesso ao transporte público pode fazer toda a diferença. Já para outras, como redes de materiais de construção, ter estacionamento no local ou nas proximidades poderá beneficiar bastante a rentabilidade”, orienta. Ao escolher um ponto comercial também é importante ficar atento à proximidade com corredores de ônibus e regiões de trânsito intenso, onde poucas pessoas circulam a pé. Além disso, o empresário pode checar junto à prefeitura sobre novas construções, vias ou viadutos que no futuro possam impactar no estabelecimento. É necessário, ainda, verificar o estado de conservação das instalações internas, quando se trata de um espaço já construído, pois isso influencia diretamente nos gastos de reforma. Quando o assunto é dinheiro, ao fazer as contas, não se esqueça de que nessa equação podem estar inclusas luvas, aluguel e custo de ocupação. “Se o estabelecimento precisa de reformas, deve ser feito um orçamento prévio, por profissional ou empresa especializada, para avaliar a disponibilidade de capital para o investimento”, recomenda Claudia Bittencourt, reforçando que o aluguel é uma das despesas fixas de maior impacto na gestão financeira do negócio. Outra situação é avaliar a possibilidade de compra do espaço, o que requer uma análise diferente. “Considere como investimento da empresa, nesse

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 49


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ESTRATÉGIA

caso contabilizado como patrimônio, ou dos sócios, que devem ser remunerados pelo uso do espaço, via de regra, com o aluguel”, orienta Claudia. Certificar-se de que a documentação do imóvel está em dia com a legislação vigente é outro cuidado que o empresário deve ter. O diretor de gestão patrimonial e locação do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (SECOVI-SP), Mark Turnbull, diz que é preciso assegurar que o uso pretendido para o imóvel esteja de acordo com a lei de zoneamento da região e verificar alguns itens importantes: escritura definitiva, certidão no registro de imóveis, existência de ônus ou dívidas, plantas aprovadas na prefeitura municipal, Habite-se e Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Confirme também se há débitos em relação ao Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Nessa busca pelo ponto comercial ou escritório ideal, também é importante ficar atento ao Plano Diretor da cidade. Na capital paulista, por exemplo, o Plano Diretor sancionado em julho de 2014 prevê novidades, comenta Claudia. São elas: limite do número de vagas de garagem para empreendimentos próximos às estações de metrô e corredores de ônibus; incentivos fiscais para estimular a criação de empregos próximos às áreas residenciais, calçadas mais largas e redução do IPTU para empreendimentos residenciais com comércio no andar térreo. No que diz respeito à instalação de lojas em prédios residenciais, o diretor do Grupo Invent – Conhecimento Estratégico, Adriano

50 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Antes de assinar o contrato, analise:

• Base populacional • Abrangência da rede de influência • Tráfego de veículos • Visibilidade • Facilidade de acesso • Proximidade dos concorrentes • Estacionamento • Acessibilidade • Tipo de negociação • Impostos, taxas,

• Necessidade de expansão • Tamanho • Riscos externos e seus custos • Requerimentos de infraestrutura • Momento imobiliário da região • Lei de zoneamento • Custo total • Fatores ambientais

utilities, etc.

Fonte: Adriano Amui / Grupo Invent Conhecimento Estratégico

Amui, comenta que o Plano Diretor de Curitiba (PR) propiciou uma experiência importante de aprendizado. “De maneira geral, no começo é algo positivo, pois é uma novidade que atrai a clientela e, ao mesmo tempo, gera uma receita adicional para o edifício. No médio prazo, o fluxo de pessoas se mostra muito menor do


Escritórios top A Colliers International, que realiza, periodicamente, a pesquisa Market Report Escritórios, mostra que, no terceiro trimestre de 2014, houve uma migração de inquilinos de edifícios corporativos de classe B para os das categorias de alto padrão A e A+, na comparação com o mesmo período de 2013. Isso ocorreu porque são edificações mais antigas e difíceis de alugar em virtude, principalmente, dos preços elevados. Em um ano e meio, a diferença de preços entre esses imóveis e os de classe B encolheu, passando de 55% para 31%. Essa classificação feita pelo mercado imobiliário leva em conta várias características dos prédios corporativos: tamanho, idade, localização, segurança, serviços disponíveis, etc. Os edifícios de classes A e A+ têm uma área de locação, quantidade de vagas de estacionamento e de andares maior em relação aos do segmento B, por exemplo.

que se imaginava, o que implica em resultados diferentes dos previstos. Diversos segmentos podem se beneficiar deste modelo, desde lojas de roupas até imobiliárias e agências de viagem. Mas cada caso deve ser avaliado”, diz.

Realizar esse checklist é fundamental, já que uma escolha errada implica em mudanças que, por vezes, culminam em novos custos, desgaste e até paralização das operações da empresa por um período. Portanto, o melhor é agir com cautela. Cada ponto comercial possui as-

pectos positivos e negativos, que devem ser avaliados e valorizados. “A seleção do local adequado é um trabalho metódico, paciente e crítico. Geralmente, os locais que parecem perfeitos em alguns aspectos podem ser ineficientes em outros”, pontua a consultora Ana Vecchi. 7 898357 410015


Exercício de bem-estar Por Denise Turco

Atividade física, alimentação saudável e descanso são os ingredientes infalíveis para conseguir a tão sonhada qualidade de vida. É possível começar a buscar esse equilíbrio no ambiente de trabalho As mudanças ocorridas na gestão das empresas nas últimas décadas, apontando para a necessidade de maior valorização dos recursos humanos, fizeram com que as companhias passassem a ter a sua parcela de responsabilidade pela qualidade de vida dos colaboradores. No entanto, essa é uma via de mão dupla. Os trabalhadores, estressados com a rotina e as inúmeras atividades que o estilo de vida atual impõe, em especial nos grandes centros, precisam fazer suas escolhas para adotarem hábitos mais saudáveis. Nesse momento de começar a colocar em prática as promessas de ano novo – a maioria gira em torno de uma alimentação sem excessos e a prática regular de exercícios –, a Brasil em Código foi buscar um estímulo nessa entrevista com o presidente da Labor Fit, Carlos Eduardo Fontes, mais conhecido como Dado. Há 25 anos, a empresa implementa programas de qualidade de vida no ambiente corporativo, envolvendo ginástica laboral, estruturação de academias, grupos de caminhada e corrida, massagem, palestras

52 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

motivacionais, entre outros. O trabalho da Labor Fit, que atende desde pequenas empresas a multinacionais, mostra a tendência no investimento na qualidade de vida dos colaboradores, incentivando a atividade física como forma de retê-los e, assim, torná-los mais felizes. Para isso, a Labor Fit tem uma receita infalível: combinar prática de exercícios, alimentação saudável e descanso. Esse pode ser o objetivo para empresas e profissionais perseguirem em 2015. Confira mais dicas na entrevista a seguir. O que é qualidade de vida no trabalho? É o seu bem-estar consigo mesmo e com as pessoas no ambiente corporativo. Para ter qualidade de vida no trabalho, o que você é no dia a dia tem de estar alinhado com a cultura da organização. E o que é declarado na missão e nos valores da companhia precisa estar combinado entre trabalhadores e empregadores. Qualidade de vida não é algo que a empresa impõe, ela é o meio que estimula as pessoas a buscarem escolhas saudáveis e equilíbrio.

Foto/Imagem: Paulo Pepe/Thinkstock

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jogo rápido

[SAÚDE


“A prática da atividade física reflete de forma positiva nas pessoas em termos de disposição, vitalidade, energia e melhora dos relacionamentos” Carlos Eduardo Fontes, presidente da Labor Fit Em geral, quais são os principais problemas de saúde que afetam os funcionários nas organizações? O principal é o sedentarismo. Ele potencializa doenças crônicas, como obesidade, hipertensão, diabetes, doenças cardíacas, e ajuda a aumentar o problema mais comentado no ambiente corporativo, o estresse. Outro fato constatado em nossas pesquisas são as dores musculares, principalmente na região das costas, motivadas por posturas inadequadas e também pela falta de atividade física. Que tipo de soluções as empresas adotam para minimizar essas situações? A maior procura é pela ginástica laboral. Se ela for executada por bons profissionais e tiver excelente programação, leva informações essenciais sobre a promoção da saúde que estimulam o trabalhador a buscar atividades extras, como grupos de caminhada, corrida e oficinas de esporte. Outra solução bastante procurada é a estruturação de academias corporativas, que, quando alinhadas com a cultura da empresa, estimulam de forma significativa a mudança do estilo de vida dos colaboradores e a melhora do clima organizacional. Atualmente, salários e recompensas financeiras não são os únicos fatores que geram felicidade e motivação. Como as companhias lidam com essas questões intangíveis, como a promoção da qualidade de vida? Não tem como trabalhar o conceito de promover a saúde das pessoas sem o objetivo de retê-las. O dinheiro não é o principal, especialmente para a geração Y, que trabalha por uma causa e tem estímulos que vão muito além da remuneração. É importante reduzir os custos gerados por doenças e investir em atividades que favoreçam a saúde, pois, dessa forma, além de a empresa proporcionar benefícios que os trabalhadores procuram, também conseguirá aumentar a produtividade de seus colaboradores, tornando-os mais felizes e satisfeitos.

É possível medir os resultados gerados pela atividade física? A prática de exercícios e o bem-estar do corpo refletem de forma positiva nas pessoas em termos de disposição, vitalidade, energia e melhora dos relacionamentos interpessoais. Esses resultados são intangíveis, em sua maioria. Estudiosos dizem que a cada dólar investido em ações de qualidade de vida, de forma geral, a empresa obtêm 7 dólares de retorno. Não é a prioridade da Labor Fit mensurar isso, mas temos exemplos de como esse investimento pode beneficiar uma companhia. Quando iniciamos a ginástica laboral em uma multinacional da área de cosméticos, foi difícil convencer a diretoria de produção de que cada setor faria uma parada de 5 minutos por turno de trabalho. Segundo a empresa, isso faria com que deixassem de produzir uma quantidade significativa de produtos. Hoje, 15 anos depois, cada setor realiza três paradas de 7 minutos por turno e a mesma diretoria nem cogita em tirar a ginástica laboral. Você conhece exemplos de pessoas que mudaram seus hábitos por meio de exercícios, começando no ambiente de trabalho? Temos vários exemplos que vão desde faxineiras a presidentes de empresa. Um caso interessante é o de um diretor que jogava tênis quando era criança. Começou a trabalhar, entrou no ciclo vicioso do ambiente corporativo e nunca mais praticou o esporte. Um dia, ele decidiu participar de um torneio de tênis promovido pela empresa e isso despertou o desejo de voltar a jogar. Agora ele ganha todos os campeonatos na categoria máster, acima de 60 anos. Sempre há tempo para reverter aquilo que não lhe faz bem. Muitas pessoas não conseguem manter uma rotina de exercícios. O que fazer? A maior desculpa é falta de tempo para a prática da atividade física. Todos conhecemos pessoas que não tinham tempo algum para fazer exercícios, porém, após sofrer algum problema grave de saúde, da noite para o dia arrumaram um momento para isso. Ou seja, é preciso definir prioridades. Para finalizar, qual é mensagem para as pessoas começarem o ano mais motivadas? Tenha uma alimentação saudável, pratique atividade física moderada, invista em sua família, cuide de seus amigos e não se esqueça de enriquecer diariamente sua mente com coisas positivas. Cinco dicas que, se realizadas, com certeza, mudarão seu futuro e o daqueles que estão ao seu lado! Seja feliz, faça os outros felizes e uma ótima saúde para todos! 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 53


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recursos humanos

[contratação

Fotos/Imagens: Thinkstock

Mão de obra made in mundo

Por Claudia Manzzano

O empresário brasileiro ainda não se acostumou com a ideia de ter refugiados em seu quadro, mas as experiências nesse sentido apresentam bons resultados Quando um furacão devastador atingiu o Haiti, em 2010, a frágil ilha caribenha sucumbiu à crise, que antes era política. Milhares de pessoas ficaram sem teto, comida e esperança na capital Porto Príncipe e região. O exército brasileiro já liderava a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no país (MINUSTAH) desde 2004, e a população enxergou no Brasil uma saída para a situação desesperadora. Foi a partir da chegada em massa de haitianos pelas fronteiras do norte, sobretudo em 2013, que os brasileiros, finalmente, começaram a olhar a situação dos imigrantes e refugiados que estão à procura de uma oportunidade de reconstruir sua vida por aqui. Em 2011, o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) tinha apenas 63 solicitações de refúgio em tramitação. Até outubro de 2014, já eram 8.302. Isso sem contar com os haitianos, que não se enquadram no protocolo de refugiados, pois recebem um visto humanitário especial. 54 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Para ser considerado refugiado, é preciso se enquadrar em uma porção de requisitos, como, por exemplo, ser perseguido por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião pública; ou por grave violação de direitos humanos. Mas as vítimas de catástrofes climáticas são em maior quantidade do que aquelas envolvidas em problemas políticos. Segundo o Observatório sobre Situações de Deslocamentos, do Conselho Norueguês para os Refugiados, publicado em setembro de 2014, 22 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas por conta de desastres naturais – três vezes mais do que o número de refugiados por conta das guerras. Como o Brasil é signatário dos principais tratados internacionais de direitos humanos, garante documentos básicos aos refugiados, incluindo carteira de identidade e de trabalho, além de assegurar a liberdade de movimento no território nacional e outros direitos civis.


O País do samba também é visto pela comunidade internacional como alegre e bem receptivo. No caso da Síria, que está em guerra civil desde março de 2011, o Brasil é a única nação que concede visto de imediato. Assim, já são 1.245 sírios vivendo em terra tupiniquim. De acordo com o CONARE, em outubro do ano passado o Brasil registrava 7.289 refugiados de 81 nacionalidades distintas (25% são mulheres), incluindo refugiados reassentados – aqueles que voltaram ao seu país de origem. Os principais grupos são oriundos da Colômbia, Angola, República Democrática do Congo e Síria. Mas esse perfil está mudando gradualmente por vários motivos. Um deles é a própria composição da política mundial, tendo em vista que conflitos começam e acabam em diversas partes do globo todo ano. Outra razão, mais pontual, foi a adoção da cláusula de cessação aplicável aos refugiados angolanos e liberianos em 2012, já que suas guerras civis acabaram e, portanto, não são mais considerados refugiados pelo Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Isso significa que podem continuar no Brasil. Outra consequência relevante dessa mudança diz respeito à formação escolar e profissional. “Quem chega da Nigéria, por exemplo, é comum ter nível universitário. Mas, antigamente, era no máximo nível técnico”, afirma Adelaide Guabiraba, responsável pelo setor de integração da Caritas Arquidiocesana de São Paulo, instituição católica internacional que atua em prol dos direitos humanos. Parceira do ACNUR, a entidade é o primeiro contato do imigrante no Brasil e atua na proteção, assistência, integração e saúde mental dos refugiados. A relações institucionais do Instituto de Reintegração do Refugiado – Brasil (ADUS), Taís Zschieschang, explica que, por falta de conhecimento, o refugiado é atrelado ao imigrante ilegal que saiu de seu país porque fez algo ilícito. “Muitas empresas não entendem essa diferença”, comenta. Geralmente, os africanos são relacionados ao tráfico de drogas e os árabes, ao terrorismo.

No entanto, a maioria das pessoas que chega ao Brasil tem condições financeiras de fugir de seu país. Assim, é fácil entender porque muitas têm uma boa qualificação profissional (engenheiros, por exemplo), falam vários idiomas, têm diploma universitário e especialização, completa a coordenadora de comunicação da ADUS, Erika Midori Omori. Mercado de trabalho A Caritas possui uma área dedicada – o setor de integração – para cuidar, entre outros aspectos, da inserção dos refugiados no mercado de trabalho. O primeiro passo é verificar se a pessoa precisa fazer o curso de português, demanda que é muito grande. Além disso, a entidade oferece outros tipos de cursos em parceria com instituições de ensino e qualificação profissional. Quando já estão capacitados, os refugiados são direcionados ao Centro de Atendimento ao Trabalhador (CAT), onde recebem atendimento como qualquer cidadão brasileiro. Porém, quando vão participar do processo seletivo nas empresas, já começam em desvantagem, porque não falam bem a língua e não têm documentos que comprovem a formação e as experiências anteriores. “E para complicar ainda mais, quando a empresa vê o protocolo de refugiado, o documento que a pessoa recebe enquanto espera seu processo ser finalizado, não sabe se é válido ou não”, lamenta Adelaide, da Caritas. Em média, a inserção no mercado de trabalho leva três meses. Quem já possui experiência em seu país de origem encontra uma vaga com mais facilidade. De acordo com Taís, da ADUS, as empresas com mais abertura para empregar refugiados são aquelas com alto índice de turnover, de segmentos como supermercadista, metalurgia, movelaria e construção civil. Em geral, os estrangeiros habituam-se rápido ao trabalho e se comprometem bastante, devido à frágil situação em que se encontram. “Quem consegue emprego não perde a oportunidade. Geralmente fica bastante tempo”, conta a assistente social do setor de

Bom desempenho Empresas com alto índice de turnover têm mais abertura para contratar refugiados

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 55


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Recursos Humanos

5

As maiores populações estrangeiras refugiadas no BrasiL

Nacionalidade Síria Colômbia Angola Rep. Dem.do Congo Líbano

Elegibilidade*

Reassentamento**

1.245 811 1.066

0 358 0

680 390

1 1

TOTAL 1.245 1.169 1.066 681 391

Fonte: CONARE - até 30/7/2014 * Pessoas em processo de refúgio que se encontram dentro dos requisitos do ACNUR. ** Pessoas que desistiram do refúgio e voltaram para seu país de origem.

integração da Caritas, Mirella Gaiga. O fundador da ADUS, Marcelo Haydu, completa: “Dependendo da área, a contratação de um refugiado pode apresentar vantagem por falar outras línguas e ter uma história de vida fantástica.” Dedicação A diretora comercial da indústria de móveis Primolar, Caroline Pitarelli, conta que a experiência com refugiados é positiva e reforça, assim como os outros entrevistados, que a história de vida faz diferença no que diz respeito à dedicação ao trabalho. No final de 2012, quando a empresa enfrentava dificuldade de encontrar mão de obra, um empresário que já tinha contratado profissionais direcionados pela ADUS aconselhou a executiva a fazer o mesmo. Na época, a Primolar admitiu

dois nepaleses e um nigeriano. E gostou. Em 2013, a indústria chegou a ter dez estrangeiros, oito na linha de produção e duas promotoras de vendas. Atualmente são apenas cinco. Caroline conta que alguns optaram por voltar a seus países, pois não se adaptaram às leis trabalhistas brasileiras. Em compensação, os que se ajustaram, desenvolvem um trabalho bastante satisfatório. “Acima de tudo, eles têm força de vontade para aprender algo novo. Afinal, é a oportunidade para retomar sua dignidade. Quando essas pessoas chegam até nós, sabem reconhecer a oportunidade”, observa. O tempo médio de permanência na função é 50% maior que de um brasileiro, mas a diretora comercial acredita que não é apenas isso que vale. “A troca cultural é muito enriquecedora. Ganhamos mais com eles do

que eles conosco, porque começamos a valorizar o que temos.” Pedras do caminho O processo de ascensão social de um refugiado é cerca de três vezes mais lento do que o de uma pessoa em condições normais, segundo Taís, da ADUS. Isso acontece em razão das diversas dificuldades que eles encontram: idioma, comprovação das experiências de trabalho e formação escolar. Mesmo quem tem diploma universitário, por exemplo, acaba sem validar o documento porque não consegue fazer uma prova de validação de currículo. O domínio da língua é muito difícil para quem fala idiomas distantes do português, e o custo da prova de proficiência chega a R$ 1,5 mil, valor altíssimo para quem está em uma condição de refugiado.

Apoio Brasil garante documentos básicos aos refugiados, incluindo carteira de trabalho

56 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Taís avalia que retomar a carreira de origem é muito difícil para a maioria. Segunda chance Paul Morgan tem 33 anos e está há um ano no Brasil. Ele fez faculdade na área de comércio, tinha sua própria loja de material de construção no Congo e muitos planos para seu negócio. Mas a violência de seu país o fez deixar família e futuro para trás e buscar no Brasil uma segunda chance. O congolês escolheu o País porque acredita no crescimento da economia, que pode estar tão bem quanto a dos países europeus

em alguns anos. Morgan tem o francês com língua nativa e, em dois meses no Brasil, aprendeu a falar português. Conseguiu emprego como auxiliar de produção, mas não estava feliz. “Lembrei do meu esforço para fazer a faculdade e achava que tinha obrigação de conseguir um trabalho melhor”, conta. Com esse pensamento, ele voltou ao CAT, onde recebeu uma indicação para uma vaga de auxiliar administrativo em uma empresa de digitalização de documentos. Agora, Morgan está mais satisfeito e já recebeu um voto de confiança de seu chefe, que o colocou em

uma função de supervisão. Ele sente em não poder galgar uma posição mais alta, porque a empresa não considera adequado que um estrangeiro tenha acesso a informações confidenciais. Mas seus planos ainda são ambiciosos. Ele quer voltar para o comércio, sua área de atuação. E diz que só não procurou emprego nessa área porque ainda não domina o português. Para Morgan, viver no Brasil não está sendo um problema, afinal, a forma de agir das pessoas, os costumes, o clima e a comida são muito próximas do seu país. Está quase em casa. 7 898357 410015

Perfil dos refugiados que vivem no Brasil

20% Atividades

técnicas

18%Operários 15% Comerciantes 15%Serviços 12% Funcionários administrativos

Formação Educacional

30% Ensino fundamental completo

23% Ensino médio completo 20% Ensino fundamental incompleto

12% Ensino médio incompleto 10% Universitário completo

10% Atividades laborais diversas

4%

Universitário incompleto

10% Profissionais

1%

Analfabeto

liberais

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 57

Fonte: Caritas

Formação profissional


[

Fotos: Divulgação

radar

[TURISMO

Charme e aventura

no interior de

São Paulo

Por Kathlen Ramos

São Roque é uma cidade que pode agradar toda a família, oferecendo desde a visitação a vinícolas até a prática de esportes radicais Com muito potencial para o turismo e ponto certo para a diversão, o município de São Roque, localizado a aproximadamente uma hora da capital paulista, é um refúgio tanto para aqueles que querem passar um dia diferente e tranquilo quanto para quem prefere experimentar a sensação dos esportes radicais. Contornada por uma vasta área verde, desde 1990 a cidade é considerada uma Estância Turística, por apresentar relevância no cenário histórico, artístico, ecológico e cultural no País. Com clima serrano e paisagens convidativas, quem passa por São Roque pode desfrutar de diversas atrações, mas, sem dúvida, a Rota dos Vinhos fica entre as imperdíveis. O cultivo da uva e a produção local de vinho começaram no século 17 e representam uma das grandes forças da cidade. Posteriormente, imigrantes italianos e portugueses cobriram as encostas dos morros com vinhedos, desenvolveram adegas e transformaram São Roque na Terra do Vinho Paulista, como é conhecida até hoje. Um exemplo dessa tradição é a Vinícola Góes, presente há cerca de 60 anos na região. Na matriz, onde é possível fazer um passeio cultural pela história da bebida e da própria empresa, o visitante encontrará um acervo de fotos e equipamentos antigos, degustação e venda dos produtos. É possível, ainda, agendar um passeio monitorado pela vinícola e conhecer o processo de elaboração do vinho. O complexo turístico também conta com cafeteria e lojas de queijos, licores, doces, embutidos e souveniers. 58 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Serviço

Ski Mountain Park

R$ 20 por veículo. Atrações à parte ou na compra de passaportes (11)4712-3299 www.skipark.com.br Vinícola Góes

R$ 20 (11) 4711-3500 www.vinicolagoes.com.br Sítio Santo Antônio

R$ 1 para crianças e idosos, R$ 2 para adultos www.saoroque.sp.gov.br Centro Educacional e Cultural Brasital

Gratuita www.saoroque.sp.gov.br


ROTEIRO DO VINHO

Fonte: Roteiro do Vinho

1-Vinhas Santa Cecília 2-Vitivinícola Bella Aurora 3-Adega do Baco 4-Terra do Vinho 5-Vinhos Real D’Ouro 6-Quinta do Olivardo 7-Vinhos XV de Novembro 8-Vinhos Cangueira 9-Vinícola Góes 10-Vinhos Palmares 11-Vinhos Palmeiras

A loja da Vinícola Góes é dividida em dois espaços distintos: um deles para degustação de vinhos finos e o outro para vinhos de mesa, frisantes, coolers, chopp de vinho e sucos. E esse é apenas um exemplo das diversas vinícolas e adegas que ladeiam a cidade. Conheça algumas delas no mapa acima. Aventura para a família Para aproveitar as altas temperaturas das férias de verão, nada melhor do que um dia no Ski Mountain Park, local onde esportes radicais se unem com uma bela paisagem, clima agradável e ar puro a 1,2 mil metros acima do nível do mar. Esse complexo oferece atividades como arvorismo, passeios a cavalo por trilhas ecológicas, paintball, torre de alpinismo, tirolesa, teleférico, tobogã, arco e flecha e a maior atração: as pistas de esqui, únicas na América do Sul. Aliás, para quem gosta (ou tem curiosidade) sobre esportes de neve, o destaque é a pista de iniciantes, com 100 metros. Nela, pode-se esquiar em qualquer época do ano. E os inexperientes contam com instrutores para dar dicas e ensinar o esporte. As crianças também podem se divertir no playground com monitores que as acompanham em brinquedos tradicionais e uma inusitada caverna dos esquilos. O parque oferece algumas delícias gastronômicas com destaque para a churrascaria argentina Parrila de La Montanã, que deixa o passeio ainda mais prazeroso oferecendo carnes importadas.

Patrimônio histórico A cidade foi fundada em 16 de agosto de 1657 pelo nobre capitão Pedro Vaz de Barros, conhecido também como Vaz Guaçu, O Grande. Ela recebeu o nome São Roque devido à devoção de seu fundador por esse santo. Atraído pela região, estabeleceu-se com sua família e cerca de 1,2 mil índios às margens dos ribeirões Carambeí e Aracaí, começando, assim, a cultivar trigo e uva, segundo informações fornecidas pela Prefeitura da Estância Turística de São Roque. A cidade abriga importantes patrimônios históricos, a exemplo do Sítio Santo Antônio. Criado em 1681, o espaço já teve ilustres proprietários, como Fernão Paes de Barros, Barão de Piratininga e o escritor modernista Mário de Andrade, que adquiriu e doou os imóveis ao Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1947. O conjunto arquitetônico formado pela Casa Grande e Capela de Santo Antônio está instalado em um local que agrada aos visitantes, pela água e mata ao redor das duas construções. Outra atração é a Brasital, uma das primeiras indústrias têxteis do País, construída em 1890 pelo industrial italiano Enrico Dell’Acqua. Por lá, eram produzidos tecidos de algodão comercializados no mercado interno e externo. Na fase mais próspera, a empresa chegou a empregar 80% da mão de obra disponível no município

e instalou filiais em outros Estados. Contudo, com o passar dos anos, as atividades foram diminuindo até que, em 1970 a indústria fechou. Mas o espaço que abrigou a fábrica, passou a ter um propósito cultural. Com a ajuda do governo estadual, o local recebeu o nome de Centro Educacional e Cultural Brasital e, hoje, abriga os departamentos de educação, cultura, desenvolvimento econômico e turismo da prefeitura, o Banco do Povo, dentre outros. E os galpões, antes ocupados pelos teares, agora são utilizados para biblioteca, oficinas culturais e profissionalizantes e eventos. O complexo também possui uma porção de mata com uma trilha ecológica, chamada de Caminho das Águas. 7 898357 410015

A seção Radar

é voltada a temas relacionados a turismo e cultura. Participe! Mande sua sugestão para revista@gs1br.org [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 59


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desconexão

[qualidade de vida

O gerente da Porto Seguro Cristiano Maschio dedica seu tempo livre ao hipismo e, nessa modalidade, já conseguiu importantes conquistas Por Camila Guesa

Trabalhar no mercado de seguros significa ter uma rotina agitada e de muita pressão. As viagens por diversas cidades para visitar clientes são frequentes, assim como as reuniões com representantes comerciais. Isso tudo somado ao tempo destinado aos estudos para o planejamento comercial. Depois de tanto tempo de carreira e dedicação a esse setor, acostumado com esse ritmo, o gerente de contas da Porto Seguro de Minas Gerais, Cristiano Maschio, percebeu que necessitava cuidar um pouco mais da saúde e bem-estar. Encontrou a solução praticando hipismo.

Aos 36 anos, pai de dois filhos pequenos, ele tem orgulho de acumular uma experiência em corridas de cavalos que muitos clientes e colegas de trabalho nem imaginam. Sua história com esportes alternativos praticados em meio à natureza começou com o paraquedismo há quase 20 anos. Em 2001, procurou no hipismo uma maneira de desestressar. “A adrenalina que o salto de paraquedas gerava me deixava mais relaxado, porém, ao mesmo tempo, ficava muito agitado. Por isso, um psicólogo me orientou a procurar uma atividade

Foto: Thinkstock

Em sintonia com a natureza


Foto: Elcio Paraiso

cavalo, a concentração tem de ser total para dar certo. Na pista, é preciso ter calma para tomar decisões rápidas e ser paciente com o animal”, acrescenta.

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Cristiano Maschio, da Porto Seguro ”Hipismo exige concentração, foco e paz de espírito”

mais calma. Foi aí que iniciei com os cavalos”, explica Maschio. No começo, ele treinava uma hora e meia, três vezes por semana, na Hípica Villa Real, localizada em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, cidade em que, na época, residia e trabalhava. “Passei da água para o vinho. Estar com o animal exige tranquilidade, pois tudo que sentimos, transmitimos para ele – segurança, fraqueza, euforia. O hipismo exige muita concentração, foco e paz de espírito”, explica o executivo. “Além do que, não tem coisa mais gostosa do que acordar bem cedo, às 6h ou 7h, e entrar em contato com a natureza. Seu dia já começa mais positivo”, resume. De acordo com o gerente da Porto Seguro, depois que se entende o porquê do esporte, é possível fazer muitas mudanças na vida. Afinal, não é somente montar no animal e sair cavalgando. Em uma pista de hipismo, há muitos obstáculos. Assim, é preciso se concentrar, mentalizar o trajeto e depois entrar com o cavalo. “Quando tudo está bem estudado e com estratégia definida, o desempenho é mais natural e automático”, afirma Maschio, acrescentando que a atividade envolve um misto de agilidade e serenidade. “Dependendo dos lances do

Frutos da dedicação E lá se foram mais de dez anos da prática, que começou como válvula de escape e hoje faz parte da história do executivo. Isso porque, pouco tempo depois de iniciar o esporte, ele passou a treinar de forma mais intensa. Em 2006, essa dedicação rendeu frutos: numa competição individual e por equipe, em que representava a Hípica Villa Real, Maschio ganhou em ambas as modalidades como amador, em barreiras de 1 m de altura. Ele lembra uma situação inusitada desse campeonato. “Não montei com o cavalo com o qual estava acostumado, e era uma pista de velocidade. Como achava que estava perdido, resolvi arriscar e fui muito rápido. Até demais! Conclui a prova em um tempo bem diferente dos demais competidores e achei que tivesse feito algo errado. Para minha surpresa, me informaram que havia sido campeão”, lembra-se. Hoje, apesar de um pouco afastado do hipismo devido à mudança para Minas Gerais, há pouco mais de um ano, e a rotina de viagens – sua família ainda está em São Paulo –, o executivo ressalta que aprendeu lições pessoais e profissionais a partir desse esporte e do contato com a natureza. Uma delas é a sensibilidade para perceber os detalhes, que está mais aguçada. “Também tenho mais confiança para me expressar e sou melhor ouvinte”, enumera Maschio. Ele diz que se livrou da ansiedade, tão comum à população que vive nos grandes centros. Praticar um esporte que une atividade física em meio a um cenário natural é algo que vai à contramão do que se vê atualmente. “A conexão com a natureza nos faz perceber que viver é bem mais simples do que imaginamos.” Com isso, ele resume que sua vida é apoiada em visualizar um objetivo e programar as ações, assim como acontece na pista de hipismo. “Sempre considero e imagino os percalços e as possíveis soluções. E, no fim, conquisto meus objetivos de forma natural.” Para ele, focar não é apenas olhar para o que se deseja, mas saber dizer não para aquilo que possa trazer alguma distração, assim como acontece no hipismo, em que há vários competidores, plateia e muita pressão. “É esquecer os ‘ses’ e acreditar”, conclui. 7 898357 410015

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MARKETINg

[Campanha

Vida longa ao e-mail marketing Por Mariana Izidoro

Sempre que uma nova tecnologia surge, logo alguém decreta a morte de sua antecessora. Mas nada é tão simples. Algumas encontram espaço próprio. Outras são tão inovadoras que mudam totalmente o dia a dia das pessoas. O e-mail marketing, que nasceu com a popularização da internet a partir de 1997, colocou a mala direta via correios em extinção. Mas as redes sociais – que no Brasil ganharam adeptos desde 2004, ainda com o Orkut –, não tiveram a mesma força para acabar com ele.

As mensagens de e-mail para divulgar marcas, promoções e manter relacionamento com clientes continuam firmes, fortes e convivem com outras ferramentas de marketing direto, como o SMS e o telemarketing, e com a publicidade via mídias sociais. Enquanto no mundo existem 3,6 bilhões de contas em redes como Facebook e Twitter, são 4,1 bilhões de e-mails ativos. Mais de 190 bilhões de mensagens são trocadas via e-mail por dia, segundo estimativa para 2014 do The Radicati Group, grupo americano de pesquisa de mercado de tecnologia.

10 dicas para uma boa campanha via e-mail Não perturbe com e-mails demais. Apresente algo relevante, que pode ser uma oferta ou uma notícia sobre a empresa.

2

Desejo do cliente

1

Relevância

Uma boa prática é enviar as mensagens somente para quem permitiu, isso é chamado de opt-in. Também é válido o soft-opt-in, quando o cliente não autorizou o envio explicitamente, mas mantém uma relação comercial ou social com a empresa.

62 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Imagens: Thinkstock

Ação bem planejada via correio eletrônico tem um dos maiores índices de retorno em vendas


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Dados atualizados

4

Se a sua base de e-mail de clientes é muito antiga, parte dos endereços pode ter sido desativada. Portanto, é preciso cuidar da atualização dos dados. Se muitas mensagens voltam, a reputação da empresa junto aos provedores de e-mail fica comprometida.

O título do e-mail, no campo “assunto”, chamará mais a atenção do consumidor se tiver entre seis e dez caracteres. Mensagens com chamadas menores tendem a ser mais lidas.

Menos é sempre mais

Uma mensagem com corpo do e-mail feita somente de imagem tem mais chance de cair na caixa de spam. A proporção ideal é de 70% imagem e 30% de texto.

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Palavras proibidas

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Base de e-mails

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Equilíbrio

Ferramentas gratuitas não idôneas podem, por exemplo, capturar sua base de dados para vender posteriormente. Mesmo que o gasto seja maior, busque um fornecedor sério.

Os filtros antispam dos provedores de e-mail fisgam palavras como oferta, promoção e grátis. Seja criativo e tente não usar termos dessa natureza.

Como ferramenta para auxiliar as vendas, ele tem uma das taxas mais altas de retorno sobre investimento (ROI) do marketing e da publicidade, segundo o diretor de e-mail marketing da Associação Brasileira de Marketing Direto (ABEMD) e diretor comercial

da Dinamize, Rodrigo de Almeida. “Mais de 90% das pessoas que se cadastram para receber newsletter de alguma empresa querem obter descontos e saber de promoções. Isso faz do correio eletrônico uma das mídias mais amplamente aceitas pelo consumidor”, diz.

De acordo com a ExactTarget, uma das maiores companhias de marketing digital do mundo, nove em cada dez consumidores dizem verificar a caixa de entrada de seu e-mail todos os dias. Outro dado, de relatório do E-mail Institute, organização voltada para as

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MARKETING

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Opção de descadastro

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Leitura pelo celular

Estimativa do The Radicati Group para 2014 mostra que 1,1 bilhão de pessoas acessam o e-mail via celular. Portanto, é preciso que o conteúdo seja responsivo, ou seja, tenha um design que se adapte a qualquer tamanho de tela.

Ofereça um mecanismo simples de descadastro, caso o consumidor não queira mais receber e-mails. Após a solicitação, o prazo para retirar o endereço da lista é de até cinco dias úteis.

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Resultados

Taxas de entrega, abertura e cliques são as mais utilizadas para apurar resultados. A ferramenta de mensuração Google Analytics consegue informar, por exemplo, quem chegou até o seu site a partir de um link em um e-mail.

Fontes: ABCOMM, CAPEM, ExactTarget e Radicati Group

boas práticas do setor, mostra que, no segundo trimestre de 2014, 53,9% das mensagens de campanhas foram abertas e que 10,5% foram clicadas. “As campanhas de e-mail marketing são mais baratas e hoje em dia são focadas em resultados. São 100% mensuráveis”, diz Danilo Volterrini, sócio da TargetData, que atua com marketing direto há 14 anos. Segundo ele, quando o objetivo é divulgar uma marca, qualquer empresa tem potencial para usar o e-mail marketing. E quando se trata de uma campanha atrelada a resultado de vendas, 95% das organizações que utilizam essa ferramenta são do segmento de comércio eletrônico. Os mais pessimistas acreditam que esse quadro favorável ao e-mail não se manterá por muito tempo. Mesmo assim, a previsão do The Radicati Group é de que o número de e-mails atinja 4,9 bilhões em 2017, ainda acima das redes sociais: 4,8 bilhões. “O e-mail é uma ferramenta de trabalho. Mesmo os adolescentes, que só usam redes sociais e aplicativos de mensagens, precisam dele quando começam a trabalhar”,

diz Mauricio Salvador, fundador da ComSchool, escola de e-commerce e marketing digital e presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM). Regra O e-mail marketing ganhou certa má fama após sua popularização no início da internet. Falta de foco, bancos de dados escusos e spams contribuíram para isso. “As campanhas eram feitas da maneira spray and pray [pulverize e reze]. Ou seja: o envio com pouca ou nenhuma segmentação”, diz Almeida, da ABEMD. Segundo ele, a maioria das campanhas no Brasil ainda funciona assim, mas os filtros antispam desencorajam essa prática e a tendência é de segmentação com base nas preferências e no comportamento do consumidor. Em prol da boa reputação, empresas e associações do setor de marketing direto e digital se uniram para criar regras. Em agosto de 2009, foi publicado o Código para Autorregulamentação da Prática do E-mail Marketing (CAPEM), que não tem poder de lei, mas serve como

um manual de boas práticas. Ele define quem pode receber e-mail, como funciona o descadastro e como as empresas devem usar as bases de dados dos consumidores. Um dos pontos mais importantes diz respeito à permissão de envio, que define que as campanhas só podem ser endereçadas a clientes que expressamente aceitaram receber o conteúdo. Do lado dos provedores de e-mail, os filtros antispam foram desenvolvidos e ficaram mais poderosos com o passar dos anos e com as denúncias de clientes. Para driblar essas barreiras, as empresas trabalham com técnicas parecidas com as de otimização de buscas, o chamado SEO (do inglês, Search Engine Optimization). Enquanto no SEO as companhias tentam melhorar a hierarquia de informações dentro do site para conseguir resultados em buscas na internet, em especial no Google, para o e-mail marketing o objetivo é fazer com que os provedores entendam que seu e-mail é confiável, e não um spam. Para isso, a identificação dos computadores (o chamado IP) de quem envia precisa ter uma boa reputação na rede. 7 898357 410015

64 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


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PANORAMA

[RASTREABILIDADE

Sem limites para crescer Imagem: Thinkstock

Tecnologia pode auxiliar no desenvolvimento das cidades de fronteiras

Foto: Divulgação

Da Redação trabalho – empregadas formalmente. Na cidade de São Paulo, esse índice é de 64%. Outro problema é a dependência que esses municípios tem do governo – 74,69% das receitas são provenientes da União e Estados. Para efeito de comparação, os recursos oriundos dessas fontes na capital de São Paulo somam apenas 35%. “As cidades de fronteiras só terão desenvolvimento se forem mais independentes das verbas do governo. Para isso, é preciso que tenham uma economia mais formal, o que requer investimento. Mas para conseguir esses recursos, elas precisam estar formalizadas. É um ciclo”, analisa Barros. Nesse sentido, os mecanismos de rastreabilidade podem auxiliar na identificação dos produtos importados ou exportados, sendo mais um apoio para melhorar o controle das fronteiras. Por meio da tecnologia de radiofrequência (EPC/RFID), por exemplo, seria possível saber a origem dos produtos, identificar a qualidade e as mercadorias falsificadas. O código eletrônico de produto (EPC), utilizando a RFID para a captura da informação, permite conhecer toda a cadeia, desde a compra da matéria-prima, passando pela produção até o consumidor final. Na opinião de Barros, “a rastreabilidade está para produto assim como a responsabilidade está para o gestor público. Ela traz todo um conhecimento e possibilita atuar com transparência”. O presidente do IDESF sugere, por exemplo, a adoção da RFID pela Receita Federal, que apreende uma enormidade de produtos nas aduanas diariamente. A tecnologia ajudaria a monitorar a quantidade de itens apreendidos. Essa solução é válida, pois grande parte dessas mercadoLuciano Barros, do IDESF rias não atende às exigências da legislação brasileira Entidade apoia o uso da ou registram falta de pagamento de impostos. A solução poderia controlar o destino dado aos itens tecnologia no controle apreendidos (leilão ou destruição do produto). das fronteiras

Criado há pouco mais de um ano, o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF) trabalha com o objetivo de trazer à tona a situação de fronteiras brasileiras, identificar as necessidades e as oportunidades de crescimento dessas regiões e prestar assistência a entidades públicas e privadas, apontando soluções viáveis. A organização sem fins lucrativos, com sede em Foz do Iguaçu (PR), está iniciando uma série de pesquisas a partir de levantamento da situação socioeconômica e das dificuldades desses locais em todo o País. Para se ter uma ideia, o Brasil possui 16.886 km de fronteiras. Onze Estados da federação fazem divisa com dez países da América do Sul. Em cima da linha de fronteira, há 122 municípios e na faixa de fronteira – ou seja, a 150 km a partir desse limite – são 588 municípios. “Essas cidades correspondem a 27% do território nacional e é importante desenvolvê-las, porque elas são a porta de entrada de produtos no País”, ressalta o presidente do IDESF, Luciano Barros. No entanto, esses locais enfrentam uma série de entraves em seu desenvolvimento. O principal deles é o baixo nível de formalização de suas economias. O estudo “Diagnóstico das Cidades Gêmeas”, divulgado pelo IDESF em outubro de 2014, aponta que os municípios cortados pela linha de fronteira têm apenas 22,75% da população economicamente ativa (PEA) – pessoas de 10 a 60 anos que estão inseridas no mercado de

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[tecnologia & negócios

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Os ganhos da RFID com EPC

O protocolo favorece a implantação dos sistemas de identificação por radiofrequência (RFID) nas cadeias de suprimentos e torna os custos mais competitivos

Desde que foi publicado pela primeira vez em 2004 pela GS1 EPCglobal, o EPC (Electronic Product Code ou Código Eletrônico de Produtos) tem sido utilizado com sucesso para definir os requisitos físicos e lógicos dos leitores e tags dos sistemas de identificação por radiofrequência (RFID). Assim, tornou-se o padrão para implantações de frequência ultra-alta (UHF), na faixa de 860 MHz a 960 MHz, em diversos ramos de atividade. O novo Gen2v2, anunciado no final de 2013, representa a última versão do protocolo de interface aérea da GS1 EPCglobal. A nova versão foi reforçada em resposta às necessidades da comunidade de usuários EPCglobal. O Gen2v2 apresenta uma série de características opcionais compatíveis com os modelos anteriores, incluindo uma função que garante a privacidade de dados, restringe os privilégios de acesso e reduz o alcance de leitura de uma tag, entre outras inovações. Em todos os setores, um padrão nasce para permitir a redução de custos e facilitar a implantação de tecnologias. Em termos econômicos, utilizar um padrão auxilia na aquisição de produtos de mercado com tecnologia de ponta, sem precisar desenvolver software dentro de casa, o que tem custo elevado. Outro ponto importante da padronização é a integração com fornecedores e clientes em todo o mundo. Se os clientes usam o mesmo padrão internacional, o fornecedor tem seu processo de atendimento simplificado, porque não necessita identificar um produto de maneiras diferentes para atender cada elo da cadeia de suprimentos. Além disso, para as empresas que implantam, desenvolvem e fabricam sistemas RFID, os ganhos da padronização começam pelo aumento da capacidade de rastreabilidade e garantia de autenticidade dos produtos, além da redução no preço das tags. No entanto, a padronização faz sentido quando ocorre desde o início da cadeia de suprimentos, porque, dessa maneira, todos os elos do caminho por onde circulam as mercadorias passam a trocar informações com base nos mesmos códigos, economizando tempo de implantação e custo operacional.

Um padrão nasce para permitir a redução de custos e facilitar a implementação da tecnologia e comunicação

66 jan/fev/mar 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Paulo Pepe

Edson Perin

Editor do RFID Journal Brasil e escritor do livro TI para Negócios

As opiniões deste artigo não expressam o pensamento da GS1 Brasil ou da editora.

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