Revista Brasil em Codigo 21ª Edição

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EDIÇÃO 21

BRASIL EM

EDIÇÃO 21

CÓDIGO

BRASIL EM CÓDIGO • GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação

Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação • jul/ago/set 2016 • www.gs1br.org

Estudo da GS1 Brasil mostra que 89% dos brasileiros desejam utilizar o código de barras no seu dia a dia

INOVAÇÃO

HACKATON PROMOVIDO PELA GS1 BRASIL REVELA PROJETOS CRIATIVOS



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ao leitor

Consumo e inovação Todos nós sabemos que a internet e as novas tecnologias têm grande influência na decisão de compra do consumidor. Com informações disponíveis a qualquer momento pelo smartphone, ele passou a dar as cartas, exigindo qualidade, praticidade e segurança. Assim, começou uma corrida das empresas em busca de soluções para surpreender e conquistar seus clientes. Esta edição da Brasil em Código está repleta de temas que destacam, justamente, essa relação tão profunda entre consumo e inovação. A matéria de capa traz, por exemplo, os resultados da terceira fase da pesquisa da GS1 Brasil “Consumidores e Empresas: tendências e comportamento no mercado nacional”, mostrando que 86% dos brasileiros não abrem mão de informações sobre qualidade do produto, 81% sempre querem comparar preços, e 76% desejam saber a data de validade da mercadoria. O estudo, que já se tornou referência no mercado, confirma que o presente e o futuro do consumo estão atrelados à tecnologia e ao uso de padrões. De acordo com o levantamento, o brasileiro acredita que as novas tecnologias mudarão a experiência de compras no varejo. Nesse sentido, a entrevista com o CEO do Walmart.com Brasil, Paulo Sérgio Silva, mostra o quanto o executivo se preocupa em fazer uma gestão voltada para a inovação, com forte participação dos colaboradores, a fim de que a empresa siga criando produtos e serviços com foco no consumidor. Aliás, ele e outros líderes com visão de futuro formaram o time de palestrantes da sexta edição do “Brasil em Código - Conferência Internacional da GS1 Brasil”, realizada em junho. Na ocasião, esses especialistas ressaltaram a necessidade de reinventar os negócios, repensar a cadeia de valor e investir no omnichannel, como você pode conferir nas próximas páginas. Para isso, é fundamental que os empresários estejam em contato com o público-alvo e reflitam de que maneira é possível inovar para ajudar no cotidiano das pessoas. A própria GS1 Brasil também trilha esse caminho da inovação por meio de diversas iniciativas. A mais recente foi a realização do seu primeiro hackathon, com o intuito de se aproximar da nova geração de empreendedores: os desenvolvedores. A maratona tecnológica reuniu jovens talentos que tinham o desafio de criar uma solução com base nos padrões GS1 para melhorar a experiência de consumo das pessoas. Os projetos apresentados foram muito criativos e têm potencial de aplicação, como mostra a reportagem. Assim, fica o nosso alerta para que as companhias utilizem e invistam em novas tecnologias e na adoção de padrões, que se tornaram prioridade para o consumidor final e, consequentemente, se configuram como a chave para o sucesso de toda a cadeia de suprimentos.

Foto: Paulo Pepe

Um forte abraço, João Carlos de Oliveira presidente


[EXPEDIENTE

Novas tecnologias dão, cada vez mais, voz e poder ao consumidor

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18 A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.

GERENTE DE MARKETING E SUSTENTABILIDADE Frederico Bellini COORDENAÇÃO DA REVISTA Andréa Palmer GS1 BRASIL Rua Henrique Monteiro, 79 Pinheiros – 05423-020 – São Paulo Telefone: (11) 3068-6229 www.gs1br.org REDES SOCIAIS facebook.com/gs1brasil www.linkedin.com/company/gs1-brasil www.youtube.com/gs1brasil www.flickr.com/gs1brasil FALE COM A REDAÇÃO revista@gs1br.org PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA G&T Comunicação Ltda. Telefone: (11) 2503-4618 comunicação redacao@gtcomunica.com.br EDITORA Denise Turco – MTB 43.537 EDITORA-ASSISTENTE Kathlen Ramos REVISÃO Camila Omena FOTOGRAFIA Paulo Pepe CAPA Marcelo Gorzoni ARTE Adriano Cristian Fernandes COLABORAÇÃO Camila Guesa, Claudia Manzzano, Flávia Corbó, Juliana Jadon e Ticiana Werneck (texto) IMPRESSÃO Referência Gráfica TIRAGEM 3 mil exemplares


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SUMÁRIO

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62 6 CURTAS 11 INSTITUCIONAL 12 EDUCAÇÃO 28 PERFIL 42 TENDÊNCIA 47 RECURSOS HUMANOS/SIPAT 48 GESTÃO 50 PERDAS E GANHOS 55 AUTOMAÇÃO/ABRASEL 56 COMUNICAÇÃO 58 RADAR 60 DESCONEXÃO 66 PADRÃO DE QUALIDADE

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CAPA Em sua terceira

edição, pesquisa da GS1 Brasil mostra a percepção de consumidores e empresas sobre o código de barras, padrão que, associado às novas tecnologias, pode melhorar a experiência de compra

ENTREVISTA CEO do Walmart.com Brasil, Paulo Sérgio Silva, fala sobre talentos e soluções criativas

INOVAÇÃO Confira como foi o primeiro hackathon da GS1 Brasil

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SUSTENTABILIDADE Setor de

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EVENTO Brasil em Código -

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RECURSOS HUMANOS

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AUTOMAÇÃO Conheça três

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VAREJO Mudanças da sociedade e

embalagens propõe modelo de negócios com base no conceito de economia circular

Conferência Internacional da GS1 Brasil destacou novas formas de pensar sobre tecnologia e gestão

Saiba quais são os benefícios mais valorizados pelos funcionários

indústrias do setor de moda que apostam nos padrões GS1 para otimizar as operações

da economia brasileira nos últimos anos impulsionaram a evolução das farmácias


CURTAS

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Prêmio Automação 2016

Fotos/Imagens: Thinkstock

Estão abertas as inscrições para o XIX Prêmio Automação – Categoria Imprensa, promovido pela GS1 Brasil. O objetivo da entidade é prestigiar os jornalistas durante a premiação conferida, anualmente, às empresas que investem em projetos inovadores de automação. Para a imprensa, a premiação privilegiará a melhor reportagem com foco em soluções globais de tecnologia e identificação, padronização de processos, códigos de produtos, e seus benefícios para empresas e consumidores. O regulamento e a ficha de inscrição, que pode ser preenchida até 10 de outubro, estão disponíveis na página www.gs1br.org/premiacaoimprensa.

Conexão Portal GS1 Brasil Revista Brasil em Código A publicação também possui a sua versão digital no Portal da GS1 Brasil. A revista pode ser folheada, na íntegra, por meio da ferramenta issuu, que permite transformar documentos de vários formatos em publicações flash, com opções de zoom e até compartilhamento nas redes sociais. “A revista Brasil em Código está no mercado desde 2011, oferecendo informações relevantes sobre gestão, inovação e uso de padrões da GS1 Brasil capazes de auxiliar os negócios”, destaca a analista de marketing da entidade, Andréa Palmer. Recentemente, a revista ganhou uma página na qual os leitores podem visualizar conteúdos complementares às reportagens da edição – como vídeos e matérias extras – além de edições anteriores. Para conhecer esse espaço, acesse: www.gs1br.org/revista.

Pesquisa: participe de uma enquete rápida da revista Brasil

em Código e dê sua nota e sugestões sobre a publicação. Assim, a GS1 Brasil poderá continuar oferecendo sempre o melhor conteúdo aos leitores.

Fique conectado no

www.gs1br.org

6 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Foto: Divulgação

Atacadistas e distribuidores em foco Durante o Encontro Nacional da Cadeia de Abastecimento – ENACAB 2016, promovido pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (ABAD), a GS1 Brasil apresentou em seu estande o “Espaço da Automação”, com algumas soluções que podem trazer amplos benefícios à cadeia de abastecimento. Entre elas, o GS1-128, código de barras voltado para aplicações logísticas, e o Cadastro Nacional de Produtos (CNP), ferramenta on-line que auxilia as empresas no cadastro e no gerenciamento de informações sobre suas mercadorias. Esse banco de dados pode ser acessado por fabricantes, varejistas, atacadistas e distribuidores e integrado aos seus sistemas de automação. Além disso, os participantes do ENACAB 2016, realizado em agosto no São Paulo Expo, na capital paulista, tiveram a oportunidade de conhecer o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) da GS1 Brasil, por meio de um smartphone acoplado a um óculos de realidade virtual com efeito 360º.

Foto: Divulgação

Padrões no comércio on-line A GS1 Brasil marcou presença no Fórum E-Commerce Brasil 2016, realizado em julho, no Transamerica Expo Center, em São Paulo (SP). Considerado um dos maiores eventos mundiais da área, o Fórum teve várias atividades, como palestras com especialistas do setor e salão de negócios. O estande da entidade recebeu profissionais com interesses diversos. Segundo o assessor de negócios da GS1 Brasil, Marcelo Sá, o principal objetivo da instituição durante o encontro foi demonstrar a importância do uso do GTIN (Número Global do Item Comercial) no canal on-line, reforçando essa solução como forma de garantir a entrega correta da mercadoria ao consumidor. Houve também a divulgação do novo padrão GS1 SmartSearch, que ajuda a melhorar o “ranqueamento” de produtos por meio da estruturação de dados. Além disso, a entidade levou o CIT 360º ao espaço.

Sempre conectados Pesquisa global da GfK revela que 42% da população mundial e 37% dos brasileiros consideram importante estar constantemente acessível. No estudo realizado em 22 países, mais de 27 mil consumidores on-line declararam o quanto concordam com a afirmação “para mim, é importante sempre estar acessível, onde quer que eu esteja”. Logo depois dos Estados Unidos, o Brasil é o 7º colocado entre os países que mais fortemente concordam com essa constatação. A lista é encabeçada pela Rússia, seguida pela China.

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CURTAS

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Treinamento para todos A GS1 Brasil oferece cursos com o objetivo de capacitar associados e demais interessados em temas como logística, automação, implementação de padrões e inovação. São aulas presenciais, realizadas na sede da entidade, além de webinars. Confira a agenda dos próximos módulos. Para mais informações, envie um e-mail para educa@gs1br.org ou ligue (11) 3068 6214. Data e horário

Assunto

5/10, das 9h às 12h30

Código de Barras I: Entenda, Crie e Gerencie a Identificação do seu Produto (Gratuito)

18/10, das 10h às 11h

Webinar: 5 passos para implementação do Código de Barras (Gratuito)

19 e 20/10, das 9h às 18h

IoT sem Mistérios

8/11, das 9h às 12h30

Código de Barras I: Entenda, Crie e Gerencie a Identificação do seu Produto (Gratuito)

08/11, das 13h30 às 17h

Código de Barras II: Dados Variáveis e Logísticos (Gratuito)

22/11, das 10h às 11h

Webinar Pergunte ao Especialista: Identificação Avançada (Gratuito)

De 28/11 a 1/12, das 18h30 às 22h30 IoT sem Mistérios

CIT: espaço de inovação O Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), criado pela GS1 Brasil em 2014, se tornou uma referência em conhecimento e capacitação sobre automação na cadeia de suprimentos. Como polo de inovação, mostrando de forma prática a aplicação de soluções tecnológicas baseadas nos padrões GS1, o espaço sempre apresenta novidades. Assim, a partir de agora, a cada edição da revista Brasil em Código, os leitores poderão acompanhar as principais delas. A mais recente solução demonstrada no CIT são os beacons, que utilizam a tecnologia Bluetooth Low Energy (BLE), permitindo a troca de informações entre dispositivos por aproximação física. Esses equipamentos são ideais para detectar a presença de clientes nas lojas e possibilitar algum tipo de interação, como enviar ofertas relevantes para ele. A aplicação tem o patrocínio da BicData, empresa que atua na área de coleta de dados e automação. Para tornar a experiência mais interativa, o visitante poderá baixar um app em seu smartphone e, a cada aproximação de um beacon dentro do CIT, haverá uma interação. Dessa forma, o espaço mostrará de que forma o varejo pode engajar o consumidor de diferentes formas e por meio da tecnologia.

AGENDE SUA VISITA pelo www.gs1br.org/cit ou ligue para (11) 3068 6229

8 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Troca de experiências Promover o fortalecimento da classe lojista e desenvolver novos negócios são as principais metas da 55a Convenção Nacional do Comércio Lojista que, neste ano, foi realizada entre 1º e 4 de setembro na Praia do Forte, na Bahia. O evento, promovido pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado da Bahia (FCDL-BA) e Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL Salvador), envolve empresários de todo o território nacional e da América do Sul. A GS1 Brasil foi uma das patrocinadoras da convenção e, na ocasião, assinou uma parceria com a CNDL que visa capacitar o varejo com tecnologias de automação. Durante o evento, a GS1 também teve a oportunidade de demonstrar como pode ajudar, na prática, o varejo a inovar nos negócios. Em seu estande, simulou um estoque de loja e os visitantes puderam interagir para conhecer melhor como controlar os itens com código de barras, além de ganhar brindes. “Soluções simples, como o código de barras, requerem baixo investimento e podem trazer benefícios, como controle de estoque e redução de ruptura de gôndolas. Além disso, é possível que o lojista tenha o cadastro de produtos com informações detalhadas”, afirma a assessora de eventos da GS1 Brasil, Ingrid Cundari Pelat, lembrando que a CEO da entidade, Virginia Vaamonde, explorou esse tema em palestra durante a convenção.

Oportunidade para start-ups O 4º Congresso de Investimento Anjo, promovido pela Anjos do Brasil, divulgou os resultados de uma pesquisa sobre o perfil desses investidores no País entre 2016 e 2017. Nesse período, são esperados uma média de quatro investimentos, quase o dobro do apurado (2,1 investimentos) na pesquisa em 2014. O estudo também levantou os setores de maior relevância para apostar. Cerca de 52% dos entrevistados mostraram interesse na área de TI; 36% em aplicativos para smartphones; 43% em saúde/biotecnologia; 41% em educação; 36% em e-commerce; 37% em energia; 27% em entretenimento e indústria; e 23% em outros setores.

Retomada nas parcerias O número de fusões e aquisições realizadas no Brasil no primeiro semestre de 2016 caiu 29% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram concretizadas 287 negociações contra 406 em 2015, segundo informações do relatório divulgado pela PwC Brasil. Para o sócio da consultoria, Rogério Gollo, essa retração é fruto da insegurança em relação à crise política e econômica do País. Apesar disso, ele acredita em retomada. “A expectativa é que muitos acordos sejam concretizados nos próximos meses, fazendo com que o mercado atinja os mesmos patamares de 2015, em que foram realizados 742 negócios”, projeta.

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CURTAS

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Internet das Coisas em pauta Confiança entre empreendedores A pesquisa Indicadores Sebrae-SP apontou que as micro e pequenas empresas (MPEs) mostram uma perspectiva de recuperação, refletindo a confiança dos empreendedores. Para os próximos seis meses, a partir de junho, 29% proprietários de MPEs esperam melhora no faturamento e 52% contam com estabilidade nos resultados.

Esclarecer como os objetos do cotidiano podem ser conectados à rede, utilizando tecnologias de máquina a máquina (M2M) para, enfim, criar a Internet das Coisas. Esse é o objetivo do curso da GS1 Brasil intitulado “IoT sem Mistérios”, que abre duas novas turmas, uma nos dias 19 e 20 de outubro, das 9h às 18h, e outra de 28/11 até 01/12, das 18h30 até 22h30, na sede da entidade em São Paulo (SP). As aulas serão ministradas pela professora e consultora Renata Rampim, que acaba de lançar o livro Internet das Coisas sem mistérios – uma nova inteligência para os negócios (Netpress Books). “Essa será uma oportunidade para esclarecer, facilmente, esse conceito”, define Renata. Quem já participou do curso aprova o conteúdo, como Luciana Cabrini, da empresa Activia ID. “Além de abordar as diversas tecnologias e ferramentas que estão disponíveis, o curso desperta para os diversos segmentos que a IoT pode ser aplicada, bem como aponta oportunidades para as pequenas e médias empresas”, conclui Luciana. Para mais informações, envie um e-mail para educa@gs1br.org ou ligue para (11) 3068 6214.

Depois de ter o privilégio de conduzir a Tocha Olímpica em Campinas (SP), sua cidade natal, Daniel Dias já se consagra como um dos maiores medalhistas do esporte paralímpico brasileiro. O atleta realizou forte preparação para as competições. Aliás, para melhorar seu desempenho, ele se dedicou, durante quase todo o mês de agosto, a um treinamento em altitude no CAR Sierra Nevada, na Espanha. Essa técnica é utilizada habitualmente no esporte de alto nível para melhoria do rendimento desportivo. Além disso, o nadador participou de encontros com a seleção olímpica, uma forma de concentrar os atletas, diminuir a ansiedade e melhorar ainda mais o foco nos objetivos a serem alcançados. É importante registrar também que, recentemente, Daniel Dias foi destaque da 2ª Etapa Nacional do Circuito Brasil Loterias Caixa de natação paralímpica, conquistando medalha de ouro nas três provas que disputou. A competição foi realizada no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo (SP), inaugurado em maio e já considerado o maior do mundo em número de modalidades contempladas – 15 no total. Localizado no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, possui um terreno de 100 mil m², sendo 65 mil m² de área construída, e recebeu investimento de R$ 305 milhões. Para mais informações, acesse: www.gs1br.org/danieldias. 10 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: CPB

Vitórias de Daniel Dias


[INSTITUCIONAL

[ Imagem/Foto: Thinkstock/Divulgação

Objetivos compartilhados Da Redação

Comitês da GS1 Brasil discutem soluções para otimizar as operações de vários setores da economia Desde o início do ano, a GS1 Brasil estimula o compartilhamento de experiências e a criação de ações que possam aumentar a produtividade das empresas associadas por meio de seus comitês setoriais. São cinco grupos: Associações, Micro e Pequena Empresa (MPE), Cadeia Produtiva, Frutas, Legumes e Verduras (FLV), e Saúde. As reuniões têm atraído profissionais e companhias motivados a trabalhar em conjunto. “Os comitês têm o objetivo de entender as necessidades dos diversos setores da economia e tornar as empresas mais próximas da GS1 Brasil. A partir das necessidades identificadas, podemos, de forma colaborativa, promover, incentivar e apoiá-las na implementação das melhores práticas para que se tornem mais eficientes, competitivas e sustentáveis”, explica a gerente da área de negócios da entidade, Ana Paula Maniero. Nas reuniões trimestrais do Comitê Associações, por exemplo, participam entidades ligadas à indústria, distribuição, comércio, food service, alimentos, embalagem, logística, têxtil e calçados. Um dos assuntos analisados no grupo é a utilização da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) como ferramenta de rastreabilidade para qualquer tipo de produto. Já os encontros do Comitê MPE reúnem associados, especialistas e representantes do governo para criar

planos de trabalho com foco em empreendedorismo, gestão, marketing, e-commerce e legislação. O segundo encontro do grupo, realizado em 13 de julho, teve a participação de 38 profissionais. A reunião contou, ainda, com a colaboração de representantes do SEBRAE, abordando o tema empreendedorismo e inovação, da Subsecretaria de Empreendedorismo e da Micro e Pequena Empresa e da Desenvolve SP – Agência de Desenvolvimento Paulista, mostrando informações sobre financiamento. O Comitê Cadeia Produtiva aproxima profissionais do varejo, distribuição e fornecedores. O grupo discute temas como: problemas de leitura dos códigos de barras, regulamentações do setor, rastreabilidade, cadastro de produtos, entre outros. Por sua vez, o Comitê FLV visa contribuir para os negócios e a produtividade das empresas. Nas reu-

niões realizadas a cada trimestre, participam produtores, entidades do setor, centrais de abastecimento e provedores de soluções. Os debates têm abordado questões relacionadas à identificação do item na origem, classificação de produtos, rastreabilidade e treinamento para o uso dos padrões GS1. Promover soluções globais para harmonizar os processos e assim garantir a segurança dos pacientes é a proposta do Comitê Saúde, que atua em duas frentes: medicamentos, com uma reunião anual, e produtos para saúde, com encontros trimestrais. Entre os membros estão profissionais da indústria, hospitais, farmácias, órgãos regulatórios, distribuidores, operadores logísticos e associações. A rastreabilidade de medicamentos e a identificação única de produtos para saúde estão no centro das discussões do grupo. 7 898357 410015

Colaboração Comitês auxiliam empresas na adoção de práticas que as tornam mais competitivas

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[EDUCAÇÃO

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Faça diferente Por Kathlen Ramos

Curso Master em Tendências, CoolHunting e Gestão de Inovação terá novas turmas

ns a Marti Amand

Pensar estrategicamente em inovação envolve estar sempre atento às demandas que o consumidor ainda não imagina ter, além de desenvolver um olhar aguçado para propor modelos de negócios originais, a fim de manter-se sempre competitivo no mercado. Diante da importância de preparar pessoas aptas a utilizar esses conceitos, a GS1 Brasil abre uma nova turma para o curso Master em Tendências, CoolHunting e Gestão de Inovação. O curso, promovido em parceria com a Inova Business School, será realizado entre os dias 14 e 28 de setembro, com duas aulas por semana, na sede da entidade, por um time de especialistas no tema. Entre eles, o CEO da Inova Consulting e da Inova Business School, além de apresentador do programa Profissional do Futuro, na rádio CBN, Luís Rasquilha; o publicitário com mais de 30 anos de experiência na área, Tadeu Brettas; e o sócio-diretor executivo da Unità Educacional, e sócio e membro do conselho da Inova Consulting, Marcelo Veras. Com carga horária de 20 horas, os participantes conhecerão as metodologias de pesquisa de tendências para atuar na gestão da inovação e poderão, ainda, ter ideias para projetos com esse foco. Na edição anterior do curso, muitos participantes ficaram satisfeitos com o conteúdo. O professor univer-

Thales Galuchi

Alenca rd Juniora Silva

sitário de engenharia química Thales Galuchi é um exemplo. Além de lecionar, ele é advogado e faz traduções, entre outras atribuições, tendo múltiplas carreiras. Assim, a inovação e o empreendedorismo estão em seu DNA. “O curso estruturou meu raciocínio, mostrando o que pode virar um negócio ou um bom produto. A metodologia é muito boa”, avalia. O superintendente de novos negócios da companhia que atua na área de certificação digital Valid, Alencar Nunes da Silva Junior, também participou das aulas e reforça a importância da inovação para a carreira. “Foi uma oportunidade para me aprofundar num tema tão relevante. Pude ter uma visão geral sobre o processo de inovação, ferramentas de tendência e networking”, afirma. O pensamento inovador é fundamental no setor têxtil, segundo a coordenadora de produto da empresa de moda masculina Oracon, Amanda Alonso Martins. “Trabalho com pesquisa não apenas de tendências e produtos, mas de comportamento. Então, é muito importante estar atualizada sobre como as pessoas estão pensando. As aulas acrescentaram muito nesse sentido, me deixaram mais alerta para o que acontece ao redor”, reflete. Participe você também! Para mais informações sobre o Curso Master em Tendências, CoolHunting e Gestão de Inovação, entre em contato pelo e-mail educa@gs1br.org.

Visão de futuro Curso apresenta metodologias de pesquisa de tendências, além de estimular a criação de projetos inovadores

12 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Fotos/Imagens: Paulo Pepe/Thinkstock

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[ENTREVISTA

Um líder dos novos tempos Por Denise Turco

Com jeito despojado e disposição para desenvolver talentos, o CEO do Walmart.com Brasil, Paulo Sérgio Silva, fala como a inovação permeia seu estilo de gestão Em um ambiente típico de uma empresa.com, sem as formalidades do mundo corporativo, com espaços coloridos e lúdicos para estimular a criatividade e a integração das pessoas, Paulão é responsável por comandar uma equipe jovem e incentivar a inovação necessária para dar os resultados que os acionistas esperam. Conhecimento, proximidade, simplicidade e empatia ele tem de sobra para alavancar os resultados esperados. Paulão é Paulo Sérgio Silva, 52 anos, CEO do Walmart.com Brasil, empresa com jeito de start-up, mas com o DNA da maior companhia de varejo do mundo. No País, possui 1.500 funcionários e quatro centros de distribuição, em uma operação independente das lojas de varejo. Formado em publicidade e propaganda pela FMU e pós-graduado em marketing pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o executivo começou sua trajetória profissional na área de propaganda e promoção de grandes eventos para empresas de tecnologia, a exemplo da Fenasoft, importante feira de informática da década de 1990. Ao longo de sua carreira, acompanhou o desenvolvimento do mercado de tecnologia e internet no Brasil, passando pelo provedor ZAZ e o portal Terra, do Grupo Telefônica, onde trabalhou por mais de dez anos, desenvolvendo, como um dos pioneiros do mercado, a área de publicidade on-line para a América Latina. Ele também foi o fundador, no País, do Interactive Advertising Bureau (IAB), órgão regulador da publicidade on-line das empresas de mídia.

14 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Sua chegada ao Walmart.com ocorreu em 2013. Inicialmente, Paulão foi o responsável por desenvolver a estratégia de marketplace para o Brasil e América Latina. Um ano depois, assumiu a operação do mercado brasileiro. Paulistano, há muitos anos toca um negócio paralelo – sua paixão pela música. Depois de tirar um ano sabático, ele transformou, definitivamente, o hobby em um projeto interessante, levando ainda mais a sério o trabalho como guitarrista da banda Soul Good. Hoje, a música lhe ajuda muito na gestão e motivação da equipe. Com seu jeito simples e despojado, Paulão contou, do escritório da empresa em Alphaville, Barueri (SP), um pouco do seu trabalho à frente do Walmart.com Brasil. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista. BRASIL EM CÓDIGO O Walmart.com começou no Brasil em 2012 como uma unidade de negócios do Walmart. Depois, se tornou uma empresa independente. Como funciona essa estratégia? PAULO SILVA O Brasil é uma experiência única, porque o e-commerce é 100% independente das operações de lojas físicas do Walmart. A premissa inicial era crescer 50% ao ano, o que conseguimos, a fim de nos tornarmos um player importante no e-commerce. A separação ocorreu, justamente, para dar liberdade de decisão e velocidade para ocupar um espaço crescente no mercado de comércio eletrônico no Brasil. Seguramente, no futuro, trabalharemos de forma integrada ou teremos uma relação mais próxima com as lojas físicas no País.


Fotos: Paulo Pepe

“O Brasil é uma experiência única, porque o e-commerce é 100% independente das lojas físicas do Walmart”


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ENTREVISTA

“A inovação deve vir de todos os departamentos da empresa” BC Como está o posicionamento da empresa no mercado? PS Nos primeiros três anos, o Walmart.com tinha o perfil de uma start-up, porém uma start-up gigante e com os fundamentos do Walmart estabelecidos. Hoje entramos no estágio da maturidade, ou seja, trabalhar melhor, com mais consistência, e aumentar a produtividade. Buscamos trazer a rentabilidade que o acionista nos pede e consolidar nossa posição no mercado. Jogar o jogo de uma forma muito mais inteligente. O faturamento do Walmart, considerando todas as operações e formatos no mundo, foi de US$ 483 bilhões, em 2015. O digital é o canal que mais cresce, além de ser estratégico. Estamos investindo bastante em mobile, que já representa 20% da nossa venda e 40% do tráfego. Ou seja, 40% das pessoas que visitam o nosso site fazem o acesso pelo celular. As estratégias para desktop e celular se complementam, o que oferecemos no aplicativo em termos de preço é uma coisa, no desktop é outra, por exemplo. Esse é o nosso omnichannel. BC O marketplace é uma estratégia importante para a companhia? PS Vim para o Walmart.com para montar o marketplace, que é vender, dentro da nossa loja, produtos de outras empresas. Somos um grande concentrador de tráfego, audiência, visitantes e compradores, e dividimos isso com outras companhias que colocam seus produtos na nossa vitrine e entregam diretamente para o con-

16 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

sumidor. Hoje, são quase dois mil sellers, como chamamos as empresas parceiras do marketplace, e dois milhões de itens em nosso site.

nada, apenas colocam as pessoas em contato. Esse é o nosso papel aqui também. Por isso, acredito que nosso maior ativo seja o site.

BC Qual é sua visão sobre o mercado de comércio eletrônico no Brasil? PS O e-commerce é igual há muito tempo. São os mesmos players de dez anos atrás, que operam da mesma forma. Talvez, a maior mudança que esteja ocorrendo agora é a entrada do marketplace. Precisamos transformar o mercado, questionar o status quo.

BC Nesse cenário, qual é a visão do Walmart.com? PS O futuro do nosso negócio passa por criar uma ruptura no que foi construído e entrar na nova onda, que abrange: qualidade de atendimento; dedicação ao site, que é o nosso ativo; investimento nos colaboradores; integração entre os diversos devices; e uso das novas tecnologias. O e-commerce está apenas no começo, vai evoluir muito. Estamos construindo uma proposta de valor que faça sentido na vida das pessoas pelos próximos 20 anos.

BC Que tipo de mudança seria necessário promover? PS O e-commerce foi criado com base nos fundamentos do varejo tradicional, ou seja, com centros de distribuição, armazenamento de itens, por exemplo. Olhando para o futuro, quanto mais investirmos no mesmo modelo, mais complicado será crescer de maneira sustentável. O desafio para os próximos anos é equalizar os custos com todos os players da cadeia. Uma ideia interessante seria atender o consumidor diretamente do centro de distribuição do fabricante. Outro ponto é que hoje o Walmart.com oferece marketplace de serviços: instala televisão, vende cursos on-line, retira produtos que a pessoa não quer mais e faz o descarte ecológico, entre outros. Isso reflete outra grande transformação, que é reinventar os negócios. As empresas mais inovadoras do mundo são aquelas que desentermediaram, como Uber e AirBNB. Eles não têm

BC De que forma a crise econômica no País tem afetado o Walmart.com? PS O que temos feito é redefinir melhor os investimentos e o papel das pessoas. A crise veio, mas o crescimento continua. Não cortamos pessoal. À medida que a empresa cresce e se consolida, muda o tipo de perfil de colaborador que precisamos. Então, readequamos as expectativas e colocamos os funcionários de frente com a realidade. Meu papel sempre foi dar essa direção e estimular a inovação. BC Aliás, como funciona o processo de inovação na empresa? PS Normalmente, a expectativa é que a área de tecnologia promova a inovação. Mas ela deve vir de todos os de-


partamentos. Como trabalhei muito tempo no setor de propaganda, tento incentivar as pessoas a apresentarem suas ideias. Para isso, criamos três fóruns em diferentes áreas da empresa para estimular a inovação. Temos um grupo com a responsabilidade de desenvolver aquilo que será ofertado ao consumidor. Depois, levamos essa ideia para a área de vendas e discutimos se ela faz sentido. Por fim, a área de tecnologia analisa a viabilidade tecnológica para implementá-la. Então, criamos um ciclo virtuoso e vamos costurando o processo de inovação e criatividade na empresa com foco no consumidor final. BC Além desses fóruns, os funcionários têm liberdade de apresentar sugestões? PS Todos os níveis da empresa têm abertura para colaborar com suas ideias. E isso é algo muito louco, porque não é a alta liderança que vai trazer inovação, já que ela está olhando para o resultado. Temos um grupo de 500 coordenadores e gerentes. Imagine a quantidade de ideias bacanas que podem surgir, até porque são essas pessoas que estão no dia a dia. Então, é preciso estimular esses colaboradores. Outra forma de promover a inovação é dar acesso individual às pessoas. Por exemplo: o funcionário não conseguiu “vender” a ideia dentro da área ou com seu chefe? Vem falar diretamente co-

migo. Para isso, criei o “consultório do Paulão”, um espaço bacana com uma poltrona confortável. Qualquer funcionário pode sentar, colocar o pé no pufe, e conversar comigo, sem precisar marcar horário. BC Qual é o segredo para motivar os colaboradores? PS Transparência. As pessoas precisam saber o que está acontecendo, para onde a empresa está indo, como vai crescer, qual é a estratégia, o que precisam entregar. Se você não consegue dar essa visibilidade, acaba não conquistando a confiança dos colaboradores. Também surte um bom efeito o dress code. Aqui o funcionário vem do jeito que estiver a fim, de bermuda, de chinelo. Esse jeito mais despojado e leve também ajuda muito. BC E o seu lado rock and roll também ajuda, certo? PS Sim, eu até toco na festa de fim de ano da firma (risos). Mas o meu lado rock and roll é assim: eu falo para a moçada que não faz sentido deixar de fazer o que você gosta para virar executivo de empresa. O lado pessoal e a carreira são uma coisa só. Sendo assim, aproveite e faça tudo bem feito. Se tiver de resolver um problema de trabalho no sábado ou sair na terça-feira à tarde para fazer algo pessoal, tudo bem. Outra questão é o fato de ter conseguido conciliar coisas legais na

minha vida: tocar com minha banda, fazer um trabalho bacana na empresa, ter minha família e filhos. É uma forma de mostrar para as pessoas que é possível a vida dar certo. BC Conte um pouco sobre a sua banda e como a música influencia na gestão do dia a dia. PS É uma banda de soul music chamada Soul Good. Tocamos Aretha Franklin e James Brown, por exemplo, e um pouco de rock também. Fazemos shows com frequência em alguns lugares de São Paulo, além de festas e eventos. Dá trabalho ensaiar a mesma música várias vezes e com as mesmas pessoas. Mas você toca em um lugar legal, o público dança e se diverte. Na empresa, você também faz atividades repetitivas, mas colhe os benefícios: ganha salário, bônus. As recompensas são diferentes, mas o modo é o mesmo. Então, não adianta chegar no dia do ensaio sem ter treinado a minha parte da música, porque cada integrante da banda fez a sua parte. E no trabalho é o mesmo cenário. Essa analogia entre trabalho e música ajuda bastante na minha comunicação com a moçada jovem. BC Para finalizar, de que maneira você enxerga o trabalho da GS1 Brasil? PS Sempre usei o código de barras para tudo, mas não tinha a menor ideia que a GS1 tinha uma amplitude em mais de cem países, fazendo o trabalho de padronização e ajudando tanto a indústria quanto o comércio. Conheci o Centro de Inovação e Tecnologia, o CIT, e para mim foi uma grata surpresa, com várias tecnologias e soluções do futuro, como o escâner de código de barras na geladeira. Esse tipo de atividade faz com que as empresas tenham mais produtividade. Acredito que organizações como o Walmart.com precisam apoiar cada vez mais as iniciativas da GS1 para evoluir os negócios. 7 898357 410015

Acesso No “consultório do Paulão”, qualquer funcionário pode conversar com o CEO sem marcar horário [ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2016 17


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[ CAPA

Ouça a voz do consumidor

Por Kathlen Ramos

Pesquisa da GS1 Brasil aponta que o presente e o futuro do consumo estĂŁo bastante atrelados Ă tecnologia. As empresas podem investir ainda mais para atender a essa demanda dos clientes


Há alguns anos, as estratégias de negócios eram pautadas de acordo com os interesses das companhias. Os planos de gestão tinham como foco os ideais da empresa e, neles, pouco se levava em conta o que o público-alvo demandava na ocasião. O consumidor aceitava o que o mercado tinha a oferecer. Hoje, os tempos são outros. A internet, aliada às novas tecnologias, deu poder ao consumidor. Com informações disponíveis a qualquer momento e diversas opções de produtos e serviços, ele passou a dar as cartas, exigindo qualidade, praticidade, segurança e boa prestação de

serviços na sua experiência de compras, seja em lojas físicas, seja no comércio eletrônico. Assim, as companhias já começaram a ter a percepção do que os seus clientes esperam, como mostra a terceira edição da série de estudos intitulada “Consumidores e Empresas: tendências e comportamento no mercado nacional”, desenvolvida pela GS1 Brasil em parceria com a H2R Pesquisas. “O estudo já se tornou referência para a indústria, distribuição e comércio, pois aponta os níveis de automação e o desejo dos consumidores de forma inédita”, diz o presidente da entidade, João Carlos de Oliveira. Com abrangência em todo o território nacional, a pesquisa indica, por exemplo, que 67% das empresas entendem que os consumidores buscam por mais informações de seus produtos. Mas ainda há uma parcela

A PERCEPÇÃO DO CONSUMIDOR SOBRE O CÓDIGO DE BARRAS NO FUTURO

Pretende usar o código de barras para saber a data de validade Obter informações do produto e ser identificado na loja por meio de programas de fidelização Rastrear os produtos que consome Internação em clínicas e hospitais e acompanhamento de exames médicos

considerável (33% das organizações consultadas) que ainda não aproveita essa oportunidade. É importante estar atento às necessidades dos consumidores, até porque 86% não abrem mão de informações sobre a qualidade do produto; 81% querem sempre comparar preços; 76% requerem a data de validade; 50% desejam saber a procedência da mercadoria; e 43% a composição do produto. Outro ponto que as empresas precisam ficar atentas diz respeito à percepção do consumidor sobre o uso do código de barras. A pesquisa aponta, por exemplo, que quase metade das pessoas (47%) entende que poucos estabelecimentos usam o código de barras. Esse é um dado que pede a atenção da indústria e do varejo, que podem oferecer mais automação e comodidade para os clientes, ou seja, o consumidor sente falta do maior uso do código de barras em seu dia a dia. O estudo mostra, ainda, que 89% das pessoas desejam utilizar o código de barras no futuro para fazer pagamentos e consultar preços de pro-


CAPA

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[

CONSUMIDORES Parte do estudo realizado pela GS1 Brasil teve o objetivo de compreender o comportamento de compras do brasileiro e sua percepção sobre o código de barras no presente e no futuro. A pesquisa, realizada de 12 de maio a 16 de junho, consultou 425 consumidores, de todas as classes sociais e com acesso a smartphone e celulares. A margem de erro é de 4,8%. “O consumidor se adapta, se reinventa e está disposto a usar novas tecnologias, desde que elas tragam facilidade para o dia a dia”, comenta a gerente de inteligência de mercado da GS1 Brasil, Marina Pereira. Um exemplo são os celulares, que se popularizaram na década de 1980 e evoluíram para os smartphones. Hoje, no País, já há mais de 260 milhões de aparelhos.

CONECTIVIDADE A pesquisa mostra o desejo do consumidor em conectar seus celulares aos mais diversos produtos: computador/notebook (74%), relógio (64%), iluminação (60%), TV e carro (55%), geladeira (51%), itens para a saúde (50%), ar-condicionado (32%), entre outros. Isso porque, ao concentrar os controles remotos da casa no celular, é possível ajustar o volume da TV, visualizar o imóvel por meio de câmeras de segurança, desligar ou acender lâmpadas, entre outras comodidades que estão em sintonia com o conceito de Internet das Coisas e automação.

FALSIFICAÇÃO A falsificação de produtos é um problema crônico, observado, principalmente, em países com grandes diferenças de renda entre a população, como no Brasil. O levantamento reforça a necessidade de comprovação de procedência e qualidade das mercadorias, tanto que 44% dos entrevistados entendem que o código de barras pode ajudar no combate à falsificação. “Essa solução possibilita fazer a identificação e a rastreabilidade dos produtos, auxiliando no combate à falsificação”, explica Marina Pereira.

FAIXA ETÁRIA

8%

- 55 anos ou mais

13%

- 45 a 54 anos

20%

- 35 a 44 anos

23%

- 25 a 34 anos

36%

- 18 a 24 anos

46%

Mulheres

54

% Homens

RAZÃO X EMOÇÃO A crise econômica e política têm influenciado, de forma significativa, a maneira de pensar do consumidor. As decisões são mais baseadas na razão (72%) do que na emoção (28%). Assim, na hora de preparar o seu carrinho, ele tende a levar para casa somente aquilo que é necessário. Tanto que apenas 3% afirmam comprar por impulso.

LOJAS FÍSICAS X VIRTUAIS O brasileiro não espera ter a mesma experiência de compra nos canais físicos e on-line. Nas lojas tradicionais, ele procura por experiência e relacionamento, enquanto no e-commerce quer praticidade. Observa-se, entretanto, um comportamento diferenciado sobre o que comprar em cada um desses canais: quanto maior o valor agregado, a exemplo de produtos eletrônicos, mais o brasileiro está disposto a usar o comércio eletrônico.


ELES QUEREM SABER

Que tipo de informação o consumidor deseja saber sobre os produtos? Nunca

Às vezes

Sempre

Qualidade

1%

13%

86%

Comparação de preços

2%

17%

81%

Data de validade

3%

21%

76%

Prazo de entrega (e-commerce)

5%

27%

68%

Comparação entre produtos semelhantes

3%

41%

56%

Procedência (origem)

8%

42%

50%

Avaliação de outros consumidores sobre o produto

7%

43%

50%

Reclamações

9%

43%

48%

Composição do produto

9%

48%

43%

Informações sobre o fabricante

11%

47%

42%

Informações nutricionais

17%

50%

33%

Onde os consumidores buscam dados sobre os produtos, na visão das empresas Rótulo

Site

Redes sociais

Mídias de comunicação

SAC

Aplicativos

Hoje

78%

75%

68%

63%

65%

47%

Futuro

82%

92%

88%

86%

79%

88%

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2016 21


CAPA

[

[

10% Grande 21%

EMPRESAS

Não informaram

A outra vertente do estudo mostra como as companhias estão adotando recursos tecnológicos para a identificação dos produtos e de que modo se preparam para atender o novo perfil do consumidor. Nesse sentido, a pesquisa identificou que 86,93% dos itens vendidos ao cliente final possuem o código de barras, o que confirma a força dessa solução como principal recurso de identificação adotado no mercado. Foram realizadas 550 entrevistas com companhias que faturam acima de R$ 60 mil por ano e que dispõem de produtos comercializados ao consumidor final. Outra novidade desta terceira edição da pesquisa é a segmentação que aponta a realidade de companhias de três áreas: alimentos (41% dos respondentes), indústria (37%), e saúde (22%). A margem de erro é de 4,2%.

11% Médio

58% Pequeno

INOVAÇÃO

Como as empresas acreditam que as soluções GS1 podem impulsionar a inovação nos negócios:

8%

e-commerce B2C

40%

apostam nos códigos de barras lineares com mais informações

14%

identificação por radiofrequência

(ex: lote e data de validade)

(RFID)

25%

14%

rastreabilidade

e-commerce B2B (EDI)

24%

código de barras bidimensional

(ex: QR Code e GS1 DataMatrix)

22%

atualização automática de dados cadastrais de empresas e produtos (GDSN)

USO AMPLIADO O varejo é um grande catalisador para o uso do código de barras. As grandes redes supermercadistas são responsáveis por 16% das vendas com esta solução; mercados de bairro e atacadistas, 11% cada; distribuidores, 7%; e atacarejo, 6%.

INVESTIMENTOS O estudo indica que 87% das empresas estão dispostas a realizar algum tipo de investimento em inovação tecnológica. Para o próximo ano, 60% pretendem aplicar até 3% do faturamento nessa área, porcentual que é significativo, considerando o momento atual do País. Destas que pretendem investir em tecnologia, 79% acreditam que os padrões GS1 podem contribuir para o processo de inovação.


INDÚSTRIA Para a indústria – que no levantamento abrange os setores de higiene e limpeza, cosméticos, química, têxtil, couro e calçados – a importância maior do código de barras está na venda de produtos. De acordo com as empresas consultadas, o uso desta identificação abre portas para seus produtos no mercado. USO DO CÓDIGO DE BARRAS

92,03

%

das indústrias usam o código de barras para identificar os produtos ao consumidor final

ALIMENTOS O grupo contempla os segmentos de alimentos, bebidas, frutas, verduras e legumes, panificação e padarias, para os quais o código de barras é essencial para as vendas. Vale destacar que produtos a granel ou caseiros ainda não utilizam essa solução. USO DO CÓDIGO DE BARRAS

81,67

%

das empresas de alimentos usam código de barras para identificar os produtos ao consumidor final

SAÚDE Nesse segmento, que inclui a indústria farmacêutica e a de equipamentos e produtos de saúde, a identificação por código de barras é mais utilizada na gestão empresarial do que nas vendas. Na percepção das companhias consultadas, há espaço para o amadurecimento do uso de tecnologias de identificação. USO DO CÓDIGO DE BARRAS

88

%

das empresas de saúde utilizam código de barras

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2016 23


dutos; 83% querem usá-los para realizar compras nas lojas ou até mesmo para saber a validade dos produtos; 79% querem ler o rótulo das mercadorias; e 77% acompanhar exames médicos, entre outras aplicações. “As empresas precisam se adaptar a este consumidor, que busca informações adicionais daquilo que consome e também experiência diferenciada de compra”, pontua a gerente de inteligência de mercado da GS1 Brasil, Marina Pereira.

INOVAÇÃO O brasileiro acredita que novas tecnologias irão surgir e mudar a experiência de compras no varejo – embora ainda não saiba se isso se concretizará por meio de aplicativos, inteligência artificial ou código de barras. A GS1 Brasil tem um papel importante nesse sentido. Isso porque o código de barras evoluiu no compasso de outras inovações tecnológicas, como o smartphone.

Marina Pereira, da GS1 Brasil, Consumidor está disposto a usar as novas tecnologias em sua experiência de compra

Foto: Paulo Pepe

CAPA

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A ADOÇÃO DA TECNOLOGIA AO LONGO DOS ANOS Até a década de 1970

Consumidores de 55 anos ou mais* Calculadora eletrônica (1974) Computador doméstico Apple (1977) Rádio de bolso (1960) Apresentação do primeiro aparelho celular (1973) TV em cores (1970) Aparelho de som residencial portátil (1972) Caixas registradoras no Brasil (1975)

Código de barras no mundo (1973)

*Década em que o consumidor se tornou adulto

Década de 1980

De 45 a 54 anos* Computador portátil (1981) Walkman (1980) Discman (1984) Popularização do aparelho de fax (década toda) Videocassete (1985)

Fundação da ABAC, marcando o surgimento da GS1 no Brasil e o uso do código de barras (1983)/Identificação de produtos

Década de 1990

De 35 a 44 anos* Internet para o público e Windows 95 (1995) Leitor de MP3 (1998) Pager (1992) Palmtop (1994) Celular (1990, no Brasil) Celular com acesso à internet (1999) Aparelho de DVD (1995)

Desenvolvimento do EPC e do DataBar (1999)/Segurança do alimento e rastreabilidade


Há vários tipos de códigos de barras que podem ajudar os consumidores. Por exemplo: 83% dos entrevistados gostariam de, no futuro, consultar a data de validade dos produtos lendo o código de barras. Nesse aspecto, o GS1 DataBar ganha destaque e tem se tornado tendência no setor de frutas, verduras e legumes (FLV) e perecíveis. Na área da saúde, há o GS1 DataMatrix, que pode ser aplicado em medicamentos e materiais médicos. Existem, ainda, outros padrões para

captura automática de dados, como a identificação por radiofrequência (RFID). Já o Cadastro Nacional de Produtos (CNP) se consolida como uma solução capaz de auxiliar o consumidor na busca de informações sobre suas compras e apoiar as empresas na gestão da lista de produtos. A GS1 Brasil também é uma grande aliada do consumidor conectado. Para se ter uma ideia, hoje, a internet é considerada a principal fonte de consulta para 83% dos entrevis-

tados. “O alto grau de conectividade do consumidor será um forte vetor de relacionamento com as marcas nos próximos anos. Atuamos para fortalecer o conceito do sistema GS1 como plataforma de informação, por meio de aplicativos que podem responder ao consumidor, a leitura dos códigos de barras pelo smartphone, fornecendo uma gama de dados”, analisa o diretor de finanças e serviços corporativos da GS1 Brasil, Charles Sampaio. 7 898357 410015

Década de 2000

Windows XP (2001) Popularização da Banda Larga Surgimento do termo “Internet das Coisas” iPod e Napster (2001) iPhone (2007) Sistema Operacional Android (2008) WhatsApp (2009) Consolidação da Rede 3G (década toda) TVs de tela plana de plasma e LCD (2000)

EAN Brasil torna-se GS1 Brasil (2004) DataMatrix (2003)/ Segurança do paciente

De 18 a 24 anos* Windows 8 (2012) e Windows 10 (2014) Serviços de streaming Popularização dos smartphones; Rede 4G (2012, no Brasil); Apple Watch (2015); Facebook atinge 1 bilhão de usuários Disco Blu-ray e Smart TV (2010)

Cadastro Nacional de Produtos CNP (2013)/Informação qualificada dos produtos

Fonte: GS1 Brasil

De 25 a 34 anos*

Década de 2010




[PERFIL

Fotos/Imagens: ThinkStock/Divulgação

[

Joias para colecionar Por Ticiana Werneck

Com mais de 30 anos de tradição, a joalheria Pandora, conhecida pelos pingentes que eternizam momentos da vida, tem planos de expansão no Brasil com a abertura de 14 lojas até o final do ano

Rachel Maia, CEO da Pandora Brasil Empresa aproveita oportunidades de expansão por meio de franquias 28 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Seis lojas já foram inauguradas no primeiro semestre: em São Luís (MA), Natal (RN), Vitória (ES), Brasília (DF), Piracicaba (SP) e Fortaleza (CE). Elas seguem o conceito Evolution Store, planejado pela equipe de arqui-

Fotos: Divulgação

Presente em mais de cem países, com dez mil pontos de venda, a dinamarquesa Pandora, conhecida por seus braceletes e pingentes colecionáveis, é uma das maiores joalherias do mundo. Com mais de 30 anos de tradição, a marca está presente no Brasil desde 2009, e aqui já possui 74 lojas-conceito; são 1.800 pelo mundo. Apesar da crise, as vendas das pulseiras de prata que podem ser preenchidas com pingentes colecionáveis, os chamados charms, continuam em alta. Segundo a CEO da Pandora no Brasil, Rachel Maia, os planos de expansão preveem a inauguração de mais 14 lojas até o final de 2016, consolidando, assim, a presença nacional da marca em todas as regiões.


Presença nacional Marca de origem dinamarquesa possui 74 lojas-conceito no Brasil

tetos da Dinamarca para atender o novo perfil de consumidor e sua expectativa em viver uma experiência diferenciada de compra. Esse conceito permite que os clientes circulem livremente pelo ambiente, pois os móveis expositores estão dispostos de uma maneira que proporciona maior sensação de proximidade com as peças. Cada detalhe do projeto contempla o aconchego e a facilidade no manuseio das joias. As franquias da marca continuam com alta visibilidade e, nesse sentido, o Brasil é considerado pela Pandora um mercado promissor. Há poucos meses, a marca se destacou em primeiro lugar na categoria Joalherias e Relojoarias, do 18º Prêmio Lojista Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), que contou com mais de três milhões de votos. A Pandora foi escolhida pelo público consumidor como a melhor da sua categoria. “Há diversos investidores interessados em franquias no Brasil. Temos uma marca forte e é hora de aproveitar as opor-

tunidades”, ressalta Rachel. Formada em ciências contábeis e com curso de especialização em Harvard, ela já atuou na Seven Eleven, Novartis e Tiffany & Co. Hoje, a CEO da Pandora Brasil faz parte do Conselho Geral do Consulado Dinamarquês e Câmara Dinamarquesa, e é membro da Câmara Americana de Comércio. UM POUCO DE HISTÓRIA Fundada em 1982, em Copenhague, na Dinamarca, pelo ourives Per Enevoldsen e sua esposa Winnie, a joalheria se firmou por combinar materiais genuínos e design exclusivo a preços acessíveis. Desde então, a empresa desenha, fabrica, distribui e vende joias com um modelo integrado, que compreende, além das lojas próprias, o e-commerce e as nove mil lojas multimarcas espalhadas pelo mundo. Os hits de vendas, os braceletes e os charms, foram lançados no mercado dinamarquês no ano 2000 e deram amplitude internacional à marca. A

ideia é que, de posse de seu bracelete, cada mulher adicione um capítulo de sua vida com um charm – cada um representando um momento marcante, como um carrinho de bebê, principais pontos turísticos do mundo, animais de estimação, objetos, letras, entre outros. São mais de 600 opções para escolher, combinando as ocasiões especiais da vida. Esse conceito de personalização (crie e combine) é a essência do universo de joias da marca. Além dos braceletes e charms, a linha inclui anéis, brincos e colares trabalhados em prata de lei, ouro 14k, ouro rose, zircônia, pedras naturais e preciosas, couro e tecido. Assim como no segmento de moda, a joalheria segue uma rotina de lançamentos de coleções. A última apresentada pela Pandora tem como tema as flores orientais, reinterpretadas com detalhes inspirados em leques, celebrando a arte antiga do origami. Tons de vermelho carmim e rosa pink dão cor às pedras brilhantes. 7 898357 410015

UMA PEÇA EM HOMENAGEM AO RIO DE JANEIRO A joalheria entrou no clima olímpico e criou um charm em edição limitada, que celebra a Cidade Maravilhosa e exalta um grande ícone nacional. O Charm Pendente Rio de Janeiro traz a silhueta do Pão de Açúcar, cartão postal carioca e patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A peça feita de prata de lei, vendida por R$ 215, busca traduzir o charme carioca e está à venda apenas nas lojas brasileiras e no e-commerce da marca.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2016 29


[INOVAÇÃO

[

Fotos/Imagens: Paulo Pepe/Thinkstock

#vamoscodificar Por Denise Turco

GS1 Brasil promove seu primeiro hackathon com o desafio de criar soluções inovadoras para melhorar a experiência de consumo Inovação é o que todos os profissionais buscam atualmente para se destacar no mercado. Na tentativa de atingir esse objetivo, alguns se lançam numa verdadeira competição para desenvolver, na prática e sob muita pressão, um produto criativo e original em poucas horas. Isso exige muita concentração, esforço e trabalho em equipe. Para muitos, demanda a superação de limites. Nesse clima desafiador, a GS1 Brasil promoveu seu primeiro hackathon nos dias 6 e 7 de agosto. A maratona tecnológica foi realizada na sede da entidade, na capital paulista, das 9h do sábado às 16h do domingo. A proposta era criar uma solução com base nos padrões GS1 para

30 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

melhorar ainda mais a experiência de consumo no dia a dia das pessoas. Dezesseis grupos, com três a quatro componentes, criaram e apresentaram projetos de aplicativos móveis, soluções web e envolvendo Internet das Coisas. Disposição, foco, muitos litros de café e pedaços de pizzas foram necessários para virar a noite “codando”. Mas o evento também teve um clima de festa e não faltaram momentos de descontração e integração entre os participantes, inclusive com sorteios de brindes. A equipe da GS1 Brasil prestou mentoria para apoiar os grupos em relação à aplicação dos padrões e esclarecer dú-


vidas a respeito de tecnologia, marketing e negócios. Os projetos passaram pelo crivo técnico do time organizador, que selecionou dez grupos para continuar na competição. Com as soluções prontas, os finalistas tiveram apenas três minutos para apresentação. Um júri multidisciplinar foi formado por representantes da entidade e especialistas de mercado: a CEO da GS1 Brasil, Virginia Vaamonde; o diretor de inovação e alianças estratégicas da entidade, Roberto Matsubayashi; o diretor de finanças e serviços corporativos, Charles Sampaio; o CEO da Inova Consulting, Luís Rasquilha; e a professora e consultora, Renata Rampim. Os critérios para avaliação dos trabalhos foram: simplicidade, criatividade, impacto (relevância para o mercado), usabilidade/design (fácil uso e design amigável) e monetização (como a solução gera receita).

O grupo vencedor, o Tegra (confira box), ganhou uma viagem com todas as despesas pagas para o HackZurick, um dos maiores hackathons da Europa, realizado em Zurique, na Suíça, de 16 a 18 de setembro. “É importante desenvolver os jovens talentos e dar oportunidade a eles. Todos os grupos se empenharam bastante e os projetos tinham um nível muito bom”, afirmou Virginia Vaamonde. Na visão de Roberto Matsubayashi, o evento surtiu ótimos resultados. “Os participantes estavam muito motivados e nos ensinaram bastante. Considerando o curto tempo de desenvolvimento, os projetos foram muito criativos e funcionais. Vários possuem grande potencial de aplicação”, avaliou. Um hackathon sempre é carregado de intensidade e emoção. “O grande destaque foi a superação dos grupos”, constatou Fernando Tomé, do Circui-

Hackaton em números

51

participantes dos Estados de São Paulo e Minas Gerais

13

grupos com até 4 integrantes

Fotos: Paulo Pepe

Saiba mais 31

horas de programação

Hackaton é uma maratona tecnológica que estimula os participantes a criarem uma solução em um curto espaço de tempo. O desafio já começa ao montar a equipe, que precisa reunir talentos e conseguir fazer uma boa execução do projeto. É necessário identificar um problema da sociedade e resolvê-lo com uma solução tecnológica ou, a partir de uma ideia, desenvolver, em apenas algumas horas, um produto mercadologicamente viável.

16

colaboradores da GS1 Brasil envolvidos

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2016 31


[

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INOVAÇÃO

to Startup, empresa que organiza eventos de empreendedorismo e hackathons no País, inclusive o da GS1 Brasil. De olho nos talentos, um investidor da empresa Aceleratech também esteve presente para dar uma olhada nos projetos. ESFORÇO CONJUNTO O espírito de um hackathon é de aprendizado com os erros e acertos. Nesse sentido, a GS1 Brasil promoveu o evento com o objetivo de

aproximar os padrões globais dos desenvolvedores, que representam a nova geração de empreendedores. “Isso traz benefícios mútuos. Nós entendemos como adequar a forma de apresentar os padrões de acordo com o que os desenvolvedores necessitam. Eles, por sua vez, têm em mãos ferramentas que aceleram o desenvolvimento de suas soluções”, explica Matsubayashi. O evento foi planejado ao longo de um ano, num esforço conjunto de vá-

rios departamentos da entidade. Para entrar no clima do desafio tecnológico, a GS1 Brasil patrocinou, em abril, o Hackathon AngelHack, em parceria com a IBM ThinkLab. Agora, a entidade planeja promover os trabalhos apresentados aos seus associados. “Esperamos que alguns dos projetos encontrem investidores”, diz Matsubayashi. Além disso, a GS1 Brasil pretende dar continuidade ao hackathon, possivelmente em conjunto com outras organizações. 7 898357 410015

Equipe vencedora Gabriel Euclides, 19 anos O caçula do grupo ainda não acreditou que ganhou

Mike Lima, 27 anos Ama muito código

Celso Wo, 26 anos Gosta de tecnologia porque é uma área dinâmica

Fotos: Paulo Pepe

Felipe Bernardes, 24 anos Gosta de trabalhar com experiência de usuário

O grupo que ganhou o hackathon GS1 é formado por quatro amigos, todos desenvolvedores, que trabalham juntos na Tegra, consultoria de TI localizada na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo. Eles levaram cerca de cinco horas para pensar no projeto e o restante do tempo utilizaram para desenvolver um aplicativo, batizado de Pag Farma, destinado à compra de remédios de uso contínuo. A solução permite que o consumidor localize as farmácias de sua região que oferecem os preços

32 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

mais atrativos e compre os medicamentos. A busca do item no app é feita escaneando o código de barras padrão GS1 impresso nas embalagens. As farmácias, por sua vez, expõem seus produtos e ainda podem oferecer descontos e promoções. A inspiração para essa criação veio de uma experiência pessoal de um dos integrantes, o Felipe Bernardes, cuja mãe, depois de passar por graves problemas de saúde, precisa tomar medicamentos de uso contínuo e gasta cerca de R$ 900 por mês.


Projetos finalistas Conheça os trabalhos apresentados pelos grupos que participaram do hackaton da GS1 Brasil

FGGS1 HomeLab

App para verificação de preços nos supermercados

App para contribuir com doações e gorjetas para artistas de rua

Tegra

App colaborativo no qual os consumidores lançam preços e informações dos produtos

TSDJOM App para compra de medicamentos de uso contínuo

KCollector Solução para apoiar a gestão da data de validade de mercadorias vendidas pelo varejo

MainBox App colaborativo que compara preços e opiniões sobre produtos, a partir de dados lançados pelos usuários

Tem Pra Já

Imagem: ThinkStock

Marketplace com foco na venda e doação de produtos próximos da data de validade

DFL Team

App destinado à compra de peças de reposição e itens que precisam de refil

TheVelop App destinado à avaliação de produtos, mostrando, em tempo real, a satisfação dos usuários

Pokémon Solução utilizando o conceito de Internet das Coisas que acompanha a evolução e o valor de mercado do boi com base na RFID

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2016 33


[SUSTENTABILIDADE

[ Imagens: Thinkstock

Vida longa à embalagem Por Flávia Corbó

Conceitos da economia circular podem ser aplicados na criação de opções mais sustentáveis

Quando se fala em sustentabilidade, uma das primeiras palavras que vem à mente é reciclagem. No entanto, não é apenas no momento do descarte de um resíduo que é viável adotar práticas menos danosas ao meio ambiente. Ao longo do processo de produção, transporte e consumo também é importante implementar práticas mais responsáveis. Desse pensamento nasceu o conceito de economia circular, que defende ser mais vantajoso economicamente reutilizar o máximo de vezes possíveis os recursos do que extrair matérias-primas virgens. Para apresentar ao empresariado essa ideia, a Associação Brasileira de Embalagem (ABRE) realizou o estudo “Embalagem e Sustentabilidade – desafios e orientações no contexto da Economia Circular”. Segundo a dire-

34 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

tora executiva da entidade, Luciana Pellegrino, a economia circular, ainda pouco conhecida no País, propõe um novo modelo de negócio, no qual os produtos são desenvolvidos já com a intenção de evitar o desperdício das matérias-primas e energia gastas na produção. “A ideia é que o ciclo de vida seja otimizado, e que o produto ou a embalagem sejam mantidos em circulação pelo maior tempo possível para dar valor aos recursos empregados. E, quando não puderem mais ser utilizados, que sejam reincorporados à cadeia por meio de revalorização ou até mesmo da reciclagem”, define Luciana. O estudo foi realizado em parceria com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), devido ao interesse da ABRE em levar

essa discussão a todos os elos da cadeia, uma vez que a economia circular transcorre por todo processo de produção, comercialização e consumo, até chegar às políticas públicas de descarte. “É fundamental que a indústria não discuta isso isoladamente, mas que debata junto ao poder público e haja uma troca de experiências. É unir as pontas”, justifica Luciana, ressaltando que a discussão se encaixa perfeitamente no âmbito da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que está em fase de implementação no País. OTIMIZAÇÃO Na busca por um modelo produtivo que poupe os recursos naturais, a embalagem é um item fundamental. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), um terço dos alimen-


INTERAÇÃO Para ajudar os profissionais a enxergarem o quão é economicamente vantajoso reduzir a dependência de recursos naturais ao prolongar o ciclo de vida dos produtos, a ABRE desenvolveu o “Jogo do Infinito”. Ao

percorrer o tabuleiro, o empresário consegue, de forma lúdica, fazer um exercício de autoanálise, verificando de que maneira seus produtos trazem consigo os conceitos apresentados no estudo. Os interessados têm fácil acesso ao jogo, que foi lançado juntamente com o estudo da entidade e está disponível para download no site da ABRE (www.abre.org.br). “Com o jogo, é possível perceber quais são os impactos mais relevantes na cadeia e que merecem mais atenção. Ajuda a entender que todas as etapas estão interligadas e que a economia circular exige um processo de melhoria contínua. Novas tecnologias, infraestrutura e mudanças na dinâmica da sociedade permitem trazer inovações e ganhos”, explica Luciana. Os esforços devem vir da união das empresas com o governo. No entanto, o consumidor não pode manter-se alheio. “Ele está no centro desse processo, pois é quem decide a compra e pode favorecer um produto que já traga o conceito de circularidade. Após o uso, é o consumidor quem encaminha o produto para retornar à cadeia de revalorização ou para descarte seletivo”, pontua Luciana. Para incentivar o consumidor a dar um destino correto às embalagens, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou um padrão de simbologia para descartes seletivos, que informa qual a me-

Foto: Divulgação

tos produzidos não é efetivamente consumido, o que gera um prejuízo de mais de US$ 930 bilhões. Parte dessa perda ocorre no campo, outra nas etapas de transporte e no varejo e, por fim, há desperdício nos restaurantes e residências. O desenvolvimento de uma embalagem adequada quanto ao material, tamanho e formato, pode reduzir os impactos ambientais, além de garantir a proteção desejada do produto, prolongando sua vida útil. Para que a embalagem atenda aos conceitos de economia circular é importante trabalhar três pilares. O primeiro é a função, ou seja, entender que a maior parte dos produtos requer um tipo de acondicionamento para evitar que deteriorem, quebrem ou amassem, e cheguem em boas condições de uso ao consumidor. O segundo ponto é a otimização da embalagem, que consiste no uso reduzido de matérias-primas, em um processo produtivo eficiente e em uma logística inteligente. Por fim, o terceiro aspecto é a revalorização, trabalhando aspectos que vão favorecer o retorno da embalagem ao ciclo produtivo, levando em consideração a reciclagem.

Luciana Pellegrino, da ABRE Governo, empresas e consumidores podem otimizar o uso da embalagem

lhor maneira de dispensar cada embalagem após o uso. Motivada pelo impacto positivo que a identificação adequada dos produtos pode gerar em toda a cadeia de abastecimento, a GS1 Brasil enxerga relevância e sinergia no trabalho realizado pela ABRE. “Nesse contexto de economia circular, é fundamental prover uma maior quantidade de informações sobre produtos e embalagens, proporcionando rastreabilidade e compartilhamento de dados entre parceiros comerciais e consumidores”, afirma o gerente de marketing e sustentabilidade da GS1 Brasil, Frederico Coelho, lembrando que, em 2015, a entidade lançou o Programa Sustentabilidade em Código (www.gs1br.org/sustentabilidade), que visa dar caráter estratégico às iniciativas socioambientais que sempre tiveram destaque dentro da corporação.

Imagem: Divulgação

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Aprendizado no tabuleiro De forma lúdica, empresas podem aprender sobre economia circular por meio do jogo disponível no site www.abre.org.br

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[EVENTO

Por Denise Turco e Kathlen Ramos

Evento Brasil em Código, promovido pela GS1 Brasil, apresentou discussões importantes sobre tecnologia, inovação e gestão de pessoas Em sua sexta edição, o evento Brasil em Código - Conferência Internacional da GS1 Brasil, promoveu, no dia 30 de junho, uma tarde com conteúdo enriquecedor, contemplando temas que mostraram novas formas de pensar sobre tecnologia, inovação e gestão de pessoas. Os palestrantes foram escolhidos criteriosamente para estimular essa reflexão, que impulsionou as conversas dos participantes durante os intervalos e o coquetel de encerramento. Realizado no Hotel Unique, em São Paulo (SP), o encontro foi conduzido pelo jornalista Nivaldo Prieto e contou com a participação de mais de 350 convidados, entre executivos de empresas, representantes de

36 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

entidades e membros de órgãos governamentais, a exemplo do diretor do departamento de políticas de comércio e serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Douglas Finardi. Na ocasião, o CEO da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira, ressaltou o papel da entidade, que em mais de 30 anos atingiu a marca de 58 mil associados. Nessa trajetória de sucesso, a organização segue com o papel de disseminar a automação pelo País, promovendo novas parcerias e projetos que possam auxiliar as empresas nesse momento de crise. “O cenário brasileiro deve ser encarado como uma oportunidade. Por isso, abordamos, nesta con-

ferência, a importância da implementação de soluções de automação para aumentar a eficiência dos processos operacionais e também o desempenho financeiro das empresas”, disse Oliveira. Com a automação no DNA do evento, os convidados puderam experimentar os óculos de realidade virtual e conhecer as dependências do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT). Este espaço, localizado na sede da GS1 Brasil, mostra a aplicação prática de soluções e padrões que podem ajudar toda a cadeia de suprimentos. Acompanhe, a seguir, os principais momentos da conferência e as mensagens dos palestrantes.

Fotos: Paulo Pepe

Inovação é a chave para o crescimento


PANORAMA E TENDÊNCIAS DE AUTOMAÇÃO

Miguel Lopera,

presidente da GS1 Global

O presidente da GS1 Global, Miguel Lopera, enfatizou a importância das empresas atenderem às exigências do omnichannel, conceito que preconiza a integração entre lojas físicas e virtuais. Para o executivo, as companhias precisam se desenvolver com foco no consumidor, que deseja ter a mesma experiência de compras em todos os canais. “O mundo está no século do consumidor. Portanto, as empresas, sejam da indústria ou do varejo, que não se adaptarem a esse movimento, irão falhar”, alertou. Lopera, que é espanhol, consolidou sua carreira como executivo da P&G, onde atuou por 24 anos na Europa, e está na GS1 desde 2003. ATUAÇÃO MUNDIAL Lopera reforçou o papel da GS1, que atua como uma organização sem fins lucrativos, com 112 organizações-membro. A entidade auxilia as empresas a consolidarem seus negócios por meio de códigos e padrões. Os resultados são marcantes, já que os código de barras são digitalizados mais de 5 bilhões de vezes por dia no mundo. NECESSIDADE DE MUDANÇAS Para o executivo, é preciso repensar a cadeia de valor, já que hoje, com a internet e a grande quantidade de informações disponíveis, as pessoas estão mais conscientes na hora de comprar. Portanto, é fundamental criar ações com foco no consumidor e negócios omnichannel. Nesse sentido, a adoção de padrões globais da GS1 torna-se essencial, já que os produtos ganham visibilidade e informações únicas em todos os canais.

INFORMAÇÕES PRECISAS A confiabilidade de dados e a facilidade de encontrar os produtos na internet são fundamentais para uma boa experiência de compras no mundo digital. No entanto, a realidade mostra-se bem diferente. Segundo Lopera, pesquisas indicam que 45% dos produtos não estão disponíveis na busca, e que, em 20% dos casos, quando estão acessíveis, os dados estão incorretos. Esses números vão na contramão das expectativas do consumidor, já que 73% deles consideram importante ter informações confiáveis. SOLUÇÕES DIGITAIS O executivo falou sobre alguns projetos e metas globais da GS1 que auxiliam as empresas a consolidarem seus negócios por meio dos padrões. A entidade está desenvolvendo soluções como o GS1 Source, que contribui com o compartilhamento de dados confiáveis sobre os produtos no e-commerce, e o GS1 SmartSearch, com projeto piloto no Brasil, que permite aos desenvolvedores de web a inclusão padronizada e estruturada de itens nas páginas de internet. FOCO NA SAÚDE A área da saúde também ganhará reforços nos projetos da GS1, a exemplo do Unique Device Identification (UDI), sistema utilizado para identificar, de maneira única, os dispositivos médicos na cadeia de cuidados de saúde. Está prevista, ainda, a extensão do projeto Imagine, cujo objetivo é ampliar o envolvimento dos profissionais que atuam em hospitais e farmácias para o uso dos padrões GS1.

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INOVE OU MORRA TENTANDO

Gustavo Caetano, CEO da Samba Tech

O mineiro Gustavo Caetano fundou a Samba Tech há seis anos, iniciando os trabalhos como uma start-up. Hoje é líder em soluções para vídeos on-line na América Latina. A empresa, que já recebeu aporte financeiro de investidores, apresenta resultados acima da média do mercado. “Em 2015, crescemos 180% e, neste ano, com a situação ruim, a meta é crescer entre 120% e 140%”, diz o executivo. O desempenho da Samba Tech rende muitos convites para Caetano dar palestras em todo o mundo, como no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e na NASDAQ, mostrando como desenvolver uma companhia inovadora e de rápido crescimento em um País onde a maioria dos negócios está focado em bater a meta do trimestre. ATENÇÃO ÀS OPORTUNIDADES Conhecendo a carreira de Gustavo Caetano, é possível vislumbrar a importância de se estar atento às oportunidades e ousar. Aos 19 anos, quando estava na faculdade, ele percebeu que desenvolver joguinhos para celular poderia ser um negócio favorável. Diante de uma demanda ainda não preenchida no Brasil na época, ele firmou parceria com uma companhia europeia e conseguiu oferecer mais de 2 mil jogos no mercado nacional. Com essa empreitada, Caetano fechou negócio com todas as operadoras de telefonia que atuam no País e América Latina para fornecer os games. HORA DE SE REINVENTAR A Samba Tech colhia resultados muito interessantes com os jogos, porém, Caetano verificou, em um prazo curto, os primeiros sinais de que a empresa estava perdendo valor, uma vez que seus clientes pediam para renegociar os contratos. A partir daí, aprendeu uma lição que gosta de compartilhar: os fatores que levam uma organização ao sucesso hoje, não garantem resultados positivos para sempre. Por isso, é preciso se reinventar. Assim, o empreendedor decidiu investir na área de vídeos on-line e desenvolveu uma plataforma para grandes empresas. Com essa ideia, rapidamente, oito das dez maiores emissoras de TV nacionais se tornaram clientes da Samba Tech.

38 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

CONCORRÊNCIA DE TODOS OS TAMANHOS O executivo chamou a atenção para o fato de que, hoje, é comum ver pequenas empresas ou start-ups – com poucos funcionários, mas muita agilidade e inovação – se destacarem, modificando os modelos de negócios tradicionais e ameaçando o reinado de grandes corporações. No mercado de vídeos, um exemplo dessa realidade é o advento da Netflix e o fim do modelo da Blockbuster. Esse cenário decorre de uma importante transformação: a informação, que antes era restrita, tornou-se acessível a todos. Além disso, o consumidor está muito mais aberto à experimentação. Um exemplo é o WhatsApp, que nunca investiu em publicidade, mas já conta com 1 bilhão de usuários. MELHORANDO A VIDA DAS PESSOAS Não basta ser inovador ou achar que a solução encontrada pela sua empresa, num determinado momento, não pode ser aprimorada. Para trazer resultados, é fundamental que os empresários estejam em contato com seu público e questionem sobre como estão melhorando a vida das pessoas com a sua inovação. Um exemplo é avanço do GPS. Muitos não imaginavam como melhorar essa ferramenta até que surgiu o aplicativo Waze que, além do localizador, alerta o condutor sobre o tráfego nas vias. Essa proposta fez a empresa tornar-se a maior do mundo na sua área.


VMI REDES DE VAREJO

Fábio Saldanha, diretor nacional de logística off trade da Ambev

O diretor nacional de logística off trade da Ambev, Fábio Saldanha, é formado em engenharia e possui MBA em marketing e em finanças. Desde 2001 trabalha na companhia, onde atuou em diferentes áreas. Hoje, a empresa fatura US$ 148 bilhões de dólares/ano e possui mais de 200 marcas de cerveja comercializadas no mundo. No Brasil, opera com 31 fábricas, 37 centros de distribuição e 32 mil colaboradores. Saldanha contou sobre os resultados do novo projeto de abastecimento do varejo em parceria com redes supermercadistas.

MUDANÇA DE PARADIGMA Para otimizar o abastecimento do varejo, desde 2002 a Ambev utiliza EDI (troca eletrônica de dados) para receber os pedidos das lojas. Mas, com os problemas frequentes de falta de produtos nas gôndolas do varejo (ruptura) e altos estoques, a empresa percebeu que precisava criar um processo mais eficiente. Assim, em 2013, a companhia iniciou um projeto que mudou o modelo de abastecimento antes focado em sell in (vendas para os canais de vendas – varejistas, distribuidores) para sell out (venda para o consumidor final). PROJETO INOVADOR A partir dessa visão, a Ambev implementou o VMI (Vendor Management Inventory), ferramenta que auxilia no planejamento da produção, gerenciamento dos estoques e cria uma sugestão automática de produtos a serem vendidos no varejo. O VMI faz a previsão de demanda futura com base no histórico de vendas ao consumidor final, utilizando mais de 30 algoritmos, indicando o mix adequado de produtos e a quantidade certa para a loja. A Ambev utiliza o padrão EAN, da GS1, para troca de informações com os varejistas.

GESTÃO COMPARTILHADA Com uma proposta colaborativa, o projeto piloto foi realizado com a rede de supermercados Pague Menos, do interior de São Paulo, com resultados positivos. De 2014 a 2016, a rede diminuiu em 43% a ruptura nas gôndolas. Além disso, 95% das sugestões de produtos que a Ambev faz, o varejista aceita de forma automática via sistema. A Pague Menos teve ainda redução de estoque e fez mudanças no mix, com a inclusão de itens premium e mais rentáveis. Assim, o aumento das vendas da rede foi de 39%. APRENDIZADO E OPORTUNIDADES “O projeto em conjunto com a Pague Menos mostrou que é possível estabelecer uma relação de confiança entre as empresas, compartilhando informações de estoque e venda de maneira padronizada”, ressaltou Saldanha. Além disso, com o VMI não há mais a concentração de pedidos no final do mês, prática comum no mercado, pois a ferramenta calcula a previsão de demanda. Em 2015, a Ambev expandiu o projeto com outros supermercadistas: a Coop (SP) e a Unidasul (RS). Em 2016, o plano é ampliar o VMI para mais dois varejistas médios e um grande varejista nacional.

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INOVAÇÃO, PESSOAS... TUDO NO MESMO BEAT Com ampla experiência no mercado de tecnologia e internet, o CEO do Walmart.com Brasil, Paulo Sérgio Silva, que também é guitarrista da banda Soul Good, traçou um paralelo entre música, inovação e gestão de pessoas. O executivo engaja a equipe a partir de fóruns de trabalho nos quais todos podem contribuir com suas ideias. Assim, a empresa consegue criar produtos, serviços e processos inovadores com foco no consumidor (leia mais na entrevista com o executivo na página 14).

Paulo Silva, CEO do Walmart.com Brasil

MÚSICA E GESTÃO Uma banda de música tem grande similaridade com o dia a dia de uma empresa. Cada integrante toca seu instrumento e têm preferências musicais distintas, mas todos tocam a mesma canção. Nas corporações, o grande desafio é, justamente, unir os diferentes departamentos para que todos sigam na mesma direção e em harmonia. Isso porque a falta de conexão entre as áreas gera barreiras à inovação nas empresas.

LIDERANÇA E INOVAÇÃO É papel do líder criar ambientes multidisciplinares e estimular a inovação entre a equipe. Assim, para se aproximar ainda mais dos colaboradores e diminuir a ansiedade, especialmente dos mais jovens - que têm a sensação de estarem sempre atrasados em relação às novas tecnologias – o executivo criou o “consultório do Paulão”, um espaço sem paredes e com poltronas confortáveis onde qualquer funcionário pode bater um papo com o CEO da empresa.

RESPONSABILIDADE DE TODOS Como gerar insights e inovar em uma organização ou em uma banda? O CEO adotou uma metodologia no Walmart.com na qual todas as pessoas são responsáveis por inovar. Há fóruns nos quais os departamentos contribuem com novos projetos e a empresa cria um ambiente despojado que estimula as ideias de maneira mais democrática. “Essa experiência, assim como na música, é o que faz a diferença na produtividade. Isso nada mais é do que ritmo, dedicação e muito treinamento”, disse Silva.

FUTURO DO E-COMMERCE Na visão do executivo, há 20 anos o comércio eletrônico no Brasil funciona no mesmo formato, com base nas plataformas tradicionais, especialmente em relação à estrutura de logística e transportes. No entanto, o negócio digital requer agilidade e custos ainda mais baixos que o modelo de varejo convencional. Portanto, na opinião de Paulo Silva, é necessário repensar a supply chain. Uma solução seria o compartilhamento das estruturas, especialmente dos armazéns, entre o varejo e a indústria a fim de atender melhor o consumidor.

Presença global Miguel Lopera (esq.) ao lado de Lisa Sandberg e Robert Beideman, executivos da GS1 Global

40 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Troca de experiências João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 Brasil, e Virginia Vaamonde, CEO da entidade, durante o evento


PAINEL UNECS: COMO AS EMPRESAS E OS SETORES PODEM SUPERAR O MOMENTO ATUAL A União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) representa sete entidades de expressão nacional: ABRAS (setor de supermercados), ABAD (atacadistas e distribuidores), CNDL (dirigentes lojistas), ANAMACO (materiais de construção), ALSHOP (lojistas de shopping), ABRASEL (bares e restaurantes), e CACB (associações comerciais). Essas organizações decidiram se unir e ter mais voz nas decisões políticas nacionais. Juntas, elas movimentam R$ 885,9 bilhões, geram 21% dos empregos formais e representam 15% do Produto Interno Bruto (PIB). O painel mostrou que é preciso de iniciativas de curto prazo para o País voltar a crescer. PROPOSTAS PARA O DESENVOLVIMENTO Na visão de Honório Pinheiro, presidente da CNDL e representante da UNECS na ocasião, a criação dessa entidade foi um avanço, porque uniu o setor de comércio e serviços para reivindicar mudanças junto ao governo federal. As sete principais demandas pelas quais esse grupo trabalha são: simplificação tributária, reforma trabalhista, reforma previdenciária, desburocratização, meios de pagamento, controle de impostos, e plano diretor dos municípios. Pinheiro acredita que a UNECS pode ajudar a construir mais reflexões e resgatar as crenças para construir um Brasil novo. Honório Pinheiro, presidente da CNDL DEBATE POLÍTICO O deputado federal Rogério Marinho (PSDB) é presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio, Serviços e Empreendedorismo (CSE), que conta com o apoio de senadores e deputados federais. Durante o evento, Marinho destacou que um dos principais pontos para o País sair da crise econômica é a modernização da legislação trabalhista, que precisa contemplar as atividades econômicas e empresariais que surgiram nos últimos tempos. O deputado aposta em uma visão otimista para 2017 e fez um apelo para que empresários e sociedade civil cobrem mais das autoridades por uma educação de qualidade e por uma reforma política.

Rogério Marinho, deputado federal

Networking Da esq. p/ dir.: Wanderlei Saraiva e José Humberto

Pires, vice-presidentes da GS1 Brasil; Honório Pinheiro, da CNDL; e José do Egito, da ABAD

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[TENDÊNCIA

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Alimento seguro Da Redação

Quem sofre de algum tipo de alergia pode alimentar-se de uma maneira mais segura a partir de agora. No último dia 3 de julho, entrou em vigor a RDC 26/2015, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), determinando que as indústrias informem nos rótulos, obrigatoriamente, a presença de 17 ingredientes considerados alergênicos: trigo (centeio, cevada, aveia, entre outros), crustáceos, ovos, peixes, amendoim, soja, leite de todos os mamíferos, amêndoa, avelã, castanha de caju, castanha do Pará, macadâmia, nozes, pecã, pistaches, pinoli, castanhas, e látex natural. Pela norma, as indústrias tiveram 12 meses para fazer o mapeamento da cadeia produtiva e a mudança nos rótulos. Os fabricantes também podem declarar nos rótulos, de forma voluntária, outros alergênicos não estabelecidos na lei. Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI), cerca de 8% das crianças e 5% dos adultos têm algum tipo de alergia alimentar, que pode causar desde vômito, urticária, inchaço e dor abdominal, até choque anafilático. Em alguns casos, o único tratamento possível é evitar o consumo dos alimentos alérgenos. Vivendo diariamente dificuldades na alimentação,

várias famílias se uniram e criaram, em 2014, o movimento Põe no Rótulo, com o objetivo de conscientizar a população para a necessidade da rotulagem destacada de alimentos mais alergênicos. Com uma atuação marcante, o grupo levou a demanda para a ANVISA, que iniciou a discussão de um projeto de lei. “Como resultado, a criação da legislação prova que o consumidor tem uma força muito grande para exigir seus direitos”, avalia a advogada e uma das coordenadoras do Põe no Rótulo, Fernanda Mainier Hack. Em nota divulgada em 7 de junho, a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), informou que cerca de 65% do portfólio de alimentos oferecidos pelas empresas associadas já estava em conformidade com a resolução, demonstrando o comprometimento dos fabricantes. A norma em questão está alinhada às tendências mundiais da área de segurança do alimento. Nos países da União Europeia, desde 2003, os fabricantes de produtos alimentícios indicam nos rótulos a presença de ingredientes que provocam alergias ou intolerâncias, conforme a Diretiva 2003/89/CE. Em 2011, com o intuito de uniformizar a rotulagem dos alimentos, foi aprova-

Foto: Thinkstock

Tecnologia ajuda empresas a disponibilizarem informações sobre a composição dos produtos

do o Regulamento (UE) 1169/11, que trouxe novas regras, como a obrigatoriedade de declarar os alérgenos nos alimentos processados, bem como naqueles vendidos em restaurantes e cafés. Nos Estados Unidos, o FDA, órgão do governo responsável por controlar alimentos e medicamentos, criou, em 2004, uma lei que rege a rotulagem de ingredientes que causam alergia (FALCPA, na sigla em inglês). TECNOLOGIA Independentemente da legislação, as empresas podem, por meio da tecnologia, disponibilizar informações sobre a composição de seus produtos e, assim, auxiliar o consumidor em decisões de compras mais adequadas às suas necessidades. A GS1 Brasil está trabalhando para lançar, em breve, novas funcionalidades da ferramenta Cadastro Nacional de Produtos (CNP). Com esta solução, as empresas poderão cadastrar, por exemplo, dados padronizados de ingredientes dos seus produtos, incluindo alergênicos e informações nutricionais. Essas informações poderão ser, futuramente, acessadas, com a autorização da empresa, no portal da GS1 Brasil e por meio de aplicativos móveis autorizados. 7 898357 410015

42 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]



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[RECURSOS HUMANOS

Fotos/Imagens: Thinkstock/Divulgação

Muito além do básico

Por Juliana Jadon

Conceder benefícios que surpreendam positivamente os colaboradores pode estimular o bom desempenho da equipe e, consequentemente, render ótimos resultados O que empresas como Google, Amazon e Zappos (e-commerce, cujo fundador, Tony Hsieh, inspira empreendedores de todo o mundo) têm em comum para conquistarem a fama e o topo de rankings que avaliam as melhores empresas para se trabalhar? A resposta é simples, no entanto, chegar a ela é tarefa mais complexa. Essas companhias entregam aos colaboradores um item muito relevante: a felicidade. Mas como alcançar tal feito?

44 jul/ago/set 2016 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Horários flexíveis, escritórios descolados, jogos espalhados pela empresa e comida à vontade são fortes ingredientes. Segundo um estudo realizado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER), em conjunto com a consultoria especializada em remuneração e benefícios Hays, apenas 20% dos candidatos estão interessados no valor do salário. Para 80% deles são os recursos não financeiros que os mantêm na


Fernando Barbieri, do IBMEC/RJ Com a concessão de benefícios, a empresa passa a ser desejada pelos profissionais

companhia ou os fazem considerar uma nova proposta. Essa é uma das razões que explica porque, anualmente, cerca de dois milhões de pessoas tentam uma vaga de trabalho no Google. O modelo de como a empresa lida com os colaboradores é referência e tem sido seguido por outras corporações que querem criar diferencial no mercado, de acordo com o consultor de negócios e coordenador da pós-graduação de Gestão por Processos do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC/RJ), Fernando Barbieri. “Comida do tipo gourmet grátis, academia 24 horas, aulas de ioga, médico e cabeleireiro no local de trabalho, serviço de lavagem a seco, piscina. Essas são apenas algumas das regalias que o Google, e várias outras empresas, oferecem a seus empregados. Essas ofertas têm uma meta: atrair e preservar os melhores trabalhadores”, ressalta. Para o especialista, vale a pena apostar neste tipo de incentivos e benefícios, que não são obrigatórios por lei. “Além de reter talentos, é possível desenvolver o sentimento de orgulho nos funcionários em atuar na organização. A empresa passa a ser desejada pelo mercado, aumentando a quanti-

dade de pessoas nos processos seletivos”, afirma. Neste panorama, não importa o tamanho da empresa, na opinião do professor do MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira. “Qualquer organização pode desenvolver um programa de benefícios adequado ao seu porte e lucratividade. O importante é que o programa se torne um elo de atração e de retenção de talentos”, aponta. Segundo Teixeira, qualidade de vida é trabalhar onde se sente bem, com transparência nas relações internas, equilíbrio econômico e criatividade. “Isso faz parte do resultado de uma política de benefícios eficaz”, resume. SIGA OS EXEMPLOS Diversas empresas atuam no Brasil de forma exemplar, de acordo com Barbieri, do IBMEC/RJ. Na consultoria Accenture, durante o verão, o último dia útil da semana termina às 12h30. Já na Monsanto, o funcionário pode encerrar o expediente às 15h toda sexta-feira, desde que trabalhe um pouquinho mais nos outros dias da semana. Algumas companhias saem na frente no zelo pelos profissionais que se

tornam pais e mães. Para o empregado que acabou de ter filho, o Google dá uma verba para gastar com alimentação. O Laboratório Sabin concede um salário mínimo para ajudar nas despesas extras desse período. Na Eurofarma e na Unilever, casais homossexuais conseguiram licença-maternidade de seis meses após adotar uma criança. Algumas companhias, como Magazine Luiza, Basf, Accenture, Cielo e DuPont também, apresentam benefícios para parceiros do mesmo sexo, segundo Barbieri. A Volvo oferece um plano de carreira no qual, todos os anos, os funcionários preenchem um Personal Business Plan, conhecido como PBP. “Junto com o chefe, o colaborador preenche as suas metas e objetivos. Aponta se quer continuar naquela unidade ou se pretende ir para outro país”, explica Barbieri. Já na Ourofino, que atua no setor de agronegócio e saúde animal, uma vez por semana, os funcionários saem com

Divertido e vantajoso Ao redor do mundo, Google é referência com escritórios descolados e benefícios concedidos Fotos: Divulgação

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RECURSOS HUMANOS

a feira pronta. É que a empresa doa frutas, verduras e legumes provenientes da sua própria fazenda e do Ceasa. É o chamado kit horta. Barbieri conta que uma prática, ainda rara no mercado, é a do benefício flexível, que permite ao funcionário compor a própria cesta de benefícios, de acordo com a verba que recebe da companhia. “Já seguem esse modelo empresas como Selbetti, DuPont, Marelli e SAP Labs”. FAZENDO A DIFERENÇA Com mais de 4,2 mil colaboradores no Brasil, a Basf é uma das companhias que mais apostam em ampliar o leque de benefícios. “As campanhas e programas são embasadas em pesquisa de satisfação realizadas com os colaboradores, tendências de mercado, inovações e ações alinhadas à estratégia da empresa”, descreve o gerente sênior de remuneração e benefícios da Basf para a América do Sul, Fernando Veloso. Em 2013, a empresa definiu uma estratégia para a América do Sul, na qual a gestão de pessoas é o foco. “Pretendemos contratar aproximadamente dez mil colaboradores na região até 2025, gerando 1.250 novos postos de trabalho”, conta o executivo. Os colaboradores têm a opção de fazer home office ou podem trabalhar algum dia em qualquer unidade da companhia, de acordo com as possibilidades da área. Outra alter-

nativa é compensar as horas para ter um meio período de folga, o que lhes permite ter flexibilidade no horário e local de trabalho. Nos escritórios e fábricas, a empresa oferece alimentação saudável e equilibrada, com opções light e vegetariana. Nas unidades produtivas são oferecidos ônibus fretados, sem custo adicional. Além do vale-transporte, a Basf estimula a carona solidária. Disponíveis para todos os colaboradores, estão os treinamentos e-learning e os presenciais. No fim do ano, filhos de funcionários, de até 12 anos, são presenteados com brinquedos. A Basf possui, ainda, o Programa de Desenvolvimento do Colaborador, processo formal de desenvolvimento com as diversas possibilidades de carreira na empresa. OS MAIS VALORIZADOS Entre os inúmeros benefícios que uma empresa pode oferecer, para 74,6% dos brasileiros, a assistência médica é o mais importante em uma oferta de emprego. Já para 57,2%, a participação nos lucros é o ponto mais relevante. Vale-alimentação e refeição completam a lista dos quatro principais benefícios, segundo a Pesquisa dos Profissionais Brasileiros da Catho, que traça um panorama sobre contratação, demissão e carreira no País. “Muitos profissionais buscam, além da estabilidade, a possibilidade de conquistar ascensão de car-

Fotos: Divulgação

Feito para o colaborador O B Place, centro de conveniência da Basf, busca valorizar o bem-estar do funcionário

reira dentro da empresa e depois o auxílio à educação, possibilitando qualificação e desenvolvimento profissional”, afirma a assessora de carreiras da Catho, Juliana Pereira. Os benefícios mais almejados, no entanto, variam de acordo com o perfil do colaborador. Em pesquisa realizada em 2015 pela Basf para verificar a percepção e a importância dos benefícios, os funcionários deram maior destaque ao plano de assistência médica e seguro de vida. “Se estivermos tratando de um programa apenas para altos executivos de companhias grandes, as expectativas serão bem parecidas. Mas em relação a todo quadro funcional, elas podem variar bastante”, diz Teixeira, da FGV. Empresas de tecnologia, segundo ele, costumam recrutar e selecionar pessoas com um perfil profissional que difere daquele buscado por organizações dos setores tradicionais. Em momentos de baixo crescimento econômico e de ameaça de desemprego, os benefícios mais valorizados são aqueles que se traduzem em ganhos financeiros imediatos, em aumento de receita e em redução de gasto ou despesa. “Nesses períodos, como o que estamos vivenciando agora, as participações em resultados e os planos de saúde extensivos aos membros das famílias crescem em atratividade quando comparados com bônus de participação acionária, por exemplo”, diz Teixeira. 7 898357 410015

46 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


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[RECURSOS HUMANOS

Momento de reflexão Por Juliana Jadon

Aquele velho ditado de que é melhor prevenir do que remediar está mais atual do que nunca. Os mais diversos acidentes de trabalho e problemas de saúde, muitas vezes, são imprevisíveis. Mas quando acontecem, podem representar um grande problema para as organizações e funcionários. Nesse sentido, iniciativas que contribuam para a sua redução são muito bem-vindas, a exemplo da Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT). Esta é uma ocasião na qual são abordados, de maneira preventiva, temas relacionados à segurança, saúde e qualidade de vida no ambiente corporativo. Os objetivos são: estimular a reflexão sobre as principais causas dos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, e estimular os colaboradores a pensar formas eficazes de prevenção. A SIPAT deve ser organizada pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), formada por membros indicados pelo empregador e eleitos pelos trabalhadores. O ideal é definir um tema central, considerando as atividades desenvolvidas pela empresa, que servirá como uma diretriz para organizar uma semana bastante produtiva. A legislação trabalhista não especifica o tamanho da companhia

nem a quantidade de funcionários necessária para organizar a SIPAT. No entanto, conforme a interpretação da norma, esse evento pode ser considerado obrigatório. De acordo com a coordenadora do mestrado em administração do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC/RJ), Lucia Barbosa de Oliveira, para a eficácia de uma SIPAT é importante definir atividades que sejam atrativas para o colaborador, incentivando a sua participação. “Palestras, atividades interativas e motivacionais podem ser eficazes. Jogos, gincanas, teatro e brincadeiras são outras boas opções”, completa Lucia. Também é necessário medir os resultados das ações propostas, que podem ir muito além da prevenção. “Na medida em que aumentam a qualidade de vida e a segurança do trabalhador, ganhos de produtividade e melhores resultados podem surgir como consequência”, analisa o professor das faculdades de administração e engenharia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), José Eronildo Cruz. SEMANA AGITADA A GS1 Brasil promove a SIPAT há vários anos, intensificando suas ações desde 2014. Neste ano, o evento, como

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É preciso engajar os colaboradores para promover uma Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT) de sucesso

sempre ocorre, contou com o engajamento dos colaboradores. “Desenvolvemos a SIPAT com o intuito de chamar atenção aos riscos que estamos expostos, mesmos que mínimos, durante as rotinas diárias, além de ressaltar os valores corporativos”, conta o coordenador de processos da GS1 Brasil, Rodrigo Ignácio. Foram realizadas atividades como palestras, dinâmicas de grupo, intervenções nos locais de trabalho e materiais informativos. Em uma das ações, um profissional vestido de freira, ao som da música “Oh! Happy Day”, remetendo ao marcante filme Mudança de Hábito , com a atriz Whoopi Goldberg, ministrou uma divertida aula sobre a importância da adoção de comportamentos seguros em prol de um estilo de vida mais ativo e saudável. A SIPAT serve como um convite às pessoas a relembrarem ações que já conhecem, mas que, na correria do dia a dia, deixam de priorizar a segurança. E a sua empresa, já está incentivando a adoção de melhores hábitos? 7 898357 410015

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[GESTÃO

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Imagem:Thinkstock

Combate ao desperdício

Por Flávia Corbó

Pesquisa mostra que o segmento de supermercados diminui as perdas, porém ainda há espaço para melhorias Em 2015, os supermercados brasileiros deixaram de faturar R$ 6,19 bilhões, o equivalente a 1,96% dos ganhos brutos do setor, devido aos prejuízos provocados pelas mais variadas razões, como quebras operacionais, furtos e erros de inventário. O dado consta na 16ª Avaliação de Perdas no Varejo Brasileiro, realizada anualmente pela Associação Brasileira de Supermercado (ABRAS) com o intuito de

1,96% foi o índice de perdas nos supermercados em 2015, considerando o faturamento bruto 48 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

mostrar a importância de se investir na melhoria dos processos e controles no setor. O estudo foi divulgado durante o IV Fórum ABRAS de Prevenção de Perdas, realizado em agosto, no auditório da GS1 Brasil, em São Paulo (SP). Na ocasião, varejistas de todo o País reuniram-se para acompanhar palestras e cases da área. Na atual edição do estudo, foram entrevistadas 302 empresas filiadas à ABRAS que, juntas, operam mais de 4,3 mil lojas no País e somam um faturamento de R$ 79 bilhões (25% do ganho total do setor). A pesquisa mostra alguns avanços. Em 2013, por exemplo, 61% dos supermercados tinham um departamento dedicado à prevenção de perdas, percentual que saltou para 66% em 2015. “Ainda temos um espaço grande para trabalhar. É importante a difusão do conceito e criação da cultura de prevenção de perdas”, avalia o coordenador do Comitê ABRAS de Prevenção de Perdas, Marcos Manéa. O investimento por parte das empresas na melhoria de processos já deu resultado. De 2014 a 2015, o índice de perdas, considerando o faturamento líquido, caiu de 3,15% para 2,26%, quase 1% na comparação entre as mesmas empresas respondentes de um ano para o outro. As principais causas do problema também são detalhadas no levantamento. O maior volume das perdas (35,85%) ocorre devido


Fotos: Nicola Labate

Marcos Manéa, da ABRAS Criação da cultura de prevenção de perdas gera resultados positivos para o setor

a quebras operacionais, seguida de furtos externos (20,05%) e erros de inventário (11,15%). Quando se trata de quebra operacional, os produtos com validade vencida representam 17,81% das perdas identificadas. Nesse aspecto, as dificuldades se concentram entre as mercadorias perecíveis. Itens de padaria, peixaria, açougue e frutas, verduras e legumes respondem, juntos, por 70% do volume total das perdas. “Além da possibilidade de roubo, os perecíveis correm riscos quanto à manipulação e processos. Na refrigeração, por exemplo, uma máquina pode quebrar e gerar um prejuízo enorme”, exemplifica Manéa. Já na avaliação financeira, os itens que merecem maior atenção são: carnes

(28%), bebidas (21%), eletrônicos (17%), perfumaria (16%), doces (8%) e laticínios (3%). Esses produtos têm maior valor agregado e, por isso, contribuíram negativamente para os resultados dos supermercados no ano passado. SOLUÇÕES EM VISTA As empresas consultadas têm consciência de que a maior parte do problema está ligado às falhas internas de operação. Por isso, melhoraram o investimento em treinamento dos colaboradores. Em 2014, 52% dos entrevistados afirmaram que estavam em busca de aprimorar a capacitação dos funcionários. Em 2015, o índice subiu para 76%. O mesmo ocorreu com a definição clara de metas. Segundo a pesquisa, 73% das empresas estabele-

CAUSAS DAS PERDAS NOS SUPERMERCADOS Fornecedores Erros administrativos

Quebra operacional

Outros ajustes

Furto interno

Erros de inventário Fonte: ABRAS

Furto externo

ceram objetivos de melhoria, contra 45% em 2014. A adoção de processos mais cuidadosos também se mostra outra solução apontada pelos supermercadistas. Nesse sentido, a rastreabilidade surge como importante aliada para minimizar erros operacionais e prejuízos. Para mostrar esses ganhos, o assessor de soluções de negócios da GS1 Brasil, Edson Matos de Lima, foi convidado a apresentar cases de sucesso durante o evento. Um exemplo é o do Grupo Pão de Açúcar, que fez a implantação do GS1-128 e padronização da identificação com o apoio da entidade. Com o uso desse código, a companhia aumentou a velocidade da leitura das etiquetas das caixas nos Centros de Distribuição (CDs), e melhorou a rastreabilidade dos produtos. Já com a rede DIA%, a GS1 Brasil desenvolveu um projeto de automação de recebimento, movimentação e expedição de cargas logísticas com o uso da tecnologia de identificação e captura de informação com códigos de barras padrão GS1. Com o novo modelo, o tempo médio de recebimento de mercadoria no CD caiu de 30 para 12 minutos, uma redução de 60% no tempo gasto nessa etapa. “Os cases mostram os benefícios de automatizar os CDs. Com o uso dos padrões GS1, os varejistas conseguem saber data de validade, número de lote, entre outros, e inserir essas informações no sistema de forma automática. Esses dados são essenciais para o controle da validade e destino da mercadoria, entre outras facilidades”, destaca Lima. 7 898357 410015

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[PERDAS & GANHOS

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Por Denise Turco

Leonardo de Matos, autor do livro Quebrei – Guia politicamente incorreto do empreendedorismo, conta os erros cometidos na gestão de sua empresa para ajudar futuros líderes Leonardo de Matos, 40 anos, de São José do Rio Preto (SP), sempre teve espírito empreendedor e muitas ideias para colocar em prática. Pena que a maioria não deu certo. Na contramão do que se vê no mundo corporativo, ele decidiu compartilhar seus erros no livro Quebrei – Guia politicamente incorreto do empreendedorismo (Alta Books), lançado há cerca de um ano, para ajudar outros empresários a não cometerem as mesmas falhas de gestão. Recentemente, começou a fazer palestras em universidades e associações comerciais para falar do assunto. “Sou contra quem defende que é preciso fracassar para aprender, porque muita gente fracassa e não consegue voltar. Eu estou dando a volta por baixo, porque dar a volta por cima está difícil (risos)”, diz. Apesar do bom humor, ele ressalta que não foi fácil escrever o livro e, o pior, continuar com as dívidas geradas pelos sucessivos erros como empresário. Como ele chegou ao fundo do poço? Matos conta que seu avô era um rico empresário e tinha um grande patrimônio, mas muitas pendências financeiras. Os bens que sobraram foram divididos entre as filhas. A mãe

50 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Imagens: Thinkstock

Gestão sem ilusão

de Matos herdou um hotel em São José do Rio Preto, repleto de dívidas, que foram pagas com muito esforço ao longo de dez anos. “Já meu pai, ora estava rico, ora quebrado. Minha mãe é que dava estabilidade em casa, porque, na época, era professora da rede pública e privada de ensino”. Aos 16 anos, ele começou a trabalhar no hotel da família. Depois de um tempo, economizou R$ 6 mil e, em 2003, decidiu abrir a própria confecção de moda masculina, sem planejamento algum. Comprava a matéria prima, terceirizava a produção, mas embalava, vendia e entregava sozinho. Conseguia pagar os fornecedores à vista e, assim, tocava o negócio, que funcionava no porão do hotel – sem custo com o aluguel. Em 2006, casou-se e transferiu a sede da confecção para a própria casa. Naquela época, o empreendimento ia de vento em popa. Matos e a esposa decidiram trabalhar juntos e contrataram um estilista, vários funcionários e representantes para vender em 24 Estados do País. O passo seguinte foi abrir uma loja de roupas na garagem da casa. Tudo ia bem, até que, sem perceber, as vendas começaram a não corresponder aos investimentos realizados. Na verdade, na ânsia


“É preciso descobrir seu talento e não fazer apenas o que você sonha”

Fotos: Divulgação

Leonardo de Matos, empreendedor

de crescer, vários deslizes foram cometidos na gestão dos funcionários, na compra de matérias-primas e no planejamento comercial. A situação difícil da empresa começou a desgastar o casamento. Matos emagreceu e entrou em depressão. Apesar disso, persistiu nos erros, apostando em uma nova frente de negócios: uma loja de atacado de roupas em Maringá (PR). Para montá-la, recorreu a empréstimos bancários. Tentou arrumar um sócio, mas não conseguiu. Depois de um tempo, com uma situação financeira bem complicada, acabou vendendo a marca, a loja de atacado e os estoques por um valor abaixo da média de mercado. Resgatou o investimento que tinha em previdência privada e juntou o que tinha para pagar parte das dívidas. “Ao final de toda essa empreitada, não consegui adquirir nenhum patrimônio. O dinheiro havia sido todo para a empresa e as dívidas. Fui um sonhador”, conta no livro. O prejuízo do empreendedor chegou a R$ 1,3 milhão. “Eu mesmo ganhei dinheiro e perdi tudo, pois não estava pronto para crescer”, reflete. Atualmente, Matos é responsável pelas vendas da marca de moda masculina O Bonitão, também criada por ele, cuja gestão está nas mãos da esposa. Ele diz que não é pobre, mas também não tem uma vida de luxo, nem dinheiro guardado e sua mãe dá apoio financeiro. “Ainda estou ‘quebrado’. Falta pagar parte das dívidas”. LIÇÕES DE VIDA Dessas experiências, Matos tirou muitos ensinamentos. “A altura do muro que se ergue quando você fracassa é muito grande. Ninguém quer ser meu sócio”. Ele passou a ter uma visão crítica sobre os vários aspectos do empreendedorismo. “Não compro mais a ideia de ter um sonho, montar uma empresa e ficar rico rapidamente”. Ele conta que, à medida que foi quebrando, estudou bastante sobre o tema e, hoje, acredita que não é preciso

ter um negócio para ser empreendedor. “A pessoa pega o dinheiro da poupança, abre um negócio e não dá certo. Daí, culpa o governo e todos ao seu redor. É até uma certa arrogância, porque ela se acha tão preparada que não procura entender o mercado. Eu fiz isso”, comenta. E, com um dinheiro na mão, ele ressalta, a tentação de investir e criar algo grandioso, mesmo sem ter uma direção clara de onde se pretende chegar, é muito forte. Por isso, nem todos nasceram para ser patrão. “Tem gente que fala que adora ser funcionário. Precisei me afundar em dívidas para descobrir isso”, afirma. Hoje, mais maduro, Matos tem os pés no chão. “É preciso descobrir seu talento e não fazer apenas o que você sonha. Não ter uma empresa não significa incapacidade”. Ele conta que uma das principais falhas foi ter assumido a gestão da empresa e largar as vendas, área que se identifica muito. “As pessoas começam a fracassar quando abandonam o seu talento para cuidar de outras coisas”. Para montar uma empresa, ele defende que é preciso de três elementos: capacidade empreendedora, determinação e suor. De fato, Matos gosta de trabalhar intensamente e tem, pelo menos, mais dois projetos paralelos, que ainda não lhe rendem dinheiro. Ele está desenvolvendo adubo orgânico para atender quem mora em apartamentos e espaços pequenos. O produto será comercializado em uma loja virtual. Amante da literatura, seu outro plano é escrever histórias e criar personagens infantis, que, aliás, ele já tem alguns patenteados. Matos não sabe explicar de onde sempre tira forças para recomeçar. “Tenho vontade de desistir todos os dias”, confessa. Mas o compromisso de quitar as dívidas e honrar seu nome sempre fala mais alto. “Não sou um pobre coitado. Estou fracassado, mas não sou fracassado, não vou me entregar”. Pelo visto, ele nunca perde a fé. 7 898357 410015

Choque de realidade Livro expõe vida do empreendedor e falhas na condução dos negócios

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[AUTOMAÇÃO

Fotos/Imagens: Thinkstock/GS1

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Padrões na moda Por Denise Turco

Cada vez mais, empresas das áreas têxtil e calçados apostam em soluções para melhorar a gestão, a produtividade e o relacionamento com o consumidor final No segmento de moda, muitas companhias estão aderindo ao uso de padrões globais de identificação de itens comerciais para otimizar suas operações logísticas, controlar estoques, proporcionar rastreabilidade, melhorar a gestão e os processos, e incrementar

52 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

a experiência de compras do cliente no ponto de venda. A seguir, conheça três indústrias do setor – Lupo, Via Marte e Sarah Chofakian – que apostaram no uso de padrões GS1 para otimizar os bastidores da operação e o relacionamento com o consumidor.


Padrão de eficiência Via Marte utiliza GTIN e SSCC para identificar e controlar os produtos na fábrica

Fotos: Divulgação/Denise Turco

CONTROLE TOTAL Incentivadora e adepta dos padrões globais GS1 tanto na identificação e codificação de seus produtos (com o GTIN, Número Global de Item Comercial), quanto nas caixas despachadas de suas fábricas com identificação única de unidade logística (SSCC, sigla em inglês para Código de Série da Unidade Logística), a Via Marte incorporou, em 2016, o uso do código bidimensional (GS1 DataMatrix) aos seus sistemas de controle de produção e logística. Dessa forma, alcança, agora, rastreabilidade total dos produtos. De acordo com o gerente de TI da Via Marte, Ivair Kautzmann, a companhia gaúcha usa os padrões GS1 em quatro frentes de sua operação. Primeiro, após a verificação de qualidade final na linha de montagem, quando o produto é colocado na embalagem individual. Segundo, na separação do par de calçado pertencente ao pedido do cliente ou para entrada em estoque (nesse estágio, caso o operador separe o par incorretamente, o processo não

é autorizado, impedindo faturamento ou entrada em estoque). O terceiro momento é a validação durante a preparação do embarque, quando o conjunto de caixas de cada pedido têm seu rótulo de destino vinculado ao pedido. Por fim, o quarto processo é a verificação da entrada da caixa no caminhão correto, utilizando a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) em conjunto com os padrões GS1. Todo o processo é automatizado, eliminando erro humano. O sucesso na contagem da produção, controle do estoque, picking (separação), despacho e entrega ao varejo é sustentado por três pilares: identificação global e única, informação digital, e processos que garantam a integridade da movimentação física e informação virtual. A utilização dos padrões GS1 oferece ganhos de eficiência e rapidez nas operações internas e em toda a cadeia. O princípio é simples: o que um parceiro de negócios da cadeia faz, pode – e deve – ser aproveitado pelo próximo. Segundo Kautzmann, a Via Marte faz a etiquetagem dos 7 milhões de pares de calçados que produz, prática adotada pela maioria das indústrias no Brasil. Por essa razão, ele defende que o varejo calçadista pode usufruir da adoção do mesmo padrão

global GS1, eliminando assim códigos de barras proprietários. Isso permitirá a todos (fornecedor, transportador e varejo), ganhar velocidade, reduzir erros e custos logísticos. Também evita-se o retrabalho, mantendo o foco na integração da cadeia. “O padrão GS1 está à disposição do varejo para controlar produtos e caixas de maneira rápida e sem a necessidade de investir em novos recursos nesse aspecto”, reforça Kautzmann. FOCO NA PRODUTIVIDADE Em 2016, a Lupo completa 95 anos. A tradicional fábrica de meias se reinventou ao longo do tempo, ampliando o portfólio com lingeries, roupas esportivas e abertura de franquias – hoje são 321 lojas franqueadas. A inovação também alcançou os processos operacionais. Desde o ano passado, a companhia do interior de São Paulo iniciou um projeto piloto utilizando as etiquetas de identificação por radiofrequência (RFID) em parte do processo produtivo de meias. A tecnologia é usada para identificar, rastrear e gerenciar os dados dos produtos, automaticamente, através de ondas de rádio, apoiando, assim, a tomada de decisões e ajudando a melhorar a produtividade. “Acreditamos que uma empresa precisa ser inovadora do começo ao fim. Não adianta inovar somente em produtos”, diz o diretor-superintendente da Lupo, Carlos Alberto Mazzeu.

Decisão estratégica RFID ajuda a gerenciar dados e movimentar parte da produção da Lupo [ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2016 53


Fotos: Paulo Pepe

AUTOMAÇÃO

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Ganhos múltiplos Com a RFID, Sarah Chofakian reduziu tempo de inventário e passou a fazer rastreabilidade

O sistema RFID foi integrado à plataforma de gestão ERP/SAP, que concentra todas as informações de produção da Lupo. A etiqueta no padrão global GS1 EPC/RFID foi inserida em 1.500 caixas, que são utilizadas para a movimentação dos produtos dentro da fábrica de Araraquara (SP). Com a instalação de portais RFID, é possível fazer a leitura automática das etiquetas presentes nas caixas de uma única vez, sem a necessidade de contato visual das mesmas. Além disso, é possível localizar rapidamente as caixas enviadas a algum setor incorreto da fábrica, diminuindo os erros. A empresa JN Moura Informática foi responsável pela implementação desse projeto na Lupo. De acordo com o chefe de desenvolvimento de sistemas da Lupo, Jaime Rodrigues, há ganhos na implementação do projeto: maior visibilidade do processo fabril, aumento da produtividade e melhor gestão de dados. “Antes da tecnologia RFID, gastava-se tempo com a digitação para lançamento dos dados de produção no sistema. Esses apontamentos, que antes eram manuais, passaram a ser automáticos”, completa Rodrigues. Por enquanto, esse projeto, que levou cerca de um ano para implementação, funciona em apenas uma parte da produção. Mas o plano futuro é utilizar etiquetas RFID nos produtos de forma individual e também em volumes maiores. “A empresa acredita na RFID, pois é uma tendência mundial e também no Brasil. Temos certeza de que estamos no caminho certo”, afirma

Rodrigues. Esse case de sucesso da Lupo foi apresentado no 1º Congresso Internacional da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), realizado em junho deste ano. GARANTIA DE QUALIDADE Um universo de cores, recortes e formatos inusitados. Essas são as características dos calçados femininos da marca paulista Sarah Chofakian. Presente no mercado há 18 anos, a empresa, que sempre usou o código de barras para controlar os processos internos, decidiu investir na RFID recentemente. “Essa tecnologia permite identificar, de forma única, dois pares do mesmo tamanho e cor”, explica o diretor administrativo da empresa, Luiz Benine Netto. A ITAG Tecnologia foi a parceria da indústria neste projeto. Em 2015, a empresa iniciou a implementação da RFID, que há cerca de seis meses já funciona plenamente. “A ideia inicial era ter maior controle de estoque e ganhos no inventário. No entanto, começamos a ver outras possibilidades de uso, como a rastreabilidade”, afirma o executivo. Além disso, possibilitou prestar um serviço de pós-venda ao consumidor final com mais assertividade. Em casos de troca, por exemplo, a empresa sabe quando o sapato foi comprado e em qual loja. A Sarah Chofakian terceiriza a produção com seis fábricas que produzem exclusivamente para a marca. As tags RFID são enviadas para os

locais de produção e inseridas nos calçados, que são fabricados à mão. Nessa etapa, o principal ganho da solução é garantir que cada item tenha uma identidade única. Assegura-se, ainda, que as fábricas não produzam em quantidade excedente e revendam os calçados em paralelo, problema que já ocorreu no passado. “Isso torna o produto autêntico e está em sintonia com as propostas da marca, que são a exclusividade e o fato de ser um produto artesanal”, reforça Benine Netto. A produção da Sarah Chofakian gira em torno de 600 pares por mês. Depois de prontos, os sapatos seguem para o back office da empresa, onde é feito o controle de qualidade do produto e da tag (foto acima). Em seguida, os artigos são distribuídos para as lojas – são quatro unidades próprias na capital paulista, além de multimarcas que revendem os calçados. Um portal RFID faz a conferência automática dos itens que serão embarcados. Nas lojas próprias, a recepção e a saída dos itens são controladas via RFID, por meio de leitores. Antes de investir nessa solução, a empresa costumava fazer o inventário das lojas a cada 45 dias. Hoje é realizado uma vez por semana. “Antigamente, esse processo do inventário demorava de 8 a 10 horas. Agora, é finalizado em pouco menos de 3 horas”, conta Benine Netto. Somados a esses benefícios, com a RFID, a empresa reduziu o percentual de perda de estoque, que variava de 0,5% a 1,5% para zero. 7 898357 410015

54 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


[AUTOMAÇÃO

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Imagens: Thinkstock

Em busca de produtividade

Por Claudia Manzzano

Investir em automação é a saída para o segmento de bares e restaurantes diminuir custos e melhorar a prestação de serviços Comer fora de casa deixou de ser apenas lazer e se tornou uma necessidade do brasileiro. Tanto que, hoje, o setor de bares e restaurantes representa 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e responde por 30% dos gastos da população com alimentos – resultado impulsionado pelo crescimento da renda e a adoção de novos hábitos de consumo. Como consequência, esse cenário culminou na geração de novos postos de trabalho, sobretudo no que se refere a oportunidades de primeiro emprego, absorção de mão-de-obra não especializada, melhoria da qualificação profissional e desenvolvimento de novas carreiras. No entanto, apesar dessa atuação robusta, o segmento não conseguiu fugir da crise econômica. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL),

Paulo Solmucci, nos últimos três anos, o setor tem apresentado crescimento no faturamento, mas vem perdendo rentabilidade. “As margens estão enxutas”, afirma. Embora a expectativa seja atingir uma receita de R$ 160 bilhões neste ano, com crescimento de 7% em valores nominais, a atenção permanece. “Atualmente, um em cada três estabelecimentos do setor tem prejuízo. E um em cada cinco declara que não conseguirá manter as portas abertas nos próximos 12 meses, caso a situação não melhore”, lamenta Solmucci. Com o crescente aumento de preços dos insumos e a queda do poder de compra da população, a solução é aumentar a produtividade. “Isso só ocorrerá com a maior automação em todos os elos da cadeia”, alerta o presidente da ABRASEL. Segundo ele, esse

investimento é necessário para que os estabelecimentos possam entregar mais pelos mesmos preços. Além disso, é preciso que o empresariado busque novos conhecimentos sobre como a automação pode beneficiar o negócio. Nesse sentido, a ABRASEL e a GS1 Brasil estão mais próximas para compartilhar informações a respeito das possibilidades de aplicação de padrões globais que otimizem a operação de bares e restaurantes. “A automação é uma questão de sobrevivência. Precisamos fazer um grande esforço de divulgação e promoção das soluções que podem ser utilizadas no setor. Quem adiar esse investimento estará correndo perigo”, ressalta Solmucci. A automação é fundamental para concretizar a projeção da ABRASEL de retomar o crescimento a partir de abril de 2017. 7 898357 410015

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2016 55


[COMUNICAÇÃO

O código do crescimento

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Por Kathlen Ramos

Com o intuito de tornar sua marca institucional mais conhecida, em 2015, a GS1 Brasil desenvolveu a campanha “Eu Sou GS1”. A ideia principal era mostrar o trabalho desenvolvido pela entidade, ser um motivo de orgulho para as empresas associadas e colaboradores, além de despertar o interesse de empresas brasileiras para a automação. Para dar continuidade a esse trabalho, mostrando como as soluções da GS1 Brasil podem ser um pilar importante para as empresas brasileiras, a entidade lança sua nova campanha de comunicação, agora focada na importância do código de barras na trajetória de marcas fortes presentes no mercado nacional. As peças da campanha, desenvolvidas pela agência Repense, usam a letra inicial do nome da marca seguida de uma espécie de enigma para estimular o público a decifrar a companhia mencionada. Na primeira fase da ação, três grandes empresas brasileiras darão o tom da campanha, todas reconhecidas pelo seu crescimento, qualidade e inovação. São elas: O Boticário, maior rede de franquias do Brasil e a maior do mundo em perfuma-

ria e cosméticos; Havaianas, marca que possui participação de 80% no mercado brasileiro no segmento de sandálias de borracha; e Hering, que se destaca pela ampla aceitação em todas as classes sociais e faixas etárias, sendo reconhecida por mais de 90% dos brasileiros. “Queremos transmitir uma mensagem engajadora, afinal grandes marcas são admiradas e, mais do que isso, servem como inspiração para empreendedores. A nossa comunicação faz uso dessa verdade para convidar outras empresas a fazerem parte desse grupo bem-sucedido, a beneficiarem-se do código de barras para crescerem e ampliarem mercado”, explica o gerente de marketing e sustentabilidade da GS1 Brasil, Frederico Bellini. A vice-presidente de atendimento e planejamento da Repense, Luna Gutierres, acrescenta que a escolha da Hering, Havaianas e O Boticário se deu por dois motivos principais. “Primeiro, são companhias de sucesso inquestionável e, segundo, são marcas bem construídas, muito conhecidas e facilmente identificadas pelo consumidor final. Além de tudo, todas são associadas da GS1 Brasil”, destaca.

Imagens: GS1 Brasil

GS1 Brasil lança nova campanha de comunicação com mensagem descontraída e participação de marcas reconhecidas no mercado MENSAGEM INOVADORA Nesta nova campanha, direcionada a empresas de todos os portes e setores, a GS1 Brasil também inovou ao adotar uma linguagem leve e descontraída. “Empresas e instituições que trabalham com soluções para o mercado B2B geralmente se utilizam de uma comunicação mais racional, o que faz todo sentido no mercado empresarial. Porém, a propaganda é repleta de recursos, e apresentar uma marca de uma forma mais divertida é um deles”, justifica Luna. Segundo ela, “a escolha por este caminho se deu justamente para apresentar a GS1 de forma simples, direta e divertida, demonstrando claramente qual é o principal benefício de se tornar um associado da entidade”. Bellini lembra que um desses benefícios é o código de barras, que garante a rastreabilidade de produtos, proporciona segurança ao consumidor, auxilia no combate à falsificação, entre outras vantagens. “Com essa campanha, queremos mostrar que essas grandes companhias alcançaram reconhecimento e que o código de barras também faz parte dessa estratégia de sucesso”, resume Bellini. É a GS1 Brasil ajudando na construção das marcas, letra por letra.

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56 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 51


[RADAR

[ Fotos: Divulgação

Beleza nos trilhos Por Camila Guesa

Amantes de viagens de trem não precisam se deslocar para outros países para fazer bons trajetos. O Brasil oferece diversas opções

Quando o assunto é viagens de trem, os pensamentos dos brasileiros remetem-se, geralmente, aos encantadores destinos europeus e às opções luxuosas e rápidas de transporte e turismo utilizados em terras estrangeiras. Mas, o nosso País também oferece opções adoráveis e charmosas de viagens sob os trilhos. Apesar de pouco exploradas, as linhas férreas no Brasil revelam belas paisagens e experiências aos turistas, a custos acessíveis e opções para todos os gostos. São 2.207 mil quilômetros de ferrovias disponibilizadas para tais fins. Segundo o turismólogo, consultor em turismo ferroviário na THG Consultoria e Turismo, e gestor da Associação Nacional de Preservação Ferroviária (ANPF), Fábio Barbosa, há dois tipos de passeios sobre os trilhos. O primeiro é o trem turístico, como, por exemplo, o Trem da Serra Verde Express, entre Curitiba e Morretes, no Paraná. O segundo é o trem de longo percurso, que faz o transporte regular de passageiros, com duração mínima de quatro horas, mas que também pode ser utilizado para a atividade turística. Um exemplo é a

58 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), ligando Belo Horizonte a Vitória. Além das paisagens de serra, montanhas, mirantes, fazendas e cachoeiras, também podem ser vistas, através das janelas dos trens, construções históricas, estações, casas de ferroviários, pontes seculares e locomotivas a vapor centenárias. Há diversas atrações e roteiros temáticos, como o Trem da Cerveja (em Curitiba, no Paraná, e Mogi das Cruzes, em São Paulo), Trem das Marchinhas de Carnaval (também em Mogi das Cruzes), e o Trem do Forró (em Recife, Pernambuco). “Além disso, muitos trens fazem apresentações com violeiros, dança gaúcha, apresentações folclóricas de outros países, degustações de queijos, vinhos, doces, entre outras atrações”, exemplifica Barbosa. A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF-Regional Campinas/SP), também indica opções em que é possível ser maquinista por um dia ou nas quais os passageiros podem adotar uma locomotiva (informações em www.mariafumacacampinas.com.br). A seguir, confira alguns roteiros indicados pelo especialista Fábio Barbosa.


AMANTES DA DANÇA Aos viajantes que gostam de explorar as festas típicas brasileiras do Norte e Nordeste, o Trem do Forró oferece, na época junina, uma experiência inusitada: viajar de trem ao som do mais típico ritmo brasileiro: o forró. A locomotiva de dez vagões, que comporta um total de mil pessoas, é decorada com o tema junino, partindo do cais de Santa Rita, em Recife, até Cabo de Santo Agostinho, em mais de cinco horas de festa e animação, ditada pelos trios que tocam música ao vivo. Dispõe, ainda, de um vagão de apoio, que abriga banheiros, serviços de limpeza, enfermaria e medicamentos para primeiros socorros.

CAMPINAS - JAGUARIÚNA Operado pela ABPF - Regional Campinas/SP, o passeio de trem Maria Fumaça Campinas-Jaguariúna, mais conhecida como “latinha de óleo”, é um dos poucos que oferecem a opção de andar na tradicional Maria Fumaça. Essas locomotivas, legítimas da Cia. Mogiana e fabricadas em 1952, na época, marcaram a transição da tração a vapor para a então moderna tração a diesel. Além da experiência, o trajeto, que passa por fazendas de café centenárias e estações restauradas, conta com a presença de especialistas que dão orientações sobre a história da Mogiana e outras informações da região. Há duas opções de trajeto: o percurso completo, com mais de 3 horas de duração, que vai de Anhumas para Jaguariúna; e a opção com destino à estação de Tanquinhos, em 1h30 de percurso. Os passeios ocorrem aos sábados, domingos e feriados, a partir das 10h.

MORRETES E ANTONINA Túneis, pontes, picos e montanhas ligam Curitiba ao litoral do Paraná e é neste cenário que circulam a Litorina de Luxo e o Trem da Serra do Mar, dois dos passeios turísticos mais procurados no Estado. Aliás, a Litorina de Luxo foi eleita pelo The Wall Street Journal como um dos três passeios de luxo sobre trilhos mais interessantes do mundo. O ponto de partida da viagem é a Estação Ferroviária de Curitiba e o destino final é a histórica cidade de Morretes. A beleza do trajeto torna-se exuberante em trechos que passam pelo conjunto montanhoso do Marumbi e da Cascata Véu Noiva. O ápice do percurso é a Ponte São João, inaugurada em 1885, e que até hoje tira o fôlego dos viajantes que passam pelo seu vão livre de 110 metros de altura.

TREM DO CORCOVADO (RJ) Inaugurado em 1884, o popular bondinho é um dos meios mais utilizados pelos turistas para acessar o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e os mirantes que o rodeiam. Durante 20 minutos, quem utiliza o Trem do Corcovado pode se deliciar com a paisagem da Mata Atlântica pertencente à maior floresta urbana do mundo: o Parque Nacional da Tijuca. 7 898357 410015

* Os valores dos passeios estão sujeitos à alteração.

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Fotos/Imagens: Arquivo pessoal/Thinkstock

DESCONEXÃO

O surfista engravatado Por Flávia Corbó

A coragem de arriscar-se em manobras radicais em cima de uma prancha ajuda Milton Pimenta a construir uma carreira profissional promissora Quem vê Milton Pimenta, 41 anos, trajando roupas sociais e tomando decisões estratégicas como executivo da CEVA Logistics, especializada em gerenciamento de frete e serviços de logística, nem imagina que o seu grande hobby está bem longe da formalidade de um escritório. É em cima de uma prancha de surf, em busca da onda perfeita, que ele passa boa parte dos momentos de lazer. O encontro com o esporte é descrito por ele como paixão à primeira vista. Desde os 14 anos, quando ganhou uma prancha e decidiu arriscar as primeiras manobras, nunca mais se separou do mar. Nascido na selva de pedra paulistana, o então adolescente passou a aproveitar todos os finais de semana, feriados e férias escolares na casa da

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avó, na cidade de Itanhaém (SP), além de se tornar assíduo frequentador das praias de Ubatuba (SP). “No litoral, conheci a maioria dos meus amigos. Éramos todos vizinhos e criamos um vínculo forte. A amizade subiu a serra”, conta Pimenta. Com o passar dos anos, quando conquistou certo grau de independência e liberdade para viajar sozinho, o litoral paulista pareceu pequeno para tamanha paixão. Acompanhado dos amigos que o esporte lhe trouxe, o jovem começou a desbravar o Brasil atrás de boas ondas. Rio de Janeiro, Santa Catarina e Bahia foram alguns dos destinos escolhidos pela turma. “Vi a seleção brasileira de futebol ser tetracampeã em Itacaré, na Bahia, que hoje é uma praia famosa, mas na épo-

ca era bem desconhecida, com ondas muito boas”, relembra. Apesar de ter dedicado a juventude ao surf, inclusive com participação em alguns campeonatos universitários, tornar-se um profissional do esporte nunca esteve entre suas pretensões. “Em 1997, fui para a Costa Rica e, a partir daí, entendi que a minha paixão era viajar atrás de ondas perfeitas, sem pressão ou grandes compromissos”, explica. Ao retornar dessa viagem, Pimenta decidiu juntar dinheiro para passar uma temporada fora do Brasil. O plano era aliar o surf com a necessidade urgente de aprender outro idioma. “Trabalhava na área de previdência privada de um banco e cursava faculdade de comércio exterior, mas não falava inglês. Estava muito desconexo”, conta.


Foto: Arquivo pessoal

Milton Pimenta, da CEVA Logistics Prática do surf ajuda o executivo a tomar decisões importantes na empresa

Guardou dinheiro por um período até que, em 1998, saiu do emprego e partiu rumo à Austrália, local que parecia perfeito para atingir seus objetivos. Passou um ano inteiro do outro lado do mundo, sendo três meses vividos na Indonésia. Além de ter surfado muito, Pimenta voltou para o Brasil fluente na língua inglesa, o que lhe permitiu partir para o universo do comércio exterior, sua área de estudo. “Na época em que retornei, há cerca de 17 anos, quase ninguém tinha fluência em inglês. Esse diferencial me ajudou demais, abriu muitas portas.” O idioma foi fundamental para que Pimenta fosse contratado pela CEVA Logistics em 2001. “Eu tinha pouca experiência em logística, exportação e importação, mas contava com a língua. Foi o que ajudou a me destacar e conseguir boa projeção, já que se trata de uma empresa multinacional. A partir dali, encontrei minha carreira.” DECISÕES CRÍTICAS A trajetória profissional de Pimenta na CEVA Logistics teve início na área comercial. Após um breve período, ele foi escolhido para comandar a recém-criada área de logística da empresa no Brasil. Em 2007, a companhia passou por um processo de fusão, o que provocou uma série de mudanças. O executivo foi realocado novamente para o departamento comercial e operacional, quando, há seis anos, retornou de ma-

neira definitiva para a área de operações, até alcançar a diretoria e tornar-se vice-presidente para América do Sul de contratos logísticos. Em meio às reviravoltas profissionais e promoções para cargos de maior responsabilidade, Pimenta sempre levou consigo uma habilidade que, segundo ele, foi desenvolvida ao longo dos anos de prática do surf: a tomada de decisão. “Em um mar revolto, de ondas grandes, não tem meio termo. Ou você fica na areia ou entra no mar. É uma decisão que envolve adrenalina, coragem. Se você vai mais ou menos, o risco de tomar um caldo é grande”, compara. Algumas das praias visitadas pelo executivo tinham ondas de três a quatro metros, com fundo relativamente raso, de pedra ou coral, o que deixava a escolha de entrar ou não no mar ainda mais crítica. “Tinha de ir com vontade e foco até o final para evitar um tombo grande. Faço muito essa relação com a minha carreira hoje, com a necessidade de tomar decisões, de não titubear. É claro que agimos com base em dados, mas não basta só analisar, em algum momento é preciso arriscar. Pior que uma decisão mal tomada é uma não tomada de decisão. ” SURF EM FAMÍLIA Mesmo com a pressão e o tempo que a construção de uma carreira bem-sucedida exige, Pimenta nunca deixou o surf de lado. Com o faleci-

mento de sua avó, a família vendeu o imóvel na praia de Itanhaém, mas o executivo seguiu alugando casas no litoral para se manter próximo ao mar. Hoje, passa boa parte do tempo livre na casa dos sogros, em São Sebastião, também no litoral de São Paulo. Compartilha a paixão pela praia com a esposa. “Ela não surfa, mas sempre dividiu a vida entre São Paulo e o litoral, assim como eu.” O próximo passo é ensinar o esporte ao casal de filhos, de 6 anos e 4 anos. Mas a tarefa pode ser árdua. “Meu filho mais velho é totalmente aficionado por futebol. Acabou de participar de uma peneira muito difícil para a escolinha do Barcelona. Acho que ele já escolheu o esporte dele.”A esperança de repassar o amor pelo surf fica, então, para a caçula, que mostra maior interesse. “Minha filha talvez seja mais parceira nesse aspecto. No próximo verão, quero comprar uma pranchinha maior para ver se ela pega gosto. ” Enquanto a garota ainda é nova demais para embarcar com o pai na busca por ondas perfeitas mundo afora, Pimenta conta com a parceria do sobrinho, que o acompanhou na última viagem internacional para surfar. Juntos, foram explorar o mar da Nicarágua, na América Central. “Passamos dez dias lá. Foi muito legal. Revivi um pouco minha juventude. Vou seguir surfando, enquanto a saúde me permitir.” 7 898357 410015

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Fotos/Imagens: Thinkstock/Divulgação

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Farmácia em evolução Por Kathlen Ramos

A antiga ideia de “um lugar que vende remédio” dá lugar a estabelecimentos amplos e com foco no bem-estar Nos últimos anos, é inevitável deixar de notar como o varejo farmacêutico se transformou de forma benéfica para os consumidores. E não foi apenas o visual das lojas que se tornou mais atrativo. A metamorfose foi profunda, envolvendo atendimento seguro, dispensação responsável de medicamentos, oferta de novas categorias (com destaque para artigos de beleza e bem-estar) e mudança de foco, que passou da doença para a prevenção. Vários motivos explicam essa evolução. “O varejo farmacêutico acompanhou o processo de urbanização e modernização da sociedade e da economia do País. O controle da inflação, desde 1994, foi um fator importante. E, mais recentemente, o ingresso de dezenas de milhões de brasileiros no mercado de consumo produziu efeitos muito positivos”, analisa o presidente executivo do Sindicato 62 jul/ago/set 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Fotos: Divulgação

Expansão Até 2017, a projeção da Pague Menos é atingir mil pontos de venda

da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (SINDUSFARMA), Nelson Mussolini. De fato, com maior poder aquisitivo e mais informado, o brasileiro passou a dar atenção especial à sua saúde, qualidade de vida e beleza, impulsionando, assim, a atualização das farmácias. Outro fator que tem fortalecido esse mercado é o aumento exponencial da população idosa no País, o que traz, como consequência, uma crescente demanda por serviços de saúde. Nesse cenário, as empresas cresceram e, em muitos casos, se transformaram em grandes redes, inclusive atraindo players internacionais. Esse fenômeno ampliou a oferta de soluções mais completas, que incorporaram o conceito de drugstores, com foco na conveniência, algo já consagrado em países como os Estados Unidos. “As redes de farmácias e drogarias conseguiram ocupar seu espaço como canal de vendas cativo do consumidor, que encontra, nesses estabelecimentos, tudo o que precisa para atender às suas necessidades de saúde, bem-estar e conveniência”, conclui o presidente executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (ABRAFARMA), Sérgio Mena Barreto. No entanto, o setor ainda se depara com importantes desafios, a exemplo das receitas de papel. As farmácias ainda estão na dependência de pres-

crições manuscritas, muitas vezes de modo quase ininteligível, e receitas falsas. Acompanhe, a seguir, um panorama do varejo farmacêutico na última década e os próximos passos de um futuro promissor. CENÁRIO POSITIVO A força que o canal farma ganhou nos últimos anos pode ser comprovada em números. Segundo a ABRAFARMA, as vendas totais das redes associadas à entidade, que são as principais do País, contabilizaram um faturamento de R$ 35,94 bilhões em

2015, alta de 12% na comparação com o período anterior. A expectativa para 2016 é de crescimento de 17%, com vendas superiores a R$ 80 bilhões em relação ao ano passado. A Raia Drogasil, por exemplo, projeta a abertura de 165 lojas neste ano, além de 195 unidades para 2017. A rede Pague Menos também segue em ritmo de expansão. “Encerramos o primeiro semestre com 69 novas unidades e um crescimento de 22% em vendas na comparação com o mesmo período do ano passado. Até 2017, a projeção é chegar a mil pontos de venda, gerando 2 mil postos de trabalho adicionais”, afirma o diretor-presidente da empresa, Mário Queirós. Embora o cenário do País ainda esteja marcado pela instabilidade e diminuição do poder de compra, o futuro se mostra promissor. “Superada a crise atual, espera-se que a recuperação de renda das famílias volte a impulsionar o setor, inclusive com a incorporação de novos consumidores das classes C, D e E”, aposta Mussolini.

Foco na saúde Crescimento da população idosa no Brasil fortalece a atuação das farmácias

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VAREJO

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Sérgio Mena Barreto, da ABRAFARMA Redes de farmácias e drogarias ganharam espaço como canal de vendas cativo do consumidor

FUSÕES E AQUISIÇÕES Uma das mudanças mais relevantes observadas na última década foram as fusões entre as marcas do varejo farmacêutico, criando companhias de alcance nacional. Além disso, ocorreu a compra de fabricantes locais por empresas globais e a entrada de players estrangeiros. Em 2011, por exemplo, surgiu a Raia Drogasil a partir de uma fusão entre a Droga Raia e a Drogasil. No mesmo ano, a Drogaria São Paulo e Drogarias Pacheco se uniram e criaram a Drogarias DPSP. Em 2013, a norte-americana CVS Caremark, uma das maiores do mundo, anunciou sua entrada no mercado brasileiro por meio da aquisição da Drogaria Onofre. BELEZA E BEM-ESTAR Cosméticos, xampus, desodorantes, tinturas, sabonetes e artigos de beleza mais sofisticados, como dermocosméticos, conquistaram de vez seu espaço nas farmácias. O crescimento é tão expressivo que a categoria de não-medicamentos (higiene pessoal,

cosméticos e perfumaria) já representa 34,82% do volume total de vendas nas redes associadas à ABRAFARMA. Em 2010, esse segmento representava 28% do faturamento. De acordo com o vice-presidente de relações institucionais da Raia Drogasil, Antonio Carlos de Freitas, as duas marcas registraram crescimento de 27,3% em vendas de perfumaria no primeiro trimestre de 2016. A aprovação da população para esse novo formato das farmácias é maciça. Pesquisa realizada pelo Ibope para a ABRAFARMA aponta que 73% da população manifestou-se a favor da comercialização

Fotos: Divulgação

CONSOLIDAÇÃO DAS REDES Dados divulgados pela ABRAFARMA e desenvolvidos pela empresa de pesquisa IMS Distribution Services, mostram que a representatividade das redes de farmácias (considerando o volume de vendas) aumentou de 42% para 56%, entre 2007 e 2015. Já as lojas independentes encolheram de 55% para 30%, no mesmo período. O Brasil possui, atualmente, cerca de 72 mil farmácias, das quais 69,9% são independentes; 16,7% pertencem a redes de associativismo e franquias; e apenas 13,4% referem-se a grandes redes. Apesar da fatia das grandes redes parecer pequena, elas são responsáveis por 44,5% das vendas de medicamentos no País. “Essas lojas aproveitaram a acelerada evolução do mercado farmacêutico para se consolidar, crescer geograficamente e em volume de vendas. Trata-se de uma tendência irreversível, característica dos mercados desenvolvidos”, aposta Mussolini.

Oportunidade Grupo Raia Drogasil registra crescimento expressivo na venda de produtos de beleza

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de outros produtos nas redes, a exemplo da categoria de beleza. COMPRA SEGURA A Lei Nº 13.021, de 2014, trouxe à tona a obrigatoriedade da presença do farmacêutico no estabelecimento, proporcionando maior segurança aos consumidores. A confiança em comprar produtos originais e de acordo com a prescrição médica também foi outro ganho importante. Desde 2011, por exemplo, os antibióticos só podem ser vendidos mediante receita de controle especial. Outro avanço, que ainda está em fase de implementação, diz respeito à rastreabilidade de medicamentos, conforme solicitação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O modelo prevê a impressão do GS1 DataMatrix (código bidimensional) com informações que vão desde a identificação do item com o GTIN (Número Global do Item Comercial) e outros dados complementares nas embalagens, como, por exemplo, lote de fabricação, data de validade, entre outros, que são importantes para o processo. Essa requisição, promete trazer ganhos às farmácias, que poderão garantir o histórico e a localização das embalagens.

VENDAS ON-LINE Os investimentos no comércio eletrônico tornaram-se estratégicos para as farmácias, especialmente as grandes companhias. “Investimos constantemente nessas plataformas, tanto que acabamos de reformular os sites da Droga Raia e Drogasil para fixar nossa marca junto ao consumidor e oferecer uma experiência de compra única”, afirma Freitas. Na Ultrafarma, a aposta na venda via call center e internet, quando poucos segmentos no Brasil dispunham de comércio eletrônico, fizeram com que a marca ganhasse escala e projeção nacional. “Hoje, este é o maior canal em faturamento e volume de vendas dentro do grupo”, afirma o diretor de e-commerce da Ultrafarma, Ricardo Vieira. A Pague Menos também revela resultados bastante positivos com este canal. No período de 1º de janeiro a 30 de novembro de 2015, a rede registrou 62.624 pedidos on-line, que resultaram em um aumento de 83,7% na quantidade de itens comercializados em relação a 2014. A empresa contabilizou, ainda, um incremento de 73% na receita e de 41% no número de acessos ao site em 2015, contra o período anterior.

Foto: Divulgação

Ricardo Vieira, da Ultrafarma, E-commerce é o maior segmento em faturamento e volume de vendas da empresa

Apesar do investimento das companhias no e-commerce, o executivo da ABRAFARMA acredita que as vendas on-line devem decolar quando o conceito de refil for implementado no País, que é a possibilidade de reposição automática dos medicamentos na casa do consumidor, antes que a embalagem anterior acabe. Esse processo seria feito por meio de aplicativos instalados em seus smartphones e tablets. PASSOS PARA O FUTURO No ano passado, a ABRAFARMA encomendou uma pesquisa ao Ibope com o objetivo de mapear a percepção dos brasileiros sobre a importância do papel do farmacêutico e a adesão à assistência clínica nas farmácias. Os resultados do estudo serviram de parâmetro para um projeto da entidade que prevê a implantação de oito novos serviços a serem prestados nas redes associadas, como imunização, realização de exames preventivos e clínicas de autocuidado. As empresas associadas à entidade já possuem 610 salas de serviços em operação e o plano é chegar a 3 mil nos próximos quatro anos.

Foto: Thinkstock

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E-commerce Modalidade tornou-se estratégica para as farmácias, especialmente as grandes redes

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[ PADRÃO DE QUALIDADE

Atender bem e sempre Com a evolução das tecnologias de comunicação e do perfil do consumidor, as empresas precisam garantir respostas assertivas aos clientes

‘ Silveraldo Mendes,

Diretor de processos e atendimento aos associados da GS1 Brasil

As centrais de relacionamento, nos dias atuais, desempenham um papel de extrema importância para as empresas, com um escopo de atuação muito mais abrangente do que os tradicionais Serviços de Atendimento ao Cliente (SAC) de 20 anos atrás. Na década de 1990, por exemplo, os objetivos da centralização do atendimento eram: garantir a padronização das informações transmitidas aos clientes, estabelecer o gerenciamento adequado para tratar o volume de demandas recebidas e evitar pendências que gerassem insatisfações. Hoje, além de manter esse papel, outras importantes funções organizacionais foram agregadas nas, recentemente intituladas, centrais de relacionamento ou contact centers, tais como: vendas, pós-venda, suporte técnico, negociações e inúmeros processos operacionais. Essa mudança ocorreu em virtude dos avanços obtidos nos sistemas de gestão CRM, ERP e de telecomunicações, os quais permitem alta capacidade de automação. Entretanto, para promover um atendimento de sucesso é preciso ter em mente a necessidade de construir equipes com perfil adequado, boa capacitação e máxima autonomia possível. Quando um desses três pilares falha, o volume de resultados indesejados é proporcional ao de contatos realizados. Neste momento, estamos em uma fase de transição: das centrais de relacionamento com modelo altamente padronizado e níveis de resolução limitados para aquelas que buscam maior humanização nos contatos e capacidade de eficácia nas respostas. Essa mudança acompanha a evolução do consumidor, que hoje exige mais flexibilidade, disponibilidade e presença da empresa onde ele estiver, sob o risco de rápida migração para o concorrente. Dessa maneira, ele pode solucionar tudo o que deseja em um único contato. Portanto, esse perfil do consumidor tem estimulado a adoção de novas posturas por parte das companhias, independentemente do porte e setor de atuação. É hora de analisar, por exemplo, se a cultura organizacional está de fato orientada para o cliente, buscando melhorias a todo momento. Ou ainda: repensar se a verticalização da estrutura da companhia gera impacto negativo na agilidade e flexibilidade de cada resolução. Além disso, é fundamental estar atento a todos os canais por meio dos quais o cliente faz contato com a empresa: e-mail, SMS, telefone, balcão de atendimento ou uma conversa com o presidente. Mais do que a multicanalidade, esse ponto exige plena integração entre pessoas, processos e tecnologias, pois somente os artifícios tecnológicos, por si só, não resolvem. Com o crescente uso de telefone celular no Brasil, também é importante a criação de aplicativos específicos para atendimento, a fim de proporcionar um suporte ainda mais dinâmico. Desse modo, as centrais de relacionamento necessitarão estar alinhadas a essa demanda, uma vez que, a rastreabilidade do histórico, atrelada à prontidão e continuidade do atendimento, são vitais para estimular a satisfação e fidelidade dos clientes.

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Foto: Marcelo Vigneron

É hora de analisar se a cultura organizacional está, de fato, orientada para o cliente, buscando melhorias a todo momento




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