Grãos Brasil 96

Page 1


Linha Pós-Colheita BEQUISA. Com ela você não armazena só grãos, armazena lucros! Na hora de tratar seus grãos armazenados você já sabe com quem contar. A Linha Pós-Colheita Bequisa tem a combinação para o sucesso de qualquer armazenagem: alto controle de qualidade, ótima relação custo-benefício e eficácia contra os insetos. Armazene com a Linha Pós-Colheita Bequisa e comprove o resultado.

LINHA

ADVERTÊNCIA: Proteção à saúde Humana, Animal e ao Meio Ambiente. Esse produto é perigoso à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas no rótulo, na bula e na receita ou faça-o a quem não souber ler. Aplique somente as doses recomendadas. Mantenha afastadas das áreas de aplicação, crianças, pessoas desprotegidas e animais domésticos. Não coma, não beba e não fume durante o manuseio do produto. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização do produto por menores de idade. Informe-se sobre o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Primeiros Socorros e demais informações, vide o rótulo, bula e a receita. Evite a contaminação ambiental, preserve a natureza. Não lave as embalagens ou equipamentos em lagos, fontes, rios e demais corpos d'água. Não reutilize as embalagens vazias. Descarte corretamente as embalagens e restos ou sobras de produtos. Periculosidade ambiental e demais informações, vide o rótulo, a bula e a embalagem. CONSULTE SEMPRE UM ENGENHEIRO AGRÔNOMO E SIGA CORRETAMENTE AS INSTRUÇÕES RECEBIDAS. VENDA SOB RECEITUÁRIO AGRONÔMICO. Endereço: Av. Antonio Bernardo, 3.950 - Parque Industrial Imigrantes - São Vicente / S.P. CEP: 11349-380 - Tel: +55 13 3565-1208 - faleconosco@bequisa.com- www.bequisa.com.br



02 EDITORIAL

Ano XVI • nº 96

Maio / Junho 2019

www.graosbrasil.com.br

Diretor Executivo Domingo Yanucci

Caros Amigos e Leitores

Administradora Giselle Pedreiro Bergamasco

Com grande alegria fazemos chegar a você esta nova edição da Grãos Brasil, da Semente ao Consumo.

Colaborador Antonio Painé Barrientos Maria Cecília Yanucci

Em um mundo cambiante, onde as políticas internacionais afetam de forma importante nossa realidade, a oferta e demanda de soja, milho, trigo, etc., e os produtos cárneos, por exemplo: somando as variações na produção regional, teremos diversas realidades safra após safra, e logicamente deveremos ajustar as tecnologias e a logística de nossos armazéns.

Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br Rua dos Polvos 415 CEP: 88053-565 Jurere - Florianópolis - Santa Catarina Tel.: +55 48 991626522 graosbr@gmail.com Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos -ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale Produção Arte-final, Diagramação e Capa

O mais importante na pós-colheita é o grupo humano que é responsavel pelo manejo, sempre deve-se trabalhar com o engajamento. Hoje a neurociência nos confirma o -que sabíamos intuitivamente, que a sinergia ou potenciação positiva dos integrantes do time de trabalho dá um resultado muito maior do que a soma das partes. Também sabemos que equipes de trabalho onde intervém o sexo feminino se obtem pontos de vista e uma integração mais ricas. Agora podemos perguntar o que devemos fazer com o time, as respostas são duas; a primeira é capacitar, atualizar, supervisionar e gerar estímulos mensuráveis para que se sintam parte dos resultados obtidos; a segunda é definirmos metas de maior eficiência e disminuição de perdas de qualidade e quantidade dos grãos que pretendemos armazenar. Hoje já temos no Brasil armazéns muito eficientes que já estão na fase da PC de Precisão e outros sobre os quais ainda se deve trabalhar e investir bastante, que ainda tem uma infraestrutura e manejo tradicionais. Todos nós que trabalhamos com armazenagem sabemos que a prática mais importante é a amostragem, já que só com um bom conhecimento dos grãos podemos dar a eles um manejo eficiente mas, quantos armazéns você conhece que tem equipamentos de extração de amostra de grão em movimento, equipamentos simples, econômicos que se conhecem há décadas e que são muito efetivos na obtenção de amostras? Sabemos que nada melhor que o frio para conservar, mas quantos armazéns ainda não tem máquinas de resfriamento articial? Caros amigo, nesta edição damos mais um passo na divulgação de tecnologia útil e esperamos que seja de seu interesse. Agradecemos aos profissionais e empresas que fazem uso da Grãos Brasil, a revista de todos, para difundir a melhor tecnologia para a região. Que Deus abençoe suas famílias e trabalhos. Com afeto.

MidiaLab Propaganda 44

99145-3873 Ligue e Assine:

(44) 3031-5467 Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Grão Brasil


Selecionadoras ópticas para sementes: Algodão, Milho, Soja, Feijões e Girassol.

Innovations for a better world. www.graosbrasil.com.br


04 INDICE

05 O Papel das Empresas de Supervisão e de Certificação no Comércio Internacional de Grãos - Eng. Agr. Juan C. Batista 08 Secagem de Grãos - Eng. Domingo Yanucci 12 Manejo Integrado de Pombos - Eng. Zoo. Ms. Guillermo J. Tarelli 18 Dois Pesos e Duas Medidas - Melhor Ficar De Olho Aberto Oswaldro J. Pedreiro 20 Tomra - A tecnologia é essencial para reforçar a sustentabilidade 23 Defeitos dos grãos de soja reduzem o rendimento de extração e qualidade do óleo! - Eng. MS. Adriano Hirsch Ramos 27 O Resfriamento Artificial é o mais natural - Eng. Domingo Yanucci 30 Fungos no Cacau - Prof. Dr. Sergio Paulo S. de Souza Diniz 32 Manejo da Pós-Colheita de Sorgo 37 Não só de pão... 38 CoolSeed News 40 Utilíssimas Críticas e Sugestões: gerencia@graosbrasil.com.br NOSSOS ANUNCIANTES

Revista Grãos Brasil - Maio / Junho


COMÉRCIO 05

O Papel das Empresas de Supervisão e de Certificação no Comércio Internacional de Grãos

Eng. Agr. Juan C. Batista Assessor técnico-comercial CIS-Argentina SRL

jbatista@cis-argentina.com.ar

O comércio internacional de grãos é um dos itens mais importantes no intercâmbio entre países, já que não é apenas alimento básico para consumo humano (trigo-cevada-milho, óleos etc.), mas também alimento para consumo animais (rações para animais - refeições protéicas, etc.) - que posteriormente influenciarão significativamente a base da dieta das pessoas. A maior parte deste comércio é realizado por barco, embora amostras para o conhecimento da qualidade dos produtos e outros as remessas menores para certos produtos de maior valor relativo são feitas por avião. Nos casos de países limítrofes, elas também são realizadas por terra, dependendo dos casos. Neste artigo, vamos nos referir especificamente ao câmbio marítimo devido a sua alta representatividade. As modalidades deste comércio, as formas de sua implementação e concretização tanto da troca quanto do pagamento das mercadorias são regidas, em geral, por regras preestabelecidas em acordos privados

internacionais. Eles estão concentrados hoje em tais organizações como a Associação de Comércio de Grãos e Rações (Grain and Feed Trade Association - GAFTA) ou Federação de Óleos, Sementes e Gorduras (Federation of Oils, Seeds and Fats Associations - FOSFA). Devido à experiência dos principais operadores internacionais, diferentes tipos de contratos e critérios de arbitragem foram modelados ao longo do tempo para resolver disputas, fornecendo assim estruturas gerais que proporcionam praticidade, segurança e confiança às empresas envolvidas e, em muitos casos, aos governos ou entidades governamentais de certos países compradores, e que todos eles constituem esta grande rede de comércio internacional. Em geral, e no caso de cereais, sementes oleaginosas e seus produtos, as operações são realizadas em condições: 1. "Livre no convés do barco" (Free on Board - FOB), ou seja, a responsabilidade do vendedor termina no final de carrewww.graosbrasil.com.br


06 COMÉRCIO

gamento da mercadoria colocado no convés do barco, para o caso de granéis, eu vendedor é quem deve suportar os custos da Contratação de navios, frete, seguro, etc. O que é comumente chamado de contrato "charter". 2. Custo e frete (Cost & Freight- CyF), o que significa que o vendedor se encarrega do frete. 3. Custo, Seguro e Frete (Cost Insurance and Freight CIF), significando que o vendedor se encarrega do frete e do seguro. 4. Outras condições No caso das vendas na América do Sul, e particularmente no caso do Brasil, as exportações são baseadas principalmente nas condições FOB. As empresas multinacionais com representação em países que vendem e os compradores são muitas vezes os principais organizadores destes Identificação e ligação através de negócios participação, oferta e demanda, apesar de não minimizar tanto a participação de corretores (brokers) ou comerciantes (traders) na intermediação entre empresas e, em alguns casos, também com entidades ou empresas públicas que compram em nome de seus governos. Como foi dito, as operações de grãos e farinhas que são exportados da América do Sul, são feitas principalmente nas condições FOB, o que geralmente envolve abrir uma carta de crédito do comprador e para o vendedor com a intervenção de um banco cada margem do negócio. Este documento fornece ao vendedor uma garantia suficiente de confiança para cobrar a mercadoria em um navio antes da coleta do mesmo e, assim, garantir a coleta subseqüente a partir da conclusão da carga comprometida no contrato; para o qual o banco - uma vez que tem a garantia de embarque na quantidade e qualidade pactuadas - libera a Carta de Crédito, ou seja, torna-a efetiva. Esta garantia é prestada pelas empresas de supervisão dos embarques, que, além disso, emitem os correspondentes certificados que garantem o cumprimento do contrato. Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

Em geral, essas empresas são nomeadas pelos compradores com base na confiança que têm nelas; eles assumem os compromissos de controlar cargas - daí a importância de operações testemunho, monitorarem a qualidade ela quantidade transportada, colher amostras representativas dos merchandise, fazer a análise adequada e, finalmente, a emissão de certificados de títulos. Após a emissão do (s) certificado (s), o exportador poderá iniciar os procedimentos de cobrança no escritório de comércio exterior do banco do país exportador. Agora, sinteticamente descrito até agora a função de controle / supervisão e certificação de empresas, comumente referido na terminologia de negócios como "surveyors", devemos destacar muitas outras tarefas de serviços adicionais oferecidos por essas empresas por causa de seu conhecimento, experiência e acesso às informações dos locais de carga e descarga nos locais de destino, tais como: assessoria às partes sobre as condições de qualidade da mercadoria na prevenção de futuras controvérsias, assessoria em termos de movimentação de embarcações, calado, cálculo de carga por método de controle de calado (draft survey), evolução de safra, clima, antecipação de greves ou conflitos, verificação das condições de segurança e higiene dos navio detém , supervisão de eventuais fumigações, antecipação de informações durante o carregamento, articulação com vistas a agilizar os momentos de carregamento com: a) o carregador ou terminal de carga, b) com a agência marítima, c) com o exportador, d) com o porto e autoridades de segurança, e) com os sindicatos portuários, etc.


COMÉRCIO 07 Da mesma forma, vale notar, em relação à complexidade dos diferentes mercados, a necessidade de antecipar problemas e alertar sobre as diferentes demandas colocadas pelos compradores ou autoridades nos países de destino em relação às possibilidades de conformidade com os diferentes mercados, requisitos contratuais e legais, dos diferentes destinos, tais como: questões de quarentena relacionadas a certificações de doenças e / ou pragas em colheitas ou mercadorias, presença de insetos vivos ou mortos, radioatividade, material geneticamente modificado, tecnologia de produção que impactos nos níveis de resíduos ou contaminantes físicos, químicos ou biológicos, tecnologia usada para determinações analíticas e níveis de detecção, etc. As responsabilidades das empresas de supervisão e certificação começam com a aceitação da nomeação (ou seja, quando o comprador se propõe a executar o serviço para a empresa e isso é aceito) e termina com a emissão da documentação acordada. Na prática, em termos de gestão moderna, sua responsabilidade continua até a satisfação do serviço pelo contratante. Além disso, no contexto de novos conceitos de lealdade e, nos casos em que a empresa deseja manter seu cliente através de uma relação comercial sustentada, sua responsabilidade deve ser considerada ilimitada ao longo do tempo.

www.graosbrasil.com.br


08 SECAGEM

Secagem de Grãos

Eng. Domingo Yanucci Consulgran - Granos - Grãos Brasil graosbr@gmail.com

Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

Normalmente a umidade de colheita é maior que a umidade de conservação. Por isso é necessário ter bons sistemas de secagem nos armazéns. Se demorarmos para colher, para receber seco, se colhe menos quantidade e muitas vezes menos qualidade. Para que o grão esteja dentro das normas de comercialização e conservação deve ser secado e quanto antes se seque melhor. Se pretende manter com umidade (por exemplo 1 ou 2 % encima da base do comércio) os grãos vão respirar muito ativamente, 1 % mais pode significar 100 a 200 % mais de respiração, então a perda pelo menos se duplica. Um grão com mais umidade, perde mais peso se não abaixar a temperatura. Em termos práticos 5oC equivalmem a 1% de umidade. Além desta perda de peso seco (matéria seca que se consume por respiração) se gera mais umidade e calor. Este aquecimento dos grãos

pode ser muito perigoso, porque potencializa um deterioro, que muitas vezes não dá para detectar rapidamente, levando a maiores perdas de peso e qualidade. No caso que não chegue a perder qualidade se geram uma grande quantidade de esporos e desenvolvimento inicial de fungos que vai afetar a armazenagem posterior, se o mesmo for prolongado será necessário baixar mais a umidade dos grãos, limpar melhor e monitorar mais de perto. Ainda tem armazéns que trabalham com secadores continuos como se fossem por etapas, o que leva mais tempo. O sistema de secagem continuo brinda seus melhores resultados quando se deve secar mercadoria com umidade uniforme, se na mesma moega chega grãos com diferentes umidades, 16% e 19 % e se misturar será muito dificil uma secagem uniforme. Deve-se estar muito pendente


SECAGEM 09 da umidade de ingresso, a umidade de saida, das toneladas por hora que ingressam em relação a capacidade portante no processo de secagem da máquina em questão. Muitos secadores não sabem quando fazer a mudança de velocidade de descarga ante uma mudança na umidade de ingresso. Deve-se fazer de imediato? Devo esperar que ingresse uns 10 % da capacidade da máquina? Quando é o momento justo?. Claro que o melhor é dispor de um bom sistema de monitoramento e automatização que tirem a grave responsabilidade do pessoal, que logicamente deve-se supervisionar. Mas vejamos a continuação em uma tabela que nos diz em que momento mudar. Ajustes da Secagem: Por exemplo se estamos secando um milho de 17 % e seque um milho de 20 %, 3 % de diferença de umidade para mais, quando na torre de ar quente ingressar um 30 % do grão mais úmido, devemos diminuir a velocidade. Se nós não mudamos a velocidade de secagem o grão sairá com uma umidade acima do desejado, se mudamos imediatamente para o que ingressou mais úmido o grão sairá muito seco. Por isso como orientação vemos no próximo quadro para diferenças de 2 – 3 e 4 %, em que porcentagem da torre de calor devemos fazer a mudança de velocidade. Se a nova partida é mais úmida, diminuiremos a velocidade, se é mais seca aumentaremos a velocidade.

Quadro Nº 1

www.graosbrasil.com.br


10 SECAGEM

Rendimento da Secagem: Quando as capacidades de secagem real não coincidem com as indicadas pelo fabricante, geram muitas perguntas por parte dos clientes. Pode ser que o fabricante subestime os rendimentos, mas também passe a variar os tipos de grãos em condições cllimáticas, níveis de umidade que ingressou e saiu, modalidades de secagem, temperaturas, etc., muda também a capacidade de secagem por hora. Para ajustar de forma aproximada o rendimento de uma máquina temos 2 coeficientes, um se refere a temperatura e outro a umidade que ingressou e saiu. Ajustando o rendimento teórico pelos coeficientes temos uma idéia aproximada.

Por exemplo se a capacidade básica é 50 t/h (informação do fabricante) e nós estamos secando um cereal de 18 % para 15 % com 940C, temos CR = 50 t/h x 1 x 1,22 = 61 t/h Quanta maior for a umidade de saída, maior é a capacidade do secador, quanto maior seja a umidade de ingresso para a mesma umidade de saida, menor é a capacidade de nosso secador.

Para ter um aproximação do rendimento ou capacidade de secagem devemos aferir o rendimento básico pelos coeficientes.

Consumo de energía: Este é outro tema muito preocupante nos armazéns: está gastando a lenha em excesso?. Para responder esta inquietude devemos saber qual é a capacidade calorífica da lenha em uso, quanto se está gastando para uma determinada secagem e os rendimentos da máquina. Se uma vez feito os cálculos estamos entre 1000 a 1200 kcal/kg de água evaporada, podemos falar que nossa secagem é boa, mas se gastamos 1600 kcal/kg de água para eliminar, nossa eficiência é baixa, estamos gastando demais. Claro que na grande maioria das vezes se desconhece esta informação. Vejamos um exemplo: Um milho que ingressa com 17 % e sai da máquina com 14 %, quantos litros ou kilogramas de água elimina, se saem do secador 50 t/h ?. Para dar resposta devemos aplicar a fórmula de quebra técnica: 17 – 14 x 100 = 3,49 % 100 - 14

Capacidade real (CR) = Capacidade básica (CB) x Coef. Umidade x Coef. Temperatura

Isto significa 34,9 lts. por tonelada, como estamos trabalhando 50 t/h, o total seria:

Quadro Nº 2

Quadro Nº 3 UMIDADE INICIAL

Revista Grãos Brasil - Maio / Junho


SECAGEM 11 50 t/h x 34,9 lt/t = 1745 lts por hora Podemos ver que se trata de muitos litros ou kilogramas de água. Agora bem, se nós estamos consumindo 700 kg/h de lenha de eucalipto, onde o poder calorífico é de 4600 kcal/kg, o consumo total seria de 3.220.000 kcal., então 3.220.000 kcal/1745 lts dá 1845 Kcal/litro de água. Aí você tem a resposta. Se não faz estes cálculos não pode saber como está trabalhando. Claro que tem outras considerações, o preço do combustível, a mão de obra, a qualidade da secagem e do grão resultante, etc. etc. Conclusões: Os aumentos dos volumes de grãos a receber e secar, normalmente geram um gargalo importante na secagem, que muito comumente se trata de diminuir aumentando a temperatura de secagem. Isto gera uma secagem inicial mais rápida do que a recomendável, por exemplo na soja o máximo recomendado é uma extração de 3 % por hora e no milho de 5 %, se tratamos de elimimar mais umidade que a estrutura do grão pode entregar, sem dúvida afetamos a qualidade. É muito comum afetar a qualidde do glúten no trigo, provocar a quebra do grão de soja, assim como no milho. Há muitos anos sabemos que a melhor forma de secagem implica em respeitar a natureza dos grãos, usar

a mínima temperatura possível e eliminar do secador a etapa de resfriamento, enviar aos silos o grão quente, com um pouco de umidade e depois de um repouso ou “tempering”, como dizem os americanos, terminar o processo de secagem com ar ambiente ou resfriado. Isto permite o máximo rendimento no secador, menores gastos e uma ótima qualidade. Mas para poder ser concretizado este sistema de secagem temos que dispor de uma vasão (m3/min t) com no mínimo de 0,3 m3/ min t. Outros temas muito importantes se referem a classificação por umidade, pré-limpeza, sistemas de amostragem, monitoramento e automatização do secador. Isto veremos nas próximas edições. Mas devemos ter claro que como a secagem é a prática mais custosa e que mais dano potencial tem sobre os grãos, devemos dedicar uma atenção especial. Muitos armazéns se perguntam por que se quebram os grãos? Por que fica muito seco? Como podemos ter mais capacidade de secagem?.

Lembre-se que devemos seguir o caminho dos que chegaram na pós-colheita de precisão.

www.graosbrasil.com.br


12 CONTROLE DE PRAGAS

Manejo Integrado de Pombos

Eng. Zoo. Ms. Guillermo J. Tarelli INRO ARGENTNA S.A. gtarelli@inro.com.ar

Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

Características dos pombos e sua criação. O pombo é da ordem das aves, provenientes do pombo bravo, da subclasse dos "guardiões". Compreendem cerca de 360 variedades divididas em várias famílias, das quais destacamos as Diduncúlidas, Gúridas e "Colombáceas ou Colúmbidas", a que nos referiremos e inclui os pombos e as rolinhas, num total de cerca de duzentas espécies. Em cada uma dessas famílias existem variedades ou castas diferenciadas por cor e tamanho. Caracterizam-se por seu bico, curtas e retas endurecidas em sua terminação, córnea, encurvadas na mandíbula superior, um tanto enganchadas e a parte basal flexível e recoberta de pele que envolve as passagens nasais. As pernas, curtas e plumas, têm quatro dedos, os três anteriores unidos pela base e o posterior dirigido para trás. Excelente voar, construir seus

ninhos normalmente em lugares altos, embora ocasionalmente haja exceções lembrando o comportamento dos galináceos. Seu sistema digestivo se destaca devido à grande capacidade da cultura bilobada, ao poder de seu estômago mecânico e à ausência de uma vesícula biliar. Os pombos são monogâmicos durante o calor são fiéis ao seu parceiro, e como o ninho é geralmente masculino e feminino, normalmente o par é formado entre os mesmos irmãos, a menos que você queira impedir a união consanguínea e nesse caso é necessário emparelhá-los separadamente. Colocam dois ovos por posição, entre dez e vinte dias após o acasalamento, a incubação geralmente dura cerca de 18 ou 20 dias e é tarefa do macho e da fêmea, tanto na espécie doméstica quanto na silvestre. Eles realizam a incubação em turnos, o macho costuma fazê-lo pela manhã, mas no caso em que a fêmea não está


CONTROLE DE PRAGAS 13 pronta para aliviá-lo às duas da tarde, o macho permanecerá lá até que ele chegue, exceto no caso de atraso excessivo, caso em que ele acabaria abandonando os ovos para o seu destino. Os filhotes nascem cegos, sem força e arrancados, por isso são nidófilos e são inicialmente alimentados com a ajuda dos pais. Durante uma semana eles são "amamentados", porque de alguma forma esse primeiro alimento dos pintos lembra a lactação de mamíferos, consistindo de um líquido leitoso ou mingau, segregado por suas andorinhas, composto de caseína e sais (15%), gordura (8%) e água. Após essa primeira fase, os pais fornecem grãos semi-amaciados em seu próprio swish, para depois passarem a grãos proporcionais amolecidos em água, até 30 dias após o nascimento os pombos, totalmente emplumados, começam a comer sozinhos. Quarenta dias depois, eles geralmente deixam o pombal para reconhecer o ambiente ao redor, de modo que eles raramente são perdidos. Depois de três ou quatro meses, alguns deles agora podem se levantar, chamando a si mesmos de pombos. Os períodos de procriação são de verão, de junho a setembro, colocando cinco a seis vezes um par de ovos, com intervalos de cerca de 20 ou 21 dias. Sua dieta é fundamentalmente baseada em grãos (granívoros), especialmente trigo, enquanto milho, aveia e cevada são menos desejáveis e também algumas frutas (frugívoras). Principais espécies do grupo das Colúmbidas. Paloma Bravia (Columba livia). Eles são agrupados em numerosas raças de acordo com sua morfologia, tamanho de cor, podem até ser classificados pela função que desempenham: mensageiros, esportes, tiro, ornamental. • Família: Colúmbidos – Columbidae • Aspecto: a pomba da família que é vista em todos

• •

• • •

os lugares nas cidades. Sua coloração varia enormemente, do branco ao multicolorido. Tamanho: Comprimento 29-35 cm, envergadura 60-68 cm, peso 315-410 g. Ninho: Disprolija compilação de galhos e palha, muitas vezes construída em intershells, cavidades em edifícios, suportes de pontes ou buracos nas paredes. Reprodução: Criação de nada mais e nada menos do que quatro garras em um ano, mesmo reproduzidas no inverno quando as condições são apropriadas. 2 ovos incubados por ambos os pais, durante 17 dias. Aves jovens podem voar após 35 dias. Distribuição: é encontrada em todos os lugares em cidades menores, vilas e aldeias, mas apenas em raras ocasiões em fazendas. Migração: Sedentário. Comida: Pulsos, grãos, sementes, restos de comida que você procura no lixo em áreas urbanas. Aves jovens se alimentam de comida regurgitada semi-digerida.

Pomba Manchada (Columba maculosa / Patagioenas maculosa). • Família: Colúmbidos – Columbidae • Aparência: música relativamente rouca. Tem um pescoço sem filetes, asas notáveis com sardas brancas. Íris de cor cinza. Tem pernas vermelhas e um bico preto. Arisca Poses de média e baixa altura. Freqüentemente no chão. Às vezes solitário ou em pares, muitas vezes em bandos. Voar rápido. • Tamanho: Comprimento 33 a 35 cm. Peso 280 a 340 gramas. • Ninho: localiza seu ninho em árvores onde faz uma simples plataforma de paus. Quando a comida é abundante e o clima no outono e inverno parece

www.graosbrasil.com.br


14 CONTROLE DE PRAGAS

• •

benigno, ela nidifica(constrói) durante todo o ano. Em expansão, possivelmente devido ao avanço da fronteira agrícola. Reprodução: são reproduzidos durante todo o ano. As fêmeas colocam um ovo que leva 21 dias para incubar. Machos e fêmeas incubam seus ovos e alimentam os filhotes alternadamente. Distribuição: é encontrada em florestas, selvas, zonas áridas e pastagens. Também está presente em cidades, vilas e áreas urbanas ou peri-urbanas / rurais. Migração: Sedentário. Alimentos: grãos, sementes e brotos.

Torcaza (Zenaida auriculata). • Família: Colúmbidos – Columbidae • Aparência: Os machos têm uma coloração azul clara no topo da cabeça e uma coloração rosa claro ou dourada no peito. As fêmeas têm uma cor escura, isto é, não têm tons diferentes da sua plumagem normal. Eles cantam uma música muito peculiar e muito diferente de outras aves, tanto homens quanto mulheres cantam, estes últimos quase exclusivamente na época antes de alimentar seus filhotes. O macho canta com mais força e entonação que a fêmea. Confiante, alimenta-se no chão e empoleira-se em fios, galhos ou paredes. Vôo rápido. Silencioso. • Tamanho: Comprimento 24 cm. Peso 150 a 180 gramas. • Ninho: ninhos pequenos e elementares, criados a partir de galhos localizados aleatoriamente. Eles podem se aninhar em árvores, cornijas ou qualquer tipo de estrutura de construção. • Reprodução: eles podem colocar 2 a 4 ovos. Muito "ciumento" de suas posições, a ponto de que, antes que o inconveniente possa deixar seus ninhos. Eles vivem em casais individuais ou em colônias formadas por muitos casais. O período de incubação vai de 12 a 14 dias. Tanto as fêmeas como os machos são responsáveis pela incubação e alimentação inicial. • Distribuição: está bem estabelecido em áreas urbanas, periurbanas ou rurais. Grande adaptabilidade. • Migração: Sedentário. • Alimentos: grãos e sementes principalmente. IMPACTOS POTENCIAIS NA SAÚDE PÚBLICA. Nos tempos antigos, os pombos eram venerados como companheiros e amplamente estudados por Charles Darwin durante seu trabalho sobre evolução. No entanto, com o passar do tempo, muitas das populações se tornaram uma praga, constituindo um grave problema de saúde pública, pois são reservatórios de pelo menos 40 vírus, bactérias, fungos e parasitas que podem afetar os seres humanos. e animais domésticos. CONTROLE E GESTÃO DE POPULAÇÕES. Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

A determinação da pressão das aves em um determinado local, é uma prioridade e extremamente importante para a escolha da estratégia correta e, consequentemente, um alto nível de eficiência. Com referência a este ponto, a pressão das aves em um local infestado pode ser ALTA, MÉDIA ou BAIXA. Nada tem a ver com o número de aves nesta categorização, enquanto o que determina o nível de pressão é dado pelo uso do local pelas aves. Alta pressão. São locais utilizados durante a noite e / ou nidificação. As aves geram laços muito estreitos com essas áreas e tentam retornar de qualquer maneira. Por esta razão são locais de nidificação as únicas barreiras físicas / mecânicas efetivas que impedem o retorno. Pressão Média. Cornijas, varandas, grades, árvores, cabos de luz, etc., ou qualquer local que permita visualizar diretamente sua fonte de energia. Esses locais podem ser manipulados com repelentes táteis, olfativos ou elementos de controle físico. A falcoaria também é uma prática eficaz para essas situações. Pressão baixa. Dado por locais altamente expostos, usados como estações intermediárias de repouso quando as aves se aninham ou passam a noite em lugares distantes da fonte de alimento, ou também aqueles lugares onde o banho de sol é comum. Essas áreas são mais ventosas, muito expostas a aves de rapina, mal protegidas em geral. São lugares onde qualquer uma das ferramentas pode dar bons resultados. Por esse motivo, as metodologias mais simples de instalar normalmente são usadas: Gestão do meio ambiente. A eliminação de fontes de água e alimentos pode, em certos casos, resolver o problema da superpopulação; em outros, a simples reparação de uma janela quebrada é a solução. Para resolver um problema de aves requer um planejamento cuidadoso e a integração de várias estratégias. No primeiro, é necessário caracterizar as aves, o que inclui pelo menos três aspectos fundamentais: a identificação de padrões de atividade e a determinação de quaisquer espécies de aves não brancas que possam estar em risco; a determinação das construções, áreas e / ou árvores que os pombos usam para se aninharem,


CONTROLE DE PRAGAS 15 se empoleirarem, beberem e se alimentarem; Finalmente, entenda claramente as relações entre as aves e seu ambiente, incluindo estruturas, solo superficial, frondes de árvores, arbustos e a disponibilidade de alimentos e água. A segunda estratégia se concentra no saneamento, que pode resolver o problema por conta própria. Se os pombos estiverem se alimentando dentro ou ao redor da área afetada, será necessário limitar ou remover o alimento para desencorajá-los de continuar a usar essa área. Parte do saneamento inclui a remoção regular de todos os ninhos, o que pode diminuir significativamente a população de longo prazo. A exclusão e modificação do habitat é a terceira estratégia. Esta abordagem é a mais eficaz e é realizada por não permitir o acesso à estrutura como um local de nidificação, empoleiramento ou descanso. As ferramentas mais utilizadas são os postes e fios de aço, pinos e redes de metal ou policarbonato. Sem dúvida, são os implementos mais duráveis e eficazes se forem instalados corretamente. Instalação de Polos. É importante que os postes e fios sejam feitos de aço inoxidável e as bases de plástico, se existirem, tenham proteção UV. O sistema de pólos é uma estratégia que é usada em todo o mundo para afastar pombos e pássaros maiores e impedir que eles se empoleirem ou nidificam em cornijas, vigas, janelas, canos e beirais. Cada sistema consiste em fios de aço inoxidável cobertos por nylon (com proteção UV), quase imperceptíveis aos olhos, que são colocados entre os postes de aço inoxidável. Fios de tensão desestabilizam a plataforma de "aterrissagem" e fazem com que as aves procurem outro lugar para se empoleirarem. Os componentes do sistema podem ser usados em combinação para cobrir cornijas de qualquer largura. O sistema de pólos não é recomendado para assustar pardais, andorinhas ou pequenos pássaros. Para sua instalação, é aconselhável contratar pessoal treinado devido à quantidade de acessórios, molas e fios que o compõem. Os postes são colocados longitudinalmente, cobrindo o comprimento da cornija, cano, calha ou qualquer outra superfície onde você deseja instalar. A montagem dos sistemas de polos é feita perfurando a superfície ou fixando as bases de plástico. A separação entre os postes não deve exceder 1,5 metros. Cornijas com uma largura entre 2 e 5 centímetros requerem apenas uma linha. Em cornijas maiores, é necessária uma fileira a cada 5 centímetros. O sistema consiste em pelo menos dois pólos (cilíndricos com extremidades planas e furo central), fio de aço de 0,5 a 1 milímetro e uma mola para tensão e fixação. Em um dos pólos o arame é enfiado e é feito um laço que é fixado com pequenos tubos de alumínio e braçadeira (mosquetões de pesca similados). No outro extremo, o loop é armado da mesma maneira, mas sem enfiar o post. Esse loop é usado para enganchar a mola e o segundo para o polo. Desta forma, o fio será tensionado. Se a distância entre postes exceder um metro e meio, um poste intermediário deve ser colocado.

Instalação de Pinches. Pinches (plástico ou aço inoxidável) são um dos produtos para o controle de aves mais fácil de instalar e, ao mesmo tempo, um dos mais econômicos. Seus pólos têm a resistência necessária para repelir pombos e são agressivos, enquanto são finos o suficiente para passar despercebidos. A maioria das pitadas é vendida por metro linear e pode ser de 30 a 50 centímetros. A largura da cobertura é geralmente de 14 centímetros e a altura dos dentes é de pelo menos 11 centímetros. É importante que estes estejam dispostos alternadamente e com diferentes ângulos de abertura. Para instalar "pitadas" em uma cornija, viga ou tubo, duas coisas devem ser levadas em conta para que a instalação seja bem sucedida, a) localizar o produto de maneira apropriada e b) fixar o produto de maneira segura. Colocação. Um dos grandes benefícios das pitadas é a possibilidade de deixar algum espaço desprotegido entre as fileiras e entre a última fileira e a parede inferior. Claramente isso aumenta a área de cobertura total. Como pode ser visto na ilustração, as pitadas podem ser localizadas com uma distância de até 6 centímetros entre elas e 6 centímetros entre as pitadas e a parede traseira (cobertura livre). As pitadas devem se projetar da extremidade externa em pelo menos 0,5 centímetros (em direção ao vácuo).

www.graosbrasil.com.br


16 CONTROLE DE PRAGAS riais utilizados na instalação são: tensor, cabo de aço, primário e secundário âncoras lesma, grampos de arame, agrafadores, frisos e engaste para prender a rede de cabo de aço. Para a instalação, uma âncora primária é colocada em cada canto e uma a cada 10 metros, se houver muita superfície. Em cada canto deve haver um tensor que permita que cada lado seja tensionado independentemente. As âncoras secundárias, evitar que o cabo de aço é separada da parede por aperto da rede, tem de ser colocado a cada 0,8 1 metro se a rede para os pombos e cada 0,3 metros, se pardais de rede. Uma vez ligado e tensionada cabo de aço, deve formar uma moldura ao longo de todo o perímetro para proteger as aves. Finalmente, o líquido ligado ao cabo, inicialmente, a partir dos cantos com vedações para facilitar o trabalho, em seguida, a totalidade da rede é fixada (considerando uma braçadeira por metro quadrado), incluindo cantos. O uso de vedações não é sugerido, pois elas se deterioram com o tempo e são cortadas.

As pinças são seguras com cola ou com parafusos, considerando que a colagem deve ser feita em superfícies limpas e livres de poeira ou partes soltas. Para o caso de parafusar, recomenda-se usar três parafusos por tira (30 a 50 cm). A colagem deve ser feita com adesivos neutros de silicone ou alvenaria. O adesivo é aplicado linearmente na base da punção, é apresentado na área a ser colada e pressionado com firmeza até que a camada adesiva seja reduzida a 1 milímetro. Isso minimiza o carregamento e a elasticidade do adesivo, tornando a aplicação mais durável. O excesso de adesivo deve ser removido / limpo, exceto por um que exceda os orifícios centrais da base de plástico. Esse excesso vai oficializar como um "rebite". O uso de parafusos será feito com plugues (alvenaria) ou com pequenos parafusos autoperfurantes se a superfície de ancoragem permitir (metal / madeira). Recomenda-se usar dois a três parafusos por tira, e não um parafuso por furo. Se você usar uma máquina perfuradora, use mechas de 6 mm (com um comprimento mínimo de 8 cm). Certifique-se de marcar a posição dos parafusos, mas sem perfurar a base de plástico. Instalação de rede. O sistema de rede é o mais eficaz e durável de todos os sistemas de proteção predial. Eles podem ser usados para protegê-los de praticamente todas as espécies que criam problemas. A rede é fixada por grampos a um fio, o qual por sua vez está fixo à superfície com diferentes tipos de âncoras. Uma rede bem posicionada é quase invisível e é totalmente eficaz. As redes podem ser de cores diferentes para ser imperceptível, existem diferentes tamanhos de malha (5 x 5 cm pombos, pardais de 2 x 2 cm) para as diferentes espécies. Os mateRevista Grãos Brasil - Maio / Junho


CONTROLE DE PRAGAS 17 Uso de repelentes. Estes são geralmente projetados para afetar um ou mais sentidos das aves causando alarme e abandono da área ou fazendo com que suas atividades de repouso e descanso sejam desconfortáveis. Existem quatro tipos diferentes de repelentes: táteis (polibuteno), olfativo (Metil Antranilato), som e visual (agrilaser / balões / luzes, etc.). Os repelentes táteis e olfativo podem funcionar em situações de média a baixa pressão, desde que sejam aplicados com frequência. Em relação aos repelentes sonoros ou visuais, eles tendem a produzir acostumação, de modo que sua eficácia será limitada a alguns dias ou semanas, de acordo com a capacidade da população. Redução de populações. Um método eficaz para o controle populacional é o uso de esterilizadores químicos que causam esterilidade temporária em aves sem danificá-las. É eficaz a médio e longo prazo, pois permite reduzir a população a um determinado número que pode ser tolerado pela sociedade. Estes produtos são baseados em coccidiostáticos (Nicarbazina), existentes na Argentina, mas não para este uso específico. Pombos de armadilhagem (armadilhas gaiola, redes guns, lança, etc.) pode ser tratada de forma eficaz através da fixação de armadilhas para aves perto dos seus locais, em repouso ou ali-

mentação. Tem a desvantagem de envolver um trabalho intensivo e portanto caro, principalmente porque as aves capturadas devem ser liberadas / realocadas para não menos de 50 quilômetros. Essa prática é uma das mais utilizadas por causa do impacto "visual" que tem, independentemente de que em muitos lugares a estratégia é mal implementada e os pombos retornam em pouco tempo. Como parte da redução da população, podemos incluir a falcoaria. Prática milenar, até mesmo esportes, que envolve o uso de aves de rapina treinadas (falcões, águias). Esses predadores sobrevoam a área infestada de pássaros, emitindo sons característicos. As aves "presas", intimidadas pela presença destas, migram para fugir da zona de risco. A falcoaria é uma estratégia segura, ecológica e extremamente eficaz, embora muito cara. Muitos aeroportos do mundo implementam a contratação de falcoeiros para reduzir a presença de aves no espaço aéreo.

www.graosbrasil.com.br


18 COMÉRCIO

Dois Pesos E Duas Medidas Melhor Ficar De Olho Aberto

Oswaldro J. Pedreiro Novo Horizonte - Assessoria e Consultoria contato@nhassessoria.com.br

Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz seus novos números de avanço do plantio no país na última semana, até este domingo, 2 de junho. O mercado se mostra ansioso, mais uma vez, pelo relatório, uma vez que para o milho a janela de plantio já terminou nos EUA e para a soja, dadas as atuais condições climáticas, fica cada vez mais estreita. O mercado espera que o boletim - que chega às 17h (horário de Brasília) - traga a área de milho semeada entre 68% e 73%, contra 58% da semana passada e da média aproximada para este período de 95%. "Estou na mínima desse intervalo depois de ouvir vários produtores falando sobre a última semana", disse o analista internacional Kevin Van Trump em sua conta no Twitter nesta segunda-feira (3). Seu gráfico, na sequência, mostra como tem sido o avanço semanal da se-

meadura do cereal em comparação com últimos nove anos. Para a soja, o intervalo esperado é de 39% a 44%, frente aos 29% da semana anterior e 75% de média aproximada para esta data. No caso da oleaginosa, Van Trump alerta para o acompanhamento ainda mais rigoroso dos principais estados produtores - Illinois, Iowa, Minnesota, Nebraska, Indiana, Ohio, Missouri, Arkansas, Dakota do Sul e Dakota do Norte - onde o atraso tem sido considerável. "O produtor segue lutando para tomar suas decisões, se aderem ao programa do Prevent Plant, se migram para a soja ou se estendem um pouco mais o plantio do milho", relata o analista sênior do portal Farm Futures, Bryce Knorr. Essa luta se dá por dias de cruzamento de dados pelos agricultores norte-americanos. As condições de clima são muito desfavoráveis neste momento, as previsões para


COMÉRCIO 19 os próximos dias mostram uma pequena janela em algumas localidades, mas a volta de chuvas consideráveis já a partir desta quarta-feira (5). E justamente diante essas projeções é que o mercado projeta também uma área recorde sem plantio nos Estados Unidos nesta temporada. Para Jack Scoville, diretor da Price Futures Group, de Chicago, somente de milho deverão ser mais de 3,6 milhões de hectares (9 milhões de acres). "Para a soja ainda não temos uma perspectiva muito clara, tudo depende do clima agora", diz, em entrevista ao Notícias Agrícolas. De acordo com informações da consultoria internacional Allendale, Inc., o USDA começa a reportar a área onde foi adotado o Prevent Plant a partir de agosto. E a maior parte das análises, até este momento, esperam pelo menos 3,24 milhões de hectares (8 milhões de acres) dentro deste programa de seguro. Para Scoville, o avanço no plantio do milho deve ser, na semana, de 8% e de 12% para a soja. "Isso é muito pouco. O produtor está aproveitando como pode agora, o clima um pouco mais seco. Mas já se fala de mais chuvas chegando a partir de quarta-feira, isso é uma preocupação para o mercado agora", explica. "Alguns produtores já não fazem mais nada de milho nesse momento", completa. Enquanto as decisões ainda não são tomadas, o mercado segue especulando sobre a migração do milho para a soja. No entanto, o atual cenário parece não estimular essa mudança, como explica o analista da Agrinvest Commodities, Marcos Araújo. "Ao fazer a conta do seguro do Prevent Plant vale muito mais a pena o produtor fazer nesse momento - com a atual produtividade esperada da soja e os preços futuros em Chicago - não vai valer a pena ele nem plantar soja. Vale mais ele acionar o seguro que vai receber mais do que plantando a soja. Então, os preços em Chicago desincentivam os produtores a migrarem,

deixarem de receber o Prevent Plant, para que ele arrisque plantando", detalha o especialista. Agora, cá entre nós: será que todos os produtores que não vão mais plantar milho está dentro do programa de seguro do governo norte americano? Porque fica a dúvida no ar: quem não fizer parte do seguro, vai ter que plantar soja pra não perder o ano, mesmo que os preços não sejam tão favoráveis nesta altura do campeonato. O QUE PESA MAIS NA BALANÇA Por outro lado, continua a expectativa de até onde vai se arrastar a guerra comercial China x EUA, uma vez que além do fator clima, pesa na balança comercial o resultado real dessa guerra fria sem precedentes. Se os chinos não comprarem dos EUA o soja que necessitam, forçosamente terão que vir buscar o produto na América do Sul, e aí teremos um prêmio bastante interessante para a soja brasileira ainda por ser negociada, podendo resultar em um excelente negócio para os produtores brasileiros. Paralelamente a tudo isso ainda temos o vai-e-vem do câmbio, que ultimamente tem favorecido as exportações brasileiras e tem compensado as perdas no valor nominal das cotações em Chicago; claro que temos que estar atentos a cada minuto que o mercado se apresenta favorável, e registrar vendas nos picos de alta para manter uma média favorável e significativa. Vai pesar na balança a capacidade dos produtores brasileiros em conservar os produtos armazenados e esperar para vender no momento mais adequado, com um olho no clima e outro na guerra comercial dos nossos parceiros mais fortes, e buscar aproveitar as janelas que se apresentarem e marcar presença num mercado tão sensível como é o atual. Boa sorte a todos e bons negócios.

www.graosbrasil.com.br


20 INFORME EMPRESARIAL

A tecnologia é essencial para reforçar a sustentabilidade Com uma população global em rápida expansão e um suprimento limitado de alimentos, é vital que as empresas de alimentos trabalhem de forma mais sustentável e permaneçam lucrativas. Devemos ser mais eficazes com nossos recursos para fornecer alimentos para todos, portanto todas as culturas são importantes, e em geral, cada pedaço de produto conta. Até agora, processos ineficientes aconteciam ao longo de toda a cadeia de suprimento de alimentos em fazendas, fábricas de processamento e lojas em todo o mundo, com produtos sendo perdidos e desperdiçados desnecessariamente. Embora você possa pensar que sabe o que a palavra "sustentabilidade" significa para o seu negócio, na realidade não se trata apenas de introduzir iniciativas ambientais nem de programas autônomos de responsabilidade social corporativa (RSC). Então, o que é sustentabilidade? Em suma, a sustentabilidade é o uso eficiente de recursos, que é vital para garantir o fornecimento de alimentos para as gerações futuras. E a tecnologia é a resposta para tornar o setor de alimentos mais sustentável, eficiente e lucrativo. É nesse ponto que a TOMRA faz a diferença, desenvolvendo tecnologia de última geração que possa ajudar toda a cadeia desde a separação do produto, de forma que chegue com a maior qualidade possível ao consumidor final e atenda a todos os padrões exigidos. No entanto, é um desafio de todos e não de apensas de alguns. O desafio da sustentabilidade A economia global estará enfrentando enormes desafios de recursos nos próximos 40 anos. A população global deverá crescer 30% até 2050 e a maioria dessas pessoas viverá nas cidades. Na verdade, a urbanização está aumentando a tal ponto que, em 2050, cerca de 70% da população viverá nas cidades: em 1960, verificava-se exatamente o contrário. Ao mesmo tempo, a terra disponível para o cultivo de alimentos é muito limitada e apenas 20% a mais de terra pode ser utilizada de forma produtiva, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Quando se considera que a produtividade dos recursos nos 27 países da UE apenas aumentou um por cento por ano nos últimos sete anos, você vê o quão grande é o desafio. Se ampliarmos a uma escala mundial o desafio se torna ainda maior. Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

O impacto disso a longo prazo volta à antiga regra econômica de que o custo dos ingredientes aumentará devido à escassez, colocando pressão econômica nos mercados de alimentos e bebidas. Desperdício de alimentos da fazenda até o garfo O desperdício de alimentos acontece em toda a cadeia de suprimentos. Culturas de alimentos podem ser estragadas antes da colheita, como em abril de 2017, onde pelo menos 80% das plantações de frutas da Europa Central foram perdidas devido à geada tardia. O diretor-executivo de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Cleber Soares, explicou que a Europa é um mercado que influencia as decisões de compra de outros países e por isso precisa estar bem informado sobre como o Brasil tem avançado em termos de sustentabilidade do seu sistema produtivo. Então, a boa produção é às vezes rejeitada durante o processamento devido à classificação ineficiente. Finalmente, os supermercados e lojas muitas vezes jogam fora alimentos que passaram do ponto de amadurecimento, enquanto os consumidores acabam se desfazendo de comida diretamente da geladeira. É importante ressaltar que a escassez de alimentos, como a escassez de vegetais na Europa no início de 2017, levou a preços mais altos para processadores e consumidores. Naturalmente, há um desequilíbrio na eficiência alimentar entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. As questões mencionadas acima são comuns em países desenvolvidos e, com 70 milhões de pessoas entrando na classe média globalmente a cada ano, elas só crescerão. Mas, embora os resíduos gerados pelos consumidores não sejam um problema desses países em desenvolvimento, eles geralmente têm processos ineficientes na cadeia de suprimentos, o que leva a um maior desperdício durante a colheita e o processamento. Cabe a todos nós, como empresas e indivíduos, usar os recursos de maneira mais eficiente e viver de forma mais sustentável, e há uma crescente pressão social para que isso aconteça.


INFORME EMPRESARIAL 21 Da tendência de "comida feia", que vê lojas e consumidores aceitando produtos disformes, mas de qualidade, para empresas multinacionais estabelecendo requisitos de sustentabilidade a seus fornecedores e comprando alimentos localmente, algum progresso está sendo realizado. Muitas empresas, incluindo a PepsiCo, a McCain Foods, a Mondelez e a Nestlé estão estabelecendo compromissos ambiciosos para enviar zero desperdício de alimentos para o aterro de suas próprias operações diretas, como parte de uma campanha da Federação Britânica de Alimentos e Bebidas (FDF). Custos e poupanças para o negócio Há um equívoco comum entre as empresas de que ser sustentável custará dinheiro. De fato, sustentabilidade e lucratividade estão ligadas, pois ambos dependem do uso mais eficiente dos recursos, e tomar medidas para evitar o desperdício de alimentos poderia economizar 341 milhões de euros por ano, de acordo com o Programa de Ação sobre Resíduos e Recursos (WRAP). Essas empresas podem enfrentar alguns custos iniciais ao evoluir para se tornarem mais sustentáveis, mas mesmo pequenas mudanças podem ter um grande impacto. A maioria das empresas que transformaram seus negócios dizem que tiveram que fazer um investimento inicial e agora estão visando benefícios financeiros a longo prazo. Então, o que os processadores de alimentos podem fazer para trabalhar de forma mais sustentável e aumentar sua lucratividade ao mesmo tempo? Muitos estamos olhando para soluções avançadas de classificação baseadas em sensores, para obter esta resposta. Automatizar linhas de processamento de alimentos com a tecnologia certa pode melhorar a sustentabilidade de muitas maneiras, segundo o relatório do Parlamento Europeu “Opções de tecnologia para alimentar 10 bilhões de pessoas”, como “otimizar a qualidade do produto, reduzir perdas e defeitos de qualidade e diminuir o consumo de energia e água”. Para reduzir a perda de alimentos e o desperdício é importante olharmos para as máquinas de triagem baseadas em sensores em linha, que são muito eficazes na otimização do rendimento do produto, garantindo a qualidade e maximizando os lucros. Anteriormente, quando

as más condições meteorológicas danificavam uma colheita, esta seria desperdiçada. Por exemplo, seguindo uma queima de batata ou mirtilos danificados por granizo, os produtores de alimentos optavam por não recuperar essa colheira. Agora, os produtores de alimentos que são parceiros TOMRA conseguem recuperar uma pequena percentagem da cultura através de "ordenação inversa", removendo a maioria dos podutos ruins e recuperando um ou dois por cento do bom produto disponível. No passado, tudo isso teria sido desperdiçado e agora existe uma solução. Liderar a revolução dos recursos Essas tecnologias e plataformas estão inspirando as empresas a pensar fora da caixa. Considerando que, no passado, os resíduos eram resíduos, agora os processadores têm múltiplos fluxos de resíduos, dependendo da qualidade do produto: Uma cenoura disforme pode ser cortada em cubos ou espremida, uma de baixo grau de


22 INFORME EMPRESARIAL qualidade será usada para alimentação de gado, e somente aquelas verdadeiramente defeituosas serão rejeitadas. A TOMRA Sorting Food está empenhada em liderar a revolução dos recursos. Nossa missão é garantir que o suprimento de alimentos seja otimizado para as gerações atuais e futuras para ajudar as empresas de processamento a trabalhar de forma lucrativa, e acreditamos que a tecnologia é crucial para melhorar a sustentabilidade, ajudando a usar os recursos de maneira mais eficiente e a manter as empresas lucrativas. Sobre a TOMRA Food A TOMRA Food projeta e fabrica máquinas de classificação baseadas em sensores e soluções pós-colheita integradas para a indústria alimentícia, utilizando a mais avançada tecnologia de classificação, descascamento e análise do mundo. Mais de 8.000 unidades estão instaladas em produtores de alimentos, empacotadores e processadores ao redor do mundo, nos segmentos de frutas, nozes, vegetais, produtos de batata, grãos e sementes, frutas secas, carne e frutos do mar. A missão da empresa é permitir que seus clientes melhorem os retornos financeiros, obtenham eficiências operacionais e garantam o fornecimento seguro de alimentos por meio de tecnologias inteligentes. Para isso, a TOMRA Food opera centros de excelência, escritórios regionais

Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

e locais de fabricação nos Estados Unidos, Europa, América do Sul, Ásia, África e Australásia. A TOMRA Food é membro do Grupo TOMRA, fundado em 1972, que começou com o projeto, fabricação e venda de máquinas de venda reversa (RVMs) para coleta automatizada de embalagens de bebidas usadas. Hoje, a TOMRA fornece soluções lideradas por tecnologias que permitem a economia circular com sistemas avançados de coleta e classificação que otimizam a recuperação de recursos e minimizam o desperdício nas indústrias de alimentos, reciclagem e mineração. A TOMRA tem cerca de 100.000 instalações em mais de 80 mercados em todo o mundo, com uma receita total de aproximadamente 8.6 bilhões de NOK em 2018. O Grupo emprega em torno de 4.000 pessoas globalmente e é listado publicamente na Bolsa de Valores de Oslo (OSE: TOM). Para mais informações sobre a TOMRA, acesse www.tomra.com Contato TOMRA Food. João Medeiros Tel: +55 11 96340 0366 E-mail: Joao.Medeiros@tomra.com https://www.tomra.com/food


TECNOLOGIA 23

Defeitos dos grãos de soja reduzem o rendimento de extração e qualidade do óleo!

Eng. MS. Adriano Hirsch Ramos Doutorando em Ciência e Tec. de Alimentos Universidade Federal de Pelotas adriano.hirsch@hotmail.com Eng. Agr. Newiton da Silva Timm Mestrando em Ciência e Tec. de Alimentos Universidade Federal de Pelotas newiton.silva.timm@hotmail.com Eng. Dr. Cristiano Dietrich Ferreira Pesquisador de Pós-doutorado Universidade Federal de Pelotas cristiano.d.f@hotmail.com Eng. Dr. Maurício de Oliveira Professor e Pesquisado do Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos (LABGRÃOS) Universidade Federal de Pelotas mauricio@labgraos.com.br

Atualmente a soja (Glycine max [L.] Merril) é produzida em diversas regiões do mundo e utilizado em diferentes aplicações. O Estados Unidos e o Brasil são os maiores produtores de soja, seguidos pela Argentina, China, Índia e Paraguai, entre outros, como pode ser visualizado na Figura 1. Os grãos de soja possuem composição química aproximada de 34% de proteína, 19% de lipídeos, 5% de minerais e aproximadamente 35% carboidratos totais (3% de amido) (Figura 2). Além disso, é fonte de compostos bioativos, como carotenoides, compostos fenólicos e tocoferóis. Esses compostos estão distribuídos em todas as estruturas do grão. O genótipo é uma grande fonte de variação na constituição química da soja e o melhoramento vegetal é o principal responsável por esses materiais, dando destaque para o desenvolvimento cultivares especiais com películas pigmentadas, formatos diversos e que podem ser quimicamente

diferentes. No Brasil, o destino da produção de grãos de soja é majoritariamente para extração de óleo e ração animal. Além da alimentação humana, o óleo de soja é utilizado na produção de biodiesel e lubrificantes. Dados da produção e consumo doméstico do óleo de soja no Brasil estão apresentados na Figura 3. A produção de óleo de soja no país aumentou ao longo dos anos, proporcionalmente ao consumo interno do produto. A qualidade de óleos comestíveis possui grande importância ao mercado e saúde humana e o óleo de soja destacase pelo balanço de ácidos graxos insaturados, presença de tocoferóis e carotenoides. Por esses e outros motivos existe a classificação oficial de produtos vegetais, que busca definir parâmetros de qualidade intrínseca e extrínseca na comercialização dos grãos de soja. www.graosbrasil.com.br


24 TECNOLOGIA

Figura 1. Maiores produtores de soja do mundo. Fonte: Adaptado de FAO (2017).

Figura 2. Composição geral de um grão de soja. Fonte: Adaptado de United Soybean Board (2016).

Figura 3. Produção e consumo doméstico de óleo de soja. Fonte: ABIOVE, 2017.

No Brasil, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento via Instrução Normativa N° 11, de 15 de maio de 2007 e N° 37 de 30 de julho de 2007 estabelece o Regulamento Técnico da Soja, definindo seu padrão oficial de classificação, com os requisitos de qualidade, amostragem e marcação de rotulagem. Os defeitos nos grãos de soja podem começar desde Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

a lavoura, agravando-se na pós-colheita de grãos. A demora para a realização a secagem, umidade do grão e temperatura elevada durante o armazenamento, são alguns dos fatores que contribuem para a evolução dos defeitos metabólicos dos grãos e, por esse motivo, reduzem o valor econômico e qualidade da soja e seus derivados. Os defeitos metabólicos são os defeitos que ocorrem por ação do metabolismo (respiração) dos grãos, podendo ser influenciado por outros defeitos não-metabólicos. Sendo assim, esse estudo objetivou avaliar o rendimento de extração e a acidez do óleo de soja extraído de grãos sadios e com defeitos, denominados fermentados, ardidos e queimados. Os grãos de soja com defeitos foram classificados por um classificador oficial, registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sendo agrupados conforme a seguinte classificação: sadios, fermentados, ardidos e queimados. Segundo a legislação brasileira, os grãos fermentados são grãos ou pedaços de grãos que, em razão do processo de fermentação, sofreram alteração visível na cor do cotilédone, com menor intensidade que a definida como grãos ardidos, os quais são denominados grãos ou pedaços de grãos que se apresentam visivelmente fermentados em sua totalidade e com coloração marrom escura acentuada dos cotilédones. O defeito queimado se refere aos grãos ou pedaços de grãos carbonizados, seja pelo


TECNOLOGIA 25 intenso processo metabólico ou na queima direta. Os grãos foram moídos em moinho de martelos e acondicionados em cartuchos de papel filtro, seguido de extração do óleo em escala laboratorial, através do extrator do tipo Soxhlet, utilizando como solvente apolar o éter de petróleo, por oito horas. Ao final, o solvente foi evaporado e o óleo foi armazenado em frascos âmbares identificados conforme a classificação em condições de escuro a -20 °C. Esse processo de extração se assemelha ao realizado pela indústria esmagadora. O rendimento de extração de óleo a partir de matéria primas com diferentes classificações estão representados na Figura 4. Os grãos de soja sadios e fermentados tiveram rendimento de extração de óleo semelhantes, de 25,9 e 25.3%, respectivamente. Já para grãos de soja ardidos e queimados, foi observado uma redução no rendimento de extração, apresentando valores de 22.1 e 21.9% de rendimento de extração, respectivamente. Esta redução pode estar atribuída ao intenso processo metabólico dos grãos, que gera uma elevação da temperatura da massa. Na pós-colheita, grãos com a presença desses defeitos provavelmente foram submetidos a situações críticas como: demora na recepção dos grãos, elevada temperatura de secagem, elevada temperatura e umidade de armazenamento, que contribuem de forma efetiva para a redução do rendimento de extração do óleo. Esse resultado não é desejado pela indústria, pois além da imediata perda

econômica haverá uma redução na qualidade do óleo, sendo o índice de acidez, um dos parâmetros que pode mensurar esse efeito.

Figura 4. Rendimento de extração de óleo de soja obtido de grãos com defeitos fermentados, ardidos e queimados.

Após a extração do óleo de soja de grãos com defeitos, foi realizado o índice de acidez, utilizando hidróxido de potássio como titulante. A acidez de óleo de soja obtido de grãos com os defeitos fermentado, ardido e queimado está apresentado na Figura 5. O índice de acidez dos óleos de grãos com defeitos foi maior do que o óleo de soja extraído de grãos sadios. Para grãos queimados, o índice de acidez foi o maior entre os defeitos, apresentando valores de 84,5 mg KOH g-1, seguido pela acidez do óleo de grãos ardidos (52.8 mg KOH g-1), e fermentados (38.5 mg KOH g-1). Este resultado pode indicar uma alta atividade de enzimas lipases, que atuam sobre os triacilgliceróis. Essa enzima atua quebrando a ligação entre os ácidos graxos e o glicerol, fazendo com que estes ácidos graxos fiquem livres, sendo o principal fator para aumentar o índice de acidez em óleos. Para a indústria, a acidez é um importante parâmetro tecnológico e quanto maior esse parâmetro, maior será o custo de neutralização desde óleo durante o refino. Segundo a ANVISA, o índice de acidez do óleo refinado deverá ser no máximo 0,6 mg KOH g-1 Portanto, não é recomendado a industrialização de grãos de soja com esses defeitos, pois apresentam uma redução no rendimento de extração e aumento no índice de acidez, além de outros fatores que não foram abordados nesse estudo. Os grãos de soja ardidos e queimados apresentam menores valores de rendimento de extração, enquanto os grãos sadios e fermentados apresentam teores semelhantes. O índice de acidez de grãos queimados é muito elevado, seguido pelos grãos ardidos, fermentados e sadios, respectivamente. É importante para toda a cadeia produtiva da soja saber o que os defeitos fermentados, ardidos e queimados podem www.graosbrasil.com.br


26 TECNOLOGIA influenciar na industrialização dos grãos. Olhando nas figuras é possível identificar as diferenças na extração de óleo e acidez, mas em unidades pequenas não é possível fazer ideia do tamanho das perdas. Faremos a seguir uma suposição. Considerando uma tonelada de grãos de soja com defeitos graves “queimados” e “ardidos” será extraído 221 e 219 quilos de óleo bruto de soja, respectivamente, frente aos 259 quilos de óleo extraídos de grãos sadios, ocasionando uma quebra de aproximadamente 15%. Já para a etapa de neutralização, os óleos de grãos de soja com defeitos “ardidos” e “queimados”, por possuírem índice de acidez muito elevado, gastam aproximadamente entre 20 e 28 vezes a quantidade de base (mg de KOH) para sua neutralização, respectivamente. Ao final do processo de neutralização, a partir de uma tonelada de grãos de soja com defeitos “ardidos” e “queimados”, teremos 104 e 35 quilos da fração do óleo desejável para seguir no processo de refino respectivamente, enquanto que para os grãos sadios, teremos 251 quilos de óleo bruto. A pós-colheita de soja é de extrema importância para a manutenção da qualidade dos grãos que serão destinados para o processamento na indústria de óleo vegetal, e portanto, o manejo adequado nas diferentes etapas deverá ser empregado a fim de evitar o desenvolvimento de defeitos nos grãos de soja.

Revista Grãos Brasil - Março / Abril


TECNOLOGIA 27

O Resfriamento Artificial é o mais natural

Eng. Domingo Yanucci Consulgran - Granos - Grãos Brasil graosbr@gmail.com

Este tema merece ser levado em conta se desejamos aprimorar nossos sistemas de pós-colheita de grãos e sementes. Hoje ainda muitos armazéns se encontram em problemas porque: • a quebra técnica (em realidade as perdas) são muito elevadas, • outros encontram que nas armazenagens prolongadas os fungos geram perda de qualidade e micotoxinas, • outros (os que trabalham com sementes ou cevada para malte) verificam importantes perdas de poder e energia germinativa, • outros não encontram solução para insetos (gorgulhos – carunchos – besourinhos – etc.) aparentemente cada dia mais resistentes. Quando temos problemas na armazenagem isto necessariamente se traduz em perda de peso, perda de qualidade, perda de valor comercial, perda de valor

industrial, etc.. Claro que esta problemática não é nova, vemos que devido aos maiores volumes trabalhados, cresce safra após safra, para aqueles que não incorporam a tecnologia de resfriamento que hoje esta desenvolvida no Brasil. No século XXI, não podemos trabalhar como no século XIX, as exigências de redução de custos e perdas, de automatização, de redução de mão-de-obra e de oferecer ao mercado produto de qualidade diferenciada, é cada dia maior. Foi na Alemanha, um país muito frio, que foi desenvolvida o resfriamento artificial a nível comercial, este foi feito porque foi comprovado todos os benefícios da tecnologia. Claro que estes equipamentos foram desenvolvidos para as condições européias, países onde todos os anos tem neve. O Brasil, país líder na produção de grãos na América tem na firma Cool Seed toda a tecnologia de resfriamento artificial de grãos e sementes, esta www.graosbrasil.com.br


28 TECNOLOGIA tecnologia hoje está presente dando resultados e crescendo em todos os paises do nosso continente e chegando a mercados com situações climáticas similares. Recentemente participei de cursos de atualização no Mexico e Cool Seed estava presente com sua tecnologia. As próximas semanas e meses devo estar no Paraguai, Bolivia, Uruguai, Argentina e nestes paises, onde estão as maiores latitudes (sul), o resfriamento é recomendável. O conceito básico da conservação, GRÃOS:

Hoje pode ser cumprido em qualquer canto que há colheita de grãos. Sabemos que nas regiões onde temos facilidade de produção, normalmente não temos boas condições de conservação. Elevadas temperaturas, altas umidades afetam os grãos armazenados. Como o frio afeta a conservação ? As pragas de grãos são todas de origem subtropical e não desenvolveram tolerança às baixas temperaturas. Normalmente entre 25 e 300C podem atuar com muita intensidade. Quando baixamos a temperatura podemos obter as seguintes consequências: - Parar de reproduzir. - Parar de alimentar. - Parar o seu ciclo de metamorfoses. Portanto o frio é uma excelente ferramenta de controle FÍSICO. Além de econômico não agregamos aos grãos substâncias tóxicas. Como o gasto de energia está entre 3 e 4 KW/tonelada resfriada, temos um gasto aproximadamente de R$ 2,00 por tonelada. Se partimos de instalações bem limpas, desinfectadas; resfriando rapidamente todo o grão que ingressa, detêm o desenvolvimento das infestações que chegam da lavoura (que são pequenas e que normalmente passam inadvertidas). Hoje temos máquinas que resfriam 1000 t por dia, se nossa recepção é maior sempre vamos ter acumulação de grãos sem resfriar. O grão que não se resfria rápido permite um desenvolvimento inicial de fungos e insetos, resultando depois mais difícil a conservação. Por isso aqui ressaltamos outro conceito que sempre compartilhamos com vocês, a variável mais importante da pós-colheita é o TEMPO. Os fungos sempre vão estar nos grãos, não podemos na prática ter grãos sem fungos. Claro que, quando o grão ingressa e se faz uma boa pré-limpeza, secagem, Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

limpeza, uso de espalhadores e se resfria, os fungos não se desenvolvem da mesma forma. O fator mais importante para o desenvolvimento dos fungos é a umidade, onde tem umidade vai ter fungos desenvolvidos em seu tempo. O tempo depende fundamentalmente do estado incial dos grãos e da TEMPERATURA. Os fungos são microorganismos que se alimentam dos grãos e não só se encontram na superfície do grão, como também podem estar dentro do grão. Grande parte do consumo e deterioro causam em sua primeira etapa, onde eles são indestinguíveis a olho nu, quando vemos os fungos (grãos com o fungo Penicillium) muita perda já foi produzida. Perda de peso seco e também de qualidade. Entre certos limites cada 50C de incremento se duplica a perda causada pelos fungos. Então a 200C a perda se duplica com respeito a 150C e a 250C que se quadruplica. Isto pode visualizar nas curvas de TAS (Tempo de Armazenagem Seguro). A soja com 14 % de umidade a 250C em menos de 30 dias perde 0,5 % do peso seco armazenado e a 150C essa mesma perda temos em 70 dias. Então se temos um silo de 10000 t de soja a 14% e 250C em menos de 30 dias perdemos 50 t. Quando podemos aplicar o resfriamento artificial? Até bem pouco tempo se pensava no resfriamento como uma ferramenta de conservação de grão em condições (seco – limpo), hoje já temos uma visão muito mais ampla. 1. Pode-se resfriar um grão úmido que não pode entrar na secagem imediatamente (isto favorece a conservação ao desacelerar o desenvolvimento de fungos e insetos). 2. Podemos resfriar um grão que passou por uma primeira secagem. Por exemplo no caso que não

TAS - TEMPO DE ARMAZENAMENTO SEGURO DE SOJA


tenha possibilidades de secar até 14 %, se secam de 20 a 16 % (o secador rende muito mais) e se resfria o grão com 16 % para uma posterior industrialização ou secagem. 3. Podemos resfriar um grão que sai quente do secador. Esta idéia foi apresentada pelo Dr. Carlos A. de Dios e hoje já tem firmas que aproveitam esta tecnologia. O secador a todo calor produz mais, com menos custo e maior qualidade, então se elimina a região de calor do secador e depois que sai o grão quente, se dá um repouso (tempereing – homogeneização) umas 5 a 10 horas para que a umidade do centro do grão se mobilize para a superfície e por último se dá o resfriamento para terminar o processo de secagem e resfriamento em menos de 40 hs. Por cada grão de temperatura que resfriamos o milho perde 0,1 % de umidade e a soja 0,08 %. Por isso que em lugar de dar essa última TANDA (Tempo de Acionamento Necessário Da Aeração) de aeração podemos fazer um melhor trabalho com o resfriamento artificial. Podemos resfriar a menor temperatura e ganhar eficiência. 4. Resfriamento de grão que vai ser armazenado. Como vemos, em todas as possíveis etapas do manejo de grão baixar a temperatura gera benefícios. Reiteramos para que estes benefícios sejam o máximo, o resfriamento deve ser feito o antes possível. Hoje, se queremos ser eficientes, não podemos pensar em um armazém no Brasil sem resfriamento artificial. Por exemplo em um armazém de 20000 t de capacidade estática o resfriamento significa um investimento menor de só 5 % do total, e com esta pequena porcentagem mudamos toda a realidade do manejo de grãos na pós-colheita. Então voltando ao nome desta matéria, O resfriamento artificial é o mais natural, também podemos afirmar que é o mais efetivo e econômico. O mais amigável com o meio ambiente e portanto a tecnologia a ser incorporada.


30 FUNGOS

Fungos no Cacau

Prof. Dr. Sergio Paulo S. de Souza Diniz

Prof. Assoc. Aposentado do Depto Bioquímica

Universidade Estadual de Maringá (UEM) dnz1210@hotmail.com

Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

O Brasil se encontra entre os maiores produtores mundiais de cacau. O cultivo, comercialização e industrialização do cacau tem um importante papel sócio-econômico no Brasil. Parte da sua produção é destinada à exportação, principalmente após passar por algum processamento industrial, e o restante se destina ao consumo interno. A qualidade obtida no produto final, depende em parte, dos microrganismos presentes na fermentação e secagem. A presença de determinados fungos, além do aspecto deteriorativo reflete na segurança alimentar pela possível formação de micotoxinas. A preocupação mundial atual se concentra na presença de ocratoxina A (OA) em cacau e derivados. Em nosso país, parte da sua produção é destinada à exportação, principalmente após passar por algum processamento industrial, e o restante se destina ao consumo interno.

Estudos preliminares demonstraram a ocorrência de fungos toxigênicos em amêndoas durante a secagem e quando armazenadas. A qualidade obtida ao final do processamento do cacau depende de uma ampla variedade de fatores, dentre os quais os microrganismos desempenham um papel fundamental. Fungos predominantes Os fungos que marcam presença predominante em amêndoas de cacau são: Aspergillus niger; ocorrendo também A. carbonarius, A. flavus, A. fumigatus, A. tamarii, A. versicolor, A. clavatus, A. ochraceus e A. parasiticus. Processo de contaminação Durante a Fermentação natural, a possibilidade do desenvolvimento de leveduras e fungos é bastante significativa, considerando a disponibilidade de açucares, baixo pH,


FUNGOS 31 presença do ácido cítrico, e uma limitada presença de oxigênio na polpa. A Secagem das amêndoas, após a fermentação das mesmas, realizada por secagem natural ao sol ou por método artificial de secagem a ar quente, é concluída quanto alcança 8% de umidade. Durante a secagem com a redução do teor de água, menos microrganismos se desenvolvem no material. Embora, haja registro de crescimento de fungos (A. flavus, A. ochraceus e A. parasiticus) em amêndoas com uma atividade de água (aw) igual a 0,78. A secagem deve ser feita com bastante cuidado para que sabores desagradáveis não sejam desenvolvidos. Essa secagem deve ser lenta, para evitar que algumas reações químicas iniciadas durante a fermentação, não produzam amargor e acidez. Ao mesmo, tempo não pode ser um processo tão lento que favoreça a ocorrência de fungos e sabores desagradáveis no produto final. A temperatura recomendada é de no máximo 65 oC. Armazenamento Pesquisas realizadas pela CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), recomendam um armazenamento, quando a secagem é feita dentro das normas técnicas adequadas de no máximo de 90 dias. A Ocratoxina A A Ocratoxina A é uma potente neurotoxina para muitas espécies animais. O átomo de cloro presente na estrutura química da ocratoxina A, influencia diretamente a toxidez, já que afeta diretamente a dissociação da hidroxila fenólica da diidroisocumarina. Embora isoladas, as ocratoxinas B e C não apresentam toxidez. A ocratoxina A, em sua ação contaminadora via dieta, passa para o sangue tanto em animais quanto humanos, e acumula-se em diversos órgãos, tais como rim, cérebro, atingindo principalmente o cerebelo. Em estudos experimentais com ratos, verificou-se a queda de peso corporal desses animais após 8 semanas de tratamento, acompanhada da baixa de peso do rim. Estudos histopatológicos confirmaram a nefrotoxicidade da ocratoxina A, sendo ainda registrado um caso de linfoma imunoblástico neste mesmo estudo (Halabi et al., 1998). O principal órgão atacado é o rim (nefropatia), podendo também atacar o fígado e intestino delgado. Pode causar aborto em suínos e produzir anorexia, diarréia e cessação da lactação em bovinos. É responsável pela nefropatia endêmica que ocorre nos Balcans. Entre os outros efeitos tóxicos temos os teratogênicos, imunotóxicos, genotóxicos, mutagênicos e carcinogênicos. Logo, a ocratoxina A atua através de diversas vias moleculares levando a diferentes lesões tóxicas crônicas (Creppy, 1999). Em muitos animais, esta toxina dificulta a coagulação do sangue e diminui a defesa do organismo contra infecções. Em mamíferos, redução da taxa de crescimento,

anemia, hemorragia, nefrose aguda, enterite, degeneração do fígado, anorexia, diarréia, necrose renal, morbidade, prostração e morte. Em aves: Hipertrofia renal, diminuição do peso corporal, depósito de uratos, atraso no amadurecimento sexual, queda de postura, diminuição da produção de anticorpos, baixa de resistência geral, inapetência, diminuição na quantidade de ovos eclodidos, aumenta à fragilidade intestinal, mancha na casca dos ovos.

Estrutura química da Ocratoxina A

Conclusão É possível observar uma inter-relação entre a presença de fungos ocratoxigênicos e contaminação por ocratoxina A nas amostras de cacau. Considera-se o período de secagem ao sol a etapa mais crítica para contaminação por ocratoxina A, uma vez que durante este período há condições de umidade suficientes para permitir o desenvolvimento dos fungos ocratoxigênicos, no entanto isto também pode ocorrer se houver uma estocagem em condições deficientes. Portanto, práticas no processamento primário exercem um efeito sobre a incidência de fungos toxigênicos em amêndoas de cacau. A prática de fermentação deve ser realizada pra a obtenção de amêndoas de qualidade e cuidados durante a secagem e armazenamento adequados devem ser implantados durante todo o processamento primário de amêndoas de cacau. Os dados relatados apontam para um relevante problema para os setores produtores e exportadores da cultura cacaueira e um perigo em potencial para a saúde do consumidor. Despertando atenção especial para a pesquisa de métodos mais eficazes na prevenção do aparecimento destes fungos durante toda a sequência produtiva do cacau.

www.graosbrasil.com.br


32 TECNOLOGIA

Manejo da Pós-Colheita de Sorgo

Considerando sempre como um grão forrageiro de regiões marginais, que normalmente não atingem grandes volumes, aparece de forma pouco consistente, com maiores ou menores volumes. Sabemos que é uma espécie menos exigente em umidade e fertilidade, muitas vezes das regiões agrícolas mais periféricas; não é de surpreender que sejam acompanhadas por menos tecnologia, tanto no estágio produtivo quanto no estágio que nos preocupa, que é a pós-colheita.

Outro aspecto muito importante é o equilíbrio higroscópico:

Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

Vemos que, para uma UR de 67%, o sorgo é o que apresenta a maior umidade de equilíbrio, por isso a umidade de comercialização, normalmente, é maior que a de outros grãos. No entanto, devemos considerar que 15% de umidade é muito alta se as temperaturas de conservação forem altas (superiores a 25ºC). Veremos nesta matéria alguns cuidados especiais que devem ser tomados em cada uma das etapas da pós-colheita (recepção - condicionamento - armazenamento ou armazenamento e despacho). Normalmente o sorgo vem do campo com muita matéria estranha. Isso afeta cada um dos estágios do gerenciamento de grãos. RECEPÇÃO Este é o primeiro estágio, é muito importante. Conforme discutimos a marginalidade, as longas distâncias do lote da colheita até o armazém, somadas às estradas ruins, fazem com que muitos pequenos e finos resíduos tendam a cair para o piso de transporte. Por essa razão neste grão, mais que em outros se a amostra é pequena não será representativa como também será de qualidade superior a real. Este fato gera vários problemas. Porque as quebra técnicas são calculadas pela umidade, matéria estranha, etc., dependendo de uma amostra que é melhor que o todo, resultando em quebras insuficientes em comparação com as perdas que ocorrem em instâncias subseqüentes. Sorgo, como todos os cereais, pode ser atacado no campo por gorgulhos e carunchos, em geral gorgulhos passam despercebidos já que eles não atingem seu ciclo completo (eles entram nas instalações como infestação oculta, dentro do grão), carunchos às vezes podem ser detectados. Claro, isso depende do ano e das diferentes regiões. Em qualquer caso, para melhorar


12 e 13 de NOVEMBRO DE 2019

LOCAL

PARQUE GOVERNADOR NEY BRAGA. LONDRINA PARANÁ - BRASIL

www.agrobitbrasil.com.br


34 TECNOLOGIA a determinação da qualidade, recomenda-se ter uma peneira mecânica na recepção, de modo a não depender da peneira manual, que trabalha com pequenos volumes e, obviamente, depende muito da força de trabalho.

Para a llimpeza se recomenda: 1era peneira 4 a 5 mm de diámetro ,2da peneira 2 x 20 mm a 2,5 x 20 mm de e por último a de 2 mm de diámetro . Medição de umidade: Se você vai trabalhar com sorgo, como em todos os casos, você deve verificar a calibração do equipamento e executar os controles com os métodos de estufa ou de brown duvel. Sorgo apresenta todos os problemas possíveis, insetos, microorganismos como todos os grãos, contaminantes, toxinas, quebrados, materiais estranhos, etc. No entanto, devemos enfatizar que é um grão rústico, devem ser condições de gestão muito ruins para gerar sérios problemas na mercadoria. ACONDICIONAMENTO Use uma pré-limpeza adequada para remover o material leve (pó - casca - etc), o mais rapidamente possível ao entrar no armazém. Muitas pessoas confundem a pré-limpeza com a limpeza prévia. Quando falamos de pré-limpeza nos referimos a uma máquina específica para este trabalho, não se trata de peneiras.

Com uma boa pré-limpeza, eliminamos material leve muito perigoso, muito carregado de microorganismos, insetos, impurezas de facil combustão, etc., Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

por isso sempre recomendamos uma boa pré-limpeza, com isso melhora a secagem, a aeração, o controle de pragas, conservação, etc. A maioria dos armazens não possui esse tipo de equipamento, sendo aconselhável colocá-lo na saída da elevador de canecas antes do distribuidor. Alguns estão instalando a pré-limpeza na parte superior da peneira ou do secador. Sorgo com mais de 16% deve ser seco - pode ser tratado com aeração ou resfriamento por alguns dias. Nos secadores, temperaturas mais elevadas podem ser utilizadas, devido à rusticidade do grão. Não superior a 100ºC na secagem convencional e a 120ºC na secagem combinada; a temperatura do sorgo não deve exceder 50ºC. Não extraia mais de 5% de umidade por hora (abaixo de 20%). Sempre que possível, use sistemas combinados de secagem com monitoramento e controle automáticos. Normalmente, recomenda-se limpar após a secagem para facilitar o uso do quebrado. ARMAZENAGEM Os quebrados, materias estranhas, assim como a terra reduz significativamente o TAS (Tempo de Armazenagem Seguro). Devemos ter no máximo 2% de corpos estranhos e usar um espalhador ao cargar o silo. Tempo de Armazenagem Seguro: Sorgo limpo (critério de perda de matéria seca de 0,5%, expresso em dias).

CONTROLE DE INSETOS DE ARMAZENAGEM Pragas (gorgulhos - besourinhos - traças - carunchos) podem ser graves no armazenamento. Isso requer boas limpezas e tratamentos de instalação (nebulizações com inseticidas de amplo espectro).


TECNOLOGIA 35 O sorgo pode ser tratado com inseticida residual de acordo com a legislação em vigor ou com as especificações do comprador final. As doses do rótulo funcionam bem no sorgo seco (se as condições de aplicação forem precárias ou o grão tiver muita matéria estranha, aumente a dose em 20%). A mistura recomendada é de 10 cc / t de pirimifos-metil 50 + 8 cc / t de deltametrina 2,5+Bp, para uma proteção de 3 a 4 meses. Outros organofosforados ou piretróides podem ser usados, ajustando as doses.

Aeração), uma cada 60 dias. Sorgo com 15 a 16% para secar lentamente: aeração com ar de menos de 70% de umidade relativa (normalmente diurna), é possível diminuir lentamente até 14,5%, menor demora muito tempo; para manter o ar com 70 a 95% de umidade relativa. Os aquecimentos são menos violentos que em outros grãos. A deterioração em seu começo é lenta. Aumentos de 2ºC já são preocupantes. Se a termometria estiver disponível, anote no máximo a cada 7 dias em sorgo entre 15 e 16% e a cada 15 dias para o sorgo seco. Amostra por todos os meios possíveis, sorgo em condições a cada 15-20 dias.

DEPÓSITOS: É aconselhável usar espalhadores, mesmo em silos de pequeno diâmetro. Após o recheio, extrair o coração e se o sorgo estiver com umidade, deixe-o com a coroa invertida. O coração do silo pode ser passado através de uma peneira O gerenciamento da aeração é convencional, use aeração ascendente, areje em lotes e considere os 5 dados básicos: temperatura e umidade do ar e dos grãos e a finalidade da aeração. Como em todos os grãos, é melhor trabalhar com refrigeração artificial.

ESPURGO: A única consideração especial é dar o máximo tempo de exposição possível. Se não tem boa limpeza ou pré-limpeza tem uma baixa porosidade, isso dificulta a difusão do gás.

Sorgo com mais de 16%: aeração contínua. Sorgo com menos de 14%, para manter a aeração noturna em TANDAS (Tempo de Accionamento Necessario Da

Silo Bolsa (sistema hermético) Este sistema funciona muito bem com o sorgo, é claro que todos os detalhes devem ser atendidos. Como sabemos, a hermeticidade do sistema favorece a modificação da atmosfera (dentro da bolsa). O grão e os microrganismos associados a ele respiram consumindo O2 e liberando CO2, reduzindo e aumentando a concentração de cada um desses gases, respectivamente. Quanto maior a concentração de CO2 e menor o O2, as condições ambientais dentro da bolsa tornam-

www.graosbrasil.com.br


36 TECNOLOGIA Deve misturar 1% do volume seco e 1,5% do mais úmido Exemplo 100t do seco misturado intimamente com 150t de umidade Comprovação: 1,5 x 16 % = 24 1 x 13,5 % = 13,5 2,5 37,5 37.5 / 2,5 = 15 % Sempre melhor negociar um bônus com o destinatário, caso isso não seja possível, você pode recorrer à recuperação de umidade, seguindo as recomendações divulgadas em tempo hábil.

-se desfavoráveis para o desenvolvimento de fungos e insetos. Se o grão estiver com baixa umidade, a produção de CO2 não limita os insetos, por isso é aconselhável o espurgo. Quanto maior a umidade inicial do sorgo e quanto maior a temperatura, maior a respiração, o consumo de matéria seca e os possíveis danos e perda de qualidade. Este fenômeno é agravado pelo efeito da grande superfície de exposição, que faz com que a temperatura externa influencie fortemente. A melhor conservação é alcançada se a hermeticidade for mantida, evitando a entrada de água e O2. Podemos recomendar: 1. Monte o silo em um terreno alto, nivelado e levemente inclinado (evite acúmulo de água no local do silo) 2. Limpe o solo de ervas daninhas e resíduos da colheita anterior 3. Selar com calor o início e o fechamento da bolsa; 4. Verificar e corrigir todas as perfurações (restaurar a hermeticidade); 5. Instale uma cerca perimetral, implemente o controle de roedores, mantenha a grama curta e o terreno limpo nas proximidades dos silos bolsa (evite a presença de animais no entorno e minimize os riscos de danos

SORGO BROTADO

SORGO QUEBRADO

ENTREGA (CARGA DE CAMIÃO) Conseguir a expedição de sorgo em condições, com umidade não inferior a base (máximo 0,2 %), recorrer a misturas moderadas e / ou recuperações cuidadosas. Obviamente, as regras de comercialização devem ser respeitadas. Como exemplo de mistura por umidade (objetivo 15%): 13,5 % - 15 % = 1,5 % 16 % - 15 % = 1 % Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

SORGO COM FUNGOS



38 COOLSEED NEWS

Revista GrĂŁos Brasil - Maio / Junho


COOLSEED NEWS 39

www.graosbrasil.com.br


40 UTILÍSSIMAS

Jornada em Paraguai

Apresentando a melhor tecnologia do Brasil e do mundo realizamos uma nova jornada de atualização no Paraguai no já tradicional hotel Papillón de Itapua. As mais renomadas empresas da região participaram, interessados nos seguintes temas: Quebras técnicas e perdas – Sistema de Amostragem, monitoramento e controle , desde a recepção até a entrega dos grãos – Programa de cálculo de custos operaracionais integrais. No início foi desenvolvida uma clínica, onde os responsáveis dos armazéns presentaram diversas inquietudes. Jose Carlos AGUIAR (representante da empresa SYMAGA de Silos) apresentou a nova tecnologia para a descarga dos silos, o Sr. Roberto BORTOLOTO (Cool Seed) um dos sócios fundadores, comentou os inicios da tecnologia de resfriamento em nossa América. Empresa locais como PAMPA Ingenieria do Sr. Benjamin RUFINELLI e Erwin Juan HAMANN, titular de ELECTRONICA HAMANN, brindaram seu apoio. Nas próximas semanas estaremos na Bolívia, na pujante cidade

de Santa Cruz de la Sierra, em Rosario (Sta.Fe) Argentina e em Dolores (Uruguai), sempre levando o melhor da tecnologia do Brasil.

revista granos - edição 129 A nova edição da Revista Granos já está disponível, trazendo notas interessantes como o uso do ozônio como pesticida em armazéns de grãos - Pós-colheita: diretrizes para armazenamento seguro - Finanças Vs. Equipamentos de segurança Novos esquemas de certificação de segurança Alimentos - Quais são os lugares mais freqüentes de renda de Rattus Rattus e Rattus Revista Grãos Brasil - Maio / Junho

Norvegicus - O que acontece com o milho no México - Agro, meia salvavidas e muitos mais. Para mais informações e inscrições: revista.granos@gmail. com. Você pode vê-lo online em https://issuu.com/graosbrasil/ docs/granos129online.




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.