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¦ Editorial ¦ Ano XI • nº 70

Janeiro / Fevereiro 2015

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci Administrador Marcos Ricardo da Silva Colaborador Antonio Painé Barrientos Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br Rua dos Polvos 415 CEP: 88053-565 Jurere - Florianópolis - Santa Catarina Tel.: +55 48 3304-6522 | 9162-6522 graosbr@gmail.com Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos -ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale Produção Arte-final, Diagramação e Capa Marcos Ricardo da Silva

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Grãos Brasil é por Você! Caros Amigos e Leitores

Não é milagre, não é de um dia para outro, não se consegue sem esforço, mas é solução para a maioria dos problemas que nos afetam. Trata-se do estudo. O estudo, a capacitação, a atualização, são as ferramentas básicas do crescimento das sociedades. A obra mais destacada do grande Engenheiro criador é o cérebro humano e o grande desafio de nossas vidas é aprender a usa-lo. Aprender a pensar, aprender a reforçar as conexões do cérebro que implicam em uma atitude de mudança para algo melhor. Um velho provérbio chinês fala: “cuidado com seus pensamentos, porque se convertem em suas ações, cuidado com suas ações que se convertem em seus hábitos, cuidado com seus hábitos porque se transformam em seu caráter e cuidado com seu caráter porque se converte em seu destino”. Isto nos mostra a importância de uma das poucas coisas que podemos controlar: o que estamos pensando no presente! Este presente é o mais valioso que temos, porque é o único momento em que podemos atuar. “Os analfabeto do século XXI não serão os que não saibam ler ou escrever; serão os que não se encontrem dispostos a aprender algo novo cada dia”. Entendo que estas reflexões servem tanto para nossa especialidade como para a vida em geral. Por isso, estamos felizes que a Grãos Brasil possa contribuir para a capacitação, atualização e a difusão da boa tecnologia para o Brasil. Nesta edição apresentamos valiosíssimas informações práticas de manejo de grãos. Obrigado aos editorialistas que entregam o melhor de si e forma desinteressada e compartilham seus conhecimentos e experiências. Esta revista só pode chegar a suas mãos por apoio das empresas e instituições parceiras, nosso muito obrigado a elas também. Esperamos suas críticas e sugestões. Juntos podemos fazer as coisas melhores. Que Deus abençoe seus trabalhos e famílias. Com afeto.

Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



¦ Indice ¦ 06

Aeração de Grãos

12 16

Tecnologias e Operações na Qualidade do Arroz na Pós-Colheita Troca de Calor e Massa no Processamento de Grãos

21

TAS (Tempo de Armazenagem Seguro) para Soja

27

Combate de Pragas em Grãos Armazenados

30

Novo Ano, Novas Conquistas, Muitas Decepções

32

Manutenção da qualidade do arroz armazenado: um caso de sucesso no manejo de pragas

Recomendações Básicas

Setores

02

Editorial

34

Não só de pão...

04 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015

38

Cool Seed News

40

Utilíssimas


GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 05


¦Aeração¦ Sempre é muito interessante trabalhar sobre o tema de aeração de grãos e sementes. Por um lado porque a grande maioria dos sistemas de aeração no Brasil estão na metade da vasão recomendada.

Aeração de Grãos Por: Eng. Domingo Yanucci |Consulgran - Granos - Grãos Brasil | graosbr@gmail.com

Além disto as variações climáticas são tão grandes que se deve estudar cada região em particular. Este ano me tocou visitar Maranhão, Mato Grosso, Goiás e Minas gerais, onde me dediquei a estudar como se relaciona o clima com as épocas de colheita e os níveis de umidade e temperatura dos grãos, assim como o tempo de armazenagem. O que acontece se a vasão especifica (m3/min tn) for pouca? Retarda qualquer processo de aeração. Isto já e prejudicial, mas pior ainda no caso que não se possam alcançar os objetivos devido a uma pobre vasão, por exemplo, no caso de grãos quentes e úmidos ou nos casos que de elevadas temperaturas e poucas horas por dia com tempo bom para arear.

06 |Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015

O que acontece se demorar muito? No caso que o grão este estável levará dias para alcançar seu objetivo. É menos factível dispor de mais horas de boas condições para aerar, do que aerando em momentos menos oportunos, o processo se tornará menos eficiente. O uso de horas mais secas por exemplo ajuda na perda de peso da massa de grãos. As quebras técnicas serão maiores. Também pode acontecer no caso em que o grão esteja com umidade, que o ritmo de aquecimento do granel seja mais rápido que o ritmo de resfriamento. Veremos a seguir alguns conceitos que são de utilidade: O que é uma “tanda” de resfriamento? É o número total de horas de aeração necessárias para esfriar toda massa de grãos. Uma tonelada de grão requer entre 800 e 1200m3 de ar mais frio para resfriar. Então se temos um silo de 1000t necessitamos de aproximadamente 1000m 3 de ar mais frio por tonelada, estaremos demandando 1.000.000m3 de ar mais frio que o grão. No caso em que os ventiladores entreguem 200m3/min. Para calcular o número de horas da “tanda”, simplesmente dividimos 1.000.000m3 por 200m3/min = 5000min = 83 horas. Então deveremos buscar as melhores 83hs para ligar os ventiladores, de acordo com nosso objetivo de resfriamento.


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¦Aeração¦ Normalmente poucas horas no dia serão favoráveis, aonde não se vão a dar 83hs de aeração continuas, serão algumas horas por dia (preferencialmente a noite fora das horas pico) que vão somar para terminar de resfriar todo o grão nas 83hs (aproximadamente). Erros comuns: 1. Aerar de forma continua (dia e noite) as 24hs até alcançar seu objetivo de esfriar. Isto leva a que o que se esfria de noite se aqueça durante o dia, aonde o número de horas aumenta significativamente, gastando mais energia elétrica, alcançando maiores temperaturas e favorecendo a perda de agua. 2. Aerar nas horas oportunas mas nunca dar por terminada a “tanda” aonde, por exemplo, onde se colha em março, aera em março, abril, maio, junho e assim sempre, pelas dúvidas. Esta forma de trabalhar, na medida que se avança os meses mas frios, vá logrando resfriar o grão, mas gasta 2 a 3 vezes mais de energia elétrica e favorece a secagem. Como comentamos no início desta matéria a grande maioria das aerações no Brasil, necessitam mais de 100hs para resfriar toda a massa de grãos, porque a vasão especifica, os m3 de ar por tonelada e min. é muito baixa. Onde se deve pensar ou em otimizar os mesmos ou em incorporar equipamentos de resfriamento artificial que permitam desconsiderar de forma importante o clima. Como vimos na matéria de Clima na Armazenagem, as condições climáticas em 90% de Brasil, são adversas para uma boa conservação levando-nos a pensar em equipamento de resfriamento artificial que dão uma solução completa a uma das limitantes mais graves que se tem hoje nos armazéns.

Vejamos outro aspecto que muitas vezes não é suficientemente claro para os responsáveis do manejo de grãos. Em quanto tempo se renova todo o ar do interior de um depósito? Para mostrar isto tomamos um exemplo, um silo de 1000t de capacidade, completo de grãos de milho, com uma aeração de 150m3/min. Neste depósito cheio de milho temos, por conta da porosidade da massa de grãos, ar intersticial (entre os grãos), aproximadamente 40%, isto significa aproximadamente 400m3 de ar total dentro do silo. Aonde com uma simples divisão do ar total pela a vasão, podemos calcular em quantos minutos se renova todo o ar do silo. Ex) 400 m3/150 m3/min = 2,66 minutos. Na grande maioria dos depósitos em menos de 4 minutos todo o ar que ingressou por um lado saiu por outro. Como podemos ver isto não tem nada que ver com os ritmos de resfriamento que são muitas horas. Os fenômenos de resfriamento (intercambio de calor), onde o grão entrega calor ao ar que passa pela massa é um fenómeno de superfície, por exemplo, grãos como milho ou soja tem muita menos superfície (700m2) por cada tonelada, comparados com grãos como trigo (1200m2). Isto explica em parte como muda a eficiência das aerações quando se trabalha com grãos menores. Quando trabalhamos grãos úmidos as aerações exigidas são mais reforçadas. Por que não estamos falando só de tirar o calor da massa de grãos que ingressou da lavora, mas também devemos eliminar o calor que a massa de grãos (e fungos) produzem ao estarem armazenados. Vemos no seguinte quadro o número de horas necessárias para esquentar 5°C o granel. Quadro 1 - Horas necessárias para aquecer 5°C a massa de grãos

Esta informação é muito importante, por um lado vemos como grãos como milho aquece mais rápido e por outro lado vemos como que com maior nível de temperatura inicial aumenta drasticamente o ritmo de aquecimento. O sistema de aeração deve ser o suficientemente forte, não só para evitar o aquecimento, já que também deve tratar de resfriar, pelo menos em função das condições de temperatura externa. Outro aspecto pratico muito importante é considerar que a massa de grãos nunca é uniforme. Por mais que passe pelas peneiras, quando se abastece um depósito se gera o fenômeno de segregação, as matérias mais pesadas ficam 08 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015


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¦Transportadores¦ ¦Gestão¦ ¦Aeração¦ debaixo do ponto de carga, gerando o que denominamos o coração do silo. Figura 1 - Fenômeno de Segregação

deve percorrer o ar. Para evitar isto é recomendável, sobre tudo para prolongados tempo de armazenagem, o uso de espalhadores, dos quais existem diferentes tipos.

Figura 2 - Espalhadores de Grãos

Este fenômeno é muito importante, agravado pelo fato que normalmente debaixo do ponto de carga também é a altura máxima, aonde se torna o caminho mais longo que

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Nas próximas edições continuaremos com o apaixonante tema da aeração, falando dos momentos oportunos para ligar, as condições do ar ambiente, etc. Lembrando que existem muitos mitos atrapalhando o trabalho dos armazenistas.


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¦Qualidade¦ Neste artigo serão abordadas as recomendações técnicas e operacionais para a etapa de armazenamento e conservação dos grãos, onde são recomendados os procedimentos abaixo relacionados.

Tecnologias e Operações na Qualidade do Arroz na Pós-Colheita

Recomendações Técnicas e Operacionais para Armazenamento e a Conservação Por: Eng. Moacir Cardoso Elias |Universidade Federal de Pelotas | eliasmc@ufpel.edu.br

No carregamento dos silos 1. É preferível carregar o silo com grãos já resfriados. Não sendo possível, pode-se carregar até o 1º metro de altura do silo com grãos parcialmente resfriados, devendo ser ligado o sistema de ventilação e a partir desse momento, com o ventilador ligado, ir colocando os grãos diretamente no silo, sem resfriamento prévio, cuidando-se para que não sejam submetidos a correntes de ar frio, durante o transporte do secador até o silo; 2. Para armazenamento em sacaria, os grãos devem ser secados até 1 ponto percentual abaixo da umidade referencial de armazenamento no silo-aerado nas mesmas condições climáticas, devendo ser mantida boa ventilação nas pilhas, utilizando estrados de madeira com altura mínima de 12 cm para facilitar boa circulação do ar também por baixo das pilhas, evitando-se alturas superiores a 6 metros nas paredes dos armazéns e limitando-se as alturas das pilhas em 4,5 metros. 12 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015

Durante o Armazenamento 1. Após serem limpados e secados uniformemente, os grãos devem ser mantidos nos silos com as temperaturas mais baixas possíveis, por resfriamento,

Eng Agr. Moacir Cardoso Elias - DCTA-FAEM-UFPEL


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¦Qualidade¦

Figura 1 - Silo armazenador metálico

ou por aeração com ar na condição ambiente, a fim de dispersar, remover ou distribuir a umidade e o calor acumulados; 2. Depois de o silo estar carregado, diariamente, à mesma hora, deve ser medida a temperatura em vários pontos. Se houver aquecimento dos grãos, deve ser ligado o ventilador quando o aumento se situar entre 3 e 5ºC, desligando-o quando resfriar e a diferença de temperatura entre os pontos mais alto e mais baixo não ultrapassar 2ºC; 3. A não ser nos casos de armazenamento de grãos com resfriamento em sistemas que controlem simultaneamente temperatura e umidade relativa, a cada período de 30 a 60 dias deve ser feita transilagem

Figura 3 - Resfriamento artificial no armazenamento

ou intrassilagem, independentemente de aquecimento. Essa prática tem a finalidade de eliminar focos de anaerobiose e reduzir os efeitos da compactação. No armazenamento refrigerado o metabolismo dos grãos e dos organismos associados é bastante reduzido e os focos de anaerobiose praticamente não ocorrem, pois o consumo de oxigênio intergranular é baixo; 4. As boas condições de higiene e sanidade nos silos e nos armazéns são fundamentais para a conservabilidade dos grãos; 5. Aparecendo pragas (Figura 4), qualquer que seja a população, deve ser realizado expurgo de acordo com o Receituário Agronômico e sob a orientação, supervisão e responsabilidade técnica do Engenheiro Agrônomo que emitir a receita, considerando as informações técnicas pertinentes. Em grãos armazenados que se destinem à alimentação humana, por exigências legais e pelos riscos de desenvolvimento de fungos produtores de micotoxinas, principalmente, a partir do ataque de insetos e/ou de ácaros, deve ser aplicada a eles tolerância zero; Figura 4 - Principais insetos (pragas) no armazenamento de grãos

Figura 2 - Armazém graneleiro de concreto 14 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015

6. Como o controle feito através de fumigação ou expurgo é de caráter corretivo (não é preventivo), pode ocorrer novas infestações com o passar do tempo. Deve-se então repetir o processo periodicamente ou complementá-lo com medidas preventivas e/ou


Acesse: www.graosbrasil.com.br corretivas eficientes; 7. Igualmente importante é o controle de ratos (Figura 5), para o qual devem ser colocados raticidas ao redor do armazém, sendo calafetados todos os buracos e fendas, assim como vãos ou buracos entre telhas e paredes devem ser fechados com argamassa.

Figura 6 - Resfriamento artificial de arroz em silo metálico

Figura 5 - Principais roedores (pragas) no armazenamento de grãos

Aberturas de aeração, entrada de condutores de eletricidade ou vãos de qualquer natureza, devem ser vedados com tela metálica de malha inferior a 6 mm. Galhos de árvores próximas aos armazéns devem ser podados para se evitar que tenham contato com paredes e/ou telhado. Quando possível, fazer o fechamento de esgotos e canais efluentes ou limpeza de suas margens, utilizando-se tampas de ralos pesadas, sempre que estes tenham comunicação com a rede de esgoto cloacal ou pluvial. No interior do armazém, fazer as pilhas de sacaria sobre estrados com 40 cm de altura e afastadas das paredes e umas das outras, por um espaço que permita a inspeção por todos os lados. Já no lado externo do armazém é importante manter uma faixa de 5 a 10m livre de qualquer vegetação. Cerca de 90% das operações de controle de ratos no mundo usam raticidas anticoagulantes, devido à grande segurança de uso e a existência de um antídoto altamente confiável, a vitamina K1. Os raticidas anticoagulantes são de dose única (o roedor necessita ingerir apenas uma dose para que o efeito letal ocorra) ou dose múltipla (o roedor necessita ingerir várias doses para que o efeito letal ocorra). Nos raticidas anticoagulantes de dose única, a morte acontece em 3 a 5 dias, embora possa ocorrer até 14 dias após. Na prática, são recomendadas no mínimo duas aplicações com intervalos de 8 dias. A Cool Seed, a Pós-Col e o Laboratório de Grãos da UFPEL, em conjunto, começaram na presente safra a realizar estudos sobre uso de frio no armazenamento de arroz em escala industrial, em silos metálicos no Sul do Brasil (Figuras 6 e 7).

Figura 7 - Monitoramento na pesquisa de resfriamento artificial de arroz em silo metálico

O que podem, então, fazer agricultores e armazenistas para atender às exigências de manejo da qualidade do arroz? Devem seguir às orientações técnicas de seu Engenheiro Agrônomo de confiança, considerar seriamente a possibilidade de investimento em ampliações e melhorias tecnológicas nos sistemas e nas estruturas de armazenamento, aplicando alguns procedimentos operacionais, que começam na produção nas lavouras até a colheita e vão até o armazenamento. Na póscolheita, as recomendações que valem para orizicultores e armazenistas, valem também para os agroindustriais. AGRADECIMENTOS A CNPq, CAPES, FAPERGS, SCTRS (PROGRAMA PÓLO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM ALIMENTOS DA REGIÃO SUL), ABIAP, SINDAPEL E SINDARROZ-RS.

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¦Processamento¦ O ar, didaticamente, é dividido em duas frações: vapor de água e ar seco. A fração vapor de água pode aumentar ou diminuir.

Troca de Calor e Massa no Processamento de Grãos Por: Dr. Luis César da Silva|Universidade Federal do Espírito Santo – UFES | silvalc@agais.com

Aumenta, por exemplo, na secagem de grãos, em que a água removida do produto é repassada ao ar. E diminui quando do reumedecimento de produtos ou da condensação de vapor de água sobre superfícies. Em aplicações na área de armazenagem de grãos, a fração ar seco é considerada constante, sendo composta por nitrogênio (78,80%), oxigênio (21,00%), gases nobres (0,90%), gás carbônico (0,30%) e outros gases (0,01%). Para caracterizar o ar são utilizadas propriedades psicrométricas, como: temperatura de bulbo seco, temperatura de bulbo úmido, umidade relativa, volume específico, razão de mistura e entalpia. A temperatura de bulbo seco corresponde temperatura do ar medida por termômetros de mercúrio ou digitais. Enquanto a temperatura de bulbo úmido é medida por meio de um termômetro com o bulbo envolto por cadarço de algodão embebido em água. Esse artifício visa simular o processo de evaporação, em que, o calor necessário é extraído do bulbo. Desse modo, a temperatura de bulbo úmido tende a ser menor que a temperatura de bulbo seco. E quanto maior é essa 16 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015

diferença, mais seco o ar estará, ou seja, o aporte de vapor de água no ar está em baixo nível. Esse nível é expresso em escala percentual por meio da propriedade umidade relativa. Se a umidade relativa é zero significa que não há vapor de

Dr. Luis César da Silva - UFES


Acesse: www.graosbrasil.com.br água no ar, enquanto 100% caracteriza o estado de saturação, em que, o ar está com o aporte máximo de vapor de água. Nessa condição, as temperaturas de bulbo seco e úmido são iguais. O volume específico corresponde ao volume de ar que contem um quilograma de ar seco mais uma quantidade variável de vapor de água. A variabilidade da quantidade de vapor é expressa pela propriedade - razão de mistura, que corresponde à razão entre quantidade de vapor e 1,0 kg de ar seco. Por exemplo, o ar com temperatura de 25ºC e umidade relativa de 60% tem a razão de mistura igual 0,0125 kg de vapor de água por 1,0 kg de ar seco. Outra propriedade relacionada à quantidade de ar seco é a entalpia, que expressa o estado energético do ar. Quanto mais energia o ar possuir, maior é a agitação moléculas que o constitui. A entalpia é expressa pela relação entre a quantidade de energia (k Joule ou k caloria) e 1,0 kg de ar seco. Portanto, para temperatura de 25ºC e umidade relativa de 60% o valor da entalpia é 55 kJ por 1,0 kg de ar seco, ou 55 kcal por 1,0 kg de ar seco. Se o ar é aquecido, a entalpia aumenta, consequentemente, a temperatura do ar também aumenta. Os valores das propriedades do ar alteram mediante a mudança do ponto de estado, que é definido, por exemplo, pela temperatura e umidade relativa do ar. Desse modo, conhecendo a temperatura e umidade relativa, as demais propriedades do ar podem ser determinadas utilizando o gráfico psicrométrico, ou programa de computador que contenha equações matemáticas para o cálculo das propriedades. No site www.agais.com, seção aplicativos “on line” é disponibilizado um programa para o cálculo das propriedades psicrométricas.

Processo troca de calor O processo de troca de calor ocorre quando o ar é aquecimento ou resfriado. O aquecimento do ar para fins de secagem pode ocorrer em fornalhas, resistores elétricos, ou pela radiação solar. No caso das fornalhas a lenha, cada quilograma de lenha queimada libera cerca de 3.500 kcal. No entanto, apenas 40% dessa energia é transferida ao ar, em razão da baixa eficiência térmica das fornalhas. Ao receber calor, a entalpia do ar aumentada, a temperatura eleva e a umidade relativa reduz, pois quanto maior o aporte de calor do ar, maior será capacidade em conter água na forma de vapor. É por isso que na maioria dos secadores, parte do ar de secagem deve passar pela fornalha. No caso do resfriamento do ar empregam-se geradores de frio para remover calor do ar. Com isso, a temperatura do ar diminui e a umidade relativa aumenta, pois o ar perde capacidade de reter água na forma de vapor. E se a quantidade de calor removida for demasiada, parte do vapor de água condensa e, ou congela. Processo de troca de massa - vapor de água Os grãos são higroscópicos, ou seja, possuem a capacidade de ceder ou receber água na forma de vapor do ar circunvizinho. O sentido da troca é estabelecido, por exemplo, pela diferença da umidade relativa da finíssima camada de ar sobre os grãos, chamada de microclima, e a umidade relativa do ar circunvizinho. O fluxo de vapor será estabelecido do ambiente como maior umidade relativa para o de menor valor. Isso ocorre até que seja atingida a condição de equilíbrio higroscópico, quando o fluxo de vapor cessa, pois os valores de umidade

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¦Processamento¦ relativa tornam iguais. Na secagem, os grãos devem dispor de aporte calórico para evaporar a água contida nos tecidos internos e promover migração do vapor para superfície. O que faz a umidade relativa nas superfícies dos grãos tornarem maior que a umidade relativa do ar circunvizinho. Sendo assim, o fluxo de vapor de água ocorrerá das superfícies dos grãos para o ar. Recebendo esse aporte de vapor, a temperatura do ar reduz, pois parte do calor do ar será utilizada para manter a massa de vapor em suspensão. Além disso, aumentam os valores da razão de mistura e da umidade relativa. O reumedecimento da massa de grãos deve-se ao fato do ar circunvizinho apresentar úmida relativa maior que a umidade relativa sobre a superfície dos grãos. Nesse caso, o fluxo de vapor será do ar para superfícies dos grãos, podendo ocorre condensação. A massa de grãos poderá absorver parte da água condensada, aumentando o seu teor de água em poucos pontos percentuais. No entanto, a maior quantidade de vapor condensa sobre as superfícies dos grãos, aumentando a atividade aquosa do ambiente, propiciando o desenvolvimento de fungos e bactérias. Outro fato que leva o ar a perder vapor de água, é quando em contato com superfícies frias. Assim, a medida que o ar cede calor, diminui sua capacidade de manter a massa vapor em suspensão, ocorrendo condensação. Essas superfícies podem ser paredes ou tetos de silos ou graneleiros, ou as superfícies dos grãos. Processos de troca de calor e massa nas operações unitárias Conhecendo os princípios da troca de calor e massa envolvendo as massas de grãos e ar é possível compreender como ocorrem às operações unitárias: aeração em silo-pulmão, secagem, seca-aeração, aeração durante a armazenagem e refrigeração da massa de grãos. 1. Uso do ar em silos-pulmão: Os silos-pulmão no fluxograma operacional são instalados entre as máquinas de pré-limpeza e os secadores com a finalidade de acondicionar produto úmido que aguarda a secagem. Normalmente, esses produtos apresentam teores de água superior a 18%, o que favorece a proliferação de fungos do gênero Fusarium. Portanto, para reduzir a proliferação desses microrganismos é recomendado remover calor da massa de grãos. Esse calor é gerado pela respiração dos grãos e o metabolismo de fungos e bactérias. Desse modo, com a passagem do fluxo de ar ambiente, Figura 1, pelos grãos, reduz a temperatura do produto e pode ocorrer uma pequena redução do teor de água do produto entre 0,5 a 1,0 pontos percentuais. Isso dependerá das condições psicrométricas do ar 18 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015

ambiente e o tempo de execução da operação. O fluxo de ar empregando deve estar entre 230 a 470 litros de ar/minuto/metro cúbico de produto.

Figura 1 - Uso do ar em silos-pulmão.

2. Uso do ar na secagem de grãos: Nos secadores de grãos tipo fluxos mistos (secador cascata ou de cavaletes) com reaproveitamento do ar da seção de resfriamento, Figura 2, o ar ambiente ao passar pela fornalha recebe aporte de calor, fazendo com que a temperatura do ar superaquecido varie entre 350 a 450ºC. Esse quantitativo de ar representa de 10 a 15% do fluxo do ar de secagem. O ar superaquecido segue para o misturador tangencial, popularmente chamado de ciclone ou quebra chamas, onde é misturado ao ar ambiente tornado a temperatura do ar entre 80 a 100°C. O quantitativo de ar que entra pelas aberturas do misturador tangencial corresponde entre 35 a 40% do fluxo do ar de secagem. A massa de grãos com teor de água próximo a 13% e temperatura de 55°C ao sair da câmara de secagem dos secadores de fluxos mistos seguem para seção de resfriamento, onde o ar ambiente é utilizado para remover calor (Figura 2). Desse modo, a temperatura da massa de grãos toma valores próximos de 35ºC. O ar que sai da seção de resfriamento possui considerável aporte de calor, sendo portanto, misturado ao ar proveniente do misturador tangencial com o objetivo de aumentar ainda mais o potencial de secagem. O quantitativo de ar que entra pelas venezianas da seção de resfriamento dos secadores de fluxos misto representa entre 45 a 50% do fluxo do ar de secagem.

Figura 2 - Uso do ar em secadores de fluxos mistos (secador de cavaletes).


Acesse: www.graosbrasil.com.br Na câmara de secagem, o ar cederá calor à massa de grãos e receberá água na forma de vapor. Assim, o ar de exaustão apresentará temperatura entre 35 a 45°C e umidade relativa entre 70 a 80%. O ideal seria valores próximos a 100%, o que implicaria no máximo aproveitamento da energia calorífica do ar. 3. Uso do ar na seca-aeração: Na operação de seca-aeração (Figura 3), o produto quente, com temperatura próxima a 50ºC e teor de água de 16%, ao sair do secador é encaminhado a um silo onde permanece em descanso por 4 a 8 horas. Decorrido esse tempo, aplica-se um fluxo de ar ambiente com a finalidade de remover calor e o excesso de vapor do ar intergranular e, ou água condensada sobre as superfícies dos grãos. Por meio da operação de seca-aeração otimiza o uso dos secadores, reduz o consumo de lenha e energia elétrica e diminui danos mecânicos e térmicos aos grãos. É recomendado fluxo de ar ambiente entre 390 a 780 litros de ar/minuto/ metro cúbico de produto.

4. Uso do ar na aeração de grãos armazenados: A aeração de grãos armazenados é realizada com as seguintes finalidades: (a) homogeneizar a temperatura e teor de umidade da massa de grãos, (b) minimizar os efeitos da migração de umidade e (c) renovar a massa de ar intergranular. Permitindo assim, a manutenção da qualidade do produto. Infelizmente, há uma concepção errônea que a aeração deve ser utilizada exclusivamente para remover, corretivamente, bolsões de calor gerados, principalmente, pela ação de fungos e, ou bactérias. O ideal é que a aeração seja conduzida com frequência, sempre que as condições psicrométricas do ar ambiente sejam favoráveis. Conforme representado na Figura 4, na aeração de grãos armazenados, o ar ambiente é forçado a passar pela camada de grãos, podendo carrear pequenas quantidade de calor e, ou vapor de água.

Figura 4 - Uso do ar na seca-aeração.

Figura 3 - Uso do ar na seca-aeração.

As condições psicrométricas do ar ambiente devem ser rigorosamente observadas, para que não ocorra a super secagem ou o umedecimento da massa de grãos. Portanto, o ar ambiente deve estar na condição de equilíbrio higroscópico com o produto armazenado. Desse modo, o operador deve determinar as condições psicrométricas do ar e consultar as tabelas de equilíbrio higroscópico que são especificas para cada produto. Para condução da operação de aeração recomenda-se, no caso de silos, o fluxo de ar entre 23 a 78 litros de ar/ minuto/metro cúbico de produto, e no caso de graneleiros entre 75 a 160. Os maiores valores para graneleiros deve-se a maior dificuldade na distribuição do ar por toda a massa do produto. 5. Uso do ar na refrigeração de grãos: A refrigeração é um tratamento térmico aplicado à massa de grãos armazenada, em que, por meio da redução da temperatura da massa de grãos é promovida a redução das atividades metabólicas dos grãos e dos fungos, bactérias e insetos presentes. Fatos que contribuem para preservação da qualidade do produto. Para redução da temperatura do produto, este necessita ceder calor ao ar resfriado que possui baixa entalpia. Portanto, conforme representado na Figura 5, o ar ambiente deve GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 19


¦Processamento¦

passar pelo gerador de frio, onde tem removido calor e, posteriormente, é recondicionado.

Figura 5 - Usos do ar em unidades armazenadoras de grãos

Na remoção de calor, parte da água presente no ar é condensada e congelada, situação em que a temperatura atinge 10ºC e umidade relativa 100%, o que inviabiliza o uso do ar para resfriar os grãos. Portanto, para adequar a condição psicrométrica do ar é feito o recondicionamento. O que consiste em empregar resistores elétricos, deixando o ar, por exemplo, com temperatura de 15 ºC e umidade relativa de 65%, o que implica no equilíbrio higroscópico para milho com teor de água de 14,1%. Desse modo, o ar resfriado removerá calor do produto sem, acidentalmente, promover a secagem ou reumedecimento. Tecnicamente, é recomendado, que o fluxo de ar resfriado seja superior a 120 litros de ar/minuto/metro cúbico de produto.

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Ponderações Finais Este artigo foi redigido como intuído de despertar em operadores e gerentes operacionais de unidades armazenadoras a importância dos conhecimentos básicos de transferência de calor e massa, e de psicrometria na condução das operações de aeração em silo-pulmão, secagem, seca-aeração e da aeração ou refrigeração durante a armazenagem. Para os tempos atuais, em que, são ressaltadas adoções de conceitos como otimização de processos, uso racional de energia e qualidades físico-química, nutricional e sanitária dos grãos; faz-se necessário que operadores e gerentes operacionais de unidades armazenadoras aprimorem conhecimentos quanto à forma de condução das operações unitárias do ambiente unidades armazenadoras de grãos.


¦Armazenagem¦ Muito pouco se sabe sobre o conceito de TAS, já que os estudos básicos de sua definição foram desenvolvidos com variedades que já não estão em uso e como é lógico em condições de laboratório e regulando fatores que na pratica são impossíveis de governar.

TAS (Tempo de Armazenagem Seguro) para Soja Por: Eng. Domingo Yanucci |Consulgran - Granos - Grãos Brasil | graosbr@gmail.com

De qualquer forma se torna interessante adentrar um pouco no tema do TAS, que tem tantas implicações na pratica do dia a dia. Em principio TAS se refere ao tempo em que o grão pode ser conservado de forma segura, em função das variáveis umidade e temperatura. Claro está que não existem diferenças entre um grão e uma semente, onde na semente são fundamentais o poder e a energia germinativa, que normalmente é o primeiro que se afeta em uma armazenagem instáveis. Também devemos definir a que chamamos seguro, isto varia de autor para autor, por exemplo, alguns falam de uma perda de peso seco de 0,5%. Generalidades da Secagem de Grãos Respiração do Grão - TAS (Tempo de Armazenagem Seguro) Quantidade de Dias que se pode armazenar o grão em condições antes de perder 0,5% da matéria seca. Quanto mais alto é a quantidade de humidade e a temperatura da massa de grãos, mais intenso é o processo respiratório , o qual acelera a deterioização do produto pela ação dos insetos e microorganismos. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 21


¦Armazenagem¦ Grafico 2

A umidade favorece o desenvolvimento dos fungos, muitas vezes se apresenta uma sucessão ecológica, uma espécie de fungo gera condições inadequadas para ele e favorável para outra espécie que a sucedera. Fungos encontrados em soja:

Então por exemplo uma soja com 18% a 25ºC, pode conservar-se por 18 dias. Mas quando nós falamos de 25ºC esta temperatura deve ser estável, como normalmente os grãos e os fungos que acompanham sempre os grãos respiram, eles tendem a produzir calor e aumentar a temperatura, por esta ração devemos implementar alguma pratica, aeração com ar natural ou resfriamento, para manter o melhor e para diminuir a temperatura do que se pretende conservar. Grafico 1

O gráfico nos mostra os resultados de outro enfoque do TAS em soja e vemos por exemplo que para este autor uma soja com 18% a 25ºC têm um TAS de menos de 5 dias. Nunca se deve considerar os fatores isolados, já que sempre se da uma interação entre eles. No Grafico 2 relacionamos algumas das variáveis estudadas. 22 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015

Um aspecto interessante é ver como se comporta o TAS, quando o grão passa de um nível de umidade e temperatura para um inferior. Por exemplo sim a soja se encontra em uma situação de TAS de 15 dias e transcure no mesmo 7 dias sem aquecer, a consumido a metade de seu TAS, quando passe por exemplo a uma situação de TAS 100, só tem disponível a metade, 50% já foi consumido antes. Esta é uma ideia que a maioria dos armazenistas não avalia corretamente. Por isto as vezes se pergunta o que aconteceu com a soja que estava com 13,5% e 20ºC, como todos os anos, porem este ano se apresentarão deteriores e quebras técnicas maiores?


Acesse: www.graosbrasil.com.br Um fator de grande importância para considerar o TAS na pratica é a confiabilidade do nível de umidade. Normalmente os equipamentos rápidos não são exatos, tem erros e quanto maior a umidade do grão maior é o erro. Isto normalmente esta acoitado na medida que os determinadores de umidade sejam adequadamente controlados. Um erro muito maior se da na extração da mostra. Quanto maior seja a mistura de umidades na massa de grãos de um caminhão, por exemplo, maior deve ser o numero e o volume de mostra a obter para diminuir o erro. A falhas na amostragem levam a erros na determinação da umidade da massa de grãos de soja e pode levar a que se tomem decisões de manejo perigosas. Exemplo1 Dados de Umidade de soja: 15 - 12,8 – 12,5 – 12,5 – 13,2 – 13,2 - 13 – 14 – 14,5 – 12,3% Média: 13,3% Diferença entre menor e maior valor: 2,5%

Exemplo2 Dados de Umidade de soja: 12,5 – 14,2 – 13,7 – 13,2 – 13,8 – 13 – 13 -13,6 – 14,2 – 13,5 % Média: 13,47% Diferença entre menor e maior valor: 1,7%

Por isto podemos assumir que sempre estamos trabalhando com erros muitos grandes. *OBSERVAÇÃO: O aconselhável é trabalhar com um erro máximo de 0,2%. Outro aspecto importante na pratica para definir o TAS é a mistura que se produz nas moegas, grandes moegas e baixas velocidades de ingresso ao armazém, geram mais heterogeneidade na umidade da massa de grãos que se pretende conservar. Quando o sistema de secagem não eficiente, muitas vezes sai grão do secador com grandes diferenças de umidade. A este problema se soma o fenômeno de segregação (quando o silo não tem espalhadores) que faz que se acumule material mais pesado e normalmente mais carregado de fungos debaixo do ponto de carga, gerando uma região de risco na armazenagem. O que reduz o TAS no coração do silo. Então sistema de automatização de secagem, bons sistemas de pré-limpeza (aspiração de material leviano) e espalhadores ajudam a ter baixo controle o TAS da soja. Os armazéns devem dispor de sistemas de determinação de temperatura confiáveis.

A: Muito boas condições para armazenar. B: Grãos que exige controles frequentes em regiões de alta umidade relativa.

Podemos apreciar que quanto maior a diferencia entre o valor maior e o menor de umidade (maior mistura) maior tem que ser o numero de amostras para que as mesmas sejam representativas. Para ter um erro de 0,2% que e aceitável, se necessita um numero de amostras incompatíveis com a pratica.

C: Grãos que exige cuidadosos controles de temperatura durante a armazenagem. D: Massa de grãos que requer cuidados extremos e se recomenda processar o antes possível.

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 23


¦Armazenagem¦ Mistura de grãos de soja com diferentes níveis de umidade, diferentes temperaturas e manejos, armazenados por 60 dias sem boa aeração e controle de temperatura. Foto 1.

Foto 3

Foto 2

Grãos de soja úmida, esquecida por 60 dias em um pequeno silo, antes da secagem. Fotos 2 e 3.

Foto 4

Foto 2

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Os ritmos de aquecimento de soja, são menores que outros grãos. Por exemplo grãos como girassol de elevado conteúdo de matéria grossa tem aquecimento muito rápido. Incluso o milho tem um ritmo de aquecimento superior a soja. Mas a soja pode chegar a transformar-se em carvão, passando de aquecimento biológico a fogo.


¦Controle de Pragas¦ A busca da qualidade na cadeia produtiva do setor agrícola tornou-se imperiosa, dada a crescente concorrência internacional, exigindo do setor a produção de grãos de forma mais eficaz e com maior qualidade.

Combate de Pragas em Grãos Armazenados Recomendações Básicas

Por: Engº Agrº Arnaldo Cavalcanti de Rezende |Consultor

Considerados até bem pouco tempo como “comodities”, os grãos tem hoje a expressão de “matéria prima”, onde o seu valor intrínseco é medido pelo que representa após o seu processamento. Portanto, produzir e conservar com excelência são fatores que traduzirão em incremento de receita à cadeia produtiva, além de fatores determinantes na diferenciação no competitivo mercado globalizado. Dentro desta perspectiva, o controle de pragas, etapa fundamental no processo de conservação dos grãos, deve, hoje, ser inserido no contexto mais amplo do que chamamos de Manejo Integrado de Pragas. O Manejo Integrado de Pragas, considerado como um “processo”, constitui-se de medidas a serem adotadas no Controle de Pragas, onde a atitude e os valores das pessoas, a limpeza das estruturas de armazenagem e de processamento e, finalmente o tratamento fitossanitário, andando sempre juntos, permitirão alcançar o objetivo de conservar os grãos com qualidade e valor agregado. Para nortear esse processo de Controle de Pragas, dentro do contexto da filosofia do Manejo Integrado de Pragas, proporemos algumas recomendações básicas que permitirão ações eficazes, com respostas eficientes, tendo em vista as

crescentes dificuldades no controle dos insetos que atacam os grãos armazenados Requisitos para um Armazenamento Seguro Não existe uma fórmula ou tecnologia isolada que leve ao

Eng Agr. Arnaldo Cavalcanti Rezende - Consultor GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 27


¦Controle de Pragas¦

sucesso da atividade, pois, a armazenagem é um processo que envolve várias etapas, cada uma exigindo o cumprimento de seus próprios parâmetros de forma correta. Assim, podemos apresentar as seguintes condições determinantes para uma boa conservação dos grãos armazenados: • Escolha da variedade das sementes; • Produção: Insumos, tratos culturais, tratamento fitossanitário; • Ponto de colheita; • Limpeza e preparo da Unidade Armazenadora e Unidades de Beneficiamento de Sementes; • Recebimento e secagem dos grãos, Pré - limpeza e Limpeza dos grãos • Tratamento fitossanitário (Controle de Pragas); • Uso adequado e correto da aeração; • Monitoramento. Todos esses procedimentos devem ser desenvolvidos de forma técnica e profissional. Considerando nosso objetivo neste artigo, detalharemos apenas as etapas de Controle de Pragas e de Monitoramento. Controle de Pragas (Insetos) Com vistas a estabelecer uma relação entre o Manejo Integrado de Pragas e o Controle de Pragas, devemos entender esta etapa como um “processo” onde a aplicação dos praguicidas é apenas parte complementar do mesmo. 1 - Limpeza das Unidades Armazenadoras e Unidades de Beneficiamento de Sementes. Com essa medida, daremos início ao processo de controle 26 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015

de pragas, através da eliminação dos resíduos de grãos, poeiras, sacarias usada, etc., das estruturas de armazenamento e processamento, incluindo as tubulações e equipamentos, reparando-os quando necessário. Durante este procedimento, iremos observar a existência de trincas e fissuras em paredes e pisos, tomando o cuidado de calafetá-las. A seguir, essas estruturas limpas, deverão ser pulverizadas com inseticidas que apresentem efeito residual, com o objetivo de eliminar os insetos presentes, prevenindo eventuais reinfestações. 2- Tratamento Fitossanitário Durante a etapa de armazenamento, que poderá ser curta ou longa, a aplicação de inseticidas é uma medida auxiliar e importante na conservação dos grãos armazenados. O tratamento fitossanitário é dividido em tratamento curativo (expurgo) e tratamento preventivo (pulverização), para permitir um eficiente controle das infestações de insetos presentes. Expurgo (Fumigação) - Tratamento Curativo A expressão “tratamento curativo” para o expurgo é fundamentada no fato de ser o único meio de eliminar-se os insetos em todas as suas fases de desenvolvimento (ovo, larva, pupa e adulto), inclusive no interior dos grãos. O Fosfeto de Alumínio, é um inseticida sólido que em contato com a umidade do ar, libera a Fosfina, que é um gás inodoro, incolor e extremamente tóxico. Porém, seguro, se utilizado observando as recomendações dos fabricantes. Embora inodoro, seu reconhecimento se dá pelo forte odor característico de alho ou carbureto.


Acesse: www.graosbrasil.com.br Para a realização de um expurgo correto, algumas etapas devem ser observadas: • Leitura do Manual Técnico do fabricante; • Orientações aos elementos que participarão da operação; • Verificação do estado de conservação das lonas e respectivos reparos, cobras de areia, vedação das chapas nos silos metálicos, calafetação das fissuras e trincas em pisos e paredes, vedação das bocas de descarga e de aeração, etc. • Disponibilidade e condições de uso dos equipamentos de proteção individual (Máscaras e filtros próprios, macacão de pernas e mangas compridas e botas e luvas de PVC). Regularizados e verificados esses procedimentos iniciais, que não devem tornar-se rotinas - cada expurgo é um expurgo - daremos início ao processo propriamente dito. Para o melhor entendimento, assumiremos que os seguintes fatores são fundamentais para o sucesso da operação, são fatores que atuam de forma conjunta, interagindo-se: • Dosagem • Vedação • Tempo de Exposição

Dosagem A dosagem recomendada é de 2,0 gr de fosfina (ingrediente ativo) por m³ de produto ou espaço a ser expurgado. Para obter essa dosagem em ingrediente ativo, ressaltamos que ela sempre será representada por um terço do peso do produto comercial (Fosfeto de alumínio), que variará de acordo com a apresentação adquirida: • Comprimidos de 0,6 gr de Fosfeto de Alumínio, correspondem a 0,2 gr de Fosfina. • Pastilhas de 3,0 gr de Fosfeto de Alumínio, correspondem a 1,0 gr de Fosfina. • Saches de 34,0 gr de Fosfeto de Alumínio, correspondem a 11,3 gr de fosfina.


¦Controle de Pragas¦ Vedação Conforme visto anteriormente, sendo a Fosfina um gás e, sendo necessária uma determinada concentração para eliminar todos os insetos em todas as suas fases de desenvolvimento, a vedação constitui-se em importante fator de sucesso para a operação. Dentro desta premissa, avaliar o estado de conservação dos pisos e paredes, calafetação das chapas dos silos metálicos, vedação correta das bocas de descarga, dutos e ventiladores de aeração, bem como o uso de lonas indicadas para o expurgo, cobras de areia e execução correta, evitarão a possível perda de gás de Fosfina por vazamentos. Lembramos que a fosfina apresenta uma alta capacidade de expansão, difundindo-se por todos os espaços com grande vigor. Portanto, mantê-la nas concentrações preconizadas é fundamental para a eficiência do processo. Assim, a dosagem recomendada de 2,0 gr de Fosfina por m³, para essas diferentes apresentações se definirá da seguinte forma: • Comprimidos = 10 por m³ • Pastilhas = 2 por m³ • Sachet = 1 para cada 5 m³ Considerando que a Fosfina é um gás e que se expandirá em um espaço, por entre os grãos, a dosagem sempre será calculada pelo volume (m³) de produto ou espaço a ser expurgado. Desta forma, se uma célula de um silo não estiver totalmente cheia, o cálculo da dosagem será em função do volume total, como se estivesse cheia. Caso a massa de grãos desta célula seja coberto com uma lona, para promover a vedação da sua superfície, o cálculo agora será feito pelo volume ocupado pelos grãos. A aplicação da Fosfina, seja qual for a sua apresentação, deverá ser a mais bem distribuída possível, para permitir uma melhor distribuição do gás. Atenção: Vale ressaltar que a dosagem recomendada pelos fabricantes nunca deve ser alterada, sobretudo para compensar eventuais vazamentos, elevadas infestações de insetos ou efeitos da temperatura. Apenas para o arroz em casca recomendamos um aumento de 20% na dosagem indicada. A compensação para os casos acima deve ser feita mediante o aumento do tempo de exposição em até 20%, para permitir uma ação mais eficiente sobre os insetos. Em situações onde a vedação é inadequada, não recomendamos a realização do expurgo. 28 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015

Tempo de Exposição Conceitualmente, o Tempo de Exposição é o tempo necessário entre a aplicação do Fosfeto de Alumínio, sua reação com a umidade do ar para a liberação da Fosfina e a sua difusão para expandir-se por todos os espaços a ser expurgado. As indicações apresentadas a seguir mostram as recomendações dos fabricantes como regra geral:


Acesse: www.graosbrasil.com.br Como afirmamos anteriormente, lembramos que o tempo de exposição poderá ser ampliado em até 20%, tendo em vista compensar efeitos de temperaturas, altas infestações, espécies de insetos mais tolerantes, sem alterar a dosagem. Pulverizações - Tratamento Preventivo A Fosfina tem como característica não apresentar efeito residual, o que lhe confere condições de tratar uma enorme variedade de produtos sem contaminá-los. Porém, esta característica, para o caso dos grãos armazenados, exige a complementação de pulverizações da massa de grãos expurgada com inseticidas líquidos com ação residual, para evitar possíveis reinfestações. Desta forma, logo após o expurgo, realizaremos uma pulverização completa da superfície da massa de grãos, bem como das estruturas de armazenagem e de processamento. Essa pulverização deverá ser repetida a cada 20 ou 30 dias para períodos quentes e a cada 45 dias, aproximadamente, para períodos mais frios.

medir as possíveis infestações, determinando de forma técnica o momento correto de realizar as pulverizações e até mesmo novo expurgo. Realizado semanalmente, o Monitoramento feito através da coleta de amostras de grãos, em quantidades representativas, indicarão a presença de insetos, permitindo a sua quantificação e a determinação das espécies infestantes, fornecendo indicadores para a tomada de decisão. Riscos - Cuidados - Segurança. Por fim, devemos salientar que todo trabalho desempenhado com inseticidas é perigoso. Porém, com responsabilidade, profissionalismo e observação das recomendações dos fabricantes, o controle de pragas transcorrerá com eficiência e segurança, ganhando os produtos armazenados em qualidade e valor.

Monitoramento A etapa de Monitoramento tem como objetivo básico de

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¦Mercado¦ O ano de 2015 começa – ou melhor, deve começar – pra valer mesmo só depois do carnaval, o que já estamos acostumados a conviver aqui no Brasil; eita povo que gosta de festa!...

Novo Ano, Novas Conquistas, Muitas Decepções Por: Osvaldo J. Pedreiro|Novo Horizonte Consultoria |

Mas vamos lá, porque o mundo já está trabalhando desde o Natal e como diz o dito popular: O MUNDO GIRA!... E nós aqui acompanhando os mercados internacionais de produtos agrícolas, temos observado que a grande oferta de produtos – principalmente soja e milho – estão fazendo valer a máxima do mercado pela lei da oferta e da procura. A China continua consumindo o que pode, mas não a ponto de derrubar essa lei mais antiga do universo! E nessa toada temos visto o mercado da CBOT registrar níveis bem abaixo dos US$13 ou US$12 por bushel, e se situando na faixa de US$9,50 a US$9,70 dependendo do interesse mais uma vez dos fundos de investimentos que seguem dominando o mercado de commodities nas principais bolsas de apostas. Enquanto isso, fica para as indústrias, para os produtores, para os comerciantes praticantes do mercado, a amarga posição de figurantes ao invés de serem os protagonistas principais pois são estes que produzem a semente, o farelo e o óleo que o mundo vai consumir, e que se obrigam a praticar os 30 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015

preços totalmente fora da realidade do mercado para poder manter a máquina trabalhando e tentar auferir uns míseros trocados apesar do investimento que fazem ou que fizeram

Osvaldo J. Pedreiro - Novo Horizonte Consultoria


Acesse: www.graosbrasil.com.br para produzir!... Mas como escolhemos o tema desta matéria, estamos em um novo ano de novas conquistas e muitas decepções, é mister que se registre o fato de que continuamos observando os especuladores auferindo lucros intermináveis em cima de quem produz e que é responsável pela alimentação que o mundo consome, sem contudo investir um centavo sequer na produção! Alguém poderá pensar que estamos exagerando, mas convenhamos, se você tiver argumentos que me convençam do contrário, estou aqui de ouvidos atentos para receber vossos comentários!... O que eu consigo vislumbrar, é que o mercado de grãos deve continuar pressionado pelo volume extraordinário de ofertas, brigando passo a passo com a força especuladora dos fundos de investimentos, e dos desmandos políticos que assolam esta Pátria Mãe Gentil e que os BELOS políticos que temos permanecem estufando seus bolsos com o nosso rico dinheirinho suado e que cada vez mais desaparece dos nossos bolsos!...

Só me resta parafrasear alguém que não me recordo o nome: “SÓ DEUS NA CAUSA!...”


¦Qualidade¦ As exportações de grãos estão aumentando a cada ano, desafiando a indústria de processamento de arroz a se adaptar às novas restrições legislativas e para atender à demanda dos consumidores por arroz certificado livre de controle químico que afeta a segurança alimentar.

Manutenção da qualidade do arroz armazenado: um caso de sucesso no manejo de pragas Por: Flavio Antonio Lazzari | Sonia Maria N. Lazzari | Fernanda N. Lazzari |Consultores

Dentre os muitos problemas no armazenamento de grãos, a infestação de pragas requer atenção e medidas eficientes de controle, especialmente, em instalações de armazenamento sob condições tropicais e subtropicais. O controle de insetos e ácaros em arroz armazenado utilizando fumigação e inseticidas residuais ainda é a prática mais comum no Brasil; no entanto, esses métodos têm sido questionados por questão de segurança alimentar, pois os resíduos de ingredientes ativos trazem riscos para pessoas e animais domésticos, podem causar contaminação ambiental e selecionar as populações de insetos para a resistência. O manejo integrado de pragas (MIP) concentra-se em grande parte no saneamento das instalações e no monitoramento e controle de pragas-alvo. Estruturas limpas e higienizadas são menos propensas ao estabelecimento de pragas. O monitoramento com diversos tipos de armadilhas permite o acompanhamento da presença e flutuação dos insetos para determinar a necessidade e tipo de controle mais adequado. A combinação de métodos físicos e químicos tem sido usada com sucesso para o controle de insetos (Fields, 2006; Lazzari et al., 2007), destacando-se o uso de terra-de-diatomáceas (TD) 32| Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015

aplicada no controle de insetos em diversos grãos (Athanassiou, 2007; Athanassiou et al., 2014; Subramanyam, 2007). A TD pode ser combinada com a deltametrina, que é um piretróide de baixa toxicidade para mamíferos (Ceruti & Lazzari, 2005). O resfriamento artificial é um método físico que apresenta diversas vantagens, principalmente durante os períodos mais

Dr. Flavi Lazzari - Consultor


Acesse: www.graosbrasil.com.br quentes do ano e em climas quentes (Maier & Navarro 2002; Navarro, 2007). O principal objetivo deste trabalho é desenvolver um pacote tecnológico ou Programa de Qualidade de Arroz, que inclui um conjunto de ações e medidas coordenadas, para se obter um produto sem infestação nas etapas de armazenagem, processamento e comercialização. MATERIAL E MÉTODOS Este Programa de Qualidade teve início em 2008 em uma indústria de armazenamento e processamento de arroz, no Rio Grande do Sul, e continua 718 como um programa de rotina na Empresa, em razão do sucesso obtido. É uma operação em larga escala, com 60 silos com capacidade para 3500 toneladas cada de arroz em casca, sendo monitorados e manejados para reduzir infestações de insetos. Periodicamente, os silos são cuidadosamente limpos, interna e externamente, do telhado para baixo, com água pressurizada; da mesma forma, são lavados a correia transportadora e telhado, para remover poeira e resíduos de grãos. Em seguida, é feita a pulverização das paredes externas com uma mistura de TD e deltametrina. Durante o enchimento, à medida que o grão passa pela correia, as camadas inferior e superior são tratadas com uma combinação de 300 ppm de terra-de-diatomáceas (TD) (KEEPDRY®) e 30 ppm de deltametrina em pó 2% (K-Obiol® 2P) por tonelada de arroz. Posteriormente, a superfície da massa de grãos é nivelada. Após o enchimento completo dos silos, procede-se à insuflação de ar frio através do sistema de aeração por equipamento de resfriamento artificial, com um fluxo de ar de 30.000 m3/h. A temperatura do ar insuflado para dentro da massa de grãos varia de 6-8 ºC e 65-70% de umidade relativa. A massa de grãos atinge uma faixa de temperatura entre 12-14 ºC após aproximadamente 86 horas de aplicação contínua do ar resfriado. A aplicação de aeração natural usando as frentes frias, a partir de maio a agosto, mantém a massa de arroz fria por mais tempo. O monitoramento da temperatura da massa de grãos em cada silo é essencial para acompanhar as flutuações da temperatura e indicar a necessidade de intervenções com aeração natural ou artificial. O monitoramento das populações de insetos tem sido realizado periodicamente com armadilhas de dois tipos por quase cinco anos. As armadilhas tipo gaiola com isca alimentar são colocadas no piso próximo aos silos ou em áreas de manipulação constante de grãos, a fim de monitorar as populações de insetos residentes e migrantes. Armadilhas adesivas luminosas são suspensas no teto para monitorar, principalmente, as mariposinhas (Lepidoptera). A camada

superior da massa de arroz também é avaliada periodicamente retirando-se amostras de grãos que são levadas para o laboratório e peneiradas para a detecção de insetos. Antes da moagem do arroz de cada silo, amostras são retiradas da máquina de pré-limpeza para a detecção de insetos vivos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O monitoramento revelou que diversas espécies primárias e secundárias estão presentes na unidade armazenadora, incluindo as pragas primárias 719 mais importantes do arroz armazenado, que são os Coleoptera: Rhyzopertha dominica (Bostrichidae); Sitophilus oryzae e S. zeamais (Curculionidae). Espécies secundárias, como Oryzaephilus surinamensis (Silvanidae) e Tribolium castaneum (Tenebrionidade) também são detectadas. A Figura 1 mostra que houve uma redução gradativa das populações de insetos a cada ano a partir da implantação do programa de controle. Observa-se que as populações geralmente apresentam dois picos anuais, um em setembro/ outubro e outro de dezembro/janeiro a abril/maio. Nestes períodos as medidas de controle são intensificadas para reduzir as populações para números residuais.

Figura 1 - Número total das espécies primárias capturadas com armadilhas tipo gaiola em unidade armazenadora de arroz, em cada data de coleta, no Rio Grande do Sul.

A manutenção da qualidade do arroz durante o armazenamento utilizando aeração com ar natural das frentes frias, especialmente durante a noite e nos meses de inverno pode trazer grandes benefícios; contudo, apesar da temperatura no interior da massa de arroz geralmente ser mais baixa, a camada do topo pode aquecer rapidamente. Assim, em diversas situações climáticas é necessária a insuflação de ar resfriado artificialmente para manter o grão em temperaturas abaixo de 16 ºC, que inibe a reprodução dos insetos. A Figura 2 mostra um equipamento para o resfriamento artificial e um esquema, a título de modelo, das condições de temperatura fora e dentro de um silo com arroz armazenado durante o mês de março. Em março, a temperatura ambiente


¦Qualidade¦ varia de 26 a 36 ºC, com a média em torno 34 ºC; no interior do silo logo abaixo do teto metálico do silo a temperatura pode atingir 68 ºC. Com o 720 resfriamento, a temperatura a 0,5 m acima da massa de grãos pode cair de um valor médio de 42,6 ºC para 16,8 °C, em 4 dias. No entanto, a temperatura pode voltar a subir rapidamente em poucos dias em função do efeito chapéu sob o telhado do silo. O desafio nesta situação é manter a temperatura próxima da superfície do grão numa faixa de temperatura baixa capaz de suprimir o desenvolvimento dos insetos. Algumas medidas que podem ser tomadas para controlar a temperatura na camada superior da massa de grãos são: pintura branca das coberturas dos silos, isolamento ou remoção mecânica do ar quente com um ventilador motorizado com um termostato na parte superior do telhado para remover o ar quente úmido e evitar condensação.

Figura 2 - Esquema do silo mostrando as faixas de temperatura do ar e frio artificial em diferentes pontos no interior da massa do arroz depois de 86 horas de insuflação de ar frio.

O programa de saneamento rigoroso implementado por lavagem da estrutura com água pressurizada apresenta resultados satisfatórios em termos de redução das populações de insetos, inclusive no nível de infestação do arroz a ser processado. A remoção da poeira, grãos quebrados, finos, sementes germinadas e outros resíduos da estrutura e maquinários, a lavagem das paredes dos silos e aplicação de TD + deltametrina são medidas importantes para reduzir a pressão de insetos migrantes para dentro dos silos. Em adição, o tratamento das camadas inferior e superior de arroz com TD + deltametrina durante o enchimento do silo, o nivelamento da superfície superior da massa de arroz e o uso de refrigeração artificial combinada com aeração com ar frio natural representa uma associação de tecnologias efetiva para o manejo de pragas. O programa para manter a qualidade do arroz em grande escala deve ser simples e incluir estratégias eficientes e seguras, com um bom custo-benefício e enfocar todas as etapas, desde o recebimento até a embalagem do arroz, 721 reduzindo satisfatoriamente as reclamações e devoluções de produtos. Em um programa desse tipo é essencial o treinamento periódico do pessoal envolvido nas atividades, a fim de instruir e mudar a atitude das pessoas para resultado efetivo. 34 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015



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GRAFICA REGENTE


¦ CoolSeed News ¦

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¦Utilíssimas ¦ Lançamento da 11° Edição da Maestria em Tecnologias de Sementes Julho 2015

competentes para uma gestão em a produção de sementes de alta qualidade. Destacamos que esta Maestria já conta com 26 anos de existência e em 10 edições já regressaram profissionais que se incorporarem no âmbito público e privado nacional e internacional. Em a atualidade estamos frente ao lançamento de uma nova edição (11ra.) para Julho de 2015. E uma das poucas maestrias de língua espanhola que existe no mundo. Informes: maestria-semillas@agro.unc.edu.ar

www.agro.unc.edu.ar/posgrado

Inscrição aberta desde o 1° Novembro 2014. A semente se converte em uma ferramenta indispensável para a melhora produtiva Os agricultores necessitam que a indústria de sementes os prove-a de sementes que gerem altos rendimentos e vantagens agronómicas que permitam obter a máxima rentabilidade de sua empresa. Além disto, a indústria de sementes na atualidade enfrenta outros “novos” desafios para adequar o melhoramento genético as mudanças climáticas e as demandas da produção agroindustrial (bioenergia, bioplásticos, biofármacos), promovendo simultaneamente a conservação e a gestão da diversidade genética. Dispor de uma semente de alta qualidade é a base fundamental para lograr o máximo potencial dos cultivos de grãos, hortícolas, frutícolas, forrageiros e industrias. Por outra parte a povoação mundial está crescendo a um ritmo acelerado e em o2030 tendermos más de 8000 milhões de habitantes. A demanda de alimentos devera crescer um 50% para satisfazer esta povoação e se requererá um aumento considerável de sementes para plantar os cultivos que proveram de alimentos a esta povoação. Por estes motivos é necessária a capacitação permanente dos professionais involucrados em toda a cadeia produtiva da semente. O Curso de Post grado Maestria em Tecnologia de Sementes da Faculdade de Ciências Agropecuárias da Universidade Nacional de Córdoba, Argentina, oferece uma capacitação para a formação de professionais altamente 40 | Revista Grãos Brasil | Janeiro / Fevereiro 2015

Revista Granos & Postcosecha Latino Americana Já está nos armazens, laboratórios, corretores de grãos, etc. a última edição da Revista Granos & Postcosecha Latino Americana - De La Semilla Al Consumo. Nesta edição notas muito interessantes sobre qualidade, controle de pragas, manutenção, tecnologia, refrigeração e informes empresariais, junto com informações sobre cursos e seminários da especialidade. Interessados em assinar enviar email para: consulgran@gmail.com




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