GB63

Page 1




¦ Editorial ¦ Ano XI • nº 63 Novembro | Dezembro 2013

www.graosbrasil.com.br Diretor Executivo Domingo Yanucci Gerente de Marketing Marcos Ricardo da Silva Colaborador Antonio Painé Barrientos Matriz Brasil Av. Juscelino K. de Oliveira, 824 Zona 02 CEP 87010-440 Maringá - Paraná - Brasil Tel/Fax: (44) 3031-5467 E-mail: gerencia@graosbrasil.com.br Rua dos Polvos 415 CEP: 88053-565 Jurere - Florianópolis - Santa Catarina Tel.: +55 48 9945-8565 graosbr@gmail.com Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Celso Finck Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale

Pós-Colheita de Precisão Caros Amigos e Leitores Uma vez mais tenho o privilegio de apresentar uma edição da Grãos Brasil, da Semente ao Consumo, mais de uma década de dedicação em difundir a melhor tecnologia de armazenagem para o Brasil. Esta ainda mais especial porque esta relacionado com um encontro pessoal com os que chegam ate Maringá a participar do Grãos 2013, Simpósio e Expo Pós-Colheita. Por isto temos a dupla satisfação de que a revista chegue a suas mãos e você dedique seu valioso tempo a avaliar o que estamos apresentando e por outro de estreitar em um abraço os que podem participar de um encontro pessoal, com toda a riqueza que isto significa. Sabemos que as empresas líderes de mercado devem trabalhar sempre na capacitação e atualização, por isto são necessários encontros dos responsáveis dos armazéns, com a finalidade de intercambiar experiências, oportunidades para escutar gente com longas trajetórias internacionais, prestigiosos palestrantes e propulsores de novas tecnologias. Temos nesta edição alguns dos resumos das palestras a serem apresentadas, em futuras edições publicaremos o restante que se trate no evento de Maringá. Quero aproveitar a oportunidade para agradecer a todos os que durante o ano de 2013 fizeram seu aporte na difusão da tecnologia de pós-colheita de grãos e sementes, assim como as empresas e instituições que fazem possível que nós cheguemos com a mensagem da revista em papel e do Gr@os News. Muitas felicidades no ano que vai iniciar, uma vida cheia de bons trabalhos, saúde, alegria e Paz.

Que Deus abençoe vocês, seus lares e empresas.

Com afeto.

Produção Arte-final, Diagramação e Capa Marcos Ricardo da Silva

Ligue e Assine:

(44) 3031-5467 02 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013

Domingo Yanucci Diretor Executivo Consulgran - Granos Revista Grãos Brasil



¦ Indice ¦ 06

Gastoxin Sache - Uma solução eficaz e sem residual de hidróxido de alumínio na fumigação

09

Aspectos básicos do Regulamento Técnico Metrológico dos Medidores de Umidade do Inmetro

10

Consumo de combustível e vazão de ar do secador de grãos

12

Gerenciamento de Projetos

16 22

Manutenção da Qualidade, Quantidade e Valor do grão de Soja armazenado Boas práticas de manejo - Pós-colheita de precisão

34

A Qualidade dos Grãos e a Conversão Alimentar

Setores

02

Editorial

37

Não só de pão...

04 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013

38

Cool Seed News

40

Utilíssimas


GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 05


¦Fumigação¦ A busca da qualidade na cadeia produtiva do setor agrícola tornou-se fundamental, e em razão da crescente concorrência internacional, a produção de grãos de forma mais eficaz e com maior qualidade.

Gastoxin Sache Uma solução eficaz e sem residual de hidróxido de alumínio na fumigação Arnaldo Cavalcanti de Rezende Engenheiro Agrônomo, Consultor Técnico da BEQUISA Diretor Técnico da BYTECH FITOSSANITÁRIA arnaldo.rezende@acrezende.com

Considerados até bem pouco tempo como "commodities", os grãos tem hoje a expressão de "matéria prima", onde o seu valor intrínseco é medido pelo que representa após o seu processamento. Portanto, produzir e conservar com excelência são fatores que traduzirão em incremento de receita à cadeia produtiva, além de fatores determinantes na diferenciação no competitivo mercado globalizado. Dentro desta perspectiva, além do controle de pragas, etapa essencial no processo de conservação dos grãos, que deve ser inserido no contexto mais amplo do que chamamos de Manejo Integrado de Pragas, a isenção de resíduos de praguicidas é outra condição básica na alavancagem do conceito de qualidade para os grãos que consumimos internamente ou vimos a exportar. Nesse contexto, a fumigação com o uso de fumigantes a base de Fosfina é a única solução existente que nos permite controlar os insetos, em todas a suas fases de desenvolvimento, sem que ocorram contaminações, quando utilizados segundo as recomendações da fabricante. REQUISITOS PARA UM ARMAZENAMENTO SEGURO Não existe uma fórmula ou tecnologia isolada que leve ao sucesso da atividade, pois a armazenagem é um processo que envolve várias etapas, cada uma exigindo o cumprimento de seus próprios parâmetros de forma correta. Desta forma, podemos apresentar as seguintes condições determinantes para uma boa conservação dos grãos armazenados: - Escolha da variedade das sementes; - Produção: Insumos, tratos culturais, tratamento fitossanitário; - Ponto de colheita; 06 |Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013

- Limpeza e preparo da Unidade Armazenadora e Unidades de Beneficiamento de Sementes; - Recebimento e secagem dos grãos, Pré - limpeza e Limpeza dos grãos; - Tratamento fitossanitário (Controle de Pragas - Insetos); - Uso adequado e correto da aeração; - Monitoramento; - Entre outros procedimentos a serem determinados, caso a caso. TRATAMENTO FITOSSANITÁRIO - CONTROLE DE INSETOS Com vistas a estabelecer uma relação entre o Manejo Integrado de Insetos e o Controle de Insetos, devemos entender esta etapa como um "processo" onde a aplicação dos praguicidas é apenas parte complementar. "Diagnóstico, Housekeeping e Monitoramento, também são etapas que constituem o Manejo Integrado de Insetos." Durante o período de armazenamento, que poderá ser curta ou longa, a aplicação de praguicidas é uma medida auxiliar e importante na conservação dos grãos armazenados, medida que permitirá a redução das perdas causadas pela ação dos insetos, nem sempre consideradas corretamente pelos armazenadores. Como ação eficaz para o controle com praguicida, a fumigação (ou expurgo) é a principal decisão para o controle dos insetos, tendo em vista tratar-se de uma intervenção de caráter "curativo", por ser o único meio de eliminar-se todos os insetos, em todas as suas fases de desenvolvimento (ovo, larva, pupa e adultos), inclusive no interior dos grãos. O fumigante Fosfeto de Alumínio, é um inseticida sólido que em contato com a umidade do ar libera a Fosfina, que é um gás inodoro, incolor e extremamente tóxico. Porém, seguro, se utilizado observando as recomendações da fabricante. Embora inodoro, seu reconhecimento se dá pelo forte odor característico de alho ou carbureto. AIP + 3 H2O

Î AL (OH)3 + PH3 Ï


Acesse: www.graosbrasil.com.br - Ideal para produtos processados - Não deixa pó residual de Hidróxido de Alumínio - Facilidade de manuseio: aplicação e remoção dos saches destinados à desativação e ao descarte

BENEFÍCIOS DO USO DA FOSFINA Quando utilizada segundo as recomendações da fabricante, a Fosfina oferece inúmeros benefícios na sua aplicação para o controle de insetos como a liberação gradual do gás, conferindo maior segurança para o aplicador, facilidade de dosar e aplicar, evitando erros de aplicação, economia de mão-de-obra na aplicação, não deixa pó residual após o expurgo (em forma de saches), o gás apresenta densidade similar a densidade do ar, facilitando sua distribuição uniforme no volume expurgado, é de fácil transporte, não afeta a viabilidade de sementes e pode ser gerada in situ pela reação da formulação com a umidade do ar ambiente. Podemos ainda destacar como outros benefícios: - Único produto/método que elimina todas as formas dos insetos; - Não altera o sabor e não deixa odores nos alimentos; - Não deixa resíduos tóxicos nos produtos fumigados, após a liberação da Fosfina para a atmosfera; - A Fosfina após liberada no ar, forma compostos inócuos não causando qualquer impacto ambiental; Entre as diversas formulações do Fosfeto de Alumínio/ Magnésio, a apresentação sache tem como característica a sua total isenção de contato do pó de Hidróxido de Alumínio com os grãos e outros produtos fumigados, conferindo enorme segurança, do ponto de vista da presença de resíduos, embora não apresente níveis contaminantes de Fosfina, quando os procedimentos são executados de forma recomendada. Mercados exigentes optam por esta formulação, desenvolvida especialmente para atender a demanda das indústrias de alimentos e do tabaco, em especial. Como benefícios para a apresentação sache, pode-se ressaltar os seguintes: - Qualidade de excelência na sua apresentação, resistência e durabilidade; - Rápida aplicação - Agilidade para grandes aplicações - Aplicação segura - libera menos de 1% nas 2 primeiras horas - Fácil cálculo de dosagem - 1 para 6m³

FUMIGAÇÃO COM SACHE GASTOXIN® B57 Para a realização de um expurgo correto, algumas etapas devem ser observadas: - Leitura do Manual Técnico do fabricante. - Orientações aos colaboradores que participarão da operação. - Verificação do estado de conservação das lonas e respectivos reparos, cobras de areia, vedação das chapas nos silos metálicos, calafetação das fissuras e trincas em pisos e paredes, vedação das bocas de descarga e de aeração, etc. - Muito esquecidos, no caso de armazéns convencionais, a existência de ralos ou assemelhados, sob as pilhas de produtos, devem ser previamente vedados. - Disponibilidade e condições de uso dos equipamentos de proteção individual (Máscaras e filtros próprios, macacão de pernas e mangas compridas e botas e luvas de PVC ou Nitrila). Para a melhor eficácia do processo de fumigação, os seguintes fatores são fundamentais para o sucesso da operação. São fatores que atuam de forma conjunta, interagindo-se: - Dosagem - Vedação - Tempo de Exposição

Fonte: BEQUISA

Dosagem A dosagem indicada é de 2,0 gr de Fosfina (ingrediente ativo) por m³ de produto ou espaço a ser expurgado. Não se recomenda qualquer alteração, seja qual for a razão, além do cálculo sempre ser em volume, isto é, em m³ de produto ou área a ser fumigada. Desta forma, se uma célula de um silo não estiver totalmente cheia, o cálculo da dosagem será em função do volume total, como se estivesse cheia. No caso da massa de grãos desta célula seja coberta com uma lona, para promover a vedação da sua superfície, o cálculo agora será feito pelo volume ocupado pelos grãos. No caso do sache, e considerando que 1/3 do inseticida formulado é Fosfina, deve ser utilizado 01 sache de 34,0g para cada 6,0m³, aproximadamente (11,3g de Fosfina). GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 07


¦Fumigação¦ Vedação Considerando que a Fosfina é um gás, e sendo necessária uma determinada concentração para eliminar todos os insetos em todas as suas fases de desenvolvimento, a vedação constitui-se em importante fator de sucesso para a operação. Dentro desta premissa, avaliar o estado de conservação das lonas e dos pisos e paredes, calafetação das chapas dos silos metálicos, vedação correta das bocas de descarga, dutos e ventiladores de aeração, bem como o uso de lonas indicadas para o expurgo, cobras de areia e execução correta, evitarão a possível perda de gás de Fosfina por vazamentos.

sas formas devem estar expostas a determinadas concentrações de Fosfina, para morrerem.

Tempo de Exposição Conceitualmente, o Tempo de Exposição é o tempo necessário entre a aplicação do Fosfeto de Alumínio, sua reação com a umidade do ar para a liberação da Fosfina e a sua difusão para expandir-se por todos os espaços a serem expurgados. Uma massa de grãos de milho, considerando sua densidade aparente média, terá aproximadamente 25% do volume ocupado formado pelo ar. Em uma célula completa de milho, observaremos através do sistema de termometria diferenças de temperatura. Esses gradientes térmicos provocam uma movimentação de ar muito forte no interior da massa de grãos, denominada corrente de convecção. No processo de fumigação, a aplicação do Fosfeto de Alumínio, seja através de sondas ou em apresentação sache, a liberação da Fosfina ocorre de forma lenta (curva acima). À medida que vai havendo a liberação da Fosfina, sua difusão pelo interior da massa vai ocorrendo em razão da movimentação determinada pela corrente de convecção. É importante ressaltar que alguns insucessos podem estar relacionados com a redução do tempo de exposição. O Tempo de Exposição é um dos principais fatores para o sucesso da fumigação, tendo em vista a manutenção da concentração mínima de Fosfina necessária para eliminar todos os insetos, em todas as suas fases de desenvolvimento existentes na massa de milho. A redução deste Tempo não traz qualquer benefício, uma vez que quanto maior o tempo de exposição, maior a certeza da homogeneidade da concentração de Fosfina e a consequente morte dos insetos adultos e suas demais fases de desenvolvimento, considerando o tempo mínimo a que es-

Finalizando, atender as expectativas dos mercados externos e internos, no que se refere a evidencia de resíduos de agroquímicos nos grãos ou outros produtos armazenados deve ser objetivo para os armazenadores. Nessa perspectiva, a correta adoção dos procedimentos do processo de fumigação e a utilização de soluções adequadas, a exemplo da formulação sache de Fosfeto de Alumínio, permitirão o alcance de mercados cada vez mais exigentes, alavancando as vendas, além de reduzir as perdas.

08 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013

TEMPOS MÍNIMOS DE EXPOSIÇÃO RECOMENDADOS

Fonte: BEQUISA


¦Regulamentação¦ No segmento da armazenagem de cereais, a determinação de umidade é uma das etapas mais importantes, senão a mais importante, tanto no recebimento e classificação de grãos quanto no processo de secagem.

Aspectos básicos do Regulamento Técnico Metrológico dos Medidores de Umidade do Inmetro Portaria 402 de 17 de Agosto de 2013

Eduardo Bertini Consultor Técnico da Divisão Agrícola GEHAKA edubertini@gehaka.com.br Como o Brasil não possuía uma legislação que regulamente esse setor, cada fabricante de medidores de umidade utilizam metodologias primárias para aferição distintas umas das outras, desta maneira, os medidores de umidade apresentavam resultados diferentes, com isso, geravam divergências entre compradores e vendedores de commodities agrícolas. Como os resultados das leituras dos determinadores de umidade são utilizados para aplicação de descontos financeiros e com isso uma precificação dos produtos agrícolas, o Inmetro iniciou um grupo de trabalho que resultou na Portaria 402 publicada no diário oficial em 17 de Agosto de 2013.

Essa portaria trata da regulamentação metrológica legal dos medidores de umidade. Toda a cadeia será afetada, produtores rurais, unidades armazenadoras, exportadores, importadores e fabricantes de medidores de umidade nacional e internacional.

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 09


¦Secagem¦ ¦Transportadores¦ Secadores de grãos são equipamentos utilizados para proceder a secagem de produtos agrícolas provenientes do campo com teores de umidade inadequados para a conservação dos mesmos.

Consumo de combustível e vazão de ar do secador de grãos

Eng. Agrícola Adriano Divino Lima Afonso Prof. Adjunto/UNIOESTE/Cascavel adriano.afonso@unioeste.br

Para a retirada de água do interior dos grãos há necessidade de energia. As formas de energia que são utilizadas são a energia elétrica para movimentação do ar através dos exaustores e a energia térmica para aquecimento e evaporação de água do interior do grão. A energia térmica necessária no processo de secagem é fornecida pela queima ou combustão de um combustível na fornalha. O principal combustível utilizado nos secadores de grãos é a lenha de eucalipto, no entanto, há outros que são utilizados em menor escala como os resíduos agrícolas e gás, esse último utilizado principalmente no processo de secagem de sementes. A utilização da lenha de eucalipto em grande escala é devido ao relativo baixo custo desse combustível e disponibilidade em relação aos demais. A energia térmica disponibilizada pela queima do combustível na fornalha é utilizada sob duas formas: calor latente de vaporização e calor sensível. O calor latente de vaporização é responsável pela evaporação de água do interior do produto, ou seja, a água contida internamento no grão está na forma líquida, sendo necessária a sua evaporação para que o ar movimentado pelo exaustor o absorva. O calor sensível é responsável pelo aquecimento do produto como um todo, no entanto, aquece em maior intensidade a matéria seca que compõe o grão, além de ser o responsável pelo aquecimento das estruturas da fornalha e do secador. Dessa forma, considerando somente o produto agrícola 10 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013

no interior do secador, uma parcela da energia disponibilizada pela queima do combustível na fornalha é utilizada para evaporar á água do interior do grão e outra parcela é utilizada para aquecer o grão. Quanto maior o teor de umidade do grão, maior quantidade de energia será utilizada na forma de calor latente de vaporização para evaporar água. À medida que o teor de umidade do grão decresce no processo de secagem, maior quantidade de energia será utilizada na forma de calor sensível para aquecer o grão e, consequentemente, resultará no aumento de sua temperatura, podendo causar maiores danos químicos, biológicos ou físicos ao mesmo. Operacionalmente, tem-se a ideia intuitiva de que elevada temperatura do ar de secagem significa maior disponibilidade de energia para o processo de secagem. Assim, os ope-


Acesso: www.graosbrasil.com.br

radores de secadores, em sua grande maioria aumentam a temperatura do ar de secagem objetivando melhorar o rendimento do secador. No entanto, esse aumento de temperatura do ar de secagem é realizado na maioria das vezes pela redução da vazão de ar do exaustor através do fechamento de entradas de ar do sistema de secagem, seja nas venezianas do secador e/ou do misturador (ciclone). Restringindo a entrada de ar no sistema de secagem a temperatura do ar se eleva, porém resulta na manutenção do consumo de combustível (lenha) e, em alguns casos, até mesmo a sua redução. Se há manutenção ou redução no consumo de combustível na fornalha, significa que não há aumento de disponibilidade de energia para evaporar e aquecer o grão, por conseguinte, o rendimento e a eficiência energética do sistema de secagem estarão comprometidos. Para que o aumento de temperatura do ar de secagem signifique maior disponibilidade de energia e, consequentemente, melhoria no rendimento do secador, há necessidade de aumentar o consumo de combustível na fornalha, mantendo-se o exaustor em plena vazão de ar. Assim, para aumentar a quantidade de água a ser evaporada do grão em determinado período de tempo, há necessidade de fornecer maior quantidade de energia, ou seja, aumentar o consumo de combustível a ser queimado na fornalha. Portanto, a quantidade de energia necessária para realizar o processo de secagem depende principalmente da quantidade de água a ser retirada do produto e da temperatura do ar secagem. No entanto fatores como condições climáticas externos de temperatura e umidade relativa do ar ambiente, isolamento térmico da fornalha e do secador, velocidade do ar de secagem relativamente ao grão no interior do secador, dentre outros, influenciam na quantidade de energia a ser disponibilizada no processo de secagem. A vazão de ar disponibilizada pelos exautores do secador é uma importante variável que tem por finalidade a ab-

sorção do vapor de água liberado pelos grãos durante o processo de secagem. A água contida no interior do produto agrícola ao ser evaporada é absorvida pelo ar que atravessa a massa de grãos na coluna de secagem do secador. Assim, quanto maior a quantidade de ar que atravessa a massa de grãos, maior será a absorção de água e, consequentemente, melhor será o rendimento do processo de secagem. A necessária vazão de ar dos exaustores de um secador de grãos é dimensionada ou calculada em função da quantidade de água que o mesmo irá retirar durante o processo de secagem. O ar tem determinada capacidade máxima de absorção de vapor de água em função de sua temperatura e pressão. Assim, ao atingir a sua condição máxima de absorção de vapor de água ou de saturação de água, medida pela propriedade termodinâmica denominada de umidade relativa, o ar não absorverá mais vapor de água, por conseguinte, o produto não irá secar. Em analogia, podemos afirmar que a vazão de ar dos exaustores do secador é semelhante a uma toalha de banho. A toalha tem uma capacidade máxima de absorção de água para uma determinada dimensão, ou seja, quanto maior a dimensão da toalha maior será a absorção de água e melhor irá realizar a secagem, por outro lado, reduzindo o tamanho da toalha a mesma se tornará úmida e não irá secar por completo. Dessa forma, quanto se reduz a vazão de ar no secador, está indiretamente reduzindo a quantidade de vapor de água que o ar poderá absorver, pois o ar se tornará saturado e por conseguinte, não irá realizar a necessária absorção de vapor de água liberado pelos grãos no interior da coluna de secagem.

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 11


¦Gerenciamento¦ Grandes empresas de atuação global estão vislumbrando a prática de gerenciamento de seus projetos não apenas como uma simples ferramenta para aumentar a assertividade dos mesmos, mas sim como uma importante arma estratégica para conseguir alcançar seus objetivos corporativos.

Gerenciamento de Projetos

Eng. Mec. Flávio Luís Bueno Heming Gerente HG Desenhos Industriais Ltda. flavio.heming@terra.com.br

Sabemos que a grande maioria das empresas obtém suas receitas (e lucro) a partir das operações do cotidiano, sendo estas organizações denominadas de "funcionais". Algumas outras trabalham exclusivamente a partir de projetos, onde não existe uma "rotina" de produção e cada novo empreendimento é único. Pela definição do PMI (Project Management Institute, Instituto de Gerenciamento de Projetos americano) projeto é uma atividade que possui como características principais entregar um resultado único, e cuja duração de sua execução é temporária. Temporária não quer dizer de curta duração, um projeto pode levar anos para ser finalizado. E isso também não tem a ver com a duração do que foi produzido. Exemplificando podemos citar a construção de uma usina hidroelétrica como sendo um projeto enquanto que a produção da energia em si posterior à finalização da obra é a operação. Porém, invariavelmente as empresas mesmo as funcionais estão constantemente realizando projetos. Quando uma montadora decide lançar um novo modelo no mercado ou ampliar sua linha de produção, ela lança mão da elaboração de projetos específicos para concretizar isso. Ou quando uma cooperativa ou empresa armazenadora de grãos constrói uma nova unidade de recebimento, também se trata de um projeto. Já o recebimento dos grãos e seu armazenamento constituem a parte operacional. Assim sendo podemos afirmar que toda e qualquer esforço realizado por uma companhia visando um incremento, melhoria, ganho, etc. passa pela implantação de um novo 12 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013

projeto. Para nós é impossível conceber que qualquer empresa de qualquer natureza, em algum momento de sua existência não realizou ou implementou algum projeto. A partir desse raciocínio começamos a entender a importância do assunto "gerenciamento de projetos" e o quanto ele é fundamental nos dias atuais. Temos a informação de que 70% dos projetos realizados pelas empresas não alcançam os objetivos para os quais foram concebidos. Um gerenciamento de projetos eficaz visa principalmente melhorar este percentual, que à primeira vista é chocante. Para estimular o aperfeiçoamento profissional e também a evolução das instituições nas boas práticas de gerenciamento de projetos existem várias organizações ao redor do mundo trabalhando neste sentido. A principal delas é o PMI (citado acima), que congrega profissionais deste ramo e com atuação em diversos países. O PMI foi fundado há mais de 40 anos e possui sua sede nos Estados Unidos. Ele publica um guia (PMBOK = Project Management Book of Knowledge, Livro de conhecimentos em gerenciamento de projetos) que contém recomendações e boas práticas que se aplicadas de forma adequada irão aumentar em muito as possibilidades de sucesso de qualquer projeto seja ele de qualquer magnitude, tipo ou duração. Além da publicação do PMBOK o PMI possui uma série de outros serviços sendo que os principais são as certificações profissionais em gerenciamento de projetos. O guia PMBOK é revisado a cada quatro anos e atualmente se encontra em sua 4a. edição. Até hoje já foram publicados mais de 4 milhões de exemplares. Com relação às certificações do PMI para profissionais de gerenciamento de projetos, a principal e mais cobiçada delas é a certificação PMP (Project Management Professional, Profissional em Gerenciamento de Projetos), destinada a pro-


Acesso: www.graosbrasil.com.br

GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 13


¦Gerenciamento¦

fissionais que já possuem uma experiência pregressa no assunto (no mínimo 3 anos atuando diretamente com GP) e formação de nível superior. Outra certificação disponível é a CAPM, que exige menos tempo de experiência e formação técnica. Além destas duas existem as certificações em Gerenciamento de Riscos (PMI-RMP), Gerenciamento de Cronogramas (PMI-SP), Gerenciamento de Programas (PgMP) e certificação para profissionais em Métodos ágeis (PMI-ACP). O PMI está presente hoje em mais de 70 países nos quais possui aproximadamente 250 capítulos. No Brasil existem 14 capítulos, atuando nos principais estados. Mundialmente o PMI possui mais de 700000 filiados sendo que no Brasil em 2012 havia mais de 12000. O crescimento do número de filiações e certificações concedidas pelo PMI vem crescendo fortemente nos últimos anos. Para termos uma idéia, em 1997 havia algo em torno de 33000 filiados no mundo todo. Deste número 95% se encontravam nos EUA, 4% na Europa, 0,75% na América Latina e 0,25% na Ásia. Atualmente esta proporção mudou, e dos 700000 membros 68% estão nos EUA, 14% na Ásia, 13% na Europa e 5% na AL. Temos a informação de que em 2009 no Brasil havia cerca de 8000 profissionais com certificação PMP, e que na China naquele ano estavam obtendo esta certificação aproximadamente 5000 profissionais POR MÊS. Isso explica o porquê do percentual atual de 14% de profissionais certificados estarem na Ásia. Pois bem, com isso exposto vamos abordar o nosso tema principal que é a vinculação do gerenciamento de projetos com as estratégias corporativas. Dentre as boas práticas recomendadas pelo PMI, existe uma parte que trata sobre os PMOs (Project Management Offices, ou Escritório de Gerenciamento de Projetos). Estes escritórios são os órgãos internos das empresas que tratam 14 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013

dos projetos que estão sendo executados. O nível de importância dos PMOs, seu leque de atividades e atuação varia de empresa para empresa. Eles podem ter desde uma função de simples "suporte", na qual servem como apoio e fornecem informações e padrões para os gerentes de projetos, passando por uma função "fiscalizadora", na qual acompanham o desenvolvimento dos projetos e "cobram" sua evolução, ou até podem ser o responsável direto pela administração e condução do portfólio e/ou dos programas de projetos da empresa. É justamente neste último caso onde o PMO possui uma maior abrangência e responsabilidade que ele passa a fazer parte atuante na estratégia da empresa. Nesta forma de organização, o gerente do PMO participa nas reuniões de definição do planejamento estratégico e, juntamente com os outros membros diretivos da empresa selecionam e filtram os projetos que serão desenvolvidos. A seleção dos projetos normalmente é feita de acordo com critérios pré-estabelecidos e que levam em conta aspectos como os resultados esperados (diretos), o investimento necessário, tempo de execução, recursos disponíveis, ganhos indiretos (melhora da imagem para os diversos públicos, fortalecimento de marca, participação de mercado), etc. A partir destas definições, o gerente do PMO traça os planos para conciliar os diferentes projetos dentro daquilo que foi definido, e trabalha de forma que os mesmos sejam executados e alcancem os objetivos propostos, utilizando os recursos alocados para cada um. É sua responsabilidade otimizar o uso destes recursos de forma que o andamento de todos os projetos ocorra da forma mais balanceada possível. Nas revisões do planejamento estratégico, a empresa pode decidir "frear" ou até encerrar determinado projeto de acordo com as variações de mercado, inovações tecnológicas,


Acesso: www.graosbrasil.com.br ¦Tecnologia¦ novas leis ou qualquer fator externo ou interno que justifique a decisão. Da mesma forma podem ser iniciados novos projetos ou incrementados e modificados os já existentes. Enfim, como colocamos no início, partindo do pressuposto de que todas as organizações em um momento ou outro de sua existência se valem de projetos para garantir sua sobrevivência e crescimento em um mundo cada vez mais conectado e competitivo, a importância do assunto gerenciamento de projetos está crescendo dia a dia. As empresas que se atentarem para isso e fizerem uso desta "arma" estarão com certeza mais aptas a atingir seus objetivos. E isto vale para qualquer segmento da economia, especialmente no nosso de armazenagem e pós colheita de grãos que podemos dizer vive um momento único em nossa história em relação a importância e crescimento. No início do mês de setembro passado participamos do X Seminário de Gerenciamento de Projetos do RS, em Porto Alegre. Neste Seminário haviam representantes de praticamente todos os segmentos da economia, tanto da iniciativa privada como do poder público. E uma das coisas que mais chamou a nossa atenção foi o fato de que as grandes empresas e corporações estão fazendo uso das técnicas de gerenciamento, com base nas boas práticas recomendadas pelo PMI, atreladas diretamente aos

seus planos estratégicos e com isso obtendo resultados surpreendentes. Ousamos dizer que este movimento de uso e valorização do gerenciamento de projetos deve ser o maior em termos de gestão desde a introdução dos conceitos de TQC (Total Quality Control, ou Controle de Qualidade Total) que iniciou no Japão e se difundiu pelo mundo a partir dos anos 80. Em resumo, para que nossas organizações e sociedade possam evoluir na velocidade necessária otimizando o uso dos recursos disponíveis (geralmente poucos), e principalmente para obtemos resultados positivos e duradouros, não conseguimos enxergar outros caminhos que não passem por uma gestão de qualidade, na qual o gerenciamento de projetos possui um papel de extrema e fundamental importância.

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 15


¦ Manutenção¦ Os riscos de perdas de qualidade, quantidade e valor em grãos de soja podem ocorrer desde a maturação fisiológica do grão ainda no campo ate momentos antes do processamento. A biodeterioração do grão de soja (perda de qualidade e de quantidade) é um processo biológico causado por fungos de campo e de armazenamento. Pode ocorrer antes e durante a colheita, no recebimento (devido a longas filas para descarga), secagem (secadores insuficientes) e principalmente no armazenamento.

Manutenção da Qualidade, Quantidade e Valor do grão de Soja armazenado

Flavio A. Lazzari, PhD Eng. Agrônomo/Fitopatologista flaviolazzari@gmail.com

Sonia M. N. Lazzari, PhD Bióloga/Entomologista IMPORTÂNCIA DO TEOR DE UMIDADE DO GRÃO DE SOJA QUEBRA TÉCNICA EM GRÃOS DE SOJA O grão de soja tem comportamento bastante peculiar no Os fungos de armazenamento reduzem tanto a qualidade que se refere ao Teor de Umidade (TU%). Na Tabela 1 observacomo o peso do grão. Portanto, é de grande importância o se a redução acentuada que ocorre no TU do grão a partir da controle dos fatores que favorecem o desenvolvimento maturação fisiológica até a colheita. Normalmente o procesfúngico, que são a umidade e temperatura do grão. O grão de so de maturação fisiológica (momento em que a semente atinsoja é comercializado com base em seu peso e sua qualidade. ge o maior peso em matéria seca) ocorre quando o grão tem Os descontos aplicados no momento do recebimento de car- um TU ao redor de 60-65%. Num período de aproximadamente gas de soja, decorrentes de problemas de qualidade, podem 21-28 dias, a umidade do grão de soja tem uma redução draser elevados e reduzirem substancialmente a lucratividade mática baixando de 60-66% a 13-16%, isto é, de 4 vezes. O do agricultor. As perdas durante o armazenamento do grão ponto de colheita é determinado pelo TU% do grão, normaltambém podem ser altamente expressivas. mente na faixa de 14 a 16%. Assim, perdas de qualidade e de peso têm grande imporAlertamos para o fato de que armazenar soja úmida em tância para quem produz, compra, armazena, processa e consome. Neste trabalho é dada ênfase às medidas de manejo durante o re- Tabela 1. Teor de umidade em porcentagem (TU%) de sementes de soja a partir de 28 dias cebimento, secagem e antes da colheita. armazenamento de grão da soja, visando à manutenção da sua qualidade e redução das elevadas quebras técnicas durante a armazenagem. Destaca-se o uso da aeração com ar resfriado artificialmente como uma medida de grande importância no recebimento, secagem e armazenamento do grão de soja. Fonte: F.A. Lazzari, 1990 (tese de Doutorado), Saint Paul, MN - 1990. 16 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013


Acesso: www.graosbrasil.com.br ¦Tecnologia¦ silo bolsa apresenta riscos de dete- Tabela 2. Teor de umidade em porcentagem (TU%) de sementes individuais de três variedarioração do grão por fungos des de soja no momento da colheita aeróbicos e por bactérias anaeróbicas. A produção de CO2 é um indicador da atividade fúngica na massa de grãos de soja. O TU% determinado eletronicamente ou em estufa é a média aritmética da umidade de sementes individuais que compõem a amostra que está sendo analisada. O TU% de sementes individuais fornece uma fotografia mais completa das condições da umidade dentro de uma Fonte: F.A. Lazzari, 1990 (tese de Doutorado), Saint Paul, MN - 1990. carga ou lote de sementes na colhei- Os valores numéricos são médias de 50 sementes individuais por variedade. ta. O TU% determinado em 200, 250g representa a amostra e, rado grão úmido. Grão úmido, quente e com matérias estranhas e impurezas pode ser mantido temporariamente em siraramente, consegue ser representativo da carga ou do lote. Esse tipo de informação é de vital importância, pois per- los pulmões sob aeração (que consiste na insuflação de granmite antecipar problemas de decorrência do excesso de umi- des quantidades de ar ambiente), para evitar o aquecimento dade de produto, que é o fator determinante do crescimento microbiológico da massa de grãos e consequente fúngico e, consequentemente, da deterioração de sementes biodeterioração. O melhor seria a aplicação de ar resfriado (perda de vigor e germinação) e grãos (perda de qualidade e artificialmente, pois, permite usar ar com temperaturas mais baixas e em qualquer condição climático. peso). Grãos de soja úmidos, com TU% acima de 12,0%, podem ser mantidos em silos pulmões com o uso de aeração com ar RECEBIMENTO DO GRÃO DE SOJA O grão de soja vindo das lavouras apresenta-se normal- resfriado artificialmente. Em algumas regiões do País, e demente úmido, quente, com quantidades variáveis de impure- pendendo das condições climáticas durante a colheita, não é zas e matérias estranhas, grãos quebrados/partidos e grãos necessário secar o grão antes do armazenamento, apenas esverdeados. Este produto pode precisar de cuidados como passar o produto pela pré-limpeza e armazenar. limpeza e secagem antes de ser armazenado. Uma porção ARMAZENAMENTO DO GRÃO DE SOJA expressiva da safra de soja é colhida com teores de umidade Devido a sua anatomia e características intrínsecas (óleo, abaixo de 14,0%. Portanto, com pré-limpeza e aeração é possível reduzir 1-2 pontos porcentuais de sua umidade e arma- proteína e embrião) o processo de infecção e dano fúngico que ocorre no grão de soja é diferente do que ocorre em sezenar sem a necessidade de secagem. Grão de soja com 14,0% de umidade - baseado nos riscos mentes de cereais como nos grãos de milho, trigo. A anatode desenvolvimento de fungos de armazenamento - é conside- mia do grão de soja com um pericarpo fino que se rompe facilmente durante a colheita, um embrião exposto e rico em proteína e óleo são um excelente substrato para a maioria dos fungos de armazenamento. Os fungos de armazenamento crescem através dos tecidos macios dos cotilédones sem produzir densa estrutura aérea de micélios e massas de esporos, desta forma não denunciam sua presença. À medida que a atividade fúngica aumenta, as enzimas fúngicas degradam os lipídios e proteínas dos cotilédones, e o aumento de temperatura acelera a deterioração e o escurecimento dos cotilédones.

Figura 1. Estruturas de armazenamento de soja. Silos metálicos em propriedade rural e complexo de armazenamento de uma cooperativa com silos de concreto. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 17


¦Manutenção¦ A armazenabilidade do grão refere-se às condições físicas e/ou biológicas que interferem com o tempo durante o qual o grão de soja pode ser mantido armazenado sem perdas de quantidade e/ou qualidade. Os principais fatores que afetam a armazenabilidade e a qualidade do grão de soja durante o armazenamento são: Teor de Umidade - é o mais importante fator na manutenção da qualidade do grão. Soja com umidade na faixa de 1314% será infectada e deteriorada por fungos de armazenamento em um curto período de tempo. Estes fungos crescem rapidamente nessas faixas de umidade e em temperatura média de 20-25°C.

Figura 2. Da esquerda para a direita: aspecto da colônia de Aspergillus flavus em placa de Petri, vista da colônia (esporos, micélios) em lupa e estrutura da vesícula vista em microscópio.

- mantém a qualidade sanitária e nutricional do grão - reduz o aumento do teor de acidez do óleo - reduz perdas de peso (consume do grão e do óleo por fungos) - reduz a quebra técnica (perda de água, perda de peso, perda de qualidade e rejeição de cargas) - um grão de melhor aparência (melhor qualidade na comercialização) - redução dos custos de armazenamento Grãos danificados, (mofados, deteriorados, fermentados, queimados pelo secador, picados por insetos), partidos (meio grão formado pela ruptura dos cotilédones) e quebrados (pedaços do grão de soja) - interferem com a aeração e consequentemente com a armazenabilidade do produto, pois os fungos invadem mais prontamente grãos danificados do que grãos inteiros e sadios. Grãos em más condições físicas e sanitárias prejudicam a circulação de ar e o resfriamento da massa. Quantidade de matérias estranhas e impurezas, pedaços pequenos de grão de soja, sementes de plantas invasoras - interferem com a armazenabilidade do grão de soja, pois formam bolsões ou camadas dentro da massa de grãos.

Figura 3. Grãos de soja empedrados ou aglomerados pelos micélios de fungos de armazenamento. O grão de soja tem um alto conteúdo de lipídios, cinco vezes mais óleo do que a maioria dos grãos de cereais, isso resulta numa alta umidade relativa de equilíbrio no espaço intergranular. A umidade relativa de equilíbrio do ar intergranular para o grão de soja com 14% de umidade e 20°C de temperatura é de 75%, adequado para germinação de esporos e crescimento de fungos de armazenamento. Temperatura - grãos de soja armazenados a 15°C têm um período de preservação de até 10 vezes mais do que armazenados a 25°C. Desta forma, a utilização de ar frio natural ou artificial é uma excelente medida para a conservação do grão. Aeração com ar resfriado artificialmente: - reduz o desenvolvimento de fungos - reduz a biodeterioração dos grãos de soja 18 | www.graosbrasil.com.br | Novembro / Dezembro 2013

Duração do tempo de armazenamento - a armazenabilidade pode ser de dias, semanas ou meses, dependendo da comercialização, condições do produto e do armazém. Períodos longos de armazenamento tendem oferecer melhores condições para o desenvolvimento de fungos que crescem em teores de umidade mais baixos. O fungo A. restrictus cresce vagarosamente e precisa de um período longo de tempo para que a sua presença, bem como seus danos sejam observados. Se o período de armazenamento da soja for longo, a massa de grãos deve estar com níveis relativamente baixos de impurezas e matérias estranhas, grãos partidos e quebrados (fragmentos de grãos e bandinha). O armazenamento, em longo prazo, exige que o lote de grãos esteja em ótimas condições físicas e sanitárias para resistir às variáveis responsáveis pela biodeterioração.


Acesso: www.graosbrasil.com.br ¦Tecnologia¦

Figura 4. Da esquerda para direita, porções de grãos de soja mostrando de forma ilustrativa a severa deterioração provocada por fungos de armazenamento. Condição desejável: manter a umidade do grão na faixa de 12-13% e a temperatura do grão na faixa de 14-16°C, possibilitando excelentes condições de armazenagem. Histórico do grão - grão de soja com passado ruim (chuvas na colheita, armazenado em caçambões na roça por vários dias, longas filas para descarga, grão aquecido microbiologicamente, secagem a altas temperaturas e grãos deteriorados) são de maior risco na armazenagem. Tipo de estrutura de armazenamento - silos de concreto, chapas de aço e alvenaria são melhores e mais seguros para armazenar soja do que armazéns graneleiros. Além de permitir a segregação por atributos de qualidade, tais como: teor de proteína, óleo, variedade, cor do hilo, tamanho do grão e outros de interesse dos processadores e consumidores. Tabela 3. TPrincipais fungos isolados de sementes, grãos e farelo de soja em faixas distintas de umidade (%).

Fonte: Christensen & Meronuck 1986; Lazzari 1993

plantas invasoras). Especialmente finos que interferem com a aeração ou resfriamento artificial. As quebras técnicas que ocorrem em soja armazenada (variando de 2 a 8%) são devidas à perda de água do grão por simples evaporação para o ambiente, perda de matéria seca devida ao consumo fúngico (maior responsável pelas quebras técnicas) e perdas nas transilagens realizadas para resfriar a massa de produto. Na tentativa de reduzir as quebras técnicas, armazenadores tem adicionado água ao grão antes da expedição. Algumas tentativas são bem sucedidas outras não. Um dos danos econômicos mais sérios causados pelos fungos de armazenamento em grãos de soja armazenados é a redução do peso através do consumo puro e simples da matéria seca e da gordura do grão. Sementes e/ou grãos individuais que mantenham teores de umidade favoráveis ao desenvolvimento fúngico serão infectadas. Quanto mais elevados forem o TU e a temperatura, maior será o consumo de matéria seca pelos fungos. A acidez do óleo do grão de soja também aumentara muito devido as lípases (enzimas produzidas pelos fungos) utilizadas para degradar os lipídeos (gordura, óleo). Secar, aerar e resfriar a massa de grãos para manter a temperatura baixa e uniforme. A secagem do grão de soja deve ser feitas a baixas temperaturas (não superior a 5060°C para não causar dano à proteína). Essa temperatura é a da massa de grãos e não do ar natural (aproveitando as frentes frias aonde isso é possível) ou através do resfriamento artificial em regiões aonde não há frio suficiente. A aeração deve ser iniciada tão logo se inicie o enchimento do silo ou armazém graneleiro para baixar e uniformizar a temperatura. O resfriamento artificial apresenta grandes vantagens, pois não depende das condições climáticas. Os equipamentos são móveis, podem ser usados em várias unidades armazenadoras e em todos os tipos de grãos para controle de insetos, principalmente nas regiões mais quentes do país. O enchimento do silo é uma operação muito importante. A maioria dos casos de aquecimento dos grãos é devido ao excesso de impurezas, grãos quebrados, bandinhas, matérias estranhas acumuladas em algum ponto. No caso de silos, a tendência é ocorrer o chamado cone de impurezas no centro do mesmo. O cone é uma barreira física para a aeração e um grande risco de deterioração, pois se a termometria não indicar aumento de temperatura, grandes porções de soja

Como reduzir quebras técnicas causadas pela umidade, temperatura e fungos ao grão de soja armazenado: Prestar muita atenção no TU% do grão de soja para colher. Soja muito seca ou muito úmida significa prejuízos para o produtor. A soja repre- Tabela 4. T. Temperatura (°C), teor de umidade (%), infecção fúngica (%), germinação (%) e senta riscos mais elevados de perda de matéria seca (%) em sementes de soja armazenadas em câmera fria a 15°C e biodeterioração durante o umidade relativa de 75% por 180 dias. armazenamento se o produto não estiver com temperatura e umidade adequadas. Limpar o produto em máquinas de pré-limpeza para remover grãos chochos, imaturos, quebrados, partidos, bandinhas (meios-grãos) e matérias estranhas (sementes de Fonte: Lazzari 1988

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 19


¦Manutenção¦ respiração fúngica. - permite manter grãos úmidos de soja nos silos pulmões quando ocorre estrangulamento na secagem. - reduz as diferenças de temperaturas dentro da massa de grãos armazenados. - equalização da umidade da massa de grãos. Grãos vindos de diferentes lavouras e tendo si colhidos em diferentes períodos do dia têm umidades diferentes. O resfriamento permite uma melhor uniformização da umidade. - apesar do resfriamento não ser pratico e/ou economicamente viável para secar grãos úmidos de soja, uma pequena quantidade de água é removida do grão no processo de resfriamento. Isso é benéfico quando o grão esta úmido. Mas, pode causar perda de peso se o grão estiver seco o suficiente para ser armazenado ou comercializado.

O objetivo final do resfriamento artificial orientara a sua aplicação. serão biodeterioradas. Recomendamos não usar os espalhadores de impurezas, mas, depois de encher o silo remover o centro, passar pelas máquinas de pré-limpeza e devolver o produto ao silo, sem as impurezas e matérias estranhas. Monitorar a temperatura e umidade da massa de grãos de soja armazenados. Qualquer aumento na temperatura ou alteração na qualidade é um sinal de alerta. Sempre desconfie do seu sistema de termometria. Um foco de aquecimento fúngico, devido ao acúmulo de impurezas, matérias estranhas e fragmentos, podem estar em andamento a poucos centímetros do termômetro do cabo de termometria sem que o mesmo seja detectado. Conheça os limites desta tecnologia (pontos fortes e principalmente os pontos fracos). Recomenda-se insuflar ar frio, em silos vazios, usando o equipamento de resfriamento para avaliar a termometria comparando os valores fornecidos pelos termômetros com os valores do ar frio insuflado. Tenha um sistema portátil para checar o sistema fixo ou complementar os dados obtidos. Lembre, a termometria são os "olhos" do armazenador, não confie demais no sistema. Evitar infiltrações de qualquer tipo seja via goteiras ou problemas estruturais. A tendência futura é para estruturas que forneçam o máximo de flexibilidade em termos de capacidade de recebimento e segregação. Para isso são necessárias moegas pequenas e auto-limpantes, grande capacidade de limpeza, bateria de silos de porte médio. O resfriamento artificial é a mais nova ferramenta a disposição do armazenador. Pode ser usada isoladamente ou associada com outras práticas destinada a estender a armazenabilidade do grão de soja. A acidez do grão da soja é um fator de qualidade diretamente relacionado à intensidade da atividade fúngica. Os benefícios do resfriamento artificial são muitos: - remove o calor e a umidade intergranular resultante da

Se a preocupação é resfriar a massa de grãos devido a uma camada de grãos úmidos, grãos em processo de aquecimento microbiológico, a orientação é insuflar ar frio dia e noite para remover a umidade e resfriar a massa de grãos no menor tempo possível. Produto resfriado mantém suas características físicas, sanitárias e nutricionais por longos períodos de tempo. Portanto, o uso da tecnologia de resfriamento artificial em soja armazenada pode representar ganhos expressivos na venda do grão devido a sua melhor qualidade e consequente maior rendimento industrial.



22 | Revista Gr達os Brasil | Setembro / Outubro 2013


¦Pós-Colheita de Precisão¦ Muito se fala de Boas Praticas de Manejo (BPM), perigos, pontos críticos, normas ISO, etc. e podemos dizer que simplesmente são formas de encarar os desafios do aprimoramento permanente que nosso trabalho exige.

Boas práticas de manejo Pós-colheita de precisão Por: Eng. Domingo Yanucci| Consulgran - Grãos Brasil |

O manejo de grãos e sementes na pós-colheita sempre foi tratado como uma arte que passava de uma geração a outra. Como um ambiente de certa obscuridade já que involucra importantes aspetos comerciais. Nas últimas décadas foi possível visualizar tremendas perdas, tantos físicas como de qualidade e junto com a política de medir começou com a implementação de planos de aperfeiçoamento que buscam uma maior transparência e eficiência. Que são as BPM ? Praticas que buscam: 1) Minimizar as perdas quali-quantitativas 2) Garantir a inocuidade da matéria prima 3) Melhorar a segurança dos trabalhadores 4) Diminuir o impacto ambiental Para chegar a esta etapa tecnológica passamos antes por outras três: a) Manejo tradicional b) Manejo aperfeiçoado c) Manejo de precisão

graosbr@gmail.com

É muito interessante conhecer como foi se gerando esta terceira etapa do desenvolvimento da tecnologia, que chamamos Pós-Colheita de Precisão. Quando iniciamos nosso trabalho na especialidade o conceito básico de conservação e comercialização era: Grão são, seco e limpo. São se refere tanto a integridade física do grão (sem quebras, fissuras, descascados, etc.) como livre de infestações (insetos - ácaros - micro-organismos). Seco, significa dentro da umidade máxima estabelecida nos padrões de comercialização, com o objetivo de evitar desenvolvimento de micro-organismos, esquentamentos, etc. Limpo, se refere a livre, ou dentro da tolerância de matérias estranhas, sementes, etc. (todo aquilo que não é grão). Com a incorporação da aeração se incorporou o conceito de frio, assim chagamos a Grão são, seco, limpo e frio. Isto significou um grande progresso, já que a temperatura, junto com a umidade são as variáveis físicas mais importantes que afetam a pós-colheita de grãos e sementes. A menor temperatura permite limitar o desenvolvimento de insetos, aumentar o TAS (Tempo de Armazenamento Seguro), diminuir o desenvolvimento dos micro-organismos, aumentar o poder residual dos inseticidas preventivos, etc. Durante muitos anos trabalhando com estes conceitos se alcançou o objetivo da conservação e se evitaram perdas qualitativas importantes. Mas de forma alguma podíamos afirmar que sempre se conseguiria o objetivo com eficiência. Por exemplo, se lograva controlar as pragas, mas usando o dobro do agrotóxico teoricamente necessário; se alcançava o objetivo de frio, sem respeitar o conceito de tem-

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 23


¦Pós-Colheita de Precisão¦

po, com aerações em momentos inadequados e multiplicando por 3 ou 4 o tempo de aeração, com o conseguinte aumento dos gastos energéticos, o grão se manejava seco de mais, com milionárias perdas na comercialização por falta de peso e com gastos de combustível para sobressecagem dos grãos. O grão se limpava de mais, excedendo as normas de comercialização, por um excesso de zelo ou de margem de segurança. Esta margem de segurança exagerada quitava eficiência ao sistema, por isso, se completou o conceito, e começamos a falar de Grão são, seco, limpo, frio e com baixo custo. Esta etapa significou medir, medir e medir, de forma a conhecer como se desenvolvnos processos de manejo e paralelamente buscar alternativas de maior eficiência. Anos antes se falava de mecanização, e agora estávamos falando de tecnificação. Isto implicou a passagem de muitos armazéns da primeira etapa de manejo tradicional, baseados em conceitos que se transmitiam de geração em geração a uma segunda etapa que chamamos pós-colheita aperfeiçoada. Nesta segunda etapa de desenvolvimento tecnológico, na qual ainda muitas empresas se encontram, começaram a considerar aspectos de relevância, por exemplo: A) ajustar os níveis de umidade de saída do secador, incorporando controles mais frequentes. B) consideração da temperatura do grão e do ar, da umidade do grão e do ar e do objetivo da aeração. C) ajustes de doses de praguicidas, melhoras nas práticas de limpeza e tratamento de instalação. D) Melhoras nos sistemas de monitoramento e amostragem. E) Segregação por qualidade. F) Instalação de sistemas de pré-limpeza, etc. Não passou muito tempo para que esta pós-colheita aperfeiçoada tivesse que considerar outra escala mais em sua constante evolução, o meio ambiente. Por isto apareceu um conceito mais integral: Manejo de grãos sãos, secos, limpos, frios, com baixo custo (ou eficiencia) e cuidando do meioambiente. Aqui incorporamos o valiosíssimo conceito de cuidado do meio ambiente. Isto involucra aos que manejam os grãos, 24 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013

assim como ao entorno e aos destinatários. Muito já se avançou em temas como supressão de pó, sobre tudo em instalações que estão próximas a centros urbanos; segurança e higiene para o pessoal e cuidados sobre a alteração do grão, que a maioria das vezes é um alimento e os controles de laboratório sobre resíduos, contaminantes, etc. Longe ficou o tempo onde era normal que o encarregado do armazém faltará um dedo ou que se manejaram os praguicidas com displicência e descuido. Nos últimos anos o conhecimento aperfeiçoado se somou tecnologia de ponta e vimos o surgimento da pós-colheita de precisão. Um exemplo fácil de compreender destas três etapas da pós-colheita temos nos determinadores de umidade. Na primeira etapa (tradicional) o operário devia pesar, calibrar para o grão em questão, corrigir por temperatura, então deve realizar uma serie de operações manuais, sendo mais lento e dependente do erro humano a obtenção do dado. Na segunda etapa já não era necessária a calibração e a correção por temperatura, esta tecnificação, permitiu agilizar e ganhar precisão. Na terceira etapa a chamada pós-colheita de precisão o determinador de umidade atua como uma caixa preta, onde o operário não pode intervir e onde os dados se transmitem a um computador, se imprime um ticket, etc. Exemplos similares temos nas balanças, nos sistemas de termometria, processos de secagem, aplicação de líquidos, mecânica de extração de amostras, etc., etc. Os sistemas de automatização de aeração e a tecnologia de resfriamento de grãos, são exemplos claros do desenvolvimento da terceira etapa da pós-colheita. O resfriamento de grãos pelo que implica nos efeitos sobre insetos, microorganismos, quebras técnicas, segurança, inocuidade, automatização e sem duvidas um exemplo vivo da etapa de precisão. O grande desafio que enfrentamos é passar a maior quantidade de armazéns possíveis da etapa de aperfeiçoamento para a de precisão. Ganhando em eficiência, baixando gastos e permitindo maior rentabilidade na etapa de pós-colheita. Quanto antes tomarmos este trem, melhor. Claro está que se necessita investimento, pessoal com conhecimentos técnicos consolidados e com interesse em incorporar tecnologia cada vez mais automatizada. Onde os controles podem realizar-se a longas distancias, o que obriga a uma transparência de gestão própria de países desenvolvidos. Organização para a eficiência e atendimento ao cliente Assim como o produtor deve manejar bem seus aspectos financeiros e produtivos, o cerealista, a cooperativa e a industria devem focar no armazém, para através de uma adequação tecnológica, baixar gastos, diminuir quebras técnicas e em definitivo, ganhar eficiência; fazendo da atividade de manejo de grãos, algo previsível, manejável, sem surpresa e medível.


Acesse: www.graosbrasil.com.br

Fonte: Elaboraテァテ」o CONSULGRAN

GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 25


¦Pós-Colheita de Precisão¦ No cone sul, coexistem variados níveis tecnológicos nos armazéns, no Quadro N°1 temos uma classificação geral. Os armazéns de tipo D são a todas as luzes ineficientes, os de tipo C são os de manejo tradicional, os do tipo B são os que se tornarão eficientes e os de tipo A, os de infraestrutura moderna. A nosso critério, o grande desafio e passar de os armazéns tipo C a B. Dispor de armazéns de tipo A, sem duvidas requer altos investimentos. É bem conhecido o refrão que fala: "entre um bom e mau produtor tem duas semanas de diferença"; isto explica o conceito de tecnologia de custo zero. Não devemos confundir mecanização com tecnificação; esta última implica a utilização de conhecimento que hoje esta ao nosso alcance, e pode ser de baixo custo. Devemos chegar a ver no armazém um sistema perfeitamente organizado, coordenado e programado, onde exista uma consciência real das responsabilidades de cada um dos integrantes do time. Ate ontem o encarregado do armazém tradicional, no qual recaía praticamente toda a responsabilidade; cumpriu um rol muito importante em a conservação, evitando grandes faltantes ou rejeitados. Hoje isso só não é suficiente. Deve-se encarar o armazém como um "negócio" em si mesmo, por o que o critério tradicional, tem que somar-se o da EFICIÊNCIA; considerando sempre o custo beneficio, reduzindo todo o possível; as exageradas margens de segurança. Paralelamente deve informar-se e guiar ao pessoal, dando a conhecer o valor da tecnologia para o logro dos objetivos. O termo "Qualidade" na pós-colheita, inconscientemente é associado com técnicas e equipamentos de laboratório, que são utilizados para determinar as características de uma partida, sem embargo; toda prática que se realize em um armazém deve estar necessariamente associada a qualidade; assim a recepção, acondicionamento, armazenagem e conservação e despacho, DEVEM ESTAR CONCEBIDAS COMO UM PROCESSO INDUSTRIAL. As práticas para determinação de qualidade não devem constituir-se em um mecanismo isolado de controle de mercadoria; também devemos considerar o controle de qualidade dos processos, uma vez que

já estão definidos seus parâmetros. Hoje em um futuro próximo, os países produtores de grãos sem subsídios só poderão competir no mundo do comercio de grãos com qualidade. A mesma deve ser considerada em principio por o fito melhorado, e em última instância; pelo armazém e a indústria. TÃO RÁPIDO COMO O GRÃO É ARMAZENADO A QUALIDADE PODE DETERIORARSE, mais nunca melhorar; considerando os grãos de forma isolada. Os controles de qualidade são um alarme indicativo das medidas necessárias para prevenir o deterioro na pós-colheita. Por esta razão, uma recomendação básica é que nos armazéns deve implementar-se um sistema no que os membros de todos os níveis sejam conscientes da qualidade dos grãos. O objetivo básico é "A CONSERVAÇÃO EFICIÊNTE", a manutenção da qualidade e se possível a melhora do conjunto, com o mínimo custos. Organização do Armazém A seguir tratamos os aspetos mais relevantes de um sistema de organização para um armazém, os mesmos podem ser usados como a base para estruturar todo tipo de empresa, (ex. cerealista privado, cooperativa, UBS, indústria moagem) que mexe com grãos. A analise pode ser dividida nos seguintes 5 pontos: 1) Lugar onde o armazém deve estar instalado e informação básica. 2) Estrutura e organização operacional. 3) Padrões e normas de comercialização. 4) Manutenção da qualidade dos grãos. 5) Economia - custos. 1) Lugar de emprazamento do armazém e informação básica Quando uma empresa deve instalar um armazém, existe uma serie de fatores que podem afetar, ademais dos referidos ao aspeto construtivo. Entre elos devemos ter em conta: a) O armazém deve responder aos objetivos da empresa. Deve ter claramente estabelecido os papéis e responsabilidades. Recebera de terceiros? Trabalhará com terras próprias? Será o braço de alguma indústria em particular? Se

26 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013


Acesse: www.graosbrasil.com.br tratará de um centro de armazenamento? Priorizar-se-á o comercio, sendo um armazém de passagem? b) Se devem definir claramente os recursos disponíveis, assim como o grau de autonomia na tomada de decisões do responsável do armazém. O responsável pode manejar os tempos de descarga e dar prioridades? O Chefe de armazém define a quantidade de operários com horas extras? O encarregado define os silos a utilizar e os níveis de secagem, se este for necessário? c) Se devem considerar aspectos relacionados com a promoção do pessoal e os estímulos econômicos e sociais correspondentes (salário - horas extras - bonificação por resultados - férias - etc.). d) O armazém deveria ter como responsável principal um operário experimentado. e) Informação referente a: - Requerimentos da indústria nacional (nível de glúten no trigo - umidade para portos - etc.). - Estrutura socioeconômica da produção agrícola e manejo da empresa. - Instalações físicas e meios usados para a colheita, transporte e canais de comercialização. - Programas de governo, leis e organizações públicas que tem influencia direta sobre os preços dos grãos, estrutura

do mercado, disponibilidades do grão, regulações das normas, etc. - Empresas competidoras, importância e lugar que ocupa no mercado. - Técnicos e organizações de profissionais relacionados à pós-colheita (ex: Abrapos), estudos dedicados ao assessoramento (ex. ConsulGran), laboratórios de análises, controladores, etc.

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 27


¦Pós-Colheita de Precisão¦ - Procedimentos e especificações, leis, impostos e outros aspetos relacionados com a autorização de Agencias governamentais (ex. certificados sanitários) - Práticas culturais em términos de tipo de estruturas de armazenagem usados nas áreas de produção. f) Clara identificação de todas as características de qualidade requeridas nos processos indústrias. g) Volumes de grão requerido pelos moinhos, etc., para os distintos tipos de grãos e os tempos de armazenagem necessários, assim como as condições sanitárias (ex. desenvolvimento de fungos - micotoxinas) que deveriam ser mantidas e determinadas. Sem duvidas o conhecimento dos tempos de armazenagem requeridos, assim como os destinos da mercadoria e uma informação de grande utilidade para os responsáveis do manejo. h) Conhecimento das instalações disponíveis (localização - distancia dos centros industriais e de consumo), meios de transporte, laboratórios, pessoal, etc. Estrutura e Organização operativa A estrutura de um armazém deve ser organizada e concebida considerando uma serie de controles. A organização involucra três seções básicas: (A) Controle de qualidade; (B) Manejo e (C) Manutenção O CHEFE DO ARMAZÉM deve ser o responsável da totalidade das operações de um armazém. Ele tem a autoridade final e última decisão sobre: onde armazenar - o despacho a limpeza - a secagem - a aeração - o expurgo - etc. Na tomada de decisão o chefe do armazém deve ser assistido pelo pessoal de controle de qualidade. As três seções básicas estão abaixo da autoridade do chefe do armazém e por lógica, também o pessoal temporário. O chefe do armazém, o chefe administrativo e o chefe comercial devem estar interacionando, e baixo a supervisão do GERENTE. É bastante comum que o gerente assuma as funções de chefe comercial, descuidando aspetos do manejo do armazém, que recaem em sua totalidade no encarrega-

do da mesma. (A) Seção Controle de Qualidade: Esta seção deve estar a cargo de técnicos de laboratório, conhecedores das análises de qualidade. Esta seção também deve estar a cargo do monitoramento com a correspondente checagem de temperatura, insetos, umidade, fungos e outras características relevantes. Formando parte desta seção os responsáveis de recepção e despacho também devem levar o estoque atualizado. Sempre falamos que a operação mais importante em um armazém é a AMOSTRAGEM, por que só quando se conhece em profundidade o estado da mercadoria se pode realizar eficientemente o resto das práticas. (B) Seção Manejo: Esta seção engloba as tarefas específicas do acondicionamento (secagem - limpeza - expurgo etc.) e a conservação (aeração - resfriamento - sanidade etc.). O número de operários depende da quantidade e tipo de práticas necessárias nas instalações. (C) Seção Manutenção: Esta seção deve se responsabilizar em manter os equipamentos em condições adequadas de funcionamento. Deve-se ter muito em conta a manutenção preventiva, para que os equipamentos estejam em condições de ser usados quando realmente se necessitam. Então devemos incluir conhecimentos de um eletricista e de um mecânico. A partir de um determinado nível de toneladas, ou quando se dispõe de vários armazéns, ou os mesmos por alguma razão se encontram seriamente deterioradas; e recomendável que o equipamento de manutenção dependa da empresa armazenadora. Por outra parte isto permite baixar custo sem os trabalhos são importantes e um serviço mais rápido. Organização Geral Cada seção (A - B - C) da estrutura deve ter um responsável que reporte diretamente ao chefe do armazém. Obviamente que, com exceção dele mesmo, o número de funcionários de cada seção depende da quantidade de grão manejado, o tamanho e automaticidade das instalações e dos processos, incluído o manejo dos grãos. O número de funcionários pode ser diminuído drastica-

28 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013


Acesse: www.graosbrasil.com.br mente, mas as tarefas e a distribuição de responsabilidades devem ser indicadas com precisão. Dependendo da estacionalidade das tarefas, o pessoal temporário poderá ser incluído em alguma das seções comentadas, mas sempre é recomendável que o pessoal básico esteja em relação de dependência (contrato permanente). A Capacitação Os responsáveis de cada seção devem ter formação e experiência. Os programas de aperfeiçoamento. Ex.: Manejo de maquinaria - operações de secagem - etc., devem ser continuados e temporariamente deverão realizar atualizações ou repasso. No caso que a empresa disponha de vários armazéns devem realizar reuniões frequentes para discutir entre os responsáveis as práticas e resultados. O pessoal permanente deve conhecer todos os fatores que tem possibilidade de causar perdas quali ou quantitativas. O CHEFE DO ARMAZÉM tem entre suas responsabilidades: 1) Programas de manutenção e prevenção de acidentes. 2) Stock de repostos ou insumos. 3) Rotinas de controle de qualidade. 4) Controle do pessoal, deve conhecer sim se estão realizando as tarefas necesarias em a melhor forma possível.

- Preservar os valores humanos (diminuir ao mínimo as tensões). - Gerar canais de comunicação que permitam um livre intercambio de ideias. - Facilitar os planos para a avaliação e a determinação da eficiência do pessoal. - Estabelecer regulamentos básicos para o trabalho em grupo, de forma que as responsabilidades e a autoridade para a toma de decisões se entenda claramente.

O chefe do armazém tem também a função de unificar a ação da equipe, para ele é imprescindível:

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 29


¦Pós-Colheita de Precisão¦ Uma boa estrutura ou organização operativa poderá assegurar a conservação eficiente. Tratando-se de uma sucursal, a mesma poderá ter uma estrutura similar a central, mas com características próprias, em parte ou alguma seção, por exemplo, a manutenção pode ser compartilhada ou, por exemplo, os estoques principais podem ser levados a central. Quando se trata de vários armazéns os mesmos podem estar a cargo de uma divisão ou gerencia da empresa, os armazéns terão certa uniformidade e se definirá um trabalho de inspeção, considerando aspetos de controle de qualidade, estoque e medição de eficiência, assim como apoio técnico. A seção de controle de qualidade deve identificar as características do grão que entra e sai, assim como do que está em condições predispostos para o deterioro. É o chefe do armazém quem define a operatória, recebendo a colaboração do pessoal de cada seção e respondendo a as políticas ou líneas de ação que define a empresa. Ex.: A empresa poderá indicar ao chefe do armazém que seu interesse é manter um determinado volume de mercadoria com umidade. Política de Pessoal As tarefas no armazém são estacionais e sem duvidas, na época da colheita é geralmente pesada. Os funcionários estão submetidos a pressões, ruídos, pó, agrotóxicos, jornadas extenuantes e em geral com menos possibilidades em sua instalação das que desejaria. Nesta realidade é fundamental um adequado programa para o pessoal, considerando incentivos baseados na produtividade ou outros fatores. Resulta de importância também todo o referente à qualidade do ambiente laboral (segurança - salubridade - etc.).O programa de incentivos deve estar acompanhado de uma clara definição de roles (funções), de maneira que não se apresentem ambiguidades ao cumprir as obrigações. Sistema de Controle Os sistemas de controle que são realizados em um armazém devem permitir separar os custos das operações (por tonelada). Este sistema deveria ser compatível com a contabilidade da empresa. Se a empresa não dispõe de sistemas de cálculo de custos por cada processo ou prática que requer o grão, o mesmo deve ser estabelecido o mais breve possível. Com especial atenção se deve tratar: - Inventario de estoque de grão. - Rendimentos e consumos de secagem. - Matéria estranha e material removido. - Quebras técnicas reais de umidade. - Consumo de energia elétrica. - Consumo de agrotóxicos. - Consumo de combustível. - Horas-extras e pessoal contratado. Um bom sistema de controle deve detectar ou revelar tudo no armazém. 30 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013

Normas e padrões de Comercialização As portarias e normas de comercialização em geral, afetam as operações do armazém. As definimos como o conjunto de especificações, procedimentos, características e classificações para uma parte dos grãos, de maneira que através desta identificação, se diferencie de outras partes do mesmo grão, de diferente qualidade. Graças a estas normas podemos trabalhar com perda de identidade, partes conjunto e obter o importante beneficiam do blending. As normas também ajudam a trabalhar com identidade preservada, tema de crescente importância a nível mundial. O preço depende do valor que outorgue o mercado as principais características (ex. porcentagem de matéria gordurenta, nível de proteínas, etc.). O tipo de padrão ou norma usada em cada país depende dos requerimentos que cada mercado específico tem para as diferentes características dos grãos. Da mesma forma, os itens que incluindo padrão, assim como o nível de exigências, tenham influencia direta no tipo de infraestrutura que deve dispor o armazém. As normas a utilizar-se devem ser definidas por a entidade governamental correspondente, a mesma deve exercer o poder de polícia, idealmente com a colaboração do setor privado.


Acesse: www.graosbrasil.com.br As normas deveriam ser difundidas com tempo, de maneira que cada um dos participantes as maneje e conheça cada uma de suas implicações. Nas entregas e liquidações também podem ser introduzidos acordos entre as partes para definir a qualidade das partes. No caso que não existam normas de comercialização se pode definir a qualidade em função do uso final dos grãos, por exemplo, não é o mesmo conservar milho para moagem seca que para moagem úmida. Manutenção de qualidade Este ponto deve considerar as tarefas básicas do manejo, por o que podemos definir as práticas, dentro do que chamamos "centro de ação": a) Centro de recepção. b) Centro de limpeza. c) Centro de secagem. d) Centro de armazenagem. e) Centro de despacho. a) Centro de recepção: Este e o centro responsável de receber ou rechaçar os grãos que estão fora de condições (nos casos que, a partida de grão não responda aos padrões estabelecidos ou no caso que exista uma discrepância claramente estabelecida entre quem entrega e o armazém). Sempre devem ter estabelecidos para as contingências de mercadoria fora de padrão. As principais tarefas são: - Pesagem do grão. - Amostragem de grão baseado em normas (procedimentos aceitados) em função do volume de grão e tipo de transporte. - Realização de análise preliminar (rubros de condição). - Realização de análises rápidas de laboratório. - Realização de comprovantes para a liquidação e pago (sistema de controle). - Elaboração de reportes no caso de discrepâncias o recepção de mercadoria fora de padrão (tão rápido como o

problema seja detectado). - Indicação a entregador das características indesejáveis, de maneira que o considere nas próximas partidas a entregar. - Limpeza e manutenção dos equipamentos. b) Centro de limpeza: involucra os equipamentos utilizados para a limpeza dos distintos grãos, as funções que incluem são: - Envio de grãos a limpeza o pré-limpeza de acordo a informação recebida da recepção. - Mudanças e ajustes de todos os equipamentos para adaptarse a os distintos tipos ou características dos grãos (ex. peneiras - ciclones). - Pesada do extraído em a limpeza e manejo dos resíduos. - Realização de amostragem antes e depois das operações, com as correspondentes análises para conhecer a eficiência do trabalho de limpeza. - Limpeza e manutenção dos equipamentos utilizados em a limpeza. C) Centro de secagem: Este e a chave para a manutenção de qualidade dos grãos, as funções são: - Execução da prática, dependendo do tipo de grão e suas características. Pode tratar-se de secagem convencional seca-aeração - etc. - Execução da amostragem para determinar umidade antes e depois e seu seguimento (têmpera). - Controle do consumo de combustível e eletricidade, tempo de secagem, rendimentos, etc. - Determinação das características qualitativas dos grãos (danos durante a secagem, ex.: fissurado, descoloração). - Identificação e controle das perdas que se gerem a nível do centro de secagem. - Limpeza e manutenção dos equipamentos de secagem. d) Centro de Armazenagem: O objetivo principal de este centro e manter a qualidade. O conhecimento do momento do despacho permite um manejo mais eficiente da armazenagem. As funções que implica são: - Controle periódico da mercadoria e registros (temperatura - umidade - infestação - etc.). - Determinação das condições baixo as quais convém aerar. Registros de aeração. Especificar o tipo de controle a reaGRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 31


¦Pós-Colheita de Precisão¦ lizar para determinar o avance do frente frio. - Adequação dos sistemas sanitários nas instalações (ex. controle de ratos). - Atualização de inventario, clara identificação de os produtos (peso e características) por depósito. - Informação histórica dos volumes, condições iniciais, expurgos e tratamentos realizados. - Definição do momento de trasilaje. - Classificação da mercadoria nos depósitos. - Manutenção dos depósitos e equipamentos de manuseio em ótimas condições (programa de manutenção). - Assentamento dos processos, medidas de segurança e momento de limpeza dos equipamentos. - Registro de condições ambientais. e) Centro de Despacho: Este e o centro de carga dos envios fora do armazém, com destino a moinhos, portos, etc. As funções que involucra são: - Definição dos momentos mais apropriados para despachar o grão, requerendo o mínimo custo e o maior beneficio (misturas). - Registro de despacho (peso - umidade - etc.) - Registro de material (não grão) despachado. - Definição de controles que devem se fazer nos equipamentos de pesagem. - Manutenção de equipamentos do centro. Economia e Custos Desde o momento que os grãos chegam a o armazém diversos gastos começam a ser gerados. Como sabemos o custo é a soma de gastos, amortizações e juros. Mesmo que não se trabalhe uma tonelada teremos a componente dos custos fixos; estes se vão diluindo na medida em que cresce o giro do armazém. Com o objeto de clarificar o conceito, apresentamos a continuação algumas definições de temas:

GASTO: Todo o que se consume no ato produtivo. Ex. na secagem: o combustível, a eletricidade, mão de obra, etc. AMORTIZAÇÃO: É a compensação pela depreciação de um bem durável. Ex: seja por desgaste ou obsolescência, um secador cada ano que passa vale menos. JUROS: É a compensação pelo capital imobilizado. CUSTO FIXO: Se refere ao custo que não varia ao variar o volume trabalhado. CUSTO VARIAVEL: É a somatória dos gastos que variam na medida que se faz a tonelada trabalhado. (U$S/t) ou a variável considerada. Em uma forma geral o custo de um armazém pode definir-se como H. H=A+B+C+D+E+F+G-I A: Custo de armazenagem (inclui expurgo). B: Custo de secagem. C: Custo de limpeza. D: Custo de apólices de seguro, serviços sanitários, pessoal permanente e aluguéis. E: Custo de manipulação e transporte interno. F: Custo de recepção e despacho (inclui teste de laboratório). G: Custo de perdas de grãos e qualidade. I: Ingressos pela venda de matérias estranhas, barrido, partido, etc. Todo armazém deve levar seus custos, tanto globais (U$S/ ano) como por unidade (U$S/t). Todos os operários da organização deveram conhecer os fatores que afetam a qualidade e os custos, para um determinado grão, assim como a melhor alternativa para beneficiar a mercadoria e a empresa. Os controles indicados ajudam nas instalações a reduzir os custos do manejo dos grãos. Entre os possíveis usos do cálculo de custo encontramos: - Avaliação de incorporação de novas práticas. - Avaliação do custo por tonelada em função do número de giros. - Avaliação do custo / beneficio para distintos grãos. - Estimação de preços para os serviços. - Conhecimento dos custos diretos, indiretos, gastos, amortizações e juros. - Comparação com outros armazéns e da mesma ao longo do tempo. Cálculo do custo de secagem, manuseio, armazenagem, etc. O cálculo de custo e uma ferramenta básica, já que uma avaliação clara, objetiva, fácil de realizar, sem duvidas resulta útil para a tomada de decisões. Muitas vezes o gerente do armazém se pergunta sobre a conveniência de ampliar

32| Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013


Acesse: www.graosbrasil.com.br uma instalação, mudar um sistema de secagem, diminuir alguma tarifa e a maioria das vezes se da uma resposta intuitiva que, ainda que possivelmente acertada, não permite avaliar fielmente o custo / beneficio da proposta. Outras vezes o funcionário aciona um equipamento "pela duvida", desconhecendo que os custos são maiores que os benefícios obtidos. O cálculo de custos requer de três pontos: a) informação básica: - inventario e valorização. - esquema do armazém-diagrama de fluxo. - rendimento, consumo e capacidades dos equipamentos. - preços dos insumos, número de operários, remunerações, etc. - volume de grão ingressado, secado, armazenado, etc. b) cálculo de custo de movimentação. c) cálculo de custo do armazém em conjunto. Com o sistema de organização que se planta é possivel sentar as bases para o aperfeiçoamento continuo, ja que permanentemente se deve cumprir as seguintes etapas: - Identificar os problemas. - Observar e recoletar os dados. - Identificar as alternativas. - Avaliar as alternativas. - Selecionar entre as alternativas. - Execução da alternativa eleita. - Avaliação

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 33


¦Ecossistema¦ Os grãos respondem por aproximadamente 90% das matérias-primas que formam as rações. Pode - se dizer que: "criar aves, suínos e outros animais domésticos é transformar grãos em carne". Os 10% restantes também são importantes, pois são os compostos minerais, vitamínicos e medicamentos que completam os grãos, equilibrando as rações para atender as exigências de cada espécie e da idade. Isto permite que os animais expressem melhor o potencial genético.

A Qualidade dos Grãos e a Conversão Alimentar Osny Waltrick de Souza MercoLab osny@mercolab.com.br

No Brasil, basicamente toda a proteína e a energia que compõem as rações são oriundas de soja e milho. A soja, devido as suas qualidades intrínsecas e por ser processada em alta temperatura, devidamente controlada, apresenta menores variações nos indicadores de qualidade e micotoxinas. Ao contrário, o milho que não é submetido a qualquer processamento antes da moagem para compor as rações. Portanto, este grão está mais sujeito as variações na energia e na contaminação por micotoxinas. Estas variações podem ocorrer na lavoura, no armazenamento ou no ambiente criatório. PASSOS PARA ATENDER A QUALIDADE DE GRÃOS A seguir, destacamos de forma seqüencial as principais etapas que devem ser observadas para obter grãos com qualidade adequada ao consumo humano e animal. ESCOLHA DA SEMENTE O controle de qualidade de grãos começa com a escolha da semente. Híbridos ou variedades que resistem melhor ao ataque de insetos, fungos, bactérias e ao tombamento, conferem melhor qualidade aos grãos no momento da colheita. A maioria das sementeiras ainda não considera micotoxinas como um fator limitante para a seleção de híbridos ou variedades. Por outro lado, os consumidores estão se familiarizando com este assunto e num futuro próximo este requisito será observado na hora da compra de grãos. 34 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013

CICLO DA CULTURA Semente, época de plantio, ervas daninhas, insetos, adubação, preparo do solo e época de colheita são os principais determinantes da qualidade dos grãos em nível de campo. Portanto todos os envolvidos no processo produtivo devem se inteirar deste assunto, pois de uma forma ou de outra todos são responsáveis. COLHEITA Do ponto de vista da qualidade, a colheita de grãos é de vital importância. A época, a umidade ideal e os equipamentos utilizados na operação têm que estar devidamente ajustados para atender um padrão de qualidade desejável. Esta operação ainda responde por grande parte dos grãos quebrados e/ou fissurados, que são considerados grãos mortos e, por conseguinte não toleram armazenagem por períodos prolongados. Após a colheita, os grãos devem ser secados e limpados imediatamente, sob pena de deterioração. SECAGEM E LIMPEZA A umidade ideal para colheita de grãos não é a mesma para o armazenamento. Normalmente, estes são colhidos com umidade acima daquela requerida para armazenagem segura. Portanto, a secagem se faz necessária para ajustar o teor de água de tal forma a garantir a qualidade. A secagem adequada causa poucos danos aos grãos. Porém, a secagem com altas temperaturas seguida por resfriamento rápido pode causar sérios prejuízos. Estes grãos danificados são facilmente atacados por insetos, fungos e outros microrganismos, permitindo assim a formação de micotoxinas durante o período de armazenagem. No caso dos grãos quebrados, seus componentes estão sujeitos à deterioração, acidificando os óleos e desnaturando as proteínas que por sua vez diminuirão a digestibilidade e a palatabilidade das rações.


Acesse: www.graosbrasil.com.br ARMAZENAMENTO Durante o armazenamento o fungo que mais se desenvolve é o Aspergillus flavus, que produz aflatoxina. Para assegurar a qualidade é importante retirar os quebrados e ajustar o teor de umidade para abaixo da faixa de desenvolvimento deste fungo. Por exemplo: Para armazenar milho com segurança é necessário que a umidade esteja abaixo de 13% e quirera abaixo de 2%. Para cada grão existem os limites máximos de tolerância para umidade e grãos danificados. AMOSTRAGEM Esta operação, apesar de muito citada, ainda é pouco conhecida. Estima-se que ela responde por 90% do total de erros cometidos nas análises feitas em grãos e seus subprodutos. Portanto, é necessária muita precaução no local e na forma da coleta de amostras. De posse de uma amostra representativa, muitas avaliações importantes podem ser feitas. As análises servem para garantir a qualidade dos grãos como ingredientes principais das rações e, assim garantir o desempenho dos animais a campo. Abaixo estão enumerados os principais locais e os cuidados que devem ser tomados na amostragem. NA LAVOURA: A primeira amostragem pode ser feita quando os grãos ainda estão na lavoura. Estas amostras podem ser coletadas na véspera da colheita e devem ser representativas do lote. A lavoura pode ser dividida em vários talhões e cada um terá sua amostra. Por exemplo, para coletar uma amostra de milho na lavoura colhem-se várias espigas, que depois de debulhadas são misturadas, e, então desta mistura é retirada uma amostra que será encaminhada para o laboratório o mais rápido possível, pois é um grão úmido, sujeito as variações rápidas na qualidade e contaminação fúngica. Esta amostra serve para determinar o teor de umidade ideal para colheita e também para fazer uma avaliação de qualidade, o que vai permitir uma segregação na chegada ao armazém. NO ARMAZÉM DE ORIGEM Antes de adquirir um lote de grãos deve-se fazer uma amostragem para avaliar as qualidades físicas. Também é este o momento para analisar as micotoxinas. Em pequenas quantidades esta amostra pode ser feita com calador de 1,60m. Em quantidades, maiores que 1.000t, devem-se usar sondas, e, se preciso também fazer transilagens para coletá-las de tal forma que a cada 500 1.000t. tenhamos uma amostra. RECEBIMENTO NO ARMAZÉM DA FÁBRICA A amostragem no recebimento do armazém da fábrica de rações é feita carga a carga para análises físicas. Para análises de micotoxinas recomenda-se uma amostra a cada 500 - 1.000t. Esta amostra pode ser feita com calador de 1,60m no caminhão ou no ato da descarga em todas as saídas. NO ARMAZÉM /SILO DA FÁBRICA O armazenamento deve ser acompanhado através da

termometria ou equivalente e sempre que houver uma variação significativa de temperatura, as ações devem ser tomadas para evitar o aparecimento de fungos e micotoxinas. NA FÁBRICA DE RAÇÕES A amostragem pode ser contínua ou intermitente. Na fábrica de rações uma amostra do pool semanal é suficiente para análises físicas e de micotoxinas, desde que os controles anteriores tenham sido realizados. NO CAMPO Amostras de rações nos aviários ou nas pocilgas podem ser coletadas para análises bromatológicas e de micotoxinas, numa tentativa de esclarecer uma suspeita de variações nutricionais ou micotoxicoses.

"As análises das matérias-primas antes da moagem permitem corrigir as variações nutricionais e neutralizar os efeitos das micotoxinas". ANÁLISES As análises físicas (umidade, impurezas, ardidos e quirera) podem ser feitas no armazém de origem. As análises bromatológicas e de micotoxinas devem ser feitas em laboratórios especializados e devidamente equipados para tal. Até o presente momento não é economicamente viável montar laboratórios de bromatologia e de micotoxinas nos armazéns. O pequeno número de análises inviabiliza a operação. De posse dos resultados das análises físicas, bromatológicas e de micotoxinas, os nutricionistas podem balancear adequadamente as dietas de acordo com a espécie e a idade do animal.

A figura acima mostra a fração de grãos íntegros (A) e as frações de grãos danificados (B, C e D). Por definição: fracionar uma amostra é separar os grãos íntegros e os grãos danificados. Esta figura mostra alguns dos principais defeitos encontrados em grãos de milho. Estes defeitos interferem diretamente na digestibilidade da ração. Grãos carunchados, ardidos e impurezas diminuem a conversão alimentar e conseqüentemente o ganho de peso dos animais e por fim achata os lucros do produtor. GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 35


36 | Revista Gr達os Brasil | Novembro / Dezembro 2013


GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 37


¦ CoolSeed News ¦

38 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013


ツヲ CoolSeed News ツヲ

GRテグS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 39


¦Utilíssimas ¦ Lançado edital para reforma e construção de novos armazéns

armazenagem foi anunciado pela Presidenta Dilma Rousseff no começo de junho, durante lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Banco do Brasil divulgaram os editais de contratação de serviços para elaboração dos projetos executivos de engenharia e arquitetura para a construção das 10 novas unidades armazenadoras e reforma de 80 armazéns da Companhia. O aviso de licitação foi publicado no Diário Oficial da União de 30/10/2013. As empresas interessadas em elaborar o documento podem participar pelo Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC). As propostas devem ser entregues no dia 13 dezembro, quando será realizado o RDC na sede do Banco do Brasil em Brasília, sendo vencedora a proposta que apresentar o menor preço. “A partir da publicação dos editais, a expectativa é que as reformas e construções tenham início a partir de julho de 2014”, ressalta o superintendente de Armazenagem, Rafael Bueno. Neste edital, também serão contratados os serviços de levantamentos topográficos e sondagens dos novos armazéns, além de um estudo preliminar de toda a rede de armazenagem da Conab.

Curso de Classificação e Análise de Grãos 02 à 06 de Dezembro 2013 - Viçosa-MG

Estudos de viabilidade de novos armazéns Os editais de contratação de Estudos de Viabilidade Técnica, Econômico-Financeira e Ambiental (EVTEA) das construções de oito novos armazéns públicos também estão disponíveis. De acordo com a Superintendência de Armazenagem da Conab, o armazém de Itaqui (MA) já possui o EVTEA e em Viana (ES) o documento está em processo de elaboração. As empresas interessadas em participar desta licitação pelo Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) deverão encaminhar as propostas para o endereço http://www.licitacoes-e.com.br até as 9h30 do dia 14 de novembro. O RDC irá ocorrer às 10h da mesma data da entrega das propostas, por meio da Internet, sendo vencedora a proposta que apresentar o menor preço. Para acesso ao sistema eletrônico, os interessados deverão dispor de chave de identificação e senha pessoal obtidas junto às Agências do Banco do Brasil S.A., sediadas no País. A Comissão de Licitação irá verificar as propostas apresentadas, desclassificando aquelas que não estejam em conformidade com os requisitos estabelecidos no edital. Após realizado o processo licitatório, a empresa vencedora terá 90 dias corridos para apresentar o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômico-Financeira e Ambiental a partir da apresentação da Ordem de Serviço. Os editais, divulgado pelo Banco do Brasil, estão à disposição dos interessados no site da instituição financeira, no endereço eletrônicohttp://www.bb.com.br/licitacoesdearmazens. Ao todo serão investidos R$ 500 milhões na rede de armazenagem da Conab. Deste total, R$ 350 serão destinados para a construção de 10 novas unidades armazenadoras. Os outros R$ 150 milhões serão aplicados na reforma de 84 armazéns da Companhia. O plano de modernização da rede pública de

40 | Revista Grãos Brasil | Novembro / Dezembro 2013

A grande questão na comercialização de grãos, tanto no ato da compra como na venda, é saber exatamente o que está sendo comprado ou vendido. O desconhecimento das características ou padrões de classificação de grãos tem trazido não só prejuízos para compradores e vendedores como também problemas de ordem litigiosas e judiciais. O Curso de Classificação e Análise de Grãos, oferecido pelo CENTREINAR, tem por objetivo dar ao participante a oportunidade de conhecer as técnicas corretas de coleta de amostras, de determinação de umidade utilizando-se equipamentos padrões e de identificação de defeitos"" e impurezas em amostras de grãos. Além disso, o curso fornece ao participante uma visão a respeito das condições e estruturas de armazenagem de grãos e das exigências de qualidade oficial e de mercado. Tudo é ensinado com base nas novas leis da armazenagem (Lei no. 9973 de 29 de maio de 2000) e da classificação de grãos (Lei no. 9972 de 25 de maio de 2000). Além da teoria, os participantes terão oportunidade de praticar os procedimentos de classificação de arroz, milho, feijão, soja e trigo. Assim, ao término do curso, o participante estará apto para realizar a análise de grãos dentro da classificação e padrões exigidos tanto pelo mercado consumidor como pelos órgãos oficiais. Entretanto, esse curso não credencia o participante a atuar como classificador oficial uma vez que a carga - horária exigida pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) é de 96 horas. Para obter o credenciamento junto ao MAPA é necessário realizar o curso de Formação de Classificadores de Grãos

Inscrição: O valor total do curso a vista é R$700,00 (setessentos reais) para pessoa física. A prazo o valor é de R$ 750,00. Para as empresas (pessoa jurídica) que mandarem 2 participantes, terão 7% de desconto no valor a prazo (R$750,00). No caso de 3 participantes terá 10% de desconto no valor a prazo e para as que mandarem 4 participantes terão 12% de desconto. Nesse valor está incluso todo o material didático, a emissão de certificados e o deslocamento interno (do hotel ao local do curso). A hospedagem e alimentação correm por conta do participante. Mais informações: http://www.centreinar.org.br/

Revista Granos & Postcosecha Latino Americana Já esta circulando a nova edição da Revista Granos & Postcosecha Latino Americana - De La Semilla Al Consumo. No seu 18º ano de existência ela vem rechegada com o mais atual conteúdo sobre a Pós-Colheita de Grãos e Sementes na América Latina. Interessados em assinar enviar email para:

consulgran@gmail.com




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.