Portifolio Livros Didaticos

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Portf贸lio Livros Did谩ticos



Apresentação A Idea Info Design possui serviços de editoração, diagramação, criação de projetos e peças gráficas, como forma de comunicar visualmente conteúdos educacionais, informacionais e literários. A elaboração e execução dos projetos buscam a melhor percepção visual, estruturação e adequação da comunicação relacionando o desempenho da linguagem, imagem e texto.

A Idea Info Design tem parcerias com diversas editoras que optaram em terceirizar parte do processo de editoração, a fim de otimizar seus resultados em termos de qualidade, administração do tempo e redução de custos.


Livro 2 Eduardo Monteiro Edward Guimarães Rosamaria Andrade Rosana Soares Sandro Pessutti

ENSINO RELIGIOSO A VIDA É MAIS 1.o ano - Ensino Fundamental

NOME ESCOLA TURMA

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ENSINO RELIGIOSO A VIDA É MAIS

1.O ANO - ENSINO FUNDAMENTAL Eduardo José Machado Monteiro

• Sociólogo, pós-graduado em Práticas Educativas e Currículo. • Licenciado em Teologia para leigos. • Professor de Ensino Religioso no Ensino Fundamental e Médio na rede particular de ensino.

Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães • • • •

Bacharel em Filosofia e Teologia. Licenciado em Filosofia. Mestre em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, Cultura Religiosa e Ensino Religioso Escolar. • Membro da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – SOTER.

Conselhor Executivo Professora Angela Christina Souza Alves Irmã Bernadette Marsaro, OSF Irmã Hermengarda Martins, RSCJ Irmão Manoel Alves, FMS - Presidente Irmã Marlene Frinhani, CDP Irmã Olmira Dassoler, SSpS Professor Ricardo Alencar Ribeiro

Coordenação Editorial Maria Regina de Araújo Lima Veado

Rosamaria Calaes Andrade

• Pedagoga, pós-graduada em Supervisão e Metodologia do Ensino. • Psicopedagoga, com especialização em Ensino Religioso Escolar. • Consultora pedagógica.

Rosana Soares

• Pedagoga, professora de Ensino Religioso na rede particular de ensino. • Coordenadora de trabalhos na área de estágios sociais, junto a creches e asilos e na área de encontros e retiros com jovens do ambiente escolar.

Produção Editorial e Gráfica PAX Editora

Sandro Márcio Pessutti

• Licenciado em Filosofia, Teologia e Pedagogia. • Pós-graduado em Ciência da Religião e Filosofia, doutorando em Pedagogia. • Professor de Filosofia e Ensino Religioso, do Ensino Médio, em escola católica e de Filosofia da Educação no Ensino Superior. • Coordenador e professor de Ensino Religioso no Ensino Fundamental e Médio em escola militar.

Projeto Gráfico Greco Design Preparação e Revisão de Texto Língua e Estilo Ltda. Editoração Eletrônica e Ilustração Idea Info Design Impressão e Acabamento Gráfica Del Rey

FICHA CATALOGRÁFICA K94e Monteiro, Eduardo Ensino Religioso - A Vida é mais - 1. ano - Ensino Fundamental 1: livro 2/ Eduardo Monteiro, Edward Guimarães, Rosamaria Andrade, Rosana Soares, Sandro Pessutti.1.ed. – Belo Horizonte: Rede Católica de Educação, 2009. 86p. Ilust. 1. Ensino Fundamental. I. Guimarães, Edward. II.Título. CDU 372.3

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Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial. Pax Editora Ltda. Avenida do Contorno, 6321 - 10º andar Savassi - Belo Horizonte - Minas Gerais CEP: 30110-110

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Sumário UNIDADE 1 VIDA EM SOCIEDADE E NA NATUREZA CAPÍTULO 1 BEM MAIOR QUE A MINHA CASA.......................... 5 CAPÍTULO 2 UM MUNDO DE ALEGRIA ...................................... 19 CAPÍTULO 3 QUEM É QUE CUIDA DO MUNDO? ..................... 35

UNIDADE 2 VIDA INTERIOR CAPÍTULO 1 O OLHAR DO CORAÇÃO ....................................... 49 CAPÍTULO 2 MEU JEITO DE REZAR ........................................... 55 CAPÍTULO 3 ELE MORA DENTRO DE MIM ............................... 65

PORTFÓLIO HORA DE CANTAR .................................................. 76 MINHAS ORAÇÕES ................................................. 78 PALAVRAS DOS MEUS PAIS ................................. 80 RECADOS DO CORAÇÃO ...................................... 80

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BEM-VINDO! QUERIDO ALUNO, VAMOS CONTINUAR O TRABALHO! DESTA VEZ, REFLETINDO SOBRE A VIDA EM SOCIEDADE E NA NATUREZA E OLHANDO O SEU CORAÇÃO, PARA DESCOBRIR QUE DEUS ESTÁ DENTRO DE VOCÊ. CONVIDAMOS VOCÊ A ABRIR OS OLHOS E ENXERGAR DE FORMA DIFERENTE O MUNDO CRIADO POR DEUS. VOCÊ VAI DESCOBRIR QUE ELE É BEM MAIOR QUE OS LUGARES QUE VOCÊ FREQUENTA. FAREMOS JUNTOS UMA FASCINANTE VIAGEM PELO MUNDO DA ALEGRIA, POIS É A ISSO QUE DEUS NOS CONVIDA TODOS OS DIAS. E VOCÊ FARÁ DO SEU JEITO, O COMPROMISSO DE CONSTRUIR A FELICIDADE NESTE MUNDO EM QUE VIVE. OS AUTORES

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UNIDADE 2 VIDA INTErIor

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nEsta unidadE, irEmos ConvErsar sobrE sEu Coração, sEus sEntimEntos, suas atitudEs diantE da vida E sua rElação Com dEus E Com as pEssoas.

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Stock Photos

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Sumário

UNIDADE 2 Vida na escola

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Capítulo 1 Eu e meus colegas............................... 47 Capítulo 2 Aprender a ser e a conviver ........... 57 Capítulo 3 Esqueci o lanche, e agora?............. 67

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cAPÍTUlo 1

o olHAr Do corAÇÃo

vamos rEFlEtir sobrE a sua manEira dE olhar o mundo E as pEssoas.

1.

o quE voCê aCha mais importantE Em uma pEssoa?

2.

voCê julga primEiro a aparênCia dEla?

Capítulo 1 – o olhar do Coração

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cOmEÇO dE cONVERSA

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E POR FALAR NISSO...

Tem olhares curiosos Que simplesmente perguntam Tem olhares maldosos Que até machucam Olhares que discriminam Outros que nos eliminam Raros são olhares amigos Que são verdadeiros abrigos GEYER, Clóvis. Os olhares. A pequena grande Marília. Sophos, 2006. p. 40. (Fragmento)

O poema acima fala da maneira como as pessoas olham umas para as outras. Felizmente, existe o olhar amigo. Marque um ( x ) no tipo de olhar que pode ser considerado amigo: ( ( ( ( (

) acolhedor ) reprovador ) invejoso ) encorajada ) bondoso

É importante aprender a ver o mundo com o olhar de Deus para aprender a ver a bondade no coração das pessoas. É preciso educar o olhar para ver o mundo com amor.

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Ensino Religioso – 1.o ano – Ensino Fundamental – Livro 2

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OuTROS OLhARES

lEia Com atEnção a lEtra da mÚsiCa.

aCREDitaR na ViDa Eu quEro aCrEditar na vida, vEr o sol Em Cada amanhECEr tEr no rosto um sorriso amigo, aCrEditar quE o sonho É pra valEr Canta Comigo, CantE Esta Canção pois Cantando sonharEmos juntos pra FazEr um mundo mais irmão zÉ martins. Cd Somos todos especiais. são paulo: paulinas, 2008.

Como voCê imagina quE É o olhar do autor da mÚsiCa? assinalE um x na rEsposta CorrEta.

2.

a mÚsiCa Fala dE um mundo irmão. Como sEria EssE mundo? Como sEria o olhar das pEssoas quE vivEm nElE?

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1.

Capítulo 1 – o olhar do Coração

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OLhAR RELIgIOSO

EstE tExto bíbliCo nos oriEnta a busCar as Coisas do CÉu: aquElas quE o dinhEiro não paga. não ajuntEm riquEzas aqui na tErra, ondE a traça E a FErrugEm CorroEm, E ondE os ladrÕEs assaltam E roubam. ajuntEm riquEzas no CÉu, ondE nEm a traça nEm a FErrugEm CorroEm, E ondE os ladrÕEs não assaltam nEm roubam. dE Fato, ondE Está o sEu tEsouro, aí Estará tambÉm o sEu Coração. a lÂmpada do Corpo É o olho. sE o olho É sadio, o Corpo intEiro FiCa iluminado. sE o olho Está doEntE, o Corpo intEiro FiCa na EsCuridão. assim, sE a luz quE ExistE Em voCê É EsCuridão, Como sErá grandE a EsCuridão! (mateus 5, 19-23)

dEsEmbaralhE as lEtras E dEsCubra algumas riquEzas quE ExistEm no CÉu

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A N I R h O c

Ensino REligioso – 1.o ano – Ensino FundamEntal – livro 2

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CAPÍTULO 3 ELE MORA DENTRO DE MIM dentro de mim existe uma luz que me mostra por onde deverei andar dentro de mim também mora jesus que me ensina a busCar o teu jeito de amar pe. zezinho. Cd Na terra do contrário/deus é bonito. são paulo: paulinas, 1987.

COMeÇO De CONVeRsA

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onde deus está?

Capítulo 3 – ele mora dentro de mim

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e POR FALAR NissO...

os seres humanos sempre viveram Com o desejo forte de enContrar deus. algumas pessoas o enContram quando vão à igreja.

outras pensam que isso é possível quando estão em Contato Com a natureza.

existem pessoas que aCreditam que deus está lá em Cima, no Céu. 66

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Ensino REligioso – 1o ano – ensino fundamental – livro 2

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Um garoto certo dia perguntou à sua irmã: – onde Deus mora? Ela respondeu olhando para o alto: – mora lá em cima. Ele não ficou satisfeito com a resposta e foi atrás de seu pai, que estava ocupado. – Pai, onde Deus mora? Sem olhar para o garoto, ele respondeu: – Está por aí. – Por aí onde? Ele ficou pensativo e começou a procurar dentro e fora de casa. Até que encontrou sua mãe e fez a mesma pergunta: – mãe, onde Deus está? – Ele está em tudo o que você vê. – O garoto percebeu que a mãe não tinha muita certeza do que estava falando. Mesmo assim, saiu pela rua olhando tudo de forma diferente, procurando encontrar Deus presente nelas. Encontrou-se como dono da padaria e então repetiu a mesma pergunta: – Onde Deus mora? De onde eles estavam, dava para ver de longe a igreja. Então o padeiro disse: – dizem que ele mora lá na igreja. O garoto finalmente sentiu que tinha encontrado a resposta que tanto buscava. Foi correndo até lá. Mas, quando entrou, viu apenas um padre vestido com uma enorme roupa preta. Primeiro ele perguntou com tom assustado: – então você é Deus?

Capítulo 3 – ele mora dentro de mim

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Onde está Deus

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O padre respondeu com a cabeça que não, então o garoto disse: – por que falam que aqui é a casa dele? – Sim é, mas ele tem muitas outras casas. Toda igreja é a casa de Deus. O garoto começou a procurar debaixo dos bancos, atrás do altar... Até que decidiu procurar em outros lugares. Encontrou muitas outras pessoas pelo caminho, fazia a pergunta, mas nenhuma delas dava uma resposta que o convencesse. Quando, finalmente, Pedro encontrou um senhor já mais velho, que lhe respondeu: – Deus mora dentro de mim. Está também dentro de você, no coração de todas as pessoas. Pedro então voltou para casa com uma resposta que mexeu com seu coração... 1. Qual era a dúvida de pedro? 2. Quais foram as respostas que ele recebeu? 3. Qual das respostas pareceu ser a mais certa para o garoto? Pinte os espaços em que aparecem estrelinhas e descubra a resposta.

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Ensino Religioso – 1o ano – Ensino Fundamental – Livro 2

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OUTROs OLHARes

proCurando deus

com essa história, podemos refletir que as pessoas se preocupam em encontrar deus. mas, quando descobrem que ele está dentro de cada coração, aprendem que podem também levá-lo para os que precisam de amor, carinho, atenção, aJuda...

Capítulo 3 – ele mora dentro de mim

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era uma vez uma senhora, já bem idosa, que ia todos os dias à igreja. partiCipava da missa e depois visitava as pessoas do bairro que estivessem doentes. nunCa faltava. vendo a avó fazer todos os dias a mesma Coisa, joão perguntou: – vovó, por que voCê vai todos os dias à igreja e sempre visita os doentes depois da missa? – a avó respondeu: – vou à igreja para falar Com deus. – e por que visita sempre os doentes? – porque vou levar deus. – mas, voCê sai sempre de mãos vazias. – minhas mãos estão vazias, mas meu Coração está Cheio de deus, assim Como o seu Coraçãozinho também. o que voCê aCha de levar um pouquinho de deus para aquele seu amigo que está faltando à aula porque quebrou o braço? eu vou Com voCê.

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Livro 2 Audrey Nogueira Maura Almeida

LÍNGUA PORTUGUESA 3.° ano / 2.a série - Ensino Fundamental

NOME ESCOLA TURMA

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Sumário UNIDADE 1 Sentimentos Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4

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Amar é... ........................................................... 5 Pequenas crianças, grandes amigos ........ 25 Quando as coisas não estão bem ............. 41 Portfólio .......................................................... 55 Oficina 1 do escritor-aprendiz ....................160

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Unidade 1 Sentimentos ”Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento.” Adélia Prado

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Capítulo 1 Amar é ... TEXTO 1: CONTO Você vai conhecer a história da Serafina, uma menina sensível e muito curiosa, que resolveu fazer um dicionário muito especial. HORA DE LER PARA A TURMA

O DICIONÁRIO DE SERAFINA

Capítulo 1 – Amar é...

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Serafina, às vezes, ficava pensando nelas. Algumas eram engraçadas, não tinham nada a ver com o que queriam dizer. Outras, não, pareciam ter sido feitas exatamente para o seu significado. Amarelo, por exemplo, nunca poderia se chamar vermelho. Nunca. E branco não era branco mesmo, ela achava. Só que amarelo, vermelho e branco são cores e a gente pode ver. E as coisas que a gente sente? Dessas nem é bom falar. Por que será que dor se chama dor, amor se chama amor e saudade se chama saudade? Sem falar que dor, amor e saudade são invisíveis e cada pessoa tem um jeito de sentir, ou pelo menos de manifestar o que está sentindo. Essa parte era bem mais complicada... Foi pensando nisso que Serafina resolveu fazer um dicionário especial. Um dicionário que tentasse explicar o que era saudade, por exemplo. Pois uma vez ela tinha ouvido dizer que em outras línguas não existia uma palavra que quisesse dizer exatamente a nossa saudade. Então, como é que ela ia fazer se estivesse num país estranho e precisasse falar que estava sentindo saudade de alguém? 5

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É. Serafina achou que esse era um motivo mais do que suficiente para se fazer um dicionário. Mas tinha que ser um dicionário diferente, que falasse mais das coisas, desse alguns exemplos e contasse até algumas histórias, se fosse preciso. Só que, para isso, ela teria que fazer algumas pesquisas antes. Talvez fossse bom conversar com algumas pessoas para ver o que achavam do assunto. [...] Serafina tinha um jeito todo especial para lidar com as pessoas. Por isso, fazer amigos era a coisa mais fácil do mundo para ela. Era conhecida por toda a criançada da vizinhança. E por algumas pessoas mais velhas, também. Entre elas, ninguém mais especial do que seu Nonô, motorneiro aposentado que morava sozinho na casa de esquina da rua de Serafina. E foi justamente seu Nonô que Serafina procurou para falar do seu dicionário. [...] Muitas semanas se passaram, muitas conversas e discussões, e saiu o tal dicionário. Quer dizer, não saiu bem um dicionário. Saiu um livro de histórias. Um livro de histórias das coisas que a gente sente. Histórias contadas por Serafina e seu amigo Nonô. [...] PORTO, Cristina. Serafina – Primeiras histórias. São Paulo: Ática, 2005. p. 52-55 (Fragmento)

1.

Agora é com você. a) Para Serafina, falar sobre as cores era fácil, mas sobre os sentimentos não. Por quê?

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Português – 3.o ano / 2.a série – Ensino Fundamental – Livro 2

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b) Quais palavras motivaram Serafina a querer escrever um dicionário?

c) Serafina conseguiu cumprir seu objetivo? Sim. Não. Será que ela ficou satisfeita com o resultado? Explique sua resposta.

2.

Leia, agora, algumas páginas do livro criado por Serafina e seu Nonô. PSIIUUU... HORA DE LER EM SILÊNCIO

s a i r ó t s i H s a s i o c s a d te n e g a e qu sente

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Leia o texto.

Contadas por Serafina e seu Nonô Capítulo 1 – Amar é...

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CRIATIVIDEIA: HORA DE CRIAR TEXTOS

1.

O poeta Elias José criou um dicionário parecido com o de Serafina e seu Nonô, só que em versos. Conheça alguns.

aLeGRia ALEGRIA é uma palavra extravagante, feliz, barulhenta e contagiante. Por mais que se esforce, o riso da ALEGRIA não cabe numa só palavra.

MeDo MEDO é uma palavra que arrepia o corpo, que arregala os olhos, ergue os fios do cabelo. [...]

zanGaDo

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Que palavra mal-humorada Que se irrita com tudo, Fecha a cara, morde os lábios E olha pra gente com cara De quem comeu e não gostou.[...] JOSÉ, Elias. Pequeno dicionário poético-humorístico ilustrado. São Paulo: Paulinas, 2006. p. 17, 62 e 103. (Fragmento)

Capítulo 1 – Amar é...

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TEXTO 3: CARTA O autor Bartolomeu Campos de Queirós inicia o seu livro Correspondência com esta frase: “As palavras sabem muito mais longe.” Descubra o significado dessa frase lendo os textos abaixo. PSIIUUU... HORA DE LER EM SILÊNCIO

Querido Mateus Palavras que amamos tanto, há muitos anos, dormem em dicionário. Hoje tirei do sono três palavras para dar de presente a você: Livre, Terra e Irmão. Quando escritas, lê-se poesia; se faladas, são melodia; somadas, fazem novo dia. Com saudade despede a Ana Sara, amada Como são fortes as palavras! Elas dizem coisas que só o coração escuta. Se escritas sobre papel claro, ficam mais iluminadas e eternas. Sei que as palavras podem abrir novo caminho. Procurei dentro de mim alguma palavra dormindo. Só encontrei uma: Igualdade. Ela nos permite viver as diferenças. Até muito em breve, Lucas QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Correspondência. Belo Horizonte: Miguilim, 1997. p. 3-5. (Fragmento)

Agora, converse com os colegas e professor sobre o sentido de cada um dos textos lidos. 22

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Português – 3.o ano / 2.a série – Ensino Fundamental – Livro 2

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COMPREENSÃO ESCRITA DO TEXTO

1.

Na primeira carta, Ana se refere às palavras: livre, terra e irmão. Que sentido essas palavras tomam nesse texto?

2.

Já na segunda carta, o Lucas diz que “as palavras são fortes.” Como é que as palavras podem ser fortes?

CRIATIVIDEIA: HORA DE CRIAR TEXTOS

1.

Leia o bilhete a seguir:

2.

Pensando no poder e na força que as palavras têm, você vai escrever um bilhete a um (a) colega, demonstrando sentimentos de amizade, solidariedade, perdão, companherismo ou gratidão.

Capítulo 1 – Amar é...

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Pedrinho, Vamos brincar lá em casa neste final de semana? Pode ser no sábado ou no domingo. Vê se sua mãe vai deixar. Se ela deixar, vamos brincar muito. Não se esqueça de levar seus carrinhos. Seu amigão, Se você for, chegue bem cedo. Wellington 20 - 7 - 2007

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LIVRO 2 Cristina Schindler Daniel Schindler Janete Nascimento

GEOGRAFIA 4.o ano / 3.a sĂŠrie Ensino Fundamental

NOME ESCOLA TURMA

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Sumário UNIDADE 1 Nosso ambiente, nossa história e nosso futuro Capítulo 1 Problemas do campo ............................... 5 Capítulo 2 Problemas da cidade ................................. 19 Capítulo 3 Direitos e deveres iguais? .......................... 35

UNIDADE 2 Comunicação e transporte: modelando o espaço geográfico Capítulo 1 O poder dos meios de comunicação ........ 53 Capítulo 2 O vaievém nas rotas .................................. 67 Capítulo 3 Tecnologia e qualidade de vida ................. 81

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Unidade 1 Nosso ambiente, nossa história e nosso futuro Quem é o intruso? Pinte todas as opções viáveis e deixe o intruso em preto e branco.

Jefferson Dutra Duti / Stock Photos

Proteger as florestas nativas

Reinaldo da Fonseca / wikimedia

Floresta Nativa

APAGAR AS LUZES Voçoroca

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Conhecer não é apenas viver os fatos do dia-a-dia. Também não é apenas refletir sobre o mundo. A realidade não é desligada do nosso jeito de pensar sobre o meio ambiente e de nele viver.

PlaNTAR ÁRVORES

Lisa Zolly / NBII-Gov

TomAR BANHO DEMORADO

Plantação de árvores

JOGAR LIXO NO LIXO

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Sumário UNIDADE 1 Nosso ambiente, nossa história e nosso futuro Capítulo 1 Problemas do campo................................ 5 Capítulo 2 Problemas da cidade.................................. 19 Capítulo 3 Direitos e deveres iguais?........................... 35

Jefferson Dutra Duti / Stock Photos

Proteger as florestas nativas

JOGAR LIXO NO LIXO

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Reinaldo da Fonseca / wikimedia

Floresta Nativa

Geografia – 4.o ano / 3.a série – Ensino Fundamental – Livro 2 Voçoroca

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Capítulo 1 Problemas do campo SeMenTeIRa de IdÉIaS

CONhECENDO PARA CuIDAR

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Você já teve oportunidade de conhecer como é a vida no campo, suas principais características e o jeito de viver das pessoas no meio rural. Agora, você verá que a ocupação do meio rural traz conseqüências nem sempre positivas, e a população rural enfrenta muitos problemas ambientais. Leia as manchetes a seguir.

Capítulo 1 – Problemas do campo

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conhecendo

Desde que os mais distantes antepassados do atual homem surgiram na Terra, há mais de um milhão de anos, eles vêm transformando e interferindo no equilíbrio da natureza. No espaço rural, a presença da vegetação, principalmente das matas, é muito importante para manter esse equilíbrio. É isso mesmo! O homem, para produzir alimentos, criar animais e obter matéria-prima, utiliza, até hoje, práticas antigas, como o desmatamento e a queimada. Essas práticas servem para limpar o terreno para novos plantios, formação de pastos e para a retirada de madeiras; entretanto, provocam grande devastação das áreas naturais.

É derrubada, é fogo O desmatamento destrói as matas e os campos, contribuindo para a extinção de espécies de animais e de vegetais. Na terra sem vegetação, o solo fica descoberto, exposto ao Sol e ressecado. A água evapora e escorre rapidamente através das enxurradas antes de penetrar no solo e alimentar as nascentes dos rios. Assim, esgotam-se as reservas subterrâneas de águas, as chuvas podem ficar escassas e, quando caem, levam com violência os nutrientes, empobrecendo o solo e assoreando os rios, os córregos e as lagoas.

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Geografia – 4.o ano / 3.a série – Ensino Fundamental – Livro 2

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H I STÓ R I A

2.a Série Ensino Médio Livro 2

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AutorA Carla Maria Junho Anastasia Licenciatura em História pela UFMG. Mestre em Ciência Política pelo DCP/UFMG. Doutora em Ciência Política pelo IUPERJ/RJ. Professora aposentada pela UFMG. Professora do Departamento de História da UNIMONTES/Montes Claros/MG. Autora de livros didáticos para o Ensino Fundamental I, Fundamental II e paradidáticos.

COAutora pedagógica Elizabeth Aparecida Duque Seabra Licenciada e Bacharel em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1993). Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1999). Doutoranda em Educação pela Unicamp. Professora assistente e coordenadora do curso de licenciatura em História nas Faculdade Integradas de Pedro Leopoldo (1999—2008). Professora da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte (1994—2004).

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SUMÁrio

A Era Vargas Capítulo 1: A construção de um Brasil novo .....................................................08 o Brasil no contexto da crise do capitalismo liberal .........................................10 o Estado Interventor ..............................................................................12 Do Governo Provisório ao Golpe de 1937 .......................................................15 o Golpe de 10 de novembro de 1937 ...........................................................19 Capítulo 2: o Estado Novo ..........................................................................23 Disposições autoritárias no Estado Novo .......................................................24 Aspectos da cultura nas décadas de 1930 e 1940 .............................................29

o período populista (1946-1964) Capítulo 1: o governo Dutra ........................................................................36 A agonia do Estado Novo ..........................................................................37 o Governo Dutra ...................................................................................42 Capítulo 2: o segundo governo Vargas............................................................46 A retomada do projeto industrializante ........................................................47 os problemas do Segundo Governo Vargas .....................................................50 Capítulo 3: De Juscelino a Goulart ................................................................56 o Governo JK .......................................................................................56 o Plano de Metas ...................................................................................58 o Governo de João Goulart.......................................................................68

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A ERA VARGAS Reprodução

Nesta unidade vamos estudar o período compreendido entre 1930 e 1945. Discutiremos as transformações ocorridas ao longo desse período da República brasileira, os principais personagens responsáveis por esta nova ordem e a posição política de diversos setores sociais frente ao governo Vargas. A cultura nos anos de 1930-1940 também será abordada.

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Capítulo 1

A construção de um Brasil Novo Reprodução

Problematização do tema 1. 2.

3. 4. 5. 6.

Quais foram as transformações ocorridas ao longo dos quinze anos da Era Vargas? Ao refundar a República, quais são as novas imposições colocadas pelo movimento de 1930? Quem são as principais personagens da institucionalização da nova ordem? Qual o papel dessas personagens dentro dessa nova ordem pós-revolucionária? Quais as características desses setores fundadores dessa nova ordem? Qual a posição dos trabalhadores em relação ao governo Vargas?

Essas são algumas das questões que você irá discutir ao longo desta unidade.

Retrato oficial de Getúlio Vargas

O período compreendido entre 1930 e 1945 ficou conhecido como a Era Vargas. Ao longo desses quinze anos, Getúlio Vargas, que subiu ao poder após o movimento de 1930, governou provisoriamente (1930-1934), sob o signo de uma constituição (19341937) e de um governo autoritário (1937-1945). Durante esses quinze anos, o Brasil industrializouse, foram editadas a legislação trabalhista e uma nova legislação sindical. As oligarquias, que haviam governado ao longo da República Velha, foram deslocadas do poder. O país urbanizou-se, adotou novos hábitos, novos valores culturais, enfim, sofreu significativas transformações estruturais. Essas transformações, entretanto, se processaram, de “cima para baixo”, sob o signo da centralização, do corporativismo, da tutela estatal sobre os segmentos sociais e, não poucas vezes, do autoritarismo. Para você ter uma ideia da importância do movimento de 1930, das mudanças que se processaram a partir dele e das suas características pouco democráticas, leia o texto a seguir.

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A

A Revolução de 30 refunda a República, impondo o predomínio da União sobre a Federação, das corporações sobre os indivíduos, e a precedência do Estado sobre a sociedade civil. Para tanto, foi influente o ideário positivista de muitas de suas elites políticas, especialmente as originárias do Rio Grande do Sul, como no caso do dirigente do movimento revolucionário vitorioso, Getúlio Vargas, e as provenientes da juventude militar, congregada no Clube 3 de Outubro. São elas, nos primeiros anos da nova ordem, as principais personagens de sua institucionalização, em particular na deposição das oligarquias estaduais das suas posições de mando. São elas, também, a força que leva à frente o impulso da revolução no que se refere ao papel do Estado, passando a entendê-lo como condutor da modernização, em franco dissídio com o liberalismo de mercado que dominou o cenário da Primeira

Contudo, não obstante os historiadores e estudiosos muitas vezes criticarem o governo Vargas, a história não é tão simples assim. Em meados de 1945, quando o poder de Vargas já estava ameaçado por vários seto-

Em fins de agosto [de 1945], uma novidade surgiu nos jornais. Em páginas compradas na imprensa, o Comitê do Distrito Federal passou a publicar milhares de telegramas enviados pela população, oriundos de todas as capitais e dos mais diversos municípios do país, pedindo a continuidade de Vargas no poder. Em textos telegrafados, individuais ou coletivos, curtos ou longos, trabalhadores exigiam a candidatura do presidente. Da cidade de São Paulo, um abaixo-assinado colhido na Praça do Patriarca resultou no seguinte texto: “O povo que não decepcionou o seu governo pede e espera que Vossa Excelência não o decepcione, recusando a candidatura que espontaneamente lhe oferece. Comissão do povo instalada em praça pública que até este momento representa 35 000 assinaturas, conforme comprovante em seu poder, remetido por via aérea”. Da mesma capital, Durvalino Dourado, em telegrama acompanhado de mais 32 assinaturas, disse que “presidente,

República. E são elas, por fim, que associam os objetivos da industrialização com os ideais da soberania nacional e de encaminhamento da questão social, manifestando-se, nesse caso, em favor da legislação protetora do trabalho, da qual deveriam ser excluídos os trabalhadores do campo. Dessa forma, o impulso para o moderno, para a indústria, para a regulação do mercado de trabalho e para a elaboração da legislação social provinha de setores antiliberais orientados por uma cultura estatista e refratários a mudanças na estrutura agrária do país [...], denunciando a natureza conservadora do processo de modernização desencadeado pela Revolução de 1930.

C O N S T R U Ç Ã O D E U M B R A S I L

VIANNA, Luiz Werneck. O Estado Novo e a “ampliação” autoritária da Republica. In: CARVALHO. Maria Alice Rezende de. República do Catete. Rio de Janeiro: Museu da República, 2001. p. 114-5.

N O V O

res da sociedade política brasileira, o povo o apoiava, esperando que ele permanecesse no poder. Leia o texto a seguir.

só V. Excia”.; Alfredo Coimbra e 38 companheiros declararam que “nós, cidadãos brasileiros compenetrados de nossa responsabilidade [...] temos a honra de dirigir a V. Excia. essa mensagem, formulando um apelo para que aceite a presidência da República”. Comissões de trabalhadores também telegrafaram. Uma delas afirmou que “quinhentos operários da indústria Firestone de Santo André querem a candidatura e V. Excia.”. Com a mesma expectativa, outro telegrama coletivo garantiu: “É com força do coração que nós operárias aclamamos sua candidatura”[...] Os telegramas, aos milhares, se multiplicavam nas páginas dos jornais. De todas as capitais e de inúmeros municípios, o clamor popular se repetia, exigindo a candidatura de Vargas. FERREIRA, Jorge. Queremismo, trabalhadores e cultura política. Revista Varia Historia. Belo Horizonte, nº 28, dez. 2002. p. 75-6.

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Como você pode notar, a Era Vargas apresentou muitas ambiguidades e um jogo intenso de diferentes interesses. Entretanto, o que é consensual é a constatação da modernização capitalista que se seguiu ao movimento de 1930, e as importantes medidas acerca do capital e do trabalho, como você verá neste capítulo. Procure agora responder às questões colocadas no início do capítulo.

O Brasil no contexto da crise do capitalismo liberal

Os países exportadores de matérias-primas e produtos agrícolas — como os da América Latina, entre eles o Brasil —, pela sua própria função no mercado internacional, não acompanharam o desenvolvimento industrial e tecnológico de alguns países europeus e dos Estados Unidos. Como afirmou Wladimir Pomar, “em 1930, o Brasil não produzia aço em volume suficiente para as suas necessidades, não extraía nem refinava petróleo, não fabricava operatrizes, geradores ou motores elétricos, não construía navios, aviões, veículos, automotores ou tratores e muito menos fabricava produtos químicos. Era completamente dependente dos países industrializados”.

Principais produtos de exportação do Brasil: 1919-1929 Períodos

Café

Açúcar

Cacau

Mate

Fumo

Algodão

Borracha

Couros e peles

Outros

1919-1923

58,8%

4,7%

3,3%

2,4%

2,6%

3,4%

3,0%

5,3%

16,5%

1924-1929

72,5%

0,4%

3,3%

2,9%

2.0%

1,9%

2,8%

4,5%

9,7%

POMAR, Wladimir. A Era Vargas. A Modernização conservadora . São Paulo: Ática,1999. p.19.

Quando a crise de 1929 eclodiu, a economia brasileira dependia fundamentalmente da produção e da exportação de produtos agrícolas, principalmente do café. Como esses produtos estavam expostos às oscilações do mercado internacional, ou seja, às oscilações da procura por esses produtos por parte dos países importadores, o Estado brasileiro ficava responsável pela garantia dos lucros dos exportadores, controlando o câmbio e os preços e sobretaxando o resto da sociedade brasileira para cobrir os prejuízos por meio dos impostos. A partir da crise de 1929, entrando já nos anos 1930, com a retração do mercado mundial, o preço do café despencou exatamente numa conjuntura de grande produção desse produto. O governo não tinha condições, com uma crise tão grande, nem de pagar os cafeicultores e muito menos de honrar suas dívidas com os credores internacionais. Essa situação gerou uma reação em cadeia. Os cafeicultores não recebiam do governo e, por isso, não pagavam seus trabalhadores e seus fornecedores. Sem dinheiro circulando, o consumo era impossível. Muitas

[...] Compreende-se a relutância do sr. Presidente da República em emitir papel-moeda sem efeitos comerciais para os negócios do café. A emissão pode perturbar o plano financeiro e, perturbado este, abaladas estariam a defesa do

empresas faliram e o desemprego generalizou-se no Brasil. O governo tentou resolver o problema como o fazia na República Velha. Contudo, a conjuntura pós-1929 era muito diferente. Obter empréstimos internacionais para financiar a agricultura era muito mais difícil. Muitas vezes, eram necessários acordos comerciais. Não era possível, com o grande nível de desemprego e o empobrecimento do povo, descarregar sobre o resto da população, por meio do aumento dos impostos, o pagamento da conta. Tornava-se urgente mudar a forma da acumulação capitalista no nosso país.

Análise e interpretação: versões, opiniões e fontes diversas Leia o documento a seguir, que trata da crise da economia cafeeira após a queda da bolsa de Nova York, em 1929.

café e a defesa do câmbio. Mas, sem recorrer à emissão, o governo encontrará meios para socorrer São Paulo. Existem fora da Caixa de Estabilização, em poder do Banco do Brasil, dez milhões de esterlinos [libras esterlinas], que

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A4. Qual a tese defendida pelo autor nesse texto?

A5. Explique por que Vargas chamou os empresários de burros ao criticarem a legislação trabalhista.

com essa medida, buscava centralizar as decisões em suas mãos. Outras medidas foram necessárias para o processo de centralização: a dissolução do Congresso, dos legislativos estaduais e municipais e a redução da autonomia do Poder Judiciário. Além da centralização política excessiva, Vargas passou a legislar sobre impostos, moedas, câmbio, tarifas públicas, crédito e dívidas dos estados e da União. O presidente passou a controlar os vários setores da economia e, para tanto, criou o Conselho Federal de Comércio Exterior, um novo Código de Águas e Minas e o Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio, o chamado ministério da revolução. O governo provisório se prolongava além do esperado. Havia uma intensa expectativa da convocação da Constituinte e o restabelecimento da ordem constitucional, mas Vargas parecia não ter pressa.

A C O N S T R U Ç Ã O D E U M B R A S I L

A Revolução Constitucionalista de 1932

N O V O

Divulgação

Do Governo Provisório ao golpe de 1937 O Governo Provisório (1931-1934) Após a vitória do movimento de 1930, foi instalado o chamado governo provisório, presidido por Getúlio Vargas, acompanhado dos líderes revolucionários civis e dos tenentes. Divulgação

Cartaz da Revolução Constitucionalista de 1932

Voluntários do interior chegam à capital

A primeira medida de Vargas foi a de reduzir o poder dos estados da federação, destituindo os seus governadores e colocando, no lugar deles, interventores da estrita confiança do presidente. A exceção foi o estado de Minas Gerais. Vargas,

Os paulistas ainda esperavam recuperar sua hegemonia no cenário político nacional, após o movimento de 1930. Alguns historiadores afirmam que São Paulo, com seu processo revolucionário, buscava também instaurar o regime democrático no país. Contudo, é interessante observar que, quando a Revolução Constitucionalista eclodiu, as eleições para a composição da Assembleia Constituinte já haviam sido marcadas para 3 de maio de 1933, e o país adotara, desde fevereiro de 1932, um novo código Eleitoral. Esse novo Código estabelecia o

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voto universal direto, secreto e facultativo a todos os brasileiros maiores de 21 anos, inclusive às mulheres, à exceção dos analfabetos, mendigos, soldados e padres. Esse código visava colocar um fim nas costumeiras fraudes eleitorais vigentes na República Velha. Para tanto, foi criada também a Justiça Eleitoral, com o objetivo de controlar a lisura das eleições. As eleições para a Constituinte ocorreram na data previamente marcada por Vargas e apresentaram três fatos novos: a representação classista — foram eleitos quarenta delegados de associações sindicais de operários e do patronato — ao lado da tradicional representação territorial; a ação fiscalizadora da Justiça Eleitoral e a inédita participação das mulheres no processo eleitoral. Após oito meses de trabalho, em julho de 1934, os deputados constituintes promulgaram a nova Carta Constitucional do Brasil. Essa nova Constituição mantinha o sistema federativo e o presidencialismo, mas extinguia o cargo de vice-presidente da República. Conferia maior poder ao Executivo, reduzindo a excessiva autonomia financeira dos estados da federação. Incorporou ao seu texto o Código Eleitoral de 1932, assegurando o voto das mulheres e os direitos trabalhistas — jornada de 8 horas, repouso semanal, férias remuneradas, indenização por demissão imotivada e proibição do trabalho de menores de 14 anos. A nova carta garantiu, ainda, o ensino primário gratuito e obrigatório.

Após a promulgação da Constituição, a Assembleia elegeu o primeiro presidente pós-revolução: Getúlio Vargas, que havia disputado o pleito indireto com o General Góes Monteiro, ministro da Guerra, e Borges de Medeiros, representante da elite política tradicional. O governo constitucional de Vargas foi extremamente tumultuado. Várias greves operárias eclodiram pelo país, lutando pela aplicação da legislação trabalhista. Apesar de os trabalhadores terem conseguido suas reivindicações, o patronato insistia em não obedecer às leis editadas pelo governo Vargas. Para eles, essas leis eram originadas de “ideologia exótica” e, se cumpridas, levariam à falência todas as empresas. E não eram só as greves que perturbavam a ordem social do governo constitucional. O conturbado contexto internacional entreguerras refletia-se no Brasil. A propaganda nazifascista, a ascensão de Hitler na Alemanha, a séria situação política da Espanha, a consolidação do socialismo na Rússia e uma tendência cada vez maior de internacionalização da experiência socialista geraram impactos importantes no Brasil, provocando o aparecimento de duas correntes de feição ideológica antagônicas: a Ação Integralista Brasileira (a AIB), de extrema direita, e a Aliança Nacional Libertadora (a ANL), que congregava comunistas, socialistas e simpatizantes.

Divulgação

Divulgação

Cartaz de propaganda do Integralismo

Fac-símile do jornal da Junta Governativa da ANL

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M AT E M Á TICA Noções de Lógica

Ensino Médio

M A T FOLHA_DE_ROSTO.indd 1

Alexandre Correia Fernandes Graduado em Matemática. Mestre em Matemática e Estastítica – área de concentração: Geometria Diferencial. Ex-professor do Ensino Fundamental e do Ensino Médio de Escolas Públicas e Privadas de Minas Gerais. Professor do Ensino Superior desde 2004.

Débora Correia Fernandes Santos Graduada em Química Mestre em Física, Química e Neurociência Área de concentração: Química de materiais. Professora do Ensino Superior desde 2006.

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SUMÁRIO

M A T

Noções de lógica Proposição .............................................................................................. 06 Tabela verdade ....................................................................................... 07 Negação ............................................................................................... 08 Conectivos . ........................................................................................... 08 Convenções importantes ............................................................................ 11 Associação lógica ..................................................................................... 12 Tautologia ............................................................................................. 16 Contradição ........................................................................................... 17 Equivalência lógica .................................................................................. 17 Implicação lógica . ................................................................................... 18 Recíproca, contrária e contrapositiva de uma proposição condicional ...................... 19 Sentenças abertas . .................................................................................. 20 Quantificadores ....................................................................................... 20 Álgebra das proposições ............................................................................ 21 A negação de proposições condicionais e quantificadas ....................................... 23 Algumas equivalências importantes ............................................................... 24 Argumento ............................................................................................ 25 Diagramas lógicos .................................................................................... 30

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NOÇÕES DE LÓGICA

Imagine que você foi capturado por uma tribo de canibais. Agora, considere que o chefe dessa tribo faça a seguinte proposta a você. “se fizer uma afirmação verdadeira, será assado na fogueira.” “se fizer uma afirmação falsa, será cozido no caldeirão.” Você consegue imaginar uma maneira de não ser assado nem cozido? Caso não tenha encontrado uma saída, verá que, com algum conhecimento de lógica, isso será possível. a palavra lógica vem de “logos” que significa, entre outras coisas, pensamento, razão. o estudo da lógica tem como objetivo a distinção entre o raciocínio correto e o incorreto. não importa se o que se afirma é verdade, ou não. a lógica só define se um determinado pensamento é válido ou não. Dessa forma, este capítulo de lógica tem como objetivo o estudo das proposições e do cálculo proposicional para, finalmente, estudar e avaliar os argumentos.

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Capítulo 1

Noções de lógica

Rembrandt, Aristoteles - 1653

Você já deve estar familiarizado com a palavra proposição (ou sentença) na disciplina de Português. Conforme veremos, proposição, em lógica, terá um sentido muito parecido, porém restrito, quando comparado ao sentido que possui em Português.

Veja que as proposições (a) e (c) são classificadas como verdadeiras enquanto as proposições (b), (d) e (e) são classificadas como falsas.

Proposição

a) a) b) b) c) c) d) d) e)

Proposição é uma afirmação, expressa por meio de palavras ou símbolos, que possui sentido completo e pode ser classificada em verdadeira ou falsa. Na notação de proposições usam-se, geralmente, letras latinas (p, q, r, ...). São exemplos de proposições: a) a) b) b) água c) c) d) d) e) e)

Lisboa é a capital de Portugal. A 25°C de temperatura e 1 atm de pressão, a encontra-se no estado sólido. 2<5 1+3=7 Um pentágono tem seis lados.

Não são exemplos de proposições: A raiz quadrada de 9 é igual a 3? 5+2−1 2x + 1 < 9 Que ótimo!

Note que as alternativas (a) e (d) não representam proposições uma vez que não se trata de afirmações, mas de uma interrogação, no caso da alternativa (a), e de uma exclamação, no caso da alternativa (d). Por outro lado, as alternativas (b) e (c) não podem ser consideradas proposições por não poderem ser classificadas em verdadeiras ou falsas. A alternativa (b) não representa um pensamento de sentido completo enquanto a alternativa (c) é verdadeira para certos valores de x e falsa para outros.

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Refletindo Quais das sentenças abaixo são proposições? Justifique as que não são proposições.

a) 6 . 5 = 30 b) 10 − 3 = 5 c) Que lindo dia! d) Como você está? e) João é filho de Maria. f) 10 − 2 . 3 g) Durma bem. h) 6 . 5 > 50

Proposições simples e compostas As proposições podem ser classificadas em simples ou compostas. A proposição simples, como o próprio nome indica, não pode ser decomposta em proposições mais simples que ela. A proposição composta é o resultado da combinação de duas ou mais proposições simples. São exemplos de proposições simples: a) Maria é professora. b) José é estudante. São exemplos de proposições compostas: a) Maria é professora e José é estudante. b) Maria é professora ou José é estudante. c) Se Maria é professora, então José é estudante. d) Maria é professora se, e somente se, José é estudante.

Valor lógico de uma proposição Verdade (V) e falsidade (F) são os valores lógicos atribuídos a uma proposição quando ela é verdadeira ou falsa, respectivamente. Esses valores são mutuamente excludentes, ou seja, uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo. Além disso, esses são os únicos valores lógicos que uma proposição pode assumir, ou seja, ou uma proposição é falsa, ou é verdadeira. Não existe uma terceira opção. Podemos escrever que “o valor lógico de uma proposição p é a verdade” da seguinte forma:

Refletindo Determine o valor lógico (V ou F) de cada uma das seguintes proposições:

V(p) = F

D E

a) (2+3)2 = 23+32 b) − 10 < − 7 c) 3 é um número primo. d) São Paulo é a capital do Brasil. e) O triângulo que tem os dois lados iguais e um lado diferente é denominado equilátero.

L Ó G I C A

Tabela verdade Tabela verdade é uma tabela que contém todos os possíveis valores lógicos de uma proposição. No caso de uma proposição composta, a tabela verdade se constitui de todas as combinações possíveis entre os valores lógicos das proposições componentes. Observação: O número de linhas em uma tabela verdade para uma dada sentença é sempre 2n, sendo n o número de proposições simples que compõem a sentença.

Questão resolvida R1. Sejam duas proposições simples (p e q). Monte uma tabela verdade com todos os possíveis valores lógicos envolvendo as duas proposições. Resolução O número de linhas da tabela verdade é igual a 2n, onde n é o número de proposições simples. Dessa forma, teremos uma tabela com 4 (2²) linhas. Antes de montar a tabela, podemos fazer um diagrama, denominado diagrama de árvore, com todas as possibilidades. Observe, no diagrama, que, se a primeira proposição for verdadeira, a segunda pode ser verdadeira ou falsa. Por outro lado, se a primeira proposição for falsa, a segunda pode ser verdadeira ou falsa. Dessa forma, temos todas as opções de valores lógicos envolvendo duas proposições simples quaisquer.

V V F

V(p) = V Por outro lado, se queremos dizer que “o valor lógico da proposição p é a falsidade”, devemos escrever:

N O Ç Õ E S

V F F

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Assim, a tabela verdade para duas proposições simples p e q é: N O Ç Õ E S D E L Ó G I C A

p

q

V V F F

V F V F

Questões propostas Q1. Sejam três proposições simples (p, q e r). monte uma tabela verdade com todos os possíveis valores lógicos envolvendo as três proposições. (Sugestão: antes de montar a tabela verdade, construa um diagrama de árvore para facilitar).

É possível, a partir de uma ou mais proposições, obter uma nova proposição. Para tanto, necessário se faz o uso de um modificador (a negação, por exemplo) ou de conectivos.

Negação Uma proposição qualquer pode ser modificada de forma a se obter uma nova proposição denominada negação de p (~p) de forma que ~p é verdadeira quando p é falsa e vice-versa. A tabela verdade, neste caso, será: p

~p

V F

F V

Exemplos

Refletindo Obtenha a negação das seguintes proposições e determine o valor lógico (V ou F) da proposição resultante: a) 7 é um número par. a) 11 é primo. b) 2 + 3 = 5 c) − 6 > − 3 d) 8 ≤ − 10

Conectivos Conectivos são expressões utilizadas na construção de proposições compostas por proposições simples.

Conjunção O conectivo “e” (representado simbolicamente por Λ) é utilizado na combinação entre duas proposições p e q a fim de obter uma nova proposição denominada conjunção. Exemplos: a) p: 2 < 5

q: 2 ≠ 3 p Λ q: 2 < 5 e 2 ≠ 3 b) p: Maria é professora.

q: José é estudante. p Λ q: Maria é professora e José é estudante. A conjunção p Λ q só é verdadeira quando p e q são, ambas, proposições verdadeiras. Dessa forma, a tabela verdade da proposição p Λ q é:

a) p: Maria é professora. ~p: Maria não é professora. ou ~p: Não é verdade que Maria é professora. b) p: 2 < 5 ~p: 2 ≥ 5 c) p: 2 = 4 ~p: 2 ≠ 4

M A T

Observação: Algumas vezes, usa-se o símbolo ¬ para indicar negação no lugar do símbolo ~.

p

q

V V F F

V F V F

pΛq V F F F

Questão resolvida R2. Determine os proposições:

valores

lógicos

das

seguintes

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• Chover é condição suficiente para não ir à aula. • Não ir à aula é condição necessária para chover.

Refletindo

R5. Determine os proposições:

Coloque certo (C) ou errado (E): Se nasci em Paris, então sou francês. Assim: ( ( ( (

) Nascer em francês. ) Nascer em francês. ) Ser francês Paris. ) Ser francês Paris.

Paris é condição suficiente para ser Paris é condição necessária para ser é condição suficiente para nascer em é condição necessária para nascer em

Bicondicional ou condicional “... se, e somente se,...” O condicional “... se, e somente se, ...” (representado simbolicamente por ↔ ) é utilizado na combinação entre duas proposições p e q a fim de obter uma nova proposição p ↔ q em que p é condição necessária e suficiente para q, e q é condição necessária e suficiente para q. Exemplos: a)

b)

Questão resolvida

p: 2 < 5 q: 2 ≠ 3 p ↔ q: 2 < 5 se, e somente se, 2 ≠ 3. p: Maria é professora. q: José é estudante. p ↔ q: Maria é professora se, e somente se, José é estudante.

O condicional p ↔ q será verdadeiro somente quando p e q forem ambas verdadeiras ou ambas falsas. Dessa forma, a tabela verdade da proposição p ↔ q será: p

q

p →q

V

V

V

V

F

F

F

V

F

F

F

V

valores

lógicos

das

seguintes

a) 2 < 5 se, e somente se, 2 ≠ 3. b) 2 > 5 se, e somente se, 2 ≠ 3. c) Fortaleza é a capital do Brasil se, e somente se, o Brasil é um país da América do Norte. d) 10 é um número par se, e somente se, 4 é um número primo. Resolução Vamos, inicialmente, escrever as proposições simples que compõem a proposição composta e determinar seus valores lógicos. Por último, determinaremos o valor lógico da proposição composta. a)

p: 2 < 5 (V) q: 2 ≠ 3 (V) p ↔ q: 2 < 5 se, e somente se, 2 ≠ 3. (V)

b)

p: 2 > 5 (F) q: 2 ≠ 3 (V) p ↔ q: 2 > 5 se, e somente se, 2 ≠ 3. (F)

c)

p: Fortaleza é a capital do Brasil. (F) q: O Brasil é um país da América do Norte.(F) p ↔ q: Fortaleza é a capital do Brasil se, e somente se, o Brasil é um país da América do Norte. (V)

d)

p: 10 é um número par. (V) q: 4 é um número primo. (F) p ↔ q: 10 é um número par se, e somente se, 4 é um número primo. (F)

N O Ç Õ E S D E L Ó G I C A

Os símbolos ~, Λ, ν, → e ↔, que representam respectivamente, “não”, “e”, “ou”, “se...então...” e “...se, e somente se,...” são chamados operadores lógicos. Quando uma proposição composta tem mais de um operador lógico, pode ficar difícil saber qual deles deve ter prioridade. Assim sendo, vale ressaltar algumas convenções importantes.

Convenções importantes a) O modificador ~ se aplica apenas à proposição mais próxima, salvo a utilização de parênteses. Por exemplo, em ~p Λ q, a negação se aplica somente à p. Para que a negação se aplicasse à p Λ q, a notação correta seria ~( p Λ q). b) Os condicionais → e ↔ se aplicam a toda a expressão que não contenha o mesmo sinal, exceto quando se usam parênteses. Dessa forma, p Λ q → r é o mesmo que (p Λ q) → r.

M A T

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N O Ç Õ E S D E L Ó G I C A

Muitos problemas de lógica envolvem associação lógica, ou seja, o enunciado do problema traz várias informações associadas, de alguma forma, umas às outras. A análise desse conjunto de informações leva à conclusão do problema.

Márcia

Berenice

Priscila

Belo Horizonte Florianópolis São Paulo

Associação lógica Esses problemas podem ser resolvidos diretamente (pela análise do conjunto de informações), ou por meio da construção de tabelas.

Sabe-se que Márcia realizou seu curso em Belo Horizonte e que Priscila cursou Psicologia. Podemos marcar essas informações nas tabelas propostas. Assim, teremos:

Questão resolvida

Márcia

Berenice

Priscila

Medicina R6. (Esaf) Os cursos de Márcia, Berenice e Priscila são, não necessariamente nesta ordem, Medicina, Biologia e Psicologia. Uma delas realizou seu curso em Belo Horizonte, a outra em Florianópolis, e a outra em São Paulo. Márcia realizou seu curso em Belo Horizonte. Priscila cursou Psicologia. Berenice não realizou seu curso em São Paulo e não fez Medicina. Assim, os cursos e respectivos locais de estudo de Márcia, Berenice e Priscila são pela ordem: a) b) c) d) e)

Medicina em Belo Horizonte, Psicologia em Florianópolis, Biologia em São Paulo. Psicologia em Belo Horizonte, Biologia em Florianópolis, Medicina em São Paulo. Medicina em Belo Horizonte, Biologia em Florianópolis, Psicologia em São Paulo. Biologia em Belo Horizonte, Medicina em São Paulo, Psicologia em Florianópolis. Medicina em Belo Horizonte, Biologia em São Paulo, Psicologia em Florianópolis.

Biologia Psicologia

Márcia Belo Horizonte

Márcia

Berenice

Priscila

X

São Paulo Além disso, é sabido que Berenice não realizou seu curso em São Paulo e não fez Medicina. Analisando as tabelas semipreenchidas, é possível concluir que Berenice estudou Biologia em Florianópolis. Marcando as novas informações temos: Márcia

Temos os cursos e locais de cursos de três pessoas. Para facilitar, podemos construir duas tabelas. A primeira, relacionando os cursos com as três estudantes. A segunda, relacionando os locais dos cursos com as três estudantes.

Berenice

Florianópolis

Resolução

M A T

X

Berenice

Priscila

Medicina Biologia

X

Psicologia

X Márcia

Priscila

Medicina

Belo Horizonte

Biologia

Florianópolis

Psicologia

São Paulo

Berenice

Priscila

X X

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dessas duas situações por meio de diagramas encontra-se a seguir. 1)

B A

pertence ao conjunto B, ou seja, os conjuntos A e B têm pelo menos um elemento em comum. Uma vez que A e B têm pelo menos um elemento em comum, podemos dizer que algum A é B é o mesmo que algum B é A. Por exemplo, dizer que algum francês é europeu é o mesmo que dizer que algum europeu é francês. As quatro representações possíveis de algum A é B por meio de diagramas são:

A 2)

D E L Ó G I C A

B

1)

N O Ç Õ E S

A=B

2)

A B

No 1.º caso, todo A é B, mas nem todo B é A. Já no segundo caso, todo A é B e todo B é A.

Nenhum A é B

3)

Dizer que nenhum A é B significa dizer que não existe elemento do conjunto A que seja também elemento do conjunto B, ou seja, A e B não têm elementos em comum. Observe que dizer que nenhum A é B é o mesmo que dizer que nenhum B é A, pois A e B não têm elementos em comum. Por exemplo, dizer que nenhum francês é americano é o mesmo que dizer que nenhum americano é francês. A representação de nenhum A é B por meio de diagramas é: A

4)

A=B

A

B

B

Algum A não é B

Algum A é B Dizer que algum A é B significa dizer que existe pelo menos um elemento do conjunto A que também

Dizer que algum A não é B significa dizer que existe pelo menos um elemento do conjunto A que não pertence a B. Por outro lado, dizer que algum A não é B não significa dizer que algum B não é A. Por exemplo, dizer que algum europeu não é francês não é o mesmo que dizer algum francês não é europeu.

M A T 31

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N O Ç Õ E S D E L Ó G I C A

d) algum G é A. (Está errado. Dependendo da representação, a proposição pode ser verdadeira ou falsa.) e) nenhum G é A. (Está errado. Dependendo da representação, a proposição pode ser verdadeira ou falsa.)

b)

Saudáveis Brasileiros

Resposta: Alternativa “a”.

Observação: Apesar de a maioria das expressões formadas com as palavras “todo” e “algum” possuir mais de uma forma de representação por meio de diagrama, muitas vezes, será conveniente simplificar o raciocínio utilizando somente uma delas. Nesses casos, é comum utilizar sempre a primeira opção entre todas as apresentadas anteriormente. Somente no caso de haver mais de uma resposta possivelmente correta é que se faz então necessário representar todas as possibilidades conforme foi feito nas questões resolvidas 12 e 13.

Atletas

Argumento válido.

c)

Brasileiros • José Cariocas

Questão resolvida R15. Verifique, utilizando diagramas lógicos, se são válidos, ou não, os seguintes argumentos:

Argumento não válido. d)

Pobres

a) Todos os mineiros são brasileiros. Maria é mineira. Logo, Maria é brasileira.

Escritores Analfabetos

b) Algum brasileiro é atleta. Todos os atletas são saudáveis. Logo, algum brasileiro é saudável. c) Todo carioca é brasileiro. José não é carioca. Logo, José não é brasileiro. d) Nenhum escritor é analfabeto. Todos os analfabetos são pobres. Logo, nenhum escritor é pobre. e) Todos os cães são mamíferos. Todos os mamíferos são gatos. Existem vegetais que são cães. Logo, existem vegetais que são gatos. Resolução

Argumento não válido. e)

Gatos Mamíferos

Cães

Vegetais

Brasileiros

a)

Mineiros • Maria

M A T

Argumento válido.

Argumento válido.

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QU Í M I C A

2.a Série Ensino Médio Livro 1

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AUTORES Maria Cláudia Oliveira Costa Graduação em Química, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Pós-graduação em Estudos Ambientais, pela PUC Minas. Ríveres Reis de Almeida Graduação em Química, pela Universidade Federal de Minas Gerais.

COAUTOR Pedagógico Geraldo José da Silva Doutorando em Educação pela FaE/UFMG. Mestre em Educação pela FaE/UFMG. Especialização em História da Ciência pela FAFICH/UFMG. Especialização em Metodologia do Ensino Superior pelo CEPEEMG Licenciatura em Química pela UFMG. Professor Universitário Coordenador Pedagógico do Colégio Pitágoras em BH-MG.

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SuMÁRiO

Materiais e processos que constituem a natureza Capítulo 1 – O estudo dos gases ........................................................................ Iniciando o estudo ....................................................................................... Variáveis de estado de um gás ......................................................................... Leis dos gases ............................................................................................. Hipótese de Avogadro .................................................................................... Equação de Clayperon e densidade dos gases ....................................................... Mistura de gases .......................................................................................... difusão e efusão de gases ...............................................................................

08 08 10 11 15 15 16 16

Capítulo 2 – Estequiometria ............................................................................ Iniciando o estudo ....................................................................................... Quantidade de matéria (mol) e Avogadro ............................................................ determinação de fórmulas .............................................................................. Estudo das leis ponderais – Lei de Lavoisier e Lei de Proust....................................... Reagentes em excesso e reagente limitante ......................................................... Reagentes impuros ....................................................................................... Rendimento de uma reação.............................................................................

20 21 21 22 25 29 29 30

Processos de interação do ser humano com a natureza

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Capítulo 1 – Soluções ..................................................................................... Iniciando o estudo ....................................................................................... As soluções e suas classificações ...................................................................... O estudo gráfico da solubilidade ...................................................................... Concentração das soluções ............................................................................ Concentrações expressas em porcentagem .......................................................... diluição de soluções .................................................................................... Mistura de soluções .....................................................................................

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Capítulo 2 – Propriedades coligativas das soluções ................................................ Iniciando o estudo ....................................................................................... Volatilidade e pressão de vapor ........................................................................ Fatores que influenciam na pressão do vapor ....................................................... Osmose e pressão osmótica .............................................................................

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AS MODIFICAÇÕES QUE OCORREM NA NATUREZA: TRANSFORMAÇÕES DOS MATERIAIS Rolve / Stock.xchng

Com o estudo dos capítulos desta Unidade, você aprenderá assuntos e conceitos relevantes para seu conhecimento científico, podendo, assim, compreender de forma mais ampla questões intrigantes do mundo científico e tecnológico. Nesta Unidade, enfatizaremos o estudo de assuntos, temas e processos que evidenciem as transformações sofridas pelos materiais que constituem a natureza e os seres vivos. Com os capítulos “termoquímica”, “Cinética química”,“Radioatividade”, “equilíbrio químico” e “equilíbrio iônico”, você compreenderá as transformações químicas e os diversos aspectos relacionados a essas transformações, como trocas de calor, rapidez e reversibilidade. Ao final, terá condições de responder a questões como: • Como obtemos energia dos combustíveis? • qual é o melhor combustível? • Por que um remédio na forma líquida faz efeito mais rápido do que na forma de comprimido? • Por que existem animais que mudam de cor em situações de perigo? • Por que devemos controlar o pH da água do aquário?

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O fogo transforma os materiais. Seu uso permite ao homem manipular uma infinidade de técnicas na produção de novos materiais.

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Capítulo 1

Termoquímica Nicolas Raymond / Stock.xchng

Fogueira

As reações de queima (combustão) estão bastante presentes em inúmeras situações do nosso cotidiano. A queima de combustíveis fósseis, como a gasolina e o óleo diesel, lança na atmosfera milhares de toneladas de gases estufa, contribuindo para que a temperatura média do planeta aumente, causando, assim, todo um desequilíbrio ecológico. A energia que utilizamos para diversos fins, como movimentar um carro, cozinhar alimentos, etc., provém de reações exotérmicas.

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Veja a figura das frutas.

Iniciando o estudo

Alexandre Costa

Podemos viver sem energia? Com certeza, a resposta para essa pergunta é: Não! Sem energia, não temos força para viver. Sem energia, não poderíamos usar automóveis nem aparelhos eletrônicos. Não teríamos força para andar, nem para praticar qualquer esporte. Não teríamos o desenvolvimento que temos hoje. Você já imaginou uma cidade, um país que não se preocupasse com as questões energéticas? Bem, é exatamente sobre energia de que trata este capítulo. Aqui teremos a oportunidade de discutir os combustíveis, a composição de alimentos e os seus valores calóricos, e a energia envolvida em vários processos. Vamos perceber que existem processos que ocorrem com absorção de calor e outros que ocorrem com liberação de calor. Observe a figura. Alexandre Costa

Nessa figura, podemos observar a presença de pães e macarrão. Nesse tipo de alimento, temos maior porcentagem de carboidratos e menor porcentagem de gorduras e proteínas. Agora observe a foto a seguir.

T E R M O Q U Í M I C A

Os alimentos têm quan­tidades calóricas associadas a eles.

No caso das frutas, temos como constituintes a água, o açúcar e várias vitaminas e sais minerais. Como podemos observar, quando nos alimentamos, estamos ingerindo substâncias com valores calóricos e são desses alimentos que tiramos energia para viver. Quando pensamos nas indústrias e fábricas, e nos produtos gerados por elas, não podemos nos esquecer dos combustíveis. Sem eles, não seria possível fazer as máquinas funcionarem. Hoje, inclusive, existe uma maior preocupação com as questões ambientais e, por isso mesmo, investem-se em pesquisas na busca de fontes alternativas de energia. O petróleo, como sabemos, é uma fonte de energia não renovável e, por ser um combustível fóssil, é um grande agente poluidor. Todos nós estamos vendo na televisão e lendo nos jornais notícias alarmantes sobre o aquecimento global e o efeito estufa. Esse é um motivo suficiente para nos preocuparmos em entender melhor como funcionam essas questões energéticas e é exatamente neste capítulo que teremos essa grande oportunidade. A figura a seguir mostra diferentes fontes de energia utilizadas pelo homem, como a gasolina e a água. Alexandre Costa

Alexandre Costa

Q

No caso de car­nes, existe maior por­centagem de proteínas do que de carboidratos e gorduras.

Diferentes formas de energia utilizadas pelo homem

U I

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T E R M O Q U Í M I C A

Para trabalhar em grupo − atividades iniciais Em grupo de 4 a 5 alunos, resolvam as questões a seguir. G1. Se você andar descalço em um piso de ardósia e logo depois em um piso de tábua, qual piso você acha que tem a menor temperatura?

Então, na verdade, a sensação de quente e frio que sentimos está associada à melhor condutividade térmica do material com o qual estamos em contato. Essa transferência de energia entre dois corpos a diferentes temperaturas é denominada calor.

A transferência de energia que se dá entre corpos a diferentes temperaturas é denominada calor.

G2. Por que sentimos frio no inverno? Calor TA > TB

Sistema A → TA

Calor e temperatura Quando estamos com frio, é comum dizermos que usaremos um agasalho “bem quente” para nos aquecer, ou quando pisamos descalços num piso de ardósia, dizemos que o chão está “gelado”. O que será que isso significa? No nosso dia a dia, é comum usarmos as expressões “quente” e “frio” para expressar algumas sensações que temos. Se medirmos a temperatura da ardósia ou de um piso de tábua, veremos que eles estão a uma mesma temperatura. Por que então temos a Stock Phot impressão de que a ardósia está mais fria? os O que acontece é que nosso corpo está a uma maior temperatura que a ardósia e a tábua, que estão à temperatura ambiente. A temperatura do nosso corpo é maior porque em nosso metabolismo ocorrem diversas reações que mantêm essa temperatura próxima de 36 ºC. Sendo assim, quando o nosso corpo entra em contato com outro corpo à diferente temperatura, haverá transferência de energia, sob a forma de calor, do corpo com temperatura maior para o corpo com temperatura mais baixa. Essa transferência será maior no caso da ardósia, pois esta é melhor Q condutora térmica do que a U madeira.

I

Sistema B → TB

A energia é transferida do corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura.

Essa transferência acontece apenas do corpo de maior temperatura para o corpo de temperatura mais baixa. Por que isso ocorre? O que acontece é que costumamos achar que um corpo possui calor. Isso é errado! O que um corpo possui é energia interna, que será tanto maior quanto maior for a sua temperatura. Desse modo, quando colocamos dois corpos a diferentes temperaturas em contato, eles tendem a atingir o equilíbrio térmico, ou seja, haverá passagem de energia de um corpo para o outro de modo que eles igualem suas temperaturas. Podemos entender agora o funcionamento de um medidor de temperatura − o termômetro. Quando colocamos um termômetro em uma criança para ver se ela tem febre, estamos colocando dois corpos a diferentes temperaturas em contato de modo que eles atinjam o equilíbrio térmico e igualem suas temperaturas. Se o corpo no qual o termômetro for colocado estiver a uma temperatura maior do que esse, então o corpo irá transferir energia para o termômetro, e o líquido dentro deste receberá a energia e se expandirá até uma determinada marca. Se o corpo em que o termômetro for colocado estiver a uma temperatura menor que esse, então o termômetro irá transferir energia para esse corpo e seu líquido irá diminuir de volume até uma determinada marca.

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G6. Como um automóvel obtém energia para se movimentar? T E R M O Q U Í M I C A

O que estuda a Termoquímica? O princípio de funcionamento do termômetro é o equi­líbrio térmico.

Na ciência, não existe o conceito de “frio”, apenas o de calor. De acordo com a ciência, quando nos agasalhamos, estamos evitando que nosso corpo perca energia para o ambiente. Desse modo, não existe um agasalho ou cobertor mais “quente” do que outro. A diferença entre eles é a capacidade de impedir que a energia “saia” do nosso corpo.

Para trabalhar em grupo − atividades iniciais G3. Cite exemplos de alimentos considerados calóricos.

G4. A gasolina e o álcool são combustíveis bastante usados. Qual combustível é considerado renovável? Por quê?

A termoquímica é a parte da Química que estuda o calor envolvido em reações e também em processos físicos. Podemos usar a termoquímica para calcular, por exemplo, a energia gasta em exercícios físicos, o poder calórico dos alimentos, a energia envolvida em transformações como queima de açúcar ou mesmo uma simples mudança de estado, como a fusão de um metal. Hoje em dia, as pessoas se preocupam mais com a alimentação e com atividade física em busca de uma vida mais saudável. Podemos usar a termoquímica para calcular o poder calórico de uma refeição, com base no poder calórico de cada alimento consumido. Sabemos que uma dieta ideal é aquela em que há um equilíbrio entre os tipos de alimentos ingeridos, pois assim estaremos garantindo um bom funcionamento do nosso organismo como um todo. Existem processos classificados como endotérmicos e processos classificados como exotérmicos. Os processos endotérmicos ocorrem com absorção de energia, e os exotérmicos, com liberação de energia. Um processo endotérmico pode ser equacionado da seguinte forma: A + energia → B A energia somada do lado esquerdo da equação indica que ela está sendo absorvida. Exemplos de processos endotérmicos: Fusão de um metal: Fe(s) + calor → Fe() Evaporação da água líquida: H2O() → H2O (v)

G5. Cite exemplos de fontes energéticas usadas pelo nosso organismo.

Os processos exotérmicos também podem ser representados por uma equação. Veja a representação a seguir. X → Y + energia

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A energia somada do lado direito da equação indica que ela está sendo liberada. T E R M O Q U Í M I C A

Exemplos de processos exotérmicos: Queima de gás hidrogênio produzindo água: H2(g) + ½ O2(g) → H2O() Condensação do vapor de água: H2O(v) → H2O() Queima de carvão em uma churrasqueira. C(graf) + O2(g) → CO2(g) Veja a figura que se segue. Alexandre Costa

A energia liberada na queima do carvão é usada para assar a carne do churrasco.

Para compreendermos melhor os processos endotérmicos e exotérmicos, devemos compreender o conceito de entalpia. Chamamos de entalpia o conteúdo energético de um sistema. Essa grandeza vai ser representada pela letra H. Quando classificamos um processo como endotérmico, dizemos que a variação de entalpia do sistema foi maior que zero. Se o processo for exotérmico, a variação de entapia será menor que zero. Veja a representação: ∆H (variação de entalpia) ∆H = Entalpia final – Entalpia inicial Se a entalpia final for maior do que a entalpia inicial, o processo será endotérmico, e o ∆H será positivo. ∆H > 0

Hfinal > Hinicial Hproduto > Hreagente

∆H < 0

Hfinal < Hinicial Hproduto < Hreagente Processo exotérmico

Observando os esquemas, podemos concluir que a variação de entalpia é, na verdade, um saldo de energia. O processo é endotérmico quando o saldo energético é positivo, ou seja, o ambiente externo fornece energia ao sistema para que a transformação ocorra. O sistema final terá maior energia do que o sistema inicial. No caso do processo exotérmico, o que ocorre é o contrário, o sistema final tem menor energia do que o sistema inicial, e o ambiente externo recebe energia da transformação ocorrida. Para ficar mais claro, vamos discutir dois exemplos. Exemplo 1 transformação endotérmica Quando passamos em nosso braço um algodão embebido em álcool, sentimos frio. Isso ocorre porque o álcool, ao evaporar, retira energia, sob a forma de calor, do nosso corpo. O fenômeno ocorrido foi evaporação. No caso, nós funcionamos como o ambiente externo, fornecendo energia, sob a forma de calor para que a transformação ocorresse. Exemplo 2 transformação exotérmica Quando queimamos madeira em um fogão a lenha, sentimos o calor da queima quando estamos próximos ao fogão. O fenômeno que está ocorrendo é a queima da madeira. Essa queima libera energia para o meio externo e nós, que estamos nesse meio externo, sentimos o calor proveniente da queima da madeira.

Interpretando o sinal do ∆H O sinal do ∆H, como pudemos observar, pode ser positivo ou negativo. Se o sinal for positivo, significa que houve absorção de energia e, se for negativo, significa que houve liberação de energia. Podemos concluir, portanto, que o sinal nos indica o sentido do fluxo de energia. Pelo sinal podemos saber se houve absorção ou liberação de energia em um dado processo. Graficamente, teremos: H

Reagentes

Processo endotérmico

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Se a entalpia final for menor do que a entalpia inicial, o processo será exotérmico, e o ∆H será negativo.

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Produtos

Processo exotérmico ∆H < 0

Caminho da reação

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MARIA FERNANDES RITA GONÇALVEZ

LÍNGUA PORTUGUESA 8.º ANO / 7.ª SÉRIE NOME: _______________________________________ ______________________________________________ ESCOLA: _____________________________________ TURMA: ______________________________________


unidade 01


crĂŠdito: Fotomontagem

viaGens


sumÁrio ViaGenS ....................................... 002 HiSTÓRiaS SOBRe ViaGenS ............................ 005 ROTeiRO de ViaGeM ...................................... 021 SÃO PauLO - SanTOS, ida e VOLTa .................. 027 OS SiGniFiCadOS daS PaLaVRaS .................... 033

crédito: Fotomontagem

Os gêneros textuais desta unidade alternam-se entre narrativo e informativo, sendo dado a este último um enfoque até então não trabalhado: roteiro de viagem, ressaltando pontos turísticos, passeios e até dicas de gastronomia. Os textos narrativos são ponto de partida para o estudo de elementos próprios de uma narração, como os dois tipos de discurso existentes e a descrição dos sentimentos de um protagonista. Nessa linha, o aluno é convidado a fazer um relato pessoal, fi xando o trabalho de estrutura narrativa analisado durante a unidade. O último capítulo, destinado ao estudo da gramática normativa, oferece a oportunidade de observar palavras semelhantes dentro da Língua Portuguesa, bem como os contextos em que elas se encaixam.


CaPÍTuLO 01

Histórias sobre viagens Ponto de partida Você gosta de viajar? Gosta de conhecer outros lugares, costumes e pessoas diferentes? Mas, nem sempre as viagens são de lazer. Muitas vezes, envolvem motivos de trabalho, embora tenham um gosto de aventura. Leia os textos e conheça duas histórias sobre viagens.

Adeus Itália Finalmente, chegou o dia. minha tia me vestiu e vovô vincenzo me tomou pelas mãos. era como se fosse novamente caminhar na neve com ele. só que agora havia um mar, um grande mar a minha espera. subimos no carro puxado por fortes cavalos que nos levaria até cosenza, a grande cidade onde tomaríamos o trem que nos levaria a nápoles, onde eu tomaria o barco que me levaria a Gênova, onde um grande navio me levaria ao brasil. longa e desconhecida viagem, em que iria ter a companhia de meu avô só até um certo ponto, quando eu e meu irmão seríamos entregues aos cuidados de uma comadre e um compadre que também estavam indo para a américa. a viagem de trem foi a primeira novidade. enquanto caetaninho corria como um serelepe pelo vagão, eu ia muito quieta, ao lado de vovô vicenzo, olhando pela janelinha aqueles campos da Calábria dos quais estava me despedindo para sempre. Ali iam ficar meus ninhos de passarinhos, meus brincos de cereja, minhas romãs encantadas, as nogueiras e os trigais. Ficariam também, como haviam ficado as de minha mãe, minhas pegadas sobre as pedras do calçamento da saracena. Chegamos finalmente à cidade de Nápoles, movimentada como todo porto de mar. eu arregalava os olhos deslumbrada. e me sentia um pouco ingrata por estar esquecendo tão depressa tudo o que ia ficando para trás. Tudo. Porque até o xalinho que vovó catarina tricotara um dia para mim desapareceu de minhas costas enquanto eu andava pelas ruas de nápoles. será que sant’anna havia me tirado dos ombros todo o peso do passado, ou será que me haviam roubado a última recordação de minha avó que eu guardava comigo? não sei. só sei que, no porto, vovô vincenzo me pegou no colo e me entregou aos braços de um marinheiro, que me pôs a bordo. e quando ouvi o apito triste do vapor dando saída e, da amurada, fui vendo meu avô ficar muito pequeno à medida que aumentava a distância entre o mar e o cais, tive um aperto no coração e, nos olhos, uma sensação esquisita: seria um lenço branco que ele acenava de longe para mim, ou eram flocos de neve caindo de seus olhos e de suas mãos? rce09-18p-l1

LAURITO, Ilka Brunhilde. A menina que fez a América. 10. ed. São Paulo: FTD, 1995 p. 80-81

unidade 01 | capítulo 1 | histÓrias sobre viaGens

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O viajante o meninozinho tomou o ônibus na sua cidade do estado do rio, onde nascera e se criara, e foi trazido para a mãe a fim de ver a cidade grande nos seus esplendores de natal. embora não fosse habitué de tais passeios, mantinha-se sossegado e digno, espiando discretamente a paisagem a correr atrás da vidraça. a mãe é que lhe traía a condição de noviço, muito solícita, todo o tempo a apontar, mormente depois que entraram pela avenida brasil. olha a igreja da penha! olha o balneário de ramos! Olha a ponte do Galeão, filhinho! Olha Manguinhos! E, ou porque não o interessassem urbanística e arquitetura, ou porque lhe desagradassem demonstrações em público, o garoto, em vez de embasbacar para os sítios apontados, olhava de viés a mãe, talvez lhe sugerindo que calasse a boca. Ele afinal não era cego. O que o interessou mais foi o Cemitério do Caju, que ficou a acompanhar longamente, chegando mesmo a ajoelhar-se no assento. o gasômetro também lhe despertou interesse e lhe arrancou uma pergunta – em voz baixa – se aquilo era uma caldeira. e onde é que estava o motor? Saltaram na Praça Mauá. Tomaram um táxi que os levou à casa da tia, na avenida copacabana. na longa viagem de automóvel, ao atravessar a avenida presidente vargas, ele perguntou se era ali o maracanã; desiludido, dedicou-se inteiramente ao estudo do relógio do táxi que evidentemente o fascinava. não quis saber da praça paris, nem dos arranha-céus do Flamengo, nem do bondinho do pão-de-açúcar. a mãe, de início, lhe explicara o mecanismo da bandeirada e a marcha dos quilômetros no mostrador, traduzidos em dinheiro. por brincadeira lhe dissera que ele é que iria pagar a corrida. a cada cruzeiro que aumentava, o pequeno levava nervosamente a mão ao bolso da calça, onde guardava, bem dobradinha, uma nota de cem cruzeiros, que a madrinha lhe dera à despedida para “desmanchar em brinquedos”. ao entrarem no túnel – o relógio estava na casa dos trinta – tão entretido vinha ele com o problema econômico que só se deu de si quando já estava lá dentro: a princípio cuidou que passavam por dentro de uma casa – talvez uma estação; o ruído do eco lá embaixo era de fazer medo e a palavra “túnel” que a mãe gritou não lhe significava nada. Ao sair, ressabiado, olhou pela vidraça de trás – e pior ainda lhe pareceu aquele buraco cavado nas entranhas do morro. Gostou do elevador, adorou. infelizmente não consentiam que passeasse nele tanto quanto seu coração pedia. mas detestou o apartamento. sentia-se enjaulado ali dentro, topando com uma parede a cada dez passos, sem uma nesga de ar livre defronte do nariz. talvez apreciasse melhor a vertigem daquele décimo primeiro andar de altitude se o deixassem debruçar-se ao peitoril das varandas. Mal conseguiu, porém, ficar a olhar por um momento, ajoelhado numa cadeira enquanto a mãe o sustinha pelos suspensórios. várias vezes tentou espiar escondido, mas sempre havia por perto um delator. o mais que obteve em paga de seus esforços foi uma palmada e cinco cascudos. interpelado pela tia se não gostava de morar num arranha-céu, respondeu que talvez gostasse se pudesse morar “por fora”. É dado a essas frases lacônicas e meio herméticas. Teve várias delas, aqui no Rio. Por exemplo, atravessando o rush das seis horas, no Flamengo, tentaram maravilhá-lo com aquela quantidade prodigiosa de automóveis (veículos a que ele dedicava comovedora paixão). – Veja, filhinho, tanto automóvel, chega a perder de vista. Ele indagou se tinha mil. A tia afirmou que positivamente tinha mais de mil – bem uns dez mil. O pequeno abanou a cabeça, descrente: não há nada que seja mais de mil. até dinheiro só tem até mil. ele viu a nota e o pai lhe disse que era o maior de todos os dinheiros. a outra insistiu – pois ali tinha, sim; quem sabe mais, até trinta mil. e ele, com a vista no rio de dorsos negros, deslizantes: – pois se fosse só mil, chegava. QUEIROZ, Rachel de. Para gostar de ler – Cenas brasileiras. São Paulo: Ática, 2000.

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línGua portuGuesa 8.° ano | livro 1


Leitura Leia os textos, silenciosamente. Depois, reúna um grupo de colegas. Vocês vão preparar os textos para serem lidos em voz alta, em público. Primeiro, criem símbolos para os seguintes signifi cados:

AMENTE ENTANDO A VOZ – FALANDO PAUSAD PAUSA – EM TOM MAIS BAIXO – AUM

Depois, leiam com atenção os textos e coloquem os símbolos nos trechos, de tal maneira que ajudem a mostrar como deve ser a leitura. Experimentem fazer a leitura em voz alta, observando as indicações dos símbolos. Façam um ensaio, escolham as partes que cada aluno lerá e apresentem para a classe. Quando terminarem, façam uma avaliação da atividade, anotando o desempenho de cada aluno do grupo e verifi cando o que pode ser melhorado. Essa técnica vocês poderão usar quando forem ler textos em público ou forem fazer apresentações de seminários.

discussão de idéias

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Discuta com seu professor e seus colegas as semelhanças e diferenças entre os textos “Adeus Itália” e “O viajante” O professor listará tudo o que for apontado por vocês, formando na lousa duas colunas (semelhanças e diferenças) que, posteriormente, vocês anotarão no caderno.

unidade 01 | capítulo 1 | histÓrias sobre viaGens

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Os sentidos das palavras 1. Como é a linguagem usada em cada um dos textos?

2. Leia a lista de palavras a seguir e sublinhe somente as que estão relacionadas com “meios de transportes”, presentes nos textos.

AMURADA ASSENTO AUTOMÓVEL BANDEIRADA BORDO BRINCOS CARRO CAVALOS CEMITÉRIO CAIS

ELEVADOR GAROTO JANELINHA MÃE MARINHEIRO MORRO MOSTRADOR NATAL NAVIO NEVE

OLHOS ÔNIBUS PORTO TÁXI TIA TREM VAGÃO VAPOR VIDRAÇA VOVÔ

3. Releia o texto “Adeus Itália”, observe o contexto e escreva um sinônimo para as palavras listadas a seguir. Só consulte um dicionário se não conseguir descobrir o signifi cado da palavra pelo contexto. Serelepe

Porto de mar

Deslumbrada

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Acenava

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línGua portuGuesa 8.° ano | livro 1


unidade 03


CaPÍTuLO 01

Poesia romântica

Antônio Parreiras, 1909

iracema

Soneto pálida, a luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, como a lua por noite embalsamada, entre as nuvens do amor ela dormia! era a virgem do mar! na escuma fria pela maré das água embalada... — era um anjo entre nuvens d’alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia! era mais bela! o seio palpitando... negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no leito resvalando...

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não te rias de mim, meu anjo lindo! por ti — as noites eu velei chorando por ti — nos sonhos morrerei sorrindo! AZEVEDO, Álvares de. Lua dos vinte anos. São Paulo: FTD, 1994 p.72

unidade 03 | capítulo 1 | poesia romÂntica

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O Navio Negreiro [...] senhor deus dos desgraçados! dizei-me vós, senhor deus! se é loucura... se é verdade tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas co’a esponja de tuas vagas de teu manto este borrão?... astros! noite! tempestades! rolai das imensidades! varrei os mares, tufão! Quem são estes desgraçados, Que não encontram em vós, mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Quem são?... se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala como um cúmplice fugaz, perante a noite confusa... dize-o tu, severa musa, musa libérrima, audaz!... [...] são mulheres desgraçadas, como agar o foi também. Que sedentas, alquebradas, de longe... bem longe vêm... trazendo com tíbios passos, Filhos e algemas nos braços, n’alma — lágrimas e fel. como agar sofrendo tanto, Que nem o leite de pranto têm que dar para ismael...

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Lá nas areias infindas, das palmeiras no país, nasceram crianças lindas,

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viveram moças gentis... passa um dia a caravana Quando a virgem na cabana cisma da noite nos véus ... ... adeus, ó choça do monte... ... adeus, palmeiras da fonte!... ... adeus, amores... adeus!... depois, o areal extenso... depois, o oceano de pó... depois no horizonte imenso desertos... desertos só... [...] dança a lúgubre corte senhor deus dos desgraçados! dizei-me vós, senhor deus! se eu deliro... ou se é verdade tanto horror perante os céus... Ó mar, por que não apagas co’a esponja de tuas vagas do teu manto este borrão?... astros! noite! tempestades! rolai das imensidades! varrei os mares, tufão! ... existe um povo que a bandeira empresta p’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... e deixa-a transformar-se nessa festa em manto impuro de bacante fria!... meu deus! meu deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia?... silêncio... musa! chora, chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... auri-verde pendão de minha terra, Que a brisa do brasil beija e balança,

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estandarte que a luz do sol encerra e as promessas divinas da esperança... tu, que da liberdade após a guerra Foste hasteado dos heróis na lança, antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!... Fatalidade atroz que a mente esmaga!... extingue nesta hora o brigue imundo o trilho que colombo abriu na vaga, como um íris no pélago profundo!... ...mas é infâmia demais! ... da etérea plaga levantai-vos, heróis do novo mundo... andrada! arranca esse pendão dos ares! colombo! fecha a porta dos teus mares! CASTRO ALVES, Antônio. Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1972. Fragmento.

Leitura Mais do que ser lida, uma poesia deve ser declamada, transmitindo a quem ouve a emoção e o ritmo que o poeta colocou no texto. Organizem um jogral para fazer a leitura desses textos poéticos. Cada grupo lerá um ou mais versos. Fiquem atentos à entonação, para que a declamação seja compreendida pelos ouvintes.

discussão de idéias 1. O texto poético é uma leitura que agrada a você? Justifi que sua resposta.

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2. Os dois poemas apresentados têm temáticas diferentes. Qual mais lhe agradou e por quê?

unidade 03 | capítulo 1 | poesia romÂntica

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Produção 1. Escolha um dos dois poemas e, considerando o assunto de cada um, reescreva-o trocando o gênero textual, isto é, escreva em forma de prosa narrativa em 1ª pessoa, inserindo discurso direto ou indireto. Procure usar uma linguagem menos rebuscada e mais acessível. Altere o título se achar conveniente e, ao fi nalizar, faça a revisão de seu texto de forma criteriosa: • verifi que a divisão dos parágrafos, considerando a estrutura: introdução, desenvolvimento (confl ito) e desfecho; • fi que atento à repetição de termos ou de palavras, eliminando-os ou substituindo-os quando possível; • verifi que se os verbos foram empregados de acordo com as pessoas do discurso, considerando o singular e o plural; • verifi que se a pontuação do discurso direto foi empregada corretamente; • observe se o título está adequado e dentro do contexto; • verifi que se o foco narrativo foi seguido em todos os momentos.

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Após revisar e passar o texto a limpo, combinem, juntamente com o professor, um momento para leitura e apreciação dos textos.

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CaPÍTuLO 02

O homem nu

ao acordar, disse para a mulher: – Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum. – explique isso ao homem – ponderou a mulher. – não gosto dessas coisas. dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier, a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. deixa ele bater até cansar – amanhã eu pago.

unidade 04 | capítulo 2 | o homem nu

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O Homem nu


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pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. enquanto ão ç a g l u esperava, resolveu fazer um café. pôs a água a ferver o / Div roduçã ção e P a c i e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. como estivesse n u m Mac Co completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento. Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. bateu com o nó dos dedos: – maria! abre aí, maria. sou eu – chamou, em voz baixa. Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro. enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... desta vez, era o homem da televisão! não era. refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão: – maria, por favor! sou eu! desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão. mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer. – ah, isso é que não! – fez o homem nu, sobressaltado. e agora? alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado regime de terror! – isso é que não – repetiu, furioso. Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. depois, experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: “Emergência: parar”. Muito bem. e agora? iria subir ou descer? com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. o elevador subiu. – maria! abre esta porta! – gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. ouviu que outra porta se abria atrás de si. voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. era a velha do apartamento vizinho: – bom dia, minha senhora – disse ele, confuso. – imagine que eu... a velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito: Ó- valha-me deus! o padeiro está nu! e correu ao telefone para a chamar a radiopatrulha: – tem um homem pelado aqui na porta! outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:

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– É um tarado! – olha, que horror! – Não olha não! Já pra dentro, minha filha! Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem lembrar do banho. poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta. - deve ser a polícia – disse ele, ainda ofegante, indo abrir. não era: era o cobrador da televisão. SABINO, Fernando. O homem nu. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960, p.65

as idéias do texto 1. Observe um signifi cado de “conto”, que aparece no dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: in: http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=conto&stype=k

“Narrativa breve e concisa, contendo um só conflito, uma única ação (com espaço ger. limitado a um ambiente), unidade de tempo, e número restrito de personagens” Explique por que o texto “O homem nu” pode ser classifi cado como “conto”.

unidade 04 | capítulo 1 | o homem nu

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U T R T A E A R T R E I T ITE A L A L UR UR T T L A A A R R R E E IT TU L RA E T I L HUMANISMO

Carlos Straccia, Maria Fernandes e Naiara Raggiotti

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A R R A TU U R T TU RA A R RA TE RA E T TE -LI U LI ATU RATE U R T I E L AT R A E R IT L AUTORIA

• Carlos Straccia - Formado em Letras pela Universidade de São Paulo. Doutor em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo. Professor da área de Língua Portuguesa (Ensino Médio) e de Comunicação (Ensino superior).

• Maria Fernandes − Licenciada em Letras e Pedagogia pela USP – Universidade de São Paulo. Especialista em Alfabetização e Ensino de Línguas em Buenos Aires. Especialista em Piscologia Histórico - Cultural na Universidade Complutense de Madrid.

• Naiara Raggiotti − Autora de livros infantis, didáticos e paradidáticos e editora. Bacharelada em Comunicação Social com habilitação em Editoração pela ECA-USP. Coordenadora editorial de obras literárias de referência em Língua Portuguesa

Humanismo ............................................................... 1 Professora Angela Christina Souza Alves Irmã Bernadette Marsaro, OSF Irmã Hermengarda Martins, RSCJ Irmão Manoel Alves, FMS - Presidente Irmã Marlene Frinhani, CDP Irmã Olmira Dassoler, SSpS Professor Ricardo Alencar Ribeiro Maria Regina de Araújo Lima Veado

Luciana Pagani Montenegro

Pax Editora

Ponto de partida ........................................................ 2 O Humanismo: O homem no centro do mundo ................... 4 DIRETORIA EXECUTIVA

O Humanismo em Portugal ............................................ 4 A historiografia de Fernão Lopes ..................................... 4 A poesia palaciana ...................................................... 7

COORDENAÇÃO EDITORIAL

O teatro de Gil Vicente ................................................ 9

REVISÃO

Para ir além ............................................................. 16

Exercitando ............................................................. 12

PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA

Hélio Martins

PROJETO GRÁFICO

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Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total e parcial. Pax Editora Ltda. Avenida do Contorno, 6321 – 10.º andar Savassi – Belo Horizonte – Minas Gerais CEP: 30110-110

Ficha Catalográfica Straccia, Carlos Humanismo/Carlos Straccia, Maria Fernandes e Naiara Raggiotti. Belo Horizonte: PAX Editora, 2010. ISBN 978-85-7938-184-3 1. Humanismo (Literatura) 2. Literatura (Ensino médio) I. Fernandes, Maria. II. Raggiotti, Naiara. III. Título. 09-11416 CDD-807 Índices para catálogo sistemático: 1. Literatura : Ensino médio 807

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A R U

E T LI

T A R

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HUMANISMO Representação plana do sistema de Copérnico feita pelo cartógrafo do século XVII Andreas Cellarius (1596-1665). Nicolau Copérnico (1473-1543) ousou afirmar que a Terra girava em torno do Sol, ao contrário do que se acreditava até então. A

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Humanismo

mentalidade medieval começava a ceder espaço ao pensamento renascentista.

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Photos.com

Gramática do Ensino Médio Humanismo Artigo e Numeral

PONTO DE PARTIDA O período humanista corresponde, historicamente, ao final da Idade Média e início da Idade Moderna. Com o crescimento das cidades e o fortalecimento do comércio, o rígido sistema feudal havia enfraquecido. A sociedade, antes formada por nobreza, clero e servos, tinha ganhado agora uma nova classe social: a burguesia, composta por artesãos e comerciantes. Aos poucos, os servos se tornavam livres, os senhores feudais perdiam suas terras e o rei ― figura simbólica durante a Idade Média ― recuperava seu poder, aliando-se aos burgueses. Com tanto progresso, o homem percebia que, mesmo temente a Deus, podia caminhar com as próprias pernas, ir em busca de si mesmo e de novas descobertas. É nessa época que se iniciam as Grandes Navegações. Inicialmente patrocinadas por Portugal e Espanha, tinham como objetivo ampliar a rede de comércio e conquistar novos territórios. Com essa mentalidade, iniciava-se um longo processo de mudanças econômicas, sociais e religiosas. A Igreja, mesmo contrária ao pensamento antropocêntrico, via nas grandes navegações uma oportunidade para conquistar novos fiéis. A curiosidade humana aliada a lendas, mitos e relatos ― como as histórias de Marco Polo ― que passaram a povoar o imaginário popular aguçavam o espírito aventureiro e ambicioso dos navegantes. O progresso estimulava a criatividade e as invenções. Inúmeros instrumentos foram aperfeiçoados ou criados, como o astrolábio, a bússola e os mapas. O desenvolvimento da imprensa (1452), acelerado por Gutenberg (c. 1400-1468), contribuiu para a divulgação dos estudos humanistas e dos conhecimentos que, aos poucos, o homem conquistava. No contexto histórico português, o Humanismo corresponde ao conturbado século XV. A Revolução Popular de 1383 tinha acabado de derrubar a dinastia de Borgonha e levar ao trono a dinastia de Avis, na figura de D. João I, grão-mestre da ordem de Avis. D. João I era conhecido como um rei culto e empreendendor. Graças a ele, a expansão ultramarina de Portugal ganhava impulso.

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umo o tio r e i a p o es a u com ando, 17 del l. i t r a p anos, s viaj mongo Aos 15 assou 24 ano , imperador ete, a P ib an à Ásia. e Klublai Kh ganistão, o T voltar d e f o A . Ao serviç hina, o s territórios v iagens C a u e o , As Conhec muitos outr m livro ripécias e u e u a e i v u e Turq escr as pe e eneza, contando su culturas qu V a r a p s , e a o r l b o e s so co P res de Mar ndo os luga controvérsia lguns , ve a a descre . Há, porém elatos. Par s r eu o todo s conhec dade de seu eria visitad tórias t is ci a vera os, ele não rte de suas h ntes. a s o p a i ja estudi ares, e boa utros v o r o g p u esses l ido contadas s m a teri QUEM

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Humanismo

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QUEM FOI… JOHANNES GUTENBERG (c. 1400-1468) Pouco se sabe sobre a vida de Gutenberg. Nasceu entre 1393 e 1405 na cidade de Mogúncia (Alemanha) e é considerado o inventor dos tipos móveis de chumbo fundido, que substituíram os tipos de madeira usados na época. Mais resistentes, os tipos de metal podiam ser reutilizados e permitiram a produção em massa de livros no Ocidente. A Bíblia foi o primeiro livro impresso por Gutenberg, um processo que teve início em 1450 e só se concretizou cerca de quatro anos mais tarde.

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Gramática do Ensino Médio Humanismo Artigo e Numeral

MOMENTO LITERÁRIO O HUMANISMO: O HOMEM NO CENTRO DO MUNDO Leonardo Da Vinci

O Humanismo nasceu na Itália, no final do século XIII. Em oposição à mentalidade feudal, foi um movimento caracterizado por valorizar a conduta humana, os valores racionais e mundanos. Se Deus e a Igreja eram o centro do Universo durante toda a Idade Média, o Humanismo agora subverte essa ordem, elevando o homem à posição de centro do mundo.

A HISTORIOGRAFIA DE FERNÃO LOPES

Pouco se sabe a respeito da vida de Fernão Lopes. É provável que tenha nascido em 1380 e falecido em 1460. Escrivão, ocupou cargos públicos de confiança antes de ser nomeado guardamor da Torre da Tombo (em linguagem atual, chefe do arquivo geral do Estado). Em 1434, Fernão Lopes foi promovido por Dom Duarte ao cargo de cronista-mor do reino, encarregado de contar, Da mesma forma, a por escrito e oficialmente, literatura passa a osa história dos reis de Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci cilar entre a preservaPortugal. Exerceu o cargo ção de valores medievais e a exaltação de novos até 1454, quando foi substituído por Gomes Eanes valores e costumes. Se, durante a Idade Média, a de Zurara (ou Azurara). literatura trovadoresca se caracterizava pela oralidade, a partir do Humanismo a língua literária Ainda em português arcaico, Fernão Lopes descreve escrita se desenvolve, e o galego-português dá lu- em detalhes a vida na corte e acaba por revelar gar à língua portuguesa. a mentalidade, os usos e costumes da sociedade portuguesa. Apesar da tarefa burocrática de contar os feitos e a vida de reis, as crônicas de Fernão Lopes são dinâmicas, com momentos de tensão, cortes e diálogos com o leitor e entre os personagens.

O HUMANISMO EM PORTUGAL

Para a literatura portuguesa, o período conhecido como Humanismo se inicia em 1418, quando Dom Duarte nomeia Fernão Lopes para as funções de guarda-mor da Torre do Tombo, e termina em 1527, quando Sá de Miranda, ao retornar da Itália, traz na bagagem a nova estética clássica, que transformaria a literatura portuguesa. Didaticamente, pode-se dividir a produção humanista portuguesa em: •

Prosa: crônicas históricas de Fernão Lopes

Poesia: poesia palaciana

Teatro: dramaturgia de Gil Vicente

De forma simples e bem documentada, é provável que tenha escrito crônicas de todos os reis de sua época, mas chegaram até nós apenas três delas, que puderem ter a autenticidade confirmada. São elas: • Crônica de D. Pedro ― Traça o perfil psicológico de D. Pedro e ficou famosa por narrar os episódios sobre Inês de Castro. • Crônica de D. Fernando ― Reconstitui o reinado de D. Fernando e se estende até a Revolução de Avis. • Crônica de D. João I ― Considerada a obraprima de Fernão Lopes, descreve um dos períodos mais conturbados da história de Portugal.

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FIQUE ATENTO!

Humanismo

A palavra “crônica”, nesse caso, tem sentido difer ente do que hoje lhe atribuímos. Na Idade Média, “crônica” era o nome que se dava à narração dos feitos da nobreza ou de fatos históricos apresentados segundo uma ordem cronológica. A partir do século XIX, grandes escritores passaram a usá-la para refletir sobre temas da vida política, social e cotidiana. Por isso, atualmente,o termo “crônica” define um gênero literário breve, em geral narrativo, cuja trama e motivos são extraídos de fatos corriqueiros.

VOCÊ SABIA? Stock.Xchng

Estado Português há mais de seiscentos A Torre do Tombo é o nome do arquivo central do diretor do arquivo, hoje oficialmente anos. Fernão Lopes foi o quarto guarda-mor, ou seja, do Tombo. denominado Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre

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Gramática do Ensino Médio Humanismo Artigo e Numeral

PARA LER E DISCUTIR Crônica de D. Pedro Em três cousas, assinadamente, achamos, pela mor parte, que el-Rei D. Pedro de Portugal gastava seu tempo. A saber: em fazer justiça e desembargos do Reino; em monte e caça, de que era mui querençoso; e em danças e festas segundo aquele tempo, em que tomava grande sabor, que adur é agora para ser crido. E estas danças eram a som de umas longas que então usavam, sem curando de outro instrumento, posto que o aí houvesse; e se alguma vez lho queriam tanger, longo se enfadava dele e dizia que o dessem ao demo, e que lhe chamassem os trombeiros. Ora deixemos os jogos e festas que el-Rei ordenava por desenfadamento, nas quais, de dia e de noite, andava dançando por mui grande espaço; mas vede se era bem saboroso jogo. Vinha el-Rei em batéis de Almada para Lisboa, e saíam-no a receber cidadãos, e todos os dos mesteres, com danças e trebelhos, segundo então usavam, e ele saía dos batéis, e metia-se na dança com eles, e assim ia até o paço.

GLOSSÁRIO Assinadamente ― notadamente. Querençoso ― apreciador. Adur ― apenas. Longas ― trombetas. Mesteres ― ofícios. Trebelhos ― jogos, bailados.

VOCÊ SABIA? é filho de Afonso IV, ou seja, o mesmo que O personagem D. Pedro da crônica de Fernão Lopes Os lusíadas, de Luís Vaz de Camões. O pai se apaixonou por Inês de Castro, romance narrado em ou matar Inês. Enfurecido e indignado, de D. Pedro não aceitava o romance e, por isso, mand ou que fossem executados. Esse ato D. Pedro, já no trono, aprisionou os assassinos e orden ceiro”, “O Cruel” e “O Vingativo”. Mas desesperado rendeu a D. Pedro os apelidos de “O Justi onado. Diz a lenda que ele teria coroado nada parecia ser capaz de diminuir a dor do rei apaix r a mão do cadáver; daí o surgimento do Inês depois de morta, obrigando os nobres a beija ditado popular: “Agora Inês é morta”.

1.

Quem é o protagonista do texto?

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Reprodução

Durante a Idade Média, as representações cênicas estavam vinculadas às cerimônias religiosas católicas e aconteciam dentro das igrejas, por ocasião de datas importantes, como o Natal, a Páscoa, etc. Essas representações nasciam da dramatização de textos bíblicos e tinham, portanto, um objetivo moral: eram feitas para ensinar ou reforçar as ideias e os dogmas católicos. Entre as principais modalidades cênicas da Idade Média, estavam os mistérios, os milagres e as moralidades. Os mistérios encenavam episódios da Bíblia ou da história de Cristo; os milagres tinham por função contar a vida de santos e seus feitos milagrosos; já as moralidades se inspiravam nas Sagradas Escrituras, mas não as utilizavam diretamente. Com claro simbolismo moral, apresentavam personagens pecadores, às voltas com questões que os afligiam e os levavam a sofrer terríveis punições, alertando os espectadores sobre os perigos do mal. Com o tempo, os espetáculos passaram a tratar também de temas não religiosos. Nasceram assim as farsas, peças satíricas que divertiam o público. As peças medievais também eram chamadas de autos. Gil Vicente, porém, parece ter se destacado na produção dramatúrgica medieval, passando para a história como o “criador do teatro português”. Pouco se sabe a respeito de sua biografia. Alguns estudiosos acreditam que ele tenha nascido em 1465 e falecido em 1537.

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A primeira peça de Gil Vicente, o célebre Monólogo do vaqueiro, foi encenada em 1502. Também conhecida como Auto da visitação, marca o início da carreira teatral do dramaturgo, que começaria de forma inusitada. Dona Maria de Castela havia acabado de dar à luz o futuro D. João III e Gil Vicente viu ali a sua oportunidade. Vestido de camponês e acompanhado de alguns figurantes, invadiu os aposentos da rainha e recitou seu auto. Escrita em castelhano, a peça expressava a alegria pelo nascimento do herdeiro do trono e desejava-lhe felicidades. A corte gostou da apresentação e, a partir desse momento, Gil Vicente passou a contar com a proteção real, que se estendeu pelos seus mais de trinta anos de carreira. Embora preso às tradições medievais e aos temas didático-moralizantes, o teatro de Gil Vicente procurou vasculhar as entranhas da sociedade com humor e senso crítico, criando tipos sociais que, mesmo planos e sem profundidade psicológica do ponto de vista teatral, conseguiam trazer à tona os valores da época, oferecendo um retrato fiel da sociedade de seu tempo e antecipando aspectos renascentistas, como a aguda capacidade de observação e o espírito crítico.

Humanismo

O TEATRO DE GIL VICENTE

Existem muitas formas de classificar as peças de Gil Vicente, mas, de modo geral, pode-se dividi-las em dois grupos: Autos — Tratam de temas religiosos e moralizantes ou pastoris. É o caso do Auto dos reis magos (1503), do Auto da fé e da famosa Trilogia das barcas: Auto da barca do inferno, Auto da alma e Auto da glória. Farsas — De caráter cômico, apresentam um ou mais tipos sociais. A Farsa do velho da horta e a Farsa de Inês Pereira são as mais conhecidas.

GALERIA DE PERSONAGENS VICENTINOS O teatro de Gil Vicente era popular, quase sempre satírico e moralizante. Para isso, ele buscava criar personagens típicos, sociais ou alegóricos. Veja alguns exemplos. Tipo sociais ― extraídos do cotidiano, são estereotipados, como o fidalgo, o rei, o clérigo, o burguês comerciante, o médico incompetente, a mulher adúltera, a moça casamenteira, o nobre decadente, o velho devasso, o parvo, o juiz desonesto, etc. Tipos alegóricos ― a alegoria é uma figura de linguagem caracterizada por representar de forma concreta ideias abstratas. No teatro vicentino, os principais personagens alegóricos são o Anjo e o Diabo, que, de acordo com o imaginário popular, simbolizam o Bem e o Mal.

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Gramática do Ensino Médio Humanismo Artigo e Numeral

MAIS VALE UM ASNO QUE ME CARREGUE QUE UM CAVALO QUE ME DERRUBE… Bastou esse ditado popular para que Gil Vicente conce besse a Farsa de Inês Pereira. Acusado de plagiar peças do teatro espanhol, o dramaturg o propôs um desafio, pedindo que lhe dessem apenas um mote, um tema, e ele escreveria uma peça sobre isso. E assim nasceu a farsa em que a protagonista, Inês Pereira, jovem esperta que sonha com a boa vida e um bom casamento. Rejeita o primeiro pretendente, Pero Marques, que, apesar da boa condição financeira, é grosseiro e simplório. Acaba se casan do então com Brás da Mata, escudeiro de índole má que a maltrata. Quando Brás da Mata morre na guerra, a viúva não pensa duas vezes e aceita casar-se com o antigo pretendente, Pero Marques, e o trai descaradamente, fazendo o ingênuo marido levá-la até o encontro de seu amante, justificando o ditado “Mais vale um asno que me carregue que um cavalo que me derrube”.

CRONOLOGIA DAS PEÇAS DE GIL VICENTE

1502 Auto d a visitaç ão ou monólo go do vaquei ro

1512

1515

Farsa do velho da horta

Quem tem farelos? Auto da Mofina Mendes (Mistérios da Virgem)

1517

1518 9

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da Auto o d barca rio ó t a purg

a o d Aut a da c bar ria gló

Auto da barca do inferno

1520 Auto d

a fama

1523 Farsa d e Inês Pereira

1532 Auto Lusit da ânia

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U T G A R U U O T G P R N O A GU P GU TU U N R T Í L PO OR P A A U U G G N Í L LÍNGUA NOSSA DE CADA DIA

Carlos Straccia, Maria Fernandes e Naiara Raggiotti

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E A A ES GU U G U U T N Í L TUGPOR ESA R A GU O P GU TU A N U Í R L PO ÍNG A L U AUTORIA

• Carlos Straccia – Formado em Letras pela Universidade de São Paulo. Doutor em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo. Professor da área de Língua Portuguesa (Ensino Médio) e de Comunicação (Ensino superior).

• Maria Fernandes – Licenciada em Letras e Pedagogia pela USP – Universidade de São Paulo. Especialista em Alfabetização e Ensino de Línguas em Buenos Aires. Especialização em Piscologia Histórico - Cultural na Universidade Complutense de Madrid.

• Naiara Raggiotti – Autora de livros infantis, didáticos e paradidáticos e editora. Bacharel em Comunicação social com habilitação em editoração pela ECA-USP. Atua como coordenadora editorial de obras literárias de referência em Língua Portuguesa.

CAPÍTULO 1 – COMUNICAÇÃO ........................................ 1

Professora Angela Christina Souza Alves Irmã Bernadette Marsaro, OSF Irmã Hermengarda Martins, RSCJ Irmão Manoel Alves, FMS - Presidente Irmã Marlene Frinhani, CDP Irmã Olmira Dassoler, SSpS Professor Ricardo Alencar Ribeiro Maria Regina de Araújo Lima Veado

Luciana Pagani Montenegro

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CAPÍTULO 2 – CÓDIGOS................................................ 7 DIRETORIA EXECUTIVA

CAPÍTULO 3 – NÍVEIS DE LINGUAGEM .............................. 13 COORDENAÇÃO EDITORIAL REVISÃO

CAPÍTULO 4 – GRAMÁTICA ............................................ 27

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Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total e parcial. Pax Editora Ltda. Avenida do Contorno, 6321 – 10.º andar Savassi – Belo Horizonte – Minas Gerais CEP: 30110-110

A S E

Ficha Catalográfica Straccia, Carlos Língua nossa de cada dia / Carlos Stracia, Maria Fernandes, Naiara Raggiotti.Belo Horizonte: PAX Editora, 2010.. ISBN 978-85-7938-185-0 1. Português (Ensino médio)I. Fernandes, Maria. II. Raggiotti, Naiara. III. Título. 09-10912 Índices para catálogo sistemático: 1. Português : Ensino médio 469.07

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CDD-469.07

T R O

P A

GU

U G U

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CAPÍTULO 3 nÍVEIS DE LInGUAGEM

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níveis de linguagem

Língua nossa de cada dia

As diferentes linguagens de época, em cada lugar

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níveis de linguagem

Língua nossa de cada dia

REFLEXÃO A língua tem um lado individual, isto é, cada pessoa usa-a numa situação de comunicação, e tem um lado social, porque pertence a todas as pessoas ao mesmo tempo.

Cada pessoa utiliza a língua de uma forma diferente, dependendo da situação, do grupo social a que pertence. Às variações de uma língua de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que ela é utilizada, damos o nome de variantes linguísticas. A variante é considerada adequada se for eficiente para a comunicação, naquela determinada situação.

APLICAÇÃO SITUAÇÕES DE COMUnICAÇÃO • • • • • 1.

aula de História carta ao prefeito da cidade conversa entre duas crianças receita de doce reportagem sobre clonagem de seres humanos

Leia os textos e identifique as situações de comunicação.

• Texto 1

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― Você tem o jogo RIDGE RACE 6? ― não. Já cansei de pedir, mas meu pai ainda não comprou. Disse que agora não tem dinheiro. É legal? ― É demais! Quer emprestado? Só que você precisa me devolver até sábado. ― Vem lá em casa jogar comigo? ― Tá legal! Amanhã depois da aula!

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• Texto 2 z, 05 de Porto Feli

ssimo Excelentí

setembro

de 2008.

feito

Senhor Pre

êm, por Versátil v io g lé o C do objetivo sino Médio xcelência, com o n E o d o n aE oa dimento do primeir audiência com Voss ra melhorar o aten s o n lu a s O r uma nitária pa a, solicita ção Comu A . e d o meio dest n la e Represa ntar um P irro Grand a B marcar o d de aprese o ã ntato para pulaç o o c p s a o d m e a d rd à saú ão e agua sua atenç m o c já e desd Contamos o ri rá . data e ho mente, Atenciosa s Saulo

níveis de linguagem

Língua nossa de cada dia

ldo Martin

era Doutor Ev

ersátil e Represa Colégio V irro Grand a B , 5 7 2 moreiras, Rua das A ns z, Tocanti Porto Feli 71-000 CEP – 056

• Texto 3

GENÉTICA – O PRÓXIMO!

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Grupo de pesquisadores rejeita alertas, menospreza riscos e afirma que iniciará em novembro uma experiência com 200 mulheres para produzir o primeiro clone humano. Começou a contagem regressiva para a mais ousada, arriscada e polêmica experiência biológica de todos os tempos. Anuncia-se agora a produção por clonagem de um ser humano em laboratório. Na semana passada, o médico italiano Severino Antinori e seus associados afirmaram durante uma reunião na Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, em Washington, que a primeira clonagem humana tem início em novembro. Duas centenas de voluntárias já contratadas terão implantados no útero embriões produzidos artificialmente por um método que só há poucos anos vem sendo tentado em animais, com resultados estatisticamente desencorajadores. Mesmo assim, o italiano vai tentar produzir a cópia idêntica de uma pessoa a partir de uma célula comum retirada da pele. Depois do anúncio, a França e a Alemanha pediram à ONU que inicie imediatamente um diálogo mundial para banir a clonagem de seres humanos. VEJA. São Paulo: Abr. 15 ago. 2001. (Fragmento)

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Língua nossa de cada dia

• Texto 4

Luciano Dias

Torta do Leo Ingredientes 10 colheres de farinha de trigo 10 colheres de açúcar 1 colher de fermento em pó 1 dúzia de bananas cortadas em rodelas 3 colheres de margarina derretida 3 gemas de ovos canela

Modo de fazer Misture a farinha de trigo, o açúcar e o fermento. Separe em partes. Numa forma desmontável, espalhe a primeira camada da mistura. A seguir, uma camada de banana. Coloque um pouco de manteiga derretida e polvilhe com canela. Faça uma segunda camada na mesma ordem, e assim sucessivamente, até atingir a última camada. Espalhe os ovos batidos sobre ela e polvilhe com mais canela. Leve ao forno médio por aproximadamente uma hora.

• Texto 5

O último elo O Homo sapiens, sapiens surgido entre 400 mil e 100 mil anos atrás é um dos últimos elos da corrente da espécie a qual todos nós pertencemos. Suas origens ainda não estão totalmente explicadas. Uma das teorias afirma que os seres humanos modernos (Homo sapiens) evoluíram ao mesmo tempo a ( partir de populações primitivas da África, Ásia e Europa, misturando-se uns aos outros geneticamente.

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Segundo os defensores dessa corrente, isso se justifica pelo fato de que, em determinadas regiões, populações humanas modernas possuem algumas estruturas anatômicas semelhantes a populações de Homo erectus que ali viveram no passado.

2.

Formal ou informal, escrita ou falada. A língua portuguesa se manifesta de maneira diferente nas várias regiões do país. São os falares regionais ou dialetos. Um gaúcho utiliza vocabulário e expressões diferentes de um nordestino ou amazonense.

níveis de linguagem

Disponível em: http://educacao.uol.com.br/historia/ult1704u60.jhtm (Fragmento). Acesso em: 08 dez. 2008.

Língua nossa de cada dia

Uma outra hipótese sustenta que uma pequena população relativamente isolada de seres humanos primitivos da África evoluiu até o Homo sapiens moderno e de lá se espalhou pela Europa, Ásia e restante do continente africano, desalojando as populações humanas primitivas que encontrava em seu caminho. Os cientistas defendem suas ideias baseando-se na análise do DNA de células de seres humanos de diferentes localidades do planeta.

A seguir, você tem textos de várias regiões do Brasil. Identifique a região, com base em seu conhecimento das várias culturas do nosso país. Se for necessário, consulte seu professor.

Trecho 1

Manha-Nungara (Waldemar Henrique)

Do alto palmar d’uma juçara Vem o triste piar da iumara Os tajás pelos terreiro estão chorando E no rio, resfolegando O boto-branco boiou Sentada na rede, cunha está rezando A reza que Manha-Nungara ensinou... Disponível em: http://cifrantigan2.blogspot.com/2006/12/ manha-nungara.html Acesso em: 08 dez. 2008.

Stock.xchng / MD Fotos / Rodrigues Bozzebom - ABr

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Língua nossa de cada dia

Trecho 2

Chitãozinho e chororó Eu não troco o meu ranchinho marradinho de cipó Pruma casa na cidade, nem que seja bangaló Eu moro lá no deserto, sem vizinho eu vivo só Só me alegra quando pia lá praquele escafundó É o inhambuchitão e o chororó, é o inhambuchitão e o chororó SERRInHA; CAMPOS, Athos.Inezita Barroso (Int.)

Trecho 3

Brasil de bombacha (Ângelo Marques/ Ricardo Marques/ Léo Ribeiro de Souza)

Mate quente ou mate gelado Chimarrão ou então tererê Os costumes vão sendo mesclados Num país com sotaque tchê

Quando bate a saudade Daninha Nos gaudérios tão longe de casa A cordeona resmunga num rancho E o churrasco respinga na brasa MARQUES, Ângelo; MARQUES, Ricardo;SOUZA, Leo Ribeiro.

Trecho 4

Pra gente aqui sê poeta e fazê rima compreta não precisa professô; basta vê no mês de maio um poema em cada gaio e um verso em cad fulo... In: BAGnO, Marcos A língua de Eulália. São Paulo: Contexto, 1997. (Fragmento)

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A A I I O G G L O O O I L L O IO IAB IA B OG OG A I L L G O O I I O B IAB IOL G B REVISIONAL - DAS CÉLULAS AOS SISTEMAS Marília Dias Lages e Maria de Fátima Lages Ferreira

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A A I I A G GI OG O L L O O L I IO BIO B GIA GIA A O O I L L O BIO LOG IA BIO AUTORIA

Marília Dias Lages • Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, pela Universidade Federal de Minas Gerais. • Especialização em Gestão Ambiental, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Maria de Fátima Lages Ferreira • Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, pela Universidade Federal de Minas Gerais. • Especialização em Educação Ambiental, pelo CEPEMG. • Mestrado em Ciência da Educação, pelo ISPEJV em Havana / Cuba. • Especialização em Orientação e Supervisão Educacional, pelo CEPEMG.

CAPÍTULO 1: BIOQUÍMICA CELULAR Água e minerais ................................................................2 Carboidratos, lipídios e proteínas ...........................................3 Enzimas e ácidos nucleicos ..................................................5 O ATP ........ ................................................................. 10 Fotossíntese ...... ............................................................ 10

Professora Angela Christina Souza Alves Irmã Bernadette Marsaro, OSF Irmã Hermengarda Martins, RSCJ Irmão Manoel Alves, FMS - Presidente Irmã Marlene Frinhani, CDP Irmã Olmira Dassoler, SSpS Professor Ricardo Alencar Ribeiro Maria Regina de Araújo Lima Veado Luciana Pagani Montenegro

Quimiossíntese ...... ........................................................ 11 Respiração celular .......................................................... 12 DIRETORIA EXECUTIVA

CAPÍTULO 2: CÉLULAS E TECIDOS COORDENAÇÃO EDITORIAL

A origem endossimbiôntica ................................................. 18

REVISÃO

A célula eucariota............................................................ 19

A célula procariota .......................................................... 18 Membrana citoplasmática .................................................. 20 O citoplasma .................................................................. 26 Núcleo ........................................................................ 29 Tecido epitelial .............................................................. 32 Tecido conjuntivo ........................................................... 34

Pax Editora

PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA

Hélio Martins

PROJETO GRÁFICO

Graphia

PREPARAÇÃO E REVISÃO DE TEXTO

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EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

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ILUSTRAÇÃO IMPRESSÃO E ACABAMENTO

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total e parcial. Pax Editora Ltda. Avenida do Contorno, 6321 – 10.º andar Savassi – Belo Horizonte – Minas Gerais CEP: 30110-110 174b

Lages,

Marília Dias

Tecido sanguíneo ............................................................ 36 Tecido muscular .............................................................. 41 Tecido nervoso ............................................................... 42

CAPÍTULO 3: FISIOLOGIA HUMANA Sistema digestório ........................................................... 48 Sistema urinário .............................................................. 48 Sistema cardiovascular ...................................................... 51 Sistema respiratório ...... ................................................. 52 Sistema nervoso .............................................................. 56 Sistema endócrino ........................................................... 58 Órgãos dos sentidos.......................................................... 61 Sistema genital masculino .................................................. 65 Sistema genital feminino .................................................. 65 Referências ................................................................... 71

I G O

Biologia: ensino médio / Marília Dias Lages, Maria de Fátima Lages Ferreira. Belo Horizonte: Pax Editora e Distribuidora, 2009. 74p. (Rede Católica de Educação)

1. Biologia: ensino. 2. Ecologia. 3. Genética. I. Ferreira, Maria de Fátima Lages. II. Título. III. Série. CDU 573 574 575

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L O BI

IO B A

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caPÍtulo 2 células e teciDos “assim acontece a toda criatura, desde os homens até os animais.”

Das células ao sistemas células e tecidos

(eclesiástico: 40,8)

tecidos da pele humana universidade de Wisconsin

LEVANTANDO HIPÓTESES

1.

APLICANDO E APROFUNDANDO

“..desde os homens até os animais” .

os homens, os animais e os demais seres vivos possuem o corpo formado por várias unidades. dENOmINE essa unidade. REVENDO, COMPLEMENTANDO E RESSIGNIFICANDO OS CONCEITOS

2.

AVALIANDO O QUE FOI ESTUDADO

entre as “criaturas” existentes, uma bactéria e um animal possuem várias diferenças, entre elas o tipo da unidade que os forma. Qual é a principal diferença existente entre essas unidades?

PROPONDO ACOES

AUTO-AVALIANDO

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Das células ao sistemas células e tecidos

atmosférico para a produção de alimento, e os procariontes anaeróbios. em troca de proteção, eles forneciam alimento para a célula hospedeira. No decorrer do tempo, as células procariotas anaeróbias passaram a hospedar definitivamente os procariontes aeróbios, que originaram as mitocôndrias, e as fotossintetizantes, que originaram os cloroplastos. • Procariontes aeróbios

mitocôndrias

• Procariontes fotossintetizantes

cloroplastos

a membrana celular sofreu invaginações que envolveram o material genético, originando o envelope nuclear. a partir daí, surgiram os outros organoides presentes nas células eucariotas. Hoje, há dois tipos básicos de células: as procariotas e as eucariotas.

a cÉlUla pRocaRioTa

origem endossimbiõntica a origem da primeira célula a partir da evolução dos sistemas químicos é o que é mais aceito no momento. segundo essa teoria, ela era muito simples, apresentando o material genético disperso no citoplasma, como ocorre com as bactérias e as cianobactérias existentes hoje, ou seja, a primeira célula era procariota. a hipótese endossimbiôntica explica o surgimento das células mais complexas, as células eucariotas, a partir das procariotas. segundo essa hipótese, no momento que o oxigênio livre surgiu no nosso planeta, levou um tempo até que aparecessem os procariontes, capazes de aproveitar esse gás e produzir maior quantidade de energia através da respiração celular aeróbia. esses organismos penetraram em procariontes anaeróbios e estabeleceram com eles uma simbiose. os procariontes anaeróbios forneciam proteção ao procarionte aeróbio que neles se instalou. Para compensar a proteção, os aeróbios forneciam energia para a célula hospedeira através da respiração.

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outro tipo de simbiose se estabeleceu entre procariontes, capazes de aproveitar o gás carbônico

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as células procariotas estão presentes em dois dos três domínios existentes. o domínio arquea e o domínio Bactéria em ambos, os organismos são unicelulares, com raríssimas exceções (já foram descobertas bactérias multicelulares. membrana plasmática

citoplasma

Parede celular

mesossomo Nuclóide-DNa Ribossomo Pilli flagelo

a célula procariota bacteriana

a célula PRocaRiota BacteRiaNa a célula bacteriana é um exemplo de célula procariota por possuir único cromossomo inserido em meio ao citosol, que constitui a maior parte do citoplasma. o citosol é formado de água e

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as células eucariotas estão presentes em um único domínio, o eucaria. esse domínio inclui organismos unicelulares e pluricelulares. os unicelulares são algumas algas, alguns fungos e todos os protozoários. os organismos pluricelulares podem ou não apresentar tecidos. estes estão ausentes nas algas e nos fungos e presentes nas plantas e nos animais.

Vacúolos

mitocôndrias

Núcleo envelope nuclear Nucléolo cromatina Poro

membrana Retículo endoplasmático granular

fibras intermédias

Retículo endoplasmático não granular

complexo golgiense Microfilamentos Ribossomos

microtúbulos

célula eucariota animal

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cloroplasto

Peroxissimo

Vascúcio

Retículo endoplasmático granulloso (rugoso)

Ribossomos

Peroxissimo Parede celular Plasmodesmos Parede celular

complexo gol membrana plasmática

célula eucariota vegetal pREENCHa o quadro abaixo com os sinais + para indicar presença e o – para indicar ausência.

estrutura

célula animal

célula vegetal

cromatina Nucléolo membrana celular Parede celular citosol Ribossomos

a célula eucaRiota aNimal

centríolos

mitocondria

envelope nuclear

a cÉlUla eUcaRioTa

lisossomo

a célula eucaRiota VeGetal

Das células ao sistemas células e tecidos

proteínas e preenche o citoplasma, onde também se encontra inserido os ribossomos, responsáveis pela síntese de proteínas, sendo este o único organoides presente nesse tipo celular. o citosol pode abrigar um DNa extracromossômico chamado plasmídio, que confere vantagens à bactéria que o possui. envolvendo o citoplasma encontra-se a membrana celular, de constituição lipoproteica, como ocorre em todos os tipos celulares. um segundo envoltório sempre presente é a parede celular, constituída de peptidoglicanos, que envolve a membrana celular. a cápsula pode estar presente em algumas bactérias, localizando-se externamente à parede celular e conferindo à célula uma alta patogenicidade, por aumentar a resistência dessas bactérias, dificultando a sua destruição. os flagelos são estruturas de locomoção que aparecem em algumas espécies. o pilli, também chamado fímbria, encontra-se em algumas bactérias, podendo facilitar a adesão destas à célula hospedeira ou, ainda, unir duas bactérias para que ocorra a transferência de material genético, sendo nesse caso denominado pilli sexual.

Retículo e. granular Retículo e. não granular complexo golgiense mitocôndria Plasmodesmos Grandes vacúolos lisossomos centríolos cloroplastos

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Das células ao sistemas células e tecidos

memBRaNa citoPlasmática

DifusÃo e DifusÃo facilitaDa

Proteína transmembrana

colesterol

citoplasma

camada biomolecular

fosfolipídios

líquido Proteína periférica

Glicocálix

Glicoproteína

extracelular Glicolipídio

estrutura da membrana plasmática

a membrana celular está presente em todos os tipos celulares, envolvendo o citoplasma e separando o meio intracelular do extracelular. é também denominada plasmalema e membrana plasmática. apresenta-se constituída por uma camada bimolecular de fosfolipídios, na qual há interposição de moléculas proteicas. o plasmalema se caracteriza por apresentar • permeabilidade seletiva;

a difusão simples, também chamada diálise, é a passagem do soluto do meio de maior concentração (hipertônico) para o meio de menor concentração (hipotônico). é através desse mecanismo que ocorre o transporte de pequenas moléculas, como íons, aminoácidos e outras. a difusão facilitada difere da difusão simples por haver uma proteína facilitadora específica na membrana celular por onde passará determinado soluto. a presença dessa proteína torna o transporte mais rápido. esse mecanismo é o principal responsável pelo transporte de glicose através da membrana.

a osmose a osmose é a passagem do solvente do meio de menor concentração para o meio de maior concentração. Quando o solvente passa do meio intracelular para o meio extracelular, a osmose é especificamente denominada exosmose. Quando o solvente realiza o sentido inverso, o processo denomina-se endosmose. membrana semipermeável solução salina

água pura

• propriedade imunológica; • capacidade de se regenerar.

o tRaNsPoRte tRaNsmemBRaNa

osmose

o transporte através da membrana pode ser passivo ou ativo.

tRaNsPoRte PassiVo

osmose em célula VeGetal Nas células de plantas, a plasmólise é a consequência da exosmose e a turgescência é a consequência da endosmose.

o transporte passivo ocorre sem gasto de energia. o sentido do transporte é determinado pelo gradiente de concentração, sendo este um prérequisito para sua ocorrência. molécula transportada

meio isotônico

Vacúolo membrana celular Plasmólise

Proteína carreadora

Parede celular Núcleo

Deplasmólise meio hipertônico

turgescência meio hipotônico

Proteína de canal Gradiente de concentração

lipídio

Difusão simples

20

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mediado por canal

célula plasmolisada mediado por carreador

célula túrgida

osmose em célula vegetal

Difusão facilitada

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Proteína

membrana celular

meio extracelular

Vesícula citoplasma

o tRaNsPoRte atiVo o transporte ativo ocorre contra o gradiente de concentração, uma vez que a célula gasta energia para a sua realização.

meio intracelular

eXocitose a exocitose é o mecanismo através do qual macromoléculas saem da célula.

BomBa De sÓDio e Potássio

Proteína carreadora

memBRaNa celulaR

Das células ao sistemas células e tecidos

A endosmose em célula animal pode levar à lise celular, o que não ocorre com a célula vegetal devido à resistência da parede celular.

Difusão +

K Gradiente de concentração

atP

eNeRGia

atPase

Bomba de Na+

atP

aDP+Pi

transporte ativo

Difusão

a eNDocitose Na+

a endocitose consiste no transporte de partículas, que são envolvidas pela membrana celular, para o interior da célula. Quando o englobamento é de partículas sólidas, o processo é denominado fagocitose, e quando é de líquido, será denominado pinocitose.

faGocitose Partícula

Núcleo

Pseudópodo

fagossomo

meio extracelular

meio intracelular

a bomba de sódio e potássio é essencial para a transmissão do impulso nervoso, uma vez que, se não ocorresse o transporte ativo para o retorno desses íons aos locais onde eles se encontram em maior concentração, as concentrações de ambos se igualariam no meio intra e extracelular.

moDificaÇões Da memBRaNa celulaR PiNocitose Gotícula

membrana celular

citoplasma

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meio extracelular

meio intracelular

Pinossomo

a membrana celular pode apresentar modificações no ápice, nos lados e na base celular. as microvilosidades são modificações apicais que aumentam a superfície de contato da célula, estando presentes nas células do

microvilosidades

Desmossomo

interdigitação

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, COMPLEMENTANDO E FICANDO OS CONCEITOS

Das células ao sistemas células e tecidos

NTANDO HIPÓTESES

intestino delgado, onde facilitam a absorção de nutrientes. os desmossomos e as interdigitações estão presentes lateralmente, sendo responsáveis

1.

pela adesão entre as células vizinhas. as pregas basais também aumentam a superfície de contato e são as responsáveis pelo transporte ativo de íons.

meio externo

(Puccamp) Há evidências que apoiam a hipótese de que organelas dos eucariotos surgiram a partir de simbiose com procariotos. organismos semelhantes às atuais algas azuis teriam originado

APLICANDO E APROFUNDANDO

soluto água

a) as mitocôndrias.

membrana

b) os plasmídeos.

AVALIANDO O QUE FOI ESTUDADO

c) os lisossomos.

aquaporina

d) os cloroplastos. e) os peroxissomos. 2.

condição 2

(ufPi) De acordo com a hipótese endossimbiótica para a origem de algumas organelas eucarióticas, as bactérias primitivas associaram-se às células eucarióticas primitivas. como exemplo de organela presente em quase todas as células que formam o nosso corpo, podemos citar o(a):

AUTO-AVALIANDO

ROPONDO ACOES

a) centríolo.

d) complexo de Golgi.

b) cloroplasto.

e) ribossomo.

Baseado(a) nos textos e nos seus conhecimentos, assinale a alternativa INCORRETa. a) o processo de difusão de moléculas, representado nas figuras, é chamado de osmose. Em células vegetais na condição 2, ocorre a plasmólise. b) uma das formas de diferenciar o transporte ativo do passivo é quanto ao gasto de energia (atP) e direção do transporte (contra ou a favor do gradiente eletroquímico).

c) mitocôndria. 3.

(ufPel) Sabe-se que, para as células exercerem suas funções, é necessário haver um controle da concentração interna de água e íons. Em 2003, o prêmio Nobel de química foi justamente para dois médicos norte-americanos que estudaram de que forma a água é transportada através da membrana celular de alguns tipos de tecidos, como o epitélio das glândulas lacrimais. Eles descobriram proteínas (aquaporinas), ao nível da membrana plasmática, que formam poros passivos para a água se movimentar. O sentido do movimento é dado pelo gradiente osmótico e a seleção das moléculas de água é feita pelo seu tamanho e carga elétrica. ciÊNcia Hoje, n.o. 200, 2003 [adapt.]

citoplasma

c) células animais e vegetais, na condição 1, absorvem água, por isso ‘incham’, o que pode levar ao rompimento celular. d) Na difusão facilitada, um tipo de transporte passivo, as proteínas de membrana transportam substâncias do meio mais concentrado para o menos concentrado. e) Baseado nas figuras, pode-se considerar que, na condição 1, o meio é hipotônico e, na condição 2, é hipertônico em relação à celula. 4.

meio externo

(ufmG) Analise estas figuras, em que está representada a evolução de seres eucariotas oriundos da endossimbiose com bactérias: origem dos animais

soluto água

origem dos fungos + bactéria aeróbica

membrana

+ bactéria fotossintética

origem das plantas

aquaporina Procariota

condição 1

citoplasma

3,7 bilhões de anos

eucaríota

3,2 bilhões de anos

eucaríota com mitocôndria 1,2 bilhões de anos

eucaríota com mitocôndria e cloroplasto 1 bilhões de anos

500 milhões de anos

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