#04 - Foto Inversa - A arte da fotografia Pinhole

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ANO 1 . NÚMERO 04 . JULHO / AGOSTO DE 2012 . DISTRIBUIÇÃO GRATUITA NO SITE WWW.MARCOSCAMPOS.COM.BR

entrevista

Luciano Montanha

ensaio

Barboza dos Santos

galeria do leitor câmeras curiosas


E D I T O R I A L

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eio ano se passou desde que coloquei em prática a ideia de aglutinar informações e apresentar artistas que utilizam a fotografia Pinhole como expressão. É a 4ª edição da Foto Inversa que esta dando as caras por aqui. Acredito que já tenham percebido como nomeei que palavra estranha está singela publicação, chamo de Foto Inversa - A Arte da Fotografia Pinhole, ok... até aqui nada de novo. Veja bem, sempre me referi a fotografia Pinhole como ARTE e aos que se utilizam dela para se expressar, chamo sempre de ARTISTAS. Tá mas onde quero chegar com isso?! Isso tudo é para dizer que nesta edição temos a entrevista de Luciano Montanha, um artista(viu, disse artista novamente) gaúcho que me faz reafirmar e provar que estou certo quando falo que fotografia Pinhole é um excelente meio de expressão artística, uma forma de ver, interpretar e apresentar o exercício do olhar. Na entrevista de Luciano, assim como todas que já passaram por aqui, você irá perceber como a "brincadeira" de fazer câmeras de sucata e utilizá-las para captar imagem, pode sim ser muito bem levada a sério.

Tenho certeza que irão gostar da entrevista assim como do ensaio com o Barboza dos Santos, que lá em Rondonópolis, cria imagens cheias de referências de sua infância no campo. Desta vez não vou me alongar muito nesse editorial, acho que podemos chamar assim não é verdade?! Pois devido a correria do dia-a-dia estou acabando de editar a Foto Inversa aos 45 do segundo tempo, portanto tenham uma boa leitura e mais uma vez se impressionem com as maravilhosas interpretações do mundo real criadas com essa ferramenta chamada fotografia Pinhole. Ahh... não poderia encerrar sem agradecer os mais de 20 mil acessos registrados desde a 1ª edição da Foto Inversa, sejam eles via leitura online ou por download. Obrigado à todos que divulgam o link em suas redes sociais e blogs. Valeu! Boa leitura e boas fotos. Marcos Campos

Arte/Diagramação: Marcos Campos Fotografia: Marcos Campos e Convidados Textos: Marcos Campos e Convidados www.marcoscampos.com.br contato@marcoscampos.com.br www.issuu.com/fotoinversa Twitter: @fotoinversa

Foto/capa: Corte em foto de Luciano Montanha, entrevistado desta 4ª edição da Foto Inversa.Título da foto: Domingo no parque.

Este trabalho foi licenciado com a Licença Creative Commons Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/ ou envie um pedido por carta para Creative Commons, 444 Castro Street, Suite 900, Mountain View, California, 94041, USA.

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do leitor 04 galeria Rogério Voltan/Brasil Lucas Leonardo Ibanez-Fæhn/Noruega

06 entrevista Luciano Montanha/Brasil 14 ensaio Barboza dos Santos/Brasil curiosas 18 câmeras Gesi Luigi/Itália Costas Kaounas/Grécia própria 19 experiência por Marcos Campos

19 dá uma olhada

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doro as fotos pinhole, elas sempre revelam surpresas. Aprendi construir minhas câmeras na raça, pesquisando na internet e testando. Primeiro foram as latas com papel fotográfico P&B, depois parti para os filmes de 35 mm com caixa de fósforo, câmeras de papelão e lata de Sardinha. Quem anda pela Avenida São João, no centro de São Paulo, sabe que tem inumeráveis locais para boas imagens. Essa fiz da janela do trabalho na altura do número 1081 por volta das 20h com a Pinhole

de lata de sardinha. Deixei uns 50 minutos e o resultado foi esse. As fotos noturnas são as minhas prediletas. Rogério Voltan, 40 anos, São Paulo, 3 anos de Pinhole.

Foto: Rogério Voltan

www.flickr.com/photos/rvoltan

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A

foto do meu padrasto, que arruma a sua bicicleta era apenas algo que eu enxerguei sem qualquer planejamento, ele me pareceu uma coisa interessante para fotografar com Pinhole. Ao vê-lo sentado ali e movendo-se, não muito, mas um pouco, eu simplesmente pensei para mim mesmo: "Seria interessante, com uma velocidade de obturador longa". Há muitas coisas que tornam Pinhole excitante e fascinante, uma atração imediata é a maneira que eu encontrei de capturar um momento, não é a mesma coisa que fotografia normal. Pode-se dizer que você captura mais de um momento devido aos longos tempos de exposição necessários para fazer a foto. O ritmo lento de todo o processo também cria outro processo através

do pensamento quando eu escolho os meus motivos. Além disso, o olhar com Pinhole é algo especial, principalmente se a câmera é caseira. Todas as peculiaridades como o foco embaçado torna divertida e única a foto, quando eu saio à procura de algo para fotografar, para encontrar coisas que parecem boas em uma longa exposição, imagino que poderia ser as correntes de um rio, grama e árvores que se movem em um vento forte ou simplesmente meu padrasto arrumando sua bicicleta. Lucas Leonardo Ibanez-Fæhn, 20 anos, Oslo/Noruega, 1 ano de Pinhole. www.flickr.com/photos/luclucasluc Foto: Lucas Leonardo Ibanez-Fæhn

Para participar da Galeria do Leitor, envie e-mail solicitando informações para contato@marcoscampos.com.br com o título “Galeria do Leitor”.

GALERIA DO LEITOR

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Fotos: Luciano Montanha

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ENTREVISTA

Título: Domingo no parque

LUCIANO MONTANHA

Luciano é artista visual e educador. Graduou-se em Artes Visuais no Instituto de Artes - UFRGS (2007). Realizou exposições individuais no SESC/RS (“Imagens Dinâmicas”, 2007) e no Paço Municipal de Porto Alegre (“Janela para o Céu”, 2009 - indicada ao IV Prêmio Açorianos de artes plásticas nas categorias “Destaque em Fotografia” e “Artista Revelação”). Participou das exposições “O pátio, a escada e o sótão” (Bienal B, 2007), “Sem Parênteses” (UFRGS, 2007), “Salão do Jovem Artista – RBS” (2008) e “Pequenos Formatos” (Ateliê Subterrânea, 2011). Realizou a exposição coletiva “Panorâmica Pinhole” (SESC/RS, 2010). Recentemente, foi selecionado para participara da edição 2013 da exposição comemorativa do Dia internacional da Fotografia Estenopeica, em Monterrey, México. Tem trabalho publicado no site do “Projeto Percursos” (2007). Trazendo esta significativa bagagem, o gaúcho Luciano Montanha chega para ser o entrevistado dessa 4ª edição da Foto Inversa que apresenta uma conversa rica sobre a fotografia Pinhole produzida por este artista, com imagens planejadas desde o meio de captação até a apresentação em forma de narrativas cheias de significados.

A BUSCA DO INESPERADO E A SURPRESA NA CONSTRUÇÃO DE NOVAS NARRATIVAS VISUAIS. FOTOGRAFIA PINHOLE COMO LINGUAGEM. 7


Título: Flutuação

Foto Inversa - Você é um artista que vem de diferentes vertentes da arte como a pintura e os objetos. Como se deu a busca e o primeiro contato com a fotografia Pinhole? Luciano Montanha - No meu trabalho artístico, a fotografia surgiu como uma ferramenta documental, uma forma de registrar e transpor para a galeria uma experiência de intervenção urbana, que realizei em Porto Alegre, em 2007. Em 2008, sem atelier para seguir produzindo pinturas e objetos, a fotografia passou a ser uma forma de manter o meu exercício de produção de imagens e de relação perceptiva com a cidade. Nessa época, usava uma câmera digital reflex e logo percebi o quanto o resultado das fotografias, por mais que a câmera me oferecesse recursos de operação e configuração, parecia, de certa forma, pronto, esperado e aparentemente conhecido. A falta de surpresa e a dificuldade em produzir uma imagem que me apresentasse qualquer resultado inesperado me instigaram a buscar outros horizontes para a prática da fotografia. Assim, em 2009, fui apresentado à fotografia Pinhole pelo também artista e amigo, Rodrigo Uriartt. Com ele, aprendi a confeccionar câmeras estenopeicas com filme fotográfico montadas em caixas de fósforos, as câmeras pinLUX ou Matchbox Pinhole, como são conhecidas. A partir daí, passei a projetar e construir minhas

próprias câmeras, guiado pelas descobertas dos primeiros resultados das fotografias pinLUX. Foto Inversa - Nessa vertente da fotografia oque você procurava, ou ainda procura, como expressão artista? Luciano Montanha - Com a Pinhole, reencontrei o inesperado e a surpresa na fotografia. A Pinhole não permite que se antecipem resultados e torna a fotografia novamente imprevisível, recuperando a sua capacidade de surpreender, provocar descobertas e produzir informações não-previstas. Assim, a Pinhole passou a me apresentar possibilidades e lacunas para serem exploradas e tornadas linguagem. Hoje, mesmo as imperfeições de uma câmera caseira e os resultados que elas produzem me interessam. O que para muitos fotógrafos e observadores cercados de critérios formais e técnicos, poderia ser considerado um erro a partir de uma concepção do que seja qualidade fotográfica nos dias de hoje, representa para mim a descoberta de caminhos para a construção de outras narrativas visuais através da fotografia. Esse é o caso das fotografias Tempo-fragmento e Horizonte construído, em que a sobreposição dos fotogramas, resultados da imprecisão do mecanismo de rolagem do filme, me 8


Título: Plastic Zen

conduziu à construção de híper-panoramas que jogam com a justaposição de cenas e configuram-se como narrativas fragmentadas. Também o jogo com as relações matemáticas envolvidas na construção da câmera, como a relação entre a distância focal e o diâmetro da entrada de luz e suas implicações com o foco da imagem, por exemplo, mostraram resultados potentes, como é o caso do aspecto pictórico das fotografias Fantasmagorias pictóricas e Plastic Zen. Foto Inversa - Você mesmo constrói suas câmeras não é verdade? Você busca, por meio de regras e fórmulas, construí-

las de forma a atingir um certo resultado estético em suas imagens? Luciano Montanha - Para a construção das minhas câmeras procurei me cercar de alguns recursos. Uso um software chamado Pinhole Designer para fazer os cálculos básicos para a construção da câmera e o Sketch up para projetar o objeto. Pelo meu interesse em panoramas, construo câmeras com máscaras bastante horizontalizadas, a fim de sensibilizar a maior extensão de filme possível em cada exposição. >> 9


Título: Movie!

Foto Inversa - Você como educador já deve ter apresentado a fotografia Pinhole aos seus educandos. Quais são as reações deste público frente a criação de suas próprias câmeras e a oportunidade de fazer fotografia partindo de materiais simples? Luciano Montanha - Com a banalização da imagem fotográfica, possível graças ao acesso facilitado aos aparelhos digitais de todos os tipos, há uma certa dificuldade de fazer com que as crianças entendam o porque de se usar uma técnica rudimentar, que não fornece resultados imediatos. Porém, sempre há um encanto e uma magia na fotografia Pinhole, nas surpresas que ela apresenta, na expectativa de imaginar um resultado e ter que esperar até se ver a imagem. Foto Inversa - Você tem preferência por algum tipo de técnica específica para captar as fotografias Pinhole? Câmera, papel, filme, formatos. Luciano Montanha - Minhas câmeras, até o momento e também pela facilidade, são todas feitas para filme. Em geral, uso filmes 135mm colorido. Em poucas situações usei filmes PB. Como procuro valores pictóricos na imagem fotográfica, a cor me atrai mais do que o PB. Tenho projetos para trabalhar com papel. Em breve pretendo desenvolvê-los. Mas ainda não me aventurei nesse campo, pois exige um trabalho de laboratório fotográfico que ainda não domino. 10


Título: Contemplação

Foto Inversa - E artistas, acompanha alguém, tem boas referências para dividir com a gente? Luciano Montanha - Vou citar alguns colegas fotógrafos de Porto Alegre com quem aprendi muito e que são artistas que admiro. Entre eles estão Rodrigo Uriartt e Rafael Johann. Esse último integra o coletivo Lata Mágica, que tem um trabalho bastante sólido e inventivo com a fotografia Pinhole, inclusive realizando trabalhos educativos. Foto Inversa - Existe algum assunto que você tem maior prazer em fotografar com suas câmeras artesanais? Se sim, porque? Luciano Montanha - Os assuntos que me atraem no momento estão relacionados aos modos de ver no ambiente urbano. Tenho me detido em dois temas: espaços de confinamento e espaços de expansão do olhar. O que seria dizer lugares fechados e grandes panoramas. Mas gosto muito de sair pela cidade e encontrar os assuntos conforme esses me atraem. Gosto de jogar com tempos de exposição, criar fantasmas, capturar movimentos. As paisagens, sejam elas naturais ou urbanas estão sempre presentes nas minhas fotografias. >>

As câmeras utilizadas por Luciano são câmeras feitas artesanalmente e em diferentes formatos, 135mm e 120mm. A câmera que ele chama de PinBox construída em madeira tem uma distância focal de 20mm o que dá um ângulo de visão de 110º proporcionando imagens bem interessantes, além de um visual e uma construção que chamam a atenção.

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T铆tulo: Fantasmagoricas pict贸ricas

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Título: Horizonte construído

Título: Tempo-fragmento

Foto Inversa - Você já participou de diversas exposições. Na sua percepção, como o público espectador absorve a fotografia Pinhole como arte? Luciano Montanha - De forma geral, o público se surpreende com os resultados da fotografia Pinhole, quando essa supera os lugares comuns da própria linguagem da Pinhole. A surpresa vem tanto da materialidade da fotografia, que se inscreve na imagem através dos vestígios do seu suporte físico – pedaços do rolo, arranhões, etc. – o que aproxima a imagem de uma memória da fotografia analógica, quanto pelo conhecimento dos meios artesanais de obtenção dessas imagens, o que seria dizer que as pessoas se surpreendem com a possibilidade de manipular o meio técnico da fotografia, que, via de regra, é atividade exclusiva da indústria e não do fotógrafo.

Pinhole pra você? Luciano Montanha - Para mim, a fotografia Pinhole é uma forma de se refletir e de se agir sobre os modos de se ver e de se produzir narrativas visuais mediados pelos aparelhos fotográficos. O que seria, nesse caso, uma consciência sobre os modos de ver a caixa preta e os modos de se ver através da caixa preta. Se, como diz Flusser , caixas pretas são “aparelhos que brincam de pensar”, então tornar-se programador é engendrar-lhe o pensamento, inscrever-lhe o conceito, ao invés de simplesmente usar o programa dado pela indústria. Assim, a construção de câmeras torna-se uma forma de clarear a caixa preta e compreender-lhe as entranhas tornando o ato fotográfico uma ação que se estende desde o projeto da câmera, até a apresentação dos trabalhos. Conheça o trabalho de Luciano Montanha em: www.flickr.com/lucianomontanha

Foto Inversa - E então, Luciano, oque é a tal da fotografia 13


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ais uma edição e mais uma ensaio bacana chega por aqui. Com fotos criadas pelo brasileiro de Rondonópolis, Ronaildo Barboza dos Santos, um cara que mistura as influências da infância com as habilidades manuais em construir suas câmeras para captar imagens cheias de informações e referências da vida simples. Conheçam o Barboza por suas imagens. E de onde vieram essas tem muito mais.

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ENSAIO

BARBOZA DOS SANTOS

Rondonópois BRASIL

Fotos: Barboza dos Santos

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mbora eu admire muito as imagens pinhole bem elaboradas, nada substitui, para mim, a liberdade de não ter que me prender ao foco perfeito, à exposição correta e ao enquadramento ideal e, ainda assim, ser surpreendido, às vezes, com um belo resultado que só a técnica Pinhole, com todos seus “defeitos”, é capaz de proporcionar. Utilizo várias câmeras construídas por mim mesmo, a grande maioria em 35mm, algumas em médio formato e, especialmente, uma Polaroid adaptada para pinhole, presente de meu amigo Ross Togashi, um genial “pinholer” que vive no Hawaii. Tenho observado recentemente que incluo na maioria de minhas imagens Pinhole elementos presentes na minha infância vivida na fazenda até meus onze anos: bicicletas, cercas de arame farpado, a vegetação rasteira e as árvores retorcidas do cerrado... E para registrar tudo isso nada melhor que uma câmera feita com as próprias mãos e utilizando madeira, latas, canivete e cola, materiais também presentes na infância de todo menino que viveu no “mato”!

Ronaildo Barboza dos Santos, 38 anos, Rondonópolis/Brasil, 03 anos de Pinhole. www.flickr.com/rondon1 15

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CÂMERAS CURIOSAS foto e do grau de pureza alcançado sem o uso de programas de edição. Eu não sou muito bom nas fotos artisticamente, mas realmente gostaria de construir meu quartos. Gesi Luigi, 49 anos, Basiasco/Itália, 1 anos de Pinhole. www.flickr.com/photos/schyter

Foto: Gesi Luigi

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realização da câmera foi extremamente fácil. Comprei um pequeno baú de madeira que as mulheres aqui na Itália usam para decorar com a técnica de decoupage. Na parte dianteira perfurei na intersecção das diagonais com um diâmetro de 30 mm usando um cortador (o disco já serviu para o obturador). A mesma coisa que fiz na parte de trás para a contagem, no entanto, o furo é de 10mm. Forrei o interior com 3mm de espessura PVC. Cortei metade do diâmetro de um tubo de 82 mm criando uma janela para o formato 6x6 (x 55mm 55). Escureci todo o interior com com tinta spray preto fosco e colei o disco com o Pinhole. Furei a tampa para os botões e dentro colei espuma preta. Usando a tampa plástica de uma garrafa escurecida, coloquei na parte de trás onde tenho o contador de imagens (a tampa tem um pequeno buraco coberto por plástico vermelho, mas tem um pouco de transparência o suficiente para não deixar a luz passar). Na semana passada eu fiz o primeiro rolo e os resultados pareciam emocionants. Eu planejo uma 6x18 que vai usar o mesmo princípio. Desta máquina eu gosto da curva suave da

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Foto: Costas Kaounas

ou professor de física e química em um colégio na Grécia, já construí várias câmeras Pinhole que podem ser vistas em meu site. Na foto ao lado você pode ver uma delas, esta é uma câmera Pinhole artesanal panorâmica que usa filme de 35mm. O tamanho do fotograma é 24x72mm, mas infelizmente o laboratório só pode digitalizar no máximo 24x65mm. No entanto, a câmera produz imagens realmente panorâmicas. A distância focal é de 40mm e o número f cerca de 110. Então, quando você usar um filme iso 100 você precisará de 100 vezes o tempo de exposição que utilizaria em uma abertura f11 usando o mesmo filme em uma câmera padrão. A câmara é feita a partir de papel cartão e plástico.Você pode ler e baixar o tutorial de instrução no url: www.diyphotography. net/build-a-35mm-panoramic-pinhole-camera Costas Kaounas, 44 anos, Larissa/Grécia, 3 anos de Pinhole. www.flickr.com/photos/kzappaster

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EXPERIÊNCIA PRÓPRIA

OK, VOU CONSTRUIR MINHA PRÓPRIA CÂMERA!

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á não é complicado, em tese é um recipiente vedado de luz com um furinho de agulha. Sim, é isso mas não é só isso. Quando se pensa em construir uma câmera nova existem alguns pontos que devem ser bem pensados antes mesmo de começar a cortar, furar, pintar e tudo mais. A construção de uma câmera para uso com papel fotossensível é um pouco mais simples, concordo, mas a construção de uma que vá se utilizar filme, não importa o formato, precisa de um planejamento maior. No primeiro momento costumo pensar que tipo de filme irei utilizar, que formato de fotograma será, quadrado, panorâmico, curvado ou não, é sempre melhor pensar de dentro pra fora o projeto, isso deve estar bem claro para então começar a planejar como se dará o sistema para avançar o filme, fixar e mantê-lo firme para que não fique mal enrolado, no caso de um filme 120mm isso acontece, já no 35mm não muito pois ele tem aquela bobina que ajuda bastante. Depois começo a pensar em como fazer tudo isso ficar protegido da luz, sim porque em uma lata é simples, é só tampar, mas quando se pretende fazer mecânismos para avançar o filme,

por Marcos Campos

mesmo em uma lata, precisa achar uma maneira de vedar bem os furinhos onde vão ficar os "botões". Bom, ultimamente tenho feito câmeras de madeira, e ai sim o bicho pega, olhando é até simples, mas cortar as partes de modo que fique com a distância focal que se espera, que fique com o tamanho do fotograma que se espera, que funcione como se espera, isso leva tempo, ao menos pra mim. Normalmente desenho antes para não perder as boas ideias, mas do papel para a câmera em si, haja ajuste viu! Ok, você já tem tudo pronto, o filme tá encaixando, tá girando, tá firme, as medidas estão legais, o furo de agulha ta bacana, mas dai vem um ponto final super importante, o obturador, esse sim toma um tempo quando se quer fazer algo bem funcional, tanto para longas quanto para curtas exposições, se for muito grande angular, o obturador pode acabar aparecendo no cantinho da foto, já fiz isso algumas vezes, e dá-lhe ajuste depois de tudo pronto. Em resumo, deve-se planejar antes de querer construir sua câmera, é fácil sim, mas pra não ficar frustrado com os primeiros resultados, pense bem onde quer chegar e construa a câmera buscando este objetivo, você vai chegar nele mais facilmente.

Um livro de Pinhole com a sua participação, interessante não? O projeto Obscura, que vem da Alemanha, lhe convida para uma nova interpretação da realidade. Você pode enviar sua fotografia Pinhole para ilustrar um, ou mais, dos 11 capítulos específicos do livro. Excelente ideia. Dá uma olhada: www.obscura-book. com Uma das etapas mais delicadas e confusas para quem quer fazer todo o processo de suas Pinholes é a revelação não é verdade? Então que tal tentar utilizar café para realizá-la? Sim o bom e velho cafézinho com mais uns temperos, pode sim revelar seus filmes e dar um ar bem bacana nas imagens. Dá uma olhada: www.caffenol.org

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DÁ UMA OLHADA


Foto: Marcos Campos


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