Infopharma nº2

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INFOPHARMA REVISTA DA ASSOCIAÇÃO DE FARMÁCIAS DE PORTUGAL EDIÇÃO TRIMESTRAL | DEZEMBRO DE 2020 | Nº2

www.afp.com.pt

COVID-19

O papel das farmácias comunitárias durante a pandemia > DESTAQUE > SAÚDE A importância de uma estratégia para Bastonária da Ordem dos o futuro da saúde. Eurico Castro Alves, Farmacêuticos fala nas principais Presidente da Comissão Organizadora iniciativas de apoio ao setor no da Convenção Nacional da Saúde. contexto da pandemia. Págs. 16 e 17 Págs. 10 e 11 AFP-ASSOCIAÇÃO DE FARMÁCIAS DE PORTUGAL

> SETOR FARMACÊUTICO Os desafios que se afiguram no pós-Covid para os serviços de saúde e farmacêuticas. A visão de Rui Santos Ivo, Presidente do Infarmed. Págs. 24 e 25

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Sumário

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INFOPHARMA

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Uma voz na Saúde

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Os nossos desafios de hoje e de amanhã

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O Jovem Farmacêutico e a Farmácia Comunitária

•O setor da saúde em tempos de pandemia...................................................5 •C OVID-19: O papel das farmácias comunitárias durante a pandemia.........6 •U m combate que serve de exemplo.............................................................10 •H á eventos que mudam o mundo.................................................................12 •O rtopedia e COVID-19: mudanças e desafios futuros.................................14 •A importância de uma estratégia para o futuro da saúde...........................16 •U ma voz na Saúde.........................................................................................18 •O conceito de Uma só Saúde........................................................................20 •O s nossos desafios de hoje e de amanhã................................................... 24 •O Jovem Farmacêutico e a Farmácia Comunitária.....................................26 •S IGREM: um modelo circular para medicamentos e suas embalagens (parte II) .......................................................................27 •A final quanto deve ser investido em Stock na Farmácia?...........................30 •F armácia Sanex: Uma farmácia com história virada para o futuro............32 •F armácia Almeida-Castelo Numão: Cinco décadas a zelar pela saúde da comunidade......................................34 •P ara que serve o Farmacêutico?..................................................................36 •A poiar os mais frágeis em tempos de pandemia........................................38 •R elações entre profissões, desafios para o futuro!.....................................39 •O s benefícios dos sabonetes dermatológicos..............................................42

Publicação: AFP-ASSOCIAÇÃO DE FARMÁCIAS DE PORTUGAL. DL: 466964/20

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Para que serve o Farmacêutico?

COVID-19: O papel das farmácias comunitárias durante a pandemia

Edição, Impressão e Publicidade:

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O setor da saúde em tempos de pandemia  Manuela Pacheco, Presidente da Associação de Farmácias de Portugal (AFP)

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o longo dos últimos meses, as farmácias comunitárias têm estado, a par com os diversos agentes do setor da saúde, na linha da frente do combate à pandemia por COVID-19. Numa altura em que foi colocada à prova a capacidade do setor da saúde em responder ao aumento das necessidades dos cuidados de saúde da população, também as farmácias comunitárias se reinventaram e rapidamente se readaptaram aos novos desafios. De norte a sul do país, as farmácias assumiram o seu papel de natural parceiro do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente através da disponibilização de um conjunto de serviços excecionais e diferenciados, que permitiu reforçar as respostas de proximidade às necessidades em saúde da população. Durante este contexto particularmente difícil, a Associação de Farmácias de Portugal tem testemunhado o esforço, o trabalho e a resiliência dos farmacêuticos para garantirem o atendimento às necessidades de saúde dos cidadãos, contribuindo, consequentemente para o bem-estar da população e para o descongestionamento do Serviço Nacional de Saúde. O papel desempenhado pelas farmácias comunitárias durante a pan-

demia por infeção do novo coronavírus é o tema em destaque nesta segunda edição da Infopharma, que conta ainda com os contributos de diversos parceiros do setor da saúde. “Durante este contexto particularmente difícil a Associação de Farmácias de Portugal tem testemunhado o esforço, o trabalho e a resiliência dos farmacêuticos para garantirem o atendimento às necessidades de saúde dos cidadãos, contribuindo, consequentemente para o bem-estar da população e para o descongestionamento do Serviço Nacional de Saúde”

mia e, em concreto, o papel desempenhado pelas farmácias para dar confiança aos cidadãos na gestão da sua condição de saúde. Esta segunda edição da revista inclui ainda um artigo de opinião da autoria do Presidente da Comissão Organizadora da Convenção Nacional da Saúde sobre a importância da implementação de novas políticas e estratégias de saúde que se adequem às novas realidades. São estas e muitas outras reflexões sobre a Saúde em Portugal, que pode descobrir nesta segunda edição da revista da AFP. •

Nesta segunda edição contamos, a título de exemplo, com um artigo de opinião da Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos que aborda o papel desempenhado pelo setor farmacêutico durante a pandemia, designadamente o trabalhado realizado para encontrar respostas para os problemas com os quais as populações se deparam. Destacamos ainda a reflexão da Bastonária dos Enfermeiros sobre o SNS e a importância de se reforçarem os laços entre os profissionais do setor da saúde e de se falar a uma só voz. Também nesta edição, contamos com o contributo do presidente do INFARMED, sobre os atuais e futuros desafios decorrentes da pande-

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> ARTIGO INSTITUCIONAL

COVID-19: O papel das farmácias comunitárias durante a pandemia COM O SURGIMENTO DA PANDEMIA, AS FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS ASSUMIRAM-SE COMO PRIMEIRO E ÚLTIMO CONTACTO DOS CIDADÃOS COM UM PROFISSIONAL DE SAÚDE, INFORMANDO, ACONSELHANDO E ESCLARECENDO A POPULAÇÃO SOBRE OS CUIDADOS E AS MEDIDAS A ADOTAR PARA MITIGAR A PROPAGAÇÃO DO VÍRUS. Autor: Associação de Farmácias de Portugal

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capacidade de resposta das farmácias comunitárias durante a pandemia tem sido reconhecida pelos diversos agentes do setor e, sobretudo, pelos utentes. De acordo com os resultados do estudo “A farmácia comunitária em tempos de COVID-19”, realizado pela Spirituc, em maio passado, os utentes inquiridos consideram que o desempenho das farmácias superou as expectativas. Também a Organização Mun-

dial da Saúde para a Europa (OMS Europa) sublinhou, na mesma altura, o papel chave que as farmácias comunitárias têm no combate à pandemia. Na verdade, desde março que as farmácias comunitárias têm estado na linha da frente no combate à COVID-19, em estreita articulação com os centros hospitalares e as unidades de saúde. Ao longo dos últimos meses, as farmácias comunitárias assumiram não só as suas naturais funções no que respeita à dispensa de medicamentos, prevenção da doença, promoção da saúde e aconselhamento farmacêutico, como também asseguraram a prestação de um conjunto de serviços excecionais. Tudo isto num contexto particularmente atípico e difícil. Recorde-se que, desde o início da pandemia, diversos centros de saúde encerraram temporariamente ou funcionaram exclusivamente

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Se as farmácias demonstraram estar à altura do desafio, assumindo novas responsabilidades e garantindo a realização de serviços excecionais, este é o momento para reforçar o papel de naturais parceiras do Serviço Nacional de Saúde dedicados à COVID-19, condicionando, assim, o acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde primários em Portugal, dado o forte impacto na realização de consultas e exames médicos considerados não urgentes. As farmácias assumiram-se como primeiro e último contacto dos cidadãos com um profissional de saúde, informando, aconselhando e esclarecendo a população sobre os

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ARTIGO INSTITUCIONAL <

de saúde da população portuguesa se os diversos agentes da saúde, incluindo as farmácias comunitárias, trabalharem em rede. E se as farmácias demonstraram estar à altura do desafio, assumindo novas responsabilidades e garantindo a realização de serviços excecionais, este é o momento para reforçar o papel de naturais parceiras do Serviço Nacional de Saúde (SNS). cuidados e as medidas a adotar para mitigar a propagação do vírus. Além disso, e porque os serviços de saúde do SNS têm estado focados no combate à pandemia, por todo o país as farmácias garantiram, a título excecional, a prestação de uma panóplia de outros serviços, por forma a responder às necessidades em saúde dos cidadãos. O contexto particularmente difícil em que vivemos veio, por isso, sublinhar que só é possível garantir uma resposta eficaz às necessidades

No que diz respeito à vacinação da gripe, as farmácias comunitárias vão assumir este ano um papel fundamental, com a implementação do programa “Vacinação SNS Local”

Para o efeito, os serviços até agora prestados com caráter excecional – como a renovação da terapêutica para doentes crónicos e a dispensa de medicamentos hospitalares – deverão ser assumidos pelas farmácias comunitárias permanentemente. Trata-se de uma resposta integrada, de proximidade, que permite por um lado melhorar o acesso, a segurança e a comodidade dos utentes, e, por outro, contribuir para o descongestionamento dos cuidados de saúde primários e hospitalares.

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> ARTIGO INSTITUCIONAL FARMÁCIAS COM UM PAPEL CRUCIAL NA VACINAÇÃO DA GRIPE

QUATRO SERVIÇOS QUE AS FARMÁCIAS IMPLEMENTARAM NO ÂMBITO DA COVID-19

Também no que respeita à vacinação da gripe, as farmácias comunitárias vão assumir este ano um papel fundamental. Isto porque, se anteveem meses desafiantes, devido ao potencial aumento do número de casos de doentes com COVID-19 aliado à expectável afluência aos hospitais de casos de gripe sazonal e de problemas respiratórios.

1. Entrega de medicamentos ao domicílio

Para ajudar a debelar este problema, as farmácias e o Governo protocolaram recentemente o programa “Vacinação SNS Local”, que tem como objetivo garantir que a população com mais de 65 anos possa ser vacinada contra a gripe sazonal na sua farmácia habitual, nas mesmas condições em que o serviço é realizado nos centros de saúde (ver caixa ao lado). Esta medida reflete o reconhecimento de que as farmácias comunitárias têm capacidade para fornecer com qualidade um conjunto de serviços que tipicamente não lhes estavam atribuídos.

Para garantir que todas as pessoas que estavam impossibilitadas de se deslocar a uma farmácia tivessem acesso à sua medicação, muitas farmácias comunitárias passaram a disponibilizar o serviço de entrega de medicamentos ao domicílio, garantindo a segurança e a comodidade dos utentes. Ao mesmo tempo, este serviço também contribuiu para que a população cumprisse as indicações de confinamento da Direção-Geral da Saúde. Neste âmbito, a Associação de Farmácias de Portugal (AFP) assinou nos últimos meses protocolos com a ADIFA- Associação de Distribuidores Farmacêuticos e com a Torrestir, com o objetivo de apoiar as farmácias associadas na prestação do serviço de entrega de medicamentos ao domicílio. 2. Dispensa de medicamentos hospitalares Um dos serviços disponibilizados nas farmácias mais valorizados pelos cidadãos no atual contexto de pandemia foi a dispensa dos medicamentos hospitalares. Esta medida permitiu que os utentes não tivessem de se deslocar às respetivas unidades de saúde para conseguirem obter a medicação de que necessitam. Desta forma, os utentes puderam articular com a farmácia comunitária (à sua escolha) a dispensa dos medicamentos necessários. 3. Renovação de terapêutica para doentes crónicos Um outro serviço prestado pelas farmácias durante a pandemia e que con-

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tribuiu para o descongestionamento do Serviço Nacional de Saúde foi a renovação da medicação de doentes crónicos. Através da flexibilização de algumas disposições, tornou-se possível aos farmacêuticos renovarem a terapêutica dos doentes crónicos e, desta forma, garantir a continuidade do acesso aos medicamentos sujeitos a receita médica, evitando que os doentes tivessem de se deslocar às unidades de saúde para renovar o respetivo receituário. 4. Vacinação da gripe no âmbito do programa “Vacinação SNS Local” As farmácias comunitárias vão receber 10% do stock de vacinas da gripe do Serviço Nacional de Saúde (SNS) reservadas à população com mais de 65 anos. A medida, anunciada no final de setembro, decorre do programa “Vacinação SNS Local”, assinado pela Associação de Farmácias de Portugal, a Associação Nacional de Farmácias e o Governo. Esta medida reforça assim o papel das farmácias comunitárias na vacinação da gripe. O objetivo é garantir a administração da vacina da gripe a, pelo menos, 150 mil portugueses com mais de 65 anos, nas mesmas condições em que é feito nos centros de saúde, nas unidades locais de saúde e nas unidades de saúde familiar. Recorde-se ainda que além destas vacinas, as farmácias dispõem de cerca de 500 mil doses da vacina contra a gripe para dispensa e administração à restante população. •

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> DESTAQUE

Um combate que serve de exemplo SÃO TEMPOS DESAFIANTES AQUELES QUE HOJE ENFRENTAMOS. PARA CADA UM DE NÓS, ENQUANTO CIDADÃOS E INDIVÍDUOS PREOCUPADOS COM A EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA PANDEMIA DE COVID-19, MAS TAMBÉM COLETIVAMENTE, ENQUANTO MEMBROS DE UMA SOCIEDADE DESENVOLVIDA, ENQUANTO PROFISSIONAIS COM RESPONSABILIDADES EM MÚLTIPLAS ÁREAS DA ATIVIDADE ECONÓMICA. Autor: Ana Paula Martins - Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos

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s profissionais de saúde, em especial, estão na linha da frente nesta luta contra o novo vírus. São os nossos soldados e são por isso justamente aplaudidos e homenageados, num claro reconhecimento de que as suas funções são essenciais no momento delicado que vivemos. Não se inibem de correr os riscos para os quais foram formados, seguindo até exemplos que lhes serviram de inspiração para o caminho que escolheram. Muito fizeram, e continuam a fazer, para ultrapassar este período marcante e para atenuar o seu impacto na vida das pessoas, em especial junto das camadas da população mais desfavorecidas e carenciadas. As estruturas ligadas ao setor farmacêutico mostraram também o seu sentido cívico e a verdadeira razão da sua existência, procurando apoiar os profissionais que estavam no terreno diariamente a lidar com os problemas e desafios das populações. A Ordem dos Farmacêuticos (OF) e as associações setoriais constituíram um Gabinete de Apoio ao Farmacêutico para acompanhar a evolução e o

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impacto da pandemia na atividade dos farmacêuticos e para continuar a garantir a assistência farmacêutica e medicamentosa às populações. Esta estrutura integrava membros dos órgãos sociais da OF – Bastonária e Direção Nacional, Colégios de Especialidade de Farmácia Comunitária, Farmácia Hospitalar e Análises Clínicas (as três áreas assistenciais da profissão) e Conselho para a Cooperação –, além de representantes da Associação Nacional das Farmácias (ANF), Associação de Farmácias de Portugal (AFP), Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH), Associação Portuguesa de Analistas Clínicos (APAC), Associação de Distribuidores Farmacêuticos (ADIFA) e Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF), entre outros farmacêuticos e especialistas nas áreas da investigação, da epidemiologia, da saúde mental ou com responsabilidades na articulação com as associações de doentes. Uma das primeiras iniciativas deste “gabinete de crise” foi a criação de uma Linha de Apoio ao Farmacêutico (LAF - 800 219 219), com o objetivo de responder às dúvidas, dificuldades e

problemas que os farmacêuticos enfrentam diariamente por causa do novo coronavírus. A linha está capacitada para responder a questões eminentemente profissionais e técnico-científicas de farmacêuticos comunitários, farmacêuticos hospitalares e farmacêuticos analistas clínicos e, desde final de maio, também na área da Saúde Mental, com recurso a psicólogos especialistas em Psicologia Clínica e da Saúde, com formação específica para intervir em situações de crise e respeitando os requisitos de confidencialidade e anonimato. Em quase seis meses de atividade, a LAF registou cerca de 10.000 chamadas atendidas, a grande maioria relacionada com a entrega de medicamentos hospitalares através das farmácias comunitárias ou no domicílio dos utentes, mas também sobre equipamentos de proteção, medidas de segurança ou produtos desinfetantes e antisséticos. Será difícil encontrar outro período na história recente com um volume legislativo dirigido ao setor farmacêutico tão intenso, e em tão curto

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espaço de tempo. A OF trabalhou intensamente com as autoridades de saúde na elaboração de orientações e normas de intervenção profissional, disponibilizando aos seus membros documentação de referência para enfrentar o surto pandémico – planos de contingência, checklists, listagens de fármacos essenciais, perguntas e respostas frequentes sobre a pandemia e materiais informativos para o público e profissionais. Os farmacêuticos comunitários, hospitalares, analistas clínicos e da distribuição prontificaram-se a redigir e atualizar os seus manuais de procedimentos, num trabalho fortemente elogiado ao nível internacional, pela Federação Internacional Farmacêutica (FIP). No dia-a-dia, os farmacêuticos procuravam resolver as dificuldades dos seus utentes no acesso à medicação, seja nos hospitais, seja na comunidade. O Governo reconheceu estes entraves e legislou no sentido das soluções que o setor propôs: para a cedência da medicação de dispensa exclusiva hospitalar aos doentes que não tinham condições para se deslocar ao hospital para receber os seus medicamentos; e na dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica a doentes crónicos que não apresentavam a respetiva receita médica, por impossibilidade de acesso aos serviços de saúde. No primeiro caso, algumas unidades tomaram individualmente a iniciativa de procurar soluções para fazer chegar estes medicamentos aos seus utentes. Outras recorreram à “Operação Luz Verde”, um novo serviço gratuito impulsionado pelas Ordens dos Médicos e Farmacêuticos que ajudou a evitar milhares de deslocações dos doentes

aos hospitais, em particular às unidades vocacionadas para resposta à pandemia de covid-19, prevenindo, por outro lado, a interrupção da terapêutica. Este serviço evidenciou a colaboração profissional entre farmacêuticos comunitários e hospitalares, e proporcionou uma resposta articulada de médicos e unidades hospitalares com os operadores do circuito do medicamento (indústria, distribuidores e farmácias) para garantir a entrega de medicamentos habitualmente cedidos pelos serviços farmacêuticos hospitalares aos doentes assistidos em ambulatório. Com este mesmo propósito, o setor farmacêutico procurou também uma solução para os utentes

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que se deslocavam às farmácias para renovação da sua terapêutica, sem, contudo, apresentarem a correspondente prescrição médica, em virtude do adiamento de muitas consultas ou do encerramento de algumas unidades ou ainda da impossibilidade e receios de deslocação aos serviços de saúde para renovação do receitário. Esta é a razão da nossa existência, enquanto instituição que representa os farmacêuticos portugueses: identificar os problemas, reunir contributos de quem lida com eles e propor soluções que respondam às suas necessidades. •

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> DESTAQUE

Há eventos que mudam o mundo A IDENTIFICAÇÃO DO VÍRUS VIH, NA DÉCADA DE OITENTA DO SÉCULO PASSADO, A DESTRUIÇÃO DAS TORRES GÉMEAS NO INÍCIO DO SÉCULO XXI E A PANDEMIA QUE O MUNDO AGORA ENFRENTA SÃO EVENTOS QUE ESTÃO NA BASE DE MUITAS MUDANÇAS NO MUNDO POR PARTE DAS PESSOAS. Autores: Carlos Sinogas, Fundador da AcF - Acompanhamento Farmacoterapêutico e Farmacêutico Comunitário

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Mónica Condinho, Farmacêutica e Professora na Universidade do Algarve

odos sabemos que o vírus SARS-CoV-2, causador da doença designada por COVID-19, é um coronavírus. É um vírus de genoma a RNA que possui uma cápside proteica e um invólucro lipídico. Numa perspetiva físico-química é um vírus instável e facilmente eliminado por tratamento com alcalis (ex.: lixívia ou sabão), que contribuem para a hidrólise do RNA, ou com solventes (ex.: álcool) que dissolvem o invólucro lipídico do vírus. Ao contrário do vírus da gripe, os coronavírus têm um genoma a RNA de polaridade positiva, que significa ser mensageiro e poder entrar de imediato nos ribossomas da célula infetada para dirigir a síntese das proteínas virais. As infeções pelo vírus Influenza (causador da gripe sazonal) e pelo coronavírus (causador da COVID) conduzem a doenças respiratórias de características não sobreponíveis, mas confundíveis em estádios iniciais ou em situações menos graves. O vírus da gripe parece ser mais infecioso, mas a doença menos grave que a causada pelo SARS-CoV-2, com taxas de morte por COVID ou com COVID que rondam os 0,6% dos infetados. Aplicando os princípios recomendados pela DGS para minimizar a infeção

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por SARS-CoV-2, contribuímos igualmente para reduzir a infeção pelo vírus da gripe. A aplicação das regras de etiqueta respiratória, a utilização de máscaras na presença ou proximidade de outras pessoas e o distanciamento físico contribuem para que os vírus libertados por uma pessoa infetada não tenham acesso fácil a outra pessoa. Já, por outro lado, a presença de uma pessoa infetada em ambiente fechado, sem significativa renovação do ar, permite a acumulação de vírus em suspensão aérea e aumento da probabilidade de transmissão a outros indivíduos, mesmo que usando as máscaras de proteção usuais.

“Não são os eventos que mudam o mundo, são as pessoas que deles se servem para o mudar” Já todos ouvimos tudo sobre os coronavírus, o SARS-CoV-2 ou a COVID. A informação é tão frequente e abundante que já nos sufoca. São os noticiários das televisões e da rádio, são os jornais, são as redes sociais, é o governo e os comentadores encartados que já nos fizeram ultrapassar a fase da curiosidade. Entrámos na fase da saturação e já não ouvimos o que nos dizem.

Desvalorizamos as informações que recebemos e estamos a permitir que a segunda onda se instale. Há eventos que mudam o mundo, na maior parte das vezes de forma não deliberada. Não são os eventos que mudam o mundo, são as pessoas que deles se servem para o mudar. Recordemos os anos oitenta do século passado, quando foi identificado pela primeira vez o vírus VIH, causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) na comunidade homossexual masculina dos Estados Unidos. A administração norte americana, chefiada pelo Presidente Regan e o poder instituído no Reino Unido, protagonizado por Margaret Thatcher, usaram magistralmente esta infeção para moralizar os costumes. Os hippies, com as bandeiras de “Paz e Amor – Peace and Love” e “Proíbam a Bomba (nuclear) – Ban the Bomb” desapareceram em consequência. Recordemos também no início deste século, em 2001, cerca de vinte anos depois, a destruição das torres

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gémeas do World Trade Center de Nova York. Um evento dramático que teve como consequência direta a morte de quase 3000 pessoas e muito pó. Quando o pó assentou, a administração norte americana, chefiada pelo presidente George W. Bush, aproveitou o evento para dominar a origem do petróleo e reduzir os níveis de liberdade individual instituídos. Passámos todos a ser terroristas até prova em contrário, o “Big Brother” que já por aí andava oficializou-se. Cerca de vinte anos depois, em 2019, surge um novo vírus. Um coronavírus, designado por SARS-CoV-2 e instituído em pandémico. Uma vez mais a administração norte americana do presidente Donald Trump e os dirigentes dos países ocidentais tentaram usar o evento para relativizar o poder crescente da China, mas parece não terem sido bem-sucedidos. Ainda não temos uma perspetiva completa do aproveitamento que será feito desta pandemia, mas começa a parecer que os grandes beneficiários serão as instituições bancárias. A crise do subprime americano e as crises financeiras na Europa, a par da corrupção instalada levaram ao descrédito dos bancos. As instituições financeiras recuperam agora, para financiar a economia arrasada pelos confinamentos induzidos no combate à pandemia. Há também um “novo normal” que se desenha: vamos voltar a fugir uns dos outros como o fizemos em tempos de lepra e da PIDE em Portugal, antes do 25 de Abril? É interessante reparar como estes eventos major se distanciam uns vinte anos uns dos outros. Que evento voltará a mudar o mundo por volta de 2040? •

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> DESTAQUE

Ortopedia e COVID-19: mudanças e desafios futuros O RECRUDESCIMENTO DA PANDEMIA DE CORONAVÍRUS RESULTOU NO CRESCIMENTO DA INCERTEZA QUANTO AO FUTURO. E NÓS, COMO CIRURGIÕES, NÃO SOMOS PARTICULARMENTE BONS A LIDAR COM A INCERTEZA. A INQUIETAÇÃO DO CIRURGIÃO ORTOPÉDICO AUMENTA QUANDO LUTA COM QUESTÕES DIFÍCEIS, COMO O CANCELAMENTO DE CIRURGIAS ELETIVAS, NÃO URGENTES, MAS QUE PODEM RESULTAR EM COMPLICAÇÕES FUTURAS, POTENCIALMENTE EVITÁVEIS. Autor: Ricardo Gonçalves,

Assistente Hospitalar de Ortopedia do Hospital Dr. Francisco Zagalo - Ovar

Como em qualquer crise, a busca de soluções representa uma oportunidade de maximização de valor e inovação na prestação de cuidados de saúde, nomeadamente na Ortopedia, que, em última análise, poderão conduzir à mudança de paradigmas e comportamentos:

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Prática de Medicina baseada na evidência: muito do que é feito em cirurgia ortopédica é baseado na experiência pessoal do cirurgião. A considerável acumulação de casos durante o surto pandémico poderá conduzir à adesão mais estrita às diretrizes de práticas médicas baseadas na evidência; o que criará uma oportunidade para diminuir a variação injustificada de procedimentos ortopédicos, que fornecem resultados questionáveis, para certos pacientes ou patologias.

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Telemedicina:

a necessidade de confinamento e distanciamento social resultou num crescimento do recurso à consulta “virtual”, à distância. Após a resistência inicial (imposta por problemas como a falta de recursos técnicos, questões de privacidade, dificuldade >

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de faturação, etc.), a necessidade de manter prestadores de cuidados de saúde e doentes “afastados” tornou a telemedicina num recurso muito útil, nomeadamente em consultas de reavaliação ou acompanhamento pós-cirúrgico.

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Crescimento da Cirurgia de Ambulatório: há evidências crescentes de que os centros cirúrgicos ambulatoriais podem maximizar o valor da maioria dos procedimentos de cirurgia ortopédica. Os doentes preferem cada vez mais centros cirúrgicos onde não há pacientes com coronavírus e estão mais motivados em regressar precocemente ao domicílio, após a cirurgia, minimizando o risco de contrair o vírus.

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Diminuição do recurso à fisioterapia formal: a dificuldade de acesso ao tratamento fisiátrico formal obrigou a alternativas de base doméstica, recorrendo, por exemplo, a ferramentas digitais (vídeos, folhetos explicativos), no sentido de facilitar a recuperação dos doentes, aumentando o conforto, segurança e, em última análise, otimizando custos e resultados pósoperatórios.

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Aumento da pressão dos custos hospitalares: fruto da crise económica associada ao coronavírus, haverá mais pressão para gerir os custos hospitalares de forma rigorosa. No caso específico da Ortopedia, os hospitais continuarão a enfrentar a pressão financeira causada pela migração de casos ortopédicos lucrativos de hospitais do Sistema Nacional de Saúde para Unidades de Cuidados Privados. Para sobreviver economicamente, os hospitais deverão adotar práticas mais económicas e eficazes, sendo um dos primeiros alvos o custo dos implantes ortopédicos, dada a sua grande variabilidade e, por vezes, falta de transparência nos preços e processos de compra.

Formação médica virtual e não presencial:

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a formação médica contínua é uma prioridade absoluta, mas os custos associados são enormes (propinas, deslocações e alojamentos). Por outro lado, a necessidade de recuperação das listas de espera de consultas e cirurgias, proteladas pela atual pandemia, colocou uma pressão adicional na busca de alternativas educacionais virtuais, menos consumidoras de tempo e recursos. Assistimos assim ao crescimento exponencial de serviços de conferências remotas e à oferta de oportunidades educacionais, com a colaboração estratégica de organizações da indústria e da saúde. Ainda mais empolgante poderá ser o papel crescente que o virtual e o treino de realidade aumentada terão na formação futura de internos e fellows de ortopedia.

É assim de extrema importância que, para que estas estratégias funcionem, os profissionais de saúde em geral, e os cirurgiões ortopédicos em particular, se sintam seguros, protegidos e ouvidos. Aceitar estas mudanças permitirá enfrentar os desafios impostos pela COVID-19, garantindo a prestação de cuidados de qualidade aos doentes, nos anos que virão. •

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> SAÚDE

A importância de uma estratégia para o futuro da saúde DECISÕES ESTRATÉGICAS ASSUMIDAS COM UM GRANDE SENTIDO DE RESPONSABILIDADE ASSOCIADAS A UM PENSAMENTO CRÍTICO E INOVADOR SÃO IMPERATIVAS, POR FORMA A ENCONTRAR SOLUÇÕES PARA MANTER A QUALIDADE E A SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE. Autor: Eurico Castro Alves, Presidente da Comissão Organizadora da Convenção Nacional da Saúde.

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Saúde e o direito ao acesso à saúde é um dos temas que mais une os portugueses, sendo inclusive um direito inscrito na constituição. Os desafios societários que se aproximam são vários e bem conhecidos, pelo que importa começar a preparar hoje o futuro que pretendemos, desenhando e implementando novas políticas e estratégias de saúde que se adeqúem às novas realidades.

Essas novas politicas e estratégias devem surgir de uma profunda reflexão que inclua não apenas o governo e as autoridades regulamentares, mas também todos os profissionais de saúde e os cidadãos em geral que deste modo assumem desempenhar um papel fundamental pelas mesmas. É imperativo que as decisões estratégicas sejam assumidas com um grande sentido de responsabilidade associado a um pensamento crítico e inovador que permita encontrar soluções para manter a qualidade e a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde. O papel que as Farmácias desempenham no Sistema Nacional de Saúde é incontornável, não só pelo seu posicionamento de grande proximidade ao utente, mas principalmente por serem uma referência de credibilidade no que concerne à prestação de serviços de saúde e à promoção da informação e da literacia em saúde da população. Foi com a profunda convicção de que as próximas políticas e estratégias de saúde devem refletir a contribuição de todos que decidi avançar para organizar a primeira Convenção Nacional de Saúde.

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A Convenção Nacional de Saúde foi pensada como um espaço que visa procurar consensos e onde se pretende deixar para trás diferenças ideológicas e interesses corporativos ou profissionais, preterindo-os pela busca de pontos comuns que permitam a elaboração de estratégias de saúde que visem o melhor interesse da sociedade. Ao elaborar uma “Agenda da Saúde para a Década”, que apontou caminhos para o futuro sustentável da Saúde em Portugal, a Convenção Nacional de Saúde incorporou a opinião dos diferentes parceiros da saúde: profissionais de saúde, parceiros públicos, privados e setor social, associações de doentes, responsáveis políticos, imprensa, centros de investigação e universidades, mas acima de tudo a dos cidadãos. Foi com essa reflexão coletiva, despida de outros interesses que não a promoção de uma estratégia de excelência e sustentabilidade para a saúde, que foram elaboradas as pro-

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“O papel que as Farmácias desempenham no Sistema Nacional de Saúde é incontornável, não só pelo seu posicionamento de grande proximidade ao utente, mas principalmente por serem uma referência de credibilidade no que concerne à prestação de serviços de saúde e à promoção da informação e da literacia em saúde da população” postas que certamente contribuirão para a definição do que será o futuro da Saúde nacional. Um excelente exemplo de participação, quer a nível pessoal, quer a nível da instituição que lidera, é o da Sra. Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Professora Doutora Ana Paula Martins. Com a sua capacidade de construir pontes e de gerar consensos associada ao seu conhecimento profundo do sistema nacional de saúde e da realidade da Saúde vivida nas diferentes regiões do país, a Professora Ana Paula Martins

tem sido instrumental no desenho da nova agenda para a Saúde portuguesa. Estou certo de que as Farmácias, e os Farmacêuticos, continuarão a ser uma peça chave no mapa da saúde portuguesa. A sua elevada qualidade científica associada à sua proximidade e à sua credibilidade junto dos cidadãos coloca-os numa posição ímpar para desempenhar um papel muito ativo e fundamental nos cuidados de saúde primários. As Farmácias são uma instituição milenar, agregadora das comunidades

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que servem e a quem prestam um serviço de extrema importância, que deve ser reconhecida e apoiada por todos os restantes agentes da saúde. De igual forma as Farmácias têm vindo a demonstrar a sua capacidade de se adaptarem às novas exigências e desafios da sociedade, pelo que, certamente, continuarão a desempenhar um papel de grande relevância no panorama futuro da saúde portuguesa. Tal como escrevia Peter Drucker, “a melhor forma de prever o futuro é criá-lo”. É exatamente isso que a Convenção Nacional de Saúde pretende, criar um futuro, baseado nos consensos que conseguiu encontrar, que tenha em mente o melhor interesse da sociedade portuguesa, presente e vindoura. Para tal, a Convenção Nacional de Saúde conta com a contribuição de todos, mas de uma forma particularmente significativa com as Farmácias e com todos os profissionais de saúde que nelas trabalham.•

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> SAÚDE

Uma voz na Saúde AO LONGO DESTES QUARENTA ANOS, OS PORTUGUESES HABITUARAM-SE A CONFIAR NO SNS PORQUE CONFIAM NOS SEUS PROFISSIONAIS, SENDO TESTEMUNHAS DA SUA DEDICAÇÃO, PROFISSIONALISMO E CONSTANTE ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO. CONFIAR É ACREDITAR. O SNS CONTINUA VIVO PORQUE HÁ QUEM TEIME EM NÃO DESISTIR. DO PONTO DE VISTA DOS CUIDADOS PRESTADOS PELOS PROFISSIONAIS, DA EVOLUÇÃO TÉCNICA DA QUALIDADE E DA INOVAÇÃO TERAPÊUTICA, OS CUIDADOS MELHORARAM. Autor: Ana Rita Cavaco, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros

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s portugueses podem ter confiança nos seus profissionais de saúde. É pela sua dedicação, voluntarismo e boa vontade que ainda não colapsou um dos pilares da nossa Democracia. Os doentes sabem que são os profissionais que mantêm o SNS vivo e essa confiança traduz-se numa enorme responsabilidade para todos os agentes. Não há cuidados de saúde sem uma acção multidisciplinar de todos os profissionais do sector. Enganase redondamente quem acredita que pode correr em pista própria, focado nas suas reivindicações, direitos e exigências. Em 2016, as ordens profissionais do sector da Saúde uniram-se para apresentar ao Presidente da República um Plano de Emergência. Quatro anos depois, continuamos presos aos mesmos debates, aos mesmos diagnósticos e aos mesmos obstáculos que não nos permitem avançar. É preciso desbloquear este processo.

do SNS: a desmotivação crescente dos profissionais e, por consequência, o êxodo para o sector privado e para o estrangeiro. De pouco vale anunciar a contratação de profissionais sem assegurar-lhes condições para que possam cumprir a sua missão. Que ninguém se iluda, quem entra hoje vai sair já amanhã. Aos salários indignos juntam-se a desorganização dos serviços, a falta

de visão dos conselhos de administração, a burocratização dos cuidados e agora a crescente violência dos utentes contra os profissionais de saúde. Continuamos a falhar redondamente quando não investimos nas pessoas e somos incapazes de lhes acrescentar qualidade de vida profissional e pessoal.

Na discussão sobre o Orçamento do Estado para 2020 voltámos a ter mais do mesmo. Promessas de mais financiamento, mas incapacidade para enfrentar um dos problemas crónicos

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A este cenário soma-se o problema das remunerações dos profissionais d e s a ú d e . O s e n fe r m e i ro s portugueses são dos mais mal pagos da OCDE e não param de perder poder de compra. Um enfermeiro com 2 ou 20 anos de serviço leva para casa 980 euros líquidos. Não há dignidade profissional sem uma remuneração justa. O estado da Saúde em Portugal está intimamente relacionado com a forma como os profissionais são tratados pelo poder político e pelas administrações hospitalares. Escrevo sobre os enfermeiros, mas consciente das justas reivindicações de outros

profissionais do sector, igualmente cansados e desmotivados. No actual contexto de destruição do património histórico e social do SNS, o País precisa que as ordens profissionais do sector da saúde sejam, hoje mais do que nunca, o garante da segurança e qualidade dos serviços prestados, assim como da dignidade dos seus profissionais. É tempo de agirmos em conjunto e de sermos capazes de, uma vez por todas, falarmos a uma só voz. A história política do SNS está repleta de desejos de pactos prometidos, pactos envergonhados ou falhados. Acredito que estamos de acordo

em relação ao essencial. É preciso mais investimento e mais rigor na gestão. É preciso mais valorização do mérito e menos compadrio. É preciso mais acção e menos política. Perante o cenário que temos pela frente, é imperioso reforçar os laços entre os profissionais do sector da saúde. Se somos capazes de ser eficazes em contexto profissional, temos de transpor essa eficácia para a dimensão política. O SNS só ganhará se, ao diagnóstico conhecido, formos capazes de acrescentar planos de resolução comuns. É isso que o país espera de nós. • Texto não foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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> SAÚDE

O conceito de Uma só Saúde NO INÍCIO DA DÉCADA PASSADA, COM A EMERGÊNCIA DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES, UM NOVO ALERTA DE PERIGO PARA A HUMANIDADE SOOU UM POUCO POR TODO O MUNDO.

Autor: Helena Ponte, Médica-Veterinária, Mestre em Saúde Pública Veterinária e Doutorada em Farmacologia

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eclarada a luta contra a antibiorresistência, hastearam-se bandeiras de cunho político e de compromisso internacional, catapultando para a esfera pública o conceito de “uma só saúde”, como pilar fundamental para a sustentabilidade do uso, com eficácia e eficiência, dos medicamentos antimicrobianos ainda disponíveis. Na sua vasta maioria, os mesmos que se administram aos seres humanos e aos animais. Recomendando-se empenho, contenção e responsabilidade na planificação de todas as medidas necessárias para que em cada país se diminuísse, criteriosamente, os seus consumos com base na relação estatística entre as quantidades de antimicrobianos usados e a pressão de seleção de resistência exercida sobre as bactérias.

Apelando assim à implementação de planos de ação nacionais apropriados que integrem todas as sinergias necessárias e possíveis, consoante os eixos estratégicos delineados para cada realidade nacional, necessariamente assente no conceito de uma só saúde. À data, a preocupação da antibiorresistência é transversal à escala mundial, embora não no mesmo grau e proporção. Em certos países esbate-se, inevitavelmente, pela inexistência de regulamentação e pelas condições precárias de vida das populações desprovidas de cuidados de saúde básicos e de condições básicas de sanidade, enquanto noutros ainda, onde grassa a doença e a fome, a antibiorresistência pode até ser uma ilustre desconhecida pela falta de acesso a antibióticos A preocupação da e pela curta esperança de vida.

antibiorresistência é transversal à escala mundial, embora não no mesmo grau e proporção

Mas nos países ditos desenvolvidos, com legislação específica, designadamente para prescrição, venda e utilização, a realidade é outra.

Este é o enquadramento do problema à escala mundial, onde a realidade económica e de políticas de saúde é cruelmente versátil e onde o fenómeno da resistência, já por si natural, é potenciado pelo mau uso dos antimicrobianos, além do abuso no seu uso, sobretudo nos países onde o acesso do ponto de vista económico é mais fácil. Às bactérias, basta pulularem sem fronteiras, com maior rapidez e a distâncias cada vez maiores, suportadas pelo fenómeno da globalização, também caracterizado pelo acréscimo de movimentações de homens, animais e alimentos.

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Por isso, é nos países ditos desenvolvidos que se conhecem os números de desgraças causadas por bactérias resistentes enquanto noutros nem tanto - pelo que se exige uma ação coordenada e de interajuda internacional, nacional, regional, local e profissional. Sendo aqui que se ajusta, como uma luva, o princípio do conceito de uma só saúde. Centrado no uso responsável dos antimicrobianos e na preservação destes medicamentos “sociais”, como património da humanidade. Envolvendo todos os profissionais de saúde humana e animal pela mesma causa, que é, a de viver com saúde em ambiente saudável. Tal desígnio, porém, independentemente de questões de desenvolvimento socioeconómico, parece não ter surtido o impacto esperado no nosso país. Ou porque não precisamos de plano algum para a nossa luta,

O conceito de uma só saúde é tão antigo quanto a profissão médico-veterinária, que desde sempre tratou os animais para que, também, não fossem fontes de transmissão e disseminação de doenças para os seres humanos, garantindo ao mesmo tempo que deles proviessem alimentos nutritivos e saudáveis, em quantidade compatível com as necessidades, e com qualidade

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ou porque o conceito de uma saúde que já tínhamos nos chega, e talvez por isso nada tenha trazido de novo e de inovador. Facto é que nada mudou, entretanto, ou, se mudou, pouco ou nada se tem notado! Em boa verdade, o conceito de uma só saúde é tão antigo quanto a profissão médico-veterinária que, desde sempre, tratou os animais para que também não fossem fontes de transmissão e disseminação de doenças para os seres humanos, garantindo ao mesmo tempo que deles proviessem alimentos nutritivos e saudáveis, em quantidade compatível com as necessidades, e com qualidade, não apenas organolética, mas do ponto de vista da segurança alimentar. Para que os alimentos de origem animal não sejam fontes de contaminação biológica e química para os seus consumidores, decorrente do uso de medicamentos.

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> SAÚDE

Vocação que desde sempre sustentou a profissão médico-veterinária, do clínico ao inspetor sanitário, a qual vem evoluindo a par da crescente consciencialização da dignidade dos animais e dos seus direitos, das regras de bem-estar animal, dos planos de saúde animal, incluindo proibições - designadamente nos animais de produção pecuária de utilização de substâncias promotoras de crescimento, como aditivos antibióticos através das rações e, mais recentemente, a administração a animais de antibióticos criticamente importantes para salvar a vida dos seres humanos. É dizer que o conceito de uma só saúde para a medicina veterinária não é novo. Está na génese das ciências veterinárias. A sua abordagem é, inclusive, no dia a dia de qualquer médico-veterinário, tão indissociável da sua atividade profissional que - orientados por um ciclo de benefícios, com conta peso e medida, para os animais, seres humanos e ambiente - foi com grande expetativa que estes profissionais ficaram a aguardar a inovação resultante da integração, e esforço conjunto de outros profissionais de saúde, no conceito de uma só saúde. Agora reconhecido com pompa e circunstância, como se fosse uma novidade, e desta feita com todos os profissionais dos vários ramos da saúde a remarem no mesmo sentido. “Só que, para que tal acontecesse, era preciso estratégia e coordenação, o que até à data ainda falta em Portugal. Isto apesar de já ter passado uma década desde o primeiro plano de ação emanado pela Comissão Europeia, no âmbito da luta antimicrobiana, com ramificações a todos

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“As profissões que segundo o conceito de uma só saúde deveriam estar mais unidas que nunca — coordenadas numa estratégia conjunta, movidas pelos mesmos objetivos e partilhando a responsabilidade do bom uso dos antimicrobianos, cada um na sua esfera de ação, esforçando-se e lutando pela vida, humana e animal, contra a crescente resistência microbiana — nem sequer se conhecem!” os seus estados-membros, com o firme propósito de se preservarem os antibióticos como armas terapêuticas imprescindíveis à vida, a par de recomendações explícitas em matéria de uma só saúde. Porque, para as bactérias, não há fronteiras nem de espécies, nem de territórios ou nações.” Embora em Portugal tudo continue como dantes. A remarmos contra a maré, queremos acreditar, mas cada um por si! Vamos sabendo da progressiva redução das quantidades de vendas de antimicrobianos veterinários no conjunto dos estados-membros da União Europeia nos últimos anos, se, quem quiser saber, se der ao trabalho de consultar os relatórios anuais do ESVAC (European Surveillance of Veterinary Antimicrobial Consumption) publicados na página eletrónica da Agência Europeia do Medicamento (EMA). Pese embora continuemos sem saber exatamente onde e em que espécies animais essa

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diminuição de consumos se verifica, e continuemos sem capacidade de estabelecer quaisquer comparações com os consumos de medicamentos antimicrobianos de uso humano, para os devidos efeitos. Que é como se costuma dizer, quando não sabemos muito bem “o que fazer depois”. Porque para sabermos “o que fazer depois” havíamos de ter um plano conjunto de ação, humano e veterinário, o qual tanto quanto sei, ou julgo saber, não existe. E sem planificar, não há comunicação, não há estratégia, não há objetivos, não há metas, não há indicadores, muito menos resultados. Arriscaria dizer, que os médicos veterinários não sabem o que andam os restantes profissionais de uma só saúde a fazer, como tenho a certeza de que estes desconhecem também em absoluto o que fazem os veterinários. As profissões que segundo o conceito de uma só saúde deveriam estar mais unidas que nunca - coordenadas numa estratégia conjunta, movidas pelos mesmos objetivos e partilhando a responsabilidade do bom uso dos antimicrobianos, cada um na sua esfera de ação, esforçando-se e lutando pela vida, humana e animal, contra a crescente resistência microbiana - nem sequer se conhecem! Como se pode esperar que se articulem, então, proficuamente entre si? Tal desinformação é tão ou mais caricata que, quando calha a falar-se do assunto, fala cada um ao calhas! Meio em tom de crítica, meio com aspirações de mudança, ainda se

“A mais-valia do novo conceito de uma só saúde, indo além do saber de cada profissão de saúde, é passar da intenção à ação. Um conceito, renovado, que teria de se originar, como numa espécie de geração espontânea, da implementação de um Plano de Ação Nacional, unificado, plural e singular, integrando todos e cada um”

repisa nas hormonas e antibióticos para engorda de animais, se debatem experiências de amigos, vizinhos, familiares e histórias da televisão sobre consultas e unidades de saúde, e se descasca forte e feio nas farmácias quando vendem tudo ou não vendem nada. Dos enfermeiros não se fala e dos enfermeiros veterinários nem se sabe que existem. O meio ambiente é paisagem… Será esta a perceção da sociedade civil, que deveria ser também ativamente envolvida no conceito de uma só saúde, e não o é, apesar de reconhecido o papel social do medicamento antimicrobiano? Não basta juntarem-se - volta não volta, por carolice - representantes destas profissões a dar palpites sobre o assunto que, feliz ou infelizmente, coincidem na preocupação, quando depois cada um vai para seu lado a pensar que a coisa está pior do que se pensa. Salvo as relações académicas mais pessoais que académicas que alguns cientistas entusiasmados com os seus achados mantêm entre si, mas que raramente

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estendem além da comunidade científica pela publicação de artigos, a partilha de conhecimento é nula. A mais-valia do novo conceito de uma só saúde, indo além do saber de cada profissão de saúde, é passar da intenção à ação.

Um conceito renovado que teria de se originar, como numa espécie de geração espontânea, da implementação de um Plano de Ação Nacional, unificado, plural e singular, integrando todos e cada um. Das instituições estatais, às entidades privadas, passando pela sociedade civil. Só assim se conduz o combate à resistência microbiana sem outras pretensões que não as de servir a causa pública, no caso a saúde e a vida. Em 2017, e pela segunda vez, a Comissão Europeia adotou um novo plano de ação de luta contra a antibiorresistência, prevendo que cada estado-membro atualizasse o seu, nos respetivos territórios, à luz do conceito de uma só saúde e experiência adquirida. Três anos passados, ainda não perdi a esperança de virmos a ter o nosso Plano Nacional. Afiançando a minha total colaboração, mesmo que como simples cidadã. •

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> Setor Farmacêutico

Os nossos desafios de hoje e de amanhã TODOS OS CIDADÃOS TÊM O DIREITO DE SABER QUE OS FARMACÊUTICOS QUE LHES PRESTAM CUIDADOS PERMANECEM COMPETENTES AO LONGO DE TODA A SUA VIDA PROFISSIONAL. NA PROSSECUÇÃO DESTE OBJETIVO, A SECÇÃO REGIONAL DO SUL E REGIÕES AUTÓNOMAS (SRSRA) PROMOVE DIVERSAS AÇÕES DE FORMAÇÃO.

Autor: Rui Santos Ivo, Presidente do INFARMED

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pandemia de COVID-19 constitui um desafio na realidade atual sem precedentes para Portugal, para a Europa e para todo o mundo. Esta crise de saúde pública veio colocar as sociedades à prova e, em concreto, os sistemas de saúde. Mais do que nunca importa reforçar o espírito de solidariedade na nossa sociedade e apoiar a aplicação das medidas pertinentes no domínio dos cuidados de saúde. Desta forma, será possível conter e derrotar a ameaça que representa a COVID-19 e assegurar uma retoma duradoura em todos os

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outros setores da economia e da vida pública. O papel dos serviços de saúde e das farmácias comunitárias é decisivo para lidar com este desafio. O empenho e a dedicação no exercício da profissão farmacêutica permitem dar confiança aos cidadãos na gestão da sua condição de saúde, bem como das suas famílias. É um papel de responsabilidade social, que deve ser enaltecido e reconhecido. As medidas implementadas para lidar com a pandemia terão sucesso através da ação conjunta dos cidadãos

associada à colaboração das entidades que compõem o sistema de saúde, designadamente as farmácias. A crise gerada pela COVID-19 veio também reforçar a ação conjunta por parte das instituições europeias e entre os estados-membros, que desencadearam mecanismos de combate e apoio a vários níveis, como previstos na Nova Agenda Estratégica para 2019–2024, no novo programa da União Europeia desig-

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Setor Farmacêutico <

nado EU4Health ou na Estratégia farmacêutica europeia. São documentos importantes para o futuro da sociedade e, em particular, na área do medicamento. Portugal terá a Presidência do Conselho da União Europeia no primeiro semestre de 2021, sendo uma das prioridades o acesso sustentável, equitativo e universal a medicamentos. Esta prioridade implica lidar com os desafios da sustentabilidade, da disponibilidade e da acessibilidade no setor dos medicamentos, e representa uma preocupação europeia e nacional. A disponibilidade de medicamentos no mercado português tem sido uma matéria acompanhada com muita atenção, com impacto direto nas farmácias e nos seus utentes, e que tem desencadeado várias iniciativas no sentido de compreender e mitigar as múltiplas causas para as falhas ou ruturas de fornecimento de medi-

O empenho e a dedicação no exercício da profissão farmacêutica permitem dar confiança aos cidadãos na gestão da sua condição de saúde, bem como das suas famílias. É um papel de responsabilidade social, que deve ser enaltecido e reconhecido camentos ao mercado por parte dos fornecedores, tanto a nível nacional como europeu, designadamente a disrupção que se verifica nas cadeias globais de abastecimento. É importante expressar o reconhecimento a todos os profissionais de

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saúde, incluindo os farmacêuticos, que dão um forte contributo para que, num tempo particularmente difícil e exigente, seja possível garantir aos nossos concidadãos a prestação dos adequados serviços de saúde. •

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> SETOR FARMACÊUTICO

O Jovem Farmacêutico e a Farmácia Comunitária A CRESCENTE ESPERANÇA MÉDIA DE VIDA NA EUROPA É O RESULTADO DO MARCADO SUCESSO NA EVOLUÇÃO CIENTÍFICA E NAS POLÍTICAS DA SAÚDE. O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO PODE REFLETIR-SE NUMA MAIOR NECESSIDADE DE GASTOS EM CUIDADOS DE SAÚDE E MEDICAMENTOS, E DEVE SER ENCARADO COMO UMA REALIDADE E UM DESAFIO AO QUAL É NECESSÁRIO DAR RESPOSTA. Autor: Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos - APJF

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Farmácia Comunitária assume cada vez mais um papel privilegiado de proximidade com o utente, sendo em muitos casos o primeiro local de escolha, não só pela sua maior disponibilidade e acessibilidade, mas também pela confiança depositada nos profissionais de saúde que nela encontram. É um espaço de prestação de cuidados de saúde, desempenhados por profissionais habilitados e que investem na exigência multidisciplinar da qualidade dos seus serviços.

De olhos postos no futuro e face a estes novos desafios, a direção da Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos APJF procura estar sempre na linha da frente. Como tal, novas estratégias devem ser adotadas. As relações entre profissões e a formação multidisciplinar têm um papel preponderante no desempenho profissional dos jovens farmacêuticos e torna-se fulcral a importância de um plano de formação e atuação que seja forte, diversificado e proeminente. O desenvolvimento das nossas competências reverte sempre em melhores resultados e, portanto, maior realização profissional. Assumimos o compromisso de consolidar a colaboração com as entidades próximas do setor Farmacêutico, mas também

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de diversificar o âmbito de ação junto das diferentes áreas de atividade profissional, assim como com os demais profissionais de saúde. A APJF propõe aos Jovens Farmacêuticos um plano de ação e formativo, inovador e empreendedor cujo objetivo será alargar horizontes explorando outras áreas que não sejam as convencionais até agora. Projetando o futuro, pretendemos entender quais as necessidades ainda não cobertas e adaptar o plano de ação e formativo às suas preferências e necessidades. O Farmacêutico Comunitário deve primar pela garantia de que os medicamentos e produtos dispensados são acompanhados de aconselhamento, e de todas as informações necessárias à sua correta utilização, e que os serviços prestados são munidos de formação e base científica sólida. A realidade da

Farmácia Comunitária não tem sido estática e tem evoluído no sentido de proporcionar uma exigência e qualidade acrescidas aos cuidados prestados pela equipa de saúde - equipa esta que acreditamos que deva ser composta por profissionais capazes de fazer parte de uma rede de profissionais de saúde de diversas áreas, aliando as suas diferentes valências para uma melhor prestação de cuidados à população. Este tipo de atuação, com a integração de outros setores profissionais, permite o reconhecimento do Farmacêutico pela população, e por outros profissionais de saúde, influenciando a definição das políticas da saúde. Projetando o Futuro, juntos, vamos Progredir, Inovar e fazer a Diferença. Enquanto Jovens Farmacêuticos, nós Somos o Futuro. •

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SETOR FARMACÊUTICO <

SIGREM: um modelo circular para medicamentos e suas embalagens (parte II) EMBORA O SECTOR DO MEDICAMENTO REPRESENTE MENOS DE 1 % DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS PRODUZIDOS EM PORTUGAL, A EXISTÊNCIA DE UM SISTEMA DE RECOLHA DE EMBALAGENS VAZIAS E MEDICAMENTOS FORA DE USO É DE GRANDE IMPORTÂNCIA. DE FACTO, A ESPECIFICIDADE DO MEDICAMENTO ACONSELHA E EXIGE A EXISTÊNCIA DE UM PROCESSO DE RECOLHA SEGURO E, POR ISSO, UM PROJECTO DESTA NATUREZA JUSTIFICA-SE EM TERMOS DE SAÚDE PÚBLICA E AMBIENTAL.

Autor: Luís Figueiredo, Diretor Geral da VALORMED

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oi consciente disso que em 1999 a indústria farmacêutica, através da Apifarma, criou a VALORMED, a que de imediato se associaram farmácias e distribuidores, instituindo-se dessa forma um sistema autónomo e próprio para o sector do medicamento. Desta forma, fechou-se aquilo a que podemos denominar o “ciclo do medicamento”, que se inicia com o processo de Investigação & Desenvolvimento e termina com o tratamento ambiental dos resíduos produzidos. A VALORMED foi criada para a concretização de dois objectivos fundamentais: minimizar o impacto que os resíduos de embalagens e medicamentos podem vir a causar sobre o ambiente e promover a não acumulação doméstica de medicamentos. Assim, graças a essa recolha selectiva, passou a contribuirse para o uso racional do medicamento e automedicação indevida, evitandose que os que foram prescritos para um determinado tratamento sejam utilizados posteriormente sem o necessário controlo médico e sanitário.

Até 2008, os resíduos eram na totalidade encaminhados para incineração e depositados em aterro mas, desde então e contrariamente ao que muitos ainda continuam a pensar, todo o material recolhido nas farmácias é, depois do armazenamento intermédio nos distribuidores com o objectivo de permitir uma transferência em quantidade, encaminhado para um Centro de Triagem. Aí, os resíduos são separados e classificados, e depois enviados para reciclagem ou incineração com valorização energética. Assim, o contributo do sector do medicamento na vertente ambiental foi reforçado nos últimos anos, especialmente com a entrada em funcionamento do tapete de triagem para os resíduos recolhidos no âmbito do SIGREM. De facto, centenas de toneladas de resíduos passaram a ser recicladas, outras valorizadas energeticamente, evitando-se a sua deposição em aterro sanitário, verificando-se, por isso, uma diminuição significativa da contaminação dos aterros

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com resíduos das embalagens contaminadas com medicamentos. A VALORMED é uma sociedade por quotas, cujo objecto social corresponde e remete expressamente para a legislação em vigor, designadamente em matéria de gestão de resíduos de embalagens. Tem como sócios fundadores as principais instituições representativas dos operadores económicos que constituem a “cadeia do medicamento”, com um capital social repartido por uma estrutura que reflecte os três subsectores principais do sector (indústria, distribuidores, farmácias), consubstanciando uma “visão global” em relação ao futuro do País e do Planeta.

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> Setor Farmacêutico

Os próximos anos são cruciais para o futuro das organizações, tendo em conta que as agendas das alterações climáticas, desenvolvimento sustentável e energia estão unificadas a uma escala global. É o momento de agir, aproveitando esta oportunidade sem precedentes, pelo que importa, pois, promover a unicidade de 4 elementos: Ambiente, Social, Económico e Identidade.

respondente a 4 mil milhões de pessoas até 2035; • Nos mares, são lançados cerca de 500 quilos de resíduos por segundo, tratando-se na sua grande maioria de plásticos.

• Consumimos recursos renováveis a um ritmo 50 % superior ao necessário para a sua substituição;

Chegou, por isso, o momento de nos concentrarmos num novo rumo. É sobejamente conhecida a reputação da Europa em matéria de inovação e competências, a sua capacidade em resolver questões de grande complexidade, a sua fama em saber partilhar os seus conhecimentos e conjugar os seus recursos. Durante cinquenta anos, isso fez da Europa uma potência económica mundial, sendo que, hoje em dia, as empresas europeias continuam na vanguarda da economia verde à escala mundial, representando um terço do mercado mundial de tais tecnologias.

• A classe média à escala mundial deverá registar um aumento cor-

Numa economia circular em que a preocupação incide sobre a reparação

Não queria deixar de recordar, por isso, alguns dados que nos devem motivar, mas, sobretudo, levar a agir desde já: • Actualmente a União Europeia importa seis vezes mais materiais e recursos naturais do que exporta;

dos produtos, a manutenção, a actualização e a retransformação caracterizam-se por uma utilização muito mais intensiva de mão-deobra do que as indústrias extractiva e transformadora em instalações altamente automatizadas. Deste modo, tal pode resultar na criação directa de um grande número de novos postos de trabalho em toda a União Europeia. De um modo indirecto, o acesso a recursos reciclados pouco dispendiosos, com baixo teor de carbono e de elevada qualidade, pode reduzir a nossa dependência face às matérias-primas importadas e contribuir em maior grau para o emprego, o crescimento e a reindustrialização da Europa. A economia circular vai ser o principal desafio de inovação nas próximas décadas, pelo que destaco que a própria Natureza poderá guiarnos nesse sentido. • Texto não foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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> Setor Farmacêutico

Afinal quanto deve ser investido em Stock na Farmácia? ANALISANDO PARÂMETROS COMO O STOCK PARADO, A COBERTURA DE STOCK E AS RUTURAS, É POSSÍVEL FAZER UM DIAGNÓSTICO E DESENHAR A MELHOR ESTRATÉGIA PARA MAXIMIZAR RESULTADOS NA GESTÃO DO STOCK DE UMA FARMÁCIA. Autor: Paulo Jesus, Key Account da Winphar

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ma gestão eficiente do Stock é cada vez mais um fator determinante para o sucesso de uma Farmácia. Se até há uns anos a preocupação era conseguir as melhores condições na compra, atualmente, é igualmente importante dedicar uma atenção redobrada ao nível de Stock da Farmácia. Afinal quanto deve ser investido em Stock na Farmácia? A resposta não é linear e depende de vários fatores. Analisando parâmetros como o Stock Parado, a Cobertura de Stock e as Ruturas, é possível fazer um diagnóstico e desenhar a melhor estratégia para maximizar resultados. STOCK PARADO Este indicador é definido com o Stock de produtos sem vendas nos últimos 3 ou 6 meses, consoante a preferência da farmácia. É um indicador que deve ser levado muito a sério. De pouco serve comprar com boas condições se depois não for viável escoar o produto. O Stock Parado está quase sempre associado a uma redução substancial na rentabilidade e há alguns fatores a ter em conta antes de decidir comprar em grande quantidade:

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• Deve considerar-se o tempo gasto na logística e gestão destes produtos e considerar um custo associado ao armazenamento e manutenção. • O processo de devolução quando expira o Prazo de Validade também consome tempo, além de nem sempre ser possível. Nos casos em que é, os tempos de espera pelo reembolso são normalmente longos, sendo capital mal alocado que fica indisponível para novos negócios. • Se dá origem a uma Quebra a perda é total, apenas gera prejuízo.

Tempo é dinheiro: quanto mais tempo for gasto a gerir um produto, menor é a margem real que se consegue retirar. A sugestão é que a aposta seja limitada a um conjunto restrito de produtos e num conjunto mais limitado de parceiros, em vez de apostar na variedade. Será assim mais fácil minimizar o risco de perdas. Farmácias com Stock otimizado conseguem limitar este conjunto de produtos a 10%-15% do seu stock. COBERTURA TOTAL DE STOCK Este indicador estabelece uma relação entre o Stock Médio e o Volume de

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“Tempo é dinheiro: quanto mais tempo for gasto a gerir um produto, menor é a margem real que se consegue retirar”

a alocar capital desnecessariamente. Esse capital poderia ser alocado de forma mais eficiente para a expansão da sua operação, e.g. através de obras, aquisição de equipamentos, formação ou publicidade.

Vendas da Farmácia e mede-se em número de dias. O valor de Cobertura Total de uma Farmácia com stocks otimizados ronda os 30 dias, sendo que este deve ser o valor de referência.

RUTURAS

Nos produtos de expositor e nos adquiridos em compras diretas o nível de stock é naturalmente mais elevado. Nestes, a Cobertura pode rondar os 60 a 90 dias. Em compensação, nos produtos de maior rotação, a Cobertura deve variar entre os 5 e 10 dias. Se a distribuição destes conjuntos estiver equilibrada, o valor da Cobertura Total vai estar entre os 25-35 dias. No caso de o seu software não lhe fornecer esta informação já calculada, é possível fazê-lo de forma relativamente simples, ainda que com alguma margem de erro. Para o cálculo, deve dividir o Stock Médio no mês a considerar pelo Total de Vendas nesse mês e multiplicar pelo número de dias do mês. Por exemplo:

Quando um cliente pretende comprar um produto, a Farmácia não o tem e o cliente se vai embora, a farmácia perde uma venda. A este evento chamamos Rutura. É fundamental que esta informação seja registada. A lista de Ruturas deve ser avaliada com regularidade, podendo dar pistas sobre quais os produtos em que o stock deve subir ou se o processo de redução de stock está a ter impacto negativo. A ausência do registo de Ruturas, mesmo que manual, impede a visibilidade sobre o problema, inibindo a sua resolução e incrementando o risco de perda de mais vendas. AJUSTAR NÍVEL DE STOCK As vendas de um produto podem ter um desempenho muito variável, estando sujeitas a diversos fatores como a sazonalidade, o aparecimento de produtos alternativos, alterações de preços, campanhas ou objetivos de

• Stock Médio em dezembro: 60.000€

grupo. O processo de ajuste de Mínimos e Máximos baseia-se geralmente numa análise superficial das vendas dos últimos meses, produto a produto. Não sendo a forma mais eficaz é uma boa solução quando feita com regularidade. Nos produtos de baixa rotação deve, por exemplo, ser feita sempre que se prepara para fazer nova encomenda e repor o stock do produto. Por ser uma tarefa desgastante, o habitual é simplificar e definir stocks em excesso, tendo em conta a regularidade de entregas dos fornecedores, a realidade é que não faz sentido ter stock para mais que alguns dias. Faça o exercício, determine quanto tem em Stock Parado, calcule a Cobertura da sua Farmácia, verifique as Ruturas. Provavelmente não precisa de mais dinheiro para retirar mais rentabilidade da sua Farmácia. Atingir e manter a Cobertura adequada exige um ajuste constante dos stocks da Farmácia. Esta tarefa é bastante exigente, mas já existem ferramentas no mercado como a Gestão Automática de Stocks do Winphar, que automatiza este processo. Se quiser a nossa ajuda, contacte-nos.•

RUPTURAS DE STOCK 1/12/2019 ATÉ 31/12/2019

• Vendas em dezembro: 55.000€ • Nº de dias em dezembro: 31 dias. • Cobertura Total em dezembro: 60.000 / 55.000 * 31 dias = 34 dias. Se a sua Cobertura for inferior a 25 dias pode estar a limitar o crescimento da Farmácia e a perder vendas. Se for superior a 35 dias deve ponderar otimizar o seu stock, provavelmente está

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> Farmácias Comunitárias

Farmácia Sanex: Uma farmácia com história virada para o futuro A FAMÍLIA CARNEIRO ESTÁ HÁ TRÊS GERAÇÕES À FRENTE DOS DESTINOS DA FARMÁCIA SANEX, EM ALVALADE. O SEGREDO DO SUCESSO DESTA FARMÁCIA ASSENTA NO ATENDIMENTO PERSONALIZADO E NA OFERTA DE UM LEQUE DIVERSIFICADO DE SERVIÇOS DE SAÚDE. Autor: Associação de Farmácias de Portugal

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uando, em 1949, Maria Ângela Carneiro abriu a sua farmácia, na Avenida da Igreja, em Alvalade, Lisboa era uma cidade muito diferente da capital dos nossos dias. “A minha avó abriu esta farmácia há 71 anos. Alvalade era então um bairro recente. Tudo à volta era terra batida e ainda não havia sequer estradas”, explica Francisca Carneiro Veríssimo, neta da fundadora da Farmácia Sanex e atual diretora técnica daquele espaço. Muito mudou na cidade desde 1949. Hoje a Avenida da Igreja, bem como todo o bairro circundante, é um dos percursos icónicos, mais cosmopolitas e trendy da cidade. A Farmácia Sanex também evoluiu e acompanhou as mudanças que a sociedade sofreu ao longo das últimas décadas.

“O atendimento e a disponibilidade para resolver o problema da pessoa que está à nossa frente é o principal fator diferenciador da nossa farmácia. Sem sombra de dúvida que o capital humano é a componente mais importante” 32

“Desde essa altura tudo mudou na farmácia. Só o local onde funciona é que se mantém o mesmo”, explica a diretora técnica. A sua avó costumava tricotar sapatinhos de lã que oferecia a todas as clientes da farmácia que estavam grávidas. Um cuidado no relacionamento com os utentes que reflete uma filosofia da Farmácia Sanex que se mantém inabalável até hoje. “O atendimento e a disponibilidade para resolver o problema da pessoa que está à nossa frente é o principal fator diferenciador da nossa farmácia. Sem sombra de dúvida que o capital humano é a componente mais importante desta atividade”, explica Francisca Carneiro Veríssimo.

Esta característica é particularmente importante tendo em conta que na Avenida da Igreja, onde a Farmácia Sanex está localizada, existem um total de seis farmácias. A diferenciação é, pois, um fator crucial no dia-a-dia desta farmácia. Para Francisca Carneiro Veríssimo, além do atendimento, a diversidade de serviços de saúde disponíveis na farmácia é também uma outra vantagem competitiva. “Disponibilizamos aos nossos clientes um leque alargado de serviços e, desta forma, evitamos que estes se desloquem a vários locais para encontrarem as soluções de que necessitam”. Além dos

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testes de rastreio, a Farmácia Sanex disponibiliza, por exemplo, consultas de nutrição, serviços simples de enfermagem, entre outros serviços. Esta tendência de maior diversificação não se restringe, no entanto, apenas a esta farmácia, sendo antes uma tendência geral do setor. Francisca Carneiro Veríssimo explica porquê: “Desde a crise da Troika que a atividade das farmácias se tornou mais difícil: as margens caíram bastante e os preços também. E aquilo que era um negócio bom, passou a ser uma atividade mais exigente. Para fazer face às dificuldades, as farmácias tiveram de diversificar os seus serviços e, com isso, conseguiram atrair mais pessoas”.

COVID-19: O IMPACTO DA PANDEMIA À semelhança do que aconteceu com milhares de farmácias comunitárias de todo o país, também a Farmácia Sanex teve de adaptar rapidamente a sua atividade ao contexto e às restrições impostas pela COVID-19. Além da adoção de todas as medidas de segurança e higienização necessárias, a farmácia implementou um serviço

FARMÁCIA SANEX Diretora Técnica: Francisca Carneiro Veríssimo Nº de colaboradores: 7 Fundação: 1949 Morada: Av. da Igreja 31, 1700-035 Lisboa Telefone: 21 849 7505

de entrega de medicamentos ao domicílio. Francisca Carneiro Veríssimo destaca ainda um outro pormenor que transmitiu confiança junto da população: “Durante o período de confinamento tivemos sempre a porta aberta. Sempre deixámos as pessoas entrar na farmácia, assegurando as devidas medidas de segurança. Nunca atendemos as pessoas pelo postigo. Fomos a única farmácia da avenida a fazê-lo e sentimos que as pessoas apreciaram isso”. UMA FARMÁCIA VIRADA PARA O FUTURO Há três gerações na mesma família, sempre com mulheres na liderança, o edifício da Farmácia Sanex destaca-se ao longe pela iluminação e pela decoração do espaço, pensada na farmácia

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do futuro. “Em 2018 foram realizadas obras profundas na farmácia. Tornou-se num espaço confortável e acolhedor, que não é muito comum encontrar-se habitualmente numa farmácia. Criou-se um espaço que transmite a ideia de saúde e não a ideia de doença”, assegura a diretora técnica da Farmácia Sanex. Apesar desta vontade de adaptar a farmácia aos novos tempos, há princípios que se mantêm inalterados como há 71 anos atrás, quando a sua avó abriu a farmácia: “Há semelhança do que acontecia no passado, o farmacêutico continua a ter hoje um papel de grande relevância na sociedade. As pessoas depositam no farmacêutico um elevado nível de confiança e esse sentimento é transversal a todos os extratos sociais”, assegura. • Curiosidade: A ORIGEM DO NOME SANEX Quando Maria Ângela Carneiro e o seu marido decidiram abrir a farmácia em Alvalade, o nome Sanex não foi a primeira escolha. Os proprietários queriam adotar uma outra designação, ligada à saúde, mas expressa em latim. O desejo acabou não por se concretizar, uma vez que uma outra farmácia já detinha a mesma nomenclatura. A escolha acabou por recair na expressão Sanex, que foi patenteada pelo avô de Francisca. Décadas mais tarde, quando a famosa marca de produtos de cuidados de saúde e beleza do grupo ColgatePalmolive, Sanex, quis entrar em Portugal, a multinacional teve de adquirir os direitos de utilização do nome Sanex à família Carneiro.

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> Farmácias Comunitárias

Farmácia Almeida-Castelo Numão: Cinco décadas a zelar pela saúde da comunidade DESDE 1972 QUE A FARMÁCIA ALMEIDA-CASTELO NUMÃO PRESTA CUIDADOS DE SAÚDE AOS CIDADÃOS DO PORTO. A APOSTA NA INFORMAÇÃO E NA PREVENÇÃO DA DOENÇA SÃO ALGUMAS DAS PRINCIPAIS PRIORIDADES DESTA FARMÁCIA COMUNITÁRIA. Autor: Associação de Farmácias de Portugal

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ma farmácia não é apenas o lugar onde os cidadãos compram a sua medicação. Uma farmácia é muito mais do que isso. É o local onde se cuida da saúde das pessoas, nas suas mais diversas vertentes. Onde se monitoriza e acompanha muitos utentes com doenças crónicas, onde se trabalha para evitar o aparecimento de novas patologias, onde se promovem hábitos de vida saudável. A farmácia é o local onde se trata os utentes, muitas vezes, pelo nome próprio. É também frequente ser um ponto de encontro da comunidade, onde o apoio que se dá aos cidadãos vai muito além da habitual prestação de cuidados de saúde. Isso mesmo é visível na Farmácia Almeida, situada na pacata rua Castelo de Numão, junto ao Hospital da Prelada, no Porto. Embora esteja situada perto do coração da cidade, esta farmácia destaca-se pelo sentido de elevada proximidade e envolvimento com a comunidade. Maria Margarida Coutinho, diretora técnica desta far-

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mácia, confirma isso mesmo. “A farmácia disponibiliza todo o apoio solicitado pela comunidade envolvente, na sua maioria idosos. Tentamos ser o farol deste mar de solidão”, afirma a responsável. Criada há 48 anos, a Farmácia Almeida disponibiliza um vasto leque de serviços de saúde, que vão ao encontro das necessidades específicas da comunidade que serve. “Preparamos a sua medicação semanal (PIMS), temos disponível o acompanhamento nutricional, realizamos rastreios, fazemos o interface com médico e/ ou enfermeiro, e disponibilizamos apoio ao domicílio sempre que haja algum impedimento físico”, explica a diretora técnica da Farmácia Almeida. Mas o apoio que presta aos cidadãos vai ainda mais longe. Tendo em conta o facto de uma grande parte dos utentes da farmácia serem idosos, a Farmácia Almeida “ajuda a ultrapassar os constrangimentos tecnológicos inevitáveis, nomeadamente, com a utilização da receita eletrónica”. A este respeito, Maria Margarida Coutinho sublinha: “temos

particular atenção com o doente polimedicado, em que a orientação é muitas vezes feita exclusivamente pela cor da embalagem”. APOSTA EM SERVIÇOS INOVADORES PARA PROMOVER A SAÚDE E ATUAR NA ÁREA DA PREVENÇÃO Ciente das necessidades especiais dos utentes que serve – e que não se resumem à simples dispensa de medicação – a Farmácia Almeida tem vindo a apostar no desenvolvimento e apoio a serviços distintivos nas áreas da informação e da prevenção.

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Farmácias Comunitárias < “Desenvolvemos um projeto denominado ‘Uma hora com o seu farmacêutico’, através do qual definimos uma hora por semana em que praticamos tai-chi na Casa da Prelada, um espaço protocolado com a Santa Casa da Misericórdia do Porto”, conta a responsável da farmácia. A iniciativa inovadora foi bem recebida pela comunidade, contando com um grupo de 20 participantes, com idades compreendidas entre os 60 e os 80 anos.

“A farmácia é o local de saúde mais acessível e disponível e, como tal, é reconhecido pela população envolvente”

“O objetivo subjacente a esta iniciativa é promover a coordenação física e mental, a prevenção de quedas que restringem a autonomia e trazem elevados custos familiares e sociais. Por outro lado, promovemos o convívio e interajuda entre vizinhos, assim como o conhecimento e a vivência dos espaços físicos envolventes, porque as cidades têm muita população, mas muito isolamento”, assegura Maria Margarida Coutinho. O esforço e o sentido de serviço em prol da saúde pública e da comunidade são reconhecidos pelos utentes que frequentam esta farmácia do Porto. “A farmácia é o local de saúde mais acessível e disponível e, como tal, é reconhecido pela população envolvente”, conclui a responsável. PROPOSTA PARA COMBATER O DESPERDÍCIO De olhos postos no futuro, Maria Margarida Coutinho deixa duas sugestões com o objetivo de ajudar as farmácias comunitárias a superarem alguns dos problemas que têm sentido ao longo dos últimos anos. “A maior dificuldade que sentimos é gerir aquilo que não temos, ou seja, medicamentos que se encontram ‘esgotados’ e ‘rateados’. Se falamos tanto em sustentabilidade

ambiental devíamos dar o exemplo e combater o desperdício por prazo de validade. Assim, deveria ser corrigida a panóplia excessiva de referências para o mesmo princípio ativo. Para além disso, deveria haver uma concertação para que as embalagens de medicamentos genéricos, com o mesmo princípio ativo, fossem iguais, independentemente do laboratório responsável”. •

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A FARMÁCIA ALMEIDA – CASTELO NUMÃO À LUPA Proprietária: Maria Margarida Coutinho Nº de colaboradores: 5 Fundação: 1972 Morada: R. Castelo de Numão 37, 4250-449 Porto Telefone: 22 831 4658

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> ASSOCIAÇÕES

Para que serve o Farmacêutico? SERÁ QUE A GRANDE MAIORIA DE COMUNS CIDADÃOS TEM UMA NOÇÃO DA IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO ATÉ NECESSITAR DELE? PAULO GONÇALVES DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE ESCLEROSE MÚLTIPLA EXPLICA O PAPEL CRUCIAL QUE OS FARMACÊUTICOS TÊM DESEMPENHADO NO ATUAL CONTEXTO DE PANDEMIA. Autor: Paulo Gonçalves, Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla

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ara quem não conhece quem escreve estas linhas, sou pessoa com doença crónica (PcDC), incapacitante e incurável. Com o devido controlo clínico, alimentação regrada, e exercício físico e cognitivo pode-se viver com qualidade umas quantas décadas. A razão porque coloco a questão como título não é apenas para ter a sua atenção. Será que a grande maioria de comuns cidadãos tem uma noção da importância do farmacêutico até necessitar dele? Pois, é como Deus, está

lá, mas só se recorre à oração quando se está aflito. No último ano tive a oportunidade de conhecer muito melhor a profissão que vai muito para além do tradicional “dr. da farmácia” que, mais ou menos, conhecemos. Expressões como Farmacêutico Comunitário, Hospitalar, de Ambulatório, de Consulta, Militar, Nuclear, de Investigação, Veterinário ou até o de Internet (medo, medo!!!) tornaram-se próximas, mas será que a grande maioria dos cidadãos conhece? PORQUE É QUE O FARMACÊUTICO É IMPORTANTE? Porque é o profissional que tem a obrigação de saber ou conhecer onde procurar informação sobre os vários medicamentos que os cidadãos

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A farmácia de rua ou de bairro

tomam, as interações entre eles, o aconselhamento sobre dosagens, os alertas sobre reações adversas, recomendações sobre alterações. Claro, em articulação com a equipa clínica. E NO CONTEXTO QUE ATRAVESSAMOS? O período que atravessamos exacerbou uma parte considerável de muitos problemas do Serviço Nacional de Saúde. Apesar da reconhecida qualidade e dos excelentes profissionais que estruturam os pilares do SNS, nesta fase deixou alguns doentes esquecidos. Quando fomos obrigados a confinar e refugiar-nos em casa, apercebemonos de que não poderíamos ir ao hospital buscar a medicação crónica. Os farmacêuticos colideraram, com a sua Ordem Profissional à cabeça, e em estreita parceria com um grupo alargado de Associações de Doentes crónicos (AD), dando corpo a um projeto de charneira com entrega de medicação de dispensa exclusiva hospitalar a PcDC, através de Farmácias Comunitárias ou de Oficina1, dando cumprimento a despachos do Ministério da Saúde, para entrega

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em proximidade. Alguns hospitais decidiram entregar diretamente em casa dos pacientes, outros entregaram nestas farmácias, promovendo a continuidade do acompanhamento a milhares de pacientes. Para muitos, esta foi uma novidade, para muitos outros, o prosseguir de algo a que a realidade já os tinha habituado.

CORREU TUDO NA PERFEIÇÃO? Não. Existiram algumas situações a corrigir. Entre elas estão: i) a garantia de privacidade e confidencialidade do paciente, obrigatória por Lei; ii) o registo eletrónico de pedidos, entregas e avaliação do serviço por parte dos pacientes; iii) a integração desta informação, incluindo receitas eletrónicas para todos, no registo global do paciente. PORQUÊ PROJETO DE CHARNEIRA? Porque há mais de uma década que os PcDC reclamam uma mudança. Um estudo realizado pela Roche, GfK e Ordem dos Médicos, em agosto, e tornado público sobre o tema, demonstrou que mais de 83% ficaram satisfeitos ou muito satisfeitos com a entrega dos medicamentos na farmácia e 76% consideram que devem continuar após a pandemia. Os que não o quiserem, podem manter a ida ao hospital. Ora, à semelhança deste, as evidências também demonstradas em estudos anteriores como o do CEFAR clarificaram: é mais eficiente e mais barato para o país e, por consequência, para os impostos, desde que garantidas as condições clínicas e de segurança,

ter um modelo de entrega da medicação crónica a pacientes com a doença em situação controlada ou estável, de acordo com a sua opção. As vantagens são enormes e mensuráveis. Vão desde a redução de faltas ou ausências ao trabalho, a redução de custos para as famílias, o aumento da produtividade, a redução de stress familiar, a melhoria de qualidade de vida dos cidadãos, o impacto positivo no ambiente, o impacto positivo nas contas da Segurança Social, o impacto positivo nos hospitais, e melhoria na eficiência dos hospitais e na saúde pública. A medicação em proximidade destapou outro dilema que se mantém com os Pacientes com Doença Crónica que têm de se deslocar ao Hospital de Referência para medicação em hospital-de-dia. Esta é preparada pelo farmacêutico ou enfermeiro hospitalar e administrada por este último. Esta será a próxima etapa das AD porque é mais uma situação que perdura há décadas. Há diferença entre um farmacêutico hospitalar em Lisboa ou Porto, Bragança

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ou Évora? Por que razão há pacientes que fazem mensalmente dezenas e mesmo centenas de quilómetros para ter o tratamento adequado no Hospital de Referência? Não seria mais eficiente que a medicação fosse enviada para o hospital mais próximo do paciente? Se reside na Guarda, porque tem de ir a Coimbra? Se reside em Albufeira, tem de ir a Lisboa? Porque não a capacitação entre pares? Farmacêuticos e enfermeiros serem capacitados e acompanhados através de ferramentas digitais permitiria o aumento da satisfação destes profissionais em hospitais no interior e, claro, a diminuição de custos às famílias e aumento da qualidade de vida. As razões são as mesmas: o farmacêutico de proximidade, seja hospitalar, seja comunitário, é o que melhor conhece e pode aconselhar e acompanhar o paciente. Esta é uma vontade expressa, nos últimos meses, por várias Associações de Doentes que defendem a inclusão no Modelo de Cuidados de Saúde Primários da figura de Farmacêutico de Família. •

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> ASSOCIAÇÕES

Apoiar os mais frágeis em tempos de pandemia A INICIATIVA EMERGÊNCIA ABEM: COVID-19 FOI CRIADA COM O OBJETIVO DE ALARGAR O APOIO NO ACESSO A MEDICAMENTOS, PRODUTOS E SERVIÇOS DE SAÚDE A UMA POPULAÇÃO IDENTIFICADA COMO TENDO NECESSIDADES ESPECÍFICAS RESULTANTES DA PANDEMIA. Autor: Maria João Toscano, Diretora Executiva da Dignitude

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esde muito cedo nesta era pandémica se tornou claro para o Programa abem: que os esforços de contenção da COVID-19, com o encerramento de serviços e empresas, iriam trazer dificuldades acrescidas a quem já, em circunstâncias anteriores, convivia com constrangimentos económicos. Prestamos hoje apoio a mais de 15.700 beneficiários, mas a fragilidade de muitas pessoas, muitas mais, está agora a descoberto, e não se perspetivam cenários de grande melhoria nos tempos mais próximos. O mundo está virado do avesso, e mais do que nunca é importante que tenhamos presente o princípio da solidariedade. A extensão da nossa certeza impulsionou-nos para a criação da iniciativa Emergência abem: COVID-19, de modo a conseguirmos alargar o apoio que prestamos no acesso aos medicamentos, produtos e serviços de saúde a uma população que sabemos estará e virá a passar por uma situação aguda de carência. O modelo desta Emergência abem: COVID-19 assenta numa rede de

*Dados de 15 de julho de 2020

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parcerias com entidades locais Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, Cáritas, Misericórdias, IPSS - que referenciam as pessoas que identificam como tendo necessidades específicas resultantes da pandemia. Os últimos números dão conta de 395* beneficiários desta iniciativa, mas a cada dia que passa a cifra tornase obsoleta pelo seu crescimento exponencial. Criámos, por isso, um Fundo Solidário específico e que lhe é exclusivamente dedicado, o Fundo Emergência abem: COVID-19, que arrancou com os donativos de empresas e usufrui igualmente da generosidade dos portugueses, que podem colaborar através do nosso site, MBWAY (932 440

068) ou por transferências bancárias (IBAN PT50.0036.0000.99105930085.59). Contámos também com uma oferta solidária do Cristiano Ronaldo, que nos doou uma camisola da Juventus, autografada, para leiloarmos, evento que terminou recentemente, permitindo-nos angariar mais 3.520,00€. Todos os contributos são importantes e podem fazer a diferença, especialmente numa altura de incerteza extraordinária para muitas famílias. O Programa abem: Rede Solidária do Medicamento, da Associação Dignitude, é uma iniciativa apoiada pela Portugal Inovação Social, através de Fundos da União Europeia. •

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Relações entre profissões, desafios para o futuro! A LISBONPH É FORMADA POR ESTUDANTES EMPREENDEDORES, CRIATIVOS E INOVADORES, COM A AMBIÇÃO DE ACRESCENTAR VALOR À SUA FORMAÇÃO ATRAVÉS DO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS NO SETOR DA SAÚDE. Autor: Mafalda Galveia, Junior Member of the Scientific & Innovation Department da LisbonPH

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setor da Saúde tem sido um setor cada vez mais complexo. Com o avançar do tempo e das tecnologias, foi exigindo cada vez mais profissionais qualificados que estejam preparados para lidar com os desafios que surgem nesta área. Todas as descobertas permitiram uma melhoria na qualidade da Saúde Pública, através de medidas como a prevenção de certas doenças contagiosas, e foram responsáveis por um grande aumento da esperança média de vida no nosso século. Esta progressão obrigou a uma readaptação de todos os profissionais envolvidos na área da Saúde. Os Profissionais de Saúde enfermeiros, farmacêuticos, médicos,

médicos dentistas, nutricionistas e psicólogos - são os pilares essenciais para a promoção da qualidade de vida, e a sua cooperação faz com que se previnam doenças, evitem comportamentos de risco, e torna mais fácil lidar com ameaças, gerir recursos e promover a Saúde. É de extrema importância relembrar a comunicação que tem de existir entre estas profissões e todas as que englobam áreas de diagnóstico e terapêutica. O objetivo principal é permitir uma abordagem completa à doença, nas vertentes psicológica, farmacológica e comportamental. Para que se torne possível cumprir estes requisitos, é importante que se tenha por base o estudo e a utilização de estratégias de comunicação, informando e influenciando as

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decisões dos indivíduos e das comunidades. A cooperação entre as profissões viabiliza a boa comunicação, melhorando os cuidados de Saúde prestados. Abordando uma vertente de perspetivas futuras, as sinergias entre Profissionais de Saúde facilitam a criação de novas realidades na área que não favoreçam o conformismo ou que não atendam apenas a um único modelo ou tradição. O setor da Saúde está em constante evolução e desenvolvimento, sendo exposto regularmente a novas atualizações. Os Profissionais de Saúde desempenham então um papel fundamental, pois têm de estar a par de todas as alterações e mudanças que existem ao nível do conhecimento e consenso científico.

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> Associações

Com esta mentalidade direcionada para um futuro próspero com Profissionais de Saúde unidos e prontos a trabalhar em equipa, a LisbonPH é formada por estudantes empreendedores, criativos e inovadores, com a ambição de acrescentar valor à sua formação através do desenvolvimento de projetos no setor da Saúde. É a Júnior Empresa da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, sendo uma associação sem fins lucrativos. Com apenas seis anos, a LisbonPH é uma entidade formadora com mais de 150 projetos desenvolvidos, equivalentes a 700 horas de formação e mais de 10.000 Profissionais de Saúde formados. As Júnior Empresas têm o intuito de envolver e aproximar os jovens ao mundo profissional, formando-os e preparando-os para o mercado de trabalho. Focamo-nos numa oferta formativa que esteja em conformidade com a evolução da nossa área e que impacte cada profissional. Sendo nós os futuros Profissionais de Saúde, desejamos disponibilizar a informação

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“O setor da Saúde está em constante evolução e desenvolvimento, sendo exposto regularmente a novas atualizações. Os Profissionais de Saúde desempenham então um papel fundamental, pois têm de estar a par de todas as alterações e mudanças que existem ao nível do conhecimento e consenso científico”

necessária às boas práticas e conhecimento que se gera à volta do setor da Saúde. Esperamos sempre que as formações sejam proveitosas não só para nós, como para toda a comunidade que deseje envolver-se mais no nosso setor. A LisbonPH disponibiliza um programa que permite, através dos nossos serviços, o contributo de cada jovem no seio do Ensino Superior que queira desenvolver o seu próprio projeto: o Programa IDAI - Programa de Incubação, Desenvolvimento e Aceleração de Ideias! Através deste programa, uma ideia passa a ter os meios necessários para ser posta em prática. Queremos que todos os

projetos dinâmicos, empreendedores e focados no conhecimento científico sejam bem-sucedidos, colmatando as falhas que possam existir na transmissão do conhecimento científico. A cada ano que passa, a LisbonPH prima por desenvolver projetos que unem os Profissionais de Saúde das mais diversas áreas, promovendo uma troca dinâmica de conhecimento e a discussão de temas pertinentes. A LisbonPH reúne as condições necessárias para que haja um estreitamento das relações entre os Profissionais de Saúde, culminando numa melhoria do serviço de Saúde de cada utente. •

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> PRODUTOS

Os benefícios dos sabonetes dermatológicos OS SABONETES DERMATOLÓGICOS SÃO PRODUZIDOS A PARTIR DE INGREDIENTES NATURAIS QUE POSSUEM PROPRIEDADES QUE AJUDAM A MELHORAR A SAÚDE DA PELE. AMÊNDOA, FIGO, GROSELHA, ALOÉ VERA, LAVANDA, TOMILHO E UVA SÃO ALGUNS DESSES INGREDIENTES. Autor: LONGLIFE

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LONGLIFE criou recentemente a coleção de sabonetes dermatológicos “Natura”, produzidos com ingredientes naturais, criteriosamente selecionados, e que contêm diversas propriedades que melhoram a saúde da pele. Constituída por cinco sabonetes de 150gr (Amêndoa, Figo e Groselha, Aloé Vera, Lavanda, e Tomilho e Uva), esta coleção é inspirada na paixão por produtos típicos e originários da Natureza de Portugal. As essências exclusivas dos sabonetes “Essências de Portugal” são 100% naturais e, devido aos benefícios da mistura especial dos óleos das Grainhas de Uva + Jasmim + Eucalipto + Alecrim + Funcho + Rosas e Limão, potenciam o efeito dermatológico.

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Com origem no Ribatejo, Torres Novas, a LONGLIFE – Saboaria Artesanal Portuguesa é uma empresa portuguesa que se dedica à criação, produção e comercialização de sabão e sabonetes dermatológicos, com cunhagem e embalamento

manuais, sob as insígnias “Essências de Portugal”, “Essences d´Monde” e “Saudade”. Mais informações disponíveis no site www.essenciasdeportugal.pt ou através do mail comercial@longlife.pt.

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