Psicobiologia do Comportamento Alimentar – 2ª edição

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SOBRE OS ORGANIZADORES

O comportamento alimentar é, por excelência, uma área multidisciplinar e

Sebastião de Sousa Almeida

o conhecimento científico nessa área evidencia isso. Entretanto, o conhe-

Professor Titular de Psicobiologia do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto.

cimento tem sido divulgado também de maneira multidisciplinar e cada

Doutor em Farmacologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Pós-doutorado pela Boston Medical School, Boston, EUA.

profissional envolvido no estudo do comportamento alimentar publica os avanços em sua área. Psicobiologia do Comportamento Alimentar – 2 edição contou com divera

Mestre e Doutor em Farmacologia pela FMRP-USP.

sos pesquisadores brasileiros que fizeram uma análise do comportamento

Especialista em Nutrição pela FMRP-USP.

alimentar e uma abordagem psicobiológica, ou seja, o comportamento re-

Graduado em Psicologia pela FFCLRP-USP.

sultante da interação de fatores biológicos e comportamentais.

Telma Maria Braga Costa

O objetivo desta obra é abordar o comportamento alimentar mais do que

Professora Doutora de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), SP. Doutorado em Psicobiologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRPUSP). Professora Doutora e Coordenadora do Curso de Nutrição da Unaerp, SP. Pós-doutorado em Neurociência pela Cornell University, Nova York, EUA. Doutora e Mestre em Psicobiologia pela FFCLRP-USP. Especialista em Nutrição pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Graduada em Nutrição pela Universidade do Sagrado Coração (USCP), Bauru-SP.

Maria Fernanda Laus Professora Doutora de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), SP. Doutora em Psicobiologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRPUSP).

como uma área multidisciplinar, mas, sobretudo, como uma parte do conhecimento interdisciplinar. Além disso, busca atualizar com novos dados clínicos e científicos surgidos na literatura nos últimos anos temas como Fisiologia e Neuroquímica do Comportamento Alimentar; Evolução do Comportamento Alimentar em Humanos; Estados Nutricionais e Comportamento Alimentar; Determinantes do Comportamento Alimentar e Imagem Corporal; Transtornos Alimentares; e Educação/Aconselhamento. Foram adicionados também novos tópicos relacionados com o estudo interdisciplinar do comportamento alimentar, como Nutrição, Nutrientes e Comportamento; Intervenções Cognitivo-comportamentais para o Tratamento de Transtornos Alimentares; e Comer Intuitivo.

OUTROS TÍTULOS DE INTERESSE

Adição, Dependência, Compulsão e Impulsividade Analice Gigliotti Angela Guimarães Como Fazer seu Trabalho de Conclusão de Curso em Nutrição Márcia Regina Vitolo Manual de Comportamento Animal Marcos Rochedo Ferras Neuropsiquiatria Clínica Antonio Lucio Teixeira Arthur Melo e Kummer Nutrição – Da Gestação ao Envelhecimento, 2a ed. Márcia Regina Vitolo Nutrição em Saúde Pública, 2a ed. José Augusto Taddei Regina Maria Ferreira Lang Giovana Longo Silva Maysa Helena de Aguiar Toloni Juliana Bergamo Vega

Portanto, esperamos que esta 2a edição seja útil a todos os pesquisadores, estudantes e profissionais que atuam no campo do comportamento alimentar.

Professora Doutora do Curso de Nutrição da Unaerp. Pós-doutorado pela Universidade de Wisconsin, Milwaukee, EUA e pela FFCLRP-USP. Doutora e Mestre em Psicobiologia pela FFCLRP-USP.

Áreas de interesse Psicologia Nutrição

Especialização em Nutrição pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Saiba mais sobre estes e outros títulos em nosso site:

Graduada em Nutrição pela Unaerp. 9 786588 34019 6

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www.rubio.com.br

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2 a edição

Organizadores

Sebastião de Sousa Almeida Professor Titular de Psicobiologia do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto, SP. Doutor em Farmacologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Pós-doutorado pela Boston Medical School, Boston, EUA. Mestre e Doutor em Farmacologia pela FMRP-USP. Especialista em Nutrição pela FMRP-USP. Graduado em Psicologia pela FFCLRP-USP.

Telma Maria Braga Costa Professora Doutora de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), SP. Doutorado em Psicobiologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Professora Doutora e Coordenadora do Curso de Nutrição da Unaerp, SP. Pós-doutorado em Neurociência pela Cornell University, Nova York, EUA. Doutora e Mestre em Psicobiologia pela FFCLRP-USP. Especialista em Nutrição pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Graduada em Nutrição pela Universidade do Sagrado Coração (USCP), Bauru-SP.

Maria Fernanda Laus Professora Doutora de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), SP. Doutora em Psicobiologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Professora Doutora do Curso de Nutrição da Unaerp. Pós-doutorado pela Universidade de Wisconsin, Milwaukee, EUA e pela FFCLRP-USP. Doutora e Mestre em Psicobiologia pela FFCLRP-USP. Especialização em Nutrição pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Graduada em Nutrição pela Unaerp.

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Psicobiologia do Comportamento Alimentar, 2a edição Copyright © 2022 Editora Rubio Ltda. ISBN 978-65-88340-19-6 Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução desta obra, no todo ou em parte, sem autorização por escrito da Editora. Produção Equipe Rubio Capa Bruno Sales Imagens de capa iStock.com/LUMEZIA/Vladi/fcafotodigital Diagramação Estúdio Castellani

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ P969 2. ed. Psicobiologia do comportamento alimentar / organizadores Sebastião de Sousa Almeida, Telma Maria Braga Costa, Maria Fernanda Laus. 2. ed. – Rio de Janeiro: Rubio, 2022. 288p.; 24cm.   Inclui bibliografia e índice   ISBN 978-65-88340-19-6   1. Psicobiologia. 2. Nutrição. 3. Hábitos alimentares – Aspectos psicológicos. I. Almeida, Sebastião de Sousa. II. Costa, Telma Maria Braga. III. Laus, Maria Fernanda. 21-73472 CDD: 613.2 CDU: 613.2

Editora Rubio Ltda. Av. Franklin Roosevelt, 194 s/l 204 – Castelo 20021-120 – Rio de Janeiro – RJ Telefone: 55(21) 2262-3779 E-mail: rubio@rubio.com.br www.rubio.com.br Impresso no Brasil Printed in Brazil

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Colaboradores

Alessandra Costa Pereira Junqueira Professora do Curso de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), SP. Mestre e Doutora em Ciências, com ênfase em Psicobiologia, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRPUSP), campus de Ribeirão Preto. Graduada em Nutrição pela Unaerp.

Professora Titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Pós-doutorado na área de Ciências da Saúde no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e na Tufts University, EUA. Doutora em Nutrição e Mestre em Fisiologia pela University of Cambridge, Reino Unido. Graduada em Biologia pela USP.

Alex Harley Crisp

Ana Paula Grotti Clemente

Doutor em Alimentos e Nutrição pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), SP. Mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), SP. Educador Físico pela Faculdade de Americana (FAM), SP.

Professora Doutora na Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Doutora e Mestre em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Graduada em Nutrição pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), SP.

Ana Carolina Aguiar-Bloemer

Professora-associada do Departamento de Psi­co­ logia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto. Bolsista produtividade do CNPq e Presidente da Federação Latino–Americana de Psicoterapias Cognitivas e Comportamentais (Alapcco). Pós-doutorado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutor e Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Graduada em Psicologia pela Universidade da Região da Campanha (Urcamp), Bagé-RS.

Professora do Instituto ComCiência e integrante do Laboratório de Prática e Comportamentos Alimentares (PratiCA). Mestre e Doutor em Investigações Biomédicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP), SP. Especialização em Nutrição pelo Hospital das Clínicas, SP. Graduado em Nutrição pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba-MG.

Ana Lydia Sawaya Membro do Comitê de Gestão e do Comitê Cien­ tífico do Centro de Recuperação e Educação Nu­ tricional (CREN) e do Grupo Nutrição e Po­breza do Instituto de Estudos Avançados da Univer­ sidade de São Paulo (USP).

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Carmem Beatriz Neufeld

Celso Vieira de Souza Leite Professor Livre-docente da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), SP.

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Mestre e Doutor em Bases Gerais da Cirurgia pela Unesp, SP. Graduado em Biologia e Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB), SP.

Mestre e Doutor em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto. Graduada em Psicologia pela FFCLRP-USP.

Cilene Rejane Ramos Alves

Doutorado em andamento e Mestre em Nutrição em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pú­ blica da Universidade de São Paulo (FSP-USP). Aprimorada em Transtornos Alimentares pelo cur­ so avançado do Ambulim, Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq/HC-FMUSP), em que é também colaboradora. Técnica em Alimentos pelo Instituto Federal do Maranhão (IFMA). Graduada em Nutrição pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Professora Doutora do Departamento de Psico­ logia, Centro de Filosofia e Ciências Humanas de Psicologia da Universidade Federal de Per­ nambuco (UFPE). Doutor e Mestre em Neurociências e Compor­ta­ mento pela Universidade de São Paulo (USP). Graduada em Psicologia pela UFPE.

Diana Cândida Lacerda Mota Professora do Curso de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), SP. Mestre e Doutora em Psicobiologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Graduada em Nutrição pela Unaerp.

Fernando Sérgio Zucoloto Professor Titular do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto. Doutor em Fisiologia Animal e associado em Ecologia pela FFCLRP-USP. Especialista em Nu­trição pela Faculdade de Me­ dicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Especialização em Comportamento Animal com Dr. SF Sakagami da Universidade de Hokkaido, Japão. Graduado em Biologia pela FFCLRP-USP.

Gabriel Cunha Beato Doutorado em andamento em Alimentos e Nutri­ ção pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), SP. Graduado em Nutrição pelo Instituto de Bio­ ciências (IBB) de Botucatu da Unesp, SP.

Gabriela Salim Xavier Moreira Professora Doutora da Faculdade Barão de Mauá, Ribeirão Preto-SP.

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Jéssica Maria Muniz Moraes

Luciana Lorenzato Mestre em Psicobiologia pela Faculdade de Fi­lo­ sofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto. Especialista em Nutrição Clínica pela FFCLRPUSP. Graduada em Nutrição pela Universidade de Ri­ bei­rão Preto (Unaep).

Maitu Abibo Buanango Professor no Instituto de Ciências e Tecnologias Alberto Chipande, Moçambique. Doutorado em andamento em Alimentos e Nutrição pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), SP. Mestre em Educação/Psicologia Educacional pela Universidade Pedagógica, em Maputo, Mo­çam­bique.

Manoel Antônio dos Santos Professor Titular do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto. Doutor e Mestre em Psicologia Clínica pelo Ins­ tituto de Psicologia da USP. Graduado em Psicologia pelo Instituto de Psi­co­ logia da USP.

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Manoela Figueiredo Idealizadora do Instituto Nutrição Comporta­ mental, SP. Certificada em Intuitive Eating pelo Intuitive Eating Pro Skills Training Teleseminar, com Evelyn Tribole. Aprimorada em Transtornos Alimentares pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq/HC-FMUSP). Graduada em Jornalismo e Nutrição pela Uni­ versidade Anhembi Morumbi, SP.

Maria Paula de Albuquerque Gerente-geral Clínica do Centro de Recuperação e Educação Nutricional (CREN), SP. Membro do Departamento de Fisiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Membro do Grupo de Pesquisa “Nutrição e Po­ breza” do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP). Pediatra com área de atuação em Nutrologia Pe­ diátrica pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Doutor em Ciências pela EPM/Unifesp. Residência em Nutrologia e Metabologia Pediátrica pela Unifesp. Graduada em Medicina pela EPM/Unifesp.

Maria Rita Marques de Oliveira Professora Doutora do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), SP. Doutora em Ciências dos Alimentos pela Univer­ sidade de São Paulo (USP). Mestre em Alimentos e Nutrição pela Unesp. Graduada em Nutrição pela Universidade do Sa­ grado Coração (USC), Bauru-SP.

Marle dos Santos Alvarenga Idealizadora do Instituto Nutrição Comporta­ mental, SP. Coordenadora do Grupo Especializado em Nu­ trição, Transtornos Alimentares e Obesidade (Genta), SP. Supervisora do Grupo de Nutrição do Programa de Transtornos Alimentares, Ambulim, Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade

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de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq/ HCFMUSP). Certificada em Intuitive Eating pelo Intuitive Eating Pro Skills Training Teleseminar, com Evelyn Tribole. Pós-doutorado, Doutora, Mestre e graduada em Nutrição pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP).

Paula Carolina Barboni Dantas Nascimento Psicóloga do Centro de Atendimento Multi­disciplinar da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Doutora em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto. Pós-Doutorado e Doutora em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Uni­ versidade de São Paulo (USP). Graduada em Psicologia pela FFCLRP-USP.

Rita de Cássia Margarido Moreira Professora Doutora do Curso de Nutrição da Uni­ versidade de Ribeirão Preto (Unaerp) da Uni­ver­ sidade de São Paulo (USP). Doutora e Mestre em Psicobiologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto. Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), CE.

Rosa Wanda Diez-Garcia Professora-associada do Departamento de Ciên­ cias da Saúde e coordenadora do Laboratório de Prática e Comportamentos Alimentares (PratiCA) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP). Doutor e Mestre em Psicologia Social pela USP. Formação complementar em Antropologia da Alimentação nas Universidades de Barcelona e Rovira e Virgili, Espanha. Graduada em Nutrição pela Universidade do Rio de Janeiro (UniRio).

Rosane Pilot Pessa Vice-coordenadora do Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares (Grata) do Hospital das

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Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da Universidade de São Paulo (USP). Professora-associada do Departamento de Enfer­ magem Materno-infantil e Saúde Pública da Es­ cola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Uni­ ver­sidade de São Paulo (USP). Pós-doutorado pela University of Alabama, EUA. Doutora em Ciências pela FMRP-USP. Mestre em Psicobiologia pela Faculdade de Filo­ so­fia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto. Graduada em Nutrição pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), SP.

Rubem Carlos Araújo Guedes Professor Titular do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Pós-doutorado pelo Max-Planck Institute for Che­ mical Biophysics, Alemanha; Kyushu Ins­titute of Technology, Japão; Department of Pharmacology, University of Oxford, Reino Unido. Doutor em Medicina Humana pela Universidade de Göttingen, Alemanha. Mestre em Biofísica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Graduado em Medicina pela Faculdade de Me­ dicina pela UFPE.

Tania Regina Riul Professora Titular do Departamento de Nutrição da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da

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Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Teófilo Otoni-MG. Pós-doutorado em Ciências da Área de concen­ tração Psicobiologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto. Doutor e Mestre pela FFCLRP-USP. Graduada em Nutrição pela Universidade Federal Fluminense (UFF), RJ.

Tatiane Possani Doutorado em andamento pelo Programa de Pósgraduação em Psicobiologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto. Mestre em Ciências pela FFCLRP-USP. Especialista em Psicologia Hospitalar pelo Hos­ pital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq/HC-FMUSP). Graduada em Psicologia pelo Centro Universitário Padre Anchieta, Jundiaí-SP.

Vinícius José Baccin Martins Professor Adjunto do Departamento de Fisiologia e Patologia, Centro de Ciências da Saúde, Univer­ sidade Federal da Paraíba (UFPB). Doutor e Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (USP). Graduado em Fisioterapia pela Universidade Meto­ dista de São Paulo.

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Dedicatória

A Luiz Marcellino de Oliveira, saudoso professor do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto, mestre e pesquisador pioneiro no Brasil em estudos dos efeitos da Nutrição sobre o sistema nervoso central e o comportamento.

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Agradecimentos

Os autores agradecem a todas as instituições acadêmicas que proveram espaço e equipamentos para o desenvolvimento das pesquisas cujos dados são apresentados nesta obra. Agradecem também a todos os órgãos de fomento à pesquisa municipais, estaduais, nacionais e internacionais pelas verbas que propiciaram o desenvolvimento das pesquisas. Finalmente, agradecem a todos os técnicos de laboratórios, alunos de graduação, pós-graduação e pós-doutorado que colaboraram no desenvolvimento dos estudos.

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Apresentação

O conhecimento atual sobre os fatores que determinam o que um organismo come, quando ele inicia uma refeição, quanto come, quando para de comer e como esse alimento é processado nos remete a inúmeras evidências experimentais que indicam que o comportamento alimentar depende tanto de processos fisiológicos quanto psicológicos. Essa interação de mecanismos fisiológicos e psicológicos é o que costumamos chamar de determinantes psicobiológicos do comportamento alimentar. O desenvolvimento de pesquisas experimentais no campo das ciências biológicas ocorreu a um ritmo muito mais rápido, e é precoce o compararmos ao desenvolvimento das ciências do comportamento. A Psicologia como ciência experimental tem pouco mais de um século e, quando deu seus passos iniciais, em 1879, com a fundação do primeiro laboratório de Psicologia Experimental em Leipzig, por Wundt, a Biologia Experimental já desfrutava de reconhecimento pela comunidade científica como uma área clássica do saber. Desta forma, é natural que os determinantes biológicos do comportamento alimentar tenham sido experimentalmente estudados muito antes dos determinantes psicológicos e/ou comportamentais. Fatores fisiológicos e neuroquímicos foram praticamente os únicos a explicar o comportamento alimentar antes que o avanço da ciência do comportamento permitisse o acréscimo de outros fatores que também participam do ato de se alimentar, como motivação, emoção, aprendizagem, percepção sensorial, apetite e saciedade. Se fôssemos um pouco além, ainda teríamos que acrescentar outros fatores envolvidos no comportamento alimentar, como influências sociais. O ato de se alimentar não é um fato isolado, pois as pessoas se alimentam

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em um ambiente social, e esse ambiente tem profundas influências na escolha dos alimentos a serem consumidos, na ocasião de consumo e até mesmo na utilização de certos alimentos como parte da identidade cultural de um povo ou de uma nação. Portanto, aspectos culturais e/ou sociais determinam o que se deve comer e os tabus alimentares. O conhecimento científico na área do comportamento alimentar tem avançado significativamente nos últimos anos, e já podemos dispor de muitos livros-texto e artigos científicos sobre a Neurofisiologia da Nutrição, Neuroquímica da Nutrição, Patologias da Nutrição, Psicologia da Nutrição, Transtornos Alimentares, e até mesmo Marketing, Publicidade e Nutrição/Alimentação. Esse fato demonstra que o comportamento alimentar é, por excelência, uma área multidisciplinar, e o conhecimento científico nessa área evidencia isso. Entretanto, o conhecimento tem sido divulgado também de forma multidisciplinar, e cada profissional envolvido no estudo do comportamento alimentar publica os avanços em sua área. Falta, a nosso ver, uma publicação que aborde o comportamento alimentar como mais do que uma área multidisciplinar, mas, sobretudo, como uma área do conhecimento interdisciplinar. Este é o objetivo da 2a edição deste livro, que atualizou o conhecimento da área alguns anos após a publicação da 1a edição. Reunir em uma mesma obra pesquisadores brasileiros que façam uma análise do comportamento alimentar, de uma abordagem psicobiológica, ou seja, o comportamento resultante da interação de fatores biológicos e comportamentais. Os Organizadores

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Lista de Siglas e Abreviaturas

ABIA

Associação Brasileira da Indústria de Alimentos

CID

Código Internacional de Doenças

Conar

Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária

Consea

Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

ACTH

hormônio adrenocorticotrófico

ADA

American Dietetic Association

ALA

ácido linolênico

AN

anorexia nervosa

CREDO

Anvisa

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Centre for Research on Eating Disorders at Oxford

CREN

APA

Associação Americana de Psiquiatria (do inglês, American Psychiatric Association)

Centros de Recuperação e Educação Nutricional

CRH

hormônio liberador de corticotropina

BDNF

fator neurotrófico derivado do cérebro

DALY

BIREME

Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde

anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, disability-adjusted life years)

DBR

dieta básica regional

DBT

terapia comportamental dialética

DCNT

doenças crônicas não transmissíveis

BLW

desmame guiado pelo bebê (do ingles, baby-led weaning)

BN

bulimia nervosa

CARMEN [Rede]

Conjunto de Ações para Redução Multifatorial das Enfermidades Não Transmissíveis

DF-E

Desenhos de Família com Estórias

DGYR

derivação gástrica em Y-de-Roux

Enhanced Cognitive Behavioral Therapy

DHA

ácido docosa-hexaenoico

DOHaD

International Society for Developmental Origens of Health and Disease

CBT-E CC

circunferência da cintura

CCK

colecistocinina

CG

carga glicêmica

DSM-5

CGPAN

Coordenadoria da Política Nacional de Alimentação e Nutrição

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5a edição

E2

estradiol

EAN

Educação Alimentar e Nutricional

comer intuitivo

EAT-26

Eating Attitudes Test

CI

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ECA

Estatuto da Criança e do Adolescente

IMC/I

índice de massa corporal para a idade

EDI-2

Eating Disorder Inventory

IOM

Institute of Medicine

Endef

Estudo Nacional da Despesa Familiar

LH

hormônio luteinizante

MEC

Ministério da Educação

EPA

ácido eicosapentaenoico

NCD-RisC NCD Risk Factor Collaboration

ERβ

estrogênio

NCHS

ETA

efeito térmico dos alimentos

National Center for Health Statistics

EUA

Estados Unidos da América

NIH

National Institute of Health

FNDE

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

NPY

neuropeptídio Y

O2

oxigênio

FSH

hormônio foliculoestimulante

ODS

FTC

Federal Trade Commission

objetivos de desenvolvimento sustentáveis

FTO

massa gorda e obesidade associadas (do inglês, fat mass and obesity associated)

OMS

Organização Mundial da Saúde

OPAS

Organização Pan-Americana de Saúde

GA

grupo abandono

PA

pensamentos automáticos

GBD

Global Burden of Disease

PAI–1

GC

grupo de controle

(hormônio) inibidor do ativador do plasminogênio 1

GE

gene econômico

PeNSE

GH

hormônio do crescimento

Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar

GHRH

hormônio liberador do hormônio do crescimento

PNAE

Programa Nacional de Alimentação Escolar

GNA

grupo não abandono

PNDS

GPG

ganho de peso gestacional

Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde

GPL-1

glucagon 1

PNS

Pesquisa Nacional de Saúde

PNSN

Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição

POF

Pesquisa de Orçamentos Familiares

Pro-Meta

Programa CognitivoComportamental de Educação Alimentar em Grupo

PSF

Programa de Saúde da Família

Q-EDD

Questionnaire for Eating Disorder Diagnosis

Grupo de Assistência em TransGrataHCFMRP- tornos Alimentares do Hospital das Clínicas da Faculdade de USP Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo HAD

hormônio antidiurético

HPA

hipotálamo, hipófise e adrenal

IBGE

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IC

intervalo de confiança

IDF

International Diabetes Federation

QV

qualidade de vida

IES

Intuitive Eating Scale

SAN

IG

índice glicêmico

Segurança Alimentar e Nutricional

IGF

fator de crescimento semelhante à insulina

SNC

sistema nervoso central

SUS

Sistema Único de Saúde

índice de massa corporal

TA

transtorno(s) alimentar(es)

IMC

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TABb

tecido adiposo branco

TMR

taxa metabólica de repouso

TABe

tecido adiposo bege

TRH

TAM

tecido adiposo marrom

hormônio hipotalâmico liberador de TSH

TAT

teste de apercepção temática

TSH

hormônio estimulador de tireoide

TCA

transtorno de compulsão alimentar

Unicef

Fundo das Nações Unidas para a Infância

TCC

terapia cognitivo-comportamental

Vigitel

TCC-A

terapia cognitivo-comportamental ampliada

TMB

taxa metabólica basal

Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas Não Transmissíveis por Inquérito Telefônico

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Sumário

Capítulo

1

Nutrição, Nutrientes e Comportamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 Tania Regina Riul

Capítulo

2

Bases Neurofisiológicas e Neuroquímicas do Comportamento Alimentar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Cilene Rejane Ramos Alves | Rubem Carlos Araújo Guedes

Capítulo

3

A Evolução do Comportamento Alimentar na Espécie Humana . . . 25 Fernando Sérgio Zucoloto

Capítulo

4

A Complexidade e as Nuanças do Comportamento Alimentar . . . . 63 Telma Maria Braga Costa | Rita de Cássia Margarido Moreira |  Luciana Lorenzato

Capítulo

5

Subnutrição e Comportamento Alimentar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Vinícius José Baccin Martins | Ana Paula Grotti Clemente |  Maria Paula de Albuquerque | Ana Lydia Sawaya

Capítulo

6

Transição Nutricional: Um Processo Complexo, Produtor e Produto de Comportamento Humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Maria Rita Marques de Oliveira | Maitu Abibo Buanango | Alex Harley Crisp

Capítulo

7

Obesidade: Da Pesquisa Básica às Políticas Públicas de Prevenção e Cuidado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 Alex Harley Crisp | Gabriel Cunha Beato | Celso Vieira de Souza Leite |  Maria Rita Marques de Oliveira

Capítulo

8

Determinantes Ambientais do Comportamento Alimentar e da Obesidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 Sebastião de Sousa Almeida | Maria Fernanda Laus Paula Carolina Barboni Dantas Nascimento | Tatiane Possani

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Capítulo

9

Imagem Corporal e Comportamento Alimentar. . . . . . . . . . . . . . . . 163 Alessandra Costa Pereira Junqueira | Maria Fernanda Laus |  Diana Cândida Lacerda Mota | Telma Maria Braga Costa |  Sebastião de Sousa Almeida

Capítulo

10

Clínica dos Transtornos Alimentares: Novas Evidências Clínicas e Científicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177 Manoel Antônio dos Santos | Rosane Pilot Pessa

Capítulo

11

Intervenções Cognitivo‑comportamentais para Transtornos Alimentares e Obesidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207 Gabriela Salim Xavier Moreira | Carmem Beatriz Neufeld

Capítulo

12

O Ensino de Educação Alimentar e Nutricional e Aconselhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219 Rosa Wanda Diez-Garcia | Ana Carolina Aguiar-Bloemer

Capítulo

13

Comer Intuitivo e as Interfaces com Comportamento Alimentar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 Marle dos Santos Alvarenga | Jéssica Maria Muniz Moraes |  Manoela Figueiredo

Índice. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263

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Capítulo

1

nutrição, nutrientes e Comportamento tania Regina Riul

INTRODUçãO A transição demográfica e epidemiológica que ocorreu no Brasil, nos últimos anos, transformou a sociedade rural e tradicional em urbana e moderna, trazendo grandes e importantes mudanças sociais, como a inserção da mulher na sociedade e no mercado de trabalho, rearranjos familiares, e incrementos tecnológicos que, por sua vez, repercutiram negativamente nos índices de fecundidade e natalidade e positivamente nas taxas de mortalidade.1 O envelhecimento, a urbanização, as mudanças sociais e econômicas tiveram influência direta no modo de vida, no trabalho e na alimentação. A principal mudança na alimentação foi a substituição de alimentos naturais e tradicionais por alimentos industrializados e/ou ultraprocessados (pobres em fibras e ricos em carboidratos simples, gorduras saturadas e trans, sódio e conservantes), a qual levou à transição nutricional caracterizada por redução dos índices de desnutrição infantil e elevação da obesidade em adultos, principalmente entre mulheres em idade reprodutiva.2 Dados recentes, publicados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Banco Mundial,3 sobre o estado nutricional de crianças

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de até 5 anos de idade no mundo todo, no ano de 2017, mostraram que 150,8 milhões (22,2%) estavam desnutridas, 50,5 milhões (7,5%) apresentavam-se caquéticas e 38,3 milhões (5,6%) mostravam excesso de peso. Uma boa alimentação pode levar a uma boa nutrição, que permite a sobrevivência e o bom desenvolvimento das crianças, ao passo que uma má alimentação pode levar à desnutrição e colocar em risco a vida e o futuro das crianças, ao interferir em seu pleno desenvolvimento físico e cognitivo. O fator nutricional destaca-se entre os eventos do ambiente que podem afetar o sistema nervoso central (SNC), principalmente quando ocorre no início da vida (fases de gestação e lactação), comprometendo, a longo prazo, as estruturas cerebrais e alterando aspectos endocrinológicos, metabólicos, neuroquímicos e comportamentais,4 como é o caso das deficiências (proteica, proteico-calórica e de micronutrientes) e excessos nutricionais (alimentos ricos em carboidratos simples e gorduras, principalmente as saturadas e trans). Existe forte interação com influências recíprocas entre esses eventos. Estudos do comportamento são especialmente importantes, pois são meios indiretos de avaliarmos se um evento tem potencial de produzir

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2  Psicobiologia do Comportamento Alimentar alterações no SNC. Essas alterações podem ser estruturais (número, tamanho e configuração das células e estruturas) ou químicas (neurotransmissores que permitem a adaptação e sobrevivência do indivíduo). Devido às implicações éticas, para avaliações nutricionais em seres humanos utilizam‑se modelos animais. Modelo é uma redução simplificada que permite a simulação do que ocorre em um sistema mais complexo, permitindo a sua reprodução ou imitação com a finalidade de análise, descrição e explicação de fenômenos ou processos. Como os modelos são simulações e apresentam características desejáveis e indesejáveis, não existe um modelo que seja perfeito; o que se deve fazer é considerar essas particularidades ao escolher o que melhor se adéqua a cada estudo, para avaliar os efeitos do tratamento proposto. Os animais de experimentação mais frequentemente citados na base de dados da BIREME (Medline, Lilacs, Scielo e Biblioteca Cochrane) foram o rato e o camundongo,5 como se pode observar na Tabela 1.1.

são a desnutrição proteica e a proteico‑calórica, mas também podem ser utilizados outros modelos, como as dietas básicas regionais e as deficiências de micronutrientes.

Desnutrição proteica Em caso de desnutrição proteica, é preparada uma dieta purificada com menor quantidade de proteína que é oferecida ad libitum aos animais. Essa redução pode ser maior ou menor, de acordo com o objetivo do estudo de produzir uma desnutrição mais grave (6% de proteína) ou mais branda (10% a 12% de proteína), em comparação à dieta‑padrão recomendada pela AIN‑93 (16% de proteína).6 Com a finalidade de manter a dieta isocalórica em relação à dieta‑padrão (AIN‑93),6 aumenta‑se a quantidade de carboidrato ou lipídio na mesma proporção calórica reduzida na dieta hipoproteica, acarretando um desequilíbrio entre macro‑ e micronutrientes. Comparada à dieta comercial para roedores disponível no mercado, a dieta purificada é de alto custo, tem prazo de validade mais curto, requer armazenamento sob refrigeração, e a oferta aos animais deve ser diária, para que a exposição à temperatura ambiente (cerca de 21°C) não altere sua composição, uma vez que não contém conservantes. Outro fator a se considerar é a fonte

Modelos experimentais de desnutrição Para avaliação dos efeitos da desnutrição, os modelos mais utilizados em todas as fases da vida

Tabela 1.1 Artigos produzidos nas bases de dados pesquisadas segundo o critério de espécie usada como animal de experimentação Medline* Animal

Descritor

Freq.

%

Ratos

Rats

113.589

43,30

Camundongos

Mice

106.775

40,70

Coelhos

Rabbits

17.185

Cães

Dogs

Porcos Primatas Total

Lilacs** Freq.

Scielo**

Cochrane*

%

Freq.

%

Freq.

%

5.982

48,84

621

47,01

1.087

36,28

2.663

21,74

321

24,30

633

21,13

6,55

1.051

8,58

106

8,02

384

12,82

15.059

5,74

2.117

17,28

209

15,82

395

13,18

Porcine

6.672

2,54

293

2,39

24

1,82

346

11,55

Primates

3.073

1,17

143

1,17

40

3,03

151

5,04

262.353

100

12.249

100

1.321

100

2.996

100

*Período

de 1999 a 2002. **Período de 1998 a 2002. Fonte: adaptada de Fagundes & Taha, 2004.5

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Nutrição, Nutrientes e Comportamento  3

de proteína; a AIN‑936 utiliza na composição a caseína (proteína de alto valor biológico), e na dieta comercial para roedores as proteínas são de origem vegetal (baixo valor biológico). Outro inconveniente desse modelo é que, ao receberem a dieta hipoproteica, os animais pas‑ sam a consumir menor quantidade de alimentos, o que torna impossível avaliarmos se o efeito é causado pela restrição de proteína em si ou pe‑ la restrição na quantidade ingerida da dieta de‑ ficiente e desbalanceada.

Desnutrição proteico‑calórica Nesse modelo de desnutrição, é oferecida aos animais uma dieta balanceada com todos os nu‑ trientes recomendados, porém em quantidade res‑ trita. Ou seja, os animais desnutridos recebem, por exemplo, 50% da quantidade de dieta inge‑ rida pelos animais do grupo de controle. Desta forma, o tratamento para os animais do grupo de controle deve iniciar‑se pelo menos um dia an‑ tes do que para os animais do grupo desnutrido. Essa dieta é de baixo custo, uma vez que po‑ de ser utilizada a ração comercial. Porém, os animais consomem toda a dieta rapidamente, ficando sem acesso ao alimento e famintos por longos períodos (em torno de 23h), e, por isto, sua oferta deve ocorrer sempre no mesmo pe‑ ríodo do dia. Por meio desses dois modelos, as mães rece‑ bem, durante as fases de gestação e lactação, a dieta deficiente em nutrientes (desnutrição pro‑ teica) ou em quantidade (desnutrição proteico‑ca‑ lórica) para que os embriões, fetos ou filhotes sejam desnutridos; desta forma, a desnutrição não ocorre somente para os filhotes, mas tam‑ bém para as mães. Ao se introduzirem estes tratamentos para as mães, leva‑se um tempo até que elas tenham suas reservas depletadas a ponto de haver algum efeito sobre os embriões, fetos ou filhotes. De‑ pendendo da situação, inicia‑se o procedimento de desnutrição materna alguns dias antes (cinco dias) para garantir que desde o primeiro dia os embriões ou filhotes sejam expostos à desnutrição. Quando o procedimento dietético é iniciado antes do cruzamento, as fêmeas nem sempre

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estão na mesma fase do ciclo estral e o cruza‑ mento pode não ocorrer no primeiro cio; com is‑ so, o tratamento pode ser mais curto ou mais longo, interferindo no estado nutricional materno com fêmeas mais ou menos debilitadas. Mesmo quando é iniciado no final da fase de gestação, o tratamento pode afetar os fetos. Para resolver es‑ ta questão, uma solução é descartar os filhotes, substituindo‑os por outros oriundos de fêmeas bem nutridas durante toda a gestação. Outra opção é iniciar o tratamento nutricio‑ nal no primeiro dia de gestação ou lactação e, mesmo que as fêmeas levem alguns dias para exaurirem suas reservas, todos os animais são expostos à mesma condição, e não ocorre des‑ carte de filhotes. Na gestação, é por meio da placenta que a fê‑ mea supre os embriões ou fetos de todos os nu‑ trientes necessários. A gestante, ao ingerir menor quantidade de dieta balanceada ou deficiente em proteína, se desnutre, e passa a apresentar alterações metabólicas, com alteração na com‑ posição do sangue que interfere no estado nutri‑ cional dos embriões ou fetos, causando prejuízos na formação dos tecidos e órgãos que podem ter consequências ao longo da vida desses animais. No período de lactação, a desnutrição ma‑ terna reduz a quantidade e altera a qualidade (composição) do leite produzido, que, por sua vez, não supre as demandas dos filhotes, que fi‑ cam desnutridos. Ademais, após a abertura dos olhos (por volta do 14o dia) os filhotes, além de mamar, também passam a ingerir a dieta ofere‑ cida às mães, competindo com elas pelo acesso ao alimento já escasso, em caso de desnutrição proteico‑calórica, ou ingerindo a dieta deficien‑ te em proteína (nutriente importante para a for‑ mação de novos tecidos), o que prejudica o seu crescimento e desenvolvimento.

Outros modelos A dieta básica regional (DBR) foi proposta por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco e é baseada nos alimentos con‑ sumidos pela população desnutrida da Zona da Mata de Pernambuco. Os alimentos (feijão‑mu‑ latinho, batata‑doce e carne‑seca) são cozidos,

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Capítulo

3

A evolução do Comportamento Alimentar na espécie Humana Fernando Sérgio Zucoloto

INTRODUçãO O gênero Homo engloba várias espécies, mas, neste texto, somente a espécie Homo sapiens será focalizada; sendo assim, quando houver referência a caçadores-coletores ou primeiros humanos, isto significa populações da espécie H. sapiens; as primeiras sociedades humanas de caçadores-coletores pertenciam à espécie H. erectus. Ao escrever este texto relacionando a evolução ao comportamento alimentar humano, o objetivo principal é tentar mostrar as modificações ocorridas na alimentação da espécie humana e as consequências desse fato. O termo evolução tem um significado específico em Biologia; entretanto, em linguagem não biológica o uso do termo pode ter outro sentido; quando se diz, por exemplo, que uma pessoa evoluiu muito, isto significa, no repertório popular, que ela melhorou bastante; ou, quando se diz que a espécie humana é a mais evoluída, o significado é de que ela é a melhor; embora as expressões “mais evoluída” ou “menos evoluída” não sejam mais empregadas em Biologia, a confusão ainda permanece. Evolução é definida como a descendência com modificações ou as transformações ocorridas em populações através do tempo; só podem existir transformações biológicas nas populações se

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houver descendência com modificações; para isso, é fundamental que haja variação genética entre os indivíduos da população.1 As modificações ocorridas poderão trazer várias consequências para uma população, dependendo da pressão seletiva que ela está sofrendo; nesses casos, poderá acontecer uma seleção genética que irá adaptar a população às novas condições do ambiente; quanto mais essa hipotética população for se diferenciando biologicamente, a depender de vários fatores e do tempo, maior a probabilidade de que surja uma especiação.2,3 Há outras duas situações que podem permitir respostas individuais dentro de uma população às pressões do ambiente: a plasticidade fenotípica e a epigênese. Plasticidade fenotípica é a capacidade de expressar características morfológicas, fisiológicas e/ou comportamentais, em resposta às condições do ambiente em um único genótipo. Também pode ser definida como “habilidade de um genótipo de produzir mais de um fenótipo quando exposto a diferentes ambientes”.2 Epigênese é um processo em que genes podem ser ativados ou desativados em uma nova situação ambiental, possibilitando que um organismo ou uma população se adaptem a essa nova situação sem que haja modificação no genoma.

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26  Psicobiologia do Comportamento Alimentar Já se tem provas, inclusive, de que esse processo pode passar para a geração seguinte, ou seja, o(s) gene(s) é (são) ativado(s) ou desativado(s) em uma geração e transmitido(s) desta forma para a geração seguinte.3-6 Enquanto a descendência com modificações (podendo levar a uma seleção genética) influi diretamente nos processos evolutivos, há controvérsia quanto à plasticidade fenotípica e à epigênese; há relação entre plasticidade fenotípica e epigênese? Esses dois fenômenos são determinantes a longo prazo, ou são situações pontuais?2,3 A espécie humana (Homo sapiens) é originária da África Oriental, na região denominada Subsaara, onde se localizam atualmente, entre outros países, a Etiópia, o Quênia e a Tanzânia. Este fato aconteceu no período Paleolítico (termo que significa “Pedra Antiga”), ou Idade da Pedra Lascada, há cerca de 200 mil anos, e, pelo que indicam as pesquisas, a espécie humana é originária do H. erectus.7 Uma das discussões mais interessantes acontece quando se compara a espécie humana aos outros animais. É muito comum a utilização de frases como: “os seres humanos, diferentemente dos animais...”, quando o correto seria: “os seres humanos, diferentemente dos outros animais...”. Do ponto de vista científico, os seres humanos são animais, frutos da evolução e sujeitos às mesmas pressões do ambiente a que estão submetidos os outros seres vivos. Embora seja uma espécie animal, o ser humano possui características que o diferenciam das outras espécies.8,9 Uma dessas características é a sua capacidade de acumular cultura. Outras espécies animais têm capacidade de aprendizagem e até de fazer previsões, mas há uma diferença qualitativa substancial entre essas espécies e os seres humanos. A espécie humana possui linguagem e a capacidade de criar e acumular cultura através dos tempos; isso possibilita que ela fabrique objetos e máquinas para fabricar outros objetos e máquinas; este fato só acontece com a espécie humana.10,11 Dos pontos de vista nutricional e do comportamento alimentar, quais comparações podem ser feitas entre a espécie humana e as outras espécies animais?

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Em primeiro lugar, é preciso diferenciar os conceitos de nutrição e alimentação. Nutrição está relacionada com os estudos e determinações dos nutrientes essenciais para o desenvolvimento e reprodução de uma espécie; na alimentação, os estudos e pesquisas procuram determinar quais alimentos fornecem a cada espécie os nutrientes essenciais e quais são os comportamentos, incluindo hábitos, necessários para obtenção desses alimentos. Em relação aos aspectos nutricionais, a espécie humana não apresenta diferenças marcantes se comparada aos outros animais.9,12 Os nutrientes presentes nos seres vivos são, em termos qualitativos, quase sempre os mesmos, havendo variação de apenas um ou outro componente. Não há, portanto, possibilidade de alterações profundas nas necessidades nutricionais qualitativas entre os animais, incluindo os seres humanos. É provável que o estabelecimento das necessidades nutricionais qualitativas se tenha estabelecido muito cedo no processo evolutivo.13 As necessidades quantitativas, entretanto, podem ser diferentes entre as espécies animais e mesmo entre indivíduos da mesma espécie, dependendo do tamanho do indivíduo, das atividades físicas, das fases ontogenética e reprodutiva e das demandas do ambiente.8 Até o advento da agricultura, há cerca de 11 mil anos, todas as populações humanas viviam da caça e da coleta. A agricultura se expandiu praticamente para todas as regiões da Terra, e atualmente grande parte da população humana depende da agricultura para viver; mesmo assim, existem ainda populações humanas que vivem como caçadoras-coletoras. Serão apresentadas a seguir algumas noções elementares sobre os nutrientes. Em tópicos posteriores, dependendo das necessidades, serão informadas com mais detalhes as funções de alguns nutrientes.

Nutrição As informações apresentadas neste tópico são baseadas em Schelp & Burini (1995);14 Sackheim & Lehman (2001);15 Wharton (2001);16 Wiell (2001);17 Willet (2002);18 Sanders & Emery

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A Evolução do Comportamento Alimentar na Espécie Humana  27

(2003);19 Matsudo et al. (2005);20 Maragon & Welker (2008);21 Zucoloto (2008 e 2011);8,9 Sutton et al. (2010);22 Lieberman (2013);23 Katz & Meller (2014);24 Levinovitz (2015);25 Moss (2015);26 Spector (2016);27 Taubes (2017);28 Buettner (2018);29 Fung (2018).30 Os estudos sobre Nutrição englobam as cinco classes de nutrientes: carboidratos, lipídios, proteínas (denominados macronutrientes), sais minerais e vitaminas (denominados micronutrientes). Os carboidratos são compostos por carbono, hidrogênio e oxigênio, e estes dois últimos sempre estão na proporção de 2:1, respectivamente. São classificados como simples e complexos. Os carboidratos simples denominam-se açúcares e são nomeados conforme o número de átomos de carbono que possuam. Os mais importantes são glicose e frutose – que, classificados como monossacarídeos, contêm seis átomos de carbono; lactose (formada por glicose e galactose); e sacarose (formada por glicose e frutose); possuem 12 átomos de carbono e são classificados como dissacarídeos. Os carboidratos complexos são formados de polímeros dos açúcares (geralmente glicose) e denominados polissacarídeos. Os mais importantes são o amido, reserva energética das plantas; o glicogênio, reserva energética dos animais, inclusive da espécie humana; e a celulose, que constitui a parte estrutural das plantas. As funções mais importantes dos carboidratos são: Fontes energéticas de maneira contínua por meio da glicose e como reserva calórica em forma de glicogênio. Manutenção das funções proteicas, pois estas, diante da carência de carboidratos no organismo, assumem parte da função energética; com isso poderá haver deficiência de proteínas para realizar suas funções primárias na parte estrutural do organismo. Função estrutural em plantas, exercida pela celulose. Alguns carboidratos, principalmente açúcares, podem incitar à ingestão alimentar pelo processo de fagoestimulação. A glicose exerce função primordial no metabolismo energético, principalmente no sistema nervoso, incluindo o cérebro, nos eritrócitos e nos testículos.

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Funcionalidade do trato intestinal, por meio das fibras, que são formadas principalmente por celulose, e outros carboidratos como lignina e pectina. Ressalte-se que as fibras, embora não sejam digeridas e absorvidas, exercem importante função na motilidade intestinal. A carência de carboidratos pode causar vários transtornos metabólicos, tais como: Retardo no crescimento, por desvio das funções proteicas. Diminuição na ingestão alimentar pela baixa fagoestimulação. Se a carência de carboidratos se prolongar e houver excesso de oxidação de lipídios, pode haver formação de corpos cetônicos na corrente sanguínea, o que pode causar problemas metabólicos. Se a carência for de carboidratos fibrosos, haverá acúmulo de fezes, por causa da diminuição da motilidade intestinal, com retenção de substância tóxicas. As principais fontes de carboidratos são frutos, legumes, verduras, grãos integrais, sementes. Os lipídios constituem um grupo heterogêneo de compostos, cujas características principais são insolubilidade em água e solubilidade em solventes orgânicos como benzina, clorofórmio e éter; são classificados como simples e compostos. Os lipídios simples incluem as gorduras, os óleos e as ceras, sendo que os dois primeiros (gorduras e óleos) são denominados também triglicerídios ou triacilglicerol. As gorduras e os óleos são formados por ácidos graxos e o álcool glicerol, enquanto as ceras são formadas por ácidos graxos e alcoóis, ambos de cadeias longas. Os ácidos graxos que formam as gorduras podem ser saturados, quando não apresentam duplas ligações, e insaturados, quando apresentam dupla ligação (monoinsaturados) ou mais de uma ligação (poli-insaturados). Embora haja algumas exceções, os ácidos graxos saturados encontram-se predominantemente em animais (p. ex., ácido butírico, encontrado na manteiga, e ácido caproico, encontrado na gordura do leite), enquanto os insaturados são encontrados predominantemente

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28  Psicobiologia do Comportamento Alimentar em vegetais. Os principais ácidos graxos insaturados são o ômega-3, o ômega-6 e o ômega-9, nomenclatura baseada na posição da dupla ligação nas moléculas. Os mais importantes ácidos graxos ômega-3 são: Linolênico, encontrado na chia, na linhaça e, em menores quantidades, no agrião e na alface. Os ácidos eicosapentaenoico e hexaenoico, encontrados em algas marinhas, peixes de águas frias (atum, salmão, sardinha) e frutos do mar. O principal ácido graxo ômega-6 é o ácido linoleico, presente principalmente em óleos vegetais e que pode se transformar em ácido araquidônico. O ácido oleico é o principal ômega-9, presente no abacate, na azeitona, em amên­doas e castanhas. As gorduras saturadas encontram-se em quase todos os tipos de células animais, em especial nas células adiposas, acumuladas no tecido sob a pele (hipoderme), onde atuam como isolante térmico, além da função de reserva energética. Os óleos são encontrados com frequência em plantas, principalmente em algodão, amendoim, milho e soja; à temperatura ambiente, as gorduras são sólidas e os óleos são líquidos; esta diferença se deve à composição das gorduras e dos óleos, sendo que as gorduras são compostas basicamente de ácidos graxos saturados, tendo moléculas com mais estabilidade, e os óleos compõem-se basicamente de ácidos graxos insaturados e suas moléculas apresentam menos estabilidade. Os lipídios compostos, além dos ácidos graxos e alcoóis, possuem outra substância acoplada. São exemplos de lipídios compostos: Os fosfolipídios, como a lecitina, componente da membrana celular. Glicolipídios, como os cerebrosídeos, encontrados no cérebro dos animais. Os esteróis, embora de composição diferente daquela dos lipídios, são classificados como tal. Exemplos são o colesterol, presente nas membranas celulares, e o ergosterol, precursor da vitamina D.

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As principais funções dos lipídios são:

Fontes de reserva energética e isolantes térmicos, funções desempenhadas pelos ácidos graxos saturados. Fontes de ácidos graxos essenciais, como os insaturados, citados anteriormente. Função estrutural: os fosfolipídios presentes na estrutura das membranas celulares. Solubilidade das vitaminas A, D, E e K, o que facilita o seu aproveitamento. Precursores de hormônios sexuais, como alguns ácidos graxos saturados e o colesterol. Há os ácidos graxos insaturados com funções antioxidantes, anti-inflamatórias e de redução dos triglicérides e do colesterol, como o grupo ômega-3. Os ácidos linoleico e araquidônico (ômega-6) são importantes para manutenção das funções cerebrais e dos impulsos nervosos, além da síntese de prostaglandinas, importantes nos processos inflamatórios e de lesões celulares. O ácido oleico (ômega-9) reduz o colesterol ruim, ou lipoproteína de baixa densidade (LDL; do inglês, low density lipoprotein) e aumenta o bom, ou lipoproteína de alta densidade (HDL; do inglês, high density lipoprotein). A carência de lipídios pode acarretar vários problemas no crescimento, na reprodução e no aproveitamento das vitaminas A, D, E e K; da mesma forma que os aminoácidos, o glicerol pode se transformar em glicose pelo processo de neoglicogênese. Neoglicogênese é a síntese de glicose (predominantemente no fígado e, em menor escala, nos rins) a partir de precursores não carboidratos; é fundamental quando a concentração de glicose no sangue está muito baixa. Quando isso pode acontecer? Em situações como jejum prolongado (por opção ou não) e exercícios físicos vigorosos que demandem muita quantidade de glicose. Observa-se uma taxa muito alta e constante de neoglicogênese entre os povos que habitam regiões frias e dispõem de escassa quantidade de alimentos ricos em carboidratos, principalmente os vegetais. Quando o nível de glicose se reduz no sangue, o estoque de glicogênio presente no fígado e nos músculos começa a ser utilizado. Entretanto,

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o estoque de glicogênio pode não ser suficiente para manter o nível normal de glicose por muito tempo. Começa, então, o processo de neoglicogênese com a utilização de aminoácidos (componentes das proteínas) e do glicerol. A utilização de substâncias alternativas à glicose no metabolismo cerebral pode causar problemas, dependendo da duração desse processo; pode acontecer, por exemplo, que os corpos cetônicos não consigam substituir a glicose no metabolismo energético cerebral pela diferenciação das vias metabólicas. As proteínas são formadas de aminoácidos constituídos de carbono (50% a 55%), hidrogênio (20% a 23%), oxigênio (15% a 18%), nitrogênio (15% a 18%) e enxofre (0% a 4%). Os aminoácidos são classificados como essenciais e não essenciais; os essenciais são aqueles de que o organismo humano necessita mas não sintetiza, e os não essenciais não são necessários ou são sintetizados no metabolismo humano. As proteínas podem ser completas, quando trazem em sua composição todos os aminoácidos essenciais, como em carnes, leite, ovos; são denominadas incompletas quando há deficiência de algum aminoácido essencial em qualidade ou quantidade, como na maioria dos vegetais. As funções mais importantes das proteínas são: Componentes fundamentais na formação de células e tecidos durante a fase de crescimento. Manutenção dos tecidos na substituição e renovação de células. Composição de enzimas, fundamentais nos processos digestórios e metabólicos. Componentes de hormônios, como a insulina. Formação de anticorpos, como a gamaglobulina. Manutenção do equilíbrio ácido-básico. Transporte de substâncias como a vitamina A, hormônios (tiroxina), oxigênio e gás carbônico. Fonte energética, quando há déficit de carboidratos (principalmente) e lipídios, que são as fontes primárias de energia. Nesse caso, os aminoácidos sofrem o processo de desaminação (retirada do nitrogênio da molécula) e podem se transformar em glicose, pelo processo de neoglicogênese: esta situação pode acontecer quando as pessoas seguem uma alimentação com baixa quantidade de carboidratos,

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por opção e/ou por necessidade. A carência de proteínas pode causar atraso no crescimento, suscetibilidade a infecções, comprometimento da fase reprodutiva, diminuição do apetite. As principais fontes de proteínas são carnes, leite e derivados, e ovos. É muito comum a afirmação de que, do ponto de vista energético, cada grama de carboidrato ou proteína fornece 4 calorias e cada grama de lipídio fornece 9 calorias. Esta afirmação, entretanto, não está totalmente correta, pois tais valores são aproximados. Para os seus processos digestórios e metabólicos, os carboidratos e os lipídios gastam 5% do seu potencial calórico, enquanto as proteínas gastam 15%, no caso da utilização como fonte energética; este valor é maior porque, além do gasto com a digestão e o metabolismo, há também um gasto para retirada e excreção do nitrogênio no processo de neoglicogênese. Portanto, os valores para fornecimento de calorias por grama são 3,80 para carboidratos, 3,40 para proteínas e 8,55 para lipídios. Um ponto interessante e importante a ressaltar é a diferença na utilização de glicose e ácidos graxos para a liberação de energia; em atividades intensas, a liberação de energia virá predominantemente da glicose e, em atividades menos intensas, predominantemente dos ácidos graxos. Em experi­mentos nos quais se compararam caminhadas com corridas comprovou-se que: em cami­nhadas (6km/h), 65% da energia gasta é procedente de ácidos graxos e 35% procedem da glicose; em corridas (12km/h), somente 35% da energia gasta procede de ácidos graxos e 65% são procedentes da glicose.20,21,23 Seria esse processo adaptativo para a espécie humana? Os primeiros humanos só corriam em situação de estresse e, no restante do tempo, caminhavam com maior ou menor intensidade, a depender da situação. O metabolismo da glicose é mais rápido que o dos ácidos graxos, o que pode explicar os resultados citados anteriormente. Em uma corrida, a demanda energética é maior que em uma caminhada – portanto, a utilização de glicose seria mais adequada. Com o exercício físico intenso, pode haver depleção de glicose no organismo, sinalizando a necessidade de reposição; quando isso acontece, o organismo libera

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Capítulo

4

A Complexidade e as nuanças do Comportamento Alimentar telma Maria Braga Costa Rita de Cássia Margarido Moreira luciana lorenzato

INTRODUçãO O desenvolvimento e a saúde em longo prazo dos indivíduos estão ligados aos hábitos nutricionais desde o início da vida. Mudanças na dieta levaram a um ambiente alimentar rotulado como obesogênico, e é retratado um marcante contraste com os tipos de ambiente alimentar nos quais os humanos evoluíram e aos quais se adaptaram biologicamente. A infância é um momento crítico para o estabelecimento de preferências alimentares e hábitos alimentares, tornando-se essencial o entendimento das maneiras pelas quais as crianças aprendem sobre os alimentos e desenvolvem o comportamento alimentar. O comportamento alimentar estabelecido durante esse período inicial segue para a adolescência e a idade adulta e, quando se trata de comportamentos saudáveis, podem ter influência positiva no combate a doenças crônicas não transmissíveis, como o excesso de peso. Durante os primeiros anos de vida, as crianças apresentam intenso desenvolvimento físico e psicológico e rápido avanço na aprendizagem, e, ao mesmo tempo, passam por evoluções significativas no padrão alimentar. Evidências interculturais sugerem que há um alto grau de plasticidade no sistema de alimentação humana. Embora os

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recém-nascidos iniciem a vida com a mesma dieta láctea, como adultos precisamos de variedade alimentar para mantermos uma nutrição adequada. Esta situação exige que, durante esses primeiros anos, ocorram mudanças drásticas no desenvolvimento do comportamento alimentar. Na idade adulta, o controle da ingestão de alimentos é muito complexo, pois para a maioria dos adultos o ato de comer raramente é impulsionado pelos sinais inatos de fome e saciedade, e os tipos de alimento consumidos e o tempo das refeições resultam de uma complexa interação de fatores fisiológicos e fatores ambientais, incluindo o contexto sociocultural, as regras de culinária e as crenças sobre nutrição e saúde. São exatamente estas outras razões, ou seja, a alimentação e nosso estilo de vida atuais, as apontadas como causas ou fatores de risco para as doenças da atualidade, como hipertensão arterial, diabetes melito, dislipidemia, doenças cardiovasculares, obesidade e outras. Muito provavelmente estaríamos saudáveis e eutróficos, ou reduziríamos muito os riscos de desenvolvermos essas doenças crônicas não transmissíveis, se adotássemos uma alimentação saudável, comendo a quantidade suficiente para suprir as deficiências de energia. Atualmente, o excesso de peso é considerado o problema nutricional mais

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74  Psicobiologia do Comportamento Alimentar associada à ingestão de frutas, vegetais e carne, embora não tenha sido associada a consumo de alimentos doces, lácteos e ricos em amido – ou seja, as crianças prontamente apresentam preferência por sabores associados a alimentos ricos em energia. Mesmo as frutas e vegetais mais preferidos pelas crianças (p. ex., banana, maçã, batata e ervilha) tendem a ser aqueles que contêm mais energia. Alternativamente, a aceitação pelas crianças dos alimentos que têm menos apelo hedônico intrínseco (como os vegetais) é moldada por sua experiência com esses alimentos. Assim, apesar dessas predisposições inatas, a aprendizagem também tem papel importante na aquisição de aversões alimentares, por meio do desenvolvimento de distinção categórica entre alimentos e não alimentos.89‑92 Alguns estudos investigaram esses fatores subjacentes às aversões alimentares e demonstraram que as crianças recusam alimentos misturados ou preparações em que não é possível identificar os ingredientes (p. ex., alimentos cobertos com molho).93,94 Outro estudo, ao investigar a frequência de recusa de alimentos previamente aceitos, observou que a maioria das crianças recusou pelo menos um alimento que já havia gostado de comer, e que os alimentos mais frequentemente recusados foram vegetais, combinações de alimentos, e alimentos marrons ou multicoloridos.66,68 Esses pesquisadores ainda sugerem que pode ser difícil para as crianças reconhecerem ou classificarem esses alimentos como um alimento específico; mesmo tendo tido uma experiência prévia com tais alimentos no passado, mudanças na aparência do alimento podem levá‑las a rejeitá‑lo como a um alimento novo ou desconhecido. Combinações desconhecidas de sabores também podem dificultar a aceitação. Demonstrou‑se que, embora a exposição prévia a água açucarada aumentasse o consumo de água açucarada por crianças, essa exposição prévia não teve impacto na ingestão de bebidas açucaradas com sabor de frutas.77 Também se relatou que bebês de 12 meses preferiam alimentos salgados somente quando esse tipo de alimento continha sal adicionado.81 Assim, ambos os estudos sugerem que certos sabores são aceitos apenas em combinações reconhecidas.

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Com frequência, a neofobia pode ser reduzida pela aprendizagem, por meio dos processos de familiarização e consumo repetido do novo alimento, desde que não seja seguido de quaisquer consequências negativas, visto que a aversão alimentar também pode ser aprendida em uma tentativa de consumo, se o consumo for seguido de desconforto. As crianças associam os sabores da comida ao contexto social e às consequências fisiológicas do consumo; por exemplo, quando o consumo de um novo alimento é seguido de consequências gastrintestinais negativas ou náuseas e vômitos, ou quando emoções negativas são associadas à exposição a determinado alimento, pode surgir uma aversão condicionada e o alimento será rejeitado. Nessa perspectiva, a recusa precoce de novos alimentos pelas crianças pode ser encarada como uma resposta normal e até mesmo uma adaptação, ao invés de refletir uma aversão aos alimentos ou falta de colaboração ou negativismo da criança em relação à alimentação. A consciência desse curso normal de aceitação de alimentos é importante porque a maioria dos pais tira conclusões prematuras sobre o desenvolvimento do comportamento alimentar dos filhos. Desse modo, as características familiares, em especial as crenças e práticas dos pais durante a alimentação dos filhos, também foram extensivamente relacionadas com aversões alimentares.95 Os pais habitualmente interpretam a rejeição precoce como uma aversão fixa e persistente, e erroneamente as reações faciais e gestuais da criança quando em contato com o alimento servem de base para a decisão de continuar ou não a oferecê‑lo. É errado excluir totalmente da dieta da criança um grupo de alimentos antes rejeitados, pois muitas vezes a criança não tem oportunidade de provar o alimento repetidamente, atitude que intensifica a aceitação, como foi discutido. Vale ressaltar novamente que, em termos evolutivos, a aversão a um alimento serve como mecanismo de proteção contra a ingestão de substâncias potencialmente perigosas. E, embora a recusa alimentar possa ter protegido os indivíduos contra a ingestão de alimentos impróprios ou até de toxinas prejudiciais, na cultura ocidental de hoje este é um comportamento

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A Complexidade e as Nuanças do Comportamento Alimentar  75

considerado mal adaptativo, que frequentemente leva a consumo deficiente de frutas e vegetais. Hoje em dia, a aversão alimentar entre crianças e jovens está associada a diminuição da variedade dos alimentos e má qualidade da dieta.96 Distúrbios do apetite também podem estar presentes na infância, motivo pelo qual é preciso distinguir as crianças que comem pouco ou são seletivas e apresentam aversão alimentar daquelas que de fato apresentam critérios diagnósticos de anorexia comportamental. Desta forma, para se avaliar a queixa de recusa alimentar, é importante observar se tal recusa não causa danos secundários (p. ex., retardo no crescimento e/ou deficiências nutricionais).

Processos de aprendizagem na formação do comportamento alimentar Apesar de a alimentação ser vista como uma resposta não aprendida em relação à sugestão de fome (de acordo com o mecanismo de homeostase), sugere‑se que todas as outras respostas que o homem emite em relação à alimentação são aprendidas: os gostos são aprendidos, o apetite e a saciação são respostas aprendidas, o prazer de comer é aprendido; portanto, a ingestão alimentar pode ser aprendida.97‑99 Essa aprendizagem é explicada por meio do processo de condicionamento clássico ou pavloviano, segundo o qual o indivíduo associa o

Estímulos alimentares internos

paladar característico do alimento e o nutriente ou alimento que está sendo ingerido às consequências pós‑ingesta, que podem ser agradáveis ou de satisfação, daí desenvolvermos preferência pelo alimento, ou desagradáveis, levando‑nos a desenvolver aversão ao alimento. Ao associarmos os três fatores centrais do modelo hipotético do comportamento alimentar proposto por Eertmans et al. (2001) (Figura 4.1),100 temos que, pela associação entre eles, estabelece‑se uma relação importante entre estas variáveis na “determinação” do comportamento alimentar ou no processo de formação das preferências alimentares e, por que não, das aversões e também da modificação de preferências. Dessa forma, a compreensão desse processo de condicionamento pode nos levar a programas de modificação de comportamentos alimentares inadequados, que comprometem a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos.

Aprendendo sobre alimentos com o aleitamento materno Consideremos o ambiente que se instala na casa de um bebê que acabou de nascer. Em geral, as pessoas promovem um ambiente tranquilo, sem ruídos excessivos, com objetos decorativos pendurados no teto, nas paredes, o berço, a cadeira para a mãe sentar e amamentar o bebê, enfim, o máximo de conforto para o bebê e a mãe. De repente a criança tem uma sensação desconfortável, algo que parece uma dor (é o que achamos

Comportamento alimentar Gostar

Paladar

Estímulos alimentares externos

Consequências antecipadas

Ingesta alimentar

Informação Ambiente social Ambiente físico

Escolha/ Seleção/ Preferência

Fatores ideacionais

Figura 4.1 Modelo hipotético do comportamento alimentar Fonte: adaptada de Eertmans et al., 2001.100

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Capítulo

6

transição nutricional: Um Processo Complexo, Produtor e Produto de Comportamento Humano Maria Rita Marques de oliveira Maitu abibo Buanango alex Harley Crisp

O assunto deste livro é bastante delicado e perigoso. A tal ponto delicado e perigoso que se constitui num dos tabus de nossa civilização. Josué de Castro, julho de 1946. Prefácio da 1a edição do livro Geografia da Fome.1

INTRODUçãO Desde meados do século XX, a fome tem acompanhado uma parcela da população brasileira. Em 2014, com uma significativa redução da parcela da população em estado de miséria e fome, chegamos a sair das estatísticas mundias, mas a cada crise política este mal volta a crescer. Por outro lado, as doenças da má nutrição, como obesidade e outras doenças crônicas, continuam em ritmo progressivo e muitas vezes atingindo as parcelas mais pobres da população, afetada pela falta de acesso a alimentos de qualidade. O processo de transição do perfil epidemiológico do estado nutricional da população brasileira, aferido por meio de indicadores antropométricos de desnutrição e obesidade, teve início na década de 1970 e, de lá para cá, continua em ritmo progressivo. Talvez, por se tratar de grupo com elevada vulnerabilidade às condições socioambientais,

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as crianças representem o exemplo mais evidente do processo de transição nutricional ocorrido no Brasil. Desde o Estudo Nacional da Despesa Familiar (Endef), em 1974-1975, até a última Pesquisa de Orçamentos Familiares, em 2008-2009,2 verifica-se claramente a inversão de igual grandeza nos valores de excesso de peso em substituição aos déficits de estatura, na proporção de um terço das crianças (Figura 6.1). Na evolução dos indicadores de excesso de peso da POF 2008-2009, a situação mais grave está entre as crianças de 5 a 9 anos de idade. Os valores de excesso de peso mais que dobraram de 1989 a 2008-2009, visto que quase 35% dos meninos e 32% das meninas aparecem com excesso de peso na POF 2008-2009. Entre os jovens, 20% apresentam excesso de peso (Figura 6.2). Entre os homens, a prevalência de excesso de peso passou de 18,5% no Endef 1974-1985 para 51,1% na POF 2008-2009. Entre as mulheres, tal prevalência passou de 28,7% para 48%. Conclui-se, assim, que metade dos adultos brasileiros está com excesso de peso e, como se vê, a frequência de obesidade triplicou entre os adultos do Nordeste e duplicou no Sudeste (Figura 6.3). Monteiro et al. (2010)3 realizaram uma interessante análise dos dados de estatura de

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108  Psicobiologia do Comportamento Alimentar Feminino

Déficit de altura

Déficit de peso

Excesso de peso

Obesidade

1974-1975 (1)

32,0

Déficit de altura 1989 (2)

Déficit de peso

1,8 2,4

11,8

8,6 11,9

5,4 1,5 3,9

2,9 4,1

6,3

12,6

16,6

10,9 15,0 5,7 2,2 4,3

7,2

14,7

26,7

29,3

34,8

Masculino

Excesso de peso

Obesidade

2008-2009

Figura 6.1 Evolução de indicadores antropométricos na população de 5 a 9 anos de idade, por sexo. Brasil – períodos de 1974‑1975, 1989, e 2008‑2009 Fonte: adaptada de Brasil, 2010.2 Feminino

Déficit de peso

1974-1975 (1)

1989 (2)

2002-2003

Excesso de peso

0,7 2,2 3,0 4,0

13,9 15,1 19,4 5,1 2,7 4,3 3,0

Obesidade

Excesso de peso

7,6

0,4 1,5 4,1 5,9

Déficit de peso

3,7 7,7

5,0 5,3 3,7

10,1

16,7 21,7

Masculino

Obesidade

2008-2009

Figura 6.2 Evolução de indicadores antropométricos na população de 10 a 19 anos de idade, por sexo. Brasil – períodos de 1974‑1975, 1989, 2002‑2003 e 2008‑2009 Fonte: adaptada de Brasil, 2010.2

crianças com menos de 5 anos referentes ao Endef (1974‑1975), à Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN, 1989) e aos dados de 1996 e 2006‑2007 relativos à Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS). Nessa análise, as curvas construídas com os dados brasileiros de estatura para a idade de crianças com menos de 5 anos foram confrontadas com aquelas construídas com dados da população de referência

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da Organização Mundial da Saúde (OMS).4 No resultado da análise, o deslocamento da curva brasileira é impressionante, partindo de uma situação, em 1974‑1975, em que quase metade da curva dos dados da população brasileira (achatada com elevada variância dos dados) se localiza fora da curva de referência para, em 2006‑2007, uma representação de curvas praticamente sobrepostas. Essa análise demonstrou

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Transição Nutricional: Um Processo Complexo, Produtor e Produto de Comportamento Humano  109

Feminino

Obesidade

Déficit de peso

Excesso de peso 1974-1975 (1)

1989 (2)

2002-2003

8,0 13,2 13,5 16,9

28,7 11,8 6,4 5,6 3,6

Déficit de peso

2,8 5,4 9,0 12,4

8,0

4,4 3,1 1,8

18,5

29,9

41,4

41,4 40,9 48,0

50,1

Masculino

Excesso de peso

Obesidade

2008-2009

Figura 6.3 Prevalência de déficit de peso, excesso de peso e obesidade na população com 20 ou mais anos, por sexo. Brasil – períodos de 1974‑1975, 1989, 2002‑2003 e 2008‑2009 Fonte: adaptada de Brasil, 2010.2

que o Brasil está muito próximo de vencer o pro‑ blema de déficit de estatura de suas crianças, um indicador importante de desnutrição crônica. No mesmo estudo4 são comparadas as curvas cons‑ truídas com dados referentes aos quintis mais rico e mais pobre da população. Na ilustração das curvas, os dados se comportam da mesma maneira, ou seja, em 2006‑2007, os formatos das curvas estão muito próximos um do outro. O acesso à renda, aos serviços de saúde e ao sa‑ neamento é que tem proporcionado essa apro‑ ximação dos indicadores antropométricos. Em 33 anos, a prevalência de baixa estatura para a idade, entre crianças com menos de 5 anos de idade caiu de 37,1% para 7,1%, e a diferença no quintil mais pobre de 59% para 11,2% em 2006‑2007. Já no quintil mais rico a queda foi de 12,1%, para 3,3% em 2006‑2007. Podemos ilustrar esse processo a partir de uma série de trabalhos que foram realizados com es‑ colares de Piracicaba‑SP. Um dos estudos resul‑ tou em uma tese de doutorado.5 Tratou‑se de um estudo seriado transversal com 9.683 escolares, dos quais foram realizadas 16.068 avaliações antropométricas, no período de 2003 a 2006. Entre tantos outros resultados, observou‑se que crianças que frequentaram a 4a série do ensino fundamental em 2003 apresentavam estatura

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mais baixa do que as crianças de mesmo sexo e idade que frequentaram a 4a série em 2006, caracterizando o processo de transição nutricio‑ nal naquele município. Em um segundo estudo transversal, foi comparada a prevalência de ma‑ nifestações de fatores determinantes da síndrome metabólica entre crianças obesas e seus pares não obesos, e encontrou‑se elevada prevalên‑ cia de alterações no colesterol sérico total, tanto nos obesos quanto nos controles com peso ade‑ quado para a idade.6 O colesterol sérico esteve negativamente associado ao consumo de fibras e colesterol dietético. As crianças obesas consu‑ miam menor quantidade de fibras, sendo o feijão a principal fonte de fibra na dieta dos escolares e mais consumido entre os eutróficos. Registra‑se, no entanto, que o consumo de arroz com feijão vem sendo gradativamente reduzido no hábito da população brasileira. Em um terceiro estudo que avaliou a frequência de consumo alimentar e a renda familiar desses escolares, constatou‑se que a renda per capita foi determinante da bai‑ xa estatura dos escolares avaliados, exercendo influência no consumo alimentar e na ingestão adequada de nutrientes, especialmente cálcio, vitamina A e fibras.7 Nesses estudos realizados em Piracicaba, o déficit de estatura e o exces‑ so coexistiram nos mesmos grupos de crianças.

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110  Psicobiologia do Comportamento Alimentar rural também associada à pobreza.8 A vida na periferia das cidades traz consigo muitos fatores de risco, incluindo insalubridade ambiental e hábitos alimentares inadequados. A esse desequilíbrio vem sendo atribuído, como resultado, o alarmante e progressivo aumento de doenças não transmissíveis, especialmente aquelas associadas a obesidade. A Figura 6.4 relaciona as principais causas de morte e a carga global de doença, em anos de vida perdidos ajustados por incapacidade, ou seja, a taxa de DALY (disability‑adjusted life years) por mil habitantes. Os dados apontam a supremacia das doenças crônicas sobre as demais causas, inclusive nos continentes mais pobres.

A transição nutricional experimentada no Brasil e em outros países em estágio equivalente de desenvolvimento não apresenta as mesmas características daquelas ocorridas no ocidente da Europa, nos EUA e no Japão. O processo vem ocorrendo de forma bem mais acelerada, em consequência de mudanças demográficas, tecnológicas e econômicas.8 A coexistência dos problemas da fome e do consumo excessivo ou inadequado dos alimentos em uma mesma residência, como muitas vezes se observa, constitui um processo complexo e multifatorial, decorrente da urbanização associada ao êxodo rural, que trouxe como consequência o aumento da pobreza nas cidades e a marginalização

Principais doenças e condições em países de baixa e média baixa renda Classificação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Lesões 157.940.002 140.580.280 Doença mental 119.651.744 Doenças cardiovasculares 91.137.403 Infecções respiratórias 90.703.457 Condições perinatais 81.800.018 Infecções por HIV e AIDS 60.273.424 Doenças diarreicas 58.875.325 Doenças de órgãos sensoriais 51.780.653 Câncer 46.315.627 Malária Todas as outras doenças 165.063.705 não transmissíveis Todas as outras doenças 216.248.896 transmissíveis

4.467.575 4.361.376 3.497.750 3.019.294 2.694.109 2.307.620 1.761.918 1.522.444 1.447.825

12.537.746 Doenças cardiovasculares Câncer Lesões Infecções respiratórias Doenças respiratórias Infecções por HIV ou AIDS Condições perinatais Doenças diarreicas Tuberculose Doenças digestivas Todas as outras doenças não transmissíveis Todas as outras doenças transmissíveis

2.634.259 5.496.935

200 180 160 140 120 100 80 60 40 20

0

0

1

2

3

Anos de vida ajustados por deficiência (bilhões)

4

5

6

7

8

9 10 11 12

Mortes (milhões) Doença não transmissível Doença transmissível Ferimentos

Principais doenças e condições do mundo Classificação 193.278.495 Doença mental 181.891.119 Lesões Doenças cardiovasculares 148.190.083 Condicional perinatal 97.335.086 Infecções respiratórias 94.603.349 Infecções por HIV e AIDS 84.457.784 75.544.632 Câncer Doenças de órgãos sensoriais 69.380.870 Doenças diarreicas 61.966.183 Doenças respiratórias 55.153.199 Todas as outras doenças 156.268.016 não transmissíveis Todas as outras doenças 271.956.829 transmissíveis 280

240

200 160

120

80

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

16.733.160 7.120.765 5.168.315 3.962.893 3.702.199 2.777.175 2.462.124 1.968.397 1.797.972 1.566.003 4.012.061 5.758.089

40

Anos de vida ajustados por deficiência (bilhões)

0

0

2

4

6

8

10

12

14

Doenças cardiovasculares Câncer Lesões Infecções respiratórias Doenças respiratórias Infecções por HIV ou AIDS Condições perinatais Doenças diarreicas Tuberculose Doenças digestivas Todas as outras doenças não transmissíveis Todas as outras doenças transmissíveis

16

Mortes (milhões)

Figura 6.4 Carga global de doença (DALY; do inglês, anos de vida ajustados por deficiência) e mortes, de acordo com a doença ou condição. As condições perinatais incluem baixo peso ao nascer, prematuridade, asfixia e traumatismo ao nascer Fonte: adaptada de Organização Pan‑Americana da Saúde (PAHO) & Organização Mundial da Saúde (OMS), 2006.9

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Transição Nutricional: Um Processo Complexo, Produtor e Produto de Comportamento Humano  111

Segundo dados divulgados pela Organização Pan‑Americana da Saúde, a população da América Latina e Caribe correspondia, em 2005, a 561 milhões de indivíduos, dos quais: Uma em cada cinco crianças com menos de 5 anos já tinha uma deficiência nutricional: 11 milhões. Três em cada dez crianças com menos de 5 anos sofriam de anemia hipoférrica: 16 milhões. 32 milhões de jovens de 5 a 14 anos de idade sofriam de anemia hipoférrica. Quatro em cada dez mulheres grávidas tinham anemia: 5 milhões (29 milhões de mulheres em idade reprodutiva). Uma em cada dez crianças tinha carência subclínica de vitamina A. 47,4 milhões de indivíduos e 7,1 milhões de crianças em idade escolar eram afetados por carência de iodo. Dois a seis de cada dez adultos sofriam de sobrepeso ou obesidade: 53 milhões. 3.300.000 pessoas estavam infectadas pelo HIV. 53 milhões de pessoas ainda eram sujeitas a insegurança alimentar (acesso limitado a uma

cesta alimentar básica, pobre tanto em qualidade quanto em quantidade). Peso inferior ao normal entre crianças e mães foi, por si só, responsável por 4,6 milhões de anos de vida ajustados por incapacitação (DALY). Fatores de risco de doenças crônicas associados à nutrição eram responsáveis por grande parcela do ônus de doença, que chegava a 12,5 milhões de anos de vida ajustados por incapacitação. Acompanhando a tendência mundial, as doenças cardiovasculares e as neoplasias surgiram, em 2006, como as duas principais causas de morte no Brasil (Figura 6.5). No País, a transição das causas de morte por doenças infecciosas para doenças do sistema circulatório teve início na década de 1960, e seu ápice apresentou‑se na década de 1990 (Figura 6.6). Na década de 1930, as doenças infecciosas respondiam por 46% das causas de morte nas capitais brasileiras. Em 2003, apenas 5% das mortes nas capitais brasileiras foram atribuídas a doenças infecciosas.9 O envelhecimento da nossa população também é uma característica marcante

IX. Doenças do aparelho circulatório II. Neoplasias (tumores) XX. Causas externas X. Doenças do aparelho respiratório IV. Doenças endócrinas e metabólicas XI. Doenças do aparelho digestivo I. Doenças infecciosas e parasitárias XVI. Afecções perinatais XIV. Doenças do aparelho geniturinário VI. Doenças do sistema nervoso XVII. Malformações congênitas 0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

Figura 6.5 Mortalidade proporcional segundo causas selecionadas Fonte: adaptada de Brasil, 2003.10

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Capítulo

11

intervenções Cognitivo‑comportamentais para transtornos Alimentares e obesidade Gabriela Salim Xavier Moreira Carmem Beatriz Neufeld

INTRODUçãO Os transtornos alimentares (TA) caracterizam-se por graves perturbações no comportamento alimentar e na imagem corporal.1 Os critérios diagnósticos desses transtornos são estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no Código Internacional de Doenças (CID-10; OMS, 1993), e pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua 5a edição (DSM-5),2 com base em características comportamentais, psicológicas e fisiológicas. A prevalência de TA tem aumentado em todo o mundo e no Brasil. Esses transtornos são mais frequentes entre mulheres adolescentes ou adultas jovens, incidindo em até 3,2% daquelas com idade entre 18 e 30 anos, e com uma relação entre homem e mulher variando de 1:6 a 1:10.1,3 De acordo com Stice et al. (2013),4 cerca de 13% das mulheres jovens atendem aos critérios diagnósticos para algum dos TA propostos pelo DSM-5. Prevalência semelhante foi obtida por Dakanalis et al. (2017)5 na amostra composta por universitárias (13,1%), que reforça, ainda, a cronicidade dos TA, já que em 67,5% das mulheres manteve-se o diagnóstico após acompanhamento de quatro anos. Já em relação à

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meia-idade, na faixa dos 40 aos 60 anos, observou-se que 15,3% das mulheres já preencheram algum critério para TA ao longo da vida.6 De modo geral, as pesquisas evidenciam aumento das taxas de anorexia nervosa (AN), bulimia nervosa (BN) e transtorno de compulsão alimentar (TCA) em ambos os sexos.7 Mais comuns ainda são as práticas menos graves adotadas para controle do peso, nomeadas como “comer transtornado”, que incluem desde uma “simples dieta” e insatisfação com a imagem corporal até os TA clássicos.1,3 As tais práticas ocorrem anteriormente ao desenvolvimento dos transtornos clássicos, levando a prejuízos de ordem física e emocional além do risco de evolução para os quadros completos. Segundo a revisão de Leal et al. (2013),8 a prevalência desses comportamentos variou de 0,24% a 58,4% em adolescentes, de acordo com estudos nacionais e internacionais publicados nos últimos anos. O DSM-V agrupou os transtornos de pica, transtorno de ruminação e transtorno alimentar restritivo ou evitativo na categoria dos TA, juntamente com a AN, a BN e o TCA – o qual configurou-se, na 5a edição, como um transtorno específico.2 No entanto, no presente capítulo serão abordados os TA cujas características

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208  Psicobiologia do Comportamento Alimentar essenciais estão associadas a alterações no consumo de alimentos em razão de recusa alimentar, imposição de dietas restritivas associadas a comportamentos compensatórios para emagrecimento ou manutenção do peso, ou ainda episódios de compulsão alimentar: AN, BN e TCA. Já a obesidade não é um tipo de TA, tampouco uma doença psiquiátrica: é tratada como uma condição clínica geral, sendo considerada pela OMS uma doença crônica não transmissível. Atualmente, a obesidade é considerada um grave problema mundial de saúde pública, devido tanto à sua crescente prevalência quanto às comorbidades associadas.9 Ainda de acordo com a OMS, em 2016, 39% dos homens e mulheres com mais de 18 anos tinham excesso de peso, e 11% dos homens e 15% das mulheres eram obesos. Assim, quase 2 bilhões de adultos em todo o mundo estavam com sobrepeso e, destes, mais de meio bilhão era de obesos.10 Dados recentes da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) revelaram que mais de metade da população brasileira adulta (54%) está acima do peso.11 Em 11 anos, a taxa de obesidade da população brasileira aumentou em 60%, subindo de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2017. Todos esses quadros (TA e obesidade) têm etiologia multifatorial, ou seja, diferentes fatores interagem para o desenvolvimento e perpetuação do problema, gerando prejuízos à saúde física e mental e comprometendo a qualidade de vi­ da dos indivíduos.2,9 Embora TA e obesi­dade tenham sido tradicionalmente conceituados como condições separadas, pesquisas recentes sugerem importantes sobreposições em vários aspectos, incluindo etiologia, comorbidade, fatores de risco e abordagens preventivas.12 Ambos resultam de mudanças nos padrões alimentares e alterações no peso corporal, e estão associados a insatisfação com a imagem corporal, internalização do ideal de magreza e expectativas positivas de magreza.13,14 De modo geral, as pesquisas mostram uma comorbidade significativa entre obesidade e TA, em indivíduos com maior índice de massa corporal (IMC), o que é compatível com a hipótese

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de que essas condições têm o potencial de contribuir para, e/ou exacerbar os sintomas de modo recíproco.15‑17 Na América Latina, por exemplo, a prevalência de TCA foi de 16% a 52% em indivíduos com obesidade (IMC ≥30kg/m2) participantes de programas de perda de peso.18 Obesidade e TA estão, cada qual, associados a graves consequências para a saúde física e mental. Assim, o aprimoramento da atenção à saúde para esses indivíduos exige profissionais especializados e permeia, necessariamente, maior troca de experiências e conhecimentos entre os profissionais de saúde que atuam no campo da obesidade dos TA.17

Intervenções psicoterapêuticas para comportamentos alimentares patológicos Nos últimos anos, observa‑se um notável avanço no que se refere ao desenvolvimento e avaliação de intervenções psicossociais baseadas em evidências para os TA e outros transtornos psiquiátricos. Tais condutas referem‑se a protocolos que foram avaliados em ensaios clínicos controlados e randomizados, em que os tratamentos, amostras e resultados foram bem especificados, e seus efeitos, replicados por uma equipe de pesquisa independente.19 Atualmente, a prioridade é disseminar as informações sobre os tratamentos baseados em evidências da pesquisa para a prática clínica, implementando‑os rotineiramente nos tratamentos desses quadros. Isso porque investigações apontam que o percentual de clínicos especializados em transtornos alimentares que relatam aderir a protocolos baseados em evidências está entre 6% e 35%, considerando‑se, ainda, que os profissionais relatam empregar uma mistura eclética de técnicas derivadas de intervenções baseadas em evidências e de outras técnicas que não são avaliadas ou testadas cientificamente.20,21 Nesse sentido, recente metanálise, publicada em 2017, avaliou ensaios clínicos randomizados que compararam o tratamento para os TA com base na terapia cognitivo‑comportamental (TCC) com aqueles realizados a partir de outras abordagens psicoterapêuticas. Em suma, esse

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Intervenções Cognitivo‑comportamentais para Transtornos Alimentares e Obesidade  209

estudo demonstrou que a TCC é um tratamento eficaz para indivíduos com TA, levando a melhorias significativas e duradouras nos principais comportamentos e sintomas cognitivos dos comportamentos alimentares inadequados presentes nesses quadros. Cabe ainda destacar que esses resultados foram mantidos ao longo do tempo, nas avaliações de acompanhamento (follow‑up), sugerindo que a TCC tem efeito duradouro após o término do tratamento.22 Comparada a outras condições de controle ativo (qualquer outra abordagem psicoterápica), a TCC mostrou‑se mais eficaz em reduzir sintomas comportamentais e cognitivos em indivíduos com BN e TCA, mas esse resultado não foi evidenciado em comparações entre pacientes com AN. No que tange aos quadros de TCA associados a sobrepeso e obesidade, a TCC foi comparada ao tratamento puramente comportamental para perda de peso. A primeira foi superior, em longo prazo, em reduzir a frequência dos episódios de compulsão alimentar.22 No entanto, é fundamental destacar que tais efeitos foram evidenciados somente para os estudos que utilizaram os protocolos desenvolvidos por Fairburn et al. (2016),23 ou seja, a superioridade da TCC sobre os outros tratamentos psicológicos é alcançada apenas quando as técnicas empregadas e a estrutura das sessões correspondem a esses protocolos.22 Christopher Faiburn e Zafra Cooper são referências no diagnóstico e tratamento de TA há décadas. Envolvidos na criação das categorias desses transtornos na última versão do DSM, desenvolveram e aprimoraram os tratamentos mais eficazes. Por ser a migração entre as categorias diagnósticas de um TA para outro mais norma do que exceção, ao longo do tempo os pesquisadores citados se adiantaram e criaram uma teoria e um protocolo de tratamento unificado “transdiagnóstico”, aplicáveis a todos os TA, incluindo os que se enquadram na categoria “outro transtorno alimentar especificado”.23 Isso implica que esse tratamento é capaz de abordar os mecanismos transdiagnósticos mantenedores dos TA e ser eficaz para todas as categorias diagnósticas, em vez de apenas uma delas. Denominado Enhanced Cognitive Behavioral Therapy (CBT‑E), traduzida como terapia

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cognitivo‑comportamental “ampliada” (TCC‑A), o tratamento foi elaborado a partir do protocolo desenvolvido para BN e engloba características clínicas comuns aos TA e utiliza novas estratégias e procedimentos voltados para aumentar a adesão ao tratamento e seus resultados, além de abordar obstáculos à mudança que são “externos” ao TA central, tais como perfeccionismo, baixa autoestima e dificuldades interpessoais. Esse protocolo, desenvolvido em 2008, vem se sustentando ainda mais após estudos experimentais e revisões sistemáticas que confirmam os mecanismos transdiagnósticos mantenedores dos TA nesse modelo cognitivo‑comportamental, bem como a eficácia do tratamento proposto.22,24‑26 Fairburn & Cooper (2016)23 concluíram que o problema central que demanda a intervenção para os pacientes com TA não reside nos comportamentos de risco (restrição ou compulsão alimentar, tampouco perda de peso ou atitudes purgativas), mas sim nas crenças disfuncionais sobre o corpo e a alimentação, as quais são reforçadas culturalmente, sobretudo nos dias atuais. Enquanto a maioria das pessoas avalia a si próprias com base no desempenho percebido em outras áreas da vida, tais como profissional, habilidades esportivas, sociais e TA relacionais, os indivíduos com TA julgam seu valor, em grande parte ou até mesmo de forma exclusiva, em função de seu corpo, de seu peso e de sua capacidade de controlá‑los. Assim, as outras características desses quadros derivam dessa psicopatologia (p. ex., medo de ganhar peso, sentir‑se gordo, comer pouco, perder peso, purgar).

Terapia cognitivo‑comportamental avançada: o tratamento baseado em evidências científicas para transtornos alimentares23 Inicialmente, é importante distinguir que há duas formas de TCC‑A: forma “dirigida”, que se concentra exclusivamente na psicopatologia do TA, e forma “ampla”, destinada também a tratar os obstáculos “externos” à mudança, mencionados anteriormente. Quanto à duração, também existem dois períodos: 20 semanas, para pacientes que não estejam muito abaixo do peso (IMC

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210  Psicobiologia do Comportamento Alimentar superior a 18,5kg/m2), e uma versão que pode ter o dobro dessa duração, para aqueles com baixo peso (IMC inferior a 18,5kg/m2). Trata‑se de um tratamento para pacientes com TA de gravidade clínica, ou seja, quadros persistentes em que a psicopatologia prejudica de maneira significativa o funcionamento psicossocial ou a saúde física. Consiste em um tratamento ambulatorial e individual, sendo essencial que seja garantido o tratamento integral, físico e psiquiátrico. Isso significa que o estado físico do paciente deve ser estável e que ele não deve estar sob risco iminente de suicídio. A versão principal do tratamento (com duração de 20 sessões), empregada para o tratamento da maioria dos casos, compreende quatro estágios: Estágio 1: oito sessões que devem ocorrer com a frequência de duas vezes por semana. yyObjetivos: envolver o paciente no tratamento e na mudança; criar em conjunto uma formulação dos processos de manutenção do TA, realizar a psicoeducação do transtorno e do tratamento, abordar as preocupações quanto ao peso e introduzir um padrão regular de alimentação. Estágio 2: duas sessões semanais. yyObjetivos: realizar um balanço, rever o progresso, identificar barreiras à mudança, modificar a formulação conforme seja necessário e planejar o estágio 3. Estágio 3: oito sessões semanais. É a principal etapa do tratamento. yyObjetivos: abordar os principais mecanismos que estão mantendo o TA. Estágio 4: três sessões quinzenais. É a etapa final do tratamento. yyObjetivos: assegurar que as mudanças alcançadas durante o tratamento sejam mantidas após seu término e minimizar o risco de recaídas futuras.

Estágio 1: começar bem Na etapa inicial do tratamento é fundamental vincular o paciente ao tratamento. Parte desse envolvimento está atrelada à psicoeducação do tratamento, ou seja, o paciente precisa ser totalmente informado pelo terapeuta sobre o tratamento que

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está iniciando. Alguns tópicos merecem destaque: natureza e estilo do tratamento; questões práticas do tratamento (número, duração e frequência de sessões); pesagem na sessão (realizada de forma colaborativa); induzir a apropriação, o entusiasmo e a esperança (responsabilizar o paciente pelo seu tratamento e maximizar o entusiasmo e a esperança a partir do conhecimento sobre o tratamento dos TA em geral). O passo seguinte é a criação da “formulação”, o que, na TCC, refere‑se a um diagrama personalizado (representação visual) dos fatores que mantêm o problema do paciente. A formulação do caso contribui para a psicoeducação do tratamento, mas também transmite a noção de que os problemas alimentares são compreensíveis e mantidos por mecanismos determinados, proporcionando um guia sobre as metas do tratamento. A formulação descrita a seguir deve ser usada como modelo para que o terapeuta realize a formulação personalizada, respeitando as características clínicas específicas do seu paciente (Figura 11.1). Esse processo de formulação é realizado de maneira colaborativa, ou seja, o terapeuta assume a liderança, mas o paciente é ativamente envolvido. Ao final da formulação, é importante que o paciente a aceite como uma explicação plausível para o seu transtorno e se identifique com ela. Além disso, o terapeuta deve abordar as Supervalorização e controle do corpo e do peso

Restrição alimentar

Gatilhos (situações e mudanças de humor)

Compulsão alimentar

Baixo peso importante

Comportamentos purgativos

Figura 11.1 Formulação de caso com base na te‑ rapia cognitivo‑comportamental ampliada dos trans‑ tornos alimentares Fonte: adaptada de www.credo‑oxford.com.27

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Capítulo

13

Comer intuitivo e as interfaces com Comportamento Alimentar Marle dos Santos alvarenga Jéssica Maria Muniz Moraes Manoela Figueiredo

INTRODUçãO Comer intuitivo (CI) é uma abordagem, baseada em evidência científica, criada e desenvolvida pelas nutricionistas norte-americanas Evelyn Tribole e Elyse Resch e que soma atualmente mais de 100 trabalhos publicados, como veremos na sequência. Essa abordagem tem três pilares essenciais:1-3 1. Permissão incondicional para comer (com sintonia). 2. Comer para atender às necessidades fisiológicas e não emocionais. 3. Seguir os sinais internos de fome e saciedade. Os três pilares do CI são trabalhados em dez princípios que ajudam as pessoas a se resgatarem ou se tornarem comedores intuitivos: aqueles que respeitam e atendem seus sinais internos de fome e comem o que escolhem, sem sentir culpa, sem julgamentos e sem viver um problema ético. Considerando-se o comportamento alimentar como foco desta publicação, o CI é uma abordagem que acrescenta – tanto do ponto de vista de pesquisa quanto da perspectiva clínica – às crenças, sentimentos, pensamentos e relacionamento com a comida ao focar em comportamentos sedimentados nesses pilares e princípios.

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COMPORTAMENTO ALIMENTAR E COMER INTUITIVO O comportamento alimentar tem diferentes definições, dependendo do fundamento epistemológico de base. Uma das definições possíveis, utilizada pelas autoras deste capítulo, é de ações relativas ao ato de se alimentar: como, quando e de que maneira comemos.4 Tal definição se centra no comportamento como ação e sua definição mais geral, mas também em uma visão dessa ação alinhada com o entendimento da escolha alimentar versus decisão, que tem como base as considerações de Rachlin (1989) sobre esses processos.5 As decisões, segundo esta visão, estão ligadas a tomar um caminho diante de dois ou mais caminhos possíveis, cada qual com vantagens e desvantagens. De uma perspectiva da psicologia cognitivista, as decisões estão ligadas às representações internas – por exemplo, de comida e alimentação – com crenças e regras construídas no histórico de comportamentos de um indivíduo. Mas decisões não são entendidas como comportamentos realizados, que seriam as escolhas; no caso de decisões acerca de alimentação, elas são definidas como o ato dinâmico que determina o consumo alimentar.4

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238  Psicobiologia do Comportamento Alimentar No entanto, mesmo se considerarmos que comportamentos e escolha alimentar são ações e não representações internas, eles têm, obviamente, suas “razões”. Consumir um alimento é um comportamento, mas este é avaliado em termos de alimentos e/ou nutrientes e energia, um foco clássico dos estudos em Nutrição. No entanto, cada vez mais é importante avaliar e compreender por que as pessoas comem o que comem, o que é abarcado pelos determinantes de escolha e consumo. As escolhas são determinadas por diversos fatores, alguns habituais e conscientes, outros mais subconscientes; e, uma vez que a escolha é um comportamento de selecionar o que comer e beber, depende do que conhecemos, acreditamos, sentimos e pensamos sobre comida.4 Embora, portanto, os comportamentos estejam circunscritos às ações, estas dependem de crenças, pensamentos, sentimentos – que podem ser considerados dentro do construto atitudes alimentares,4 e que são amplamente estudadas pela psicologia social da comida.6 Ao considerarmos que o primeiro pilar do CI é permissão incondicional para comer, facilmente podemos pensar no quanto isto é difícil em termos de aceitação, especialmente na vigência das preocupações, nos dias atuais, com saúde e com peso e estética. Mesmo profissionais de saúde têm dificuldades ao ouvir esta frase. As autoras deixam claro, na descrição do modelo CI, que se trata de uma permissão incondicional com sintonia. Sintonia com as sensações internas, com o estado de saúde, com as metas do indivíduo, com sua condição social e cultural e com a situação do momento. Crenças pessoais podem fazer muita diferença aqui, e são construídas no histórico das pessoas e nas influências da família, dos pares e da mídia. Essas crenças podem gerar sentimentos e pensamentos complicados quanto à possibilidade de ter permissão para comer sem seguir regras externas e dietas impostas. Portanto, ao avaliarmos o comportamento alimentar de alguém (e ao tentarmos intervenções de mudança) é crucial considerarmos estes aspectos. Ademais, quando se observa o segundo pilar – comer para atender às necessidades fisiológicas e não emocionais –, é preciso considerar de

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que maneira as características do alimento afetam o indivíduo – na percepção sensorial, na fisiologia e na psicologia. Aspectos psicológicos como preferência, humor, personalidade, atitudes positivas ou negativas e benefícios esperados implicarão comportamentos de aceitação ou rejeição.6 Também estabelecemos desde o nascimento uma forte relação afetiva com a comida, e atribuímos significados à comida. Assim, o estado emocional tem influência no comer, mas também muitas vezes se come na tentativa de reduzir, cessar ou prolongar emoções. Assim, mais uma vez, se quisermos estudar ou ter efeito terapêutico sobre o comportamento alimentar devemos entender o comer emocional, ou como as emoções interferem no comportamento – mais uma contribuição importante do modelo CI. Por fim, o terceiro pilar – seguir os sinais internos de fome e saciedade –, que é central na abordagem, embora pareça básico, é um desafio na clínica, e precisa ser mais estudado e compreendido por cientistas de Nutrição. Segundo Herman & Polivy (2005),7 a fome e a saciedade exercem, na verdade, um papel pequeno no dia a dia – dadas todas as influências que sofremos. Entre elas, os autores destacam as normais pessoais – regras individuais que as pessoas desenvolvem para ajuda‑las a decidir quanto é apropriado comer em dada situação; e as normas situacionais: derivadas da situação em si (porções, influência social) que tem poder sobre a ingestão. Nutricionistas se referem bastante ao ambiente modificado da alimentação dos nossos dias – que com certeza tem impacto nas escolhas alimentares –, mas negligenciam o impacto das influências sociais (tanto na prática como, especialmente, no meio acadêmico). É preciso atentar mais para este tópico.8 Segundo Herman & Polivy (2005),7 frente a este cenário a fome e a saciedade operam mais nos extremos da experiência de consumo do dia a dia: só temos certeza da fome quando estamos “morrendo de fome”, e da saciedade quando absolutamente “cheios”. E observam que um problema vivenciado hoje – relacionado com o consumo exagerado ou desnecessário – é que vivemos em uma zona de indiferença biológica: nem genuinamente famintos, nem saciados.

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Participantes, desenho e amostra IES11

IES3 adaptada para adolescentes

IES3 adaptada para adolescentes

IES3

Estudo transversal com ♀ adolescentes (n = 199); 11 a 18 anos (média = 13,2; DP = 1,4); média do percentil IMC‑idade = 52,3; DP = 30,4

Estudo transversal com adolescentes de ambos os sexos (n = 1.377); 12,9 anos; DP = 0,9 (meninas) e 12,3; DP = 0,9 anos (meninos); IMC médio = 20,6kg/m2

Estudo transversal com ♀ adolescentes (n = 1.377); 14 anos: DP = 0,9; IMC médio = 20,9kg/m2

Estudo transversal com mães de crianças pequenas (2 a 5 anos) (N = 180); idade média das mães = 34,3 (DP = 6); IMC médio = 26,4kg/m2

Moy et al. (2013)26 – EUA

Andrew et al. (2015)27 – Austrália

Tylka et al. (2015)28 – EUA

Avaliação do comer intuitivo

Wirtz & Madanat (2012)25 – Jordânia

CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Autor (ano) e local

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Preocupação quanto ao peso da criança; alimentação restritiva; percepção de peso da criança

Aceitação corporal pelos outros; auto‑objetificação; comparação social de aparência física e apreciação corporal

Sexo; prática de dietas para perda de peso; prática de exercícios para perda de peso

IMC, ocidentalização

Características associadas

(continua)

A preocupação das mães com o peso da criança foi inversamente relacionada a permissão incondicional para comer (r = –0,25), consciência de fome e saciedade (r = –0,15) e confiança em sinais internos de fome e saciedade (r = –0,28). A permissão incondicional para comer das mães foi inversamente relacionada com práticas alimentares restritivas (r = –0,19). Não houve relação entre percepção de peso da criança e as subescalas da IES

CI foi positivamente associado a aceitação corporal pelos outros (r = 0,31) e apreciação corporal (r = 0,53); e negativamente associado a auto‑objetificação (r = –0,42) e a comparação social de aparência física (r = –0,47)

Meninas tiveram maiores escores em confiança nos estímulos internos de fome e saciedade (F [1, 1.368] = 1.385, p <0,001). Os que praticavam dieta relataram menor permissão para comer (F [1, 1.368] = 22; p <0,001) e tinham mais probabilidade de comer por razões emocionais do que por razões físicas (F [1, 1.368] = 9,78, p <0,05). Os que se exercitavam para perder peso tiveram menores escores em permissão incondicional para comer (F [1, 1.368] = 6,24, p <0,05), mas maiores escores em comer por razões físicas (F [1, 1.368] = 4.97, p <0,05)

Correlação negativa entre IMC e escore total da IES (r = –0,484), bem como para as subescalas comer extrínseco (r = –0,221), antidieta (r = –0,415) e autocuidado (r = –0,315). CI foi fortemente previsto pelo IMC mesmo quando controlado por idade e status de emprego dos pais. As participantes que pontuaram mais no domínio árabe da escala de ocidentalização tiveram maior escore para a subescala comer intrínseco da IES (r = 0,147)

Principais resultados

Tabela 13.1 Estudos quantitativos que avaliam comer intuitivo entre crianças e adolescentes (n = 6), adultos (n = 42) e população clínica (n = 4)

Comer Intuitivo e as Interfaces com Comportamento Alimentar  241

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Participantes, desenho e amostra

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Hawks et al. (2004)11 – EUA, Tailândia, Filipinas, Japão e China

1a versão da IES validada posteriormente por Hawks et al. (2004)11

Demográficas; prática de dietas; IMC

IES‑212

Estudo transversal com pais (n = 201; 90% mães; 69% negros) de crianças entre 5,5 e 12,5 meses (média = 8,8) de 2 clínicas de cuidados básicos

Khalsa et al. (2019)31 – EUA

Estudo transversal com universitários de ambos os sexos (n = 2.334); 19 a 22 anos; IMC médio: não reportado

Características das mães e crianças e estilo de alimentação das crianças (pelo Infant Feeding Style Questionnaire): restrição, pressão, indulgência, liberal e sensível

IES‑212

Estudo transversal com adolescentes de ambos os sexos (n = 1.012); 12 e 19 anos (média = 15); IMC médio = 20kg/m2

Lemoine et al. (2018)30 – Dinamarca, Portugal, Suécia

ADULTOS

Apreciação corporal; autoestima; bem‑estar psicológico; IMC

IES3 adaptada para adolescentes Aceitação corporal pelos outros, auto‑objetificação; comparação social; apreciação corporal

Características associadas

Estudo prospectivo com ♀ adolescentes (n = 298); 12 a 16 anos (média = 4; DP = 0,8); IMC médio = não reportado

Avaliação do comer intuitivo

Andrew et al. (2016)29 – Austrália

Crianças e adolescentes

Autor (ano) e local

(continua)

Amostras dos EUA e China tiveram > escores totais para a IES. ♂ tiveram > escores em 3 das 4 dimensões. Participantes maiores de 22 anos tiveram > escores em comer intrínseco e autocuidado. Os escores totais da IES foram negativamente associados a > frequência da prática de dietas. E os participantes eutróficos tiveram > escores nas subescalas antidieta, autocuidado e IES total

Pais que afirmaram confiar em seus sinais de fome e saciedade tiveram mais o estilo sensível de alimentação dos filhos (β 0,10 ± 0,04, p <0,05). Pais que afirmaram comer de forma incondicional, não classificando alimentos como proibidos, tiveram mais o estilo liberal (β 0,16 ± 0,06, p <0,05) e indulgente (β 0,09 ± 0,03, p <0,05) de alimentação dos filhos

CI se correlacionou positivamente, nos 3 países, a apreciação corporal, com autoestima na Dinamarca e bem‑estar psicológico na Dinamarca. E negativamente com o IMC em Portugal e na Suécia

Modelos de regressão longitudinal mostraram que aceitação corporal pelos outros (positivamente, r = 0,32), auto‑objetificação e comparação social (negativamente, r = –0,30 e –0,38) e apreciação corporal (positivamente, r = 0,40) foram fatores de predição para comer intuitivo em 1 ano de acompanhamento (R2 = 0,395)

Principais resultados

Tabela 13.1 Estudos quantitativos que avaliam comer intuitivo entre crianças e adolescentes (n = 6), adultos (n = 42) e população clínica (n = 4) (continuação)

242  Psicobiologia do Comportamento Alimentar

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Lembrança dos pais e dos universitários sobre controle de práticas alimentares pelos pais segundo: pressão para comer, monitoramento e restrição

Estudo transversal com IES3 universitários de ambos os sexos (n = 196); 17 a 23 anos e pais 38 a 58 anos; IMC médio: ♀ 24,2kg/m2 e pais 25,8kg/m2; ♂ 25,1kg/ m2 e pais 23,9kg/m2

IES3

Estudo transversal com universitários de ambos os sexos (n = 238); 18 a 35 anos; média = 20,8; DP = 3,9; IMC médio: ♀ 24,8kg/m2; ♂ 24,8kg/m2

IES3 Estudo transversal com ♀ nas fases: adulta emergente – 18 a 25 anos (média = 19,4; DP = 1,9); cedo – 26 a 39 anos (média = 32,6; DP = 4); e média – 40 a 65 anos (média = 51,3; DP 7) n = 801. IMC médio = 23,9kg/ m2 (emergente); 25,5kg/m2 (cedo); e 28,8kg/m2 (média)

Galloway et al. (2010)33 – EUA

Kroon Van Diest & Tylka (2010)12 – EUA

Augustus‑Horvath & Tylka, (2011)34 – EUA

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Suporte social percebido; aceitação corporal pelos outros; resistência em adotar a perspectiva de um observador sobre o seu corpo; apreciação corporal

Percepção de mensagens sobre alimentação pelo cuidador; percepção da aceitação corporal pela família; apreciação corporal; IMC

Consciência corporal; responsividade corporal; satisfação corporal; prontidão espiritual

IES3 Estudo transversal com ♀ praticantes regulares de ioga (n = 157); 22 a 72 anos; média = 47,4; DP = 11,1; IMC médio = 22,2kg/m2

Dittmann & Freedman (2009)32 – EUA

(continua)

CI foi associado ao suporte social percebido nas fases emergente (r = 0,24), cedo (r = 0,35) e média (0,23); positivamente relacionado a aceitação corporal pelos outros na fase adulta emergente (r = 0,43), cedo (r = 0,50) e média (r = 0,45). Houve associação positiva entre CI e resistência em adotar a perspectiva de um observador sobre o seu corpo nas fases emergente (r = 0,52), cedo (r = 0,53) e média (r = 0,52). E CI foi relacionado positivamente a apreciação corporal nas fases emergente (r = 0,60), cedo (r = 0,56) e média (r = 0,60)

♀ tiveram < escores em CI (F (1,230) = 5,26). CI teve relação positiva com percepção da aceitação corporal pela família (r = 0,49) e apreciação corporal (r = 0,53); e relação negativa com o IMC (r = –0,25) e com mensagens restritivas ou críticas pelo cuidador (r = –0,042). Não houve correlação entre CI e mensagem de pressão, pelo cuidador, para comer (r = 0,01). Mensagens alimentares restritivas ou críticas e apreciação corporal foram responsáveis por 35,8% da variância do CI nas ♀, e 33% nos ♂

Homens tiveram > escores em permissão incondicional (3,7 ± 0,90) e razões físicas para comer (3,8 ± 0,95). A lembrança dos pais de > monitoramento da alimentação dos filhos foi negativamente associada a comer por razões físicas (r = 0,27). Maiores práticas usadas pelos pais para monitorar (r = 0,40) e restringir (r = 0,33) o consumo alimentar das filhas foi significativamente associado a < escore para comer por razões de fome e saciedade (relação não significativa para os filhos ♂)

CI positivamente correlacionado a consciência corporal (r = 0,22, p <0,01), responsividade corporal (r = 0,41, p <0,01), satisfação corporal (r = 0,47, p <0,01), mas não a prontidão espiritual (r = 0,36)

Comer Intuitivo e as Interfaces com Comportamento Alimentar  243

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Índice

A Ácido(s) - eicosapentaenoico (EPA), 54 - graxos, 28 - hexaenoico (DHA), 54 - linolênico (ALA), 54 Açúcares, 49 Agricultura, 37 Aleitamento materno, 75 Alimentação adequada para a espécie humana, 32 Alimentos - e nutrientes, controvérsias e teorias, 49 - processados, 129 Alterações comportamentais geradas por desnutrição ou supernutrição, 11 Amamentação, 65 - por livre demanda, 66 Ambiente - familiar, 150 - - obesogênico, 153 - obesogênico, 129 - sociodemográfico, 149 - tecnológico na produção de alimentos, 154 Amido, 49, 51 Aminas biogênicas, 19 Aminoácidos, 29 Angiotensina, 21 Ansiedade, 11 Aprendendo sobre alimentos com o aleitamento materno, 75 Aprendizado, 7 Aprendizagem, 8, 11 - por exposição repetida e mera exposição aos alimentos, 78 Atividade física, 45 Atuação do hipotálamo no controle, 17 Aversões alimentares, 73

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B Baby‑led weaning (BLW), 77 Baixa estatura nutricional, 98

C Caça, 37 Caçadores-coletores, 38 Cálcio, 30 Campo aberto, 7 Carboidratos, 27 Carga glicêmica, 50 Carnes, 52 Catecolaminas, 19 Cirurgia bariátrica, 134, 135 Colecistocinina, 19 Coleta, 37 Combinações desconhecidas de sabores, 74 Comer intuitivo, 237 - pesquisas sobre, 239 Comportamento, 1 - alimentar - - ação homeostática do hipotálamo, 16 - - bases neurofisiológicas e neuroquímicas do, 15 - - bases neuroquímicas para o, 18 - - complexidade e as nuanças do, 63 - - e comer intuitivo, 237 - - e consequências a longo prazo, 79 - - evolução na espécie humana, 25 - - formação do, 76 - - imagem corporal e, 163 - - interferência de alterações sensoriais no, 18 - - motivação no, 18 - - princípios neurais básicos para, 16 - - processos externos ou ambientais e, 20

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264  Psicobiologia do Comportamento Alimentar - - subnutrição e, 85 - - × sistema nervoso × comportamento geral, 21 - humano, 114 Condicionamento associativo olfativo, 78 Conteúdos alimentares - e mídias, 229 - nas estratégias de educação alimentar e nutricional, 228 Cortisol, 93 Cromo, 30 Culinária como objeto de intervenção, 229

Ensino de educação alimentar e nutricional e aconselhamento, 219 Epidemia de obesidade, 39 Epigênese, 25 Esquiva inibitória, 10 Esteróis, 28 Estratégias educativas em educação alimentar e nutricional, 226 Evolução, 25 Exercitar‑se, 258

D

Família na formação dos hábitos alimentares da criança, 152 Fase - absortiva, 17 - cefálica, 17 - pós‑absortiva, 17 Fatalismo, 89 Fator de crescimento semelhante à insulina, 91 Fazer as pazes com a comida, 257 Ferro, 30 Fertilidade, 41 Fósforo, 30 Frutose, 47, 51

Debilidade, 89 Derivação gástrica em Y‑de‑Roux, 134 Desaceleração metabólica, 44 Desafiar o policial alimentar, 257 Desaminação, 29 Descobrir o fator de satisfação, 258 Desmame, 77 Desnutrição - proteica, 2 - proteico‑calórica, 3 Determinantes ambientais do comportamento alimentar e da obesidade, 145 Dez princípios do comer intuitivo e sua aplicabilidade clínica, 256 Diagnósticos de problemas alimentares e nutricionais, 225 Dieta - básica regional, 3 - de cafeteria, 5 - de conforto, 5 - do mediterrâneo, 38 - hipercalórica, 5 Dimensão positiva e negativa da imagem corporal, 164 Distúrbios do apetite, 75 Dopamina, 20

E Educação alimentar e nutricional (EAN), 226 Eixo - hipotálamo‑hipófise‑adrenal, 93 - hormônio do crescimento, 91

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F

G Galactose, 51 Glicogênio, 49, 50 Gordura(s) - saturadas, 28 - subcutânea, 43

H Hábitos alimentares, 31 - evolução do comportamento e dos, 32 Habituação, 9 Hipotálamo, 16 Homeostático, 17 Honrar - a fome, 256 - a saúde, 258 Hormônio(s) - adrenocorticotrófico, 93

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Índice  265 -

antidiurético, 21 da reprodução, 94 da tireoide, 94 do crescimento, 91

I Idade adulta, 63 Ideal irrealizável, 89 Imagem corporal, 163 - dimensão positiva e negativa da, 164 - e comportamento alimentar - - em adolescentes, 168 - - em adultos, 169 - - em crianças, 165 - implicações na saúde e possíveis estratégias de intervenção, 171 - nos diferentes ciclos de vida, 165 Impotência, 89 Índice glicêmico, 50 Infância, 63 Insulina, 92, 98 Intervenções - cognitivo‑comportamentais para transtornos alimentares e obesidade, 207 - psicoterapêuticas para comportamentos alimentares patológicos, 208 Introdução de alimentos novos, 76 Iodo, 30

K Kwashiorkor, 95, 96

L Labirinto - aquático de Morris, 8 - em cruz elevado, 6 - radial, 10 Lactose, 51 Leite, 55 Leptina, 94 Lidar com as emoções sem usar a comida, 258 Lipídios, 27 Liraglutida, 134 Lorcasserina, 134

RUBIO-0053_Psicobiologia do Comportamento Alimentar_2ed_BOOK.indb 265

M Marasmo, 95 Memória, 12 Metabolismo da glicose e da insulina, 92 Modelos - aumento no número de filhotes da ninhada, 4 - experimentais, 5 - - de ansiedade, 5 - - de aprendizagem e memória, 7 - - de desnutrição, 2 - separação temporária entre mães e filhotes, 4 Modificações - nos hábitos alimentares humanos e as doenças da modernidade, 38 - temporais na alimentação humana, 34 Motivação no comportamento alimentar, 18

N Neofobia alimentar, 73 Neoglicogênese, 28 Neuropeptídio Y, 19 Nova classificação de alimentos, 228 Nutrição, 1, 26 - gentil, 258 Nutrientes, 1

O Obesidade, 5, 123 - diagnóstico de, 124 - diferenças entre mulheres e homens, 43 - epidemiologia da, 125 - estratégia de 5 As, 132 - etiologia múltipla e complexa, 127 - frutose: influência sobre a, 47 - influência dos tecidos adiposos na, 44 - mórbida tratamento cirúrgico de, 134 - origem evolutiva do TAM e do TABB e as relações com a, 47 - prevenção de excesso de peso, 135 - tratamento - - cognitivo‑comportamental para, 215 - - para controle da, 131 Objeto das ações de educação alimentar e nutricional - com foco na ação terapêutica, 225 - para promoção de saúde, 219

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266  Psicobiologia do Comportamento Alimentar Observação, 11 Orlistate, 134 Ovo-lacto-vegetarianos, 31 Ovos, 56

P Padrão - de alimentação das famílias brasileiras, 146 - de preferências, 71 Pesquisas sobre comer intuitivo, 239 Plasticidade fenotípica, 25 Potássio, 30 Práticas e padrões de alimentação na infância, 64 Precisão da memória, 9 Preferências alimentares, 70 Privação alimentar, 114 Probe trial, 9 Processos de aprendizagem na formação do comportamento alimentar, 75 Programas de educação alimentar e nutricional, 230 Propaganda de alimentos veiculada pelos meios de comunicação, 154 Proteínas, 29

R Rejeitar a mentalidade de dieta, 256 Respeitar o próprio corpo, 258 Responsividade diferencial ao sal, 72 Retenção da memória ou reteste, 9

S Saúde, 114 Sede, 21 Selênio, 30 Sentir a saciedade, 257 Serotonina, 19 Sibutramina, 134 Sobrepeso, 124 Sociedade de consumo, 116 Sódio, 30 Solidão, 89 Subnutrição, 85 - condições socioeconômicas, 87 - consequências na saúde, 90

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- controle neuroendócrino do comportamento alimentar na, 90 - dificuldades na família, 88 - edematosa, 96 - prevalência no Brasil e no mundo, 86 - principais causas da, 87 - recuperação em estatura, 103 - tipos de, 95 - tratamento da criança subnutrida, 99 - tratamento no centro de recuperação e educação nutricional, 99 Supernutrição, 5

T Taxa metabólica basal, 45 Tecido - adiposo bege, 45 - adiposo branco, 44 - adiposo marrom, 45 Técnica da aprendizagem - nutriente‑sabor, 78 - sabor‑sabor, 78 Teoria - da fertilidade, 41 - do efeito predação, 40 - do gene econômico, 39, 40 Terapia cognitivo‑comportamental avançada, 209 Termogênese adaptativa, 45 Teste - de memória, 9, 11 - de reconhecimento de objetos, 9 - de transição claro‑escuro, 7 Tradicional alimentação japonesa, 38 Transição - alimentar, 116 - claro‑escuro, 7 - nutricional, 107 Transtornos alimentares, 177 - abordagem nutricional, 193 - apoio - - da família, 200 - - social, 193 - assistência psicológica, 197 - avaliação psicológica e psiquiátrica, 195 - definição e incidência, 177 - determinantes psicológicos, 184 - equipe interdisciplinar, 202 - etiopatogenia, 181

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Índice  267 -

fatores - familiares, 188 - individuais, 185 influência da personalidade e do comportamento da mãe sobre o, 185 - quadro clínico e complicações orgânicas, 178 - tratamento, 193 - - psiquiátrico, 199 Tratamento - baseado em evidências científicas para transtornos alimentares, 209 - cognitivo‑comportamental para obesidade, 215 Treino, 9, 11

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V Veganos, 31 Vegetarianos, 31 Velamento, 89 Vitamina(s), 30 - B12, 52 - do complexo B, 30

Z Zinco, 30

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SOBRE OS ORGANIZADORES

O comportamento alimentar é, por excelência, uma área multidisciplinar e

Sebastião de Sousa Almeida

o conhecimento científico nessa área evidencia isso. Entretanto, o conhe-

Professor Titular de Psicobiologia do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), campus de Ribeirão Preto.

cimento tem sido divulgado também de maneira multidisciplinar e cada

Doutor em Farmacologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Pós-doutorado pela Boston Medical School, Boston, EUA.

profissional envolvido no estudo do comportamento alimentar publica os avanços em sua área. Psicobiologia do Comportamento Alimentar – 2 edição contou com divera

Mestre e Doutor em Farmacologia pela FMRP-USP.

sos pesquisadores brasileiros que fizeram uma análise do comportamento

Especialista em Nutrição pela FMRP-USP.

alimentar e uma abordagem psicobiológica, ou seja, o comportamento re-

Graduado em Psicologia pela FFCLRP-USP.

sultante da interação de fatores biológicos e comportamentais.

Telma Maria Braga Costa

O objetivo desta obra é abordar o comportamento alimentar mais do que

Professora Doutora de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), SP. Doutorado em Psicobiologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRPUSP). Professora Doutora e Coordenadora do Curso de Nutrição da Unaerp, SP. Pós-doutorado em Neurociência pela Cornell University, Nova York, EUA. Doutora e Mestre em Psicobiologia pela FFCLRP-USP. Especialista em Nutrição pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Graduada em Nutrição pela Universidade do Sagrado Coração (USCP), Bauru-SP.

Maria Fernanda Laus Professora Doutora de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), SP. Doutora em Psicobiologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRPUSP).

como uma área multidisciplinar, mas, sobretudo, como uma parte do conhecimento interdisciplinar. Além disso, busca atualizar com novos dados clínicos e científicos surgidos na literatura nos últimos anos temas como Fisiologia e Neuroquímica do Comportamento Alimentar; Evolução do Comportamento Alimentar em Humanos; Estados Nutricionais e Comportamento Alimentar; Determinantes do Comportamento Alimentar e Imagem Corporal; Transtornos Alimentares; e Educação/Aconselhamento. Foram adicionados também novos tópicos relacionados com o estudo interdisciplinar do comportamento alimentar, como Nutrição, Nutrientes e Comportamento; Intervenções Cognitivo-comportamentais para o Tratamento de Transtornos Alimentares; e Comer Intuitivo.

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Adição, Dependência, Compulsão e Impulsividade Analice Gigliotti Angela Guimarães Como Fazer seu Trabalho de Conclusão de Curso em Nutrição Márcia Regina Vitolo Manual de Comportamento Animal Marcos Rochedo Ferras Neuropsiquiatria Clínica Antonio Lucio Teixeira Arthur Melo e Kummer Nutrição – Da Gestação ao Envelhecimento, 2a ed. Márcia Regina Vitolo Nutrição em Saúde Pública, 2a ed. José Augusto Taddei Regina Maria Ferreira Lang Giovana Longo Silva Maysa Helena de Aguiar Toloni Juliana Bergamo Vega

Portanto, esperamos que esta 2a edição seja útil a todos os pesquisadores, estudantes e profissionais que atuam no campo do comportamento alimentar.

Professora Doutora do Curso de Nutrição da Unaerp. Pós-doutorado pela Universidade de Wisconsin, Milwaukee, EUA e pela FFCLRP-USP. Doutora e Mestre em Psicobiologia pela FFCLRP-USP.

Áreas de interesse Psicologia Nutrição

Especialização em Nutrição pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Saiba mais sobre estes e outros títulos em nosso site:

Graduada em Nutrição pela Unaerp. 9 786588 34019 6

Almeida - Psicobiologia.indd 1

www.rubio.com.br

03/11/21 17:17


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