Vereda Digital Geografia

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Ensino Médio

GEOGRAFIA Bacic • Silva • Lozano Professor, esta amostra apresenta algumas unidades do Vereda Digital Geografia. Nela, você poderá conhecer a estrutura da obra e o conteúdo programático desenvolvido para proporcionar aulas ainda mais dinâmicas e completas. A proposta pedagógica para Geografia direciona um olhar sobre a organização atual de sociedades e culturas, com base na atuação de diferentes redes geográficas. Sua abordagem encara o aluno como sujeito transformador e mobiliza estratégias para a busca de explicações que lhe permitem reconhecer o espaço do mundo atual.

Geografia Bacic • Silva • Lozano

Cada disciplina da coleção apresenta um DVD com conteúdo complementar e exclusivo, tanto para alunos quanto para professores. Com objetos multimídia, atividades extras, vídeos com a visão de especialistas, biblioteca do estudante e muito mais, o processo de aprendizagem se torna mais dinâmico e interativo.

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Nossos consultores estão à sua disposição para fornecer mais informações sobre esta obra.

confira: • Sumário da obra • Uma seleção de conteúdos didáticos para análise do professor



Vereda Digital

Geografia Bacic • Silva • Lozano Volume único

Nelson Bacic Olic Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo. Professor dos ensinos Fundamental e Médio e em cursos pré-universitários. Autor de livros paradidáticos. Editor do boletim Mundo – Geografia e Política Internacional. Professor convidado da Universidade Aberta à Maturidade (PUC-SP).

Angela Corrêa da Silva Mestre em Educação (área de concentração: Ensino Superior) pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Professora de Geografia e Geopolítica em escolas do Ensino Médio e em cursos pré-universitários.

Ruy Lozano Bacharel e licenciado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Professor de Sociologia e de Redação em escolas do Ensino Médio.

Livro acompanhado por um DVD.

1a edição

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© Bacic, Silva, Lozano, 2012

Coordenação editorial: Fernando Vedovate e Ana Paula Ribeiro Edição de texto: Ana Paula Ribeiro, Daniella Barroso, Barbara Berges, Teia Editorial Preparação de texto: Temas e Variações Editoriais Assistência editorial: Daiane Ciriáco, Karine Mirieli dos Santos Costa, Juliana de Araújo Cava Tanaka Coordenação de design e projetos visuais: Sandra Botelho de Carvalho Homma Projeto gráfico: Marta Cerqueira Leite, Everson de Paula, Mariza de Souza Porto, Rafael Mazzari Capa: Estação de metrô em São Paulo (SP, 1998). © Silvestre Machado/Superstock/Keystock/Keystone Coordenação de produção gráfica: André Monteiro, Maria de Lourdes Rodrigues Coordenação de arte: Maria Lúcia Ferreira Couto, Tais Nakano Edição de arte: Alexandre Lugó Ayres Neto Editoração eletrônica: Grapho Editoração Edição de infografias: William Taciro, Paula Paschoalick, Mauro César Brosso, Fernanda Fencz, Ana Paula Ribeiro, Barbara Berges, Daniella Barroso Ilustrações: Alex lutkus, Cecília Iwashita, Marcelo Pliger, Marcus Penna, Noir&Libre, Paulo Manzi, Sérgio Fiori, Vagner Vargas Cartografia: Anderson de Andrade Pimentel, Fernando José Ferreira Coordenação de revisão: Elaine C. del Nero Revisão: Ana Maria Curci, Márcia Leme Eireli, Nelson J. de Camargo, Viviane T. Mendes Pesquisa iconográfica: Camila D’Angelo, Camila Soufer, Daniel Cymbalista, Fernanda Siwiec As imagens identificadas com a sigla CID foram fornecidas pelo Centro de Informação e Documentação da Editora Moderna. Coordenação de bureau: Américo Jesus Tratamento de imagens: Arleth Rodrigues, Bureau São Paulo, Fabio N. Precendo, Pix Art, Rubens M. Rodrigues, Wagner Lima Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira Silva, Helio P. de Souza Filho, Marcio Hideyuki Kamoto Coordenação de produção industrial: Wilson Aparecido Troque Impressão e acabamento:

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Olic, Nelson Bacic Vereda digital geografia / Nelson Bacic Olic, Angela Corrêa da Silva, Ruy Lozano. -- 1. ed. -São Paulo : Moderna, 2012. 1. Geografia (Ensino médio) I. Silva, Angela Corrêa da. II. Lozano, Ruy. III. Título. 12-02950

CDD-910.712

Índice para catálogo sistemático: 1. Geografia : Ensino médio 910.712 978-85-16-08136-2 (LA) 978-85-16-08137-9 (LP) Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados EDITORA MODERNA LTDA. Rua Padre Adelino, 758 - Belenzinho São Paulo - SP - Brasil - CEP 03303-904 Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510 Fax (0_ _11) 2790-1501 www.moderna.com.br 2012 Impresso no Brasil 1 3 5 7 9 10 8 6 4 2

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Apresentação

Caro aluno Durante os anos da educação básica, você aprendeu a conviver com a sociedade e o espaço. Percebeu injustiças, constatou diferenças, desenvolveu ideias, imaginou um mundo novo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Muito mais do que somente propor pensar o espaço, o estudo da Geografia oferece instrumentos e práticas sociais que nos auxiliam a decifrar a sociedade tomando por base sua dimensão espacial. Nosso olhar torna-se assim mais rico, capaz de enxergar elementos dessa realidade que antes podiam passar despercebidos. Injustiças têm causas, diferenças se explicam, ideias se fundamentam, um mundo novo se concebe. Além de levar a compreender o mundo que nos rodeia, a Geografia nos incentiva à participação. A construção do conhecimento nessa disciplina ajuda-nos a analisar o impacto produzido pelo ser humano no meio ambiente, a compreender a elaboração do espaço geográfico pela sociedade, a distinguir as interações de sistemas econômicos e políticos. Essas habilidades nos capacitam a atuar na sociedade, de modo que exerçamos de forma plena a cidadania. Injustiças precisam ser combatidas, diferenças precisam ser respeitadas, ideias precisam ser geradas, para que um mundo novo venha a surgir. Apresentamos este livro como uma ferramenta para a construção do seu olhar, um instrumento para a elaboração de seu conhecimento, um impulso para atitudes de envolvimento e participação social. Contextualizando conceitos e informações e relacionando-os em rede, pretendemos auxiliar você nessa tarefa tão importante para a vida social.

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Os autores

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Organização do livro

Abertura de capítulo Procura criar atividades para o trabalho com os conceitos e as informações do capítulo. Possibilita o levantamento de conhecimentos prévios e a geração de situação favorável ao prosseguimento do estudo. Explicita os objetivos que deverão ser alcançados ao final do capítulo.

Abertura de unidade Contém a relação dos capítulos que serão trabalhados na unidade.

Infográficos Alguns assuntos são desenvolvidos com o subsídio de infográficos, que enriquecem a análise e despertam o interesse e a curiosidade.

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O conteúdo da obra Vereda Digital Geografia está dividido em 27 capítulos, distribuídos em 6 unidades. Veja, a seguir, a organização interna da obra:

Construindo a rede A seção apresenta textos de diferentes autores com perspectivas distintas, geralmente científicas ou ensaísticas, sobre assuntos relacionados ao objetivo geral do capítulo. As questões exigem tanto a compreensão simples do texto como a construção de relações com os conteúdos que estão sendo trabalhados naquele momento.

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Como encontrar um objeto digital indicado na remissão: Número do capítulo

18.1 Visão do

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Imagens, glossários, tabelas, quadros Um trabalho específico com elementos visuais exemplifica os conteúdos desenvolvidos, trazendo informações adicionais em diferentes linguagens.

Nome da pasta especialista

Número do objeto digital

A remissão para o DVD indica a pasta do objeto digital: Visão do especialista, Biblioteca do estudante, Conteúdo multimídia e Lista de exercícios.

• O ícone Visão do especialista: 18.1 Visão do especialista

Remissão para roteiros elaborados por unidade, que apresentam uma explicação dos autores sobre alguma interessante questão abordada nos capítulos.

• O ícone Biblioteca do estudante: 1.1

Atividades A seção de atividades ao final de cada capítulo apresenta propostas de fixação de conceitos – Organize e contextualize –, atividades específicas de cartografia – Redes cartográficas – e de compreensão leitora – Redes do conhecimento, e procura construir diálogos entre a Geografia e manifestações artísticas diversas, sobretudo a Literatura e as Artes Plásticas – Outros contextos.

Biblioteca do estudante

Remissão para ferramentas digitais (orientações para utilização), listas e tabelas e sugestões de sites, vídeos e livros que complementam os conteúdos estudados em cada capítulo, com alguns trechos selecionados para degustação.

• O ícone Conteúdo multimídia:

Conteúdo multimídia

Remissão para animações e trechos de vídeos que complementam o estudo de alguns temas dos capítulos.

• O ícone Lista de exercícios:

Lista de exercícios

Remissão para questões de vestibulares e do Enem, com avaliador automático, que possibilita treinar para essa importante etapa da vida escolar e avaliar o aprendizado.

Questões de vestibulares e do Enem Esta seção, no final de cada capítulo, apresenta questões dos vestibulares e do Enem que abrangem diferentes características desses exames e representam uma amostra efetiva das dificuldades que o aluno enfrentará nessa etapa de sua vida escolar.

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Organização do DVD (Em dois discos)

O conteúdo digital disponível no DVD está organizado em pastas que facilitam sua navegação:

Vereda Digital Geografia DVD-ROM

Biblioteca do estudante

Conteúdo multimídia

Ferramentas digitais: como usar

Animações

Mídias em rede

Listas e tabelas

Lista de exercícios

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Visão do especialista

Vídeos

Áudio

Visão do especialista Em cada unidade, a Visão do especialista apresenta o olhar dos autores sobre alguma interessante questão abordada nos capítulos. Essa seção traz uma abordagem diferente de assuntos geográficos essenciais para seu sucesso escolar.

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Biblioteca do estudante A Biblioteca do estudante é formada por três seções: • Ferramentas digitais: oferece tutoriais para o uso das principais ferramentas do mundo digital, que podem contribuir para os estudos em sala de aula ou para a realização de pesquisas escolares. • A seção Mídias em rede traz sugestões interessantes de sites, vídeos e livros que complementam os conteúdos estudados em cada capítulo. Nela, você pode degustar trechos dos livros indicados, assistir a vídeos e navegar por trechos selecionados dos sites (as duas últimas funções necessitam de conexão à internet); • Em Listas e tabelas, você encontra dados significativos de um ou mais assuntos abordados nos capítulos.

Lista de exercícios A seção Lista de exercícios conta com questões de vestibulares e do Enem para que você possa avaliar seu aprendizado e se preparar para essa importante etapa da vida escolar. Com o avaliador automático você conhece o resultado assim que termina o teste, assim como o tempo que levou para responder todas as questões.

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Conteúdo multimídia:

A seção Conteúdo multimídia deste DVD é composta por animações e vídeos selecionados com o objetivo de aprofundar alguns assuntos abordados nos capítulos, enriquecendo, assim, seu aprendizado. • Animações

• Vídeos

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Conteúdo do DVD do aluno (Em dois discos)

Unidade 1 1.2 Os conceitos norteadores da Geografia Unidade 2 7.7 As questões relacionadas ao clima nas avaliações Unidade 3 11.10 Polos ou parques tecnológicos no Brasil Unidade 4 17.4 Produção de conhecimentos em Ciências Humanas Unidade 5 23.7 Primavera Árabe Unidade 6 24.8 A interpretação de informações

Biblioteca do estudante Mídias em rede • Sites 1.5 Evolução e ocupação urbana – Prefeitura do Rio de Janeiro 2.1 A cartografia a serviço da saúde – O Estado de S. Paulo 2.5 Earth now! 2.6 Monitoramento orbital de queimadas – Embrapa 2.7 Satélites e seus subsistemas – Inpe 2.10 Fusos horários 4.3 Fronteiras brasileiras – Google Maps 4.4 Portal Brasil – O Brasil 5.2 Livro digital de Paleontologia: a paleontologia na sala de aula 5.10 U.S. Geological Survey 5.11 Mergulho em meio a placas tectônicas 6.14 O impacto da chuva sobre o solo 7.14 Mata ciliar ou auxiliar 8.2 Brasil em relevo 8.5 Tipos de chuva 8.8 Atlas da Mata Atlântica 8.13 Agência nacional de águas 9.7 Fontes alternativas de energia 9.9 Geothermal Energy 10.10 Amazônia Legal 12.7 Itaipu Binacional 12.9 Carvão ecológico 14.4 Transgênicos – Especial Terra 15.10 Terras secas 15.12 Aspectos regionais da cultura da soja no Brasil 15.13 Afinal, o que é biotecnologia? 15.14 Atlas da questão agrária brasileira 16.3 Tendências da revolução na base técnico-científica 17.1 Divisão de População das Nações Unidas 17.5 Institut national d’études démographiques 17.7 População: 7 bilhões 18.2 Brasil: 500 anos de povoamento 18.3 Censo demográfico 2010 18.5 Atlas da Questão Agrária Brasileira

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18.9 Povos indígenas no Brasil 19.2 Origem e evolução das grandes cidades 19.4 Atlas Ambiental de Buenos Aires 20.11 Ilha de calor 20.5 Dados da metrópole 22.10 A queda do Muro de Berlim, 20 anos depois 22.11 A nova ordem mundial 22.12 Nações Unidas no Brasil 23.9 Panela de pressão 23.10 Walls around the world 24.3 A economia da criatividade 24.4 Atuação global de uma empresa petrolífera 24.9 As redes globais 26.2 O que é pobreza? 27.4 Ficção e realidade do crime organizado no Brasil • Vídeos 1.6 Explorações 1.8 As ferramentas e os homens 2.12 Exploradores urbanos 3.1 Bray, uma região de contornos bem traçados 4.1 Território e favela no Rio de Janeiro 4.8 O Brasil dos viajantes 5.1 Das Rad 6.2 Bolívia: o altiplano 6.3 Space Geysers 6.5 Vulcão 6.6 Chile Tsunami 6.12 Grand Canyon 7.4 O Sol 7.5 One year in two minutes 7.10 Inter-relação clima e relevo 7.13 Rainforest demo reel 8.10 Negro carvão 8.11 Patrimônios da caatinga 8.14 Amazonas 9.6 O cordel dos atingidos 9.8 Zuagzwang 10.2 O meio ambiente 10.4 Ilha das Flores 10.5 Entrevista com David Harvey 11.1 A história das coisas 11.5 Tempos modernos 12.1 Os transportes 12.3 Energia em São Paulo 13.2 Coronel Delmiro Gouveia 13.4 A Era Vargas 13.6 Peões 14.2 O veneno está na mesa 14.3 A história do alimento 14.9 João das Alfaces 15.1 Os trilhos do café 15.4 Nas terras do Bem-Virá 15.5 Cabra marcado para morrer 15.9 Cultivo agroecológico do algodão 16.4 Cachorro louco 17.10 Sob a mesma Lua 17.11 Taxi libre

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Visão do especialista

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

18.4 Longevidades 18.6 Morte e vida Severina — em desenho animado 19.1 A cidade 19.8 Morando em Cajamarca 19.10 Hiato: 19.11 À sombra da marquise 19.15 Luz 20.3 Questão social: caso de polícia 20.6 Rio de Janeiro 20.7 Sociedade do automóvel 20.8 Entre rios 20.12 Brasília 20.13 Salvador 21.4 O Estado 21.7 Terras de fronteira 22.1 Empires decline 22.4 Africa Underground: Hip Hop in Senegal 22.8 Adeus Lênin 22.9 Berlim, o muro na mente 23.2 Guerra 23.5 Hotel Ruanda 23.8 Palestina 24.1 A batalha de Seattle 24.2 Encontro com Milton Santos ou: O mundo global visto do lado de cá 25.6 O comércio de sucata: vendendo lixo para a China •  Livros e periódicos 1.1 Uma disciplina simplória e enfadonha? 1.3 O que nos contam as moradias 1.7 A cidade 2.2 O mundo nas palmas das mãos 2.3 Os mapas como instrumento da lei e da ordem 2.4 Os descobrimentos e a cartografia – interações criativas 3.2 O novo norte 3.3 Entrevista com Rogério Haesbaert 3.4 A desatualização da divisão regional 3.6 O meio técnico-científico-informacional como critério de divisão regional do Brasil 4.2 A análise das fronteiras 4.5 O caso da federação brasileira 4.6 Formação territorial e políticas ambientais no Brasil 5.3 Viagem ao centro da Terra 5.5 Um sonho inalcançável: o interior da Terra 5.6 O ingrediente perdido da Terra 6.4 Krakatoa 6.9 Intemperismo 6.10 Minerais e rochas: constituintes da Terra sólida 6.11 Características dos minerais 6.13 Formas de erosão marinha 7.8 O homem pode modificar o clima 7.12 Entre o mar e a serra 8.4 Para entender tempo e clima 8.7 O que são biomas? 8.9 Intemperismo e erosão 8.12 As teorias dos antigos

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9.3 Da Pensilvânia para o mundo 9.4 A mineração no mar e seus impactos ambientais 10.1 O que é ecologia? 10.7 O que são, exatamente, os gases de efeito estufa? 11.8 A evolução técnico-industrial e a qualidade de vida 12.2 O homem energético 12.4 Características do sistema elétrico brasileiro 12.6 Os recursos hídricos brasileiros 12.13 A implantação da ferrovia São Paulo Railway 13.1 A natureza técnica e econômica das indústrias 13.3 A indústria está a caminho 13.7 A floresta urbanizada 14.1 A revolução verde e os transgênicos 14.6 O ideal da sustentabilidade 15.6 A solução é a “reforma agrária”? 15.11 Introdução ao agronegócio no Brasil 17.8 Indicadores populacionais 18.8 De Santa Maria a Barreiras 19.5 A cidade e as águas 19.9 O que é a favela, afinal? 19.14 A construção da segregação territorial 20.9 “Favelização” dos conjuntos habitacionais 21.1 Conceito de nação 21.2 Do termo “nação” 21.3 A conselheira do príncipe 22.5 Os marcos da Guerra Fria 23.1 A nova face das guerras atuais 23.11 Perspectivas 24.11 Web music: produção e consumo de música na Cibercultura 25.3 O mercado comum e as instituições europeias, Estados Unidos e Brasil no jogo da Alca 26.1 A marginalização dos homens e das regiões Controlando países por meio das “condicionalidades” do empréstimo 27.2 Fluxos globais do tráfico de cocaína 27.3 Lucro do tráfico de cocaína

Listas e tabelas

1.9 Os ciclos de inovações tecnológicas 2.11 Os produtos cartográficos 2.13 As projeções cartográficas 3.5 Brasil: evolução da divisão regional 4.9 Brasil: evolução das fronteiras e dos limites 4.10 Um modelo de gênese do território 5.13 Continente nômade 6.1 Ranking – os quatro maiores 7.6 Datas e horários de equinócios e solstícios 8.3 Compartimentos do relevo brasileiro 9.1 Brasil: evolução do consumo final energético por fonte 10.8 Exemplos de efeitos de comportamentos individuais relacionados às emissões de gases de efeito estufa na França 11.9 Despesas em pesquisa e desenvolvimento (P&D) – 2006 12.5 Brasil: oferta de energia (%)

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Conteúdo multimídia 1.4 Transformação da paisagem pelo homem (animação) 2.8 Como são construídos os mapas topográficos (animação) 2.9 Mapa-múndi (animação) 3.7 A Região Concentrada (animação) 4.7 A formação territorial do Brasil (animação) 5.4 Perfil geológico (animação) 5.7 Vulcões (animação) 5.8 Vulcanismo (animação) 5.9 Tectônica de placas (animação) 5.12 O movimento das placas (animação) 6.7 Energia que impulsiona os agentes externos no modelado do relevo (animação) 6.8 Agentes exógenos do relevo (animação) 7.1 Camadas da atmosfera (animação) 7.2 Nuvens (animação) 7.3 Radiação solar e efeito estufa (animação)

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7.9 Tornados (vídeo) 7.11 Os climas da Terra (animação) 7.15 Os rios (animação) 7.16 Foz dos rios (animação) 8.1 Geologia do Brasil (animação) 8.6 Biodiversidade brasileira (animação) 9.2 Formação do petróleo e do carbono (animação) 9.5 Plataformas petrolíferas (vídeo) 10.3 Problemas ambientais (animação) 10.6 Gestão de resíduos sólidos urbanos (animação) 10.9 Desflorestamento (vídeo) 11.2 A máquina a vapor (animação) 11.3 Processo industrial (animação) 11.4 Fordismo (vídeo) 11.6 Revolução industrial (animação) 11.7 A produção da folha de papel (animação) 12.8 Centrais de energia (animação) 12.11 Os meios de transporte (animação) 12.14 Transportes e comunicações (vídeo) 13.8 Impactos ambientais da exploração de minério (áudio) 14.8 Práticas agrícolas tradicionais (animação) 14.10 Paisagens agrícolas (animação) 15.3 Josué de Castro (vídeo) 15.8 Biodiesel (vídeo) 16.2 Parques temáticos (vídeo) 17.3 População (vídeo) 17.6 Principais variáveis demográficas (animação) 17.8 Densidade populacional (animação) 17.9 Distribuição da população por setores da economia (animação) 18.7 Migrações (vídeo) 19.3 Paisagem urbana (animação) 19.12 Tratamento das águas (animação) 19.13 Cidade e meio ambiente (animação) 20.2 Cidade e geografia (vídeo) 21.5 Estado moderno (animação) 22.2 A Inglaterra vitoriana (vídeo) 22.3 A cultura hip-hop (vídeo) 22.6 A corrida espacial (animação) 23.3 Conflitos intermediados pelas Nações Unidas (mapa interativo) 23.4 Caxemira (animação) 24.5 Tecnologia digital (vídeo) 24.10 Mundo virtual (vídeo) 25.4 Guiana Francesa: corrida do euro (vídeo) 25.5 União Europeia (animação) 26.3 República Dominicana: os haitianos entram (vídeo) 26.4 MV Bill (vídeo) 27.1 Crime organizado sem fronteiras (vídeo)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

12.10 Produção e consumo de etanol no Brasil 12.12 A nomenclatura das rodovias federais 13.4 Concentração e desconcentração industrial ao longo do século XX 14.5 PIB agrícola e sua participação no PIB total 14.7 Produção e consumo de fertilizantes no mundo 15.2 Estrutura fundiária brasileira 15.7 Tratores no campo brasileiro 16.1 Participação de cada setor na economia (1999) 17.2 Destinos dos investimentos públicos 18.1 Evolução e projeção da população brasileira 19.6 Tendências demográficas da população urbana mundial 19.7 População mundial vivendo em áreas urbanas 20.1 Evolução da população rural e urbana brasileira 20.4 A rede urbana brasileira e a teledensidade 20.10 Déficit habitacional segundo as regiões brasileiras 21.6 Estados nacionais 22.7 Armas nucleares – Guerra Fria 22.13 Armas nucleares – a herança da Guerra Fria 23.6 Perfil do refúgio no mundo 24.6 Investimentos em pesquisas e tecnologia no mundo 24.7 Empresas líderes em inovação 25.1 As 20 maiores corporações da economia mundial 25.2 O Nafta em números 25.7 As maiores corporações brasileiras no ranking mundial 26.5 O trabalho dos jovens brasileiros 26.6 Desnutrição infantil no mundo

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Conteúdo do DVD do professor (Em dois discos)

Anotação em aula

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

1.1 2.1 2.3 3.3 4.2 5.1 6.1 7.1 8.2 9.1 10.1 11.1 12.1 13.1 14.2 15.3 16.1 17.1 18.1 19.1 20.1 21.1 22.1 23.1 24.1 25.1 26.3 27.1

O espaço geográfico As representações cartográficas Coordenadas geográficas A Geografia regional francesa O território brasileiro A dinâmica da Terra O relevo A radiação solar Domínios morfoclimáticos brasileiros Produção de eletricidade A questão ambiental Industrialização e constituição do espaço geoeconômico Infraestrutura brasileira Origem e modelos da industrialização brasileira Sistemas agrários Concentração fundiária e sistemas agrícolas Dados do setor de serviços no mundo A dinâmica das populações na rede global O contexto demográfico do Brasil O mundo urbano O Brasil urbano Estados e nações O mapa do mundo segundo as ordens mundiais Conflitos territoriais Globalização Blocos regionais Desigualdade e exclusão Redes da ilegalidade

Biblioteca do professor Capítulo 1 1.2 O espaço: sistemas de objetos, sistemas de ações Capítulo 2 2.2 Linguagem cartográfica 2.4 As projeções cartográficas Capítulo 3 3.1 Entre região e regionalização 3.2 Região e Geografia 3.4 A noção de região na obra de Vidal de la Blache Região natural e região geográfica Vidal de la Blache: do naturalismo ao economismo Capítulo 4 4.1 A categoria de análise não é o território em si, mas o território utilizado 4.3 A dinâmica territorial brasileira, hoje Capítulo 5 5.2 Conheça a Terra Capítulo 6 6.2 Como a erosão constrói montanhas 6.3 As plantas e a origem dos solos Capítulo 7 7.2 Classificações climáticas: os tipos climáticos da Terra 7.3 Sobre as geadas

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7.4 Distribuição geográfica dos desertos Capítulo 8 8.1 Qual a origem do relevo da Serra do Mar Capítulo 9 9.2 Potencial ampliado Capítulo 10 10.2 Aquecimento global: frias contendas científicas Capítulo 11 11.2 A crise do fordismo 11.3 Em direção a uma mundialização do fordismo? Capítulo 12 12.2 A infraestrutura como elemento organizador do território 12.3 De Karakaô a Belo Monte – a história de uma polêmica Capítulo 13 13.2 A industrialização brasileira Capítulo 14 14.1 O incendiador de caminhos 14.3 A alternativa “orgânica” Capítulo 15 15.1 Zona da Mata 15.2 A pecuária Capítulo 16 16.2 O crescimento do setor de serviços Capítulo 17 17.2 Sociedade e cultura 17.3 A importância da demografia Capítulo 18 18.2 Uma sociedade desigual 18.3 Nordeste: a marcha dos movimentos migratórios Capítulo 19 19.2 A origem da cidade no Oriente Próximo Capítulo 20 20.2 Urbanização 20.3 A urbanização moderna de São Paulo Capítulo 21 21.2 Desnaturalização das fronteiras geopolíticas Capítulo 22 22.2 O imperialismo cultural norte-americano 22.3 A cultura hip hop: contradições locais e globais O projeto do euro ameaçado Capítulo 23 23.2 Discurso de criação do Estado de Israel 23.3 Proclamação do Estado da Palestina Capítulo 24 24.2 A globalização do presente 24.3 A mundialização do capitalismo Na era da internet Capítulo 25 25.2 Estado-nação e federalismo europeu 25.3 A posição dos blocos regionais nas Américas Capítulo 26 26.1 A globalização da pobreza 26.2 Exclusão social no mundo Capítulo 27 27.2 A circulação de capital do narcotráfico 27.3 Comércio de droga no Brasil

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Sumário do livro

Capítulo 1 O espaço geográfico

16

1. Paisagem: a percepção do espaço Construindo a rede Ecoturismo e paisagem 2. O espaço geográfico: interação entre elementos naturais e humanizados 3. Lugar e vivência cotidiana Atividades Questões de vestibulares e do Enem

17 19 22 26 28 30

Capítulo 2 Cartografia: uma forma de ler o mundo

32

1. A importância histórica da Cartografia 2. Os atributos do mapa Construindo a rede Hora universal 3. As múltiplas formas de representação cartográfica 4. As projeções cartográficas Atividades Questões de vestibulares e do Enem

33 40 45 46 50 54 56

Capítulo 3 Região e regionalização

58

1. Regionalizar: uma forma de pensar o espaço 2. Regionalizações do espaço mundial 3. As diversas regionalizações do Brasil Construindo a rede Região Concentrada Atividades Questões de vestibulares e do Enem

59 62 65 67 68 70

Capítulo 4 O território brasileiro

72

1. O conceito de território Construindo a rede 1 O que é “terra indígena” 2. Caracterização geral do território brasileiro 3. Organização político-administrativa do Brasil 4. Formação territorial do Brasil Construindo a rede 2 Do centro para a periferia Atividades Questões de vestibulares e do Enem

73 74 75 77 78 83 84 86

Capítulo 6 O modelado da crosta terrestre 1. 2. 3.

108 109 109 111

A gênese do relevo As estruturas geológicas Os agentes do relevo Construindo a rede A intensidade e a magnitude dos terremotos 4. Os solos Atividades Questões de vestibulares e do Enem

115 119 122 124

Capítulo 7 A dinâmica da natureza

126

1. A atmosfera terrestre 2. Os movimentos da Terra e a radiação solar 3. O clima terrestre 4. As zonas térmicas da Terra 5. Os tipos de climas 6. A vegetação da Terra Construindo a rede Flora e fauna dos desertos 7. Os recursos hídricos Atividades Questões de vestibulares e do Enem

127 129 131 138 139 141 146 146 148 150

Capítulo 8 As bases físicas do Brasil

152 153 153 158 160

88

1. As paisagens brasileiras 2. A estrutura geológica do Brasil Construindo a rede 1 O que é a camada pré-sal 3. O relevo brasileiro Construindo a rede 2 Os movimentos de massa em áreas urbanas 4. Os climas brasileiros 5. Os domínios morfoclimáticos no Brasil Construindo a rede 3 Desaparecimento das florestas tropicais Construindo a rede 4 Domínios paisagísticos e faixas de transição 6. Os recursos hídricos no Brasil Construindo a rede 5 Regiões hidrográficas e disponibilidade hídrica 7. A apropriação dos recursos naturais Atividades Questões de vestibulares e do Enem

Capítulo 5 O sistema terrestre

89

Capítulo 9 Os recursos energéticos

188

1. A história do tempo da Terra Construindo a rede Surge a escala do tempo geológico 2. A formação da Terra 3. A estrutura da Terra 4. O sistema das placas tectônicas 5. Os impactos das atividades humanas e o Antropoceno Atividades Questões de vestibulares e do Enem

90

1. As principais fontes de energia convencional 2. Petróleo: comércio mundial e choques econômicos 3. Água como fonte de energia 4. Energia nuclear: produção e questões ambientais Construindo a rede As lições de Fukushima 5. As energias alternativas Atividades Questões de vestibulares e do Enem

189

Unidade 2 • Natureza, recursos e a questão ambiental

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93 94 95 98 103 104 106

163 164 169

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Unidade 1 • A linguagem da Geografia 15

170 173 174 180 182 184 186

195 197 198 200 200 204 206

08/08/12 17:49


Capítulo 10 Políticas ambientais 1. O mundo contemporâneo e a questão ambiental 2. O progresso tecnológico e as transformações ambientais 3. Desenvolvimento sustentável 4. O aquecimento global Construindo a rede 1 Gaia precisa de energia nuclear 5. O comprometimento da camada de ozônio 6. O desmatamento de áreas verdes Construindo a rede 2 A Convenção sobre a Diversidade Biológica Atividades Questões de vestibulares e do Enem

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Unidade 3 • O espaço da produção e do consumo Capítulo 11 O espaço geoeconômico industrial 1. Indústria e sociedade moderna 2. Revolução Industrial e mundialização 3. A geografia da indústria 4. A geografia industrial da Revolução Técnico-Científico-Informacional Construindo a rede Brasil tem uma das maiores reservas de terras raras do planeta Atividades Questões de vestibulares e do Enem

Capítulo 12 Infraestrutura e logística no Brasil 1. A necessidade social da infraestrutura 2. Infraestrutura energética do Brasil Construindo a rede O caminho da água na produção de eletricidade 3. Petrobras e Proálcool 4. Infraestrutura de transportes no Brasil 5. Redes de informação Atividades Questões de vestibulares e do Enem

208 209 209 214 215 221 222 224 227 228 230

232 233 234 234 237 244 246 248 250

252 253 254 257 261 262 270 272 274

Capítulo 13 Economia e indústria no Brasil 276 1. O espaço econômico-industrial brasileiro 2. A industrialização brasileira 3. O Brasil no mercado mundial 4. Regiões industriais e sua articulação no espaço Construindo a rede Nordeste em crescimento Atividades Questões de vestibulares e do Enem

277 278 283 285 293 296 298

Capítulo 14 O espaço agrário

300

1. A evolução da agropecuária 2. Sistemas agropecuários da atualidade

301 304

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3. A agricultura nos países ricos 4. Os sistemas agrícolas nos países pobres 5. O agronegócio Construindo a rede Aspectos do agronegócio 6. As desigualdades no comércio mundial de alimentos Atividades Questões de vestibulares e do Enem

305 308 312 313

Capítulo 15 Agropecuária no Brasil

318

1. O espaço agrário e o ambiente rural brasileiro 2. As fronteiras agrícolas do Centro-Oeste Construindo a rede Um cartel de exportadores de soja? 3. O domínio do Cerrado Atividades Questões de vestibulares e do Enem

319 329

Capítulo 16 A economia dos serviços 1. Dinâmica do comércio e dos serviços Construindo a rede Setor de serviços mostra crescimento nas ocupações com baixa remuneração Atividades Questões de vestibulares e do Enem

313 314 316

333 334 340 342

344 345 353 354 356

Unidade 4 • População e urbanização 358 Capítulo 17 A dinâmica das populações na rede global

359

1. O crescimento e o envelhecimento da população mundial 2. A bipartição e a transição demográfica Construindo a rede 1 Um “futuro dilúvio de gente” 3. O alarmismo malthusiano 4. Os fluxos migratórios Construindo a rede 2 A próxima geração Atividades Questões de vestibulares e do Enem

360 361 363 366 370 375 376 378

Capítulo 18 O contexto demográfico do Brasil 380 1. A população brasileira Construindo a rede 1 Medindo o crescimento da população Construindo a rede 2 Envelhecendo em um Brasil mais velho 2. Os fluxos migratórios inter-regionais e intrarregionais Atividades Questões de vestibulares e do Enem

392 398 400

Capítulo 19 O mundo urbano

402

1. As cidades e o processo de urbanização 2. A urbanização Construindo a rede 1 O gigantismo das cidades

381 387 392

403 405 405

08/08/12 17:49


407 408 409 414

Capítulo 20 O Brasil urbano

422

1. A urbanização brasileira 2. Redes e hierarquia urbana no Brasil 3. Tendências urbanas regionais no século XXI Atividades Questões de vestibulares e do Enem

423 424 427 442 444

Unidade 5 • Geopolítica e Estados nacionais

446

415 415 418 420

Capítulo 21 Estados nacionais e geopolítica 447 1. Estados e nações Construindo a rede Desconstruindo a “cultura nacional”: identidade e diferença 2. Estados-nação: o mosaico político atual 3. O conceito de Geopolítica Atividades Questões de vestibulares e do Enem

448

Capítulo 22 As ordens mundiais

462

1. A busca pela ordem mundial 2. A expansão dos Estados Unidos 3. O expansionismo soviético 4. A força da bipolaridade 5. A Alemanha dividida e a Guerra Fria 6. Outros conflitos da Guerra Fria 7. A desagregação da União Soviética 8. A criação da Organização das Nações Unidas Atividades Questões de vestibulares e do Enem

463 464 468 473 474 477 478 481 484 486

Capítulo 23 Conflitos e tensões no mundo contemporâneo

488

1. O fim da Guerra Fria e a eclosão de novos conflitos 2. Conflitos atuais 3. Oriente Médio: uma localização estratégica Construindo a rede 1 As divisões do Islã 4. Terrorismo, ontem e hoje Construindo a rede 2 Programa nuclear do Irã 5. Israel e a Questão Palestina Atividades Questões de vestibulares e do Enem

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449 454 456 458 460

489 489 495 498 499 501 503 510 512

Unidade 6 • Sociedade e economia na ordem global 514 Capítulo 24 Globalização e redes geográficas

515

1. As diversas globalizações 2. A globalização contemporânea e as inovações técnicas Construindo a rede Técnica e desigualdade no espaço urbano 3. A globalização e a constituição das redes geográficas 4. A globalização e a desigualdade das relações 5. Cultura e globalização Atividades Questões de vestibulares e do Enem

522 523 524 526 528

Capítulo 25 Integração econômica e blocos regionais

530

516 518 521

1. Globalização e regionalização 2. A União Europeia Construindo a rede 1 A crise explicada às crianças 3. Os blocos econômicos do Pacífico 4. Nafta, o bloco comercial da América do Norte 5. O Mercosul e seus tortuosos caminhos Construindo a rede 2 Brasil e Argentina: rivalidade e cooperação Atividades Questões de vestibulares e do Enem

531 533 538 539 544 546

Capítulo 26 Globalização e exclusão

552

1. Exclusão global e exclusão social 2. Relatórios do desenvolvimento humano 3. Educação e exclusão 4. Emprego e exclusão Construindo a rede Exclusão e vínculos sociais 5. África: um estudo de caso Atividades Questões de vestibulares e do Enem

553 557 559 560 561 561 564 566

Capítulo 27 As redes da ilegalidade

568

1. Redes ilegais 2. A atuação das máfias no mundo 3. O crime organizado na América Latina Construindo a rede Origens do uso da coca 4. Violência e crime organizado no Brasil Atividades Questões de vestibulares e do Enem

569 569 573 571 580 584 586

547 548 550

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Construindo a rede 2 A segunda onda 3. Um processo desigual 4. A formação das megacidades e das megalópoles 5. A classificação hierárquica das cidades Construindo a rede 3 As diferenças entre cidades globais e megacidades 6. Os aspectos da localização nas cidades Atividades Questões de vestibulares e do Enem

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8/27/12 6:37 PM


Capítulo

4

O território brasileiro

figura 4.1 as reservas indígenas no Brasil (2008)

RR AP

AM

PA

MA

CE

RN PB

PI AC

TO

RO

SE

“Hoje, 12,56% do território nacional é reservado ao usufruto dos índios — as terras pertencem à União, assim como a riqueza contida no solo delas. São 615 terras indígenas, nos mais diferentes estágios administrativos. A maioria delas já está regularizada.”

BA

MT

Delimitadas 2.336.494

PE AL

DF

Áreas das reservas (em hectares)

GO

Homologadas 1.545.385

MG

ES

MS

Declaradas 10.067.133

SP

Regularizadas 95.119.146

TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO

PR

SC Amazônia Legal Reserva delimitada

RJ

OCEANO AT L Â N T I C O

RS

Reserva declarada Reserva homologada Reserva regularizada 50º O

380 km

Fonte: LIMA, Daniel. A disputa pela Raposa Serra do Sol. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 19 maio 2008. Disponível em: <http://www.estadao. com.br/especiais/a-disputa-pela-raposaserra-do-sol,17895.htm>. Acesso em setembro de 2010.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

EQUADOR

objetivos do capítulo ✔ Reconhecer e aplicar o conceito de

território. ✔ Distinguir os conceitos de limite e

fronteira. ✔ Identificar, em textos e mapas,

os limites territoriais e as fronteiras do Brasil. ✔ Reconhecer as características

político-administrativas do Brasil.

✔ Analisar implicações de caráter

político, econômico e social representativos da produção do espaço geográfico brasileiro no espaço e no tempo, e sua relação com a constituição territorial do Brasil. ✔ Analisar e interpretar elementos

representativos da formação e consolidação do Estado brasileiro.

Responda. As reservas indígenas exibidas no mapa podem ser con sideradas “ter ritórios” indígenas? Justifique sua resposta.

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o território brasileiro

A palavra território é amplamente utilizada não apenas pela Geografia, mas também por outras áreas do conhecimento e pela mídia. A origem desse termo remonta ao século XVIII, quando foi formulado pela Biologia para designar a área delimitada por uma espécie, na qual são desempenhadas suas funções vitais. Posteriormente, foi incorporado pela Geografia com o significado de espaço físico no qual o Estado exerce seu poder. Na Geografia, o termo território ganhou contornos primordialmente políticos: um território é resultante do exercício de dominação de um determinado agente, o Estado nacional. Nesse sentido, o conceito de fronteira está sempre implicado ao de território, pois ela se constitui entre dois ou mais territórios. Atualmente, não se considera apenas o Estado nacional como o agente político, por isso o termo território é utilizado em um sentido mais amplo: ele indica uma área delimitada pelo exercício de poder de uma coletividade e/ou de uma instituição. Isso significa que o território do Estado contém muitas territorialidades: o território dos estados, o dos municípios, o dos moradores de um bairro, o dos cinéfilos etc. Instituições e grupos de pessoas apropriam-se de um espaço construindo regras para seu uso, que devem ser seguidas por todos que queiram também utilizar aquele espaço. Nesse contexto, também é bastante útil analisarmos o espaço segundo diferentes escalas de abordagem: nacional, estadual, regional, local. Em um bairro, é possível encontrar lugares apropriados por diferentes grupos de pessoas; no entanto todos eles estão submetidos ao poder do município, do estado e da União, mesmo que exista a ela boração de diferentes regras de uso dos lugares. A várzea pode, por exemplo, tornar-se o local em que se pratica o futebol, com horários previamente combinados entre as equipes locais e um conjunto de regras, muitas vezes informais, que organizam as partidas e as atividades permitidas. As comunidades indígenas também são um bom exemplo desse tipo de territorialidade, pois seus territórios são construídos por meio de seus valores culturais (figura 4.2).

Capítulo 4

o conceito de território

4.1 Biblioteca do estudante Mídias em rede

VInCent CarellI/VIdeo nas aldeIas

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

1

figura 4.2 Aldeia dos Krahó (TO, 1978). A disposição das casas dessa tribo indígena segue uma peculiaridade cultural: elas são construídas ao longo de uma via circular e estão ligadas ao centro do círculo por vias radiais.

Para a Geografia, esses grupos de pessoas estão exercendo poder sobre um espaço. Há limitações nessa apropriação, pois as regras para uso dos espaços não podem contrariar aquelas impostas pelo poder das instituições públicas: prefeitura, governo do estado, governo federal e até mesmo legislações internacionais.

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geografia Capítulo 4

Construindo a rede 1 O que é “terra indígena”

’Para os povos indígenas, a terra é muito mais do que simples meio de subsistência. Ela representa o suporte da vida social e está diretamente ligada ao sistema de crenças e conhecimento. Não é apenas um recurso natural — e tão importante quanto este — é um recurso sociocultural’ (RAMOS, Alcida Rita — Sociedades Indígenas).

Tanto assim que o texto constitucional trata de forma destacada este tema, apresentando, no § 1o do Art. 231, o conceito de terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, definidas como sendo: aquelas ‘por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições’. Terras que, segundo o inciso XI do Art. 20 da CF, ‘são bens da União’ e que, pelo § 4o do Art. 231, são ‘inalienáveis e indisponíveis e os direitos sobre elas imprescritíveis’. Embora os índios detenham a posse permanente e o ‘usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos’ existentes em suas terras, conforme o § 2o do Art. 231 da Constituição, elas constituem patrimônio da União. E, como bens públicos de uso especial, as terras indígenas, além de inalienáveis e indisponíveis, não podem ser objeto de utilização de qualquer espécie por outros que não os próprios índios.

Por que demarcar O processo de demarcação é o meio administrativo para explicitar os limites do território tradicionalmente ocupado pelos povos indígenas. É dever da União Federal, que busca, com a demarcação das terras indígenas: a) resgatar uma dívida histórica com os primeiros habitantes destas terras; b) propiciar as condições fundamentais para a sobrevivência física e cultural desses povos; e c) preservar a diversidade cultural brasileira, tudo isto em cumprimento ao que é determinado pelo caput do artigo 231 da Constituição Federal.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Vale lembrar que o reconhecimento dos índios enquanto realidades sociais diferenciadas, na Constituição Federal, não pode estar dissociado da questão territorial, dado o papel relevante da terra para a reprodução econômica, ambiental, física e cultural destes.

Sempre que uma comunidade indígena possuir direitos sobre uma determi­ nada área, nos termos do § 1o do Art. 231 da CF, o poder público terá a atribuição de identificá-la e delimitá-la, de realizar a demarcação física dos seus limites, de registrá-la em cartórios de registro de imóveis e protegê-la. Estes atos estão vinculados ao próprio caput do artigo 231 e, por isso mesmo, a União não pode deixar de promovê-los. As determinações legais existentes são, por si só, suficientes para garantir o reconhecimento dos direitos indígenas sobre as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, independentemente da sua demarcação física. Porém, a ação demarcatória é fundamental e urgente enquanto ato governamental de reconhecimento, visando a precisar a real extensão da posse indígena a fim de assegurar a proteção dos limites demarcados e permitir o encaminhamento da questão fundiária nacional.

Fundação Nacional do Índio. Disponível em: <www.funai.gov.br/indios/terras/conteudo.htm#o_que>. Acesso em setembro de 2011.

Faça o que se pede • Relacione a preservação da cultura indígena à noção de território.

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o território brasileiro

Capítulo 4

Os termos limite e fronteira estão fortemente ligados ao conceito de território e são comumente reconhecidos como sinônimos. Há, entretanto, distinções importantes que passam despercebidas na linguagem cotidiana. O termo fronteira tem a mesma raiz da palavra frente; portanto, o sentido etimológico seria “o que se põe à frente de algo”. Em sua origem, indicava simplesmente a margem do mundo conhecido, ou seja, até onde o território havia sido ocupado ou habitado. Atualmente, a fronteira marca o encontro dos territórios — já que a superfície terrestre está quase inteiramente dividida em territórios de Estados nacionais — nessa área, ocorrem significativas trocas entre as populações de diferentes territórios. Para o estabelecimento dos limites, em áreas de fronteira, podem ser elaboradas regras que entram em conflito, sobretudo quando há uma população que compartilha uma mesma origem e os mesmos costumes. Isso porque a principal função dos limites é estabelecer de forma exata onde termina cada território. Os Estados nacionais, por exemplo, negociam o estabelecimento de linhas divisórias que marquem exatamente a extensão de seus domínios territoriais, onde eles exercem seu poder ou sua soberania. Mas as fronteiras são um espaço geográfico: nelas reside uma população e desenvolve-se a vida em sociedade, a partir dos meios naturais e técnicos necessários para tanto (figura 4.3).

4.2 Biblioteca do estudante Mídias em rede

4.3 Biblioteca do estudante Mídias em rede

Soberania Propriedade ou qualidade que caracteriza o poder político supremo do Estado dentro do território nacional e em suas relações com outros Estados.

A BRASIL

delFIm martIns/Pulsar Imagens

figura 4.3 fronteira Brasil-Uruguai google eartH Images

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Limite e fronteira

B

Santana do Livramento (RS) Rivera URUGUAI

2

Caracterização geral do território brasileiro

Diversas questões podem nos guiar para uma boa compreensão do território do Brasil quando o observamos em um mapa-múndi. Inicialmente, é importante identificar sua posição em relação às coordenadas geográficas, a fim de compreendermos não apenas sua localização com relação aos outros países, mas também as influências climáticas resultantes de sua configuração geométrica e da posição que ocupa no planeta. Localizado totalmente no Hemisfério Oeste (ou Ocidental) do planeta, o Brasil possui a quinta maior extensão territorial do mundo, com uma área de 8.514.876 km2 (figura 4.4). O país é atravessado ao norte pela linha do Equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio: 93% de seu território localiza-se no Hemisfério Sul e apenas 7%, no Hemisfério Norte – zona intertropical do planeta.

As figuras mostram um trecho da área de fronteira entre o Brasil e o Uruguai. Na imagem de satélite (A), as cidades de Santana do Livramento (RS) e Rivera (Uruguai), que são conurbadas, isto é, estão fisicamente ligadas. No entanto, um limite territorial em comum foi estabelecido, acordado entre os dois países, demarcando-se uma avenida que atravessa a área urbana. Na foto (B), um obelisco marca simbolicamente a fronteira.

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geografia Capítulo 4

figura 4.4 Brasil: quinto país do mundo em extensão (2006) OCEANO GLACIAL ÁRTICO

FEDERAÇÃO RUSSA

CANADÁ ESTADOS UNIDOS

CHINA OCEANO

OCEANO

PACÍFICO

PACÍFICO 0°

BRASIL

OCEANO ÍNDICO

OCEANO ATLÂNTICO 17.075.400 km2 9.976.139 km2 9.596.961 km2 9.363.520 km2 8.514.876 km2

2.940 km

Posicionado na porção centro-oriental da América do Sul, o território brasileiro apresenta 23.086 km de fronteiras; destas, 7.367 km são marítimas e 15.719 km terrestres (abarcando a maioria dos países da América do Sul, exceto o Chile e o Equador). Outros aspectos que ilustram muito bem a dimensão de nosso país são seus pontos extremos ao norte, ao sul, a leste e a oeste do território (figura 4.5). figura 4.5 Brasil: pontos extremos e limites Monte Caburaí (Roraima)

50º O

EQUADOR

Serra de Contamana (Acre)

4.319,4 km Ponta do Seixas (Paraíba)

4.394,7

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. p. 36.

Federação Russa Canadá China Estados Unidos Brasil

km

OCEANO PACÍFICO

TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO

OCEANO ATLÂNTICO

480 km

Arroio Chuí (Rio Grande do Sul)

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. p. 91.

O ponto extremo norte é o Monte Caburaí (RR) e o extremo sul é o Arroio Chuí (RS). A distância entre esses dois pontos é de aproximadamente 4.394 km, comparável à distância entre Oslo (capital da Noruega) e Tamanrasset (na Argélia). Os pontos extremos leste e oeste são, respectivamente, a Ponta do Seixas, localizada no Cabo Branco (PB) e a Serra da Contamana (AC). A distância entre esses dois pontos é de 4.319 km, comparável à distância entre Lisboa (em Portugal) e Moscou (na Rússia). Tanto no sentido norte-sul como no leste-oeste, as distâncias entre os pontos extremos ultrapassam 4.000 km — o que representa quase um quarto de uma volta ao mundo.

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o território brasileiro

A República Federativa do Brasil é formada pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. A organização político-administrativa da República compreende a União, 26 estados, o Distrito Federal e 5.565 municípios (dados do Censo 2010), dotados de certa autonomia política e financeira. Entende-se por Federação a aliança dos estados sob uma única Constituição — lei maior que baliza todas as demais leis. União é o nome que se dá ao governo central da Federação. O conceito oposto ao de Federação é o de Estado unitário, em que o poder político é concentrado em um governo central. No contexto brasileiro, é possível questionar se há, de fato, uma Federação de estados unidos por uma União — apesar de a Constituição assim definir o sistema administrativo brasileiro. Desde os anos 1930, razões políticas e econômicas levaram a uma grande concentração de poder e de atribuições nas mãos do governo da União, em detrimento da autonomia de estados e municípios. Na esfera política, o fim do ciclo do café coincidiu com a derrubada da República Velha (1889-1930), em que oligarquias regionais dominavam o poder político. A superação dessa política baseada em arranjos regionais conduziu a uma maior concentração de poderes pelo governo nacional. Na esfera econômica, a importância da atuação do Estado na economia a partir de 1930 também contribuiu para a preponderância da União sobre os entes federativos menores. Hoje, percebe-se em larga medida a superposição de ações das esferas da Federação em diversos setores, como educação e saúde.

Capítulo 4

organização político-administrativa do Brasil 4.4 Biblioteca do estudante Mídias em rede

4.5 Biblioteca do estudante Mídias em rede

União, estados e municípios Editar leis que vigorem em todo o território nacional é atribuição da União. No Brasil, é grande a centralização de poder da União em matérias como a regulação dos sistemas tributário e previdenciário; a legislação penal também é basicamente definida pela União. No plano internacional, o governo central representa a Federação ao estabelecer relações com Estados estrangeiros ou ao participar de convenções internacionais, além de assinar tratados e acordos com outros governos ou organismos mundiais de poder, como a Organização das Nações Unidas (ONU). O chefe do Poder Executivo é o presidente da República, responsável pela administração da União juntamente com os ministros de Estado. O Poder Legislativo federal adota o sistema bicameral: a Câmara dos Deputados conta com 513 membros e representa a população; já o Senado Federal, com 81 membros, tem como função representar os estados membros da Federação. O Distrito Federal é a sede do governo federal (figura 4.6). Não se caracteriza como estado nem como município. Do mesmo modo que os estados e municípios, Brasília tem governo próprio e autonomia administrativa.

figura 4.6 Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo federal (DF, 2007).

eduardo CoutInHo/CC BY-sa 2.0/FlICKr

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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geografia

4.6 Biblioteca do estudante Mídias em rede

4

formação territorial do Brasil

A princípio, a ocupação do que viria a ser o território do país concentrou-se no litoral; dessa forma a extração de matérias-primas e a produção de açúcar ocorriam em alguns pontos litorâneos. Ainda que a exploração dos recursos minerais e a prática da pecuária tivessem interiorizado o povoamento das terras coloniais, o que se tinha era uma economia concentrada em algumas partes do território nacional. O crescimento industrial foi o que, efetivamente, realizou a integração econômica e geográfica do território. No entanto, esse processo acentuou as diferenças regionais, pois houve uma grande concentração da atividade industrial no Centro-Sul — e isso redefiniu o espaço brasileiro. Nas últimas décadas, a abertura econômica e a inserção do Brasil nos mercados globais produziram fortes alterações na dinâmica territorial brasileira, modificando — novamente de forma decisiva — a divisão regional do trabalho no país. 4.7 Conteúdo multimídia Animação

Da economia-arquipélago à integração do território

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Capítulo 4

Os estados são unidades administrativas legalmente dotadas de autonomia organizacional, governamental e política. A divisão político-administrativa interna da Federação brasileira não é permanente: novos Estados podem ser criados, extintos ou incorporados. No contexto brasileiro, os estados em geral assumem importantes funções administrativas, notadamente a administração dos sistemas públicos de segurança, educação básica e saúde, além da implantação e da gestão do saneamento básico. Os municípios são as menores unidades político-administrativas integrantes da Federação. Eles detêm o poder de organizar e regulamentar o uso do solo urbano. O poder municipal determina o que poderá ser edificado em uma cidade e qual será o tamanho dessas edificações; regulamenta em que áreas poderão ser estabelecidas determinadas atividades; e ainda é, geralmente, responsável por implementar importantes políticas (por exemplo, de transporte público e de saneamento básico).

A ocupação da América portuguesa definiu determinadas áreas semiautônomas de produção de mercadorias de exportação. Essas diversas áreas coloniais mantinham relações comerciais diretamente com os mercados consumidores do exterior, estabelecendo frágeis ligações com as outras áreas da América portuguesa. A chamada economia-arquipélago foi configurada devido a fatores como: o surgimento e o crescimento de importantes núcleos urbanos junto ao litoral — como Salvador, Recife e Rio de Janeiro, dentre as maiores cidades durante a época colonial — e a fraquíssima densidade de povoamento do vasto interior, com exceção da região mineradora. Nas principais cidades portuárias, localizavam-se os órgãos administrativos do poder colonial; com base nelas, as atividades de importação e exportação eram estruturadas. Do ponto de vista territorial, a economia brasileira conservou as suas características coloniais, mesmo após a independência e até o início do século XX. O Centro-Sul cafeeiro, o Nordeste e a Amazônia funcionavam como “ilhas econômicas” voltadas para o mercado externo, fornecendo produtos tropicais e consumindo manufaturas importadas.

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o território brasileiro

Capítulo 4

No século XVI, o litoral do Nordeste concentrava os investimentos portugueses na ocupação do território em função do ciclo canavieiro e da exportação do açúcar para a Europa. O Centro-Sul não era exportador de mercadorias para Portugal e, por isso, não tinha acesso aos produtos importados do continente europeu. Nas áreas coloniais do Sudeste, muito mais pobres, o principal meio de sobrevivência — e em alguns casos, de enriquecimento — tornou-se o apresamento e a escravização de indígenas. Em torno dessas atividades econômicas, organizaram-se as bandeiras paulistas. Para desbravar o sertão, as expedições de “caça ao índio” aproveitavam os principais cursos fluviais — que, em São Paulo, correm geralmente no sentido leste-oeste. Na segunda metade do século XVI, a principal finalidade das bandeiras passou a ser a busca de jazidas de ouro e pedras preciosas, empreendimento que contou com o incentivo da Coroa portuguesa. A confirmação da presença de ouro e pedras preciosas em Vila Rica (atual Ouro Preto), Sabará, Diamantina, Vila Boa e Vila Real induziu a um expressivo deslocamento de pessoas para tais áreas; estas faziam parte da imensa capitania de São Paulo, expandida pelas expedições bandeirantes. A economia do ouro levou à ocupação e à fundação de cidades nessas capitanias meridionais. São Paulo tornou-se um elo de contato entre as ricas “Minas Gerais” e as áreas de criação de gado dos “campos de Vacaria”, no atual Rio Grande do Sul (figura 4.7).

4.8 Biblioteca do estudante Mídias em rede

figura 4.7 a capitania de São Paulo (século XViii) 4.9

40º O

60º O

Biblioteca do estudante Mídias em rede

CAPITANIA DO MARANHÃO CAPITANIA DE PERNAMBUCO Tocantin s

a eir ad M

Ara gu aia

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Cana-de-açúcar, bandeirantes e o ciclo do ouro

São

Fra

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Natividade São Salvador CAPITANIA DA BAHIA

Vila Bela

Vila Real (Cuiabá)

Vila Boa

aíb Pa

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Paraguai

Sabará

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Corumbá

Arraial do Tijuco (Diamantina)

CAPITANIA Grande DE SÃO PAULO ê

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Sorocaba Assunção

Parati São Paulo

CAPITANIA DO ESPÍRITO SANTO

Vila Rica CAPITANIA DO RIO DE JANEIRO Rio de Janeiro

20º S

TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO

Iguape Curitiba

aná

Uru g

Itapeva i ua

Par

Porto Alegre

Araranguá

OCEANO AT L Â N T I C O

Rio Grande Colônia do Sacramento Buenos Aires

Máxima expansão da Capitania Paulista (1709) Caminhos antigos Região aurífera

370 km

Região diamantífera

Fonte: CAMPOS, Flávio de; DOLHNIKOFF, Miriam. Atlas de História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1993. p. 14.

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geografia

Figura 4.8 Cidade histórica de Ouro Preto (MG, 2010).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

João Prudente/Pulsar Imagens

Capítulo 4

As estradas e os caminhos — para chegar às minas de ouro, para exportar as riquezas obtidas e para abastecer toda a região das “Minas Gerais” — transformaram profundamente as estruturas territoriais do Sudeste. As autoridades lusitanas, preocupadas com o contrabando de minérios, trataram de interligar as áreas mineradoras ao Rio de Janeiro, cujo porto se transformou em “boca das minas”. A prosperidade econômica dessa região e o declínio da economia canavieira no Nordeste propiciaram as condições para a transferência da sede administrativa do Vice-Reino do Brasil: de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763. Na mesma época, a capitania paulista foi subdividida, para a criação de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. A atividade mineradora teve seu centro na capitania de Minas Gerais. Os veios auríferos normalmente eram encontrados em terrenos de idade geológica bastante antiga. Em toda a ampla área em que o ouro foi explorado, multiplicaram-se as vilas e os povoados. O patrimônio histórico e artístico representado por esses núcleos urbanos funciona, nos dias atuais, como base da atividade turística em Minas Gerais. Conhecidas genericamente pelo nome de cidades históricas, Ouro Preto, Tiradentes, Mariana e Sabará são relíquias vivas daqueles “tempos dourados” (figura 4.8). A região aurífera tomou o lugar do Nordeste açucareiro como área mais rica da América portuguesa. Apesar da importância do trabalho escravo, organizou-se um novo tipo de sociedade, baseada na vida urbana, assim como constituiu-se uma classe média que se ocupava da administração e do comércio. Artistas, poetas e intelectuais tornaram mais belo e agitado o panorama colonial. A Inconfidência Mineira, em Ouro Preto, em 1789, assinalou pela primeira vez o desejo de independência de uma parte das elites brasileiras. Na retaguarda da economia mineira, a agricultura e a pecuária se expandiram e contribuíram para uma certa integração entre os diferentes espaços da América portuguesa. Novas terras passaram a ser cultivadas em São Paulo. A criação de gado, voltada para abastecer o Sudeste, se espalhou para os campos de Curitiba (atual Paraná) e do Rio Grande do Sul. Os caminhos do gado fizeram surgir povoados e cidades, como Sorocaba, onde se realizavam as grandes feiras. A pecuária do vale do Rio São Francisco também foi beneficiada pelo crescimento populacional das regiões mineradoras. O ciclo do ouro durou pouco menos de um século e seu apogeu ocorreu na década de 1750. Embora esse metal continuasse a ser explorado até a metade do século XIX, a atividade se tornou economicamente pouco significativa. Mas ela transformou para sempre a geografia e a sociedade coloniais.

O ciclo do café e a industrialização Oligarquia Elite econômica e política constituída por um número relativamente pequeno de famílias ricas.

Quando o complexo cafeeiro se consolidou no Sudeste (em meados do século XIX), os mercados regionais já constituíam realidades dinâmicas, mas não existia, rigorosamente, um mercado nacional. As produções do Brasil meridional raramente eram comercializadas no Brasil setentrional, e vice-versa. As vastas distâncias e a extrema precariedade das vias de transporte isolavam as regiões e conservavam a autonomia política das diferentes oligarquias (figura 4.9).

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O território brasileiro

Capítulo 4

Figura 4.9 Brasil: estruturação econômica (século XIX)

EQUADOR

Belém São Luís Fortaleza Natal Paraíba Oeiras Recife Alagoas São Cristóvão Salvador Cuiabá

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Goiás

Ouro Preto

OCEANO

Vitória

PACÍFICO São Paulo

Niterói Rio de Janeiro

TRÓPICO DE

CAPRI CÓRN IO

Curitiba Borracha

Desterro

Pecuária Cana-de-açúcar

OCEANO ATLÂNTICO

Porto Alegre

Café Algodão Mineração Cacau Fumo 50º O

330 km

Fonte: CAMPOS, Flávio de; DOLHNIKOFF, Miriam. Atlas de História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1993. p. 25.

Entretanto, o desenvolvimento acelerado da economia cafeeira paulista passou a gerar economias complementares à sua volta. Assim, as áreas vizinhas começaram a estabelecer vínculos cada vez mais fortes com São Paulo. O Brasil meridional tornou-se fornecedor de gado e de alguns produtos agrícolas para o núcleo cafeeiro. Ao mesmo tempo, as plantações de café expandiram-se pelo Oeste paulista e começaram a avançar sobre terras do Noroeste paranaense. Minas Gerais — que se mantivera estagnada desde o fim do ciclo aurífero — passou a abastecer o mercado paulista com alimentos e mão de obra; algumas áreas do atual estado do Mato Grosso do Sul, embora ocupadas de forma pouco densa, passaram a fornecer carne para a dinâmica área da economia cafeeira. As sementes daquilo que seria mais tarde conhecido como “Centro-Sul” foram lançadas nessa época. Enquanto isso, o Nordeste e a Amazônia praticamente ainda estavam inseridos no esquema da economia-arquipélago. O Nordeste se organizou em torno das decadentes culturas de cana-de-açúcar e de algodão, assim como da pecuária extensiva no Semiárido. A Amazônia, depois do longo período de exportação das chamadas drogas do sertão, configurou um polo exportador de borracha natural, que funcionou ativamente entre 1870 e 1920.

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geografia

figura 4.10 Vale do Anhangabaú, São Paulo (SP), nos anos 1950. 4.10 Biblioteca do estudante Mídias em rede

A industrialização acelerada rompeu o isolamento dos mercados regionais. Os manufaturados do Sudeste — produzidos com tecnologia superior e em escala industrial — invadiram todo o país. A competição desigual com as mercadorias fabricadas nas outras regiões resultou no predomínio da indústria do Sudeste. O crescimento da participação do Sudeste na indústria nacional limitou o desenvolvimento industrial do Sul e, principalmente, do Nordeste. Se o Sul conseguiu manter algum nível de industrialização (sobretudo nos setores de bens não duráveis), o Nordeste retrocedeu em sua participação no contexto industrial nacional — fato que agravou ainda mais a pobreza existente na região. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e no respectivo pós-Guerra, a concentração geográfica da indústria se intensificou, com a implantação das indústrias de bens de produção e de bens de consumo duráveis. A reorganização da economia nacional atingiu tanto a indústria como a agricultura. No setor agrícola, a produção voltada para exportação deixou de dominar e houve uma ampliação significativa da agricultura orientada a suprir o mercado interno. A Região Sudeste, especialmente seus centros urbanos cada vez mais populosos, tornou-se grande consumidora de produtos alimentares de todas as demais regiões. Na segunda metade dos anos 1950, a indústria já funcionava como núcleo dinâmico da economia nacional e já era a principal responsável pelas transformações no território brasileiro. O Sudeste integrava-se aceleradamente ao Sul e à parte meridional do Centro-Oeste, enquanto a economia do Nordeste — ao considerarmos dados relativos — se empobrecia. A inauguração de Brasília, em 1960, seguida da abertura de rodovias de integração, esboçava a “conquista moderna” da Amazônia. A economia-arquipélago tinha deixado de existir.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

arQuIVo/agÊnCIa estado

Capítulo 4

Desde as décadas de 1920 e 1930, o desenvolvimento do complexo cafeeiro em São Paulo lançou as bases para a industrialização do Sudeste. Essa concentração industrial transformou toda a economia do país, criando um mercado interno nacional. A região tornou-se o polo da economia do país e o estado de São Paulo, o polo da economia regional (figura 4.10).

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O território brasileiro

Capítulo 4

Construindo a rede 2 Do centro para a periferia

O Nordeste açucareiro foi o centro econômico da América portuguesa nos séculos XVI e XVII. As plantations canavieiras e os engenhos geravam o principal produto exportado para o mercado europeu. A riqueza da oligarquia nordestina podia ser medida pelo fluxo aparentemente inesgotável de escravos desembarcados nos portos de Olinda e Salvador.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

No século XVIII, o eixo da economia colonial transferiu-se para a região aurífera das Minas Gerais, enquanto a concorrência do açúcar produzido nas ilhas da América Central feria o Nordeste luso-brasileiro. A mudança da sede do Governo-Geral para o Rio de Janeiro foi o sinal da decadência. Mesmo assim, às vésperas da independência, o açúcar era o principal produto de exportação, seguido de longe pelo algodão, plantado nas terras interiores das capitanias de Pernambuco e da Paraíba e nos arredores de São Luís, no Maranhão. O ouro das Minas Gerais tinha se esgotado. [...] A grande virada, porém, aconteceu no século XIX. O advento e desenvolvimento da economia cafeeira deslocou, decisivamente, o polo produtivo para o Sudeste. [...]

No final do século XIX, com a abolição do trabalho escravo e a imigração estrangeira para as fazendas de café, o estado de São Paulo adquiriu uma posição dominante na economia nacional. O Nordeste do açúcar, do algodão e do gado tornava-se, assim, uma região periférica. [...] Mas foi a economia cafeeira paulista, na primeira metade do século XX, que provocou o maior fluxo migratório na história do país. A partir da década de 1920, os migrantes nordestinos passaram a dividir com os imigrantes estrangeiros o trabalho nos cafezais. Um pouco mais tarde, a Lei de Cotas limitava o direito de entrada dos estrangeiros. Em consequência, acelerou-se a migração entre as regiões brasileiras. Durante cerca de meio século (entre as décadas de 1930 e 1970) a industrialização e a urbanização do Sudeste modificaram todo o panorama da economia brasileira. A força de trabalho dos migrantes nordestinos, empregada na construção civil, na indústria e no comércio, ajudou a construir a prosperidade do novo centro econômico do país.

MAGNOLI, Demétrio; ARBEX JR., José; OLIC, Nelson Bacic. Conhecendo o Brasil: Região Nordeste. São Paulo: Moderna, 1999. p. 9-11.

Faça o que se pede • O texto faz referência ao “Nordeste açucareiro”. Explique o significado histórico e geográfico dessa expressão.

Modernização tecnológica e migrações O avanço incessante das frentes pioneiras agrícolas resultou na apropriação econômica das últimas terras livres no Brasil meridional. A busca por novas terras disponíveis fez com que o fluxo populacional que havia promovido a ocupação do interior da região fosse reorientado para áreas mais distantes, situadas no Centro-Oeste e na Amazônia. Os fluxos demográficos foram acelerados ainda mais quando, na década de 1970, introduziram-se culturas mecanizadas — de soja, em especial. Disseminando-se por praticamente todas as áreas de planaltos das regiões Sudeste e Sul e elevando o patamar tecnológico de todo o setor agropecuário, as novas formas de cultivo provocaram dispensa de mão de obra. O emprego de tecnologias cada vez mais modernas no campo levou também a um processo de reconcentração da propriedade rural. A modernização tecnológica da agropecuária intensificou, ainda, deslocamentos populacionais no interior da própria região. Um fluxo significativo de pessoas formou-se em direção às capitais estaduais e cidades médias.

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Atividades 4.

1.

[...] falar de território é fazer uma referência implícita à noção de limite. [...] Delimitar é, pois, isolar ou subtrair momentaneamente ou, ainda, manifestar um poder numa área precisa.

RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993. p. 153.

O trecho anterior relaciona território à noção de limite. Esclareça essa relação, conceituando limites territoriais.

2.

[...] os jovens cercam-se de atitudes, sentimentos e palavras ambivalentes em relação ao seu principal lugar de ancoragem, as cidades da periferia onde moram. Colocam em foco os problemas de infraestrutura, da violência, das graves limitações de atividades de lazer. No entanto, é com a periferia que se identificam, pois nela estão enraizados e é onde estabelecem suas principais redes de relações sociais. O local de moradia é o espaço privilegiado, ou até mesmo exclusivo de sua vida, quase não havendo redes de trocas mais extensas do que a vivência em nível local. A maioria praticamente não sai desse território [...].

ANDRADE, Carla Coelho de. Entre gangues e galeras. Brasília: UNB. Tese de doutorado, 2007. p. 48. Disponível em: <http://necvu.tempsite.ws/images/ Tese%20Carla%20coelho%20de%20andrade.pdf>. Acesso em setembro de 2011.

Qual é a origem das fronteiras brasileiras? Como vimos, o discurso nacional virtualmente rejeita essa indagação, isentando o corpo da pátria de qualquer condicionamento histórico e fazendo-o emanar da natureza.

MAGNOLI, Demétrio. O corpo da pátria: imaginação geográfica e política externa no Brasil (1808-1912). São Paulo: Moderna/Edusp, 1997. p. 239.

O trecho acima rejeita a noção de que o território brasileiro se formou em função de aspectos puramente naturais. Que aspectos da constituição do território brasileiro podem ser utilizados como argumentos para refutar essa ideia?

Redes cartográficas 5. Observe o mapa do Sri Lanka, país asiático situado ao sul da Índia. Nele, apresentam-se áreas controladas por uma guerrilha local, os chamados Tigres Tamis, que defendem a soberania do povo tâmil sobre as regiões em que são majoritários no país.

Sri Lanka: situação da guerra (2008) lk

ÍNDIA

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de

Pa

Jaffna

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t Es

Passagem do Elefante Kilinochchi

Pooneryn Ponto do Diabo

Mulattivu Mulliawalai

Munkulam

Nedunkerni

GOLFO DE MANNAR

Vavuniya

OCEANO ÍNDICO

Trincomalee

O texto acima relaciona a noção de território a outra dimensão da vida social. Que forma de territorialização é essa? Explique.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Organize e contextualize

Batticaloa

Kandy

3.

[...] a expansão do capitalismo no Brasil implicou o centralismo político-administrativo que se processou no nível do governo federal, no crescente papel do Estado na dinâmica da economia nacional, e o consequente enfraquecimento dos poderes locais e/ou regionais representados, por exemplo, através da ‘política dos governadores’ ou das oligarquias nacionais.

PERIDES, Pedro Paulo. A divisão regional do Brasil de 1945: realidade e método. Revista Orientação. São Paulo: Departamento de Geografia-USP, n. 9, 1992.

Que aspecto peculiar da organização político-administrativa do Brasil é ressaltado pelo trecho acima? Explique.

Colombo

Galle

60 km

Áreas controladas pelos Tigres Tamis no início de 2007 Últimos redutos controlados pelos Tigres Tamis

Fonte: Population Data. Disponível em: <http://www.populationdata.net/indexcarte.php? option=pays&pid=203&mid=1840&nom=sri-lankaguerre-2008>. Acesso em setembro de 2011.

Em uma guerra civil de cunho separatista, a questão territorial é fundamental. Explique a afirmação.

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Redes do conhecimento 6. Leia o texto e responda.

O Brasil, onde os portugueses se instalam permanentemente, a partir de meados do século XVI, é constituído por uma série de postos litorais: Trata-se de estabelecer relações com as populações indígenas para lhes comprar ‘pau brasil’, que constitui, durante mais de meio século, o recursos essencial do país. Sabe-se que, a partir de 1540, a cana pode enriquecer. Enquanto produto pesado, só pode ser produzido próximo dos portos que exportam açúcar. Exige solos ricos e pluviosidade abundante, pelo que a cana prospera nos arroteamentos efectuados na Mata Atlântica das planícies costeiras. As dificuldades de transporte são de tal ordem que é impossível cultivá-la nos planaltos que se estendem para lá da serra litoral. [...]

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A mão de obra servil chega facilmente de África, trazida pelo alísio: de Luanda ao Recife, as relações são particularmente rápidas. Mas, o golfo da Guiné contribui igualmente: é do Sul da Nigéria e do Benim que chegam os contingentes, cuja cultura se impõe a todos, em torno das cerimónias do candomblé. O sistema de plantação está em funcionamento a partir do final do século XVI. O senhor do engenho, proprietário das terras, dos escravos, do moinho que tritura a cana, e das instalações que permitem concentrar o suco e produzir o açúcar mascavo, açúcar ou aguardente, a cachaça, domina tudo. A casa grande do proprietário, bem como o alojamento dos escravos, que constitui a senzala, estão no centro da exploração, em que tudo gira à volta do engenho. Como o demonstrou de forma admirável Gilberto Freyre, é nesta conjuntura que se efectua, em grande parte, a mistura de raças e o transplante de elementos africanos no fundo europeu, o que conduz à tropicalização das populações brasileiras (Freyre, 1933). As plantações não se podem desenvolver longe do litoral, por causa da carestia dos transportes, mas suscitam, desde logo, atividades complementares no interior: têm necessidade de gado, tanto para puxar carroças de cana e fazer funcionar os moinhos, como também para fornecer aos plantadores e respectivos escravos a carne de que necessitam: deste modo o sertão povoa-se, apesar das condições naturais adversas que oferece.

CLAVAL, Paul. A construção do Brasil – uma grande potência em emergência. Lisboa: Instituto Piaget, 2004. p. 73-74.

a) De acordo com o autor, quais aspectos relacionados à ocupação inicial do ter-

ritório brasileiro, foram responsáveis pela constituição dos denominados postos tropicais? reProduÇão - FundaÇão BIBlIoteCa naCIonal, rIo de JaneIro

b) Analise de que forma o autor do tex-

to, ba sean do-se na obra Casa grande e Senzala do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, destaca os elementos responsáveis por caracterizar a tropicalização das populações brasileiras. c) Considerando a dinâmica climática

da região, qual o sentido que o autor pretendeu enfatizar com a frase “A mão de obra servil chega facilmente de África, trazida pelo alísio”? Obra Engenho de Açúcar (c. 1835), de Johann Moritz Rugendas.

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geografia Capítulo 4

Questões de vestibulares e do Enem 1. (UFV-MG) Observe as figuras adiante, que representam o uso do espaço de uma cidade em dois momentos distintos: Momento X

Um ano depois

3. (Unicamp-SP)

Desde o fim dos governos militares, a América do Sul tem tido um dos mais baixos gastos militares no mundo. Mas o fim das crises econômicas que assolaram o subcontinente entre os anos 1997 e 2000 propiciou condições financeiras para a reemergência de projetos das Forças Armadas e o crescimento dos orçamentos militares para a segurança e defesa em diversos países da região.

Área de travestis

Limite territorial

(SOUZA, Marcelo José Lopes. “O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento”. In: CASTRO, I. E. de; CORRÊA, R. L.; GOMES, P. C. da C. (Org.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.)

O uso e a apropriação de determinados espaços pelos agentes sociais definem fronteiras que são determinadas por relações de poder. Tal processo estabelece uma ordem espacial, em que um grupo exerce poder sobre o espaço. Assinale o conceito geográfico que está relacionado às práticas espaciais expressas nas figuras acima: a) Região. b) Paisagem. c) Lugar. d) Território. e) Ambiente.

2. (UFPR)

A ação lusitana, nos primeiros séculos de colonização, foi decisiva para a formação de um país de grande extensão territorial que foi, gradativamente, absorvendo o espaço conquistado, mediante tratados sucessivos — Tordesilhas, Madri e Santo Ildefonso — para efetivar esta territorialização à proporção que a população crescia e que os meios de comunicação e de transporte permitiam.

(ANDRADE, M. C. A questão do território no Brasil. São Paulo/Recife: Ipesp/Hucitec, 1995.)

Essa citação destaca a expansão do território do Brasil, que inicialmente compreendia apenas o território situado a leste da linha de Tordesilhas. Explique os principais processos que proporcionaram tal expansão.

a) De quais assuntos se ocupa a agenda de se-

gurança e defesa dos governos nacionais? b) Quais as principais motivações para a mo-

dernização das Forças Armadas por parte dos países sul-americanos?

4. (UFRGS-RS) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do parágrafo abaixo, na ordem em que aparecem. Com cerca de 23 mil quilômetros de linha divisória, o Brasil limita com a grande maioria dos países da América do Sul, embora o seu maior limite territorial seja com o oceano Atlântico (7,3 mil quilômetros). Os dois países que têm as maiores fronteiras com o Brasil e . são, em ordem decrescente, O menor limite, de apenas 593 quilômetros, . é com

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Área de prostituição

(Adaptado de Rafael Duarte Villa, “Corrida armamentista ou modernização de armamentos na América do Sul: estudo comparativo dos gastos militares”. Estudos e Cenários, dez. 2008, p. 48-49. Disponível em http://observatorio.iuperj.br e http://necon.iuperj.br. Acesso em 25/10/2010.)

a) a Bolívia – o Peru – o Suriname. b) a Bolívia – o Peru – o Uruguai. c) o Peru – a Colômbia – o Uruguai. d) o Peru – a Bolívia – o Suriname. e) a Colômbia – a Venezuela – a Guiana.

5. (Udesc) No Brasil a concentração populacional e industrial se dá na costa leste do país. Comente as origens históricas dessa concentração.

6. (Unicamp-SP) A figura a seguir, a despeito de apresentar a delimitação territorial atual do Brasil, representa a formação espacial colonial-escravista brasileira na passagem

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do século XVIII para o século XIX, momento fundamental para a compreensão da formação territorial do Brasil. A figura delimita as diversas atividades econômico-demográficas, do que resulta um dado arranjo espacial.

de uma dinâmica industrial brasileira não se difundiu em relação direta ao tamanho da população concentrada em estados como Bahia e Rio Grande do Sul. IV. Pode-se dizer que na Região Concen-

Formação espacial colonial-escravista do Brasil

EQUADOR

III. A tendência no século XX de afirmação

Capítulo 4

Questões de vestibulares e do Enem

trada há maior mobilidade e integração econômica, dificilmente difundida pelo restante do território. Essa região pode ser considerada o embrião da polarização encontrada no Sudeste, que assegura a São Paulo um papel inconteste de metrópole econômica do País. a) Apenas as assertivas I e III estão corretas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

b) Apenas as assertivas II e IV estão corretas. c) Apenas a assertiva I está correta. d) Todas as assertivas estão corretas.

OCEANO PACÍFICO

e) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas. TRÓPICO D

Canavieiro

E CAPR ICÓRN

IO

Extrativo vegetal atlântico

8. (PUC-RS)

Pecuária

OCEANO ATLÂNTICO

Mineiro Extrativo vegetal amazônico Comunitário indígena

580 km 50º O

Adaptado de R. Moreira. Formação do espaço agrário brasileiro. São Paulo: Brasiliense, 1990. p. 13.

2

a) Relacione as áreas de pecuária, no final do

século XVIII, aos biomas existentes no Brasil.

1

3

b) A expansão da atividade pecuária pelo ter-

ritório esteve vinculada também ao tropeirismo. Descreva o papel da atividade pecuária e do tropeirismo na constituição do território brasileiro.

TRÓPICO DE CAPR ICÓRNIO

5

7. (PUC-PR) O Brasil dispõe de um território fi-

6

siograficamente diferenciado, com uma grande variedade de sistemas naturais que foram moldados para a ocupação e utilização comercial e industrial em benefício do homem. Dado esse contexto, considere as assertivas a seguir e marque a alternativa CORRETA: I. A conquista da terra por atividades eco-

nômicas modernas mostra a escolha, em cada momento, de áreas diversas de implantação; de início é sobretudo o litoral brasileiro que é ocupado. II. A

formação socioterritorial brasileira cons­titui-se a partir das heranças de ocupação e das lógicas econômicas, demográficas e políticas da contemporaneidade.

4

9

7

OCEANO

8

350 km

ATLÂNTICO

50º O

As áreas assinaladas por 2, 3 e 5 estão situa­ das, respectivamente, nos estados a) Paraná – Rio Grande do Sul – São Paulo b) Mato Grosso – Tocantins – Espírito Santo c) Goiás – Minas Gerais – Paraná d) São Paulo – Santa Catarina – Rio de Janeiro e) Minas Gerais – Bahia – Sergipe

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Capítulo

reprodução – bibliothèque nationale de france, paris

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As ordens mundiais

Objetivos do capítulo 4 Compreender e aplicar o conceito de

4 Identificar as mudanças no equilíbrio

de poder entre as nações durante o período imperialista e nas sucessivas guerras mundiais. 4 Reconhecer a ordem bipolar e seus

impactos durante o período da Guerra Fria. 4 Analisar fatos e situações que levaram

ao fim da bipolaridade, relacionando-a à desagregação da União Soviética e ao fim do bloco socialista europeu.

Responda.

1. Que período é retratado em cada

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ordem mundial e o papel precursor da Paz de Westfália para sua constituição.

imagem?

2. O que essas imagens têm em comum?

Figura 22.1 Diferentes contextos mundiais vivenciados são representados nas duas charges. Fontes: Disponível em: <www.free-photos.biz/ photographs/industry/fasteners/218675_china_ imperialism_cartoon.php>; <http://tr.toonpool.com/cartoons/Cold%20 war%20again%3F_20115>. Acesso em novembro de 2011.

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as ordens mundiais

a busca pela ordem mundial

A história moderna testemunhou várias tentativas de constituição de uma ordem mundial. Entende­se por ordem mundial a tentativa de regulamentar o relaciona­ mento entre os Estados, por meio de acordos consubstanciados em tratados de paz, assinados pelas grandes potências da Europa e, posteriormente, envolvendo o mundo todo, a fim de evitar as guerras e garantir a paz. Cronologicamente, a primeira grande tentativa de construção de uma regulação internacional visando à convivência pacífica foi o Tratado de Westfália, assinado em 1648 nessa cidade alemã. Os especialistas apontam o tratado (também denominado de Paz de Westfália) como o acordo inaugural que propiciaria por algum tempo regras de convivência entre as nações e, em consequência, uma ordem internacional.

CapítulO 22

1

22.1 Biblioteca do estudante Mídias em rede

22.2 Conteúdo multimídia Vídeo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a Paz de Westfália e as razões de estado A Europa encontrava­se destruída por guerras de cunho religioso – as chamadas “guerras de confissão”, nas quais a Liga de Estados Católicos lutou contra os pro­ testantes. Nesse contexto, o tratado representou o fim de hostilidades (que haviam perdurado por trinta anos, de 1618 a 1648), bem como a criação de um arcabouço jurídico, que garantiriam a emancipação dos Estados nacionais diante da Igreja e do Sacro Império Romano­Germânico. A partir daquele momento, as maiores potências do período buscaram sua proteção por meio não apenas do poderio bélico, mas por alianças ditadas por conveniências políticas, dentro de uma lógica de equilíbrio de poderes estabelecida pelas Raisons d´Etat (razões de Estado), o que significava que, acima de compromissos históricos, éticos ou religiosos, os Estados estabeleciam alianças a partir do que seria considerado melhor para sua segurança e para seus interesses estratégicos.

imperialismo: uma ordem mundial imposta pela europa ao mundo A busca pela garantia do equilíbrio entre os interesses estratégicos das grandes potências conheceu um novo momento no século XIX, quando os países europeus ex­ pandiram seus domínios territoriais e suas áreas de influência política nos continentes africano e asiático; lá puderam encontrar a oferta de recursos naturais demandada pela crescente industrialização europeia. Por um lado, as economias industrializadas dependiam crescentemente de novas fontes de matérias­primas e, por outro, expe­ rimentavam crises de superprodução que as obrigavam a buscar mercados externos (sobretudo na Ásia) para vender seus excedentes. Do ponto de vista político, os Estados europeus priorizavam o aumento de suas forças militares a fim de fortalecer sua posição entre as nações potencialmente rivais. Iniciou­se uma ferrenha disputa pela ocupação de novos territórios e pela expansão de áreas de influência ou controle. As hostilidades entre as nações colonizadoras acirraram o nacionalismo dos europeus. Formaram­se complexos sistemas de aliança, por meio dos quais se procurava obter vantagens comerciais e garantias de segurança mútuas. A busca por novas áreas de dominação e a corrida armamentista dela derivada resultaram na Primeira Guerra Mundial, ocorrida entre 1914 e 1918. O frágil e com­ plexo equilíbrio de poder ruiu, dando lugar a novas e frustradas tentativas, como a da

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geografia

2

A expansão dos Estados Unidos Observe a situação do território estadunidense para entender por que, para muitos estrategistas, ela representa sua condição de país baleia (figura 22.2) – termo que faz referência à extensão de sua influência nos oceanos Atlântico e Pacífico.

Figura 22.2 Estados Unidos: área de influência direta

OCEANO PACÍFICO

Expansionismo territorial estadunidense

Tóquio

AMÉRICA POLO NORTE DO NORTE MAGNÉTICO

ÁSIA ORIENTAL

Washington D.C. CARIBE

AMÉRICA DO SUL

Bruxelas

EUROPA

OCEANO ÍNDICO

OCEANO ATLÂNTICO

ÁFRICA

Representação sem escala. Fonte: OSTER, Daniel; BONNET, Elisabeth. Les croquis de Géographie. Paris: Vuibert, 1988. p. 86.

O mapa da figura 22.2 representa a forma como os Estados Unidos assumiram o controle de vastas saí­ das pelo Atlântico e pelo Pacífico. Investindo na força naval, expandiram sua influência na América Latina e controlaram o Pacífico, consolidando-se, desta forma, como potência marítima. Em 1776, quando as treze colônias se tornaram independentes do Reino Unido e constituíram os Esta­ dos Unidos, seu território tinha menos de 1 milhão de km2. Essa faixa de terras localizada na porção leste da América do Norte, entre o Oceano Atlântico e os Montes Apalaches, foi o início de um “império”. Após a independência, o país passou a conquistar, incorporar e comprar terras, de forma que, no final do século XIX, o território compreendia mais de 8 milhões de km2, conforme se pode observar na figura 22.3.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Capítulo 22

Liga das Nações (1919). Os resquícios da Primeira Guerra e a radicalização ideológica daí resultante produziram um novo conflito mundial, após o que viria a se constituir o sistema bipolar de poder, conhecido como Guerra Fria. Analisaremos, a seguir, o processo pelo qual os Estados Unidos e a União Soviética dividiram o controle da ordem internacional, após a Segunda Guerra.

Figura 22.3 Estados Unidos: expansão territorial Fro delim nteira itada em 18 4

CANADÁ

Cedido pela Grã-Bretanha em 1818

40° N

LOUISIANA Comprada da França em 1803

OCEANO PACÍFICO

Comprado do México em 1853

TEXAS Anexado em 1845

Filadélfia Washington D.C.

Charleston FLÓRIDA Comprada da Espanha em 1819

MÉXICO 450 km

Nova York Adquirido no Tratado de Versalhes em 1783

As t reze

CALIFÓRNIA Anexada em 1848

Boston

colô nias

6

OREGON Cedido pela Grã-Bretanha em 1846

Fronteira delimitada em 1818

Golfo do México 90° O

OCEANO ATLÂNTICO

Fonte: VIDAL-NAQUET, Pierre; BERTIN, Jaques. Atlas histórico: da Pré-História aos nossos dias. Lisboa: Círculo de Leitores, 1990.

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Capítulo 22

Essa ampliação territorial e regional apoiava-se em uma política interna expan­ sionista, consolidada em 1823 pela Doutrina Monroe: o então presidente James Monroe defendia “a América para os americanos”, pregando o apoio dos Estados Unidos à soberania das novas nações independentes tanto da América espanhola como da portuguesa. Além de consolidar o caráter expansionista dos Estados Unidos, essa doutrina deixou claro que não seriam admitidas novas intervenções coloniais europeias na América. Tal doutrina ainda forneceu ao país justificativas para a própria expansão ao incorporar terras anteriormente pertencentes a franceses, espanhóis e britânicos. Uma segunda fase expansionista, rumo ao oeste, foi ideologicamente orientada pelo Destino Manifesto, que surgiu em meados do século XIX. Essa doutrina pode ser entendida como uma ideia sustentada por preceitos religiosos puritanos e ­apoiada no princípio das “fronteiras naturais”. Segundo esse princípio, a segurança dos Esta­ dos Unidos dependeria do controle total das terras voltadas para o Atlântico e para o Pacífico. Por um lado, o Destino Manifesto prega­ va a igualdade entre os colonos; por outro, impunha a superioridade do homem branco estadunidense sobre as populações indígena e mexicana, como também sobre os negros – usados como mão de obra escrava, principal­ mente no sul do país (figura 22.4). No final do século XIX, a expansão territo­ rial dos Estados Unidos já estava completa e se iniciou um processo de expansão continental de sua área de influência. No início do século XX, os Estados Unidos já eram uma das economias mais fortes do mundo. Seu desenvolvimento industrial foi desencadeado por novas tecnologias, ou seja, pela eletricidade, incorporação do petróleo como combustível e pela criação da linha de montagem – impulsionando de forma decisiva a indústria automobilística. Também foi responsável por fazer do país a locomotiva econômica do século XX. Além disso, sua crescente influência geopolítica, no período entre as guerras mun­ diais, formou a base de uma hegemonia que se consolidou após a Segunda Guerra Mundial. A partir de 1945, os Estados Unidos projetaram-se no mundo com amplos investimentos no setor de armamentos, influenciando grandes decisões do mundo contemporâneo. Essa projeção internacional dos Estados Unidos coincidiu com a constituição de um mercado cultural de consumo de massa, ligado ao enorme avanço técnico dos meios de comunicação. O cinema e a música estadunidenses ultrapassaram as fronteiras do país, expandindo-se conjuntamente ao modo de vida urbano-industrial (e no consumo dele decorrente), que se consolidava nos Estados Unidos nessa época. Um dos ritmos estadunidenses que se globalizou foi o rap, que compõe a cultura hip-hop (figura 22.5). Embora o hip-hop tenha se expandido pelo mundo em função de práticas imperialistas dos Estados Unidos, sua apropriação por jovens urbanos de diversas cidades do mundo se dá por seu discurso inconformista, associado a uma crítica quanto à marginalidade de grupos sociais urbanos. Isso o torna um importante movimento cultural urbano da atualidade. Reprodução – Buffalo Bill Historical Center, Cody

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As ordens mundiais

Figura 22.4 A última batalha de Custer (1876), óleo sobre tela de Edgar Samuel Paxson. Na conquista do Oeste da América do Norte, o general Custer simbolizou a luta que destruiu, sobretudo, nações indígenas, entre outros povos.

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GEOGRAFIA CAPÍTULO 22

Figura 22.5

A cultura hip-hop

22.3

Misturadas na periferia de Nova York, as culturas de vários povos transformaram-se em novas danças, músicas e outras diversões que hoje influenciam jovens do mundo todo.

N

os anos 1970, a recessão e o desemprego nos Estados Unidos agravaram a decadência do mais pobre distrito de Nova York (NY), o Bronx. A prefeitura, quase falida, tirou do Bronx serviços básicos como educação, assistência social e até bombeiros, quando incêndios diários consumiam seus quarteirões miseráveis. Metade da classe média, majoritariamente branca, mudou-se, enquanto chegavam imigrantes e aumentava a diversidade local. Nessa vizinhança multicultural, gueto de Nova York, mais de dois terços das crianças e jovens eram negros e latinos. Com poucas opções de lazer, educação e trabalho, eles inventaram formas de diversão e expressão com seu próprio vocabulário e a cadência de suas falas e corpos, iniciando o hip-hop.

Biblioteca do estudante Mídias em rede

Disc Jockeys Em 1973, o DJ Kool Herc, então um adolescente jamaicano, adaptava ao gosto local as Sound Systems (discotecas ao ar livre da Jamaica) e disseminava no distrito sua técnica de rimar ao microfone na batida da música e o uso de dois toca-discos para repetir e estender os breaks (trechos musicais percussivos).

Grafiteiros Nos anos 1960, assinaturas grafitadas cobriram NY. Disputando atenção e espaço, novos estilos surgiram e, nos anos 1970, circulavam trens e metrôs inteiramente grafitados que deixaram a cidade atônita.

DJ Afrika Bambaataa DJ Kool Herc

Rap Agitar o público com chamadas e bordões virou uma marca de DJs do Bronx, que, para melhorar seus shows, passaram o microfone para rappers ou MCs, especialistas em criar rimas.

A Nova Cultura Dançarinos As danças do Bronx sofriam influências como o funk de James Brown e a salsa, comuns pelo país, e outras exclusivas, como as gangues e as festas dos DJs locais, onde surgiu o break e seus dançarinos, os b-boys e as b-girls.

O DJ Afrika Bambaataa, ex-líder de uma gangue de rua, resolveu melhorar sua comunidade, inspirado nas lutas pelos direitos civis. Para isso, criou a ONG Zulu Nation e, em 1974, passou a pregar que DJs, MCs, b-boys e grafiteiros eram elementos de uma nova cultura, que batizou de hip-hop.

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Reconhecimento inicial

CAPÍTULO 22

As ordens mundiais

Estouro comercial mundial

Parte da elite começou a consumir e divulgar grafites. No fim dos anos 1970 havia uma geração de artistas plásticos inspirados por grafiteiros que, por sua vez, expunham em galerias de NY e até na Itália.

Em 1979, uma pequena gravadora juntou três rappers amadores, os batizou de Sugar Hill Gang e, sem DJ, gravou “Rapper’s Delight”. O rap vendeu milhões de discos e lançou mundialmente o gênero, que se tornou o elemento mais conhecido do hip-hop. Keith Haring

Basquiat Nelson Triunfo DJ Hum

Thaíde

Em toda parte, a ideia de cultura hip-hop chegou depois de seus elementos. No Brasil, o rapper Thaíde conta que só em 1984 “Beat Street abriu a cabeça de muita gente para o hip-hop…[e] todo mundo se tocou que aquilo era um movimento”.

Ligando os elementos Em 1981, grafiteiros chamaram DJs, MCs e b-boys para suas exposições. Quando o centro de NY os viu juntos, conectou-os. Seus shows coletivos viraram moda e, com filmes mostrando-os no Bronx, como Wild Style (1982) e Beat Street (1984), ajudaram a consolidar a ideia da cultura hip-hop.

Difusão e incorporação global Em 1980, o grupo punk inglês The Clash fez um rap e aqui o artista Miéle fez uma versão de “Rapper’s Delight” chamada “Melô do Tagarela”. Em 1982 o grupo do b-boy pernambucano Nelson Triunfo foi ao Programa Sílvio Santos e o jazzista Herbie Hancock (EUA) gravou com um DJ.

Muito além dos quatro elementos Três décadas depois de ser globalizado como cultura de massa dos EUA, o hip-hop evolui com novos elementos, situações e influências. Na educação, por exemplo, o hip-hop tem sido mundialmente usado no incentivo à escrita e outras formas de expressão, como nas oficinas da Casa do Hip-Hop, na periferia da cidade de Diadema (SP), e no Living Word, uma companhia teatral hip-hop de San Francisco (EUA) influenciada pela Pedagogia do Oprimido, do educador brasileiro Paulo Freire.

Esses projetos valorizam a comunidade com ideais de justiça social, mas o democrático hip-hop também pode expressar ideais opostos, como no individualista bordão “Fique rico ou morra tentando”, do rapper 50 Cent, astro do violento rap comercial dos EUA da virada do século. Entre aspirações tão diferentes, o hip-hop influencia o surgimento de novos gêneros em Cuba, Coreia do Sul, Brasil e outras regiões onde seus elementos se tornaram parte das artes populares locais.

Fontes: CHANG, J, Can’t stop won’t stop: a history of the hip-hop culture. Nova York: Picador, 2005; ALVES, C, Pergunte a quem conhece: Thaíde. São Paulo: Labortexto, 2004; Universal Zulu Nation. Disponível em: <www.zulunation.com/hip_hop_history_2.htm>. Acesso em: 1o jun. 2012.

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geografia Capítulo 22

3 O expansionismo soviético Em 1922, quando se formou, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) era composta de áreas pertencentes ao antigo Império Russo. Aos poucos, com a anexação do território de outras 14 repúblicas, tornou-se o mais extenso país do mundo, ultrapassando 22.400.000 km2 − o que representava 16% das terras emersas do planeta. De toda a extensão, 17 milhões de km2 correspondiam à Rússia. Em oposição aos Estados Unidos (chamado “a baleia” por seu poderio naval), a União Soviética era representada pela figura do urso, em referência ao extenso território soviético e por ser uma potência sobretudo terrestre.

Observe os mapas a seguir, em que se pode visualizar a expansão do Império Russo (figura 22.6) e perceber como as antigas fronteiras soviéticas se superpõem à área da CEI (figura 22.7). Figura 22.6 Expansão do Império Russo

Ufa Ufa 1586 1586

CRIMEIA CRIMEIA 1783 1783 40° N 40° N

Krasnoiarsk Krasnoiarsk 1628 1628

Omsk Omsk 1716 1716

Irkutsk Irkutsk 1652 1652

IEREVAN IEREVAN 1828 1828

Petropavlovski Petropavlovski 1740 1740

I. I. Sacalina Sacalina 1875 1875

Khabarovsk Khabarovsk 1858 1858

55 KKUURRILILAASS119944

Iakutsk Iakutsk 1632 1632

MOSCOU MOSCOU

ALASCA ALASCA 1792-1867 1792-1867

Anadyr Anadyr 1762 1762

Is. Is. da da Nova Nova Sibéria Sibéria

Verkoiansk Verkoiansk 1638 1638

Arkhangelsk Arkhangelsk 1584 1584

LITUÂNIA LITUÂNIA 1795 1795

EsEs trtr

OO TITCIC ÁR ÁR AR LALR OO LO LOP P CU CÍCRÍC RU

Is. Is. Terra Terra do do Norte Norte 1913 1913

gg inin

eB Ber .. d de er

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Hoje, não se fala mais em União Soviética, e é pouco citada a Comunidade de Estados Independentes (CEI) − aliança político-econômica e militar entre 12 das 15 ex-repúblicas soviéticas, dada como substituta do antigo bloco soviético. A herança da antiga URSS ficou, sem dúvida, para a maior de suas repúblicas: a Rússia.

Vladivostok Vladivostok 1860 1860

BAKU BAKU 1806 1806 PAMIR PAMIR 1895 1895 80° L 80° L

Principado Principado de de Moscou Moscou em em 1462 1462 Expansão entre Expansão entre 1462 1462 e e 1689 1689

Expansão Expansão entre entre 1689 1689 e e 1855 1855 Expansão Expansão entre entre 1855 1855 e e 1914 1914

580 km

Fronteira da da URSS URSS Fronteira entre 1945 1945 e e 1991 1991 entre

Fonte: Adaptado de FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2010. p. 98.

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As ordens mundiais

Limite da URSS Comunidade dos Estados Independentes (CEI) Federação Russa

Capítulo 22

Figura 22.7 Fragmentação da URSS

180º L

ÍR

CU

LO

PO

LA

RTI CO

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

LETÔNIA ESTÔNIA LITUÂNIA

C

8 16

Minsk BELARUS Kiev Moscou

9

OCEANO PACÍFICO

20º L

MOLDÁVIA UCRÂNIA

11

Chisinau

4 10 15 13 1

7 6 35 GEÓRGIA 12 Tbilisi ARMÊNIA AZERBAIJÃO Ierevan

FEDERAÇÃO RUSSA

Astana

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Baku

UZBEQUISTÃO TURCOMENISTÃO Tachkent Bishkek QUIRGUISTÃO Achkhabad Duchambe TADJIQUISTÃO

750 km 60º L

14

40º N

2

CAZAQUISTÃO

1 – Bashkortostão 2 – Buriátia 3 – Chechênia-Inguchétia 4 – Tchuváchia 5 – Daguestão 6 – Kabardino-Balkária 7 – Kalmíkia 8 – Carélia100º L

9 – Komis 10 – Maris 11 – Mordóvia 12 – Ossétia do Norte 13 – Tartária 14 – Tuva 15 – Udmúrtia 16 – Iakútia

140º L

Fonte: DEVOS, W.; GEIVERS, R. Atlas histórico universal. Madri: Bruño, 2005. p. 87.

A Revolução Russa No início do século XX, uma das características do imenso Império Russo era o grande atraso econômico em relação aos países da Europa Ocidental. Era um país agrário e semifeudal, com 80% da população composta de camponeses ainda presos a laços servis, trabalhando para senhores de terras. O poder absoluto do Estado russo estava centralizado nas mãos do imperador, o czar Nicolau II, apoiado pela Igreja Ortodoxa Russa e pela nobreza proprietária de terras. A indústria russa iniciou seu desenvolvimento nas últimas décadas do século XIX: concentrava-se em algumas grandes cidades (como Kiev, Moscou e São Petersburgo) e adotava os avanços técnicos do Ocidente. Embora estivesse crescendo, o capitalismo russo era financiado por investimentos estrangeiros, principalmente franceses, alemães e ingleses. Isso impediu que nascesse no país uma burguesia capaz de liderar o desenvolvimento capitalista, ao mesmo tem­ po que fez surgir um proletariado urbano forte, organizado e combativo, de estreitos vínculos com os camponeses, em razão de suas origens rurais. A Rússia czarista vivia ainda sob um regime absolutista, apontado como principal responsável por seu atraso e sua pobreza. Por isso os trabalhadores começaram a or­ ganizar grupos de oposição ao regime, entre os quais apareceram os primeiros grandes líderes revolucionários, inspirados no socialismo científico. Sob essa orientação foi fundado, em 1898, o Partido Operário Social-Democrata Russo. Após a derrota do país na Guerra Russo-Japonesa, cujo objetivo era obter o domí­ nio da Coreia e da Manchúria, no início de 1905, os operários russos começaram a se or­ganizar em comitês (os sovietes). Com a criação de vários sovietes, o movimento revo­lucionário se fortaleceu e passou a promover constantes revoltas e greves. O auge des­se movimento foi o episódio conhecido como Domingo Sangrento, ocorrido em São Petersburgo, em 1905, em que uma manifestação pacífica terminou em massa­ cre popular.

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geografia Capítulo 22

A entrada do Império Russo na Primeira Guerra Mundial, integrando a Tríplice Entente, ao lado da França e do Reino Unido, resultou na morte de milhares de sol­ dados russos e aprofundou a crise, desorganizando a produção econômica. Em 25 de outubro de 1917, a Guarda Vermelha − formada por milicianos operários e apoiada por militares − desencadeou a insurreição que culminou com a tomada do Palácio de Inverno. Na mesma noite, na sessão inaugural de um congresso de sovietes, o líder revolucionário Vladimir Ilitch Ulianov, conhecido como Lênin, afirmou: “O exer­ cício de todo poder é transferido aos sovietes de deputados operários, camponeses e soldados. Passemos agora à construção da nova ordem socialista”. Em seguida, organizou-se o Conselho de Comissários do Povo − presidido por Lênin, que decretou a reforma agrária e a estatização dos bancos e das fábricas. Um novo “império” descortinou-se nesse momento, com a criação do primeiro Estado socialista no mundo.

AFP Photo/Getty Images

Após a morte de Lênin, em 1924, a recém-formada União das Repúblicas Socialis­ tas Soviéticas passou a ser dirigida por Josef Stálin, um dos líderes da Revolução Russa (figura 22.8). Venerado por uns e odiado por outros, governou o país de 1924 a 1953.

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Stálin e o Estado soviético

Figura 22.8 Lênin, à esquerda, e Stálin (Rússia, 1922).

Ao assumir o poder, Stálin massacrou todos os seus adversários. Muitos dos líderes que, com ele e Lênin, comandaram a revolução (mas se opunham a seus métodos e ideias) foram expulsos dos quadros dirigentes do Partido Comunista (PC) soviético ou perseguidos e mortos. Com o poder nas mãos e empregando a força, foi fácil agir sem oposição; mais que o poder do socialismo, a União Sovié­tica sentiu o poder do stalinismo. Josef Stálin comandou a elaboração dos Planos Quinquenais com o objetivo de organizar a economia soviética nos moldes socialistas. Na década de 1940, determinou alterações nesses planos, redirecionando os investimentos para a indústria pesada e de armamentos, em prejuízo do abastecimento da população. Ainda desenvolveu a coletivização forçada da propriedade rural, criando os kolkoses (cooperativas agrícolas) e os sovkoses (fazendas estatais), que reduziram a produtividade no campo. Também difundiu valores que desencadearam conflitos étnicos no final do século XX.

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Capítulo 22

A expansão do socialismo no Leste Europeu ocorreu pela força. O regime foi imposto na região pela presença dos tanques soviéticos após o término da Segunda Guerra Mun­ dial. A criação do bloco socialista do Leste nada mais foi que a extensão do poder de Stálin − que usou a força militar de Moscou para garantir a influência soviética nas áreas ocupa­ das por suas tropas durante a guerra (figura 22.9). Nos países do Leste Europeu, o socialismo ficou associado à imagem de um sistema ditatorial, centrali­ zador, monopartidário, estatizante e ateísta. Essa postura prevaleceu em contraposição ao caráter ori­ ginalmente libertador da doutrina marxista.

Bettmann/Corbis/Latinstock

As ordens mundiais

Figura 22.9 Tanques soviéticos em Praga (Tchecoslováquia, 1968).

As conferências do pós-guerra No início de 1945, antes do término oficial da Segunda Guerra Mundial, os princi­ pais países vencedores − Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido − realizaram duas conferências, nas quais se definiram as áreas de influência dessas potências.

A Conferência de Yalta

Bettmann/Corbis/Latinstock

A primeira conferência ocorreu em fevereiro de 1945, na cidade de Yalta, na União Soviética (figura 22.10). Nela se discutiu o futuro dos territórios do Leste Europeu que haviam sido invadidos pelos nazistas e libertados pelo Exército soviético.

Figura 22.10 Conferência de Yalta (União Soviética, 1945). Stálin, de quepe, e Churchill (então primeiro-ministro do Reino Unido) sentados ao lado de Roosevelt (presidente dos Estados Unidos na época). A União Soviética estava na cúpula das lideranças políticas mundiais.

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geografia Capítulo 22

As resoluções de Yalta reconhece­ ram a importância da União Soviética na Segunda Guerra, determinando que ISLÂNDIA fossem devolvidos a esse país os territó­ rios perdidos no final da Primeira Guerra: os países bálticos (Estônia, Letônia e FINLÂNDIA Lituânia), parte da Polônia e a Bessarábia, UNIÃO NORUEGA SOVIÉTICA perdida pela Romênia (figura 22.11). SUÉCIA O objetivo central da Conferência DINAMARCA MAR MAR DO BÁLTICO IRLANDA REINO de Yalta era decidir a situação dos paí­ UNIDO NORTE PAÍSES ses libertados do nazismo pelas forças BAIXOS POLÔNIA RDA BÉLGICA soviéticas. Optou-se pela formação RFA MAR TCHECOSLOVÁQUIA de governos provisórios, controlados CÁSPIO OCEANO ÁUSTRIA HUNGRIA ATLÂNTICO FRANÇA SUÍÇA pelos partidos comunistas em coliga­ ROMÊNIA MAR NEGRO ção com outros partidos que haviam IUGOSLÁVIA BULGÁRIA ITÁLIA lutado contra o nazismo. As exceções ESPANHA TURQUIA ALBÂNIA foram a Iugoslávia e a Albânia, que se GRÉCIA viram livres do nazifascismo graças aos ÁSIA União Soviética próprios exércitos. Na Iugoslávia, a lide­ Territórios anexados à União Soviética em Yalta 480 km MAR MEDITERRÂNEO rança foi do marechal Josep Broz Tito; na Albânia, de Enver Hoxha. Fonte: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Nesse momento, percebe-se claramente a influência marcante da União Sovi­ética; Atlas histórico mundial. com um poderoso Exército, sua presença tornou-se decisiva no cenário mundial. Madri: Istmo, 1983. p. 528-530. Os partidos comunistas − influenciados e alinhados à URSS − passaram, então, a dominar os países da Europa Oriental. Após alguns anos, deveriam ocorrer eleições livres, mas isso não aconteceu. Figura 22.11 A partilha da Europa na Conferência de Yalta 30° L

50° N

A Conferência de Potsdam Em julho de 1945, realizou-se uma conferência em Potsdam (subúrbio de Berlim), na Alemanha, com a presença dos Estados Unidos, do Reino Unido e da União Sovié­ tica. Os soviéticos haviam ocupado todo o leste alemão, enquanto estadunidenses e britânicos dominavam o oeste. O tema do encontro foi a definição dos rumos da Alemanha, principal perdedor da Segunda Guerra. O resultado foi a divisão do país e de sua capital, Berlim, em quatro zonas de ocupação: a estadunidense, a soviética, a britânica e a francesa. A França só entrou na partilha por decisão dos Estados Unidos e do Reino Unido, aos quais interessava manter o aliado na esfera de influência do capitalismo. As decisões tomadas na Conferência de Potsdam não dividiram a Alemanha em quatro Estados, mas determinaram quatro áreas de ocupação militar na capital alemã e no restante do país. A ideia inicial concebia a desocupação das tropas e a reorgani­ zação da Alemanha, mais uma vez, como um país independente e unido que possuísse um governo democraticamente eleito − o que, no entanto, não ocorreu.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

LUXEMBURGO

Analisando as conferências Na Conferência de Yalta, os soviéticos tiveram uma grande vitória, mas em Potsdam foram obrigados a aceitar a divisão da Alemanha e da cidade de Berlim. Em Yalta, o Reino Unido e os Estados Unidos aceitaram a influência soviética no Leste Europeu porque não havia outra saída: na época, a União Soviética dispunha do maior e mais poderoso Exército do mundo e, se continuasse avançando, no fim da Segunda Guerra poderia ocupar a Europa inteira. Dessa forma, o mapa militar da guerra transformou-se em mapa político, e a União Soviética tornou-se a potência hegemônica do Leste Europeu.

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as ordens mundiais

a força da bipolaridade

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Analisando o mapa a seguir (figura 22.12), pode­se perceber que o referencial geo­ gráfico para a divisão do mundo em Oriente e Ocidente é o meridiano de Greenwich − linha imaginária que passa por Londres. Contudo, parte da França e muitos países que correspondem ao que se convencionou chamar de Europa Ocidental encontram­se geograficamente localizados, de fato, no Hemisfério Oriental do mundo.

22.5 Biblioteca do estudante Mídias em rede

NW I CH

Figura 22.12 europa ocidental e europa oriental na geopolítica do pós-guerra

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IAN O

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CapítulO 22

Por que, então, o avanço soviético foi contido na Conferência de Potsdam? A res­ posta para o fim desse avanço veio dos Estados Unidos. Dias antes da conferência, os Estados Unidos testaram a primeira bomba atômica no Deserto de Los Álamos, na Califórnia, e isso teve um significado geopolítico fundamental. Se os soviéticos dispunham do maior Exército, os estadunidenses tinham o mais poderoso armamento. Durante as duas conferências, estabeleceram­se as bases para a instalação do que se denominou Guerra Fria, embora esta não tenha começado de fato nesse período. Para muitos especialistas, o início deu­se em 1947, quando as superpotências come­ çaram a disputa pelo controle da Europa. A Guerra Fria pode, portanto, ser definida como o período em que as duas su­ perpotências − Estados Unidos e União Soviética − disputavam o controle mundial expandindo suas áreas de influência por meio do poderio militar e de seus sistemas socioeconômicos.

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DINAMARCA n

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BÉLGICA LUXEMBURGO

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PAÍSES BAIXOS

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“Cortina de ferro”

Fonte: Adaptado de CHALIAND, Gérard; RAGEAU, Jean-Pierre. Atlas stratégique. Paris: Complexe, 1988. p. 39.

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geografia Capítulo 22

Fica claro, então, que a divisão da Europa em Ocidental e Oriental seguiu critérios geopolíticos, ou seja, foi uma divisão respaldada na influência exercida pelas superpo­ tências que emergiram do conflito. Dessa forma, o termo Europa Ocidental referia-se aos países europeus aliados entre si e aliados aos Estados Unidos, de economia capitalista; e ainda opositores da então União Soviética.

Doutrina Truman foi o nome dado a um discurso proferido em 1947 por Harry Truman, então presidente dos Estados Unidos, no qual afirmava que a Europa do final da Segunda Guerra não havia permanecido livre e democrática como se pretendia, porque uma nova tirania se instalara no Leste da Europa, em substituição ao nazismo. Os Estados Unidos comprometiam-se, portanto, a lutar contra essa tirania, a fim de garantir a liberdade dos países da Europa Ocidental contra o expansionismo soviético. No século XIX, um dos grandes problemas dos países europeus tinha sido impedir que uma única potência dominasse o continente. A Doutrina Truman tratava de um problema semelhante, afirmando que a União Soviética tinha condições de dominar a Europa, e os Estados Unidos seriam os “guardiães da parte ameaçada” do continente. Alguns estudiosos e especialistas defendem que essa doutrina marcou o início da Guerra Fria. Após sua adoção, os Estados Unidos empenharam-se em impedir a expansão soviética, promovendo uma guerra disfarçada entre as duas superpotências.

Plano Marshall A consequência imediata da Doutrina Truman foi a elaboração de um plano de re­ construção econômica dos países europeus destruídos pela guerra. Era o Plano Marshall, que previa empréstimos de bilhões de dólares a juros baixos aos países necessitados. A Europa Ocidental, destruída pela guerra, estava sendo sacudida por greves de operários que reivindicavam melhores salários e por passeatas de milhões de desempregados; muitas indústrias haviam fechado ou apresentavam dificuldades financeiras; e ainda a falta de combustíveis emperrava a reconstrução. Nesse cenário de conturbação social, os partidos comunistas e socialistas se fortaleciam, ganhando apoio popular. Nas eleições de 1946, na França e na Itália, os comunistas alcançaram o segundo lugar; muitos analistas afirmavam que, se a crise continuasse, esses dois países logo estariam sob governos esquerdistas. O Plano Marshall visava reconstruir as economias capitalistas na Europa Oci­ dental para garantir o domínio de governos de centro, conservadores e liberais, e evitar que governos comunistas ou socialistas chegassem ao poder e se alinhassem à União Soviética. A estratégia deu certo. O dinheiro do plano foi transferido para a Europa entre 1948 e 1952 − período caracterizado pela acelerada reconstrução da Eu­ ropa Oci­d ental. Com esse afluxo de capitais, os partidos comunistas dos países da Europa Ocidental (que obtinham em média 35% dos votos) passaram a ter apenas 10%.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A Doutrina Truman

5 A Alemanha dividida e a Guerra Fria O Plano Marshall acarretou sérias consequências para a Alemanha. Quando ele foi divulgado, os Estados Unidos anunciaram que queriam aplicá-lo também naquele país. Isso não seria possível, pois, pelo Tratado de Potsdam, qualquer reforma econô­

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Capítulo 22

mica na Alemanha deveria ter o aval das quatro potências − Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido e França. A proposta estadunidense contrariava interesses da União Soviética, que jamais aceitaria ver a parte capitalista da Alemanha forte e reconstruída. Os Estados Unidos resolveram, entretanto, aplicar o Plano Marshall nas três zonas ocidentais da Alemanha e nos três setores ocidentais de Berlim. Para que o plano desse certo, era preciso fortalecer a moeda alemã, corroída pela guerra. Isso foi feito com a criação do marco alemão – nova moeda ancorada no dólar, que circularia nos lados ocidentais da Alemanha e de Berlim. Como não havia proibição à circulação de pessoas entre as zonas estabelecidas, toda a economia do lado soviético corria o risco de ser influenciada pela economia capitalista, e a grande via de contato seria a cidade de Berlim. A União Soviética resolveu bloquear a saída de alimentos e de combustíveis pro­ duzidos no lado oriental de Berlim para o lado ocidental do país, com o objetivo de induzir os Estados Unidos a desistir do controle sobre a parte ocidental de Berlim. A resposta estadunidense foi rápida: criou uma ponte aérea para abastecer o lado ocidental da cidade. Essa ponte aérea − feita em aviões militares de carga estaduni­ denses e britânicos − funcionou por dez meses, realizou uma média de 700 pousos por dia e foi considerada a maior operação de guerra em tempos de paz da história (figura 22.13). Keystone/Getty Images

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As ordens mundiais

Figura 22.13 Movimentação de cargas no aeroporto de Gatow, Berlim Ocidental, na zona de influência britânica (Alemanha, 1948).

Os soviéticos não interceptaram os aviões estadunidenses, e os Estados Unidos não forçaram a passagem por terra à área controlada pela União Soviética, porque nenhuma superpotência queria correr o risco de uma nova guerra. Foram dez meses de tensão, que terminaram com um aparente recuo soviético. Uma semana após esse recuo, os Estados Unidos anunciaram a criação de um novo país: a República Federal da Alemanha (RFA), com a capital em Bonn; dessa forma, a moeda da Ale­ manha Ocidental não influenciaria o lado oriental. Alguns meses depois, em outubro de 1949, a União Soviética anunciou a criação da República Democrática Alemã (RDA). Observe a figura 22.14.

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geograFia CapítulO 22

Figura 22.14 as alemanhas ocidental e oriental 10º L

MAR DO NORTE

DINAMARCA

MAR BÁLTICO Hamburgo

REINO UNIDO

PAÍSES BAIXOS

BÉLGICA

50º N

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POLÔNIA

Potsdam

Bonn

Dresden

Frankfurt LUXEMBURGO

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TCHECOSLOVÁQUIA

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HUNGRIA 150 km

ITÁLIA República Federal da Alemanha

IUGOSLÁVIA

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popperfoto/Getty imaGes

Fonte: Adaptado de CHALIAND, Gérard; RAGEAU, Jean-Pierre. Atlas stratégique. Paris: Complexe, 1988. p. 40.

Figura 22.15 Construção do Muro de Berlim (Alemanha, 1961).

Berlim foi dividida em Berlim Oriental e Berlim Oci­ dental. Para impedir a pas­ sagem de habitantes de um lado para o outro, autorida­ des da Alemanha Oriental, com apoio da União Sovié­ tica, construíram o Muro de Berlim em 1961, conforme mostra a figura 22.15. A divisão da Alemanha − que tinha sido uma das maio­ res potências até a metade da Segunda Guerra − tornou evidente a Guerra Fria. O blo­ queio de Berlim e a ponte aé­ rea estimularam uma aliança militar entre os Estados Unidos e a Europa Ocidental. Não há dúvida de que a contínua escalada militar soviética, bem como a crescente militarização dos Estados Unidos e sua política externa de contenção da expansão do socialismo determinaram a confi­ guração dessa aliança militar. Em 1949, os Estados Unidos e seus aliados criaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), com o intuito de garantir uma zona de segurança na Europa contra o avanço da União Soviética − que, em 1955, respondeu com a criação do Pacto de Varsóvia, aliança militar dos países do Leste Europeu.

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FRANÇA

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As ordens mundiais

Capítulo 22

6 Outros conflitos da Guerra Fria O frágil equilíbrio de poder resultante da constituição das duas grandes potências na segunda metade do século XX conheceu momentos em que as duas rivais − ou a defesa de seus sistemas socioeconômicos − se enfrentaram pelo menos indiretamente. Os dois episódios mais marcantes foram as guerras da Coreia e do Vietnã.

A Guerra da Coreia ocorreu entre 1950 e 1953 em função das hostilidades entre EUA e URSS, posteriores à Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos e a União Soviética − aliados durante a Segunda Guerra e adversários do Império japonês − ocuparam o território coreano a fim de livrar aquela região do domínio nipônico, estabelecido em 1910. Durante o processo de desocupação, a Coreia foi dividida pelo paralelo 38, que demarcava os territórios sob o domínio de cada Exército. A partir dessa divisão territorial resultante da Segunda Guerra, constituíram-se dois países: a Coreia do Norte, comunista e sob a influência da União Soviética, e a Coreia do Sul, capitalista e sob a influência estadunidense (figura 22.16). jo yong-hak/reuters/latinstock

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O conflito na Coreia

Figura 22.16 Patrulha de soldados sul-coreanos ao longo da zona desmilitarizada que separa a Coreia do Norte da Coreia do Sul em Paju (Coreia do Sul, 2010).

Em 1950, após frustradas tentativas de derrubar o governo do Sul, a Coreia do Norte atacou (sem aviso) a capital Seul e ocupou a costa Oeste do país. O governo do Sul reagiu, solicitando aos EUA forças militares para forçar os norte-coreanos a se retirarem de seu território. Três meses após o início do conflito, Seul foi finalmente desocupada e os norte-coreanos se retiraram. Em outubro do mesmo ano, no entanto, as forças dos Estados Unidos avançaram além do paralelo 38 e atacaram a Coreia do Norte. A capital norte-coreana, Phom Phem, foi invadida pelo Exército sul-coreano e pelas tropas americanas, que se aproximaram da fronteira chinesa e provocaram imediata reação de Pequim. A fim de proteger suas fronteiras e eliminar a presença norte-americana, a China enviou tropas em auxílio à Coreia do Norte. Em 1953 começaram as conversações de paz que resultaram no encerramento do conflito. Apesar desse fato, não houve a assinatura formal de um tratado de paz pe­ los governos do Norte e do Sul − o que os deixa até hoje, formalmente, em situação de guerra. A península coreana segue dividida por regimes políticos e econômicos opostos.

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geograFia

22.8 Biblioteca do estudante Mídias em rede

22.9 Biblioteca do estudante Mídias em rede

22.10 Biblioteca do estudante Mídias em rede

22.11 Biblioteca do estudante Mídias em rede

Do século XIX até a Segunda Guerra Mundial, os vietnamitas foram uma colônia francesa. A ocupação da França pelos alemães nos anos 1940 permitiu a autonomia vietnamita desde então. Porém, a partir dos anos 1950, a França iniciou uma tenta­ tiva de reincorporar o Vietnã; este, por sua vez, mantinha o desejo de emancipação política. Esse quadro resultou na Guerra da Indochina (1946­1954). Os militantes da independência vietnamita, comunistas ligados à Liga da Independência, derrotaram os franceses na Batalha de Diem Bien Phu, em 1954. A interferência diplomática norte­ ­americana e europeia ocidental, no entanto, levou a um acordo consubstanciado no Tratado de Genebra − que dividiu o país em Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. Esse tratado previa também um plebiscito para decidir se o território vietnamita seria reunificado ou mantido dividido. No contexto da Guerra Fria, a possibilidade de reunificação do território sob um regime socialista era inconcebível para os interesses políticos e econômicos do mundo capitalista. Apoiado pelas potências ocidentais, ainda em 1954 Ngo Dinh Diem (então primeiro­ministro do Vietnã do Sul) implantou uma ditadura anticomunista. Os Estados Unidos − que já haviam apoiado a França na Guerra da Indochina – começaram a enviar tropas e fornecer treinamento militar para que o novo regime do Sul pudesse impedir o avanço dos comunistas que governavam a porção Norte. Havia, no entanto, grupos comunistas sul­vietnamitas que criaram a Frente Nacional de Libertação (FNL): movimento guerrilheiro determinado de início a pôr fim à intervenção externa dos Estados Unidos, cujos integrantes ficaram conhecidos como vietcongues. A guerra entre o Norte e o Sul teve início em 1957. Os EUA intervieram diretamente com tropas para lutar contra o avanço dos vietcongues. A princípio, a superioridade militar dos exércitos ocidentais fazia crer que o Sul seria vitorioso. O uso de um arsenal bélico avançado em termos tecnológicos, constituído por armas químicas, bombas de fragmentação e de napalm, parecia garantir um fim rápido do conflito. As táticas de guerrilha e o grande conhecimento territorial dos vietcongues produziram grandes reveses às forças norte­americanas. Simultaneamente às derrotas, diversos segmentos da opinião pública norte­americana desaprovavam a participação do país naquela guerra. As sucessivas derrotas militares e políticas fizeram com que o governo norte­ ­americano deixasse o cenário da guerra com a assinatura do Acordo de Paris, em 1973. A guerra civil no Vietnã do Sul prosseguiu até 1976, quando o grupo comunista venceu o conflito e formou a República Socialista do Vietnã.

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CapítulO 22

a guerra do Vietnã

a desagregação da União Soviética

O ano de 1985 foi importante para a União Soviética. Chegava ao poder Mikhail Gorbatchev, que seria o condutor da abertura política e econômica que levaria à desarticulação do país. O cenário desenhado pela bipolaridade ideológica entre EUA e URSS durou até 1989. Nesse período, reformas políticas e econômicas iniciadas na União Soviética por Gorbatchev (secretário­geral do Partido Comunista e comandante do país), bem como o grande avanço tecnológico do Ocidente, acabaram conduzindo à desagregação do bloco socialista no Leste Europeu e à queda do Muro de Berlim.

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A glasnost (transparência política) e a perestroika (uma série de reformas econô­ micas), desencadeadas por Gorbatchev, permitiram a volta das eleições nas repúblicas que integravam o país e uma mudança nos rumos da produção econômica. Para tomar as medidas econômicas, Gorbatchev partiu da constatação de que a economia nacional estava desequilibrada. A corrida armamentista desenvolvera a indústria bélica, mas setores como o da produção de bens de consumo haviam ficado defasados tecnologicamente em relação aos países de economia de mercado. Além disso, havia uma crise na produção de alimentos e faltavam moradias. O alto custo da manutenção das Forças Armadas e das ogivas nucleares dispersas pelo mundo co­ meçava a pesar na economia. A perestroika foi uma tentativa de mudar esse quadro. A glasnost permitiu o surgimento de novas lideranças na União Soviética − entre elas a de Boris Ieltsin, presidente da Federação Russa entre 1991 e 1999. Ieltsin serviu como um obstáculo para as tentativas de golpes de Estado que tinham como intuito destituir Gorbatchev. As repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia) e, posteriormente, outros países da antiga área de influência soviética romperam com Moscou, adquiriram autono­ mia e puderam realizar eleições − o que foi esvaziando o poder de Gorbatchev. Essa situação o levou a declarar, em agosto de 1991, a extinção de seu cargo, que àquela altura já havia perdido sentido. Chegava ao fim a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e, como consequência de seu espólio, formou­se a Comunidade de Estados Independentes (CEI). A partir daí, seguiram­se violentos conflitos étnicos em regiões antes dominadas pelos soviéticos, notadamente no Cáucaso.

CapítulO 22

as ordens mundiais

22.6 Conteúdo multimídia Animação

22.7 Biblioteca do estudante Listas e tabelas

Conflitos étnicos nas ex-repúblicas soviéticas

anatoly maltseV/ap photo/GloWimaGes

Após a dissolução da URSS e o estabelecimento da CEI, muitos problemas rela­ tivos ao caldeirão étnico formado pelas antigas repúblicas soviéticas permaneceram sem solução. A região mais tensa é o Cáucaso, conjunto montanhoso localizado ao sul da Rús­ sia, entre os mares Cáspio e Negro. Com uma grande conjugação de povos, idiomas e religiões, a região é fonte geradora de intensos movimentos separatistas, que vieram à tona com a dissolução do Estado soviético (antes a postos para reprimir qualquer levante). A Chechênia − onde grupos islâmicos lutam há séculos pela independência − é um exemplo dos violentos levantes na região (figura 22.17).

Figura 22.17 Desde o século XIX, os chechenos lutam pela independência. Na foto, tropas russas percorrem as ruas de Grozny (Chechênia, 1996).

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geograFia CapítulO 22

No fim de 2000, combates entre chechenos e forças militares russas destruíram Grozny, a capital chechena. Cerca de 460 toneladas de bombas foram lançadas na cidade em um único fim de semana. O enorme interesse russo pela região deve­se às jazidas de petróleo e à presença de oleodutos que vêm do Azerbaijão e cortam a Chechênia (figura 22.18). Em março de 2003, a população da região votou em plebis­ cito − realizado pelo governo russo − pela manutenção da Chechênia unida à Rússia. Figura 22.18 Conflitos no Cáucaso Kharatchevo-Tcherkássia

FEDERAÇÃO RUSSA Chechênia

Kabardino-Balkária

Inguchétia

Ossétia do Norte

GEÓRGIA

Ossétia do Sul

MAR CÁSPIO

Daguestão

Tbilisi

ARMÊNIA

AZERBAIJÃO

Ierevan

40º N

Baku

TURQUIA

Oleodutos existentes Conflitos armados nos anos 1990 44º L

80 km

IRÃ

Fonte: L’atlas du Monde Diplomatique. Paris: Le Monde Diplomatique, 2003. p. 150.

No Cáucaso não russo também existem movimentos separatistas. A Geórgia, por exemplo, enfrenta rebeldes do povo ossétio e da Abkazia, que buscam independência. Armênia e Azerbaijão disputam o território de Nagorno­Karabakh, área pertencente ao Azerbaijão, porém com maioria da população armênia (figura 22.19). Figura 22.19 Nagorno-Karabakh

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

MAR NEGRO

Lago Sevan

AZERBAIJÃO 40º N

ARMÊNIA

Fonte: REKACEWICZ, Philippe. Le Monde Diplomatique – Cartographie. Haut-Karabak: le grand swap n’aura pas lieu. Disponível em: <www.monde-diplomatique.fr/ cartes/armenieazerbaidjan>. Acesso em março de 2011.

NAGORNO-KARABAKH

AZERBAIJÃO

IRÃ

20 km

45º L

NAGORNO-KARABAKH Território do Azerbaijão ocupado por forças armênias

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as ordens mundiais

CapítulO 22

a queda do muro de Berlim

Figura 22.20 Pessoas passam por abertura no Muro de Berlim (Alemanha, 1989).

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a criação da organização das Nações Unidas

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 1942 e representou a segunda tentativa de criar um sistema que agrupasse países com a finalidade de re­ solver conflitos e de evitar a guerra. A Liga das Nações, formada em 1919, não havia obtido sucesso no objetivo de manter a paz. Talvez por isso os países tivessem assinado − em 12 de junho de 1941, em plena Segunda Guerra Mundial − um compromisso para atuar juntos em épocas de paz ou de guerra. Esse compromisso foi reforçado por 26 países, reunidos no primeiro dia do ano de 1942, quando divulgaram a Declaração das Nações Unidas, em Washington, nos Estados Unidos. Entre 25 de abril e 25 de junho, representantes de 50 países se reuniram na Conferência de São Francisco, nos Estados Unidos, e a Carta de criação da ONU resultou desse encontro (figura 22.21).

Como funciona a oNU

reprodução

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rÉGis bossu/syGma/corbis/latinstock

As mudanças não ocorreram apenas na União Soviética. Na Alemanha, em 9 de novembro de 1989, o Muro de Berlim foi derrubado (figura 22.20). Em uma única noite, um milhão de pessoas passou do lado oriental de Berlim para o lado ocidental, retornando em seguida, em uma clara demonstração de que a Guerra Fria começava a terminar. Para alguns, o Muro de Berlim era referência do período bipolar. Sua queda tanto pode representar o fim da Guerra Fria como ser considerada um símbolo da Nova Ordem Mundial.

Figura 22.21 Emblema da ONU.

22.12 Biblioteca do estudante Mídias em rede

A ONU é constituída de vários órgãos, entre os quais seis são considerados principais: Assembleia Geral, Conselho de Segurança, Conselho Econômico e Social, Conselho de Administração Fiduciária, Corte Internacional de Justiça e Secretaria Geral (figura 22.22). Destacaremos, a seguir, a forma como se organizam o Conselho de Segurança, a Assembleia Geral, assim como citaremos aspectos relevantes e outros organismos da ONU.

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geografia Capítulo 22

Figura 22.22 Organograma da ONU Assembleia Geral

Conselho de Segurança

Conselho Econômico e Social

Conselho de Administração Fiduciária

Corte Internacional de Justiça

Secretaria Geral

Organismos internacionais Unctad Pnuma Pnud Unicef Acnur

OIT FAO Unesco OMS FMI

Fonte: ONU. Disponível em: <www.un.org/spanish/aboutun/ UNsystemchartspanish.pdf>. Acesso em janeiro de 2011.

Conselho de Segurança

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O Conselho de Segurança é o mais importante órgão da ONU − uma vez que suas decisões, como o embargo econômico ou o envio de tropas de paz, podem atingir todos os seus países-membros. A principal função desse Conselho é intervir em conflitos entre países, deliberando decisões que devem ser acatadas pelos membros. Os países vencedores da Segunda Guerra Mundial (Estados Unidos, França, Reino Unido e Federação Russa – URSS na época da fundação da ONU) e a China criaram para si uma condição diferenciada, muito questionada pelos demais. Eles são membros permanentes e podem vetar uma resolução do Conselho de Segurança: basta que um deles não concorde com uma de­ cisão para que esta não seja aplicada. Quinze países integravam o Conselho de Segu­ rança no início do século XXI, sendo dez escolhidos pela Assembleia Geral a cada dois anos. Prevê-se que esse número aumentará quando houver uma reforma administrativa e política da ONU. O Brasil participou diversas vezes como repre­ sentante dos países da América Latina e pleiteia uma vaga como membro permanente do Conselho de Segurança.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Agências especializadas

Assembleia Geral

Figura 22.23 64ª Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada em 19 de setembro de 2009, em Nova York (EUA) − com a primeira aparição do presidente estadunidense Barack Obama.

A Assembleia Geral da ONU é realizada uma vez por ano, com representantes dos cerca de 190 países do mundo que integram a organização. Ela pode decidir pelo ingresso ou não de um novo país, deter­ minar procedimentos aos membros e propor temas de discussão, entre outras atribuições (figura 22.23).

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as ordens mundiais

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A Secretaria Geral é um dos principais órgãos da ONU. Ela acompanha os fluxos de documentos (por exemplo, relatórios enviados pelos países ou remetidos a eles) e a implementação de políticas definidas por outros órgãos. Há muitas outras agências e programas criados para tratar de temas específi­ cos: por exemplo, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Também integram o organograma da ONU as Comissões Econômicas Regionais − que buscam conhecer e propor políticas de desenvolvimento regional para a América Latina, a África e outras áreas do mundo. Apesar de muitas críticas à morosidade das decisões, às falhas no envio de missões de paz e à pouca democracia no Conselho de Segurança (que não podem ser negadas), a ONU conseguiu realizações de destaque. De suas conferências mundiais já saíram muitas propostas de políticas públicas e recomendações aos países­membros (rela­ cionadas, por exemplo, aos direitos humanos, aos direitos das mulheres, das crianças e dos adolescentes, ao meio ambiente); estas, quando não resolvem plenamente os problemas sociais e ambientais do mundo, ao menos os tornam públicos e passíveis de acompanhamento pela comunidade internacional. A participação em diversas missões de paz é outro aspecto relevante. Observe, na figura 22.24, que todos os continentes já contaram com a presença dos “boinas azuis”, como são conhecidos os soldados das Forças de Paz da ONU, integradas por tropas dos países­membros.

CapítulO 22

outros órgãos e algumas realizações da oNU

22.13 Biblioteca do estudante Listas e tabelas

Figura 22.24 operações de paz da oNU MINURSO SAARA OCIDENTAL

MINURCAT CHADE e REP. CENTRO-AFRICANA

UNMIS SUDÃO

OCEANO PACÍFICO

UNMIK KOSOVO

UNFICYP CHIPRE

UNIFIL LÍBANO

UNDOF SÍRIA

UNAMA AFEGANISTÃO

UNMOGIP Caxemira (ÍNDIA/PAQUISTÃO)

OCEANO PACÍFICO

OCEANO ATLÂNTICO

OCEANO ÍNDICO

2.090 km

MINUSTAH HAITI

UNMIL LIBÉRIA

UNOCI COSTA DO MARFIM

UNAMID Darfur (SUDÃO)

MONUC REP. DEM. CONGO

BINUB BURUNDI

UNTSO Oriente Médio

UNMIT TIMOR LESTE

Fonte: United Nations Peacekeeping Operations. Disponível em: <www.un.org/en/peacekeeping/bnote.htm>. Acesso em janeiro de 2011.

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atividades 3. Os conflitos da Coreia e do Vietnã obedeceram

Organize e contextualize

a uma lógica que ultrapassava as questões territoriais e políticas locais. Justifique por quê.

1. Qual é o significado da expressão ordem mundial?

4. Explique: a) o significado das expressões glasnost e

2. Para o sociólogo francês Raymond Aron, a

perestroika;

Guerra Fria “foi um período em que a guerra era improvável, e a paz, impossível”. Elabore um pequeno texto explicativo referente ao significado da frase.

b) o impacto político que essas iniciativas re-

presentaram na configuração do sistema de poder mundial.

Redes cartográficas 5. Por que o mapa da Alemanha, a seguir, caracteriza um dos eventos históricos mais

MAR BÁLTICO

MAR DO NORTE

PAÍSES BAIXOS

POLÔNIA

BÉLGICA

LUXEMBURGO TCHECOSLOVÁQUIA

130 km

FRANÇA HUNGRIA ÁUSTRIA

SUÍÇA

Fonte: MAGNOLI, Demétrio. O mundo contemporâneo. São Paulo: Moderna, 1996. p. 50.

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importantes do século XX?

Redes do conhecimento 6. Leia o texto a seguir e responda às questões propostas. A marcha para a multipolaridade

Antes mesmo de desabar o temporal que devastou o mercado financeiro, algumas notícias publicadas entre julho e agosto de 2008 traziam sinais interessantes. O número de internautas chineses ultrapassou o de americanos, e os Estados Unidos não representam hoje mais do que 25% do tráfego da rede, contra cerca de 50% há dez anos. [...] As tentativas para reanimar a Rodada Doha das negociações comerciais internacionais fracassaram, principalmente porque Índia e China se recusaram a sacrificar seus agricultores, já empobrecidos, no altar do câmbio livre. A Rússia defendeu, no decorrer da crise da Geórgia, seus interesses nacionais no Cáucaso, enfrentando os hesitantes protestos de Washington. Esses fatos, entre muitos outros, expressam uma recomposição das relações internacionais, demonstram o fim do domínio absoluto ocidental que havia sido imposto desde a primeira metade do século XIX.

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A crise atual do sistema financeiro só acelerou esse movimento de recuo do Ocidente. ‘O fim da arrogância’ foi o título do semanário alemão Der Spiegel de 30 de setembro, com o seguinte subtítulo: ‘A América perde seu papel econômico dominante’. Por uma dessas ironias da história, essa mudança memorável ocorreu menos de duas décadas após a derrota do ‘campo socialista’, dirigido pela União Soviética, e do triunfo aparente dos princípios da economia liberal. Profetizar é sempre perigoso. Em 1983, dois anos antes da ascensão de Mikhail Gorbatchev ao Kremlin, Jean-François Revel previa o fim das democracias, incapazes de lutar contra ‘o mais temível de seus inimigos externos, o comunismo, variante atual e modelo perfeito do totalitarismo’. Alguns anos depois, Francis Fukuyama anunciava o ‘fim da história’ com a vitória completa do modelo americano-ocidental. Da mesma forma, após a primeira Guerra do Golfo (1990-1991), muitos observadores entreviam o início de um século XXI majoritariamente americano. Quinze anos mais tarde, surgiu outro consenso, talvez um pouco mais próximo da realidade: nós entramos em ‘um mundo pós-americano’. [...]

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O mundo vai se tornar multipolar? Sem sombra de dúvida, os Estados Unidos continuarão sendo, por longos anos, a potência dominante. E não apenas no plano militar. Entretanto, deverão levar em conta o aparecimento de centros de poder em Pequim, Nova Délhi, Brasília e Moscou. [...] Com objetivos mais limitados, países como África do Sul, Israel, Indonésia e até mesmo as nações sul-americanas defendem seus interesses ‘egoístas’ com determinação. Nenhum desses Estados é impulsionado por uma ideologia global, como era o caso da União Soviética. Tampouco algum deles se apresentou como modelo alternativo: todos aceitaram – uns mais, outros menos – a economia de mercado. Mas esses países não pensam em fazer concessões sobre os seus interesses nacionais. Acima de tudo, lutam pelo controle das matérias-primas minerais, que se tornaram mais raras e caras – principalmente o petróleo e o gás. A motivação inicial é resguardar a capacidade de alimentar a população diante de uma produção agrícola insuficiente e ameaçada pelo aquecimento global. Por trás dela, porém, as nações também buscam defender seus interesses geopolíticos. Baseando-se em uma visão histórica de longo prazo, por exemplo, Taiwan e o Tibete iriam para a China; a região da Caxemira, para a Índia e o Paquistão; o Kosovo, para a Sérvia; e o Curdistão, para a Turquia. [...] Essa resistência se manifesta também na economia, um campo crucial. Ao contrário do que ocorreu nas crises precedentes, principalmente a asiática e a russa, a atual tempestade financeira confirma a marginalização de organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. No início do milênio, muitos países, entre eles a própria Rússia, a Tailândia, a Argentina, o Brasil, a Sérvia e a Indonésia, haviam decidido pagar suas dívidas ao FMI antecipadamente, para se libertar das regras impostas por esses organismos. [...] Agora, os países podem traçar planos de desenvolvimento sem passar pelas duras condições do ‘consenso de Washington’. [...] A partir de agora não é só a dominação econômica do Ocidente que é contestada, mas sua legitimidade em estabelecer o Bem e o Mal, em definir o direito internacional e em interferir nos assuntos mundiais em nome da moral ou do humanitarismo. O ex-ministro das Relações Exteriores francês, Hubert Védrine, explica que o Ocidente perdeu ‘o monopólio da história’, o monopólio do ‘grande relato’. [...]

GRESH, Alain. A marcha para a multipolaridade. Disponível em: <http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=416>. Acesso em novembro de 2011.

a) O que seria um mundo unipolar? Em que momento da história recente isso

ocorreu? b) Quais são as evidências, apontadas pelo texto, da marcha para a multipolaridade? c) Que ressalva faz o texto quanto às possibilidades da multipolaridade?

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geograFia

1. (UFRS) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto a seguir, na ordem em que aparecem. O Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) é o órgão que toma decisões sobre paz e segurança mundiais. O CS é composto por cinco membros permanentes − Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e − e dez membros rotativos eleitos para mandato de dois anos. Após a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, sem o consentimento do CS, algumas nações começaram a pressionar por uma reforma no órgão. O G-4, grupo de países formado pela Alemanha, Brasil, Índia e , apresentou oficialmente sua proposta de resolução para ampliar o número de assentos permanentes no CS.

direção leste, para incluir os Estados da Europa central e do leste e a ex-União Soviética, especialmente a Rússia democrática. Se isso não acontecer, a aliança mais bem-sucedida na história se destina a seguir o caminho da ameaça que a criou, que a levaria para a lata de lixo da história. As populações da Rússia, da Polônia, da Hungria, da República Tcheca e das outras democracias emergentes serão as espectadoras mais atentas e mais importantes da cúpula da Otan. Elas esperam que a Otan lhes ofereça uma chance para se juntar à aliança ...

BAKER III, James A. Folha de S.Paulo, 1993.

b) China − Itália

As considerações de James Baker, ex-secretário de Estado do governo Bush, só poderiam mesmo ser feitas na década de 1990, em função

c) Japão − China

a) da existência relativamente recente da

a) China − Japão

d) Japão − África do Sul e) Itália − Japão

Otan, surgida no final da década de 1980. b) da inviabilidade desse tipo de expansão da

Otan, durante a Guerra Fria. c) de que essa intenção da Rússia democráti-

2. (Unifesp) De acordo com a capacidade de inter venção militar, o sistema internacional contemporâneo pode ser definido como a) assimétrico, graças à presença das tropas

de paz das Nações Unidas nos conflitos internacionais.

ca era impedida pela ex-União Soviética. d) de que inicialmente essa aliança envolvia

apenas os países da Europa central. e) de que a aliança, quando criada, envolvia

apenas os países da Europa oriental.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CapítulO 22

Questões de vestibulares e do Enem

b) assimétrico, devido à existência de uma

superpotência, os Estados Unidos, que atua segundo seus interesses estratégicos. c) simétrico, baseado na correlação de forças

entre países árabes e a Otan, que perdeu poder depois da Guerra no Golfo. d) assimétrico, por causa da situação da Rús-

sia, que ainda detém milhares de ogivas nucleares dispersas pela Europa. e) simétrico, dado o equilíbrio das forças milita-

res da União Europeia e dos Estados Unidos.

3. (UFRJ)

... os líderes da Otan devem esboçar um programa claro para a expansão da aliança em

4. (UFSM-RS) A nova ordem geopolítica mundial, que tem prevalecido ao longo da década de 90, caracteriza-se pela I. ascensão de uma ordem bipolar, marcada

pela rivalidade entre dois tipos de economia − a planificada e a de mercado − e pela oposição Leste × Oeste. II. disputa militar, política, econômica e ideo-

lógica entre as duas superpotências mundiais, a fim de aumentar as suas zonas de influência. III. rivalidade/parceria entre os três polos ou

centros econômicos e tecnológicos e pelo agravamento das disparidades entre os países do norte, ricos, e os países do sul, pobres.

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Está(ão) correta(s) a) apenas I.

7. (UFRRJ) A ocupação de que trata o mapa a se-

CapítulO 22

Questões de vestibulares e do enem

guir resultou

b) apenas I e II.

1 – Mongólia 2 – Coreia do Norte

c) apenas III.

1

3 – Coreia do Sul

d) apenas II e III.

4 – Japão

2

e) I, II e III.

3

CHINA

5 – Taiwan

4

6 – Birmânia 7 – Tailândia

5. (UFRRJ) Num momento passado, quando a

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questão ideológica era predominante, era comum classificar os países no lado leste ou no lado oeste do mundo, muito embora essa classificação fosse desmentida pela localização geográfica de alguns. Atualmente, sob uma nova ordem mundial, é mais comum a classificação que separa os países em norte e sul.

5

6

TRÓPICO DE CÂNCER

8 – Vietnã 9 – Malásia 10 – Filipinas

7 8

11 – Indonésia

10

12 – Papua Nova Guiné 13 – Nova Zelândia

9 EQUADOR

11

11

Explique as razões ideológicas da classificação leste-oeste, esclarecendo ainda a lógica da nova ordem.

11

12

TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO

AUSTRÁLIA

6. (UFG-GO) O fenômeno da fragmentação e da unificação territoriais, característico da geopolítica mundial, tem se manifestado em algumas regiões do globo terrestre. Sobre a ocorrência desse fenômeno na Ásia, é correto afirmar que

13

1.450 km 120º L

a) do interesse comercial americano no Pacífico.

( ) a divisão do território coreano em dois países ocorreu no contexto da Guerra Fria, quando os Estados Unidos estabeleceram um acordo bilateral com a Coreia do Sul, para barrar a influência soviética.

b) da expansão do capitalismo após a Segunda

( ) a reunificação das Coreias é vislumbrada para o século XXI, tendo em vista que à Coreia do Sul interessa ampliar seu mercado e, à do Norte, elevar seu nível de vida.

e) do interesse comercial americano no Índico.

( ) a Coreia do Sul, segundo o critério geopolítico, encontra-se na área de influência imediata dos Estados Unidos, enquanto a Coreia do Norte, atualmente, subordina-se à China. ( ) a Coreia do Norte, durante a ordem mundial bipolar, adotou o modelo socioeconômico soviético, porém o nível de vida da sociedade coreana sempre esteve aquém dos padrões vigentes na Rússia.

Guerra. c) da preocupação americana ante a ameaça

da expansão socialista. d) do interesse militar americano em cercar o

Vietnã.

8. (Ufal)

Uma expansão violenta por parte dos Estados, ou de sistemas políticos análogos, da área territorial da sua influência ou poder direto, e formas de exploração econômicas em prejuízo dos Estados ou povos subjugados, geralmente conexas com tais fenômenos...

O texto, de autoria de Norberto Bobbio, expressa o conceito de a) liberalismo.

d) socialismo.

b) dependência.

e) globalização.

c) imperialismo.

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Ensino Médio

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