Suicídio: Falsa Solução!

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Sumário 11

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A morte não existe!

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Vida: convite ao aprendizado

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Consequências do suicídio

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O sofrimento do suicida

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Elucidações doutrinárias a respeito dos fatos que acontecem com os suicidas

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A ação da misericórdia divina sobre os suicidas

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O socorro pela misericórdia divina não substitui a necessidade de transformação interior


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O tratamento dos espíritos suicidas

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A prece pelos espíritos suicidas

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O suicídio causado pelos vícios

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O suicídio causado pela prática do aborto

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A bênção da reencarnação para o espírito suicida

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O valor do conhecimento de si mesmo para o espírito suicida

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O que representa o suicídio na vida de um ser humano

Referência Bibliográfica


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A MORTE NÃO EXISTE! A palavra suicídio, etimologicamente, vem de sui que significa si mesmo e caedes que significa ação de matar. O suicídio tem aumentado nos últimos tempos de uma forma assustadora. Vejamos alguns dados estatísticos extraídos de um documento da Organização Mundial de Saúde que lançou um alerta a respeito desse aumento do suicídio e alertando os médicos do Planeta para se ocuparem dessa questão. Segundo a Organização Mundial de Saúde: • Um milhão de pessoas cometeu suicídio no ano de 2000; • O suicídio é responsável por quase a metade de todas as mortes violentas no mundo; • Produzem-se mais mortes por suicídio que a soma de homicídios, terrorismo e guerras; • A cada 30 segundos uma pessoa pratica-o; • A cada 03 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida;


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• Está entre as 10 causas de morte mais frequentes em todas as idades; • É a 3ª causa de morte entre 15 e 35 anos; • Existem 20 tentativas para cada ato consumado; • 04 tentativas não conhecidas para cada uma registrada; • Calcula-se que para cada morte que se atribui ao suicídio produzem-se entre 10 a 20 intenções falhas de suicídio, que geram lesões, hospitalizações e traumas emocionais e mentais; • Vem ocorrendo um aumento alarmante na faixa etária de 15 a 35 anos; • Suicidam-se mais homens que mulheres, embora a maioria das intenções de suicídio ocorra entre as mulheres; • Cada suicídio gera danos emocionais, sociais e econômicos em numerosos familiares e amigos; • Para cada suicídio, há em média, 05 ou 06 pessoas próximas que sofrem consequências emocionais, sociais e econômicas. Em relação ao dado anterior 1,4% do ônus global ocasionado por doenças em 2002 foi devido a tentativas de suicídio; • Na maioria dos países da Europa, o número anual de suicídios supera o de vítimas de acidentes de trânsito;


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• As estimativas realizadas indicam que em 2020 as vítimas poderiam ascender a 1,5 milhões de pessoas por ano. Essas estatísticas são baseadas nos suicídios confirmados, porém muitas pessoas se matam simulando, por exemplo, acidentes que acabam não entrando nessas estatísticas porque essas mortes são vistas como acidentais. Na verdade o número de suicídios é muito maior. É muito interessante esse último dado sobre as estimativas para o ano de 2020, porque em um artigo publicado na Revista Espírita de outubro de 1866, Allan Kardec diz que os suicídios multiplicando-se em proporção nunca vista, até entre as crianças seria um dos sinais do final dos tempos. A Terra está passando pela grande transição de mundo de expiações e provas para mundo de regeneração, daí essa previsão que Allan Kardec faz do aumento do número de suicídios como um fator de indicação do final dos tempos. Os motivos que levam as pessoas ao suicídio são vários. Vamos elencar alguns deles. O fator mais significativo e mais recorrente que leva uma pessoa ao suicídio é: a tentativa de se livrar de uma situação de extremo sofrimento, para a qual acha que não há solução. A pessoa com potencial suicida sofre muito e acredita que a morte é a solução para esse sofrimento. Na


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verdade, essa solução é falsa, pois como a morte não existe, o suicídio vai fazer com que o sofrimento dela se amplie assustadoramente, conforme veremos em vários relatos deste livro. Outra grande causa do suicídio é a pessoa estar em estado psicótico. Muitas vezes, no estado de surto psicótico, a pessoa comete o suicídio. Outras vezes há um processo parecido com um surto psicótico, que é movido por uma indução obsessiva, em que a pessoa se encontra subjugada e se mata sob indução do obsessor. Neste caso o suicídio tem uma atenuante, pois é pelas leis divinas como um suicídio-assassinato. É importante saber que, por mais que exista a indução obsessiva, a pessoa é sempre responsável pelos seus atos. Em realidade o obsessor passa a ser corresponsável pelo ato suicida, porque os espíritos obsessores nunca criam nada em nós, eles aproveitam as matrizes que trazemos dentro de nós. A responsabilidade maior será do obsidiado. Outra condição que leva ao suicídio é a pessoa se achar perseguida, sem alternativa de fuga. É comum na chamada esquizofrenia paranoide, na qual a pessoa se sente perseguida por outras pessoas. Outra grande causa do suicídio é a depressão que leva as pessoas a acreditarem que a vida não vale a pena. Outra situação que pode gerar o suicídio é o fato de a pessoa ter uma doença física incurável e se achar


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desesperançada com a sua situação. Às vezes o diagnóstico de um câncer, de AIDS, de uma doença degenerativa que ainda a medicina não produz a cura, faz com que a pessoa, acreditando que ao morrer tudo acaba, simplesmente, abrevia sua morte matando-se, gerando com este gesto graves problemas para ela mesma, porque a doença vai permanecer no seu corpo fluídico, agravada com a morte pelo suicídio, e o sofrimento que ela gostaria de evitar se tornará acerbo. Outra causa de suicídio é o tédio e uma concepção materialista em relação à vida. Muitas pessoas são lúcidas, têm um corpo saudável, não têm nenhum desajuste emocional, mas sentem um tédio muito grande, porque não têm um ideal de vida e, por isso, acabam por acreditar que a morte leva ao nada. Se ao morrer tudo acaba e já que a vida é um tédio, elas se matam, acreditando que ao matar o corpo elas vão exterminar a própria vida. Outra causa deve-se às pessoas que se matam para se unir a alguém querido já desencarnado. Inclusive no livro O céu e o inferno de Allan Kardec há um caso de uma mãe, cujo filho desencarna ainda jovem e ela se enforca no celeiro para se unir a ele. Nesse caso a pessoa é espiritualista e acredita na vida após a morte, mas crê que, simplesmente pelo fato de ela antecipar a morte já fará com que ela se reencontre com seu ente querido, o que é um puro engano, porque quando a pessoa atenta contra a vida dessa maneira, ao invés de se encontrar com o ente querido ela vai passar


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por situações muito graves de sofrimento e vai criar um verdadeiro fosso entre ela e o ente querido, uma separação durante muito tempo. Muitas vezes aquele familiar que desencarnou pode até estar presente junto com a pessoa orando por ela, desejando que ela se autoencontre, porém ela não o percebe, ela não consegue se reencontrar com o ente querido até que ela passe por todo um processo expiatório. Portanto, ela vai retardar muito o reencontro com o ente querido. Por isso, jamais se deve acreditar que morrendo mais rápido a pessoa vai reencontrar um ser querido desencarnado. Outras pessoas se suicidam por serem portadoras de um transtorno de personalidade, atentam contra a vida em um impulso de raiva ou para chamar a atenção. Existem muitas pessoas que em acesso de raiva se matam para chamar atenção para elas próprias. São pessoas profundamente egoístas e egocêntricas e em uma atitude irrefletida acabam colocando a vida delas em uma situação difícil, porque elas vão matar o corpo, mas vão continuar vivas. Muitas vezes a dificuldade pelo qual estão passando é passageira e elas poderiam resolver com tranquilidade se refletissem um pouco mais. Qualquer que seja a causa o importante é refletirmos que o suicídio é uma tentativa vã de buscar a morte, porque a morte não existe.


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Como nós dissemos o fato da morte não existir hoje é um fato científico. Um sociólogo canadense de nome Ian Currie, em seu livro You cannot die (em tradução literal: Você não pode morrer) diz que: Poucas pessoas sabem que a morte, o adversário mais antigo, misterioso e inexorável do homem, vem sendo sistematicamente estudada durante os últimos cem anos por cientistas que a pesquisaram em várias áreas. Menos ainda são os que têm conhecimento de que o resultado desse esforço é um grande número de descobertas fascinantes que levaram a quatro conclusões inevitáveis: • Os seres humanos sobrevivem à morte física; • Eles continuam existindo após a morte em diferentes níveis de consciência e criatividade, numa esfera que normalmente os seres humanos encarnados não conseguem perceber; • Deixam esta esfera periodicamente quando o indivíduo assume um novo corpo, momento em que se apaga toda a sua memória e a lembrança de suas vidas anteriores; • Reencarnações sucessivas não ocorrem por acaso, mas parecem estar ligadas por uma misteriosa e fascinante lei causal. Tais conclusões possuem sólidas bases na pesquisa científica. O que é muito interessante nas pesquisas desse sociólogo é que ele não é espírita e chegou, a partir do


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estudo de várias pesquisas científicas, às conclusões que a Doutrina Espírita já se reporta há mais de 150 anos. Isso é muito interessante porque mostra que a verdade é uma só. Pode-se chegar à verdade por meio de uma ciência com base na filosofia e na religião, como é a Doutrina Espírita, e com base nas pesquisas da própria ciência acadêmica. As pesquisas que o Dr. Ian Currie estudou foram realizadas em universidades dos Estados Unidos, do Canadá e da Europa. Vejamos algumas dessas experiências que o professor Ian Currie cita em seu livro. Existem vários outros livros e artigos científicos demonstrando essas experiências. Vamos refletir inicialmente sobre as experiências de quase-morte (EQM). Vários cientistas pelo mundo afora vem estudando essas experiências de quase-morte, que demonstram de uma forma magistral a existência do Espírito. Experiências de quase-morte (EQM) são as experiências em que o paciente sai do próprio corpo e observa a si mesmo de uma perspectiva fora do corpo. Essas experiências vêm ocorrendo com frequência cada vez maior. São experiências que apontam para a ideia de uma mente não localizada, segundo os cientistas que as têm pesquisado. Normalmente, essas experiências acontecem em acidentes ou como é mais comum nas salas de cirurgias, quando a pessoa está em uma cirurgia aneste-


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siada, sofre uma parada cardíaca, e tem uma chamada experiência de quase-morte. O Dr. Larry Dossey, M.D., inicia seu livro Reencontro com a Alma relatando um caso ocorrido com uma paciente chamada Sarah, que durante uma cirurgia teve uma parada cardíaca, que foi logo restabelecida. Durante a cirurgia ela havia percebido, com incrível quantidade de detalhes, toda a ação ocorrida na sala cirúrgica. Vejamos o relato do Dr. Larry Dossey a respeito da experiência de Sarah: Depois de recobrar os sentidos, ela relatou ao cirurgião-chefe, a agitada conversa dos cirurgiões e enfermeiras durante a parada cardíaca; a disposição espacial da sala de cirurgia; as anotações no quadro de horários da ante-sala; o penteado da ajudante de enfermagem, os nomes dos cirurgiões que estavam na sala dos médicos, no fim do corredor, esperando a conclusão do seu caso; e mesmo um fato insignificante, de que o anestesista estava usando meias de cor diferentes. Ela sabia de tudo isso, apesar de ter estado totalmente anestesiada e inconsciente durante a cirurgia e a parada cardíaca. Eis agora o detalhe mais significativo: Sarah é cega de nascimento. Essa experiência que o Dr. Larry Dossey cita em seu livro é fantástica. Ela mostra exatamente a tese espírita que os próprios cientistas não conseguem explicar muito bem, pois eles falam de uma mente não-localizada, usam termos que não são espíritas, mas que a Dou-


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trina Espírita explica com muita lógica, pois existe além do corpo, o Espírito e o perispírito. O perispírito, muita vezes, não tem as lesões que o corpo físico tem. Por isso, uma pessoa cega pode ver quando desdobrada do corpo físico, pois o seu perispírito está intacto. O que aconteceu com Sarah é que ela teve uma experiência de quase-morte durante a parada cardíaca, o espírito se desdobrou do corpo e, por meio do perispírito que não é cego viu tudo o que se passava no ambiente. A experiência de quase-morte é uma experiência de lucidez. Durante aquele momento em que Sarah estava sendo operada ela viu todo ambiente, vê detalhes que jamais uma pessoa cega no corpo físico conseguiria perceber, mas que desdobrada do corpo físico pode perceber naturalmente. O que é interessante nas experiências de quase-morte é que as estatísticas dão conta de que, somente nos EUA, cerca de oito milhões de pessoas já passaram por experiências semelhantes à de Sarah. Um número significativo, que refuta o argumento segundo o qual esses fenômenos não passam de fruto das relações complexas dos neurônios dentro do sistema nervoso central superior, como muitos médicos materialistas explicam, negando as evidências em sentido contrário. Os médicos materialistas explicam que são fenômenos ligados ao cérebro. Contudo, como é que uma pessoa cega de nascença pode enxergar algo se ela nem


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tinha como formar imagens, como a descrição de toda sala cirúrgica. Até para uma pessoa que não seja cega descrever uma sala cirúrgica seria difícil, agora quanto mais para uma pessoa leiga e cega. Por isso, as explicações materialistas não convencem. O Dr. Dossey acumula argumentos como esses para concluir que a mente humana seria não-localizada, e estaria fora do corpo. Ele pondera ainda que nós incorreremos em erro se insistirmos, como o fazem os cientistas céticos, na localização da mente no cérebro. Percebamos que pelas conclusões do Dr. Dossey, os cientistas estão próximos de encontrar a essência da vida, que está no Espírito e comprovar a existência do perispírito. Somente o materialismo contumaz e o orgulho é que fazem com que todos esses fatos não sejam universalmente aceitos. Quando o Dr. Larry Dossey e outros pesquisadores falam dessa consciência não localizada, na verdade eles estão falando do perispírito, e mais diretamente do cérebro perispiritual, que não são localizados no corpo físico, são extrafísicos. Um dos maiores pesquisadores das experiências de quase-morte na atualidade é o médico psiquiatra norte-americano Dr. Raymond A. Moody Jr., que já publicou duas obras sobre o assunto: Luz do além e Vida depois da vida, ambas traduzidas para o português. Em suas obras o Dr. Raymond A. Moody Jr. diz:


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Se a existência da vida depois da morte ficar comprovada, isto vai revolucionar a ciência, pois implicará na possibilidade de se estudar, cientificamente, novas e outras dimensões, além daquelas que já conhecemos. [...] Se soubéssemos que existe um mundo espiritual, no qual o amor e o conhecimento são os únicos atributos de importância, e que as coisas pelas quais guerreamos - dinheiro, terra, poder político - são importantes apenas aqui na terra, isto de certo modificaria nossas atitudes e crenças acerca dos povos e pessoas que consideramos nossos inimigos. Interessante a conclusão a que o Dr. Raymond Moody chega, com base nas próprias pesquisas que ele fez com centenas de pessoas que tiveram experiências de quase-morte, ao falar sobre a questão do amor e do conhecimento. Exatamente, o que Allan Kardec diz nas obras básicas e os benfeitores espirituais dizem em suas obras, acerca do objetivo maior de estarmos encarnados; adquirirmos amor e conhecimento. Outro grande pesquisador a trabalhar com as experiências de quase-morte é o Dr. Kenneth Ring. Em uma de suas pesquisas a respeito dos efeitos das experiências de quase-morte nos pacientes concluiu: Primeiro: mudanças em valores pessoais e no conceito que o indivíduo tem de si mesmo: as pessoas saem das experiências de quase-morte com um aumento em sua apreciação da vida.


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Muito interessante essa primeira conclusão do Dr. Ring, porque vai ao encontro das teses espíritas que abordam a necessidade de valorizarmos a vida. Isso é muito interessante, pois como estamos falando das pessoas com tendência suicida, que não sentem amor pela vida, é fundamental que elas reflitam a esse respeito uma vez que as pessoas que passaram pela experiência de quase-morte, que quase desencarnaram, mas que retornaram ao corpo físico passam a valorizar muito mais a vida enquanto estão no corpo físico, pois sentem que estão no corpo para aprender a amar. O suicídio realmente é uma falsa solução, porque ele não vai matar a vida da pessoa. Ela não vai matar a vida em si mesma, vai matar apenas o corpo, oportunidade valiosa de evolução. A segunda grande conclusão das experiências do Dr. Ring diz que: há uma mudança na orientação religiosa ou espiritual. Há uma diminuição da importância dada às coisas materiais, ao sucesso pelo sucesso e à necessidade de impressionar os outros. Essas pessoas costumam buscar uma compreensão mais profunda da vida, principalmente em seus aspectos espirituais e de religiosidade. Há uma mudança nas questões dos conceitos espiritualidade e religiosidade. As pessoas se tornam muito mais espiritualizadas, não necessariamente mais religiosas. Muitas vezes aquelas religiões formais que elas cultivavam já não as satisfazem mais. Elas passam a cultivar


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a verdadeira espiritualidade e um processo de religação maior com Deus. As pessoas que passam por uma experiência de quase-morte se tornam mais capazes de professar uma fé incondicional na vida após a morte por causa desse aumento da espiritualidade, da religiosidade, dessa ligação maior com Deus. A terceira grande conclusão diz que há mudanças na percepção psíquica: as pessoas passam a ter maior capacidade psíquica de percepção do mundo espiritual, incluindo precognições, visões espirituais e experiências fora do corpo. A partir daquela experiência de quase-morte muitas vezes a pessoa tem facilidade maior de se desdobrar do corpo e ver o mundo espiritual. Tudo isso que o Dr. Ring conclui é que uma experiência de quase-morte tende a estimular uma transformação espiritual na vida dos sobreviventes afetando seu conceito sobre si mesmo, suas relações com os outros e sua visão de mundo. Vamos abordar agora as chamadas experiências fora do corpo. Experiência Fora do Corpo (EFC) é uma experiência em que alguém tem a impressão de perceber o mundo de um ponto fora do corpo físico. A pessoa se vê desdobrada do corpo físico. Muitos críticos dizem que essas experiências são simples sonhos. As pessoas que tiveram EFCs sonham como qualquer outra pessoa e recusam-se a aceitar o


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fato de que a experiência tenha sido um sonho - para elas foi muito diferente de um sonho. Essa questão de se afirmar que essas experiências são um sonho é refutada pelas seguintes afirmações: a) Durante o sonho, não enxergamos objetivamente nosso próprio corpo do lado de fora, o que é característico da EFC. b) Durante a EFC, o ambiente é visto normalmente, como se a pessoa estivesse consciente. A pessoa vê onde se encontra, vê o corpo deitado, vê outras pessoas. Tem todo um estado de percepção fora do corpo com muita lucidez. c) Todas as pessoas que sonham, ao acordar, sabem que estiveram sonhando. Essa sensação não ocorre no final de uma EFC. A certeza de uma experiência real permanece com a pessoa. É completamente diferente do estado de sono. O que se vê e o que ocorre durante uma EFC, em muitos casos, são testemunhados por pessoas presentes que estão ao lado do corpo aparentemente adormecido, inconsciente ou quase-morto. Muitos relatam que a própria percepção do ambiente fica mais vívida, mais real e mais, inquestionavelmente, convincente do que a percepção ligada à consciência normal. Conforme disse o famoso psiquiatra Jung ao descrever uma de suas EFCs: A experiência foi contundentemente real. Possuía uma característica de objetividade absoluta.


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Jung foi um dos grandes teóricos da psicologia que tinha várias experiências fora do corpo e essas experiências são registradas em suas obras. Estudemos agora outra linha de pesquisa dentro da ciência que demonstra, de uma forma indireta, que a morte não existe. São as pesquisas com a reencarnação. O fenômeno da Reencarnação tem sido extremamente estudado por pesquisadores do mundo inteiro. As pesquisas sobre reencarnação acontecem em duas áreas distintas: uma na qual se pesquisam casos de lembranças de vidas anteriores, geralmente em crianças, e outra na qual se busca pesquisar com objetivos terapêuticos, através da técnica de regressão de memória a vidas passadas. No primeiro grupo destacamos o Dr. Ian Stevenson, médico psiquiatra da Virginia University, o Dr. H. N. Banerjee também médico psiquiatra indiano e a Dra. Helen Wambach, psicóloga americana. No segundo grupo temos inúmeros psicoterapeutas dentre os quais podemos destacar Morris Netherton, Edith Fiore, Brian Weiss nos Estados Unidos, Roger Woolger na Inglaterra, Patrick Druout na França, Thorwald Dethlefsen, na Alemanha, Hans Ten Dan na Holanda, dentre outros. São inúmeros pesquisadores tanto em um campo quanto no outro, trabalhando acerca da tese da reencarnação. A partir de todo este trabalho de pesquisa surge uma única conclusão: a reencarnação não é apenas uma


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teoria, é um fato, atestando de uma outra forma a existência do Espírito imortal. O Dr. Ian Stevenson, professor de psiquiatria da Universidade da Virgínia, um profissional altamente respeitado, é um grande estudioso de lembranças conscientes a respeito de vidas passadas. Ele já coletou 1700 casos de pessoas que afirmam ter lembranças claras de uma vida anterior à presente. Essas lembranças, geralmente muito nítidas, são absolutamente convincentes àqueles que as têm. O Dr. Ian Stevenson pesquisou pessoalmente inúmeros casos como esses e já publicou 30 em detalhes. Seus estudos são muito escrupulosos. Cada explicação alternativa para a reencarnação, tal como fraude deliberada ou equívocos de memória, foi cuidadosamente analisada, avaliada e, finalmente, rejeitada. Uma das pesquisas que prova, acima de qualquer dúvida razoável, que todos nós já vivemos anteriormente refere-se aos dados coletados pela Dra. Helen Wambach em seu trabalho de regressão realizado com mais de 1000 pessoas que relataram mais de 1100 vidas passadas, publicadas em seu livro Recordando vidas passadas. A Dra. Wambach começou seus experimentos com grupos de pessoas, hipnotizando-as simultaneamente; uma vez hipnotizadas, fazia com que voltassem a determinados períodos e lugares. A conclusão a que chegou é que a reencarnação é um fato.


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Para concluir este capítulo estudaremos um texto do psicólogo Thorwald Dethlefsen que é formado pela Universidade de Munique. É Psicoterapeuta Transpessoal em Munique (Alemanha) tendo larga experiência com a terapia de vidas passadas. Autor dos Livros: A regressão a vidas passadas como método de cura; O desafio do Destino; A doença como caminho, entre outros. Vejamos as conclusões que o Dr. Thorwald Dethlefsen chega a partir de suas pesquisas. Conclusões que a Doutrina Espírita já aborda há muito tempo, mas que é muito bonito quando vemos essas mesmas conclusões partindo de um cientista. Diz o Dr. Dethlefsen em seu livro A Regressão a vidas passadas como método de cura - a comprovação experimental da teoria da reencarnação: [...] A ciência considera a consciência uma expressão do processo físico. Na minha opinião, a matéria, considerada pura e simplesmente, não encerra processos conscientes (como mostra nossa experiência). Deveria a ‘matéria humana’ constituir uma exceção? Mesmo quando aceitamos tal exceção, o conceito da morte é ainda assustador. Qual seria a finalidade de um corpo desenvolver uma consciência durante 60 anos e, de repente, extingui-la? [...] Em contrapartida, parece que a morte ganha melhor interpretação a partir da nossa hipótese. Quando separamos a alma do corpo a que dá vida, rompemos


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um elo (a vida) e promovemos aquilo que chamamos morte, um processo que, no dizer popular, corresponde ao ‘último sopro de vida’: dizemos que ‘fulano nos deixou’ ou, ainda, que ‘o espírito deixou aquele corpo’, etc. Todas essas informações remetem a ‘alguma coisa’ que abandona um corpo vivo, restando apenas um cadáver. [...] Esse corpo inerte jamais poderia ter sido a fonte do que chamamos de vida, consciência, personalidade e individualidade: era apenas um invólucro, um instrumento. Um computador precisa de um programa específico para que possamos utilizá-lo com a finalidade a que se destina. Sem o programa, temos apenas uma tela iluminada, nada mais. É fundamental que dissociemos a individualidade do homem do seu corpo físico. Quem estiver disposto a dar esse passo no sentido de modificar sua linha de raciocínio, pelo menos em parte, não terá, inicialmente, dificuldade em aceitar a hipótese da reencarnação. [...] Ao considerarmos possível a existência da alma desvinculada da matéria bruta, apresentamos, então, através da nossa experiência, os vários processos de união de uma determinada alma (individualidade) a um corpo. Em outras palavras, um ‘eu’ individual percorre uma fase de existência corporal, liberta-se desse invólucro e, numa fase posterior, une-se novamente à matéria, numa nova existência. Esse ‘eu’ seria sempre o mesmo, modificando-se apenas o


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corpo, de vida em vida. [...] A reencarnação é a lei da periodicidade. Observando a natureza, vemos o seu ritmo de crescer e definhar, de florescer e murchar, dia e noite, verão e inverno, vida e morte. Não existe nenhum fenômeno na natureza com um princípio e um fim, sem que este fim signifique o começo de alguma outra coisa. É exatamente essa mudança, essa troca de polaridade que permite a existência de tudo o que é vivo. A ligação com o todo é estabelecida através do ciclo da evolução de cada parte; a partir da polaridade se estabelece a unidade, que, por sua vez, abrange os dois pólos. [...] É compreensível que muitos não gostem de ouvir falar em reencarnação, pois esta atribui ao indivíduo uma responsabilidade pelo antes e pelo depois, podendo mudar sensivelmente os matizes do seu agora. Isto representa um choque para os que pensam que o suicídio é a última e melhor solução para resolver seus problemas. Temos novamente a polaridade: ao eliminarmos a responsabilidade desaparece o significado da vida. (grifos nossos). [...] Dificilmente haverá outra questão que toque mais o homem do que a pergunta: ‘Qual é o sentido da vida’? Podemos falar sobre a importância de ser feliz, de ter uma família, filhos ou ainda do amor ao próximo. Se resolvermos aprofundar-nos nessa questão, chegaremos ao vazio, ao nada, é precisamente o fundamento de um viver que não


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está consciente da sua responsabilidade e da sua ligação com o cosmos. [...] Eu sei que falar de sentido nos tempos atuais soa um pouco antiquado porque sugere ‘um mundo perfeito’, trazendo àqueles que põem no mundo a culpa da própria infelicidade e incapacidade de resolver problemas. Para essas pessoas não existe nada perfeito. Só os mais simplórios e tolos conseguem enxergar essa perfeição e, se desejamos ser intelectuais, devemos conviver com a falta de sentido. Em vista dessa simplificação, parece-nos mais desejável ser um simplório do que aceitar o pessimismo profissional. [...] Quando nos questionamos sobre o porquê da existência de uma aversão tão grande a esse mundo perfeito, assim como aos que sustentam a existência de um sentido para a vida, parece-me que estamos apenas desejando desesperadamente ocultar nosso próprio vazio interior. Não devemos perturbar-nos com aqueles que nos olham com compaixão e que tentam convencer-nos de que ‘parece um mundo perfeito demais, totalmente livre de temores, para ser verdade’. [...] Considerando a existência de um sentido e de uma responsabilidade a serem desenvolvidos nesta vida, entre o nascimento e a morte, devemos refletir sobre a melhor forma de realizar essa tarefa. Surge então a pergunta: responsabilidade sobre quem ou sobre o quê? Vamos ter de recorrer a um sistema de valores com um número imenso de variáveis. Mais difícil


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ainda é a busca do sentido da vida. Qual é o sentido, por exemplo, de alguém morrer aos vinte anos? Qual o sentido de alguém nascer aleijado ou cego, rico ou pobre? [...] Voltemos ao modelo da reencarnação e vejamos como as perguntas em aberto encontram uma resposta, compondo um todo. Acho importante, esclarecer que, independentemente de qualquer demonstração, os fatos sempre apontam na direção da reencarnação. Seria assombroso se pudéssemos provar que não existe o renascimento. As pessoas costumam inverter os fatos à sua maneira e considerar a reencarnação como algo absolutamente irreal, motivo pelo qual sentem, eventualmente, a necessidade de se apegar a argumentos baseados em critérios extremamente rígidos. Essas pessoas confundem o extraordinário com o improvável. Durante muito tempo julgou-se que o átomo era indivisível; quando se provou o contrário, mostrou-se que aquilo era extraordinário, mas não improvável. [...]A experiência mostra que tudo o que observamos e que se desenvolve encontra-se em evolução. Não uso o termo ‘evolução’ com a conotação que lhe é dada por Darwin, como um acaso onde o desenvolvimento está ligado à possibilidade de sobrevivência. Evolução, na minha teoria, é exatamente o contrário de acaso: é o desenvolvimento superior planejado, a normalidade. Não existe acaso. Vivemos num cosmos, termo que, traduzido li-


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teralmente, quer dizer ‘o que é organizado’ e de cuja organização depende o fluxo normal das coisas. Cada desvio provoca um desequilíbrio no conjunto, o que representa um perigo para o todo. Um cosmos que dá margem ao acaso é, em si mesmo, uma contradição. [...] Segundo a nossa interpretação, a evolução tem por objetivo atingir um desenvolvimento mais grandioso, uma lei que valha para todo o Universo e capaz de abranger toda a Criação. O homem, enquanto parte desse todo, roca desse tear, deve obedecer às leis desse desenvolvimento, posto que o todo só pode evoluir quando cada uma de suas partes integrantes o fizer. A tarefa do homem, portanto, é evoluir, e nada mais. A evolução não acontece por si mesma, ela é o resultado de um conflito energético, é o resultado de um processo de aprendizado. Para aprender, precisamos de um problema que nos permita tentar e errar, a fim de podermos aproximar-nos de uma solução. Quando resolvemos a questão, aprendemos a lidar com ela, e é através desse aprendizado que evoluímos. [...] Destino é um termo genérico para designar toda a sorte de problemas que o homem tem de enfrentar ao longo de sua vida a fim de provê-lo de toda a matéria suficiente para promover o seu desenvolvimento. Os problemas são as tarefas a partir das quais ele deve aprender, e não, como consideram muitos, algo de negativo, mas o subsídio para o au-


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todesenvolvimento, o aperfeiçoamento e a evolução. [...] O homem pode aprender a lei da polaridade de forma ativa ou passiva. De forma ativa, quando enfrentamos o problema com disposição e como um convite à compreensão, ao aprendizado, para atingirmos uma etapa seguinte de nossa própria evolução. Infelizmente, esse processo de aprendizado é aplicado por uma minoria. É mais comum acumular e reprimir problemas do que tentar solucioná-los. Em tais casos, a pessoa em questão irá desenvolver um desejo de realização inconsciente, sendo manipulada por este e aprendendo de forma passiva aquilo com que não soube lidar ativamente. [...] O aprendizado passivo está sempre ligado ao sofrimento, e a essa situação costumamos dar o nome de ‘infortúnio’, ‘doença’, ‘acidente’, etc. Praguejamos e sentimo-nos injustiçados, pondo a culpa no acaso. Infelizmente, não encontramos a quem atribuir a culpa a não ser ao próprio homem, ao ambiente em que vive, ao destino ou a Deus. A responsabilidade sempre é daquele que sofre, pois ele teve a chance de escolher, mas faltou-lhe a vontade, como acontece tão freqüentemente, ou seja, faltou-lhe escolher entre aprender ativamente ou passivamente. Essa postura não admite o ‘não-aprender’, pois isso significaria estagnação e prejudicaria todo o processo de evolução. O conhecido ‘livre-arbítrio’ restringe-se à ‘liberdade de escolha’, que sempre conduz o processo


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de aprendizado a uma pequena porção de desenvolvimento. O livre-arbítrio proporcionaria ao indivíduo uma grande variedade de resultados, o que contraria a lei do cosmos. A ‘escolha’, ao contrário, é produto da lei da polaridade e não coloca em perigo o desenvolvimento equilibrado. [...] O destino é muito mais do que um poder anônimo e imensurável que ameaça o homem com sua casualidade e capricho. Ele é altamente pessoal, é o resultado de uma elaboração própria, é, enfim, o instrumento adequado para alcançar a evolução. Essa é uma verdade incômoda para aqueles que costumam projetar a culpa no destino e declinar da própria responsabilidade. [...] As diferenças que encontramos quando comparamos os destinos dos homens se explicam na medida em que cada um deles está, nesta sua vida, num estágio diferente de evolução e precisa enfrentar problemas e experiências específicos, para prosseguir em sua jornada. O destino da vida atual é o resultado de uma ‘cadeia de vidas’, no decorrer das quais a tarefa foi bem assimilada ou não. Todos nós enfrentamos agora problemas que no passado não foram tratados com discernimento suficiente e com os quais nos confrontaremos no futuro, até que consigamos resolvê-los. Muito interessante a conclusão a que chega o Dr. Dethlefsen. Nesse texto vemos exarados vários dos princípios que a Doutrina Espírita aborda. Essas conclusões


36 | A morte não existe!

vindas de um cientista a partir das observações que faz em sua própria prática clínica são excelentes e atestam que a verdade é uma só e pode-se chegar a ela por diferentes caminhos. Com base em tudo que abordamos até aqui é um fato afirmar que a morte não existe, axioma que estaremos aprofundando ao longo deste livro.


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