Zine - Sementes Florais

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Imagine as poesias como frutos germinando, o solo como um corpo transbordando sentimentos diversos; imagine os grĂŁos de areia como palavras que alimentam este solo; imagine... Agora apenas deixe de imaginar e Sinta cada palavra como quem come um fruto de sabor Ăşnico. David Beat


Cada verso ressoa O momento imerso de gentileza e paz Brilha! Que a vida é ternura Descortinada a cada abraço Vertido na cor de uma estação


Noite insone E um sem-número de divagações Escorrendo devagar Pelas têmporas pulsantes No tempo Dissimulado Do despertador à espera Calculo Quantas horas mais? Sussurram meus pensares Quantos mecanismos? Indagam partes de mim De súbito Do silêncio me dou conta E me consumo No altar da consciência


Alerta Pensante Flanando Pelos recônditos da hora arrastada nas pálpebras semicerradas Que não se aguentam E não se bastam Nos fios dispersos De um terço rezado Em vigília [Espero] Insone


Amanhecer de agosto Estar aqui Te olhar dormir Me traz um sorriso aos lábios Lembrando os sonhos que tive Bem ao teu lado Não nos beijávamos Mas nos dávamos as mãos E nossos olhares cúmplices de uma sintonia lúcida Entre nós Entres os nós dos nossos dedos Acordo Nossas mãos separadas Nossos olhares distantes Você se mexe: sequer abre os olhos Eu tremo: sequer respiro


Digo a mim mesma Sente No profundo de ti, sente: E quando chegares ao fundo Terás a ti mesma Para dizer "Encantei-me" E então, talvez A pessoa encantadora te estenderá a mão E os braços, os olhos e os ouvidos Para dizer, em uníssono "Encantamo-nos" E se não a estender? Conjugado no singular O encantar-se Terá valido por si Pois caro é o gostar plantado Por alguém que chega E mesmo sem saber Bagunça-te Afinal O que é amanhecer Senão lançar-se?


Casinha Pouco a pouco, fugir Construir um cadinho Dessa casa de laços Um cantinho de cores Onde balança uma rede Ai, essa rede De histórias contadas E risadas sorridas De temores passados E verdades sofridas Que nos acolhem E nos despertam pra nós "E se?" "Será?" "O que dirão?" Tem medo, não, menina Que essa rede se embala Com a leveza do vento

Beber de sorrisos Que gargalham as notas serenas ? do instante sagrado Escutar a grama Que farfalha À porta de sino da entrada do peito Pois fugir, querida É ter coragem De construir-se


.biográfica Não é pela agulha que se tatua minha pele Não é a tinta escura que me dá matiz e textura É o traçado dos dias dos lugares das pessoas (e olhares) Do êxito e do hesitar dos encontros e (des)encontros: pois perder-se também é de uma forma toda outra Achar-se São essas linhas Ora nanquim Ora aquarela Que me preenchem o corpo E dizem: Vai. Vai colorir-se Vai sempre mais Bela


Meu relato de mulher Em três atos de pertença É balé que descortina Meus afetos Sentidos Resistência Deixei máscaras e amarras De quem vive na plateia Quando enfim subi ao palco Disse então, deliciada: Existo, sou plena. Na cena da dança Que é minha verdade Sincera Sem cera Serena


Belap.isabela@gmail.com Todas as poesias & Arte de capa por: Isabela Pinheiro



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