Livro CUFA 10 anos

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Dez anos. Esse é o tempo de vida da CUFA, a Central Única de Favelas. É também o tempo em que se confirmou,

uma vez mais, que os jovens das chamadas áreas de risco social têm expressão própria, e têm muito a dizer.

Trabalhando a fim de abrir espaço para as expressões artísticas que surgem nas áreas marginalizadas pelo mercado do entretenimento e do esporte, contando a realidade social a qual representa através de filmes, músicas, teatro, festivais, demonstra, de maneira concreta, o verdadeiro papel dessa organização na sociedade, pois essas expressões têm seu reflexo na formação da cidadania de jovens que vivem em zonas desfavoráveis, além de estimular sua auto-estima. Maior patrocinadora das artes e da cultura em nosso país, a Petrobras põe especial empenho não apenas em patrocinar a criação de nossos artistas, mas também em contribuir para assegurar expressões que normalmente ficam à margem do mercado. Sendo assim, se orgulha de ser parceira dos projetos desenvolvidos pela Central Única das Favelas, como este que conta a sua trajetória de luta pela transformação social. Presidente: José Sérgio Gabrielli Gerente Executivo de Comunicação Institucional: Wilson Santarosa Gerente de Patrocínios: Eliane Costa Gerente de Patrocínios Culturais: Tais Reis


Tudo começou em 1996, em uma salinha quente pra burro aqui de Madureira, onde distribuíamos CDs de Rap e material de Hip Hop. Mas não durou muito tempo. A loja, Pararaio Music, faliu. Mas o sonho de transformar a partir da cultura Hip Hop continuou. Continua.A idéia de revolução não permitia que esse grupo se formalizasse, a clandestinidade era uma necessidade ideológica. Porém, não resistimos e em 1999 fundamos, formalmente, a CUFA. São muitas as pessoas a quem devemos a construção dessa escada. Uns estavam no início, outros vieram depois e alguns só conseguimos seduzir hoje. Mas o nosso agradecimento é o mesmo para todos, pois entendemos que todos esses momentos foram definitivos para o andamento do processo. Alguns momentos foram definitivos para nós e prefiro que todas as pessoas se sintam abraçadas pelos braços desses que estiveram juntos desde o início. José Junior, Luiz Roberto Ferreira, Siro Darlan, Rubem César, Marlova Jovchelovitch Noleto, Sandra Almada, Luiz Erlanger, Paula Lavigne, Julio Cesar Tavares, Ivana Bentes, Ricardo Macieira, Edson Santos, Raphael Vandystadt, Marina Maggessi, Denise Dora, Eliane Costa, Joel Zito, Rafael Dragaud... Lógico que não estão todos aqui, pois seria impossível traçar um caminho tão árduo e ao mesmo tempo tão motivador se não fôssemos impulsionados por um número maior de aliados. O fato é que todos vocês colaboraram para fazer dessa loucura irresponsável, uma realidade respeitada e positiva. Vida longa para a Cufa... Vida longa a cada um de nós. Celso Athayde


Livro Cufa 10 anos

Coordenação editorial e conteúdo/ Celso Athayde Pesquisa / Cufa Brasil

Cufa RJ Administração / Marilza Athayde, Jane Carvalho, Irene Ciccarino Coordenação de Produção / Elaine Caccavo e Nega Gizza Produção / Alessandro Barbosa, Claudionor Soares, Douglas Brandão, Marcelle de

Coordenação de arte / Galdino de Oliveira

Jesus, Paulo Rhasta, Raphael Faria, Sheyla Castro, Peterson Roque e Thiago Aguiar

Capa / Leandro Fernandes

Assistente de Produção / Marcelo de Lima, Patricia Soares, Cristina Vicente, Wellington

Projeto gráfico e diagramação / Filipe Silva

Alvarenga, Roberta Maia, Vinícius Galdino, Adimilson Domingos e Clécio Arruda

Organização / Patrícia Dantas

Audiovisual / Coordenação - Patricia Braga. Luciano Gomes, Celso Dionísio, Lucas

Revisão / Yaisa Santos, Fernanda Quevedo, Náthaly Weber, Dinorah Rodrigues, Ana Moschkovich, Patricia Dantas

Christian, Alexandre Copolla e Jossana Notes Designer: Filipe Silva e Leandro Fernandes Web Master / Samuel Gallo e Gustavo Vargas

Tradução / Cufa internacional

Suporte de Informática / Bruno Silva

Elaboração do Projeto / Coordenação – Fernanda Borriello. Deybler Athayde, Riane

Assessoria de Comunicação/ Rogerio Garcia e Daiany Dutra

Leandro, Simone Soares e Tathiane Amaral

Assessoria de Imprensa / Marcelo Gusmão (Binômio Comunicação)

Fotos / Simone Soares, Fabiana Cruz, Drika Landin, Hoton Ventura, Ratão Diniz,

Relações Internacionais / Bia Ferreira, Jean Pierre Hettich, Kurt Shaw, Nana Bledsoe e

Alexandre de Araújo, Tiago Gomes, Camila Fontana, Filipi Santos, Julinda Freitas, Renata Bianco, Ventolídio Jose, Violaine Brisebois, Fernanda Quevedo, entre outros, que voluntariamente registraram momentos importantes de nossa história Imagens de arquivo / Núcleo de Audiovisual da Cufa Brasil

Titus Lambertz Acesse: cufa.org.br hutuz.com.br liibra.com premioanu.com.br reisdarua.com.br porradaode20.com.br maonacabeca.com.br cinecufa.com.br rpbfestival.com.br bradan.com.br mvbill.com.br negagizza.com.br estacaof.com.br tracosdeconflitos.com.br diadafavela.com.br sambadebar.com.br favelafestival.com.br viradaoesportivo.com.br ciatumulto.com.br cufamariamaria.com.br


10 - 16 - 30 - 36 - 50 - 56 - 64 - 94 - 110 - 114 - 118 - 128 - 130 - 132 - 134 - 148 - 150 -

Central Única das Favelas Hip Hop é Cufa Festejando a Cultura da Favela Cufa é Esporte Cia de teatro A Cufa é Show! Cufa Brasil Cufa Mundo União é Força Tudo Junto Nossos Projetos A Cufa Tem Voz Política e Cufa Nossos Livros Audiovisual da Cufa Encontros Nacionais Depoimentos


Cufa 10 anos O livro Cufa 10 Anos é um livro de apresentação da instituição, muitos dos que não conhecem a fundo as nossas ações dentro e fora do Brasil tem agora a oportunidade de conhecer. É também um livro que relembra tudo o que passamos durante essa caminhada que está apenas começando. Esse livro é antes de tudo uma demonstração dos primeiros passos dados, simultaneamente essenciais, daquilo que em 10 anos foi o resultado de uma revolução provocada por jovens moradores de favelas, que outrora postos a margem da sociedade foram em busca de sua autonomia, ligados a uma postura comprometida e responsável sobre seu papel junto à comunidade em que moravam e a sociedade em geral. Com ações planejadas a partir de diagnósticos que retrataram a realidade verdadeiramente, e não apenas a representação sentimental e romântica que até então faziam sobre as favelas.

Há 10 anos se iniciou uma história escrita por várias mãos, em que sua leitura pressupõe o entendimento não apenas de suas conexões com a comunidade a que serve, mas das ações de uma instituição que assumiu a responsabilidade de atuar na transformação, no desenvolvimento e na inclusão social e luta contra o preconceito racial, um dos maiores males da humanidade, que não pode e nem deve nunca ser tolerado! Este livro é o fruto de um trabalho realizado por mãos (re) construtoras e apaixonadas que contribuíram e contribuem com suas comunidades locais e globais, em que o comprometimento, a opção por um olhar sem preconceito e a busca por soluções de mudança fez a diferença positiva. Tendo como princípios a igualdade, qualidade, liberdade, compromisso, gestão democrática e valorização da vida humana, nos empenhamos na elaboração e concretizações de práticas que estimularam em crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, a força, a esperança, o encantamento, o vigor, a criatividade, a curiosidade, a auto-estima, a qualificação e a cidadania. A Cufa protagonizou os que outrora eram coadjuvantes de suas próprias histórias. Cada uma delas fornece diversas informações sobre as estratégias usadas para garantir o sucesso de nossas iniciativas, refletindo sobre os ricos resultados atingidos ao longo desses anos. Muitos foram os desafios e sabemos que muitos outros virão, mas Fazendo do Nosso Jeito, a Central Única das Favelas continuará concretizando ações que além de gerar oportunidades e promover o exercício da cidadania, restauram a esperança na vida dos habitantes de favelas que até então vivenciavam todos os tipos de frustrações e condições sub humanas, e que com nossas ações se descobrem capazes de construir uma nova realidade.

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NA PISTA Presente nos 27 estados e em países da América Latina, América do Norte e Europa, a Cufa hoje se consolida como uma das maiores organizações de jovens, oriundos das favelas no mundo, mobilizando de forma direta cerca de 80.000 (Oitenta Mil), pessoas/ano, entre crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Nossas ações se transformam em tecnologias sociais e educacionais, replicáveis e de fácil mobilização. Uma técnica que vai além do improviso e das linhas da academia numa verdadeira universidade paralela, revelando potenciais, apresentando espaços de diálogo e discussão na busca por saídas em nossas próprias comunidades e a simples oportunidade, negada há tantos anos para grande maioria da população. Com linguagem própria, a Cufa vem reafirmando seu discurso perante as grandes discussões em torno das causas sociais, além de contribuir para a elaboração, implementação, execução e avaliação de políticas públicas. Ainda há muito que se construir, questionar, inovar, criar e superar. Mas os primeiros passos já foram dados. Entre os principais objetivos, e por que não dizer sonhos da instituição, está o protagonismo dessas pessoas que outrora eram postos à margem da sociedade.Hoje, a maior parte da equipe de profissionais da Cufa é composta por jovens formados (ex - alunos) nas oficinas de capacitação e profissionalização das bases da instituição e oriundos das camadas menos favorecidas da sociedade; em sua maioria, moradores de Favelas de todo Brasil. Socialmente a favela é vista como elemento estigmatizado, uma inverdade, mas a gravidade não está aí, mas sim, na introjeção da condição de invisibilidade. A tecnologia social da Cufa se pauta na perspectiva de que diálogos podem ser abertos em qualquer âmbito e o que vai determinar isso é a percepção pelo sujeito do potencial de enfrentamento que está em si. A Cufa oferece oportunidades para que todos possam produzir, usufruir, expressar, promover, trocar experiências, e que além de protagonistas de suas histórias, se tornem os protagonistas de novas ações. Entre os carros chefes dessa louca empreitada estão o Hutúz, o evento de mais expressividade da cultura Hip Hop já conhecido na América Latina e a LIBBRA - Liga Brasileira de Basquete de Rua, idealizada dentro do próprio Festival Hutúz, no qual jovens improvisavam jogadas de basquete com uma cesta de lixo. O Hip Hop, o Basquete de Rua e o audiovisual, aliados a outras práticas artísticas e esportivas, tais como o graffiti, o break e o skate são as nossas principais formas de expressão e servem como importantes ferramentas de integração, inclusão social, cultural e digital. Sim, digital! Porque acreditamos que democratizar o acesso às tecnologias da informação é também alfabetizar digitalmente, promovendo e/ou ampliando o acesso direto da nossa demanda com as novas ferramentas da chamada “Era da In08


formação”, novas tecnologias educacionais, internet e políticas públicas para democratização da tecnologia. Desenvolvemos nossas atividades diretamente relacionadas à motivação e à capacidade para a utilização dessas tecnologias de forma crítica e empreendedora, objetivando o desenvolvimento pessoal e comunitário. Nosso objetivo é que, apropriando-se destes novos conhecimentos e ferramentas, os jovens possam desenvolver uma consciência histórica, política e ética, associada a uma ação cidadã e de transformação social, ao mesmo tempo em que se qualificam profissionalmente. Assim, nasce uma linguagem própria e uma forma de lidar com as situações e dificuldades de modo a obtermos a conscientização das camadas invisíveis da população com oficinas de capacitação profissional, entre outras atividades, que elevam a auto-estima das pessoas da Favela, oferecendo-lhes novas perspectivas, bem como agregando conhecimento com a Cultura Popular. Com a autonomia acrescida, nossa meta é conduzi-los a um questionamento das situações estabelecidas, de modo à contribuir para que os mesmos possam fazer releituras, através do despertar da criticidade, sobre o lugar que estão e podem chegar. Ligado a um contexto mais amplo do que apenas privilegiar uma formação sem nenhum compromisso político, social e cultural o efeito CUFA possibilita transformações, digamos que o ressurgir de novos sujeitos, potencializados e estimulados a pensar e reelaborar o caos em dignidade. Podemos ver que o sonho passa a ser realidade e que milhares de jovens são impactados com esse novo modo de ver seu futuro, antes tão distante de sua realidade. Ser protagonista da sua própria história passa a ser um patrimônio. Um patrimônio construído pelas mãos dos jovens hoje incluídos na sociedade.


cufa - Central Única das Favelas Nossa História

A importância do movimento A história da Cufa começou em 1963. Nascemos no mesmo dia, porém, só nos encontramos de fato na década de 90 quando comecei a sistematizar parte das coisas com as quais eu tinha convivido em toda a minha vida, seja nos momentos em que eu era camelô em Madureira, quando eu estava em abrigos, nas favelas por onde passei ou mesmo quando morei nas ruas do Rio de Janeiro. Em 1996, já como um quase micro empresário falido, um grupo de jovens entrou na minha loja, a Pára-raio music, na qual eu vendia discos e camisetas de rap. Eles queriam saber a razão que impedia o crescimento do movimento Hip Hop. Era a mesma pergunta que eu me fazia todos os dias, há anos, mas a resposta não vinha. Eu sabia da importância do movimento, sabia também que ele tinha que ter sua veia social e política, mas isso nunca tinha sido visível pra mim. O que eu via e ouvia eram as denúncias dos jovens e seus discursos inflamados, nunca acreditei que somente essa postura isolada nos levaria a alguma revolução. Eu achava que deveríamos ir além, tínhamos que intervir na vida das pessoas, ainda que no primeiro momento a denúncia fosse imprescindível, mas jamais nos limitar a ela, sob pena de criar apenas mais uma indústria, a indústria da denúncia e nada mais. Precisávamos de mercado, de um discurso afinado e, sobretudo precisávamos não ficar somente nos palcos reproduzindo os discursos de rappers que não sabiam a origem de seus próprios discursos. Resolvemos então fazer pequenas reuniões na loja em Madureira, reunir as pessoas e descobrir quais eram suas necessidades, seus sonhos, frustrações, objetivos e claro, conteúdo. Inicialmente os encontros serviam somente para acirrar ainda mais as nossas diferenças e quando acabava bem, era porque tínhamos conseguido marcar a próxima reunião, uma verdadeira masturbação de MCs. Reuníamo-nos sempre na quarta-feira, normalmente entre 19 e 22h. Lá era escolhida nossa forma de atuação, estratégias, nome da instituição e todas as outras decisões, sempre pelo voto da maioria. Em geral, quem gritava mais alto tinha mais chances de ter atenção, não havia inscrição para as falas ou encaminhamentos conclusivos. A maioria dos participantes nesse primeiro momento pertencia ao Hip Hop, era em geral formada pela nata dos rejeitados, o que era grave se levarmos em consideração que na época o próprio hip hop já era a imagem da rejeição e os que formavam a base da cufa eram os excluídos do berço da exclusão, mas era esse o desafio que começava a ser desenhado, recuperar os irrecuperáveis.

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Alguns participavam por acreditar que seu Cd seria gravado, outros que conseguiríamos tintas para que eles grafitassem ou mesmo picharem os espaços públicos. Cada um tinha a sua motivação. Até que chegou um momento, em que essas mesmas pessoas passaram a convidar seus vizinhos, que não tinham nenhuma relação com o Hip Hop para participar dos encontros, alguns inclusive, odiavam o rap. Decidimos, porém que todos seriam bem vindos, e assim novos membros, amigos e “vizinhos dos manos”, que conseguiam se comunicar em português, mesmo sem gírias, passavam a fazer parte da nossa família. Depois de tantas promessas decidimos lançar uma coletânea chamada EFEITO CUFA, ação e reação. A nossa estratégia era através desse álbum duplo separar as pessoas em grupos, cada um com sua função. Divulgar o cd, vender nas barracas de camelô no centro da cidade, fazer os clipes dos artistas através de sorteios, os grafiteiros desenhariam as capas, e assim por diante. No entanto, as informações que tínhamos eram insuficientes para desenvolver ações com mais qualidade, era o nosso déficit cultural se manifestando. Resolvemos pedir emprestada uma sala de aula do Curso Somar, um pré-vestibular que ficava próximo a loja. Começou ali a nossa primeira ação, um fórum, que ocorria aos sábados, de 9 às 18 horas, com um intervalo de 20 minutos para lanchar, quer dizer, para os que tinham grana para comer. A realidade da maioria era ter que dar calote no ônibus para conseguir participar dos encontros, e comer era artigo de luxo, tinham que esperar chegar em casa. Iniciava-se então nosso primeiro projeto, o “Fórum Permanente da Cufa“.

Em 1999, um dos primeiros encontros oficiais da Cufa, como instituição, com a Federação das Industrias do Estado do Rio de Janeiro, mesa com Julio Cesar Tavares, Carmen Luz, Marcia Porto, Cacá Diegues, Luiz Eduardo Soares

Aproximadamente 150 jovens se reuniam para conversar e trocar idéias, o que por sinal, atualmente ainda acontece na Cidade de Deus. O Fórum consistia em convidar qualquer ser humano para discutir algum assunto e os jovens da Cufa participavam dos encontros para desenvolver seu potencial e senso crítico. Os temas dos debates eram os mais diversos, e mesmo que em geral não fosse este nosso principal interesse, não desmerecendo a importância em debater e realizar discussões, mas pela urgência e a nossa sede em colocar tudo o que ali era discutido em prática, participar nunca foi um problema, ao contrário, acreditávamos e ainda acreditamos que estar com aquelas pessoas 11


era uma forma de integração social, a troca que se dava era em Nega Gizza é uma forte referência feminina no mundo do alguma medida uma forma de nos inserir socialmente. Rap, conhecida e respeitada por seu empenho e dedicação às causas sociais. É também a Diretora do Hutúz, o maior festival Conseguíamos levar para esses encontros discussões que fi- de Rap da América Latina, que é produzido pela CUFA. cariam para a nossa história, a exemplo, o que tivemos sobre a Energia Nuclear, em que o físico palestrante queria nos fazer Além deles, muitas outras pessoas foram e são até hoje fundaentender sobre o Césio 137, urânio enriquecido e outras loucu- doras das nossas ações e realizações, e ficarão para sempre ras da física. na nossa história. Deixo aqui nossos eternos agradecimentos. Outros encontros importantes foram os realizados com a presença do líder do MST, João Pedro Stédile que tinha o tema organização de massa e outro com Cacá Diegues sobre cinema novo. Desse último, surgiu a primeira ação efetiva da Cufa. Todos ficaram tão entusiasmados que resolvemos buscar parcerias e juntos elaborarmos um curso anual. Tínhamos de um lado os jovens da Cufa e do outro, parceiros que hoje fazem parte da nossa história, tais como: Rafael Dragaud, Mini Kert, Adriana Rattes, Ivana Bentes e o próprio Cacá Diegues. Surgiu assim a primeira turma do curso de audiovisual da Cufa. Desde então, mais de mil jovens já se formaram em nossas salas. A partir daí começamos a perceber que o Hip Hop é importante, mas não poderia ser a nossa única referência. Nossa missão era maior do que nos limitarmos apenas ao rap. Nosso papel era contribuir para que os jovens de favelas se organizassem e mais ainda, organizassem os seus discursos, e assim, não abrissem mão de seus protagonismos. O resultado daquelas discussões loucas e muitas vezes desconexas é hoje uma realidade que muitos conseguem ver, mas que temos consciência de que ainda está longe do ideal. Entre os que fizeram parte desse começo, estão também os rappers MV Bill e Nega Gizza. MV Bill já recebeu diversos prêmios graças a sua ativa participação no movimento social e no Hip Hop. Entre eles está o prêmio concedido pela Unesco como uma das dez pessoas mais militantes do mundo na última década. 12

Nega Gizza e MV Bill



Anu Preto O Símbolo da Cufa Prêmio Anu

No ano 2000, os jovens da Cufa sentiam falta de um símbolo que fosse mais do que um mascote, mas que pudesse representar o sentimento da instituição. Muitos objetos, animais ou mesmo árvores foram sugeridas. Depois de discutir todos os conceitos chegamos à conclusão de que nenhuma das sugestões era compatível com os nossos propósitos. E os poucos com que nos identificávamos já eram símbolos de outras organizações, governos ou mesmo times de futebol. Em 2002, no primeiro encontro da Cufa que aconteceu no centro cultural da instituição na Cidade de Deus, a escolha do símbolo foi posto em votação. O argumento principal era buscar algo que representasse o mundo em que vivemos, algo que fosse alvo de todo tipo de preconceito, descaso e marginalização, assim como a Cufa tinha sido um dia, e a partir dessa constatação poder transformar a sua própria imagem como a desse símbolo.Hoje somos sinônimos de força, de esperança e, sobretudo de protagonismo. Conseguimos transformar parte do que havia de estigma sobre nós e estamos a cada dia o transformando em carisma. Por isso o símbolo escolhido foi um pássaro que representa essa realidade. Escolhemos assim o Anu Preto, que levará o nome do evento mais importante da nossa organização, cujo propósito será uma referência de transformação. O Anu Preto é um pássaro presente em todo o Brasil, encontrado em pastagens, campos, jardins, lavouras abandonadas, regiões cultivadas e outras áreas abertas. Pesca em águas rasas e, principalmente, durante a seca, se alimentam de frutos, coquinhos e sementes. Faz ninhos coletivos em formato de uma grande xícara aberta e põe grandes ovos azul-esverdeados. Sabemos todos que os animais de pele ou penas brancas são historicamente associadas à paz e a sentimentos positivos, assim como sabemos que essas manifestações muitas vezes involuntárias simbolizavam um sentimento racial histórico. Com o anu preto não é diferente. O pássaro é conhecido como a imagem do agouro. No Brasil, durante o período colonial, os portugueses e espanhóis usavam o nome dessa ave para insultar os escravos, chamando-os de “Anu”. O tempo foi se tornando aliado do preconceito contra esse pássaro - bem como contra os negros - fazendo com que a ave fosse culturalmente odiada pela população, inclusive pelos negros, por desconhecerem a história. Mantendo nossa posição de quebrar os paradigmas, sobretudo os aplicados contra a população já estigmatizada, escolhemos o Anu como nosso maior símbolo, nossa expressão maior, a fim de rever o respeito por essa ave comum e injustamente depreciada e como forma de trazer para a própria Cufa a permanente reflexão sobre qual é o papel de cada um de nós na sociedade. 14


A Central Única das Favelas cria o Prêmio Anu para chamar a atenção da sociedade para os projetos socioculturais que impactaram positivamente as comunidades populares. O Prêmio Anu vem para valorizar e reconhecer publicamente iniciativas desenvolvidas em favelas e demais espaços em desvantagens sociais, gerando bem comum para a população, auto-estima das comunidades, trabalho, renda, qualidade de vida e equilíbrio social. Grupo de colaboradores de vários segmentos da sociedade (empresários, artistas, esportistas, gestores públicos, cineastas, entre outros) escolherá as experiências em favelas que mais se destacaram em todos os Estados da Federação, mais o Distrito Federal. O critério de escolha é livre e se baseia no conhecimento de cada um dos jurados colaboradores sobre o assunto. Na ocasião poderão ser escolhidos iniciativas e projetos de pessoas, fundações, ONGs, empresas, clubes, enfim, toda e qualquer manifestação desenvolvida nesses espaços. Através do voto popular, será escolhido o melhor projeto do Brasil.


Hip Hop é Cufa Hutúz

O maior evento da América Latina O Hutúz é o maior evento de hip hop que o Brasil conhece, considerado o maior da América Latina, faz parte do calendário oficial cultural da cidade do Rio de janeiro, é realizado pelos jovens da Cufa e o objetivo é abrir canais para que as mais diversas culturas das favelas possam ser ouvidas, possibilitando assim a integração social e cultural. Essa grande festa da cultura Hip Hop teve inicio em 2000 e o objetivo era simplesmente juntar os artistas, produtores e amantes do hip hop num mesmo espaço e fazer uma grande festa. Inicialmente a idéia era fazer um prêmio, para valorizar e dar visibilidade aos trabalhos desses artistas que viviam e ainda vivem, salvo algumas poucas exceções, na clandestinidade. O prêmio foi um sucesso e o próprio movimento depois de ter aprovado a iniciativa pressionou pela sua ampliação, surgindo outros braços do Hutúz, como o Hutúz Rap Festival, Hutúz Basquete de Rua, Hutúz Filme Festival e tantas outras manifestações ligadas ao hip hop, surgidas das vontades daqueles jovens que participavam das festas. Nos primeiros anos escolhemos o Teatro Carlos Gomes, no Centro do Rio de Janeiro, passando em 2005 para a casa de espetáculos Canecão, dessa vez na Zona Sul do Rio, que era uma forma de mostrar que ocupar espaços imponentes e tradicionais era estratégico e fazia parte da nossa cultura de interagir como forma de integrar. Parte dos shows era feita inicialmente na Fundição Progresso, mais tarde no Cais do Porto e hoje no Circo Voador, sempre crescendo e ganhando espaços. Muitas das ações surgidas no Hutúz se tornaram ações independentes e nacionais, como: o Basquete de Rua do Brasil, que é um desdobramento do Hutúz basquete de rua, e outros como Bradan (Brasil Break Dance), RPB (Rap Popular brasileiro), entre outros. Hoje temos todo o mês de novembro literalmente tomado pela cultura hip hop, as atividades começam dia 4 de novembro, com a comemoração do dia da favela, e se estendem por todo o mês.

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Palco Prêmio Hutúz pg.17 - Rap Festival no Cais do Porto / Negra Li no Prêmio Hutúz



Prêmio Hutúz Os melhores Em 2009 o Hutúz completou sua décima edição, e foi também a despedida da festa da premiação em grande estilo.

Os melhores rappers, grafiteiros, produtores, Dj’s e B.boys da cultura Hip Hop foram premiados em diversas categorias durante a última edição do prêmio Hutúz, que foi o maior prêmio de Hip Hop da América Latina.

Ao longo dessas 10 edições do maior festival de Hip Hop do Brasil, grandes grupos marcaram presença, não apenas na condição de artistas, mas como ativistas da cultura.

A produção do Hutúz sempre teve uma preocupação com o conteúdo trazido por todos os grupos que vieram contribuir para a existência e consolidação do hip hop no Brasil, muitos dos participantes vieram de outros países, entre eles: França, Argentina, Chile, Colômbia, EUA, entre outros.

Integrar a juventude do planeta através do hip hop é um dos nossos objetivos, asseguramos que parte disso foi alcançado, pois certamente o que acontece no Hutúz vem ao logo desses anos reverberando em muitos outros povos do mundo.

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Galdino do grupo O Bando recebendo o Premio Hutúz pg.19 - Momentos inesquecíveis e alguns Convidados especiais; Eduardo Suplicy, Caetano Veloso, Netinho de Paula, Bezerra da Silva, Camila Pitanga, Thayde, Robson Caetano, Fernanda Keller entre outros



Seminário Hutúz Reflexões do universo Hip Hop Festejar é muito bom, mas também reservamos um tempo durante o festival Hutúz para refletir sobre questões relacionadas ao universo Hip Hop, tendo várias outras vertentes. O Seminário Hutúz é um espaço democrático, onde todos podem expressar suas opiniões sobre o que está acontecendo no cenário artístico, esportivo e social. Nesses encontros grandes nomes que participam efetivamente do mercado brasileiro, estão presentes para apimentar ainda mais as reflexões. Em 2009, o cineasta Fab Five Freddy e o grafiteiro Daze, ambos americanos e o diretor Rafael Dragaud, foram os debatedores e Victor Tamm, do consulado americano o mediador da mesa que discutiu o desenvolvimento do Hip Hop nesta última década, possibilitando olhares externos de artistas e formadores de opinião. Esse foi só um exemplo de uma das muitas mesas formadas durante os 10 anos de seminário.

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Luiz Erlanger, Marina Maggessi, Stepan Nercessian e Manoel Soares formaram uma das mesas do Seminário Hutúz no Centro Cultural do Banco do Brasil / Auditório do Seminário Hutúz no Centro Cultural do Banco do Brasil pg.21 - Preto Zezé, diretor do documentário “Selva de Pedra – A Fortaleza Noiada”


Hutúz Filme Festival Acesso a uma produção audiovisual A cultura do Hip Hop incorpora a mistura de imagem, cor, ritmo, palavra, voz e movimento na grande tela do cinema com o Hutúz Filme Festival, um modo de expor o hip hop como um contexto de movimento cultural, estético e político. Para isso, expressivos e atuais filmes são exibidos durante sua programação. E debates são realizados com os produtores e pessoas que são referencia dentro dos temas abordados. Trata-se de uma alternativa para facilitar o acesso a uma produção audiovisual que muitas vezes os membros do próprio movimento não têm acesso.

Uma oportunidade única do intercâmbio entre a música e a imagem, e entre o audiovisual e o hip hop, onde todos são bem vindos: pessoas ligadas ao movimento, cineastas, estudiosos, estudantes, pesquisadores, investidores, produtores ou simplesmente curiosos. O Hutúz filme festival vem ajudando a propagar essa expressão cultural, divulgando e dando espaço, para que as obras criadas sejam veiculadas num espaço exclusivo para elas.


Intervenção Hutúz Uma esperança de futuro Interação da cultura popular brasileira (dança, folclore, comidas, roupas, costumes, música) que se dá entre as crianças e jovens atendidos pela Cufa e convidados. No ano de 2009, os convidados foram internacionais, os americanos Fab Five Freddy (artista plástico e documentarista) e o grafiteiro Daze. Tudo isso acontece no Centro Esportivo e Cultural da Cufa durante o festival Hutúz. Fab estava maravilhado com o evento e disse que a Cufa está fazendo um trabalho incrível, pondo a mão na massa. “É muito legal viajar pelo Brasil, Europa, África e Ásia e ver as pessoas fazendo hip hop, uma coisa que eu jamais imaginava”, declarou. O grafiteiro Daze disse que o mundo do Hip Hop ajuda a diminuir as diferenças entre as pessoas do mundo todo. O meio do Hip Hop é semelhante em todo lugar e aproxima as pessoas, segundo Daze. Disse também ser muito importante organizações como a Cufa em países como o Brasil, porque estão dando não apenas uma oportunidade, mas uma esperança de futuro.

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Centro Esportivo e Cultural da Cufa no Viaduto de Madureira / Convidados internacionais, Daze e Fab Five Freddy pg.23 - Mano Brow, um dos vocalistas do grupo Racionais MC’s


Hutúz Rap Festival Ninguém fica parado A pressão é total, o bonde não para, a nossa festa é sempre grande, pois os grandes nomes do Hip Hop nacional e internacional agitam a galera. O Hutúz Rap Festival é o local certo onde os fãs ficam mais próximos dos seus grandes ídolos. Grandes nomes do rap, como Racionais MC’s, MV Bill, Nega Gizza, O Bando, Gog, Rapadura, entre muitos outros, já subiram ao palco do Festival. Além de grandes shows, o Hutúz Rap Festival é responsável por uma grande explosão da cultura Hip Hop. Durante os dois dias de shows no palco principal, rola também no palco alternativo, batalhas de break e MC. Além disso, graffiti, basquete de rua (HBR-Hutúz Basquete de Rua), skate e uma feira alternativa com produtos da cultura Hip Hop. Toda festa que se preze tem que ter música de altíssima qualidade para ninguém ficar parado! E é exatamente isso que acontece no festival, os jovens presentes participam de muitas ações, que geram diversão, cultura, conhecimento e novos horizontes.


RPB Rap Popular Brasileiro RPB Festival, o maior festival de novos talentos do rap, o único do gênero em território nacional, vem com a missão de abrir espaço para a música que embala o movimento Hip Hop e possibilitar a seus porta-vozes a chance de darem seu recado e mostrarem seu talento. Realizado pela Cufa nos 27 estados do país, o RPB Festival promoveu entre os meses de maio e setembro de 2009 as eliminatórias estaduais que classificaram para a final nacional. No dia 3 de outubro de 2009, sob o Viaduto Negrão de Lima (em Madureira, Rio de Janeiro - RJ), no Centro Cultural da Cufa, adeptos do hip hop de todo o país se reuniram para eleger juntos a cara e o som da nova geração do rap nacional. “Muitos sons e talentos serão revelados nos palcos do RPB nos quatro cantos do Brasil, alem de revivermos o calor dos grandes festivais” diz Nega Gizza, diretora do festival. É de responsabilidade da Cufa de cada Estado a realização das eliminatórias estaduais em conformidade com a concepção nacional. Com isso, temos a certeza de levar para a etapa final um amplo e atualizado panorama da cena Hip Hop brasileira, com o know-how e a qualidade dos realizadores do maior festival de Hip Hop da América Latina, o Hutúz. Um dos critérios fundamentais para inscrição de grupos e artistas solos é o ineditismo da música. Assim garantimos acesso ao mercado musical para artistas que buscam espaço e oportunidade para mostrar seu trabalho. Voto popular e do júri especializado são computados e revelam através de somatório simples a classificação dos grupos que se apresentaram corridamente. Pelo júri são avaliados os seguintes quesitos: Letra, Música e Desempenho de Palco. Em 2009 a primeira edição do RPB Festival foi um grande sucesso! Grupos de diversos lugares do País fizeram parte deste evento, que veio para valorizar o rap e seus interpretes. Além de reunir o que há de melhor no rap nacional, o RPB deu visibilidade a este estilo musical, que como todos os outros, deve ser valorizado e reconhecido.

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Público do RPB realizado no Rio de Janeiro pg.25 - Apresentações do RPB



Bradan Brasil Break Dance

O Bradan é um campeonato nacional de dança de rua, que nasceu em 2009, através de uma iniciativa da Cufa que valoriza a dança de rua por acreditar que ela é importante pela manifestação cultural e social. Jovens de todo o Brasil podem exercitar tanto o corpo quanto a mente, o que promove e fortalece a saúde física e espiritual. O Break é um estilo de dança característica das periferias e faz parte do movimento Hip Hop, através da dança, esses jovens se tornam ativos na comunidade onde vivem, além de se manterem integrados com jovens de outras cidades e estados, enriquecendo seu conhecimento cultural.

O objetivo do Bradan é dar a esses dançarinos a visibilidade que a arte merece. A primeira fase do campeonato acontece em diversos estados do país que classificam uma dupla para a grande final nacional. Até ser eleita a melhor dupla, o público assiste a um grande espetáculo de dança com influências da cultura popular de cada estado, criando assim um panorama nunca visto na dança de rua brasileira. O Bradan -Brasil Break Dance- é um campeonato democrático que torna vitoriosos todos os participantes do projeto, por reforçar a importância da arte, cultura e atividade física na vida das pessoas.

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B. boy se apresentando no Bradan pg.27 - B girl e B boy apresentam-se para os jurados



Tracon Traços de conflito

Tracon é uma batalha entre grafiteiros que não se conflitam pela disputa em si, mas sim por um momento onde os artistas dividem em instantes de pinturas seus avanços e modos de fazer as cores e traços terem bom significado, beleza e aceitação aos olhos do grande público desconhecedor da cultura das tintas. O Tracon se inspirou na tradicional idéia de batalhas que rolam em países da Europa e Estados Unidos e com uma versão mais brasileira, ao som do rap, o Tracon faz homenagem a um grafiteiro (escritor de rua), e interage com o público através da escolha do vencedor. O evento vem conquistando a nova geração que está aprendendo o ofício de grafitar e que vibra em cada desenvolver da batalha. O grande vencedor ganha um troféu de reconhecimento e brindes, no final quem realmente ganha com essa ação é o graffiti com um encontro marcado por habilidade e talento dos dois participantes. O objetivo da Cufa é afirmar a valorização e o reconhecimento do graffiti como arte e popularizá-lo como fio condutor de transformação social.

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O conflito de graffiti começa pg.29 - Grafiteiros traçam uma batalha de cores



Festejando a Cultura da Favela Dia da Favela/ 4 de Nov. Lei Municipal 4383 / 2006

Neste dia é o momento da favela mostrar sua identidade e sua força; revelar seus talentos e se fazer respeitar do jeito que é. Entre março e agosto de 2005, a Cufa realizou uma campanha de abaixo-assinados, em prol da criação oficial do dia da favela e solicitou que essa data entrasse no calendário oficial da cidade do Rio de Janeiro. A Cufa diz criação oficial, pois já fazíamos há algum tempo comemorações nessa data. Chegamos a 04 de Novembro através de pesquisas que concluem que entre tantas datas significativas que marcaram as favelas e suas histórias, foi em 04 de Novembro de 1190 que o estado formal, através de um delegado da 10ª circunscrição, dialogou com o chefe da polícia da época - Dr. Enéas Galvão - sobre uma favela, o Morro da Providência, a primeira favela do Brasil. Na carta encaminhada ao prefeito do Rio de Janeiro, tanto a área geográfica, quanto a comunidade nela instalada são tratadas como problema social, sanitário, policial e até mesmo moral. Na linguagem do documento falam de “limpar” aquelas áreas. Já na primeira intervenção oficial o estado estigmatiza aquele espaço por conta do seu tipo de moradores. E foi com mais de um milhão de assinaturas, que se instituiu em 2006 o Dia da Favela oficialmente reconhecido por autoridades. A criação deste dia tem como foco principal a exaltação da cidadania de todos os que moram em favelas e são marcados por seus estigmas e preconceitos. Entendemos que uma data de comemoração é um símbolo de resgate e de celebração de várias culturas que ali se manifestam e que devem ser reconhecidas. A Cufa deseja construir uma rede de solidariedade, mobilizando e unindo instituições públicas, privadas e do terceiro setor para a prestação de serviços gratuitos relevantes para a população. É a estratégia para fazer com o que o povo das favelas se sinta integrado ao meio social.

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Nega Gizza e Edson Santos entregam uma chave simbólica em comemoração ao Dia da Favela pg.31 - Comemorações e diversas atividades realizadas durante essa data



Samba de Bar No sentido mais puro da palavra O samba é uma das maiores manifestações popular do país. Os compositores e intérpretes, visando à ampliação das possibilidades procuram desenvolver seus trabalhos em bares, botequins e rodas de samba que democratizam o ritmo e influenciam outros artistas a galgar espaço nas ruas cariocas, onde conseguem ter oportunidade para demonstrar os seus talentos. Sendo assim, o Samba de Bar, projeto que engloba documentário e um festival é idealizado pela Central Única das Favelas, e nasce inteiramente dedicado ao samba no sentido mais puro da palavra. Em bairros como Madureira, Lapa, Vila Isabel, encontram diversas casas (bares, botecos e afins) com o perfil do festival, que visa abraçar não só a capital, mas, todas as cidades do estado. Muitos nomes pela eminência de seu público chegam a se destacar neste cenário, sem que haja, no entanto, uma ação que os estimule e os reconheça. Desta forma, o festival Samba de Bar, terá os novos compositores e intérpretes como principais instrumentos para o fortalecimento da identidade da renovação do samba e do resgate histórico da emancipação do mesmo, pois sua história é, em si, um marco da derrocada do preconceito. O Festival não tem inscrição, começa com a produção de vídeos de 03min a 4min em bares pelo estado, de artistas envolvidos com o samba. Os vídeos desses artistas estarão concorrendo às vagas no Festival Samba de Bar através de votação popular no site do evento. www.sambadebar.com.br. O festival começa a partir desta votação e terá etapas eliminatórias até a grande final. Em paralelo temos a produção de um documentário.

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Imagens feitas durante a seleção dos grupos de samba



Favela Festival Quebrando de vez o estigma O Favela Festival nasce com o desejo de revelar novos talentos da música popular brasileira, buscando extrair a musicalidade natural que existe dentro das comunidades cariocas e incentivar e divulgar os novos valores da música brasileira sejam eles compositores, intérpretes ou instrumentistas. A falta de espaço para produzir, ensaiar, apresentar e comercializar o trabalho está entre as principais dificuldades encontradas pelos artistas das favelas. A ausência de patrimônio e condições materiais para a gravação de CDs, publicação de livros e para a materialização de produtos de forma geral é outra dificuldade. Visibilidade e divulgação também fazem parte do quadro de necessidades dos grupos culturais da periferia, que não encontram espaço na mídia tradicional. Soma-se ao cenário de ausências, uma carência de intercâmbio e articulação que potencialize o trabalho em conjunto. Em contrapartida a todas essas necessidades, o Favela Festival possibilita a visibilidade dos talentos e articuladores da favela que compõem os diversos estilos e linguagens do movimento musical carioca, inserindo socialmente essas pessoas no meio artístico promovendo a renovação estética da música popular brasileira. A favela, com todas as suas limitações, abrem as portas para o Favela Festival deixando os problemas de lado e revelando ao mundo que sua música, antes marginalizada, tem grande influência na sociedade atual quebrando de vez o estigma “favela x asfalto”. O Favela Festival propõe mobilizar o Rio de Janeiro sobre o paradoxo musical existente em torno das manifestações populares. Artistas amadores ou profissionais, desde que desconhecidos da grande mídia e oriundos de comunidades, estarão competindo com músicas autorais. Nos intervalos acontecerão apresentações com artistas renomados, que servirão de inspiração aos aspirantes à estrela do cenário musical. A Cufa reafirma seu compromisso ético e político com a sociedade em que a valorização da cultura é fundamental.

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Favela Festival valorizando a MPB dentro das comunidades



Cufa é Esporte Inserção Social

Esporte como cidadania O esporte, em particular o Basquete de Rua, tem sido mais uma estratégia da Cufa no desenvolvimento das comunidades onde atua. Vemos no esporte uma ferramenta fundamental para inclusão social, articulação em rede, ressignificação do território e fortalecimento da auto-estima da juventude das favelas. Como inclusão social, temos como referência a Seleção Brasileira de Basquete de Rua formada por jovens oriundos de favelas, que fazem parte das nossas escolas, hoje espalhadas pelo Brasil. A idéia de formação nas escolas não é a de ter no esporte um fim em si próprio, mas um fio condutor para as janelas que se abrem a outras oportunidades, onde os jovens a partir do seu centro de interesse nas práticas esportivas, possam dialogar com uma série de possibilidades e portas de saídas da invisibilidade e preconceitos impostos a eles e aos territórios onde moram. Cabe ao esporte, ressignificar a importância e a utilização de espaços antes estigmatizados e associados à violência, o crime e a exclusão. Nossa marca mais expressiva tem sido nas favelas de todo o Brasil. As escolhas de territórios invisíveis tem sido uma opção da Cufa, por entender que só mudamos o estigma de um lugar alterando as condições de vida e a realidade social que lá existem. A partir dessas ações, temos conseguido tirar esses locais das páginas policiais, das trincheiras do medo e os levando para as colunas sociais e fronts de visibilidade positiva. O esporte de participação tem cumprido função essencial na vida das comunidades, em particular dos jovens que dele participam, projetando lideranças sociais e ativistas das mais diversas linguagens que utilizam as suas habilidades para alterar o quadro de dificuldades, transformando essas dificuldades em oportunidades e assim construindo pontes de acesso ao mundo do asfalto e caminhos de diálogos de igual para igual com o poder público e com a sociedade em geral. O desenvolvimento desse modelo de participação se dá através do interesse pelo esporte os praticantes têm acesso a outros conhecimentos e conteúdos que contribuem na sua formação cidadã. O esporte é uma estratégia de êxito, sendo dessa maneira fundamental para formar um cidadão crítico, criativo e engajado socialmente, na busca de garantia dos seus direitos e das suas comunidades. 36

Apresentação do Capocufa pg.37 - Projeto Cesta da Vez / Escolinha de skate



Basquete de Rua HBR, Tudo começou aqui A quadra era o Armazém 5 do Cais do Porto do Rio de Janeiro. A cesta era uma lata de lixo. Os atletas eram jovens que naquele momento disputavam um improvisado “racha de basquete” com uma bola similar à bola laranja utilizada no basquete tradicional. Naquele momento, no ano de 2001, durante o Hutúz Rap Festival surgia o conceito do Basquete de Rua, nome tão desprezado que se quer havia sido registrado. Ao contrário do que muitos ainda podem pensar, o Basquete de Rua não é uma tradução do street, é sim uma variação entre o street ball e o basquete convencional.

O que era uma brincadeira foi imediatamente absorvida e ajustada pela coordenação da Cufa, e acabamos por criar, dentro do evento mais importante de Hip Hop no Brasil, o Hutúz Rap Festival, um espaço para aquela prática divertida, mas altamente competitiva. Assim, no ano de 2002, A Cufa criou o primeiro campeonato nacional de Basquete de Rua, o Hutúz Basquete de Rua (HBR), que ainda acontecia dentro do Hutúz Rap Festival, mas com vida própria e produção independente. Ali começava um esboço do fenômeno que mais tarde o Brasil iria conhecer, quando o Basquete de Rua tomaria espaço em nossas vidas e se tornaria um agente de integração social e de cidadania em todo o país. Ainda em 2002 equipes de 13 Estados brasileiros disputaram o torneio, que teve a duração de três dias. O torneio foi um sucesso levando em consideração as circunstâncias. O evento tinha inicio às 20 horas e seu término era por volta das 6 horas da manhã, conforme os horários dos shows que embalavam a quadra. Grupos importantes do rap nacional e internacional embalaram esses jovens competidores, entre eles Dead Prezz, Mos Def, Public Enemy, Racionais Mcs e MV Bill. Em 2003 impulsionados por aquele resultado, um número gigantesco de equipes, passou a se inscrever para participar da grande festa do Basquete de Rua. A divulgação boca a boca realmente funcionou naquela ocasião. Não importava a qualidade dos times, a festa era a grande razão do encontro, e é assim até hoje. Dez anos depois, o Hutúz faz seu aniversário e comemora também suas criações, o HBR é uma delas. Tudo começou aqui, não o street Ball, não o basquete, mas o Basquete de Rua.

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Primeiro jogo do HBR no Cais do Porto pg.39 - Melhores momentos do Hutúz Basquete de Rua



LIIBRA Liga Internacional de Basquete de Rua A partir do HBR e do interesse de tantos jovens, o crescimento do Basquete de Rua acabou pressionando a Cufa a criar oficinas de basquete, livros de arbitragem e livros de regras específicas. Como conseqüência em 2005 surge a LIIBRA (Liga Internacional de Basquete de Rua), um circuito nacional, um campeonato envolvendo os 27 estados da federação, com participação de mais de 60 mil pessoas de várias idades e de ambos os sexos. O campeonato tem etapas nos municípios e depois nos estados para que os vencedores desses torneios participem da fase nacional.

Com o sucesso, a Cufa se viu obrigada a incentivar, a criação de uma Seletiva Estadual de Basquete de Rua (SEBAR) em cada um dos Estados onde atua. O evento esportivo reúne equipes de várias cidades do estado na luta por um espaço entre os melhores times do país. Essas iniciativas se espalharam, dando início a uma verdadeira massificação do novo conceito de um basquete diferente, e também fortalecendo o processo de integração social de todas as periferias, favelas e asfaltos do Brasil através do esporte. Essa manifestação espontânea de amor ao basquete e ao Hip Hop se consolidou enquanto movimento tipicamente urbano e se tornou um elo na relação entre o esporte, a cultura e o movimento social, do qual o Basquete de Rua passou a ser uma vertente fundamental. Esta relação se transformaria, na seqüência, num pólo de comunicação entre os jovens, inclusive os de diferentes classes sociais. Muito conhecido como “basquete-arte”, marcado por jogadas geniais, divertidas e pelas diferenciadas dinâmicas de jogo, o Basquete de Rua apresentado na LIIBRA, não se prende às regras convencionais, cria suas próprias. Dentro das linhas que definem uma quadra de Basquete de Rua, a liberdade de criar novas regras é o que mais conta. A Cufa se orgulha de propiciar à sociedade os maiores espaços de interação entre aqueles que são apaixonados por esta modalidade esportiva. O HBR, a Seletiva Estadual de Basquete de Rua (SEBAR,) e a LIBBRA são resultados desse desejo de interação e inclusão.

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Grande final da LIIBRA 2009 pg.41 - Melhores momentos da Liga



Reis da Rua Desafio internacional A seleção oficial de basquete de rua de cada nação, ou Reis da Rua, é coordenada pela Cufa, instituição idealizadora do Basquete de Rua em todo território nacional e da Liibra – Liga Internacional de Basquete de Rua. Com o intuito de unir as habilidades de jogadores dos diversos Estados do Brasil, a Cufa, promove uma pré-seleção dos melhores atletas da temporada, com o objetivo de formar a Seleção Brasileira de Basquete de Rua. Um dos grandes eventos de que os Reis da Rua participa é o “Desafio Internacional de Basquete de Rua”, promovido uma vez por ano, com transmissão ao vivo pela Sportv.

Vale a pena ressaltar que Reis da Rua não é apenas o nome do evento, mas também da seleção que foi formada pelos atletas que se destacam na Liibra – Circuito Nacional. O circuito mundial será disputado pelas seleções formadas com os melhores jogadores que participaram da LIIBRA de seus pais. Essa seleção é chamada mundialmente de Reis da Rua, seguido do nome do País. Temos uma equipe técnica permanente e uma seleção rotativa a cada oportunidade ou competição, oportunizando assim a participação de mais atletas que tenham bom desempenho para mostrar seu show na quadra. Os Reis da Rua do Brasil, já disputaram dois Desafios Internacionais. Um foi realizado contra a seleção do Chile em São Paulo e o outro contra a temida seleção dos Estados Unidos da America no templo sagrado do Basquete de Rua do Brasil, Viaduto de Madureira, onde funciona o Centro Esportivo e Cultural da Cufa. Nos dois desafios, os Reis da Rua do Brasil ganharam a disputa, para felicidade da torcida brasileira.

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Reis da Rua Brasil X Chile /SP pg.43 - Melhores momentos Brasil X Chile em SP e Brasil X EUA no RJ.



HGT e Cufa Harlem Globetrotters no Brasil HGT E Cufa, Palavras que hoje parecem se misturar identificação imediata, mas tudo tem um motivo e uma forte razão de ser. A equipe do Harlem Globetrotters foi criada inicialmente só por jogadores negros e é fruto das comunidades pobres, nascida nos guetos do bairro do Harlem em NY nos EUA. Hoje é mundialmente conhecida pela criatividade e habilidade de seus integrantes. O time adotou um estilo irreverente e conquistou multidões por todos os países por onde passaram e ainda passam.

A origem e o modo de jogar o basquete divertido e irreverente fez com que surgisse enorme identificação com a Cufa, que faz um trabalho muito parecido com o Basquete de Rua pelas comunidades de todo o Brasil. Quando está no Brasil a equipe do Harlem faz questão de participar com a Cufa em várias das suas ações sociais visitando as comunidades, projetos, instituições e centros de recuperação, como aconteceu na Fundação Casa, em São Paulo. A parceria não fica por aí, a equipe da Cufa hoje é quem realiza todos os jogos de abertura do HGT pelo Brasil dando um show de Basquete de Rua. Três jogadores da equipe da Cufa foram convidados a viajar com o HGT para uma turnê pela Europa, consolidando uma ótima oportunidade de intercâmbio e fortalecendo ainda mais essa relação de sucesso. Em 2010 A Cufa em parceria com a Rede Globo, realizou uma das maiores promoções nacionais das últimas décadas, onde foi escolhido o primeiro Harlem Globetrotter brasileiro. Isso sim é Basquete de Rua.

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Jogadores da Cufa e do HGT pg.45 - Disputa entre os melhores no Maracanãzinho



Skate na Cufa Uma peça fundamental A Oficina de Skate na Cufa começou no Centro Esportivo e Cultural, situado embaixo do Viaduto Negrão de Lima, em Madureira, Rio de Janeiro, no ano de 2005. Hoje o espaço conta com uma das melhores rampas do Brasil, que foi dada de presente para Cufa, pelo cantor e compositor Chorão. Desde então permanecemos como atividade fixa também nas bases da CDD - Cidade de Deus - Complexo do Alemão, Acari e Favela do Sapo, Isso no Rio de Janeiro. Os outros estados também incorporaram o skate em suas bases e hoje estamos com mais essa ferramenta em todas as Cufas do Brasil. Hoje o skate é uma peça fundamental nos eventos da Cufa, realizando campeonatos e apresentações em grandes eventos da instituição como SEBBAR, LIIBRA, Hutúz, Reis da Rua, Viradão Esportivo, Tracon, Bradan e RPB. Através dessas ações o skate se propagou ganhando um espaço considerável na mídia, sendo considerado por muitos como o sexto elemento no movimento Hip Hop.

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Skate no Viaduto de Madureira / Skatistas da Cufa pg.47 - Componentes da Cupocufa / Roda de capoeira no centro do RJ


Capocufa Dando rasteira e levantando poeira As atividades de capoeira na Cufa começaram na inauguração da base Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, onde o grupo SBC Capoeira foi convidado para fazer uma apresentação de capoeira e maculelê. Com o interesse das crianças com toda aquela movimentação dos capoeiristas, logo a atividade se incorporou às outras ações em que trabalhamos a cidadania dos jovens. Assim os Mestres da capoeira de todo Brasil, levaram suas experiências e mudaram a cabeça de muitos daqueles jovens, ensinando e dando-lhes a oportunidade de fazer suas escolhas, mostrando-lhes que o melhor caminho é aquele que deve ser seguido. A Capocufa trás para os jovens, disciplina, respeito, honestidade, humildade, estudo e perseverança, pois é esse conjunto que faz e forma o cidadão de bem.


Viradão Esportivo A maior mobilização esportiva do país

O Viradão Esportivo é um evento com duração de 33 horas ininterruptas, que acontece simultaneamente em mais de 400 municípios do Brasil. O principal objetivo é incentivar a prática de esportes e, através dele, a inclusão social e o exercício da cidadania, por meio da mobilização do maior número possível de participantes. É incorporada à programação oficial do evento, toda e qualquer iniciativa esportiva, de qualquer modalidade, que tiver interesse em participar. Em 2009 o evento mobilizou 16 milhões de pessoas em todo país, com eventos de auto rendimento, como campeonato de artes marciais e eventos lúdicos como torneio de pipa. Através do esporte alcançamos crianças, jovens e adultos, pois as modalidades esportivas possuem grande apelo na sociedade. Pensando nisso, a Cufa e seus parceiros, realizam uma grande mobilização, que se desdobra em um grande evento esportivo, através do apoio de parceiros como, associações, clubes, escolas, forças armadas, universidades, federações, confederações, dentre outras organizações, que juntas, concluem essa ação.

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O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, participa da abertura do Viradão Esportivo pg.49 - Tai Chi Chuan na Lapa /RJ; Abertura Viradão 2010 no Cristo Redentor, com a presença do ministro Orlando Silva entre outros; Boxe no Distrito Federal ; Hidroginástica em Porto Alegre; Abertura Viradão 2009 na Vila Olímpica da Mangueira com a presença de personalidades do mundo esportivo



Cia de teatro Tumulto

Uma força amplificadora A palavra tumultuar significa contrariar o óbvio. Impressionar. Desconcertar. Mexer com quem está quieto. A Companhia de Teatro da Cufa é o meio pelo qual a instituição se coloca no universo das artes cênicas, como forma de expressão, transformação e mobilização social. Criada em 2001 por jovens integrantes da Cufa, onde o desejo de se expressar se confundia com a necessidade de protestar. A Cia é hoje composta por 150 atores, com idade entre 14 e 40 anos, todos moradores de favelas cariocas.

Talentos que rompem o preconceito da favela com produções de qualidade e propostas inovadoras, em um teatro ousado e uma arte comprometida com as mais diferentes questões que envolvem o homem contemporâneo. A companhia se apresenta também em outras cidades e estados, assim como em importantes encontros políticos e culturais. O núcleo que se prolifera a cada movimento de tumulto, já engloba companhias distintas para jovens e crianças e está presente até mesmo em outras regiões. A base está localizada no Espaço Cultural da Cidade de Deus, em um teatro, no qual acontecem as aulas para a comunidade, os ensaios e as apresentações do grupo. A Companhia realiza desde cursos de teatro, montagens de espetáculos, esquetes e leituras dramatizadas à mostra de filmes e palestras. Além de se apresentar em seu próprio teatro, o grupo leva sua arte também às escolas públicas, universidades e diversos outros locais abertos a convite. Assim, ela funciona como uma força amplificadora do horizonte de atuação da Cufa, com um foco artístico-social transformador, atuando inclusive além da comunidade em que está inserida.

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Atores da Cia de Teatro Tumulto, com o ator Caio Blat e o rapper MV Bill pg.51 - Grandes espetáculos da Cia de Teatro Tumulto da Cufa



Companhia de Teatro Conquistando espaços

Dentre alguns dos espetáculos montados pela Companhia, está a esquete “A voz do excluído”, de Anderson Quak, apresentada na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, e a peça “O Fragmento de Navio Negreiro”, um trabalho de grande sucesso, com trechos de letras de músicas e partes do poema homônimo de Castro Alves. A projeção da Companhia dentro da própria comunidade da Cidade de Deus deve-se a “MK”, espetáculo baseado em uma letra do rapper MV Bill. Já foram montadas pelo grupo duas adaptações de textos do escritor Lima Barreto, “Caso do Mendigo” e “Elogio à Morte”. As mais recentes produções foram a comédia social “Nóia da Paranóia”, dirigida por Cico Caseira, e “Papo Calcinha”, uma peça que traz, através de uma linguagem leve e descontraída, os principais assuntos inerentes à iniciação sexual no universo jovem. As apresentações no programa Criança Esperança, da Rede Globo, em São Paulo, nos anos de 2004 e 2006, trouxeram grande visibilidade para a Companhia, que participou ainda de oficinas ministradas por profissionais com larga experiência teatral, como Guida Vianna, Débora Lamm, Lázaro Ramos, Cico Caseira, entre outros. Um dos momentos marcantes da história da Companhia de Teatro da Cufa aconteceu com o espetáculo de rua “Não Adianta Falar”, realizado, em 2003, em protesto pela morte de um morador da favela, vítima de uma bala perdida. Ao final da apresentação, o público, de mais de cinco mil pessoas, que lotava a praça principal da Cidade de Deus, formou um imenso coro e cantou o Hino Nacional. Não há para a Cia Tumulto, a obrigatoriedade de ligar a arte da favela exclusivamente a temas da favela. Claro que o distanciamento completo não é possível, nem desejado, já que abordar o cotidiano do tráfico, da violência e da desigualdade e injustiça social se faz extremamente importante, mas os temas não devem ser exclusivamente estes. Acreditamos que a Cia Tumulto deve falar sobre todos os temas e para todos os públicos, promovendo assim a integração de que tanto falamos e pela qual lutamos.

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1º Mostra de Esquetes realizada no Teatro da Cufa CDD – Cidade de Deus


Espetáculos da Cufa Algumas produções históricas PAPARUTAS Escrito por Lázaro Ramos A Cia. de teatro Tumulto leva aos palcos o primeiro texto teatral escrito por Lázaro Ramos. O espetáculo é produzido pela própria companhia e conta com estilos musicais variados produzidos por Cacau Amaral e Luiza Braga. Paparutas respeita a inteligência das crianças, de forma construtiva. Incentiva o imaginário em uma viagem guiada pela fantasia e ressalta a crença de que se pode educar e sensibilizar por meio da arte. A peça conduz o público por rotas estimulantes, ingredientes que fazem da peça, uma obra premiada no Festival de Teatro da Cidade do Rio de Janeiro. Festival de Teatro da Cidade do Rio de Janeiro 6ª Edição / 2008 / Festival infantil Premiação - Troféu Arlequim Melhor Ator - Mario Guto Iluminação - Clécio Arruda Melhor Atriz: Rafaela Baia Produção: Ana Sabag Melhor Montagem: Cia de Teatro Tumulto com o Espetáculo: Paparutas Texto: Lázaro Ramos Direção: Anderson Quak


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PRAZER EM FAMÍLIA

CARAS

Manutenção do elo familiar

Povo brasileiro

A peça trata de algo relevante nos dias de hoje: A falta de integração na instituição familiar. Sentimentos como desunião, egoísmo, ambição desmedida, força de vontade, altruísmo e compaixão, são os elementos que compõem essa montagem, onde o humor está sempre presente.

O texto criado é baseado nos argumentos de Gisele Castro. O espetáculo conta a trajetória entre amigos de infância até a fase adulta. Afinidades, conflitos, sexualidade, profissão, diferenças físicas e étnicas são abordadas durante o espetáculo.

Concepção: Anderson Quak / Texto: Alex Borges e Núcleo de Dramaturgia Tumulto / Elenco: Cia de Teatro Tumulto / Som: DMC / Luz: Clécio Arruda. Em 2009 o espetáculo Prazer em Família participou do Viradão Cultural do Rio de Janeiro, se apresentando no teatro Café Pequeno, em Ipanema.

Direção: Ricardo Fernandez / Texto: Núcleo de dramaturgia Cia Tumulto / Elenco: Cia de Teatro Tumulto. Em 2009 foi apresentada no Retiro dos Artistas e também na cidade paulista de Barueri e em diversas comunidades do Brasil.


PARANÓIA CARIOCA

CARROÇA DA HISTÓRIA

Diversidade de raças

Vida mambembe

Espetáculo musicado com movimentos ativos de palco. Aglutina todos os atores em cena, destacando-se cada um na sua vez ou em forma de coro geral.

Seguindo a linha da comédia Del Arte, a peça apresenta uma junção de contos adaptados da obra Contos de Todo Mundo. Na história, a companhia itinerante de teatro revive personagens da vida mambembe que se questiona sobre qual tema apresentar ao público local.

Utiliza a música para descrever o Rio de Janeiro, na representação da alegria do povo carioca. Com críticas construtivas e sugestões de melhorias comunitárias. Concepção, texto e direção: Cico Caseira/ Elenco: Cia de Teatro Tumulto. Em 2009 o espetáculo foi apresentado durante a comemoração do aniversário da cidade do Rio de Janeiro.

Concepção: Patrícia Braga/ Direção e Texto: Marcio Vieira/ Elenco: Cia Tumulto. Desde 2008 é um espetáculo itinerante que vem sendo apresentado pela Cia de Teatro Tumulto.


A Cufa é Show! Surge a Cufa Produções

Grandes artistas em grandes eventos Em 1999 uma das maiores demandas da Cufa era conseguir produzir os CDs dos grupos de rap, depois era prensar esses discos e distribuí-los, a cada passo dado novas demandas surgiam. O próximo desafio era tentar espaços nos eventos para esses grupos se apresentarem e como isso não acontecia, a alternativa foi a própria instituição produzir seus próprios grupos e artistas. Existia ainda outra barreira, que era a falta de conhecimento e experiência em produção.

Começavam então os cursos de produção cultural cujo objetivo era possibilitar aos grupos de rap essa alternativa. Surge a Cufa Produções e a Hutúz Cultural, que vinham para ficar e mostrar que é possível produzir espetáculos tão nobres quanto aqueles que podemos admirar. De lá pra cá as oportunidades surgiram na medida em que a qualidade, dessas produções, melhorava e se fortalecia. Hoje muitos projetos já foram executados, assim como novos projetos se sucedem, seja diretamente ou em parceria. A CUFA acredita que realizar grandes eventos e shows é um índice positivo do empoderamento da juventude negra das favelas brasileiras, que encontram em um campo objetivo a possibilidade de viver da arte.

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Sandra de Sá, grande parceira da Cufa pg.57 - Shows e apresentações memoráveis com Caetano Veloso, Nega Gizza, Dudu Nobre, Lenine, Sharon Meneses, Sergio Loroza, Rafael Zulu,Tony Garrido, Gilberto Gil, Leci Brandão, Rappin Hood, entre outros.



MV Bill Mensageiro da Verdade Alex Pereira Barbosa, 35 anos, filho do bombeiro hidráulico Mano Juca e da dona de casa Cristina, nasceu na comunidade da Cidade de Deus, zona oeste carioca, onde mora até hoje. Sua relação com o movimento Hip Hop começou em 84, ao assistir o filme Collors - As cores da Violência, de Spyke Lee. A partir disso passou a ter o rap como fonte de sobrevivência. O Hip Hop se tornou um movimento de militância para MV Bill, que já recebeu diversos prêmios devido ao seu trabalho musical e sua militância no movimento Hip Hop. MV Bill foi premiado pela Unesco como uma das 10 pessoas mais militantes do mundo, nos últimos 10 anos. Além da música, MV Bill é autor de livros, em parceria comigo, Celso Athayde, e com o cientista político Luiz Eduardo Soares, escreveu sua primeira obra, Cabeça de Porco, publicado em 2005. Ainda em parceria comigo, lançou em 2006, Falcão - meninos do tráfico, trabalho feito inicialmente no formato documentário e de grande repercussão na mídia nacional e internacional. Em 2007 lançamos nosso terceiro livro, Falcão – mulheres e o tráfico. MV Bill é apresentador do programa de rádio, A Voz das Periferias, e entrou para o mundo da interpretação através do filme de Sandra Werneck, Sonhos Roubados, onde interpretou um presidiário, após esse trabalho, foi convidado pela Rede Globo de Televisão, para fazer parte do elenco da série juvenil, Malhação, no papel de um professor de matemática.

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DISCOGRAFIA 1998: Mandando Fechado 1999: Traficando Informação 2002: Declaração de Guerra 2006: Falcão – O bagulho é doido 2010: Causa e Efeito PRÊMIOS 1999: Troféu Griô – Revelação / DJ TR - Revelação - Realização Jurema Batista 2000: Prêmio Hutúz: Melhor Álbum, Melhor Música, Personalidade do Ano e Melhor Clipe. 2001: Prêmio Hutúz: Melhor Música: “Só Mais Um Maluco”; Melhor Clipe: “Soldado do Morro”; DJ Sound Awards - Destaque Rap Nacional; VMB (Video Music Brasil) Melhor Clipe: “Soldado do Morro” – categoria rap - MTV 2002: Prêmio Hutúz: Melhor Vídeo 2003: GRBC Coroado 2004: Prêmio Unesco (Barcelona); Prêmio Unesco Juventude; Prêmio Orilaxé (Grupo Cultural AfroReggae) – contribuição para o desenvolvimento sócio-cultural no Rio de Janeiro 2005: Programa Ação (TV Globo) - Projetos Sociais; Prêmio do Ministério da Justiça - Categoria Direitos Humanos. 2006: Prêmio Wladimir Herzog (Prêmio dos jornalistas brasileiros) Destaque programa exibido na TV: “Falcão – meninos do tráfico” (leitores Globo Online); Prêmio CNBB –Bispos do Brasil - Categoria Especial; Troféu Raça Negra - Afrobras 2007: Rei da Espanha (Madrid) – melhor programa jornalístico (categoria TV): “Falcão – meninos do tráfico” 2008: Festival de Cinema de Milãoema de Milão (Itália) – melhor documentário: “Falcão – meninos e o tráfico”


Nega Gizza O lado feminino do Rap Giselle Gomes Souza, ou Nega Gizza, nasceu em Brás de Pina, subúrbio do Rio. Com o discurso afiado e a voz firme, Gizza teve (e tem) talento e rimas de sobra para se firmar num meio onde, até então, destacavam-se apenas vozes masculinas. Filha de empregada doméstica, aos sete anos, vendia refrigerante e cerveja com seus irmãos no Centro do Rio. Mesmo tendo parado de estudar na sétima série, por não conseguir conciliar o trabalho com os estudos, Gizza sonhava em ser jornalista. Aos 15 anos, quando escutou uma música de rap pela primeira vez, se identificou imediatamente com o estilo musical. Após ter perdido seu irmão, Márcio, morto pela polícia aos 27 anos, Nega Gizza foi “adotada” como irmã por MV Bill, que a convidou para participar de sua banda como backing vocal. Entre 1999 e 2000, a cantora foi a primeira locutora de uma rádio de rap, no programa Hip Hop Brasil, da Imprensa FM e desde 2005 apresenta o programa Hip Hop CUFA, da 107 FM . Seu primeiro CD conta com um time de primeira na produção: Zégonz (o DJ Zé Gonzalez, do Planet Hemp, que também trabalhou com Xis), DJ Luciano, Dudu Marote (dono do selo Muquifo Records), MV Bill, Gustavo Nogueira e Daniel Ganja Man (do Coletivo Instituto, de São Paulo). Em Na Humildade, CD lançado em 2002, Nega Gizza veio mostrar que as mulheres também podem ter espaço num mercado dominado por rappers do sexo masculino, e sua voz forte pode abrir os caminhos para toda uma nova geração de vozes femininas.

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Ainda no mesmo ano, lançou seu primeiro videoclipe, Prostituta. Dirigido por Kátia Lund e Líbero Saporetti e com fotografia de Ricardo de La Rosa, o clipe denuncia a realidade da prostituição no Brasil. Em 2003, recebeu o Prêmio Orilaxé como “Melhor Cantora”. Em 2008, sob sua direção começou a ser produzido o documentário “Brasileiras” que retrata a vida de presidiárias em todo o Brasil, que ainda esta em fase de produção. Gizza também é uma das produtoras do Prêmio e do Festival Hutúz; dos festivais Bradan e RPB e Presidente do Núcleo Maria Maria, núcleo que foi criado pela Cufa com projetos direcionados somente para mulheres, e Presidente da LIIBRA – Liga Internacional de Basquete de Rua com competições e campeonatos em todo o território Nacional.


Estação F Embarque nas próximas paradas

A parada ideal para quem curte muita música, shows e diversão! A Central Única das Favelas, em parceria com prefeituras locais, leva, através do Estação F, muito entretenimento e emoção para várias cidades principalmente a Baixada Fluminense, uma das regiões que mais se desenvolve no país. O Estação F faz shows comemorativos dos aniversários da Cidade e datas importantes como o Dia das Mães, dos pais, Dia do trabalhador, Dia das crianças, Réveillon da Baixada e muitos outros. Grandes nomes da música popular brasileira já participaram do projeto. Gilberto Gil, Elba Ramalho, NXZero, Dudu Nobre, Maria Gadu, Diogo Nogueira e Martin´alia são só alguns dos grandes nomes que já comandaram nossos trilhos. Veja as estações que já paramos, quais artistas viajaram em nossos trilhos e embarque nas próximas paradas! Boa viagem!

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Réveillon da Baixada; Belo, NXZero, Caetano Veloso e Mart’nália; Preta Gil e Gilberto Gil



Cufa Brasil Agregamos ao longo do tempo

No início da Cufa não havia nenhum tipo de planejamento, a nossa meta era sobreviver àquele mês, com falta de recurso, gestão e conhecimento de parceiros que pudessem ajudar na nossa luta, existiam somente os que se ofereciam a lutar por nós, ou seja, os intermediários da felicidade. Nosso sonho sempre foi ultrapassar essas barreiras, aos poucos fomos conseguindo. Com a ajuda de vários parceiros como AfroReggae, Viva Rio, Fundação Ford, Secretaria de Cultura do Rio e tantos outros que agregamos ao longo do tempo, fomos e vamos caminhando . No ano 2000 os atletas Ronaldo fenômeno e Zinedine Zidane promoveram uma partida de futebol na Suíça cuja renda seria dividida entre Argélia e Brasil. Com uma articulação do então gerente social da Rede Globo, Luiz Roberto Ferreira, Ronaldo Fenômeno manifestou o desejo de construir um espaço na Cidade de Deus. A partir desse momento fomos apresentados a novos desafios, como o de construir um espaço de referência na favela. Missão cumprida, mas o fato de ser apenas conhecido na favela não era o nosso principal objetivo, o nosso foco era outro, o de fazer com que a maior quantidade de jovens tivesse acesso às oportunidades que tivemos. Nosso sonho passou a ser o de promover a democratização do acesso à felicidade e ao poder para esses jovens. A construção em grande escala de uma identidade. Passamos então a percorrer o Brasil com o objetivo de construir uma rede nacional de jovens, sobretudo negros, que tivessem esse perfil empreendedor e de liderança capaz de passar a idéia adiante. Chegamos aos 27 estados em pouco tempo. Hoje, trabalhando com as mais diversas atividades culturais, esportivas, integradas ao hip hop e ao audiovisual, tendo como pano de fundo o social, a inovação e sustentabilidade. Procuramos promover juntos, um conjunto de intervenções comunitárias e culturais, que despertem nos jovens o sonho e o desenvolvimento de mudanças, estimulando a responsabilidade social, cultural e política, junto a uma qualificação profissional, elevação da auto-estima e formação continuada. Agregando a cada dia mais, crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos e diversos parceiros para compartilhar desse louco sonho chamado Cufa. Entrar nos estados era algo sem forma, sem método. Aliás, na Cufa o método é não ter método. Restava-nos agregar e trazer as pessoas para nossa rede de trabalho, onde pulsavam nossas dúvidas e angústias, mas também borbulhavam o conhecimento, a troca de idéias e a busca pela saída de que precisávamos.

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Era necessário manter o perfil que buscávamos para nossas lideranças, jovens negros das favelas. Ser leal a esse princípio era priorizar, preparar os escolhidos, evitando a opção mais fácil e natural de agregar os preparados. Isso aumentava ainda mais a dificuldade, pois escolher pessoas que não conheciam o mundo do asfalto, que não tinham acesso aos espaços, buscando transformar dificuldades em oportunidades era um dos desafios que nos guiava e nos fazia andar. Não negamos essa realidade, não procuramos usar nossa fragilidade como desculpa ou justificativa para a construção de apenas um movimento de reivindicação. Foi necessário que a tão sonhada revolução passasse pela vida dos escolhidos, e que aquela revolução pessoal impactasse o habitat natural de cada um, independentemente do quão sofrido fosse aquele território. Era alí a Cufa nascendo, na constante busca de construir um Brasil humanamente diverso, socialmente justo, culturalmente democrático, onde as favelas não fossem coadjuvantes de suas próprias histórias, mas protagonistas dos rumos de seus destinos e construtoras diárias de seus sonhos.


Acre/AC A Cufa em terras Amazônicas

A Central Única das Favelas tem como base a cidade de Rio Branco – AC. Instalada na periferia de Cadeia Velha, conhecida por ser localizada na região portuária e ter a peculiaridade de ser ao mesmo tempo ribeirinha e urbana, além de ficar a poucos minutos do centro de Rio Branco. Com muita garra a CUFA reuniu a juventude e profissionais de áreas distintas para fortalecer as ações nas periferias da cidade, tendo como proposta inicial instalar circuito itinerante de cinema nos bairros mais desfavorecidos. Temos como missão contribuir para o desenvolvimento humano através de ações de proteção e difusão da diversidade cultural, estimulando o protagonismo e o empreendedorismo comunitário como meio de transformação social, com a efetiva participação da juventude acreana.

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Alagoas / AL Fazendo do Nosso Jeito

A Central Única das Favelas chegou a Alagoas no ano de 2008 com objetivo de dar voz e vez às favelas do Estado. A primeira sede foi aberta em Maceió, posteriormente abrindo novas frentes, sempre priorizando as localidades mais vulneráveis, como é o caso do Vale do Reginaldo. Focamos as primeiras ações relacionadas à educação e arte, com a implantação de reforço escolar e alfabetização para crianças e adultos, bem como dança afro, aulas de skate, corte e costura, teatro e arte circense e a escolinha de basquete de rua. Em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Maceió participamos de intensos debates no Fórum Permanente de Combate as Drogas. Dando continuidade a empreitada de ações comprometidas com a melhoria da qualidade de vida dos menos favorecidos através da intervenção social, recebemos a comitiva do Ministério da Justiça no lançamento do Programa Território da Paz, englobando 26 ações de prevenção e combate a violência. Uma parceria Cufa e PRONASCI para o desenvolvimento das atividades na comunidade.


Amapá / AP Dentro das comunidades

No Amapá a Cufa chegou em 2008 trazendo esperança para os jovens moradores das favelas, que por morarem em um estado no extremo do país, região norte, ainda tem dificuldade de acesso até mesmo a internet. A proposta da Cufa em Macapá é assim como em todos os demais estados da federação, oportunizar os jovens, os negros, seja com esporte, seja com entretenimento, seja com cursos e projetos que viabilizem melhorias para as comunidades pobres. Seguindo as linhas de ações e posições da Cufa nacional, no Amapá, a Cufa abriu diálogo com o poder público, discutindo e apresentando idéias e planos para melhoria e resolução de problemas detectados juntamente com os moradores das comunidades. Este diálogo possibilitou à Cufa uma integração maior e consolidada com os políticos locais e gerou parcerias em alguns projetos desenvolvidos nas favelas. Intervenções de esportes, palestras sobre diversos assuntos, violência, gravidez na adolescência, crime, profissionalização, e drogas, que tem sido um enorme problema para a juventude.

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Amazonas /AM O desafio é grande

A Cufa no estado do Amazonas se constitui como uma rede de articulação de ações culturais, esportivas e educacionais em prol do equilíbrio social das favelas e comunidades amazonenses. O desafio é grande e tendo plena percepção dessa realidade, jovens moradores de diversas comunidades estão se articulando desde o ano de 2008, para estruturação dos trabalhos. A Cufa AM organiza atividades, envolvendo e integrando as pessoas em prol da valorização da cultura local, das lendas e forças da região amazônica. Assim, no Amazonas a rede se constrói e se redesenha entre um caminhar da cultura global e local, sempre dialogando com os setores sociais políticos e culturais, sendo pilar da discussão do desenvolvimento econômico e social a partir do olhar e compreensão da juventude. A Cufa AM ainda tem um longo caminho a trilhar, pois a muito que fazer nas favelas do estado, são muitas as necessidades, Mas a Cufa a cada dia vai tomando corpo e vai sendo cada vez mais visível no Amazonas.


Bahia / BA Resistência na Contemporaneidade

A condição de desigualdade gera, ainda hoje, sérias conseqüências na identidade cultural do país, mais especificamente na Bahia. Assim como no passado, continuamos o combate às várias formas de preconceito e à intolerância através de outras formas de resistir e vencer a luta cotidiana por dignidade. Neste sentido ergue-se a Cufa Bahia, com a missão de minimizar as desigualdades presentes entre as distintas camadas sociais, percebendo a importância de intervir, de forma ativa, através de mecanismos desenvolvidos por seus executivos sociais (jovens, homens e mulheres oriundos de periferias), que trabalham, estudam e desenvolvem reais possibilidades de transformação nas estruturas sociais. Atividades como o Viradão Esportivo, RPB (Festival Rap Popular Brasileiro), LIIBRA (Liga Internacional de Basquete de Rua), Bradan (Brasil Break Dance), Cine Cufa, CapoCufa, Pixaim, entre outras, nos apontam o resultado de um trabalho sério que visa a inserção dos jovens de periferia nos mais diversos âmbitos social, político e acadêmico da Bahia.

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Ceará / CE Formar e informar a periferia

A Cufa Ceará surgiu em 2005, agindo como pólo de produção cultural cuja missão é formar e informar as pessoas na periferia, principalmente a juventude. Partindo do princípio “Fazendo do Nosso Jeito”, a Cufa tornouse referencial para as comunidades e no Ceará possui bases em Fortaleza (Comunidade das Quadras/ Aldeota, Pantanal, Acaracuzinho, Pirambu, Bom Jardim, Verdes Mares, Serviluz, Castelo Encantado, Conjunto Ceará, Pirambu, Aerolândia, Trilho e Lagamar, Juazeiro do Norte, Sobral, entre outras. Além de ações pontuais representadas pela realização de oficinas diversas, escolinhas de dança e basquete e cursos de formação e cidadania que abrangem da infância à Terceira Idade, a Cufa CE vem desenvolvendo alguns projetos essenciais, um deles é o projeto: Aliança social contra o crack – Ampla campanha informativa e preventiva, composta de exibição do vídeodocumentário Selva de Pedra: A Fortaleza Noiada, mesas-redondas, apresentações artístico-culturais, organização de uma publicação e articulação da Rede Aliança contra o crack.


Distrito Federal / DF Ferramenta de integração e inclusão

Dentro das esferas políticas, sociais e principalmente culturais, a Central Única das Favelas do Distrito Federal desenvolve há três anos diversos eventos e atividades que têm por objetivo difundir a conscientização das camadas desprivilegiadas da população com capacitação profissional, acesso a difusão da cultura e do esporte, entre outras atividades. Elementos que elevam a auto-estima da periferia quando levam conhecimento a ela, oferecendo-lhe novas perspectivas. São atividades que servem como ferramenta de integração e inclusão social utilizando uma linguagem própria para ampliar suas formas e possibilidades de expressão e alcance dos negros e moradores de periferia. São muitos projetos, mas vale destacar alguns como o Ação Periferia. Durante uma hora, uma vez por semana, um grupo de radialistas da Central Única das Favelas comanda o programa Ação Periferia, que toca música produzida em comunidades de todos os estados do País e também leva informação, sobre tudo o que é de interesse do cidadão.

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Espírito Santo / ES Avançando cada vez mais

A Cufa ES surgiu oferecendo novas perspectivas de inclusão social utilizando como forma de expressão maior o Hip Hop. Pelo viés cultural, atua empregando oficinas de DJ, Graffiti, Break, Rap e também a produção do Núcleo de Audiovisual e literatura, além da prática esportiva do Basquete de Rua. A Cufa ES promove, produz e veicula a cultura destas diversas manifestações através de publicações, discos, vídeos, programas de rádio, shows, festivais de música, cinema, oficinas de arte, debates, mesas-redondas e outros meios. Em virtude da viabilidade dos resultados alcançados, a Cufa ES formou importantes parcerias, fazendo com que seu ideal seja cada dia mais reconhecido e respeitado, desenvolvendo um excelente trabalho, avançando cada vez mais, atingindo grande público das camadas menos privilegiadas da população, e difundindo seus objetivos de forma notória.


Goiás / GO Um processo de transformação

A Cufa Goiás foi fundada em 16 de janeiro de 2008, data em que foi realizada a abertura oficial com o lançamento do Livro Falcão, Mulheres e o Tráfico, com a presença de um de seus escritores, o rapper MV Bill. A Cufa GO está presente em quatro Municípios do Estado, sendo eles: Goiânia, Aparecida de Goiânia, Aragarças e Valparaíso. A Cufa GO vem desenvolvendo junto às comunidades de periferia da região, atividades ligadas a um processo de transformação e vivência a uma nova realidade social, física e cultural. De forma a contribuir para a inclusão social e cultural, a Cufa Goiás realiza o Pé Rachado Festival. Legitimamente goiano, é o principal festival de Hip Hop do Estado e um projeto com o objetivo de valorizar a cultura do Cerrado; e o Giro Cultural, um festival que celebra a diversidade e agrega diversas expressões artísticas e estilos musicais variados. Outras atividades realizadas são as oficinas de graffiti, basquete de rua e toy art, mostra de filmes e outras atrações de cunho artístico e cultural, além de manter um ateliê de moda que utiliza material reciclado para a confecção das peças. Um dos objetivos da Cufa GO é ser importante elemento de formação de identidade e construção da cidadania, onde agentes multiplicadores de cultura assumem o papel de transformadores da realidade social.

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Maranhão / MA Qualidade de vida nas comunidades

A Cufa chegou ao Maranhão no final de 2006 com o objetivo de ser uma central de oportunidades concretas para as comunidades. Atualmente, temos bases em quatro cidades, sendo elas: Balsas, Imperatriz, Raposa e São Luiz. A Cufa Ma funciona como um pólo de produção cultural e de distribuição de oportunidades para os jovens, particularmente negros e residentes em favelas. Uma iniciativa importante da Cufa MA foi a realização da Semana do Livro, que ocorreu em vários locais da capital maranhense. Crianças, jovens e adultos tiveram acesso a mais de mil livros que contribuíram para estimular o interesse pela criatividade no campo da leitura e, consequentemente na formação de leitores críticos. A Semana foi promovida pela Secretaria de Estado da Cultura (Secma), por meio da Biblioteca Pública Benedito Leite. A Cufa MA agradece os envolvidos na execução dessa ação e espera contribuir ainda mais para a melhoria de qualidade de vida nas comunidades periféricas maranhenses.


Mato Grosso / MT Mais de cem Cufistas

A Cufa Mato Grosso nasceu em 2004, e foi seguindo, sempre com o princípio de preparar os escolhidos e agregar os preparados. Bases em municípios do interior foram abertas, como Sinop (uma das mais estruturadas do Estado), Peixoto de Azevedo, Barra do Garças, Primavera do Leste, Rondonópolis, Colider e Aripaunã. Em todo o Estado são mais de cem Cufistas trabalhando e acreditando em mudanças. Ao longo dos anos, a Cufa MT foi abrindo o leque de trabalhos e serviços oferecidos para sociedade, mas sempre tendo o Hip Hop como a principal linguagem de mobilização de pessoas e articulação política. Em 2010, a Cufa MT deu um grande passo, com a construção de sua sede própria, o Centro Esportivo Cultural CUFA MT, localizado em um dos bairros com menor Índice de Desenvolvimento Humano, São João Del Rei. Hoje, cerca de 500 pessoas circulam e usufruem das atividades oferecidas pela Cufa MT diariamente no Centro Esportivo.

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Mato G. do Sul / MS Um trabalho muito significativo

A Cufa em Mato Grosso do Sul, surge em 2007. Atualmente está presente em sete municípios do estado, sendo: Campo Grande, Corumbá, Coxim, Caarapó, Jardim, Aquidauana e Dourados. A Cufa MS realizou diversas ações no sentido de ampliar o debate com jovens, crianças e adultos de periferias da cidade em situação de vulnerabilidade social, contextualizando varias problemáticas que os atingem diretamente, um dos projetos importante é o Conexão Hip Hop, que levou para as quatro principais regiões do município diversas atividades como mostras de cinema, oficinas de Hip Hop e basquete de rua, além de debater com a comunidade buscando um melhor entendimento da situação atual em que vivem os moradores. A missão da Cufa MS é contribuir através da concretização de ações e práticas que promovam a nossa demanda, fatores fundamentais para o desenvolvimento e inclusão social, cultural e econômica e para a construção de cidadania.


Minas Gerais / MG Agente de inserção e emancipação

Criada em 2007, a Cufa está na capital do estado (Belo Horizonte) e em outras cidades, como Uberlândia, Araguari, Santa Luzia e Alfenas. A equipe é formada por profissionais de diversas áreas, mas em sua maioria, jovens das esferas menos favorecidas da sociedade, oriundos das oficinas de capacitação e profissionalização das bases já estabelecidas. A Cufa MG é divida em núcleos: Comunicação, Esportes, Audiovisual, Hip-Hop, Educação Ambiental, Núcleo Maria Maria, entre outros que buscam através de ações estratégicas e oficinas de capacitação, promover a cultura e a consciência cidadã. As principais oficinas realizadas pela Cufa MG, hoje, são: Basquete de Rua (Morro das Pedras, Belo Horizonte e Santa Luzia), Rap (Morro das Pedras, Belo Horizonte), Graffiti (Bairro Veneza – Ribeirão das Neves e Borel - BH), Penteado Afro, Pintura e Bordados em Tecidos (Confisco – BH), Breck (Alfenas e Congonhas) além da Caravana Cufa BH Basquete de Rua, que é um projeto itinerante que já percorreu diversas localidades do estado.

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Pará / PA Desempenho e habilidades

A Cufa Pará, através de suas ações objetiva criar para os jovens, aptidões sócio-educativas, possibilitando manifestar entre eles desempenho e habilidades para a vida profissional, cultural e cidadã. O Fórum Social Mundial 2009 merece destaque como uma das ações que a Cufa PA participou junto com a Secretaria Estadual de Educação (SEDUC) de Belém. Realizaram uma mobilização comunitária no bairro do Guamá e Terra Firme, levando a eles atividades culturais e sociais. A Cufa PA também promove o Mutirão da Cidadania em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Pará e Coordenadoria de Promoção da Cidadania da Sejudh, realizou uma grande ação para a comunidade do Guamá, onde 314 pessoas foram atendidas com a emissão de documentos. Para as mulheres da comunidade, o objetivo principal da ação foi oferecer a elas um grande dia de conscientização de sua importância dentro de nossa sociedade. Nossa proposta foi tão bem aceita, que esta atividade foi incluída na programação oficial do governo.


Paraíba / PB Gerando diversos avanços

A Paraíba, Estado Nordestino que ocupa uma área de 56.439 km², recebeu as primeiras ações da Cufa em 2008, inicialmente com ações ligadas ao Basquete de Rua e ao Cine Cufa, atendendo as demandas nacionais. A Cufa PB possui quatro bases no Estado: João Pessoa, Bayeux, Santa Rita e Campina Grande. Além de promovermos nossas ações regularmente no Estado, desenvolvemos também parcerias com outras organizações, coletivos e ações em busca de intersetorialidade em áreas como o Vale do Gramame, única área rural de João Pessoa, no qual temos contribuído para o desenvolvimento de atividades que buscam a promoção cultural. Desde a sua fundação, notamos nitidamente as diversas mudanças internas promovidas pela Cufa PB dentro das comunidades, seja de pensamentos, objetivos ou atuações. As Ações desenvolvidas vêm gerando diversos avanços significativos na elaboração de novas proposições que tem proporcionado melhoria significativa na qualidade de vida das comunidades atendidas.

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Paraná / PR Transformação da realidade atual

A Cufa PR desenvolve ações interventivas, motivada pelos resultados de pesquisas, levantamento de informações e vivenciando esta realidade em várias comunidades na cidade, com parceria dos órgãos do governo, CRAS, Instituições Educacionais públicas e/ou privadas, líderes comunitários, e pessoas que lutam para a transformação e melhoria da sociedade . Atualmente as ações promovidas pela Cufa PR, são: Projeto Maria Maria, Biblioteca Virtual Base da Cufa na Região Sul de Londrina. Projeto Mulheres da Paz nos Jardins Franciscato, Perobal e Novo Perobal. Basquete de rua; Futebol e Futsal (aproveitando as várias canchas e campos disponíveis); Vôlei de areia (Aproveitamento das áreas prontas que não são utilizadas); Artes Marciais e lutas, Handebol e Voleibol. Os membros da Cufa PR realizam os trabalhos pela vontade de melhorar a Cidade, o Estado, nossa Nação. O que torna possível a realização das ações propostas pela Cufa que é a união dos envolvidos, direta ou indiretamente, assumindo compromissos e firmando parcerias.


Pernambuco / PE União de jovens

Como trabalhar e sobreviver com a cultura da favela em um estado multicultural? A Central Única das Favelas chegou à cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco, em 2006 e desde então vem mobilizando o público jovem da cidade. Liderada por jovens, a Cufa trás um modo diferenciado de pensar, trabalhar e agir para cultura e o social em um estado tão fiel às suas raízes e diversidade cultural. Foram diversas as ações realizadas na cidade do Recife, com objetivo de agregar jovens de diversas procedências. Destacamos os projetos: Basquete de Rua “Juntos e Misturados” - jogos amistosos contando com a participação de diversos times, inclusive de outros municípios. Com o objetivo de executar projetos eficazes no estado, conseguimos ter êxito em nossas empreitadas, esses amistosos tornaram-se um ponto de encontro e fortalecimento juvenil, além do avanço sobre paradigmas enraizados na nossa sociedade, como a união de jovens de comunidades em situação de conflito.

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Piauí / PI A cultura local e seu regionalismo

A Central Única das Favelas do Piauí tem sua sede na capital, Teresina. Desde sua fundação na cidade, a Cufa PI tem desenvolvido projetos e atividades que tragam benefícios e oportunidades aos moradores das favelas de Teresina, que têm retribuído e prestigiado nossas atividades. A Cufa PI participa intensamente das discussões sobre a cultura local e também nacional com o movimento Re-cultura que visa profissionalizar o mercado das produções culturais e, além disso, tem desenvolvido através de palestras, debates e oficinas a cultura local e seu regionalismo. Hoje a Cufa PI tem uma vasta rede de relacionamentos no estado, Governo Estadual, Secretaria de esporte do estado, Secretaria da mulher, Secretaria da juventude, Secretaria de Segurança, Prefeitura Municipal, Rede Globo, SESI. Essas são algumas das consolidadas parcerias, além daquelas que são realizadas com empresas da iniciativa privada. A Cufa PI é mais uma prova que o nosso bonde não para!


Rio de Janeiro / RJ O berço da Cufa A Cufa RJ foi o início de tudo, podemos dizer que o Rio de Janeiro foi o berço da Cufa que hoje, depois de mais de 10 anos de existência, ocupa todo território nacional. A Cufa RJ realiza projetos destinados preferencialmente a crianças, jovens, homens e mulheres de comunidades de baixa renda, que apresentem alto grau de vulnerabilidade psicossocial, sobretudo por seu envolvimento ou proximidade com a violência gerada pelo tráfico de drogas e escassez de oportunidades. Ao final desses processos são formados agentes multiplicadores com consciência de seus papeis sociais que se tornam agentes ativos na construção de suas histórias. A base de produção da Cufa RJ fica localizada no bairro de Madureira, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Nesse espaço desenvolvemos projetos, ações e festivais que tendem a fazer parte da programação de todas as Cufas do Brasil. O Centro Esportivo e Cultural da Cufa está localizado no mesmo bairro, embaixo do Viaduto Negrão de Lima.

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Rio Grande do Norte / RN Seguindo as demandas nacionais

A Central Única das Favelas do Rio Grande do Norte, chegou com o desafio de agregar, organizar e dar oportunidade aos jovens das nossas periferias, conquistando espaços e expressando as atitudes e pensamentos daqueles que são tradicionalmente esquecidos. As principais ações da Cufa RN são as seguintes: Poesia Ritmada. Evento realizado mensalmente em praça pública no centro da cidade de Natal, envolvendo os elementos artísticos e esportivos da cultura urbana e resgatando também a nossa cultura popular regional. Carnaval Junto e Misturado: Em 2010 aconteceu a segunda edição do Carnaval Junto e Misturado da Cufa RN em parceria com a Prefeitura de Natal. Foram diversos shows musicais de grupos locais de Rap, Black Music e Soul, assim como batalhas de break e produção de dois painéis de graffiti durante o evento. A Cufa RN segue com a vontade e a certeza de que ainda há muito trabalho a ser feito e muitas histórias a serem contadas, com um futuro de realizações e atividades saudáveis para a juventude das periferias do Rio Grande do Norte.


Rio Grande do Sul / RS Ações que movimentam o sul do país.

A Cufa no Rio Grande do Sul nasceu em 2003 e tem se destacado como conectora e fomentadora de políticas públicas nas favelas gaúchas. Estruturar um trabalho nos moldes da Cufa no estado mais germânico do Brasil não é tarefa fácil, começando pela resistência que enfrentamos com a palavra “favela” que muitos entendiam como pejorativo ou exagero, se tornando muitas vezes um entrave. Entrave esse que foi superado quando o conceito Cufa de desenvolvimento mostrou resultados práticos. No estado do Rio Grande do Sul, a Cufa está em 12 municípios, sendo eles: Alvorada, Cachoeira do Sul, Canoas, Frederico Westphalen, Litoral, Monte Negro, Pelotas, Porto Alegre, São Leopoldo, Venâncio Aires, Guaíba e Sapucaia do Sul. Contamos com uma grande rede de parceiros que somam diariamente em nosso trabalho, entre eles: RBS TV, SESI/FIERGS e Associação do Ministério Público. A Cufa RS realiza toda essa mobilização interagindo com todos os setores de forma construtiva e responsável.

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Rondônia / RO

A Cufa RO surgiu para promover, incentivar e fomentar ações culturais, sociais, educacionais, esportivas e de promoção da cidadania. Essas ações são ferramentas de construção de novas alternativas de inclusão. Dentro das comunidades a Cufa RO vem desenvolvendo ações de capacitação e cursos de aperfeiçoamentos e treinamentos para os moradores. Audiovisual, teatro, informática, tranças, são algumas das atividades desenvolvidas pela Cufa RO dentro das favelas e que vem conseqüentemente difundindo o nome da instituição entre os favelados e autoridades. Hoje o estado, por meio da Cufa organiza projetos nacionais e internacionais, tais como a LIIBRA – Liga Internacional de Basquete de Rua, Viradão Esportivo, Festival RPB – Rap Popular Brasileiro e Brandan e Brasil Break Dance. Ainda é necessário muito trabalho para manutenção das ações, porém o mais importante já foi realizado, que é o plantio da semente da mudança para a juventude.


Rorâima / RR Força de vontade e muito trabalho

A Cufa iniciou suas atividades em Rorâima com base localizada em Boa Vista. Ao mapear as favelas do Brasil, reunimos jovens moradores das aldeias indígenas e de periferias rurais para fortalecer as ações culturais e esportivas já realizadas em todo o Brasil respeitando a diversidade cultural local com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento humano. A principal ação de empenho da Cufa RR é a abertura de novas bases, com o intuito de disseminar em várias comunidades atividades que contribuam para a construção de uma sociedade mais justa. A Cufa chegou ao estado de Rorâima para somar, transformar e construir uma história de alegria, esperança e conquista na vida de homens, mulheres, crianças, jovens e adultos que participam das atividades produzidas e realizadas pela instituição. Através dos festivais nacionais de música (RPB), esporte (LIIBRA e Viradão Esportivo) e dança (Bradan), a Cufa RR vai incluindo e integrando a sociedade de Rorâima. E com força de vontade e muito trabalho a Cufa pretende atender todas as cidades e o maior número de pessoas dessa região.

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São Paulo / SP Território de grande fertilidade

O Estado de São Paulo mostrou ser um território de grande fertilidade para a Central Única das Favelas. A população nos recebe com respeito e satisfação valorizando ainda mais o nosso compromisso com a comunidade. A Região da Baixada Santista é composta por nove cidades: Santos, São Vicente, Praia Grande, Guarujá, Bertioga, Cubatão, Peruíbe, Mongaguá e Itanhaém. Em pouco mais de um ano a Cufa SP realizou ações sociais em diferentes pontos dessa região e três eventos de grande porte: LIIBRA - Liga Internacional de Basquete de Rua - Etapas Municipal e Estadual, Desafio internacional Reis da Rua, entre a seleção de Basquete de Rua do Brasil e do Chile e a seletiva Globetrotter Brasileiro. Essas atividades vêm criando espaços que oportunizam a demanda juvenil a descobrir seu talento como atletas. Esse conjunto de ações educativas e de formação está proporcionando o desenvolvimento e inclusão social, facilitando a construção e vivência da cidadania de todos atendidos pela Instituição.


Santa Catarina / SC Sustentabilidade das comunidades

A Central Única das Favelas atua em Santa Catarina desde o ano de 2004. Hoje a Cufa está presente nos municípios de Florianópolis, Laguna, Joinville, Blumenau e itajai e mais cinco municípios são contemplados pelas ações diretamente. Além dos festivais nacionais, a Cufa SC desenvolve projetos e ações, como o projeto A Rua Ensina, em que a Cufa leva para as comunidades oficinas de Basquete de Rua, Break, Graffiti, DJ e Rap. Esse projeto é itinerante e passa por todos os municípios onde atua. O projeto Cine Arte e Cidadania, o Cinema na Tela da Favela - são apresentados documentários, filmes de longas e curtas metragens nacionais seguidos de debates sobre os temas abordados pelos filmes. A prevenção contra o tráfico e consumo de drogas além da criminalidade na juventude, são alguns dos temas abordados. Esses são alguns dos projetos em destaque, ações e eventos que a Cufa SC vem desenvolvendo, estando sempre em busca de parceiros e oportunidades para garantir a sustentabilidade das comunidades por onde passa.

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Sergipe / SE (Re)Pensando a realidade das favelas

A Central Única das Favelas chegou a Sergipe em 2007, com a primeira base na cidade de Aracajú. A primeira ação foi fazer o levantamento diagnóstico sobre a realidade das favelas e materializar a ação com a produção de um documentário. Após a conclusão das gravações, fechamos parceria com a Universidade Federal de Sergipe, onde as imagens foram editadas. Assim, a Cufa Sergipe produziu, coletivamente, seu primeiro documentário. O mesmo entusiasmo levou a Cufa a participar da 1ª conferência nacional de segurança pública e realizar o “Projeto Ruas de Lazer” no Conj. Orlando Dantas, neste evento levou para as comunidades jogos e brincadeiras de rua, além de apresentações culturais, como dança e teatro, com a participação de artistas das comunidades. O objetivo foi promover um resgate da cultura do lazer, tão ausentes nos espaços da cidade, principalmente os que vivem em condição de vulnerabilidade. Nossa mobilização para a viabilização e implementação de projetos é resultado da inquietação diante das realidades que constatamos em nossa convivência com as periferias e favelas do estado.


Tocantins / TO Tecnologia social que contribui

As atividades da Cufa no estado do Tocantins tiveram início em 2008, quando iniciamos as ações no campo da cultura, esporte e lazer. Em 2009, desenvolvemos e participamos de seminários, conferências e encontros sobre a prevenção e o combate as drogas, juventude, cultura, segurança pública, promoção da igualdade racial, comunicação entre outros temas. Com uma forte identidade com a cultura de rua, realizamos o 1º Festival RPB – Rap Popular Brasileiro e também 1º Festival de dança de rua, o Bradan – Brasil Break Dance, levando os primeiros colocados para concorrer com jovens de todo o território brasileiro no Rio de Janeiro. Outro grande destaque ficou por conta da realização do maior campeonato Internacional de basquete de rua - a LIIBRA. Foram oito meses de trabalho e muita dedicação, para levar o melhor do basquete arte, para as três principais cidades do Tocantins: Palmas, Araguaia e Gurupi. Através do esporte, da dança, da música, da educação e profissionalização, encontramos uma tecnologia social que contribui efetivamente para inclusão dos jovens.

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Cufa Mundo Favela é favela em qualquer lugar

Levar a Cufa para outros países nunca foi uma busca nossa, tão pouco uma prioridade. Essa abertura começou por acaso, na medida em que o curso do audiovisual da Cufa formava mais e mais jovens, muitos filmes chegavam às ruas, mas não necessariamente às salas de cinema. Novamente a Cufa se sentia na obrigação de criar mais uma janela, e é onde surge o Cine Cufa, um festival de cinema que veio para dar vazão aos filmes produzidos ou dirigidos por pessoas de favelas ou periferias do Brasil e do mundo.

Entendemos que ter filmes de outros países era uma maneira de interagir e saber o que o as pessoas do mundo todo, de favela é claro, estão produzindo, independente dos temas que em geral nem são sobre a favela. Nesse momento começa a busca de filmes em muitos países e começa também um grande intercâmbio desses profissionais do audiovisual mundial que após defenderem seus filmes no festival voltavam para suas bases levando na bagagem o sonho de ser uma célula da Cufa em suas cidades e países. Hoje estamos em mais de 10 países trabalhando com a mesma lógica do Brasil, afinal favela é favela em qualquer lugar do mundo. A ligação começou com os festivais de Cinema da Cufa, e continua com o basquete de rua. Todas as Cufas internacionais possuem uma equipe de basquete que disputam a LIIBRA – Liga Internacional de Basquete de Rua – e participam do desafio Reis da Rua, quando a Cufa Nacional convida uma equipe de outro país para uma partida que decide quem são os reis do basquete. Fazendo do nosso jeito, a missão Cufa Mundo, tem provado que fronteiras não são obstáculos quando se acredita no nosso poder em promover a transformação social nas favelas e comunidades periféricas, independente de sua estética e localização geográfica. Assim o temos feito, mais do que agir, procuramos ouvir as vozes e demandas internacionais que já têm seus gritos sufocados graças ao silêncio em muitos casos a eles impostos e que estão cansados de esperar para serem ouvidos.

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Alemanha Crescendo com a missão de mobilizar

A Cufa Alemanha é representada por duas bases, que ficam nas cidades de Wuppertal e Berlim. Assim como em todas as Cufas do mundo, a cultura Hip Hop é o carro chefe, as ações são desenvolvidas, dando suporte às potencialidades locais e promovendo oficinas, como graffiti, skate, Dj, artesanato, capoeira, basquete de rua, informática básica, cinema e teatro. A finalidade é a promoção de políticas públicas de inclusão, através de atividades culturais, esportivas e de educação, principalmente voltada à demanda imigrante residente no país. Deutschland Wachsen und mobilisieren Gegenwärtig ist die CUFA Deutschland in Wuppertal und Berlin vertreten. Die Arbeit der CUFA Deutschland dreht sich in erster Linie um die Bedürfnisse sozial benachteiligter Bürger. Wie in allen CUFAs der Welt dient auch in Deutschland die Hip Hop-Kultur als Zugpferd. Über Projekte und Workshops in den Bereichen Graffiti, Skateboard, Djing, Handarbeit, Capoeira, Basquete de Rua, Informatik, Kino und Theater möchte man zur sozialen Integration von Jugendlichen und letztlich zu einer gerechteren deutschen Gesellschaft beitragen.


Angola Cumprido a sua missão

Os programas da Cufa Angola oferecem apoio para a população juvenil, incluindo treinamento de jovens como educadores e sessões de aconselhamento em grupo, realizadas junto às comunidades, no qual são abordados temas como DST e HIV (estima-se que quase 30% da população africana é infectada pelo vírus). Ainda há muito a ser feito, mas a Cufa Angola tem cumprido a sua missão, construir cidadania em um país em reconstrução! Angola Accomplissement de sa mission Les programmes Cufa Angola fournir un soutien à la population des jeunes,que les éducateurs et les séances de counseling de groupe, qui s’est tenue avec les communautés,dans les questions portant sur tels que les MST et le VIH (on estime que près de 30% des Africains sont porteurs du virus). Il reste encore beaucoup à faire, mais Cufa Angola a rempli sa mission, de construire la citoyenneté dans un pays en reconstruction!

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Argentina Mãos Protagonistas

A Cufa Argentina surgiu da união de jovens oriundos de várias comunidades periféricas e favelas da Argentina e atua como um centro de produção cultural tentando educar e informar os cidadãos, oferecendo novas perspectivas de inclusão social. Hoje a Cufa Argentina tornou-se uma fonte de apoio para as comunidades periféricas e favelas do país, engajada em educação, esportes, cultura, cidadania participativa e meio ambiente. Argentina Manos Protagonistas La Argentina Cufa surgió de la unión de jóvenes de diversas comunidades y barrios periféricos de la Argentina y sirve como un centro de producción cultural, tratando de educar e informar a los ciudadanos, ofreciendo nuevas perspectivas de inclusión social. Hoy Cufa Argentina se convirtió en una fuente de apoyo para las comunidades y los barrios marginales periféricas del país, dedicadas a la educación, el deporte, la cultura, la ciudadanía participativa y el medio ambiente.


Áustria Chegou para colaborar

A Cufa Áustria foi criada com o intuito de colaborar com a integração social do país, promovendo ações esportivas e culturais, utilizando da força destas ferramentas. Mesmo se tratando de um país desenvolvido, os problemas vêm aumentando a cada dia, e a Cufa internacional, chegou para colaborar e ser a voz dos excluídos desse país. O ponta-pé inicial deu-se com a criação da seleção austríaca de basquete de rua. Österreich Ist hier um mitzuarbeiten Die CUFA Österreich wurde mit der Absicht gegründet, die soziale Integration zu fördern und sportliche, sowie kulturelle Arbeiten durchzuführen. Obwohl es sich um ein hoch entwickeltes Land handelt, wachsen die sozialen Probleme täglich. Die Niederlassung der CUFA dient von nun an als Stimme der Ausgeschlossenen dieses Landes. Durch die Formierung der österreichischen Basquete de Rua-Nationalmannschaft ist die Initialzündung hiermit gegeben.

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Bolívia A união de um grupo

A Cufa Bolívia nasce da necessidade de promover a inclusão social através da cultura e do esporte. A união de jovens lidera o desafio de colocar em pratica a Central Única das Favelas na Bolívia, especificamente em Santa Cruz de la Sierra. Hoje a Cufa está presente em cinco estados (dos nove estados que constituem a Bolívia), que são: Santa Cruz, Cochabamba, La Paz, Sucre e Tarija. A primeira ação efetiva e importante na Cufa Bolívia foi a organização e produção de seletivas de basquete de rua. Bolivia La unión de un Grupo El Cufa Bolivia nace de la necesidad de promover la inclusión social a través de la cultura y el deporte. La unión de la juventud lleva el reto de poner en práctica la Federación de Favelas Central de Bolivia, específicamente en Santa Cruz de la Sierra. Hoy Cufa está presente en cinco estados (de los nueve estados que conforman Bolivia), que son: Santa Cruz, Cochabamba, La Paz, Sucre y Tarija. La primera acción eficaz e importante para Bolivia Cufa fue la organización y la producción selectiva de baloncesto de la calle.


Chile Melhor ferramenta de equilíbrio social

A Cufa Chile foi fundada em 2008, após o Desafio Internacional “Reis da Rua”, onde graças a um convite da Cufa Brasil, as duas melhores equipes do Basquete de Rua da América do Sul se enfrentaram pela primeira vez no município de Barueri, São Paulo para o deleite de milhões de pessoas que viram ao vivo pela rede Globo de TV este encontro histórico para o mundo inteiro. A Cufa Chile já completou oito anos construindo oportunidades, fazendo resgate e motivando milhares de crianças e jovens em risco social com a poderosa ferramenta do esporte. Chile Mejor herramienta de equilibrio social La CUFA Chile nace en el año 2008 después del desafío Internacional de básquetbol de calle “Reyes de la Calle” en donde gracias a una invitación de CUFA Brasil, los dos mejores equipos de Sudamérica se enfrentaron por primera vez en el distrito de Barueri, Sao Paulo para el deleite de millones de personas que vieron por la red de TV Globo la transmisión en vivo de este encuentro histórico para todo el Mundo. Cufa Chile completa 8 años desarrollando y construyendo oportunidades y con esto rescatando y motivando a miles de niños y jóvenes en riesgo social con la poderosa herramienta del deporte.

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Colômbia Abre as portas para a inclusão

A Cufa Colômbia é parceira da organização “La Cuadra”, que trabalham com a cultura do hip hop colombiano. A parceria existe em várias ações, uma delas é o projeto “La Cuadra Festival”, um festival que abre as portas para os 5 elementos do hip hop, com a participação de artistas, público a fim, instituições públicas, ONGs, entre outras. Este evento tem o objetivo de combater o consumo irresponsável de substancias psicoativa, gerando assim um evento muito amigável e sem consumo das mesmas. Colombia Abre sus puertas a la inclusión El Cufa Colombia es un socio de la organización “La Cuadra”, que trabaja con la cultura hip hop colombiano. La asociación existe en varias acciones, una de ellas es el proyecto “La Cuadra Festival, un festival que abre la puerta a los 5 elementos del hip hop, con la participación de artistas, instituciones públicas, organizaciones no gubernamentales, entre otros. Este evento tiene como objetivo luchar contra el consumo irresponsable de sustancias psicoactivas, creando así un evento muy agradable y sin consumo.


Espanha Importante processo de reintegração

A Cufa na Espanha enfrenta atualmente um grande desafio que vem atingindo cada vez mais a população juvenil do país: o precário sistema educacional público. A Cufa Espanha trabalha para reverter essa situação, ampliando as oportunidades educacionais através de programas de acompanhamento escolar, entre outras atividades que ocorrem depois da escola, ligadas a cultura, educação e esporte. España Importante proceso de re-integración El Cufa en España se enfrenta actualmente a un reto importante que ha estado llegando a la población cada vez más joven del país: pobre sistema educativo público. La Cufa España trabaja para revertir esa, la ampliación de oportunidades educativas mediante programas de apoyo escolar, entre otras actividades que ocurren después de la escuela, vinculada a la cultura, la educación y el deporte.

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Estados Unidos da América Fronteiras não são obstáculos

A Cufa EUA está nas cidades de New York, New Jersey, Miami, Atlanta, Saint Louis, Michigan e Los Angeles. A realidade de um país considerado primeiro mundo, não é só de sucesso, ao contrário do que muitos pensam, a classe baixa é algo real, e assim como no Brasil, a população de origem Afro descendente é a maioria que não consegue condições adequadas de vida. A Cufa EUA tem feito um trabalho de ressocialização com os jovens e com isso prova que fronteiras não são obstáculos. United States of America Borders are not obstacles CUFA USA operates out of New York, New Jersey, Miami, Atlanta, St. Louis, Michigan and Los Angeles. The reality of a country considered to be a first world country isn’t only of success, but on the contrary to what many might think, the lower class is a real issue, and just like in Brazil the African American population makes uty that do not have access to adequate living conditions. CUFA USA has been working with youth through an intervention project which re-introduces at-risk-youth back into society through a series of vocational courses reinforcing once more that borders are not obstacles.


Hungria Integração das minorias étnicas

A Cufa Hungria foi fundada em Janeiro de 2009. Em Junho do mesmo ano foram organizados torneios seletivos para a LIIBRA - Liga Internacional de Basquete de Rua – Atualmente os objetivos são distribuir as idéias e conceitos e realizar projetos que representem a imagem da Cufa, que caibam na realidade social da Hungria. Para isso a Cufa incentiva o esporte e o envolvimento da juventude local em oficinas e projetos ligados a arte e a cultura Hip Hop. Magyarország Az etnikai kisebbség integrációja A CUFA Magyarország 2009 januárjában alapították. Azon év júniusában megrendezésre került a Liibra Húngara utcai kosárlabda bajnokság (A Basquete de Rua nemzetközi ligája). Pillanatnyilag a cél az ötletek és koncepciók megvalósítása különböző projekteken keresztül, melyek beleillenek a CUFA arculatába és Magyarország társadalmi helyzetébe. Ennek érdekében a CUFA sportrendezvényeket szervez a helyi fiatalok számára, egybekötve a hip hop kultúrához szorosan kötődő workshopokkal, projektekkel.

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Itália Esta é a nossa missão

O primeiro contato oficial entre Itália e Cufa foi a inscrição do documentário “Falcão, Meninos do tráfico”, no Festival Internacional do Cinema em Milão (MIFF). Inscrição essa que trouxe para o Brasil o prêmio de melhor documentário, disputando entre 17 finalistas. Depois disso, o documentário foi projetado em um cinema de Milão. Estava lançada a semente. Em poucos meses o time italiano de basquete de rua já estava formado e as atividades de esporte, cultura e cidadania começavam a funcionar. Itália Questa è la nostra missione Il primo contatto ufficiale tra l’Italia e la Cufa è stato l’iscrizione del documentario “Falcao. Meninos do trafico” al Festival internazionale del Cinema a Milano (MIFF). “Falcao” si è aggiudicato il primo premio tra diciassette finalisti. Il documentario, dopo la premiazione, è stato proiettato in un cinema milanese. E’ stato lanciato così il primo seme. In pochi mesi, è stata creata la squadra italiana di basket di strada e le attività di sport, cultura e socializzazione hanno iniziato a.


Paraguai Faz realmente a diferença

A Cufa Paraguai investe em uma série de atividades que tem contribuído no desenvolvimento das comunidades periféricas do país, e através de alianças estratégicas com entidades públicas e privadas temos promovido inclusão social, com linhas de ações voltadas para cultura, educação, tecnologia, saúde e esporte. Uma das ações que a Cufa Paraguai tem realizado é o atendimento psicopedagógico e acompanhamento escolar às crianças com dificuldades de aprendizagem. Paraguay Hace realmente la diferencia El Cufa Paraguay invierte en una serie de actividades que han contribuido en el desarrollo de las comunidades periféricas del país, ya través de alianzas estratégicas con entidades públicas y privadas han promovido la inclusión social, con líneas de acción para la cultura, la educación, la tecnología, la salud y el deporte . Una de las acciones que Cufa Paraguay ha hecho es la ayuda de la psicología y apoyo escolar a los niños con dificultades de aprendizaje.

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Portugal Organização forte e dinâmica

A Cufa Portugal reúne ideias, inovação e empreendedorismo no compromisso social em melhorar as aprendizagens e promover mudanças na vida dos habitantes das comunidades de Portugal. Através da cultura Hip Hop, a Central Única das Favelas de Portugal vem se estruturando como uma organização forte, dinâmica e de referência não só as comunidades portuguesas, mas também aos milhares de brasileiros residentes no País. Portugal Organização forte e dinâmica A Cufa Portugal reúne idéias, inovação e empreendedorismo no compromisso social em melhorar as aprendizagens e promover mudanças na vida dos habitantes das comunidades de Portugal. Através da cultura Hip Hop, a Central Única das Favelas de Portugal vem se estruturando como uma organização forte, dinâmica e de referência não só as comunidades portuguesas, mas também aos milhares de brasileiros residentes no País.


Suécia Uma série de oportunidades

A Cufa Suécia é dedicada a desenvolver propostas que visem melhorar a qualidade de vida dos habitantes de comunidades do País, com um foco especial na qualificação profissional de jovens. A cada ano é oferecida uma série de oportunidades, através de atividades realizadas nas comunidades. A Cufa tem atingido seus objetivos de inspirar e preparar uma nova geração, ligadas ao compromisso de promover transformação social e novas vivências. Sverige En rad möjligheter Den Cufa Sverige är engagerad med att utveckla förslag för att förbättra livskvaliteten för invånarna i samhällen i landet med särskild inriktning på yrkesutbildning för ungdomar. Varje år erbjuds många möjligheter, genom åtgärder i samhällen har Cufa uppnått sina mål att inspirera och förbereda en ny generation, i samband med åtagandet att verka för sociala förändringar och nya upplevelser.

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Venezuela Em pleno crescimento

A Cufa Venezuela ainda está em pleno crescimento. Hoje existem dois núcleos da Cufa, um em Caracas (Capital) e o outro na cidade de Valera, no estado de Trujillo. São espaços que nascem para a formação e fortalecimento artístico, social e ideológico dos que praticam as expressões urbanas (circo, dança, teatro, graffiti, basquete, etc.) nos bairros mais populares. Uma grande força para a promoção de inclusão social dos estudantes desses bairros. Venezuela En Pleno Crecimiento El Cufa Venezuela todavía está en pleno crecimiento. Hoy en día hay dos núcleos Cufa, una en Caracas (Capital) y el otro en la ciudad de Valera en el estado Trujillo. Son espacios que nacen a la formación y el fortalecimiento de las actividades artísticas, las expresiones sociales e ideológicas de aquellos que practican la agricultura urbana (circo, danza, teatro, graffitis, baloncesto, etc.) en los barrios más populares. Una fuerza importante en la promoción de la inclusión social de los estudiantes de estos barrios.


União é Força Maria, Maria

Uma nova realidade social entre as Mulheres das Favelas.

Maria, Maria é a frente feminina da Cufa, um núcleo político onde se pensa e age em prol do desenvolvimento das mulheres, principalmente as moradoras das comunidades e favelas. O Núcleo cria nome, corpo e força de vontade de fazer, a partir do momento em que as ações da Cufa estão se vascularizando e se consolidando em vários estados e países, dessa forma criando uma rede sólida de proposição e execução de políticas para as jovens. Hoje a Cufa estabelece um diálogo constante com as ações no campo da educação, cultura, esporte, geração de emprego e renda, mobilização política, e caminha sempre para alcançar a prática da cidadania e preservação dos direitos humanos, palavras e conceitos que transitam nas esferas públicas governamentais, mas na periferia onde grande parte do povo está, só é ouvida pelos noticiários. Mas, como a Cufa não é uma fórmula pronta e fechada, mas sim um movimento em desenvolvimento social, a discussão sobre o Contexto e os Direitos das Mulheres sempre foram inseridas nas ações como uma necessidade diária, daí o incentivo às mulheres serem protagonistas e principais gestoras, equilibrando as desigualdades construídas ao longo de todos esses anos, entre homens e mulheres. 110

Abertura do projeto Maria Maria pg.111 - Trançadeiras do Maria Maria / Menina comandando o som


Ser mulher levando em conta a dupla jornada de trabalho, profissional e familiar, conviver com as piadas sobre a fragilidade e especificidades femininas, gerar vida e ser “Chefe” da família não é simples, agora inserindo nessas realidades o fator de ser negra, “pobre”, “periférica” ou “favelada” no mínimo duplica as dificuldades do cotidiano E, com base nas experiências pessoais e na leitura social, o Núcleo Maria, Maria propõe ações contra as diversas violências e para geração de uma nova realidade social entre as Mulheres das Favelas. Hoje os núcleos desenvolvem por diversos estados, ações de valorização da estética da mulher negra e do empreendedorismo feminino, ações de formação em direitos civis, sexuais reprodutivos além de capacitação profissional tendo em vista que a emancipação feminina está também intimamente ligada ao desenvolvimento econômico. Todas essas ações convergem na afirmação que a participação das mulheres nas diversas esferas de decisão contribui para construção da democracia e da cidadania uma vez que elas constituem mais da metade da população brasileira. Além do suor feminino estar agregado em várias lutas sociais brasileiras, a reduzida participação da mulher nas representações sociais empobrece a democracia e a cidadania, pois significa acesso restrito das mulheres aos espaços de decisão sobre os rumos do desenvolvimento político e da construção do país, estados, municípios e das suas próprias comunidades. E se, na pesquisa do Documentário Falcão - Meninos do Tráfico, descobrimos, pela fala de uma senhora que “Crime é Coisa de Mulher”, a Cufa vem com o outro lado da moeda fazendo e imprimindo o discurso que participação feminina em espaços de decisão , É coisa de Mulher, Sim Senhor!


Projeto Pixaim Valorização da cultura africana

O projeto Pixaim é coordenado pelo Núcleo Maria Maria, que reúne as mulheres da Central Única das Favelas. Tem o objetivo de levar a vários grupos sociais, em especial às mulheres, a discussão sobre os padrões de beleza instituídos na sociedade e sua relação com as características específicas da estética dos negros. No centro da discussão está o cabelo crespo, também chamado de “Bombril” e “Pixaim”. A proposta é oferecer elementos que permitam aos participantes questionar os padrões de beleza instituídos na sociedade e pensar sobre estética de uma forma que contraponha o pensamento hegemônico. Isso é feito por meio de oficinas de tranças afro, Teatro, Leitura e Bonecas Negras. Por outro lado, o projeto busca estimular o empreendedorismo feminino e a capacitação profissional de mulheres por meio de oficinas de tranças afro. Gerando, desta forma, leva-as a gerar renda por meio de uma atividade estética que prioriza a valorização da cultura africana. No bojo das discussões está a ideia contida no livro “Cabelo Ruim? A história de três meninas aprendendo a se aceitar”, uma história sobre auto-aceitação entre crianças negras, escrita por Neusa Baptista, coordenadora do Projeto Pixaim e do Núcleo Maria Maria de Cuiabá.

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Após a ação do projeto Pixaim, menina desenha com cabelos trançados pg.113 - Grupo LGBT participa das atividades no Viradão Esportivo na CUFA - RJ


Núcleo LGBT Construindo diversidades na favela

A Cufa recentemente criou dentro da entidade um Núcleo de trabalho sobre diversidade, o Núcleo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Com a formação do Núcleo LGBT, a Cufa se põe junto aos movimentos de luta pela diversidade sexual a pensar em atividades, caminhadas, ações em que conscientizem acerca dos direitos garantidos à comunidade LGBT e promoção de sua auto-estima, bem como o fomento à denúncia das violações dos direitos humanos dos homossexuais. Precisamos, e essa é nossa luta diária, fazer de nossas favelas instrumentos constituintes da formação para diversidade como política pública, devendo estar estritamente vinculados a princípios orientadores de uma sociedade democrática, como igualdade, liberdade, autonomia e respeito às diferenças. É assim que, a cada dia, estamos construindo favelas de diversidade. Chegou a vez de mostrar e reafirmar a sociedade que a Favela Brasileira também é LGBT. Em alegria, em força e em consciência social.Isso mesmo! Favela Lgbt é o novo momento escolhido pela Central Única das Favelas para debater, pôr em ação e cobrar melhores práticas a favor deste movimento crescente de cidadãos comuns e iguais a todos, perante a lei. É esse o principal objetivo: a luta por Direitos Humanos e Políticas Públicas, o caminho para garantir a cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. É hora de mostrar à sociedade que, enquanto existirem cidadãos cujos direitos fundamentais não sejam respeitados em razão de discriminação por orientação sexual, raça, etnia, idade, credo religioso ou opinião política, não se poderá afirmar que a sociedade brasileira seja justa, igualitária, democrática e tolerante. Estamos construindo uma cultura de paz nestas favelas de um Brasil que é também de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais!


Tudo Junto F4 - Rebelião Cultural

União entre a Cufa, Afroreggae, Nós do Morro e Observatório de Favelas.

Em 09 de maio de 2006, as quatro instituições começaram a se reunir para sistematizar suas parcerias eventuais e formalizar uma nova forma de associação entre elas. Essas organizações sociais se destacaram ao longo dos anos no cenário da sociedade civil carioca e brasileira por algumas características singulares: foram criadas e cresceram em favelas da cidade do Rio de Janeiro; atuam prioritariamente com jovens das comunidades populares. As proximidades entre as organizações, a credibilidade, visibilidade, legitimidade e competência técnica no desenvolvimento de seus projetos em parceria. Nesse sentido, de variadas formas, as entidades caminharam juntas, de forma pontual e fragmentária, na implantação de variados projetos. O processo de identidade e solidariedade foi impulsionado, nos últimos tempos, pelo envolvimento progressivo das quatro entidades em ações de prevenção à violência, em especial as que atingem os jovens moradores das favelas e periferias do Rio de Janeiro e outros grandes centros urbanos. A ideia da formação do F4 não foi programada, ela simplesmente surgiu de encontros das instituições, que já atuavam com seus projetos, e naturalmente foram se unindo para que pudesse num único bloco, cada organização contribuir com aquilo que de 114

Aula de cavaquinho no presídio de Bangu II pg.115 - Instrutores e internos praticam basquete e graffiti durante as oficinas


melhor faz em suas respectivas áreas e comunidades. A ideia era que cada um trouxesse para o F4 o que cada um faz de melhor em matéria de tecnologia social. O F4 surgiu com o objetivo de contribuir, de forma sistemática, abrangente e progressiva, para mudar a realidade da cidade e, em especial, das favelas e periferias, sem perder de vista a fundamental percepção que cabe aos moradores dos espaços populares serem os sujeitos desse processo. O projeto Rebelião Cultural é um dos que marca a concretização dos planos do “F4 - Favela a quatro”, que realizou oficinas culturais e de qualificação profissional em presídios do Rio de Janeiro. Na primeira etapa do projeto foram escolhidos os presídios de Bangu 1,2, 3 e 4 e o Talavera Bruce (feminino). Cada instituição ofereceu um pouco de sua experiência. A Cufa ministra aulas de basquete de rua e de graffiti. O AfroReggae é o responsável pelas oficinas de percussão, capoeira e informática. O Nós do Morro ficou encarregado das aulas de teatro e dança. Por fim, o Observatório promove cursos de audiovisual e fotografia. As atividades foram desenvolvidas em 2009. Neste período, 650 internos e internas participaram do Rebelião Cultural. Ao final do projeto, o F4 promoveu a publicação de uma pesquisa, um documentário e um livro refletindo sobre os resultados conquistados.


Mão na Cabeça Interagindo com outros universos

O Projeto “Mão na Cabeça”, é uma parceria entre a Central Única das Favelas (Cufa), a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, a Secretaria de Ação Social e a ECO (Escola de Comunicação da UFRJ). A expressão “Mão na cabeça” é um sinônimo de rendição. Seja por parte dos policiais ou por parte daqueles que subvertem a lei. Esta frase foi por muitas vezes objeto de humilhação a jovens moradores de favelas, ao serem abordados. O referido projeto emerge da necessidade, de que possamos ressignificar os territórios, onde, atuam Jovens da CUFA e policiais militares da UPP(Unidade de Polícia Pacificadora) propiciando a reflexão sobre a humanização do policiamento junto às comunidades. Nesta oportunidade, os sujeitos envolvidos terão acesso a oficinas intensivas de audiovisual e Graffiti, cuja estética garante a aproximação e um olhar para a mesma direção de todos os envolvidos. Os professores serão os maiores profissionais sobre esta temática no país. Sendo assim, a importância do projeto não se dará apenas pela qualificação profissional ou a oportunidade de um novo ofício, mas acima de tudo pela possibilidade de interação com outros universos. 116

Estavam presentes no lançamento o cineasta Joel Zito, o secretário de segurança do RJ Beltrame, Capitão Medeiros, Nega Gizza, Ricardo Henriques, o sociólogo Luiz Eduardo Soares, Sargento Rocha, o cineasta Felha, entre outros. - pg.117 - Oficial da UPP da Cidade de Deus é entrevistada pelo núcleo de audiovisual da CUFA, formado por jovens moradores da comunidade / Aula inaugural do Projeto Mão na Cabeça do Auditório da Cufa CDD


O curso será ministrado por profissionais convidados pela Cufa, entre eles: Luiz Erlanger - Comunicação Social, Cacá Diegues - Direção, Paula Lavigne - Produção, Caetano Veloso - Trilha Sonora, Rafael Dragaud - Roteiro, Ivana Bentes - Linguagem, Tereza Gonzalez - Produção, entre outros. As aulas serão realizadas em na sede da Cufa na Cidade de Deus, Sede da UPP Cidade de Deus, Escola de Comunicação da UFRJ e Viaduto Negrão de Lima em Madureira.


Nossos Projetos Setor Social

Desenvolvimento, formação e convivência

O Setor Social da Cufa é focado em atender o eixo central da instituição – formação de pessoas – visa realizar e ampliar o leque de possibilidades das crianças e dos jovens e adultos atendidos pela Cufa, dando-lhes a oportunidade de refletirem sobre seus projetos de vida. A perspectiva é a melhoria da qualidade de vida destes jovens através do conhecimento tendo acesso aos meios de produção da organização que estão focados na cultura Hip Hop. A nossa principal finalidade é realizar a unificação das bases sociais, padronizando o perfil de trabalho, sem descaracterizar a cultura local, focando sempre na formação destes jovens e no acompanhamento familiar. Garantindo assim a qualidade dos atendimentos e das oficinas oferecidas pela Cufa de todo Brasil. Bases Sociais A maioria dos projetos são implementados nas bases sociais, havendo um acompanhamento técnico de assistentes sociais e pedagogos. Além disto, são locais de convívio social da comunidade, que começa a conhecer novas culturas e enxergar possibilidades de construir seus projetos de vida e formação profissional. O Trabalho é focado em três eixos Desenvolvimento humano: contribuir para que o jovem ou familiar da criança atendida, reflita e construa seu próprio projeto de vida. Formação profissional: aprendendo a atuar produtivamente para ingressar e permanecer no mercado de trabalho Convivência Social: Conhecimento de novas culturas, cultivando novas formas de participação cultural.

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Formandos do curso: Formação Profissional de Jovens para Inserção Socioeconômica na Cadeia Produtiva do Turismo pg.119 - Formatura dos alunos da Cufa, na quadra da Escola de Samba Império Serrano em Madureira / RJ



Alguns Projetos Uma história de sucesso

Impossível contar nossa história e não falar dos projetos que sonhamos e realizamos durante esses anos de existência da Cufa, cada um deles tem um valor muito especial para Cufa e para as pessoas envolvidas. Esses projetos foram e são divisores de águas na vida de muita gente. Conheça um pedacinho de cada um deles. Célula Cultural / RJ Na comunidade do Jacarezinho em 2004 o projeto aplicou oficinas de graffiti, break, artesanato, violão, basquete e modelo. O objetivo foi dinamizar ou criar uma estrutura própria para programas de iniciação artística e formação cultural que tenha foco na inclusão social. Banquete Literário / RJ A base da Cidade de Deus desempenha um projeto intitulado “Banquete Literário”. Trata-se de um piquenique com livros pela comunidade com o objetivo de incentivar a leitura mostrando as literaturas e autores brasileiros, com isso adquirindo novos conhecimentos. Um fator diferencial é o reforço escolar que vem ganhando visibilidade na evolução da escolaridade dos alunos. Mais um atrativo com resultados.

Projeto Casa Brasil / RJ O Projeto criou o Telecentro, que é um espaço equipado com computadores, no qual são fornecidas aulas de informática e acesso livre a internet e Sala de Leitura. Surgiu em 2005 na Cidade de Deus e em 2006 foi para base do Complexo do Alemão, na Pedra do Sapo. Cesta da Vez / RJ O projeto Cesta da Vez foi realizado em 2008 e 2009, e tinha como base oficinas de Basquete e Skate seguidas de palestras sobre o cotidiano de vida dos alunos. Foi realizado em Acari, Madureira, Cidade de Deus e Complexo do Alemão. E atendeu cerca de 2.000 crianças e adolescentes. Fundação Ford / RJ O projeto de audiovisual e cidadania surgiu em 2005 e ofereceu embasamento teórico para alunos do curso audiovisual sobre direitos humanos, racismo e gênero e resultou no livro, “Consciência Para Liberdade”, construído a partir de pesquisas com grupos locais. Projeto Unesco / RJ O foco principal do projeto, era a oficina de graffiti e o módulo de cidadania. Esse trabalho foi resultado do Espaço Criança Esperança. As aulas aconteceram na Cidade de Deus / RJ. Rapensando / RJ

Formação Profissional de Jovens para Inserção Socioec- A Petrobrás financiou o projeto Rapensando entre os anos de 2009 e 2010. Os jovens aprenderam através de oficinas de DJ, onômica na Cadeia Produtiva do Turismo / RJ graffiti, break, artesanato, teatro, informática e salas de leitura. O projeto atendeu as comunidades de Acari, Cidade de Deus, As bases da Cidade de Deus, Complexo do Alemão e o do viComplexo do Alemão e Madureira com os cursos de Moda e aduto de Madureira, foram contempladas. Modelo, Gastronomia, Audiovisual, Teatro e Produção Cultural que foram ministrados pela Cufa em parceria com o Ministério do Turismo. O resultado deu origem ao evento: Caldeirão Cultural. 120


Dentista do Bem /RJ Esse projeto surgiu para dar suporte odontológico às bases da Cufa na faixa etária de 10 a 17 anos. E foi realizado durante o ano de 2009, na Cidade de Deus, Complexo do Alemão e Viaduto de Madureira. Ação Social / RJ Em 2005 o projeto Capacitação Profissional, foi realizado através da realização de 03 Módulos: Português Instrumental; Informática Básica; e o Módulo optativo a critério de escolha dos alunos: audiovisual e produção cultural. As aulas foram realizadas em Acari, Cidade de Deus e Nova Iguaçu. Bicicloteca / RJ A Bicicloteca é uma bicicleta que entrega e pega livros de porta em porta na Cidade de Deus. O lançamento da Bicicloteca contou com a presença das atrizes Mariana Gimenez, Heloísa Perissé e Camila Pitanga. A bicicleta não pretende substituir o espaço da biblioteca e sim arejar o contato com a comunidade. A primeira sede da Bicicloteca é a Sala de Leitura da Cufa que atende mais de 300 crianças da comunidade, com computadores e um acervo de mais de 400 volumes. Hip Hop Comunitário / RJ O Objetivo foi capacitar o público e a guarda municipal com a realização de oficinas de graffiti, break e DJ. As oficinas não ocorreram nas bases da Cufa e, sim, nas bases da guarda municipal. Pelc / MT O Programa Esporte e Lazer na Cidade é ofertado pela Cufa em parceria com o Ministério dos Esportes e a UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso). Oferece aulas de basquete de rua, basquete, futebol, vôlei, caminhada orientada e ginástica.


Consciência Hip Hop / MT

Festival Zumbi está Vivo / MT

Agrega dois tipos de ação: O Festival Consciência Hip Hop, que reúne e promove o intercâmbio entre os músicos desta vertente; e as oficinas Consciência Hip Hop, que oferecem formação em break, graffiti, Mc, Dj e basquete de rua.

O festival Zumbi está Vivo, é um festival organizado pela Cufa Peixoto no dia 20 de novembro dia da Consciência Negra, este ano de 2010 o projeto já vai para sua terceira exibição. O Festival é uma mistura cultural e esportiva confraternizada em Peixoto de Azevedo e jovens de todo extremo norte de Mato Grosso participam maciçamente deste movimento que já superou um público de cinco mil pessoas.

Levando Esperança / MT O projeto desenvolve atividades nos bairros carentes e mensalmente na Cidade de Peixoto de Azevedo - MT, dentre as atividades, palestras de Saúde, Meio Ambiente, Cinema, exposições de Livros, Cortes de Cabelos, Basquete de Rua entre outros. A Cufa Peixoto para desenvolver este projeto tem apoio da classe empresarial da cidade e da secretaria municipal de saúde.

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A Rua Ensina/ SC O projeto conta com oficinas de Break, Graffiti, MC, DJ e Basquete de Rua, ocorrem nas áreas de vulnerabilidade dos municípios onde atuamos e a ideia central é suprir a ociosidade dos jovens da região.

Projeto Movimentando o Hip Hop / MT

Projeto Circuito da Prevenção / RS

É um projeto exclusivamente oferecido as crianças e adolescentes de Peixoto de Azevedo – MT, aos domingos no Centro Cultural Luiz Gonzaga, instrutores da Cufa Peixoto atendem cerca de 150 jovens que participam de atividades de Dança, Música, Graffiti e Capoeira, que além da prática os alunos aprendem também a história da cada atividades por eles praticadas.

Desenvolvido no Rio Grande do Sul em parceria com o Programa de Prevenção a Violência e Secretaria Estadual da Cultura do Rio Grande do Sul, desde 2008, a iniciativa trabalha com oficinas de fotografia em escolas da rede municipal de 29 cidades do estado. Desde o inicio do projeto, mais de 2000 crianças foram beneficiadas diretamente, transmitindo através da fotografia, seu olhar sobre a sua comunidade.

Calçadão Cultural / MT

Projeto Olhar Feminino/ RS

O Calçadão Cultural é um projeto novo criado pela Cufa Peixoto. Calçadão é um local na cidade onde se concentra centenas de jovens usuários de drogas e boca de fumo, o projeto vem desenvolvendo atividade cultural e esportiva neste local, transmitindo assim esperança para aqueles usuários, tranquilidade aquelas famílias e ajudando a transformar este ambiente de guerra em um lugar de paz.

O projeto começou a ser desenvolvido em 2009 no Rio Grande do Sul e em 2 anos atingiu a meta de 67 cidades e mais de 1.600 mulheres capacitadas e sensibilizadas com a arte de fotografar através do olhar feminino. Temas do universo feminino fazem parte das oficinas, trabalhando auto estima e protagonismo.


Jornada Preventiva / RS Práticas culturais e esportivas de combate ao uso do crack realizadas em Parceria com a Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho e a Campanha Crack Nem Pensar da RBS TV. A intenção é levar informação e prevenção para o combate ao uso de crack na região gaúcha com a participação da população local. Cufa Tá na Área / RS Ação que envolve os elementos do hip hop, acontecendo uma vez por mês em bairros pobres das periferias de Montenegro. Com oficinas para crianças e idosos, shows de grupos locais, graffiti e orientações profissionais de produção em eventos de música. Circuito Papo Reto / RS Reconhecemos a necessidade de levar informação através de uma linguagem jovem e que pudesse ser facilmente absorvida pelas comunidades gaúchas. Assim nasceu o projeto Circuito Papo Reto, idealizado e desenvolvido pelo jornalista e militante social Manoel Soares e já esteve em mais de 120 municípios do Rio Grande do Sul desde 1997, atingindo mais de 140 mil jovens da rede de ensino municipal e estadual, promotores públicos, educadores, gestores públicos, agentes de saúde e pais. Desde 2008, o tema abordado é o combate ao uso de crack. Espaço da Cultura na Escola / RS Oficinas de Capoeira, Graffiti, Tambor de Crioula, violão, futsal e percussão. Como forma de complementar as atividades formais na escola, a Cufa vem desenvolvendo oficinas com as crianças de uma Escola Municipal de Cachoeira do Sul, aos finais de semana. Junto às oficinas, também são realizadas palestras, sessão de cinema e festas comemorativas em parceria com a Escola. O projeto está em fase de ampliação, onde irá dispor de espaço próprio para instalar uma sala de informática, brechó e outras atividades para a comunidade em geral.


A Arte de Transformar na Cultura Hip Hop / RS

Aliança social contra o crack / CE

Oficinas nas Escolas Abertas com os elementos da cultura hip hop - break, graffiti e MC. O projeto foi construído já dentro da nova proposta pedagógica da FBHH, utilizando o Hip Hop como ferramenta de inclusão e estímulo à educação formal, resignificando os espaços escolares. Dentro das Escolas Abertas, as oficinas acontecem aos finais de semana e são abertas a alunos e a toda a comunidade gratuitamente. Os oficineiros são jovens alunos que participavam de grupos ou já atuavam de alguma forma dentro da Cultura Hip Hop e foram capacitados pela Cufa. Hoje são multiplicadores da Cultura e profissionais com perspectivas de futuro.

Ampla campanha informativa e preventiva, composta de exibição do vídeo-documentário Selva de Pedra: A Fortaleza Noiada, mesas-redondas, apresentações artístico-culturais, organização de uma publicação e articulação da Rede Aliança contra o crack. O objetivo geral é contribuir para a prevenção do uso ilegal de drogas — prioritariamente o crack —, por jovens pertencentes a comunidades em situação de maior vulnerabilidade. Elemento em Movimento /DF

A iniciativa da Cufa DF visa oferecer amplo e significativo proSolução na comunidade / CE grama de atividades culturais urbanas. O evento pretende integrar e identificar os principais representantes e protagonistas Formação Prática de Núcleos de Mediação - voltado à solução da cultura de rua do DF, construir ações para formular e definir pacífica de conflitos, este curso objetiva: 1) capacitar media- políticas públicas que visam o crescimento e a profissionalidores comunitários; 2) informar à comunidade como proceder zação da cultura urbana. Realizado em Ceilândia e Samamem caso de conflito; e 3) aproximar a comunidade de seus di- baia, o festival reúne workshops de skate, basquete de rua, reitos. O curso baseia-se na composição de soluções para con- rap, break, graffiti e o espaço “Papo reto” para incentivar o deflitos (auto-solução) e na autonomia individual: o âmbito comu- bate sobre cultura. nitário é o território ideal para o encaminhamento de soluções. Saúde Ativa /DF Ronda Cultural / CE Com o apoio do Ministério da Saúde, a Cufa DF promove, junto Mediado pela Cufa Ceará, o projeto é uma iniciativa da SSPDS à comunidade e às escolas, das cidades que são Territórios (Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social) com parce- de Paz do PRONASCI, ações socioeducativas nas áreas da ria da Secretaria de Cultura do Estado (SECULT). O projeto saúde e educação, entre jovens, para que reduzam os números tem duas equipes de policiais a bordo de viaturas equipadas de doenças sexualmente transmissíveis, diminuam os índices com ferramentas culturais de áudio e vídeo, preparadas es- de gravidez na adolescência, contribuam para a realização de pecialmente para atividades integradas de música, expressão planejamentos familiares, tendo como finalidade a melhoria da corporal e artes visuais (graffiti). O objetivo principal é aproxi- qualidade de vida da população, bem como formar Promotores mação da juventude e da polícia como ponto facilitador para a Jovens de Saúde. diminuição da violência.

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Voz Ativa / DF Após a ideia de reunir grupos de rap de diferentes Regiões do DF (Planaltina, Sobradinho, Recanto das Emas, São Sebastião, Santa Maria, Cidade Estrutural, Expansão do Setor O e Varjão), em 2008, agora chegou a vez de Itapoã, Arapoangas e Estrutural que irá (re) apresentar assuntos políticos como o pertencimento social e direitos humanos vinculados a gênero e raça e outros temas, como a sexualidade e a cultura de paz. Era objetivo ainda, unir estes diversos temas ao estilo vivenciado por estes jovens, que é o Rap, além de incitar uma rede em que eles poderiam comunicar-se produzindo eventos culturais em suas cidades. Tudo para consolidar o desejo principal: torná-los protagonistas juvenis. Tal ação conta com apoio da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos. Interação Hip Hop / MG O projeto promove durante o dia inteiro atividades voltadas ao Hip Hop em parceria com o Centro Cultural da Pampulha (CCP). Oficinas, debates, palestras, mostra de Vídeos e Shows de Rap são as atividades desenvolvidas durante todo o dia sempre com a presença de algum ilustre artista do Cenário nacional do Hip Hop. Cerca de 1200 pessoas participam das atividades. Caravana Basquete de Rua / MG O projeto visa levar para escolas, comunidades, cidades e outros espaços aproximadamente 15 pessoas que possam fazer a demonstração dos jogos de Basquete de Rua em uma ação integrada a cultura Hip-hop incentivando e apresentando aos jovens em geral uma nova modalidade esportiva e cultural a ser inserida no local de atuação, os seguintes atores esportivos e culturais para apresentação são : 06 Jogadores de Basquete de Rua, 02 Graffiteiros, 05 Dançarinos de Rua , 01 MC e 01 DJ e mais 02 produtores e coordenadores.


Graffiti /MG O projeto oportunizou a criação de uma Associação de Grafiteiros para defender os direitos e o valor artístico do graffiti, que é como as artes plásticas do movimento hip hop. A meta é também contribuir com o visual da cidade, colorindo muros de instituições do governo ou empresas particulares que acreditam neste valor artístico e profissional dos jovens. Assim como podem os locais manchados pelas sujeiras das pichações tornarem-se grandes painéis de cores vivas e criatividade. O graffiti é ensinado aos jovens assim como sua história. Poesia Ritmada / RN No Rio Grande do Norte o evento é realizado mensalmente em praça pública no centro da cidade de Natal, envolvendo os elementos artísticos e esportivos da cultura urbana e resgatando também a nossa cultura popular regional. No ano de 2009 realizamos cinco edições do Poesia Ritmada, sendo a primeira edição com a participação especial de MV Bill. Carnaval Junto e Misturado / RN Em 2010 aconteceu a segunda edição do Carnaval Junto e Misturado em parceria com a Prefeitura de Natal. Foram diversos shows musicais de grupos locais de Rap, Black Music e Soul, assim como batalhas de break e produção de dois painéis de graffiti durante o evento.

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Circuito Ensaio Aberto / PB Reunindo bandas de vários gêneros musicais a Cufa Paraíba levou a diversidade musical paraibana para os lugares que não tem acesso aos projetos culturais do governo estadual e municipal. Ação Miraculosa / PB Uma ação de reflexão e comemoração do mês das mulheres com mostra de fotografia, apresentações musicais e oficinas com mulheres militantes e agentes culturais da Paraíba. Batalha Surreal / PB Uma celebração dos elementos do Hip Hop com batalha de MCs, DJs, B.Boys e B.Girls e Graffiteiros com temas e premiação para os vencedores Extremo Esporte / PB Evento que reuni várias modalidades esportivas e elementos culturais numa celebração a vida e a integração das pessoas, com competições e apresentações culturais. Música da Rua de Baixo /PB Gravação de um DVD coletânea com os grupos musicais que mais se destacaram no circuito ensaio aberto, promovendo o intercâmbio da diversidade musical paraibana, com bandas que não estão nos grandes circuitos musicais.


A Cufa Tem Voz Nas ondas sonoras Invadindo as rádios

A Cufa Brasil está muito bem representada pelas ondas do rádio, são diversos programas em todo território nacional. Transmitido pela Rádio Nacional AM 980 KHZ, na rede satélite digital da Empresa Brasil de Comunicação, o Ação Periferia é o primeiro programa de rap brasileiro em rede nacional! Durante uma hora, uma vez por semana, um grupo de radialistas da Central Única das Favelas comanda o programa que toca música produzida em comunidades de todos os estados do País. Além do Ação Periferia, temos o programa Se Liga realizado pela Cufa CE com apoio da rádio universitária de Fortaleza (107.9). Há 11 anos o programa está no ar levando informações sobre as ações da Cufa, além de notícias sócio-educativas aos moradores das favelas de Fortaleza. No Rio de Janeiro, Nega Gizza já apresentou diversos programas de Hip Hop. Na Rádio Imprensa Fm e na Rádio 107 Fm, apresentou o Hip Hop Brasil. Na Roquete Pinto Fm, o programa Hip Hop Cufa, na Rádio Viva Rio Am, Nega Gizza comandou o Hip Hop da Gema. MV Bill também apresenta e comanda o programa A voz das Periferias ao lado do Dj Roger Flex na rádio Roquette Pinto, 94,1 FM, Rio de Janeiro. A cada dia o programa A voz das Periferias tem conquistado mais e mais ouvintes. A animação e entretenimento que ilustram o programa são responsáveis por parte dessa conquista. No Rio Grande do Sul a Cufa tomou conta das rádios. Os jovens radialistas, da Central Única das Favelas, apresentam o Expresso Cufa, dentro do programa Cachoeira Pra Frente, na rádio Cachoeira AM 1090, e todas as terças apresentam o programa Interligado Cufa, na Radio Lírio dos Vales 107.5. E quinta-feira é dia de apresentar o Espaço Cufa na radio comunitária 97.7 FM. Os nossos programas de rádio abriram espaço para o hip hop nacional e com isso, literalmente, dão voz as periferias de todo Brasil. É a Cufa mais uma vez divulgando a cultura Hip Hop e tornando os jovens protagonistas de suas próprias vidas.

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Jovens da Cufa RS apresentam o Programa Expresso Cufa na rádio Cachoeira AM pg.129 - Dj Roger Flex no auditório do programa A Voz das Periferias na Rádio Roquete Pinto no RJ / Cufa DF apresentando o Ação Periferia na Rádio Nacional / Programa Espaço Cufa transmitido pela Rádio Comunitária do RS



Política e Cufa Democratizando a Política Encontros que esclarecem

O Hip Hop sempre se orgulhou de ser um movimento politizado. A Cufa sempre quis ir além, ou pelo menos entender melhor o que “ser politizado” significava, para a partir daí tentar decodificar esses códigos que somente o homem do asfalto tem acesso, trocar em miúdos e traduzir para a massa o que poderia ser de seu real interesse. Para nós isso sempre foi um desafio e ainda é, já que a nossa base é de juventude de favela e periferias, de pessoas que em geral odeiam essa expressão, mas que por outro lado sempre foram aleijadas de toda forma de emancipação. Talvez por isso sejam esses os ambientes em que a política tem uma rejeição ainda maior. Estar nesses espaços em alguma medida significaria ocupar lugares e garantir de alguma forma nossa liberdade real, caso o contrário vamos nos orgulhar de sermos apenas uma geração de muitas lutas, o que é pouco considerando o avanço que tivemos, podemos ousar ainda mais. Acessar o poder sem nos deixar aparelhar pelos partidos e aliados políticos é o nosso desafio, transitar no sistema sem reproduzir sua lógica é a nossa busca. Dialogar de forma equilibrada com aqueles que historicamente foram e são contra tudo que acreditamos é a nossa pauta. Não é mais uma opção, é uma realidade. Muitos passos importantes foram dados nessa direção, dentre eles o filme Falcão Meninos do Tráfico, que nos proporcionou uma entrada importante nesse universo, não somente no palácio, mas em muitas Câmaras e Assembleias Legislativas por esse país a nas homenagens e moções ao filme. Sempre tivemos a consciência de que mais importante do que esses contatos seria a habilidade para fazer a manutenção dessas relações. Um momento marcante foi em 2003 quando solicitamos uma reunião com o Presidente da República, na época Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula. Enviamos um fax para o planalto central do Brasil solicitando uma reunião com o chefe do nosso estado. Passados dois dias, recebi uma ligação de uma secretária chamada Marisa, me perguntando sobre a pauta. Eu não sabia o que dizer na hora, talvez não soubesse mesmo qual era a pauta dessa reunião, disse então que era para ele receber uma comissão formada por pessoas ligadas ao hip hop. 130

Cesar Maia e Geraldo Alckmin na Cufa CDD pg.131 - MV Bill, Dilma Rousseff, Sergio Cabral e Eduardo Paes na CDD / Tarso Genro e Lula na Cufa Pernambuco


Vinte dias depois lá estávamos nós, os manos e minas de várias partes do Brasil, discutindo política pública para a juventude sob o recorte do hip hop e suas demandas, uma delas a criação de um grupo de trabalho interministerial, considerando que o nosso trabalho vai além da cultura e dialoga com os mais diversos segmentos da sociedade e Ministérios. O encontro foi apoteótico sob o ponto de vista político e institucional, voltamos com todas as nossas demandas garantidas e posteriormente cumpridas. Era a primeira vez que um chefe de estado recebia uma comissão de hip hop no Brasil, ratificando a nossa importância para um governo que prometia que “era a hora do povo tomar o poder.” Começava ali uma nova relação com o hip hop no Brasil e da própria Cufa com a política. Começava uma reflexão sobre a nossa militância, nosso denuncismo e manifestações que ajudavam a fortalecer outras lutas, mas que nada acrescentavam às nossas, exceto o treinamento de gritaria e panfletagem para medir nosso stress. Era o salto definitivo que precisávamos dar para perder o medo de mudar a nossa relação com o poder bem como agregar valor em torno dessa cultura com a política. Construída e unificada essa relação, outras ações surgem e se tornam fundamentais para a construção dessa identidade e independência política. Entre elas estão os encontros que a Cufa promove em alguns estados para eleições majoritárias, seja para prefeituras ou mesmo para a Presidência da República. O formato é convencional, a Cufa convida todos os candidatos para exporem suas ideias e propostas e esses dialogam diretamente com o povo das comunidades onde estamos presentes. Nesse encontro entregamos nossas propostas e debatemos alternativas para o futuro gestor, que independentemente de ganhar ou não, tem o mesmo espaço e respeito que os outros.


Nossos Livros Publicações Cufa

Escrevendo a realidade O primeiro livro escrito em parceria com MV Bill e Luiz Eduardo Soares, foi “Cabeça de Porco, esse livro reuniu nossas histórias de vida, retratando a violência instalada no país. A seguir veio “Falcão, meninos do tráfico”. O sucesso foi absoluto, tendo milhares de exemplares vendidos desde o seu lançamento, não só no Brasil, mas em outros países, como na Noruega. Em 2010 o livro foi lançado em versão bolso, no Brasil, a preço popular, para ser vendido em livrarias e bancas de jornal, dando a oportunidade de acesso a todos.

O terceiro dessa trilogia foi “Falcão Mulheres e o Tráfico”, O livro é sobre o cotidiano e a luta de mulheres que de alguma forma participam do mundo do tráfico. Não podíamos deixar que elas ficassem de fora desse grande projeto, já que estavam sempre presentes em todas as histórias registradas. Em 2008 escrevi o “Manual dos Basqueteiros” foi a primeira publicação de basquete de rua que se tem notícia. Outros livros, sobre os nossos projetos, foram lançados, foi a forma que encontramos para perpetuar momentos históricos da Cufa e da vida de muitas pessoas. “Formação Profissional de Jovens para Inserção Socioeconômica na Cadeia Produtiva do Turismo”, esse livro relata toda trajetória dos alunos, instrutores e pessoas envolvidas com o projeto, do início até a formatura. “Rebelião Cultural”, o livro mostra a experiência de um grande projeto que surgiu da união de quatro grandes instituições, que ficou conhecida como F4, e em parceria com a Ford Foundation a Cufa lançou o livro “Consciência Negra e o Limites para Liberdade”, um relato da experiência do projeto Cidadania e Audiovisual realizado pela Cufa com o apoio da Ford. A Cufa Brasil forma um time e tanto! Além dos livros lançados por mim e meus parceiros do RJ, podemos citar outras obras literárias que fizeram toda diferença em nossas vidas e em muitas outras.

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Lançamento do livro Falcão - Mulheres e o Tráfico no Rio de Janeiro


A editora BesouroBox e a Cufa RS lançaram o “Escudeiro da Luz em Os Zumbis da Pedra”, de Manoel Soares e Marcos Cena. Uma história comovente e divertida, cheia de aventuras, que serve de ferramenta de prevenção ao envolvimento dos jovens com o crack. A coordenadora do Núcleo Maria Maria e do Projeto Pixaim da Cufa MT, Neusa Baptista, é jornalista e autora do livro “Cabelo Ruim? A história de três meninas aprendendo a se aceitar”. O livro integra o projeto “Pixaim: Nem bom, nem ruim – Apenas diferente”, da Cufa MT, cujo objetivo é estimular a valorização do cabelo crespo.A Cufa deseja através de seus livros levar conhecimento, de forma simples e objetiva, para crianças, jovens e adultos de todo Brasil. Exemplo de algumas publicações abaixo:

UMA NOVA FORMA DE PENSAR O

BRASIL


Audiovisual da Cufa Olhar

O rumo das nossas ações

É consenso na Cufa que o audiovisual não é somente a primeira ação concreta como se tornou a mais estratégica, para não dizer mais importante na instituição. É a área que formou mais jovens e a única ação que jamais foi interrompida ao longo desses dez anos de vida formal. O início do audiovisual da Cufa se confunde com a história da própria instituição. Ela começa nas reuniões que fazíamos entre jovens, no chamado Fórum permanente da Cufa. Em uma dessas reuniões, o palestrante convidado foi o renomado e nacionalmente conhecido diretor de cinema Cacá Diegues. O sábado começou cedo e era impressionante ver tantos jovens sob um sol escaldante acompanharem as explanações do Senhor Carlos. Ele abriu uma discussão sobre Cinema Novo, mas os jovens que ali estavam presentes não necessariamente tinham interesse em cinema, no fundo o que nós queríamos era discutir sobre qualquer assunto, treinar nossa capacidade de questionar. Mesmo assim, aquela discussão foi a oportunidade de saber que existiam muitas outras ações e trabalhos além da direção, descobrimos naquele sábado que montagem, captação de recursos, pesquisa, trilha sonora e tantas outras atividades circundam esse universo.

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Aluno do curso de Audiovisual da CUFA - Cidade de Deus


Ao terminar o nosso encontro não tínhamos dúvidas, o próximo passo seria criar o nosso curso e formar pessoas aqui, não para reproduzir a lógica do Cacá ou de qualquer outro cineasta, porque apesar de fazermos questão de usufruir de suas companhias e conhecimento, nosso desejo era imediatamente construir nossas mais variadas formas de expressão. Começava ali o nosso primeiro dilema, pois queríamos ser os revolucionários e não queríamos conviver com ninguém que não fosse da favela, ao mesmo tempo a favela não tinha o conhecimento e a técnica que precisávamos para construir nossa identidade audiovisual. Chegamos então a conclusão que hoje norteia a nossa instituição, passamos a interagir ao máximo com o “homem do asfalto”, passamos a crer que a forma mais eficaz de integrar as pessoas socialmente é através da convivência, da comunicação social, desde que essa relação não prostitua nossos objetivos e desde que se tenha a noção exata de que essa integração social interfere na vida dos dois lados da sociedade. Naquele momento descobrimos que esse seria o rumo das nossas ações, que em várias medidas interfere no Hip Hop que acreditamos, nos filmes que produzimos, nos programas de rádio que administramos ou nas peças de teatro que montamos. O audiovisual passava a ser não somente a primeira ação concreta, mas também alterava a forma de ver a nossa revolução. A partir daí fomos em busca das pessoas que de certa maneira dominam o mercado no Brasil para construir nosso projeto a partir do conhecimento que eles trariam para nós. O curso tem a estrutura de oficinas, com todas as fases que envolvem a preparação de uma obra audiovisual. Roteiro, produção, câmera, edição e pós produção. Todos os alunos têm a chance de ter aulas de todas as disciplinas para que a partir da visão do todo, escolham qual o caminho a seguir. Os professores são profissionais renomados no mercado, o que aproxima os alunos dessas pessoas, cria elos profissionais e pessoais além das experiências de anos de trabalho passadas pelos mestres. Nesses anos muitos aliados passaram pelo nosso centro audiovisual levando seu conhecimento entre eles; Rafael Dragaud – Roteiro / Cacá Diegues – direção / Caetano Veloso - trilha sonora/ Luciano Huck - TV / Paula Lavigne - Produção e controle fiscal / João Moreira Salles – documentário/ Eduardo Coutinho / Ivana Bentes – Linguagem Audiovisual. Em 2008, firmamos uma parceria com a Escola de Comunicação da UFRJ, onde o curso passa a ter o diploma da faculdade. Aulas são ministradas 50% na Cidade de Deus e 50% no campus Escola de Comunicação da UFRJda faculdade, na Praia Vermelha. O curso de audiovisual já formou mais de 1000 jovens e hoje muitos deles trabalham em produtoras, cinema e televisão.


Audiovisual para todos Uma história de sucesso

Projeto Atuação /RS Ponto de Cultura Imagem Através das Lentes / SC O Projeto Atuação é apoiado pelo Criança Esperança e ensina audiovisual e teatro para mais de 80 (oitenta) jovens no Morro Fazemos uma disputa direta contra a ociosidade por esses jovens, oferecendo tecnologia como ferramenta de mobiliSanta Tereza, em Porto Alegre. zação do interesse dos jovens, através de oficinas de audioO audiovisual também é desenvolvido através do projeto Lentes visual, oferecemos equipamentos profissionais que vão desde do Morro e teatro através do projeto Tumulto de Porto Alegre. câmeras filmadoras, câmeras fotográficas, iluminação, ilha de No programa Criança Esperança de 2010, o Projeto Atuação edição, qualificar esses jovens a lidar com todos os equipamenparticipou realizando uma reportagem junto com a equipe tos, criarem seus próprios roteiros para documentários, filmes do programa jornalístico da Rede Globo, Profissão Repórter, de curta e longa metragem, para que eles possam contam suas próprias historias, sob a ótica de quem vive e convive essa recomandada pelo jornalista Caco Barcelos. alidade periférica e ser de uma vez por todas protagonistas de sua própria historia. Na tela da Favela / CE Nova Guarda / MT O núcleo de Audiovisual da Cufa Ceará abriu inscrições para uma capacitação em audiovisual, criando a Escola de Cinema Frente gestora de áudio e vídeo da CUFA Mato Grosso. Produz Cufa. O curso está aberto às comunidades: com 200 horas/ vinhetas, VTs, spots e outros produtos e serviços. aula e objetiva capacitar alunos para criar, produzir, realizar e divulgar projetos audiovisuais. 136

Alunos do Projeto “Ver Favela” (RJ) visitam os estúdios de jornalismo da Rede Globo pg.137 - Alunos do Projeto Atuação (RS) posam para foto em frente a base da Cufa em Porto Alegre



Ver Favela /RJ

Favela – O Nosso Jeito de Ver / RJ

Projeto de 2008, O Ver Favela foi elaborado para estimular a reflexão e a produção audiovisual nas camadas de baixa renda do Rio de Janeiro, visando formar novos cineastas e produtores culturais aptos a criar e produzir filmes, documentários, clipes, mostras de filmes e quaisquer outros eventos ligados ao audiovisual.

O projeto do Curso Audiovisual da CUFA na Cidade de Deus, conta com palestras de cineastas, técnicos e professores renomados do mercado audiovisual.

Propõe, em suma, desenvolver a identidade cultural local como forma de intervenção direta na questão social. Realizou mostras de filmes comunitários, Videoclipes e documentários de curta metragem, totalmente assinados pelos próprios alunos. O Projeto VerFavela capacitou 60 alunos para o mercado de trabalho. Cine Arte e Cidadania – O Cinema na Tela da Favela /SC

Parte das aulas são oferecidas na Escola de Comunicação da UFRJ, em que os alunos podem usufruir da estrutura dos laboratórios de fotografia, edição e redação, além de poderem cursar disciplinas oferecidas pela Escola. Durante o ano letivo, os alunos produzem curtas de documentário e ficção, que serão lançados em uma premiere ao final do curso, organizada por eles mesmos. Essas produções são levadas ainda a um circuito de exibição em dez diferentes lugares, só no Rio de Janeiro. Além de participarem de mostras e festivais de cinema Brasil a fora.

O projeto tem o objetivo de promover uma programação capaz de proporcionar a tela do cinema como uma ferramenta a favor de discussões sociais e educação cidadã. Pretendemos promover através das palestras uma maior visibilidade das reflexões abordadas pelos filmes realizados pelas periferias. 138

Alunos do Projeto Favela -Nosso Jeito de Ver (RJ) na CDD pg.139 - Grandes profissionais e professores do curso de Audiovisual da Cufa. Cacá Diegues; Ivana Bentes; Jorge Durán; Rafael Dragaud; Tereza Gonzáles



Cine Cufa O cinema na tela da favela Em 2007 nasce mais um filho da união entre o cinema e a favela. Criamos o Cinecufa Brasil, festival que tem em sua base a ideia de exibir filmes de variadas categorias, temas e formatos desde que tenham sido realizados por profissionais de favelas de todo o mundo. O mote é a realização de uma rede de festivais de cinema no qual as obras exibidas não abordem necessariamente o tema “favela”, mas sim, que tenham por trás das lentes o ponto de vista da periferia e de seus legítimos representantes, oriundos de toda e qualquer parte do mundo. O Cine Cufa surge antes de tudo como uma consequencia natural vinda dos trabalhos na área de cinema que realizamos ao longo desses anos. Acreditamos e reconhecemos a necessidade de um espaço para que essas produções tivessem espaço, já que esse geralmente não existe nas salas de exibição convencionais. Hoje, com os equipamentos mais baratos e com técnicas mais fáceis é cada vez mais crescente o número de filmes produzidos com poucos recursos, muitas vezes dependendo apenas da vontade e criatividades de seus mentores. Sendo assim, a produção que acontece nos guetos de todo o mundo só tende a crescer. O Cine Cufa é uma forma de mostrar que os moradores das favelas e periferias não estão limitados a contribuir com o mercado cinematográfico emprestando apenas a verossimilhança de suas vidas. Esses agentes também são autores de suas próprias narrações cinematográficas. Na primeira edição do festival foram exibidas gratuitamente 71 obras audiovisuais, sendo 49 curtas-metragens nacionais e outras 22 produções vindas de periferias da África do Sul, França, Estados Unidos, Inglaterra, Índia, Angola e Cuba. O festival promove também debates e workshops com profissionais renomados no mercado do audiovisual. Entre os palestrantes estão Paula Lavigne, Cacá Diegues, Luiz Erlanger, entre outros. O Cine Cufa Brasil criou raízes, se espalhando para além do Rio de Janeiro, onde teve início. Hoje são vários os festivais baseados na temática dos produtores das favelas no país.

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Primeira edição do CineCufa no Centro Cultural Banco do Brasil pg.141 - Foram muitas pessoas especiais que fizeram e fazem parte da história do CineCufa. Entre elas, Eliana Costa da Petrobrás, o cineasta Cacá Diegues, o diretor de jornalismo da Rede Globo Luiz Erlanger, a produtora Paula Lavigne e muitos outros.



Nossos Festivais CINE CUFA / RJ

CINE CUFA OLHO MÁGICO / PB

Realizado no Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro), Seguindo a mesma base dos nossos festivais, o evento conta o festival, que iniciou a rede CINE CUFA BRASIL, chegou a sua com intervenções na rua de várias comunidades de João Pesquarta edição em 2010. soa. Após a exibição dos filmes são promovidos debates relacionados à cultura, violência e cidadania. Site: http://www.cinecufa.com.br Site: http://cufaparaiba.blogspot.com/ CINE PERIFERIA CRIATIVA / DF CINE CRIOULA - MA Realizado no Distrito Federal o Cine Periferia Criativa expande a rede de festivais cinematográficos da Cufa. Seguindo os mesmos objetivos nacionais e com itinerâncias que percorrem várias cidades do DF, o festival oportuniza mais de um milhão e meio de pessoas sem acesso ao cinema na Capital Federal.

O Cine Crioula foi criado em 2008, pela Cufa Maranhão, como forma de oportunizar jovens e adolescentes da periferia que nutrem paixão pela sétima arte. Funciona em forma de cine clube, com amostras de filmes e posterior discussão sobre o tema abordado.

Site: http://www.cineperiferia.com CINE PEQUI / GO CINE PERIFERIA CRIATIVA / SP O Cine Pequi é um festival de produções audiovisuais, que Em São Paulo acontece dentro do Seminário Internacional de busca aproximar o cinema de jovens e crianças, principalmente Ações Culturais em Zonas de Conflito. Um festival dedicado aqueles em situação de risco. às obras audiovisuais produzidas por cineastas de favelas do Site: http://cufagoias.blogspot.com mundo inteiro, traçando um paralelo entre a diversidade e a peculiaridade deste segmento de produção, abordando as mais COMUNIDADE NO CINEMA / MT diversas temáticas. CINE PERIFERIA CUFA-SESC / RS Com o objetivo de democratizar a sétima arte, o Cine Periferia é um projeto de cinema que exibe somente produções criadas por moradores e legítimos representantes das periferias – não apenas do Brasil, mas do mundo. É realizado nos bairros SENAI, Germano Henke, Aeroclube e Centenário.

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Realizado em Cuiabá nos mesmos moldes do Cine Periferia, o festival Comunidade no Cinema amplia a rede de festivais Cufa Brasil.



Nossas Produções Falcão – Meninos do Tráfico Todos sabem que o audiovisual é a ação que transita em todas as outras ações, mas não podemos negar que o projeto Falcão é o divisor de águas tanto para o audiovisual como para a instituição. Foi o projeto que pautou uma nação, desde as pessoas mais simples ao Presidente da República, se desdobrando em reconhecimento e em forma de prêmios, moções e títulos de cidadãos do estado. Na verdade, nunca houve um “projeto falcão”, tudo aconteceu por acaso.

Em 1999 Bill e eu passamos a percorrer o Brasil para divulgar seu disco, ao chegar às cidades descobríamos que a realidade local era muito parecida com as nossas da Cidade de Deus ou da Favela do Sapo, lugares em que Bill e eu respectivamente crescemos. O material bélico não era tão agressivo quanto no Rio, tão ostensivo, mas a realidade era a mesma, jovens escravizando jovens e sendo escravizados por outros. Não foi fácil produzir o filme, por duas razões fundamentais: não tínhamos dinheiro e nem sabíamos fazer a tal produção, e se isso era uma desvantagem, se tornou pra nós mais um desafio, se tornou a nossa característica, já que tivemos que nos adaptar às circunstancias e a essa deficiência. Hoje temos certeza que dinheiro nenhum abriria aquelas portas, o sentimento era a nossa única moeda que deveria ser trocada por uma moeda de igual valor. A dificuldade começava já no momento de explicar o projeto para os possíveis participantes e ia até sair com as fitas das favelas com segurança. O “set” de gravação era ainda outro problema, pois a polícia permanentemente fazia batidas nesses ambientes e lá estávamos nós, correndo os mesmos riscos , sobrevivendo da pressão e da adrenalina. Jovens oprimindo gerações de vizinhos em nome do poder e do capital em forma de drogas. Nada era muito diferente do que conhecíamos, mas existia uma diferença fundamental: no nosso imaginário o Rio e no máximo São Paulo eram os únicos lugares onde o crime organizado e a proliferação das drogas eram agressivos. Com o tempo percebemos que não era bem assim, que infelizmente a realidade era a mesma em todas as favelas em que íamos. Passamos então a filmar essa realidade com autorização dos moradores. Nunca foi com o propósito de fazer um filme, aliás, 144


nem sabíamos que isso era possível, a ideia era não perder esses momentos de reflexão já que a nossa música, o rap, nos inclinava para essas reflexões. Com o tempo descobrimos que a força daquelas imagens era muito mais poderosa do que a nossa ingenuidade. O audiovisual na Cufa foi crescendo , muitos jovens se formando e descobrindo novas técnicas e conhecimentos técnicos, trazendo esses conhecimentos para nossas filmagens que nunca cessaram. O Falcão sobrevoou o Brasil em rede nacional com exibição no programa Fantástico no dia 19 de março de 2006 e recebeu alguns prêmios graças a sua notada importância para a sociedade. Entre os prêmios desse trabalho podemos citar: Prêmio Wladimir Herzog Prêmio dos jornalistas brasileiros Destaque programa exibido na TV Eleito pelos leitores do Globo Online Prêmio CNBB - Bispos do Brasil Categoria Especial Rei da Espanha (Madrid) Melhor programa jornalístico (categoria TV) Não temos dúvidas de que o prêmio mais importante foi ter realizado o filme com a nossa base, pois essa sim era a nossa revolução. Acreditamos sempre que a nossa mudança de pensamento e postura se daria pela força do protagonismo, ainda que demorasse 100 anos, mas era importante saber que o processo já havia começado.


Ao longo desses dez anos de existência, muitos trabalhos fortes e significantes foram realizados. Trabalhos esses que marcaram a vida não só dos antes alunos e agora cineastas que produziram os filmes como também da própria instituição.

Videoclipes - Ataque Verbal / Baixada Brother - Dita / Delano - Qual é a sua / Deco e Magu - Verona Rock /Verona Rock - Cidade dos Contrastes / BDO Mc’s - Marcas / Nega Rose - Melô do Mototaxi / Zéeza - Sem Ar / D’Black - Testa de Ferro / Nega Gizza

Curtas Papai Noel O filme foi visto por Cacá Diegues e a partir dele os alunos foram convidados a fazer um estágio no longa “ O maior amor do mundo”, do diretor. Arroz com feijão Foi produzido pelos alunos da Cufa e exibido no Canal Brasil. Mais tarde o roteiro foi regravado para o filme 5 x Favela – Agora por nós mesmos. Curta Metragem – Ficção

Documentários Turismo no Rio - A cidade do pan Sou Soul Hip hop - promoção da Igualdade Mototaxi Falcão Meninos do Tráfico Sou quem sou Deny tu não tá sozinho não Serrinha Meninas do MMA O que é favela Um dia de Feirante Tente outra vez Cidade de DEUS em foco Obra- prima A voz da Prisão Do futebol ao samba Pé no chão, cabeça não Nor (destinos) O passo de Madureira Aparências Minha cara bela cara, cara preta de mulher Selva de Pedra, A Fortaleza Noiada É um documentário produzido pela Cufa CE que durante três anos acompanhou usuários de crack em Fortaleza, relatando as consequências do vício, evidenciando também a diferença do crack em relação a outras drogas.

O documentário é exibido em palestras dadas pelo coordenaFim do mundo / Ponto Final / Influenciado / Arroz com Feijão / dor-geral da Cufa CE, Francisco José Pereira de Lima (Preto Até o fim / Atemporal / Pelego Veríssimo / Eu assumo essa luta Zezé), servindo como apoio e incentivador de debates sobre / O cerco e a presa. a discussão realizada no documentário: O que realmente é o crack, quais suas conseqüências, não apenas na saúde mental e psicológica dos usuários, mas, também social e como deve ser “tratado”.

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Gravação do videoclipe Testa de Ferro; Imagem do documentário Obra Prima; Imagem do documentário Selva de Pedra – A Fortaleza Noiada



Encontros Nacionais Pessoas e Ideias

Nosso Grande oxigênio Antes de falar dos encontros nacionais, é importante ressaltar que os encontros virtuais diários são o nosso grande oxigênio, é na rede que as coisas acontecem para em seguida se materializarem, nossa aproximação e guerras se fazem no dia a dia. Nesse cotidiano desenvolvemos ao longo dos anos esse “conceito Cufa de ser”, que se altera a cada necessidade, por vezes até equivocadas. Os encontros são fundamentais, por tudo que eles representam, mas as diretrizes que os precedem têm sido decisivas para traçar as estratégias para os estados e municípios. Nada substitui o sentimento dos encontros presenciais, pelo grande número de pessoas com as quais trabalhamos; número que cresce todos os dias, quadros em permanente formação que precisam estar em sintonia se tratando de projetos nacionais e internacionais que realizamos na instituição, como a LIBBRA, o Cine Cufa, entre outros. É impressionante perceber como os encontros presenciais estimulam as pessoas, em especial naquilo que chamamos de “Sentimento Cufa”. Sentimento este que faz as utopias tornarem-se realidade (nem sempre a mais confortável), e as ideias tornaremse práticas (nem sempre as mais simples). A cada ano, um estado recebe os coordenadores e colaboradores da Cufa, para essa reunião que acontece durante dias, com temas diversos e um único objetivo: planejar o futuro. Dentre os estados visitados desde 2006, temos o Rio de Janeiro, Brasília, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Desde 2009 os encontros nacionais passaram a seguir uma política de descentralização dos estados, onde os encontros seriam realizados em estados “fora do eixo”. Contribuindo de forma expressiva, os nossos parceiros sempre marcam presença em nossos encontros. Não importa onde estamos lá estão eles conosco, auxiliando com elementos que nos direcionam em novas decisões e fortalecem projetos que são executados em todo território Nacional. Ministérios, Secretarias Estaduais, Órgãos Internacionais, Iniciativa Privada, todos os setores reunidos, falando de inclusão, construindo e planejando o futuro, que é cada dia mais presente. 148

Encontro Nacional da Cufa em Mato Grosso do Sul pg.149 - Encontros Nacionais da Cufa no Rio de Janeiro, Porto Alegre e Distrito Federal



DEPOIMENTOS Tudo junto e misturado

E o faz através de uma entidade apartidária, independente e que aposta na cultura e no diálogo entre diferentes na busca do que há em comum para construirmos juntos uma sociedade mais justa e solidária.

A aproximação da TV Globo com a CUFA concretizou-se, sim- A CUFA sabe que, até por suas conquistas, tem desafios ainda bolicamente, há sete anos, com nosso apoio na divulgação do maiores para prosseguir avançando de forma estruturada e prêmio HUTUZ 2003, o primeiro de Hip Hop nacional com júri sustentável. popular. E nesta trajetória que está só começando, também sabe que a Vale registrar que, nesta época, a CUFA sofria uma série de gente vai junto e misturado. questionamentos sobre sua agenda, objetivo e atuação. Luis Erlanger Temos convicção que nossa parceria contribuiu positivamente Central Globo de Comunicação para elucidar estes aspectos. Já fizemos juntos a Liga Brasileira de Basquete de Rua (desde 2005), o Festival de Rap Popular Brasileiro (desde 2009), o Cine CUFA (desde 2004), o Festival Brasil Break Dance (desde 2009), exibimos o documentário “Falcão, Meninos do Tráfico” (2006), arrecadamos juntos mantimentos para as vítimas das enchentes de Santa Catarina (2009) e do Rio de Janeiro (2010), a Rebelião Cultural em Bangu 3 (2008), o Viradão Esportivo (desde 2009) e investimos em equipamentos e compartilhamento técnico na construção do núcleo de áudio visual da Cidade de Deus. Isso, sem falar na parceria de mais de 5 anos como projeto apoiado pelo Criança Esperança e chancelado pela UNESCO. A Central não tem entrada só na TV Globo, circulando com suas regionais pelas nossas afiliadas por todo o Brasil. Mais do que abraçarmos seus projetos, a mensagem da CUFA está sempre presente na grade da Globo, através de suas manifestações culturais, valendo registrar apresentações históricas do MV Bill no Faustão. É fundamental registrar o sentido dessa parceria: a TV Globo, que é apontada como um poderoso ícone do chamado sistema, tem a oportunidade demonstrar sua preocupação com a inclusão social. 150

A Cufa dá uma lição maravilhosa Nessa altura da vida, aos 56 anos de idade, perdi as ilusões com partidos e entidades representativas, associações corporativas ou grupos de interesse. Podem ser úteis, mas não me enganam mais. Quero dizer o seguinte: em todos esses espaços sempre encontrei os mesmos movimentos do narcisismo competitivo, das invejas e dos egoísmos, das vaidades e das mentiras manipuladoras, do teatro das covardias, dos preconceitos e das pusilanimidades. Até nas igrejas tenho visto a instrumentalização do ser humano individual, despudoradamente sacrificado em nome de alguma linda causa coletiva-como se os fins justificassem os meios. Meu diagnóstico se aplica aos velhos partidos e aos novos, que são os velhos travestidos com o silicone da pseudo-juventude se aplica também aos sindicatos, às entidades de cientistas e de artistas, e àquelas que lutam contra a homofobia e o racismo.


Como se pode ver, estou mesmo muito crítico e cético. Mas Não há um modelo de sociedade ideal: está por ser construído. digo isso porque continuo com esperança e porque continuo As experiências humanas conhecidas não foram bem sucediacreditando em valores e compartilhando sonhos coletivos. das, ainda que forneçam um repertório de alternativas muito diferentes e que algumas tenham se mostrado muito melhores Só acho que as velhas fórmulas se esgotaram, porque as pes- do que outras. soas se esqueceram de que elas também têm de mudar, se querem promover mudanças e se desejam organizar algum Portanto, com abertura para aprender sempre, pessoalmente tipo de entidade coletiva comprometida com mudanças sociais. eu creio que quase tudo ainda está por fazer. Acho que a Cufa reúne gente que pensa assim também. Por esse caminho crítico e negativo chego à Cufa, que considero uma espécie de segunda família. Uma família que junta E que, como eu, recusa respostas prontas. E aposta que sem tanta gente, que sequer conheço todos os irmãos e irmãs, ou a reconstrução pessoal não dá para mudar os outros ou a soprimos e primas. ciedade. Mas sinto que sou parte do universo que a Cufa conecta e mobiliza.

Na Cufa, todos sabem que o racismo é uma praga horrorosa, no mundo e no Brasil também.

A Cufa dá uma lição maravilhosa e mantém viva a esperança de que ainda é possível experimentar relações construtivas, cooperativas, de solidariedade, voltadas para a paz e a justiça, a promoção da dignidade humana, do respeito, da tolerância, da liberdade, sem preconceitos.

Não dá para continuar fingindo que não existe. A Cufa também reconhece que a violência é uma desgraça e que as desigualdades sociais, no Brasil, são brutais e injustas.

Por isso, na minha visão da Cufa, essas questões lhe são caras e prioritárias, mas tendem a ser tratadas por um ângulo original Na Cufa, cada um pensa o que quer, ama como quer, diz o que e inovador, que estimula o empreendedorismo e o protagonisquer, respeitados os valores que garantem a todos os mesmos mo dos indivíduos, exorcizando ressentimentos acusatórios e direitos à diferença. Ninguém cobra fidelidade a dogmas, leal- auto-vitimizantes, que só reproduzem a impotência. dade a credos, culto a personalidades. É por isso que, no oceano de incredulidade e ceticismo, situo a Ninguém tem a pretensão de ensinar o caminho das pedras a Cufa numa ilha de vitalidade afetuosa e esperança. ninguém, porque todos os caminhos podem levar à meta, se ela é ecumênica, generosa, plural, e se o método corresponde Luiz Eduardo Soares às possibilidades da realidade histórica e não ferem os princí- Antropólogo e Escritor pios. Ganhar dinheiro não é pecado. Ter sucesso não é feio. Ser admirado não é vergonha para ninguém. O que a Cufa deseja é que essas oportunidades sejam oferecidas a todos os que se empenhem e desenvolvam suas virtudes, seus talentos, sua criatividade, sua capacidade, sem oprimir e explorar os outros.


A Cufa é um exemplo

“Ao me inscrever para a oficina de artesanato da Cufa, não imaginava que o mundo ao meu redor poderia ser transformaA Cufa é um exemplo e uma liderança das novas gerações de do, hoje sou chamada de artista pelas minhas vizinhas e amimoradores de favelas, essas novas gerações que têm orgulho gos, não imaginava isso. do que são, de sua cultura, seu comportamento, sua ética, seu Estou ajudando minha família a construir a minha casa com povo. o que aprendi, não tenho palavras para explicar. Essa oficina Seu papel político, social e cultural cresce a cada ano, na mul- abriu meus olhos para a vida.” tiplicação de seus membros e parceiros. Celso Athayde, seu principal líder, é um notável modelo desse novo pensamento Gislane Aparecida de Souza, 29 anos – Salvador /BA e ação. Não são só as favelas que a Cufa representa que precisam dela, todo a cidade do Rio de Janeiro, se beneficia e “Costumo dizer que minha vida e de meus netos se divide em duas partes: antes e depois de fazer a oficina de percussão da melhora com a existência da Cufa. Cufa, meus netos se envolveram e até na escola prestam mais atenção, estão tocando muito. Cacá Diegues Cineasta

10 mil salves a Cufa Conheci a Cufa através do Hutúz. O impacto em mim foi enorme quando vi a força que aquelas pessoas juntas tinham. Pensei: Eles chegaram pra ocupar o seu lugar no mundo.Depois disso a relação se tornou mais frequente, com oficinas de teatro que ministrei ou apenas visitas a amigos do teatro da CDD.

Antes ficavam sem fazer nada quando voltavam da escola. Obrigado pelo trabalho feito aqui”. Maria José de França, 73 anos – Favela do Sapo – Senador Camará /RJ “Uma vez estava sentado na frente da minha casa, passou um rapaz numa bicicleta me oferecendo um livro para ler, não tinha esse hábito, o que ganho mal dava pra comer, ter a oportunidade de ler livros que sempre sonhei é incrível, só a Cufa para inventar uma coisa assim.”

Quando parti para o segundo ano do meu Programa no Canal Brasil (Espelho) decidi convocar alguns membros do curso de áudio visual para trabalhar comigo pensando: Tomarei uma atiJoão Gregório de Oliveira, 47 anos – Cidade de Deus / RJ tude política, vou colocá-los no programa apesar da experiência deles no “mercado” não ser tão grande. “Falar da Cufa é falar da vida do meu filho, às vezes paro para pensar o que seria dele sem a Cufa... Essa instituição salvou Logo no primeiro ano isso mudou, pois de uma ação política, meu filho da vida do crime e deu a oportunidade que ele prea presença deles no Espelho virou uma necessidade profiscisava, através de um trabalho e da possibilidade de sonhar sional, pois lá também eles ocuparam seu espaço com muita com um futuro melhor. Hoje ele faz parte do núcleo de audiogarra.10 mil salves a Cufa que a cada dia vem potencializando visual da Cufa e faz a cobertura de grandes eventos. É respeimais talentos para ocuparem o seu devido lugar, que é qualquer tado por mim, pelos irmãos e pela sociedade.” lugar que se sonhe estar. Lázaro Ramos Ator e apresentador 152

Maria Luzia Galdino - Favela de Acari / RJ


E eis que passaram dez anos... A CUFA é uma engrenagem que trabalha 24 horas por dia acreditando nos sonhos e transformando os mesmos em realizações. No momento em que estávamos fechando a edição deste livro acontecia a formatura dos mais de 600 alunos do Projeto Rapensando, uma parceria CUFA e Petrobras. Talvez essa seja a melhor forma de definir a Central Única das Favelas. Para nós, esta história não pára nunca! E isso é só o começo...




Decidimos dedicar esta obra ao amigo e parceiro Cacá Diegues, por ter sido ele o incentivador da primeira ação efetiva e concreta da CUFA. Quando, em 1999, ao ministrar palestra em Madureira para jovens das favelas, conseguiu fazer com que, aqueles que não tinham nenhum interesse em cinema, enxergassem um futuro, percebessem uma chance e acreditassem que era possível. Surgia ali o Núcleo de Audivisual da CUFA, transformando muitos desses jovens em cineastas, diretores, produtores, cinegrafistas, editores, e realizadores; e impactando na vida de mais de 700 outros jovens cineastas formados até hoje pela instituição. E por fim, dez anos depois, é inaugurada a CUFA Filmes, uma produtora audiovisual que reúne estes jovens profissionais formados pela CUFA em produções diferenciadas, agregando valor social e conquistando espaço no mercado audiovisual. Vida longa ao amigo Cacá e obrigado por tudo! Central Única das Favelas do Brasil



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