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Uma Odisseia Portuguesa

antes de chegar a França em 1975, passou pelos eventos traumáticos da descolonização em Angola.

Ao longo da narrativa ficcional inspirada na odisseia paterna, o escritor lusodescendente mergulha num dos capítulos mais marcantes da história da emigração portuguesa, o ciclo da emigração lusa para França nas décadas de 1960-70. Ao longo das páginas é rememorada a miséria que impeliu entre 1954 e 1974, a saída legal ou clandestina, de mais de um milhão de portugueses em direção ao território francês à procura de melhores condições de vida.

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Assim como, a vida difícil dos portugueses nos “bidonvilles” dos arredores de Paris, enormes bairros de lata, com condições de habitabilidade deploráveis, sem eletricidade, sem saneamento nem água potável, construídos junto das obras de construção civil, como os de Saint-Denis ou Champigny, que nas décadas de

1960-70 albergou mais de uma dezena de milhares de portugueses.

Como realça a casa editorial luso-francesa que apadrinha a obra, Mário Queda Gomes, escreve “o romance de milhares de emigrantes portugueses pelo mundo e talvez também o romance universal de todas essas pessoas que vieram de fora, claro, mas que vieram de algum lugar também. Esta história escrita na primeira pessoa do singular, com um carácter forte e um ritmo constante, indo do riso às lágrimas e das lágrimas ao riso, traça assim a juventude deste herói (quase vulgar) nascido sob a ditadura de Salazar, que chegou a França, em 1975. Ao mesmo tempo narrador e personagem central, Carlos empresta a sua voz tragicômica a esse outro, esse ser humano que tanto se parece connosco e que só aspira a uma coisa: conseguir uma vida melhor”.

Saber acolher, integrar e, sobretudo, não discriminar negativamente ninguém tem sido a marca deste Governo Regional liderado pelo Dr. Miguel Albuquerque. Um acolhimento que não se fica por aquele que é garantido aos Madeirenses que têm regressado para a sua terra nos últimos anos, mas, também, a pessoas de diferentes países que hoje escolhem a Madeira para viver, fazer a sua vida e criar raízes.

Sendo meritória, esta não é, todavia, uma tarefa fácil. Segundo os Censos de 2021, tínhamos mais de 10.500 estrangeiros a residir na Madeira, num aumento de mais de 8,9% em comparação ao ano de 2019, sendo a comunidade venezuelana aquela que lidera esta estatística, com 2.443 pessoas, isto devido ao grande fluxo de portugueses da Venezuela que regressaram, trazendo consigo muitos venezuelanos que, na sua grande maioria, são cônjuges de portugueses. Em segundo lugar, surge a comunidade britânica, com 1.220 pessoas e, logo depois, a comunidade brasileira, uma comunidade que tem vindo a crescer muito nos últimos anos, ultrapassando já os mil residentes na nossa Região.

Esta procura leva-nos a assinalar um indicador muito importante: os estrangeiros não têm deixado de optar pela nossa “Pérola do Atlântico”, considerando-a como um destino ideal para viver.

Ao contrário das discussões às quais temos vindo a assistir a nível nacional sobre como atrair pessoas para o País, aqui, na Região, temos seguido uma estratégia de integração com bons resultados, pese embora o SEF continue a ser um verdadeiro caos (supostamente agora sim vai ser extinto) com inumeráveis atrasos quanto às marcações, atri-