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Presidente critica egoísmo que sobressai “em tempos de crise”

CORREIO / LUSA

O Presidente da República criticou hoje o egoísmo que sobressai “em tempos de crise” e as pessoas “que não aceitam a diferença dos outros”, numa sessão com a fadista Aldina Duarte e estudantes do ensino básico e secundário.

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Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu-se uma audiência de mais de 300 estudantes de cinco concelhos do país reunidos hoje no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, para ouvir Aldina Duarte a falar sobre a sua carreira, mas sobretudo sobre os seus valores morais e a importância da consciência social e dos estudos na construção do seu percurso.

Na sua intervenção, o Presidente da República deu sequência a tópicos abordados pela fadista e fez um diagnóstico do egoísmo humano em tempos de crise que considerou ser “o que há mais” na sociedade.

O chefe de Estado considerou haver a tendência para um pensamento de “‘salve-se quem puder’ e os outros que se amanhem”.

O Presidente falou também aos jovens sobre “quem não gosta dos outros porque são diferentes da- quilo que são” e concordou com Aldina Duarte na ideia de que “a razão de viver é aceitar a diferença dos outros”.

“Vocês dizem: mas isso é uma coisa óbvia. Não é óbvia porque há muita gente em Portugal que não aceita a diferença dos outros. Não gosta dos outros porque são diferentes daquilo que são. Diz a Aldina: ‘É preciso aprender com os outros, ninguém é feliz sozinho, nós não somos ilhas’. Aquilo que nos dá felicidade é aquilo que passa pela felicidade dos outros”, referiu.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou rasgados elogios ao percurso da convidada, que classificou como uma artista “muito especial” porque “além de ser excecional naquilo que canta, ela escreve, ela compõe”. “A música é a vida dela e a vida dela projeta-se na música à qual se dedica”, completou.

O chefe de Estado acrescentou que esta é uma artista que “usa a música para melhorar a vida das pessoas, para haver menos pobreza, para haver menos desigualdade, para aproximar a música daqueles que não têm acesso a ela”.

No seguimento da temática da desigualdade levantada por Aldina Duarte, Marcelo Rebelo de Sousa falou sobre o “impressionante número” de pessoas ricas que conheceu e que “foram infelicíssimos, acabaram mal, e não contribuíram para a felicidade dos outros”.

“O número de pessoas que se fizeram a pulso e que criaram felicidade para os outros e foram mais felizes, foi muito maior e mudaram muito mais o mundo”, concluiu.

Depois da intervenção do Presidente da República, houve tempo ainda para a fadista lisboeta responder a perguntas dos estudantes que ocuparam quase todas as cadeiras do auditório.

O programa “Músicos no Palácio de Belém” vai juntar até 31 de maio compositores, maestros, cantores, pianistas, guitarristas e outros instrumentistas de vários géneros musicais com alunos do 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário.

Desde que assumiu a chefia do Estado, em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa promoveu outras iniciativas com formato semelhante, que levaram ao Palácio de Belém escritores, cientistas, jornalistas, desportistas e artistas plásticos.

Só 50 dos 308 municípios com evolução positiva da população

CORREIO / LUSA

Em 10 anos, apenas 50 dos 308 municípios de Portugal registaram uma evolução positiva da população, sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa (AML), em 14 concelhos num total de 18, e no Algarve, com 11 em 16.

De acordo com o estudo “O que nos dizem os Censos 2021 sobre dinâmicas territoriais”, hoje apresentado no Instituto Nacional de Estatística (INE), em Lisboa, os municípios de Lisboa e do Porto tiveram decréscimos populacionais, de -1,25% e -2,44%, respetivamente, entre 2011 e 2021.

Na AML, surgiram alguns municípios com aumentos populacionais superiores a 5%, nomeadamente Mafra (+12,82%), Palmela (+9,58%), Alcochete (+8,96%), Montijo (+8,71), Sesimbra (+5,83) e Seixal (+5,21%), enquanto na região algarvia des- tacaram-se aumentos em Vila do Bispo (+8,73%), Albufeira (+8,17), Lagos (+7,87%), Portimão (+7,61), São Brás de Alportel (+5,50%) e Tavira (+5,18%).

Da sub-região do Cávado surge o município de Braga (+6,52%) e, no Alentejo Litoral, surge o município de Odemira (+13,32%), que apresenta o valor mais elevado do país.

Na Área Metropolitana do Porto, apenas os municípios de São João da Madeira, Vila do Conde, Póvoa do Varzim, Valongo e Vila Nova de Gaia tiveram aumentos populacionais na ultima década, mas com valores inferiores a 2%.

Em 12 das 25 sub-regiões NUTS III (entidades intermunicipais e as duas regiões autónomas), maioritariamente no interior do país, registaram-se taxas de variação negativas da população em todos os municípios.

Programa bilateral quer “revitalizar” aldeias na fronteira

CORREIO / LUSA

Portugal e Espanha avançam na cimeira ibérica que arranca hoje em Lanzarote, nas ilhas Canárias, com um projeto comum para “revitalizar e recuperar” aldeias na fronteira, disse à Lusa a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.

“A ideia é revitalizar, recuperar vida nestas aldeias, algumas que estão praticamente abandonadas e outras que perderam grande parte da sua população e da sua atividade”, afirmou Ana Abrunhosa.

Segundo a ministra, o objetivo do programa é “trazer investimento empresarial, inovador e competitivo, para estas aldeias”, “projetos inovadores que criem emprego”, e levar para esses locais atividades “que normalmente é mais habitual ver noutras geografias”.

Ana Abrunhosa defendeu que o crescimento do teletrabalho, por exemplo, criou oportunidades de ter nestas aldeias “atividade económica que normalmente elas não teriam”, mas é preciso criar “as condições tecnológicas” e outras para isso se concretizar e estes puderem ser “territórios competitivos para além da agricultura, da pecuária ou da agroindústria”, numa “diversificação da base económica e social” tradicional.