Ilha Grande- O papel do Instituto Penal Cândido Mendes na construção do Imáginário coletivo

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REVISTA ELETRO NICA DE TURISMO (RETUR) - ISSN 1677-3063 Faculdade Cenecista Presidente Kennedy - Coordenac ao do Curso de Administrac ao

Volume 03 - nÂ02 - novembro/2004 - www.presidentekennedy.br/retur/ A INVENC AO DA ILHA GRANDE: O PAPEL DO INSITUTO PENAL CA NDIDO MENDES NA CONSTRUC Á O DO IMAGIN´ RIO COLETIVO Carolina Dutra de Arau jo, mestranda em Ciencias Ambientais e Florestais, pelo Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Resumo. Este artigo pretende discutir como o Instituto Penal Cándido Mendes, na Ilha Grande, atua no imaginõrio coletivo, bem como analisar as diferentes percepc oes dos residentes da Vila dois Rios, onde estõ localizado, e dos turistas em relac ao a ele. Atravís de entrevistas estruturadas realizadas no local das ruınas do Instituto Penal Cándido Mendes foi possıvel perceber que a Ilha Grande foi ”inventadaô enquanto local atrativo para visitac ao turıstica, devido aos mitos em torno da imagem do presıdio. Palavras-chave: turismo, Ilha Grande, imaginõrio.

Abstract. This paper tries to discuss how Instituto Penal Cándido Mendes, in Ilha Grande, acts in the collective imaginary, as well as to analyze the differences among the perceptions of the residents of Vila Dois Rios, where it is placed, and tourists concerning to it. Through interviews at the local where the wrecks of IPCM is placed it was possible to realize that Ilha Grande was ”inventedô as an attractive site for tourism, because of the myths around the image of the prison. Key-words: tourism, Ilha Grande, imaginary.

Introduc ao. ”Nas escarpas da ilha Grande, a esfalfar-me, a aproximar-me vagaroso da Colónia Correcional, papagueava com um matuto fardado sobre gente do interior, meio esquecida. (...) No fim da tarde alcanc amos um põtio branco. Ao fundo, enorme galpao fechado, e junto a ele cercas de arame, certamente o curral onde nos confinariam. A vista fixa nas paredes baixas, na cobertura de zinco, durante algum tempo nao percebi as casas alinhadas no terreiro. Surgiram-me de chofre, como se tivessem construıdo naquele instante, sem du vida residencias de funcionõrios, repartic oes, cozinhas, e alojamento da tropa. Na confusao da chegada, isso me vinha desconexo, vago e sem limites. Amõlgama incoerente.ô (”Mem–rias do Cõrcereô, Graciliano Ramos, p.53)

Este estudo pretende analisar o modo pelo qual o Instituto Penal Cándido Mendes (IPCM) atua no imaginõrio coletivo de residentes e visitantes da Ilha Grande (IG). Acredita-se que cada um deles tenha pontos de vista diferenciados, interferindo no significado do presıdio para o turismo e


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Volume 03 - nÂ02 - novembro/2004 - www.presidentekennedy.br/retur/ para o modo de vida dos residentes. Desta forma torna-se possıvel identificar como ocorreu a ”invenc aoô da Ilha Grande enquanto atrativo turıstico. A õrea de estudo delimitada para a realizac ao da presente pesquisa engloba a Vila Dois Rios (VDR), principal condicionante do turismo na IG por ter abrigado o IPCM e, ainda hoje, suas ruınas, alím da atratividade cenica de sua praia e dos dois rios que a compreendem.

O turismo na Ilha Grande. A IG tornou-se um destino muito procurado desde meados da dícada de 1990, perıodo em que o IPCM, na VDR, cessou sua atividade, a partir do qual se observa o inıcio do processo de ocupac ao pelo turismo. A partir do momento em que o IPCM foi desativado, e ap–s sua posterior implosao, a visitac ao teve inıcio, ainda de forma incipiente. Os primeiros visitantes eram, em sua maioria, os chamados mochileiros ou campistas, que nao se preocupavam com a ausencia de infraestrutura e transportes, pois as poucas pousadas e restaurantes existentes destinavam-se a receber eventuais funcionõrios e familiares dos funcionõrios do IPCM. Na segunda metade da dícada de 1990 as mudanc as ocorreram com grande rapidez. Ergueram-se inu meras pousadas e restaurantes, notadamente na Vila do Abraao, principal porto receptivo da IG. Võrios trechos foram transformados em õreas de camping, mesmo quintais de casas particulares, sem distinc ao de tamanho. Hoje em dia o turismo í a principal atividade económica da IG, sendo que a maioria das outras atividades convergem para o turismo à direta ou indiretamente.

A Vila Dois Rios. A VDR í o berc o da principal hist–ria carcerõria da IG. De 1903 a 1932 abrigou a Colónia Correcional de Dois Rios. Em 1940 foi edificado o IPCM, de onde surgiram as primeiras organizac oes de detentos em falanges. A primeira delas foi o Comando Vermelho, responsõvel por inu meras ac oes criminosas, dentro e fora do presıdio, e pelo trõfico de drogas. Com a desativac ao do IPCM, e a paulatina apropriac ao da IG para o turismo, as mudanc as de paradigmas dos moradores da VDR era proeminente. A evasao de funcionõrios para seus locais de origem fez com que a VDR entrasse em estado de degradac ao, o que nao intimidou a visitac ao turıstica.

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Volume 03 - nÂ02 - novembro/2004 - www.presidentekennedy.br/retur/ Figura 1: Praia Fonte: Andrí Cypriano

Atualmente, o territ–rio da VDR pertence ` Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ, que estabeleceu o Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentõvel (CEADS) com o objetivo de transformar a VDR em um campus de pesquisa avanc ada em meio ambiente. A remoc ao das ruınas do presıdio í responsabilidade da UERJ, que, atí hoje nao dirigiu nenhuma ac ao nesse sentido. Essa isenc ao acabou por proteger os escombros, apesar de causar desconforto nos moradores por ser um proliferador de cobras e ratos. No entanto, a permanencia do presıdio permite que ac oes no sentido de preservar suas ruınas ainda possam ser desenvolvidas, afinal, remove-las acarretaria em incalculõvel prejuızo para a mem–ria hist–rica do Brasil, que nao se faz apenas de belas construc oes. Outros presıdios, como o da Ilha do Diabo, na Guiana Francesa, o de Alcatraz, nos Estados Unidos e o da Ilha de Anchieta, no Brasil, hoje configuram grandes atrativos turısticos.

O Instituto Penal Có ndido Mendes. Em 1903, foi construıda a Colónia Correcional de Dois Rios (CCDR), na VDR. Em 1936, o escritor Graciliano Ramos foi preso e passou pela CCDR, entre outras cadeias, acusado de ”subversao comunistaô. Sua experiencia foi retratada na obra ”Mem–rias do Cõrcereô. Sobre a expectativa de chegada ` VDR, Graciliano relata: ãCapita o Mata supunha que descerıamos na colo nia correcional de Dois Rios, na Ilha Grande. (...) As notıcias da colo nia eram indefinidas e agoureiras, talvez mais alarmantes por na o se determinarem; a mais simples refere ncia ao desgrac ado lugar gelava as conversas e escurecia os rostos (Ramos, 1954, 1° volume, p.213).é Em 1940 foi edificado o IPCM, com capacidade para mil detentos considerados de alta periculosidade, de onde surgiram as primeiras organizac oes em ”falangesô. A primeira delas foi o ”Comando Vermelhoô, responsõvel por inu meras ac oes criminosas, dentro e fora do presıdio, e pelo trõfico de drogas. Durante seu funcionamento, o IPCM empregava em torno de 120 pessoas, que moravam na VDR ou na VA.

Figura 2: Detento segurando medalha com a inscric ao CV (Comando Vermelho).

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Volume 03 - nÂ02 - novembro/2004 - www.presidentekennedy.br/retur/ Fonte: Andrí Cypriano

O jornalista e escritor Fernando Gabeira foi preso durante a dícada de 1970 e, dentre os marginais ”famososô destacou-se Joao Francisco dos Santos, o Madame Sata, que morou na Vila do Abraao ap–s sua liberdade atí 1976, data da sua morte; o assaltante Lu cio Flõvio Villar Lırio, conhecido por ter denunciado o Esquadrao da Morte da polıcia do Rio de Janeiro na dícada de 1970, que teve sua vida documentada em livro e filme; o assaltante e traficante de drogas Josí Carlos dos Reis Encina, conhecido como ”Escadinhaô, autor da fuga de helic–ptero do IPCM (Ribeiro, 1995, p. 31).

Figura 3: Busto de Cándido Mendes, localizado na prac a em frente ` entrada do IPCM. Fonte: Andrí Cypriano

A implosao do IPCM, em 28 de marc o de 1994, evidenciou o total desconhecimento de outros conceitos de património hist–rico que nao seja o clõssico e antigo ”colonial brasileiroô, bem como outros tipos de uso possıveis da construc ao. Os detentos remanescentes foram direcionados para as Unidades de Seguranc a Mõxima de Bangu e Complexo Frei Caneca na cidade do Rio de Janeiro.

Procedimentos metodolo gicos. 1

Trata-se de pesquisa explorat–ria baseada em entrevistas estruturadas , conforme Dencker (2001, p.142-146; 154-157; 193-203). As entrevistas com moradores da VDR e ex-funcionõrios do IPCM objetivaram diagnosticar as diferenc as percebidas por eles entre seu modo de vida durante a atividade do mesmo e ap–s o advento do turismo na IG. O critírio para a selec ao dos residentes a serem entrevistados foi a idade e o tempo de vivencia na VDR. Esses dois aspectos foram fundamentais para identificar se os possıveis entrevistados eram moradores desde antes da desativac ao do IPCM (1994). Outras informac oes como profissao durante a existencia do IPCM e ap–s sua demolic ao foram u teis para investigar quantos moradores da VDR foram funcionõrios do IPCM e que tipo de func ao desempenham no presente (principalmente se estiverem ligadas ao turismo).

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Volume 03 - nÂ02 - novembro/2004 - www.presidentekennedy.br/retur/ As entrevistas aplicadas aos visitantes da IG tiveram como objetivo observar as opinioes acerca da imagem existente do IPCM, ou seja, investigar o significado deste no imaginõrio dos turistas. O critírio utilizado foi o lugar escolhido para as entrevistas. Primeiramente, a abordagem foi feita antes do visitante adentrar as ruınas do IPCM. Posteriormente, colhia-se a informac ao ao tírmino da visita. Assim foi possıvel identificar o confronto entre o imaginõrio e a realidade encontrada. E necessõrio explicitar que informac oes quanto ao sexo, idade e local de origem dos visitantes podem ser utilizadas para levantamentos posteriores (como principais nu cleos emissores ou faixa etõria mídia) e tambím para verificar uma possıvel ligac ao entre esses dados e o imaginõrio correspondente. Por exemplo, se o entrevistado tem menos de 20 anos, í possıvel que nao tenha conhecimento da importáncia do IPCM, por nao ter presenciado alguns fatos.

Desenvolvimento: Antecedentes culturais. Segundo Le Goff (p. 542), o monumento í um documento, a prova de sua pr–pria existencia. Entretanto o documento sem a presenc a fısica do monumento pode atuar como tal devido a seu valor. No caso da demolic ao do presıdio, os documentos sao fundamentais para a preservac ao da cultura do local. Desta forma, a ”mem–ria coletiva valoriza-se, institui-se em património culturalô. Durante a Revoluc ao Francesa ”os monumentos demolidos, danificados ou desfigurados por ordem ou com o consentimento das comissoes revolucionõrias sao-no enquanto expressao de poderes e de valores desprezados (...) manifestac ao de rejeic ao face a um conjunto de bens cuja inclusao macularia o património nacional, impondo-lhe os emblemas de uma ordem terminada (Choay, 2000, p. 93).ô A demolic ao do IPCM, mesmo tendo ocorrido no final do sículo XX, pode ser atribuıda ao desprezo pelo seu valor enquanto bem pu blico, caracterizando um ato de vandalismo, nao encarado como fundamento material da mem–ria e da cultura de um povo. Choay (2000, p. 92) afirma que ”romper com o passado nao significa nem abolir a sua mem–ria, nem destruir os seus monumentos, mas conservar uns e outros num movimento dialítico que, simultaneamente, assume e ultrapassa seu significado hist–rico original, ao integrõ-lo num novo estrato semánticoô. Trata-se da apropriac ao de um monumento para outras atividades, que nao a original, para fins de preservac ao. Tal apropriac ao poderia ter finalidade de utilizac ao para o turismo, transcendendo seu significado hist–rico e promovendo sua preservac ao. Entendendo-se cultura como ”uma sírie de padroes integrados de comportamento, desenvolvidos a partir de hõbitos de massa (Hoebel, In: Shapiro (org), p. 212)ô conclui-se que o modus vivendi da populac ao local era extremamente influenciado pelos forasteiros, funcionõrios vindos de outras localidades e o convıvio com os detentos e os familiares dos mesmos. Dessa forma, o cotidiano das pessoas era marcado pela rotina de trabalho do presıdio. Para Rubio ”(...) uma das maiores dificuldades para uma aproximac ao correta e em profundidade do feito turıstico, ao mesmo tempo que fonte de debilidade e incerteza do setor, í a leitura distinta que do mesmo espac o fazem os diferentes indivıduos ou coletividades, leitura que, no

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Vide modelos das entrevistas no Apendice.

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entanto, se encontra submetida a uma intensa variabilidade (p. 49)2ô. Sob esse aspecto se resvalam as diferenc as entre a sociedade da VDR e o imaginõrio dos visitantes, na maioria das vezes impregnado com as informac oes distorcidas divulgadas pela mıdia. Notamos isso atravís da divulgac ao feita em revistas nao cientıficas de turismo, na segunda metade da dícada de 1990 e em 2000, como exemplificado a seguir: Os caminhos da Terra, exalta a natureza intocada, preservada em razao do IPCM ãA Ilha Grande,(...), por muito tempo viveu isolada por um fantasma. (...)A simples presenc a do pràdio sinistro [o Instituto Penal Cándido Mendes] e suas figuras marginais impunha na o apenas ` praia, mas a toda a ilha, uma aura de medo e maldic a o. Por culpa dessa fama, desprezada pelo turismo, a Ilha Grande manteve quase intocados seus 193km2 (...). Quando o presıdio foi desativado, em abril de 1994, era de se supor que a ilha espantasse seu passado e fosse definitivamente descoberta (1995, p. 24-32).é O Guia Esso afirma que ãCom a desativac a o de presıdio em 1994, e o fim do temor que ele causava aos turistas, Ilha Grande tornou-se um dos pontos mais atraentes do litoral brasileiro. Tem inumeras praias, em geral desertas e preservadas, que podem ser visitadas de barco, ou a pà por trilhas que atravessam a mata natural (...) (1997, p.47).é A revista Viagem e Turismo, reforc a a imagem negativa do IPCM ã(...) a Ilha Grande. E se voce logo associou seu nome a um presıdio, jó tem a explicac a o para o fato de ela na o ter explodido para o turismo atà hoje (...). A reputac a o de territârio proibido, na verdade, foi a salvac a o de Ilha Grande. (...) ela deve sua preservac a o principalmente ao presıdio (...) e ` aura de maldita que sempre teve (1997, p.104).é A Terra especial Ecoturismo libera definitivamente a entrada, pois ãOs presos jó na o existem mais. Foram removidos com a desativac a o do presıdio, em 1994. Mas ficaram as trilhas abertas por eles (...) (1999, p. 25).é Enquanto que a Veja Rio, ressalta o crescimento espantoso do turismo na IG e a alegria de um morador ãOs 200 quilos de dinamite que demoliram o Instituto Penal C‘ndido Mendes quase seis anos atrós mudaram bastante o lugar. (...) Em pouco tempo, a ilha entrou nos roteiros de turismo de massa.’O progresso chegou. Vem gente do mundo inteiroõ, diz o pescador Prudenciano Xavier de Oliveira, de 85 anos, entre saudosista e animado com os novos tempos. A cada vera o pâs-presıdio, a horda de turistas aumenta. Para este ano, a previsa o à de pelo menos 80 000 pessoas desembarquem por ló atà o final de marc o. Isso significa dez vezes a populac a o local (2000, p. 10-11).é

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”(...) una de las mayores dificultades para uma aproximaci–n correcta y em profundidad al hecho turistico, al mismo tiempo que fuente de incertidumbre y debilidad del sector, es la distinta lectura que del mismo espacio hacen los diferentes individuos o colectividades, lectura que, por lo demõs, se halla sometida a una intensa variabilidad.ô

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Volume 03 - nÂ02 - novembro/2004 - www.presidentekennedy.br/retur/ Viagem e Turismo explica porque a IG nao era visitada durante a existencia do IPCM ãMarcada por ter sido uma ilha-presıdio atà seis anos atrós, sâ agora o numero de turistas que a visitam comec a a fazer jus `s suas atrac ü es naturais (...). E quem ia querer ir para um lugar onde as trilhas e praias eram rotas de fuga de bandidos? Ninguàm, claro.(...) a Ilha Grande à um surpreendente reduto de tranq¨ ilidade e preservac a o. A ironia à que isso se deve ao mesmo presıdio, jó que foi ele que manteve longe as marinas, os condomınios de luxo e atà as favelas (...) .Atà dois anos atrós, praticamente todos os visitantes eram aventureiros dispostos a acampar na ilha. Hoje na o mais. E cada vez maior o numero de casais que chegam para um rom‘ntico final de semana. A transformac a o acelerou-se hó seis meses, quando o telefone chegou na vila (2000, p. 52-54).é O turismo consegue, ao mesmo tempo, criar novos atrativos e transformar o significado dos jõ existentes (Rubio, p. 51). No caso do IPCM a mudanc a í enorme à de casa de detenc ao a atrativo turıstico. Evidencia-se, assim, a importáncia de coisas efemeras de ontem; as de hoje podem tornarse referencia para gerac oes futuras. O olhar das pessoas hoje em relac ao a objetos e modo de vida do passado í de distanciamento e estranheza. Esse olhar incita o estudo, a investigac ao do passado. Desassocia-se, entao, a idíia de património ligado a objetos antigos, velhos e mau cuidados (lowenthal, p. xxi). Os escombros do presıdio permanecem na IG e tornaram-se atrativos para os visitantes que percorrem suas instalac oes ainda erguidas, perplexos com a situac ao observada. Os moradores, por sua vez, encaram as ruınas como sendo parte de seu passado que, conseq¨entemente, tambím definha. Lowenthal observa: ãEu comecei a perceber que os passados que alteramos ou inventamos sa o ta o prevalecentes e conseq¨ entes quanto aqueles que tentamos preservar. Certamente, a heranc a totalmente preservada ou reproduzida autenticamente na o à menos 3 transformada que uma manipulada deliberadamente (p. xviii) .é Afirma-se, entao, a necessidade de preservac ao das ruınas enquanto parte da cultura de um povo, jõ que, consoante o autor ”Ruınas fısicas tem suas limitac oes como informantes, com certeza: elas sao elas pr–prias mutantes, requerendo interpretac oes; suas contınuas, mas diferentes erosoes e demolic oes distorcem os fatos; e sua substancial sobrevivencia emerge um passado mais estõtico do que poderia ter sido o caso (xviii)4.ô

A visao do morador da Vila Dois Rios. Para os residentes na VDR a convivencia com os detentos era algo natural e oferecia seguranc a ` populac ao, devido ao pr–prio sistema do IPCM. A limpeza e a manutenc ao da VDR 3 ”I began to realize that the pasts we alter or invent are as prevalent and consequential as those we try to preserve. Indeed, a heritage wholly saved or authentically reproduced is no less transformed than one deliberately manipulated.ô

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Volume 03 - nÂ02 - novembro/2004 - www.presidentekennedy.br/retur/ cabia aos presidiõrios e havia uma maior atenc ao do governo estadual e municipal a respeito da VDR. Alím disso, havia os empregos gerados pelo presıdio. Conforme o Plano Diretor do Parque Estadual da IG, que engloba a VDR, elaborado durante o funcionamento do IPCM, ”a criac ao da Colónia Correcional de Dois Rios em 1903 desenvolveu uma cultura de convivencia entre o povo nativo e os diretamente vinculados ao sistema penitenciõrio, onde existe respeito de ambas as partes (...).ô E ainda ”na IG os incidentes de natureza policial sao pequenos, sendo a evasao de presos fato isolado e perfeitamente corrigıvel, nao criando clima de inseguranc a na Ilhaô. (Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado e de Meio Ambiente e Projetos Especiais, Fundac ao Instituto Estadual de Florestas, 1993, p. 32) A dicotomia entre a l–gica do trabalho existente ` ípoca do funcionamento do IPCM contrapoe-se a nova ordem do –cio e do lazer para os ex-funcionõrios residentes na VDR. ”De tal forma, o turismo cria, transforma, e inclusive valoriza diferencialmente espac os que poderiam nao ter ’valorñno contexto da l–gica de produc ao (...). Toda a questao do património ’turistificadoñpode ser analisado sob essa vertente (Nicolas, p. 49).5ô Alguns moradores da VDR acreditam que o IPCM deveria ter sido transformado em museu. A maioria entende aquele espac o como sendo produtivo. As ruınas abandonadas incomodam os residentes e, de certa maneira, as impede de progredir. O grande receio dos moradores da VDR diz respeito `s grandes transformac oes espaciais e sociais que podem vir a ocorrer. Essa perspectiva í observada por Nicolas quando afirma que ”` valorizac ao social desses espac os deve acompanhar-lhe a possibilidade de serem usados. Quando passa a ser massiva, serõ o momento no qual as transformac oes do espac o tambím serao massivas, mediante uma atuac ao intensiva sobre o territ–rio (p. 218).6ô O passado estõ presente tanto nas ruınas do IPCM quanto na mem–ria dos moradores da VDR. As entrevistas realizadas demonstraram a imensa ligac ao existente entre as pessoas e as edificac oes ruıdas. Hõ um sentimento saudosista e um certo inconformismo com a situac ao de abandono em que a VDR se encontra, jõ que ”mesmo quando enobrecido pela nostalgia ou depreciado pelos partidõrios do progresso, o passado parecia nao um paıs estrangeiro, mas parte deles mesmos. (...) Um passado em termos similar ao presente tambím aceita visoes sobre por que 7

as coisas aconteceram assim (Lowenthal, p. xxi). ô Choay (2000, p. 95) questiona se ”(...) uma nac ao se pode dar ao direito de destruir os fundamentos materiais de sua hist–ria? (...) indivıduos e sociedades nao podem preservar e desenvolver a sua identidade senao na durac ao e atravís da mem–ria?ô. A demolic ao do IPCM significou para a populac ao da VDR, segundo as entrevistas, a destruic ao de seu passado, na medida em que a l–gica da sociedade entao existente era entremeada pela rotina de vida imposta

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”Physical remains have their limitations as informants, to be sure: they are themselves mute, requiring interpretation; their continual but differential erosion and demolition skews the record; and their substancial survival conjures up a past more static than could have been the case.ô 5 ”De tal forma, el turismo crea, transforma, e inclusive valoriza diferencialmente espacios que podrian no tener ’valorñen el contexto de la l–gica de producci–n (...). Toda la cuesti–n del patrimonio ’turistificadoñse puede analizar bajo esta vertiente.ô 6 ”a la valoraci–n social de estos espacios, debe acompanarle la posibilidad de ser usados. Cuando pasa a ser masivo, serõ el momento en el cual las transformaciones del espacio tambiín serõn masivas, mediante una actuaci–n intensiva sobre el territorio.ô 7 ”Even when ennobled by nostalgia or depreciated by partisans of progress, the past seemed not a foreign country but part of their own. (...) A past explained in terms similar to the present also suited views of why things happened as they had. ô

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Volume 03 - nÂ02 - novembro/2004 - www.presidentekennedy.br/retur/ pelo IPCM. Em decorrencia disso, pode-se observar a paulatina perda da identidade cultural do lugar, posto que ”(...) se as referencias feitas sao literõrias e nos remetem numa primeira instáncia ` elaborac ao ficcional, hõ efetiva transcendencia destes aspectos, configurando dimensoes mais amplas do património que envolvem tambím, por exemplo, a cultura popular (Camargo 2000, p. 6).ô O ex-detento Ju lio de Almeida, 72 anos, condenado a 68 de prisao por homicıdio, vive na VDR desde a desativac ao do IPCM, quando obteve liberdade condicional. Ju lio casou-se, tem dois filhos e presta servic os ao CEADS/UERJ, assim como a maioria da populac ao da VDR. Para ele a liberdade í obviamente importante, mas nao nega que a qualidade de vida dos moradores durante o funcionamento do IPCM era maior. Opiniao, essa, compartilhada pela maioria dos entrevistados.

Figura 4: Ju lio de Almeida Fonte: Andrí Cypriano

A queixa mais explıcita refere-se ao transporte. O acesso ` VDR í difıcil tanto por terra quanto por mar. Este u ltimo estõ sempre revolto e a praia nao possui cais de atracac ao. Por terra hõ uma estrada de 12 Km atí a Vila do Abraao (melhor acesso ao continente). Quando da atividade do IPCM havia võrios veıculos a disposic ao dos moradores e funcionõrios. Hoje em dia restam apenas quatro, sendo tres da Polıcia Militar da Vila do Abraao e um do CEADS/UERJ disputados pela populac ao, que í obrigada a seguir os horõrios impostos e estõ sujeita `s acomodac oes precõrias.

O imaginõrio do visitante da Ilha Grande. A percepc ao nostõlgica do lugar pelos moradores, em boa parte, nao í compartilhada pelos visitantes, que conheceram o local em seu estado atual. Para a maioria dos turistas, a imagem do IPCM í negativa e imaginam que a vida na IG seja melhor atualmente. Segundo Nicolas (1989), ”o espac o nao í somente o elemento que permite mudar de l–gica, mudar de ’mundoñ. E tambím um 8

fator constitutivo da experiencia do turismo (p. 42). ô, jõ que a existencia do IPCM provocava uma certa repulsa nas pessoas, devido `s constantes fugas e a alta periculosidade dos detentos, o que manteve a IG fora das rotas de turismo atí o inıcio da dícada de 1990. Hoje em dia as ruınas da

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”el espacio no es solo el elemento que permite cambiar de l–gica, cambiar de ’mundoñ. Es tambiín un factor constitutivo de la experiencia del turismoô. (NICOLAS, p. 42).

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cadeia permitem a volta ao passado , e provocam sensac oes nos visitantes, variando desde ”tristezaô a ”excitac aoô, conforme demonstrado pelas entrevistas. Podemos, entao, perceber que ”o imaginõrio coletivo ligado ao turismo se construiu atravís dos relatos dos que viajaram primeiro, da mesma forma que as primeiras cruzadas criaram um imaginõrio que gerou conseq¨encias e uma visao distorcida (Nicolas, 1989, p. 46). 10ô A imagem maldita da IG deve-se, em grande parte, `s impressoes dos primeiros visitantes e seus relatos. Camargo (2000) afirma: ãOs termos construc a o ou invenc a o do patrimo nio, na o devem ser entendidos como recursos de retârica. Eles se fundamentam na constatac a o da inexiste ncia do conceito de patrimo nio histârico em outras sociedades, que na o aquelas advindas da Revoluc a o Industrial em fins do sàculo XVIII e, dos seus desdobramentos nos dois sàculos subseq¨ entes (p. 1).é Sobre o mesmo aspecto, Luchiari (In: Lima (org.), 1998) coloca: ãA descoberta e a invenc a o 긔 termo muito utilizado nas anólises turısticas 긔, na o possuem o mesmo significado, mas convergem na emerge ncia dos lugares turısticos. Na descoberta o turista à o primeiro a revelar a existe ncia de um lugar. Na invenc a o, o turista à o criador das representac ü es valorativas de certas paisagens (Deprest, 1997: 101). Estes dois processos associados à que da o visibilidade `s paisagens (p. 20).é No caso da IG, houve a invenc ao de sua imagem enquanto atrativo turıstico. A princıpio a beleza da paisagem natural era o grande diferencial. Entretanto, a alcunha da IG de paraıso esteve sempre ligado ` existencia do IPCM, o que, para os visitantes alterava a alcunha para paraıso proibido. Dessa forma, o recurso turıstico IG foi paulatinamente sendo construıdo/inventado.

Conclusêes. A VDR sofre atualmente um perıodo delicado de apropriac ao do seu territ–rio. Enquanto isso seu maior património cultural edificado, o IPCM, bem como os usos e costumes da populac ao de VDR, deterioram-se. O IPCM e suas hist–rias contribuıram para a invenc ao da IG enquanto recurso turıstico. Todo esse rico acervo patrimonial deve ser preservado e pode utilizar-se do turismo como principal fator colaborador. A IG possui atrativos naturais exuberantes e atrai a cada ano mais visitantes. O turismo de massa ameac a condenar a mem–ria do IPCM ao esquecimento, legando sua importáncia a segundo plano. No entanto para a populac ao local as mudanc as culturais foram sentidas de maneira intensa, da rotina do IPCM ao movimento frenítico imposto pelo turismo. A importáncia das questoes colocadas em discussao deve ser avaliada ` luz dos conceitos de Património, Cultura e Turismo. Portanto ”(...) pensar o património local deve ter como meta a 9

A visita `s ruınas permite ao visitante observar as inscric oes deixadas pelos ex-detentos na parede da u nica cela mantida. Algumas delas tem conteu do forte e foram transcritas no Anexo. 10 ”El imaginario colectivo ligado al turismo se constituy– a travís de los relatos de quienes viajaron primero, en la misma forma que las primeras cruzadas crearon un imaginario que gener– las consecutivas y una visi–n desvirtuada (...)ô (NICOLAS, p. 46).

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Volume 03 - nÂ02 - novembro/2004 - www.presidentekennedy.br/retur/ existencia e a vida dos seus moradores, o direito de todos ao conhecimento, o direito a ter voz e discutir suas condic oes numa determinada comunidade. Sobretudo o direito ao lazer (Camargo, 2000, p. 29). A nova func ao da IG deve proporcionar aos residentes as mesmas oportunidades de lazer que proporciona ao turista. Deve haver uma convivencia harmónica, sem prejuızos a ambas as partes.

Anexo. Inscric oes de autoria dos detentos do Instituto Penal Cándido Mendes retiradas das paredes da u nica cela ainda erguida.

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Volume 03 - nÂ02 - novembro/2004 - www.presidentekennedy.br/retur/ As transcric oes reproduzem fielmente os escritos, mantendo a pontuac ao empregada, bem como os erros de grafia.

Sobre a cadeia: ”Saıdo inferno no dia 15/5/86ô ”inferno 1/10/84 todos ispece de robó nao me conheceroô ”Desabafo de um preso (...) mais nao sepultaram a minha alma cercaram meus passos mais nao corromperam meus sonhos.ô ”Simone eu estou sofrendo na Ilha Grandeô ”um homem por sua honra morre e mata!!! um homem nao se xinga nao se bate nao se maltrataô

Sobre o comando vermelho: ”Virei um inimigo do comando vermelho porque meu problema era em pr–l da liberdade nao foi julgado com justic a, para acabar em paz; fui espancado, e hulhado. à Tenho honra!!! mais nao pude me defender, porque comigo a ignoráncia sufocou a razao. M.L.D.C.ô ”O comando me traiuô ”alemao nao sao os neutros, os comuns, nem os 3° comandos... alemao í todo criminoso que se deixa levar por toda safadesa do (...) crime... ”Bandido nao pode, ter chefe por um pequeno motivo, nenhum chefe í perfeito...ô

Manifestac ü es de religiosidade: ”Oferec o meu dia a Deus, e a virgem Maria para salvar os pecadoresô ”Jesus eu creio que tu ís o filho de Deus que veio ao mundo para nos salvarô

Manifestac ü es de otimismo: ”sofro mais com rezignac ao e nao como covarde! S.G.S.ô ”a morte me namora mais eu amo a vida.ô ”Se pretendes viver em paz e feliz... respeita o pr–ximo como exiges ser respeitado!ô ”Eu nao tenho tudo que amo mais amo tudo que tenho. NICOô

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Volume 03 - nÂ02 - novembro/2004 - www.presidentekennedy.br/retur/ Apendice. Modelo da entrevista aplicada aos moradores da Vila de Dois Rios. Nome. Idade. Escolaridade. Estado civil. Profissa o atual. Profissa o ` àpoca do presıdio. 1) Como era a vida na ípoca da atividade do presıdio? 2) Como í a vida nos dias de hoje? 3) Qual a mudanc a mais drõstica sentida pelo(a) senhor(a) ap–s a desativac ao do presıdio? 4) O(a) senhor(a) gostaria que o presıdio ainda estivesse em funcionamento? 5) O(a) senhor(a) acha que o presıdio deveria ter sido demolido? Por que? 6) O turismo para o(a) senhor(a) significa progresso ou incómodo? 7) Os turistas que chegam ` vila incomodam o(a) senhor(a)? 8) Um aumento do fluxo de turistas na vila provocaria mudanc as positivas ou negativas na rotina de sua vida?

Modelo da entrevista aplicada aos visitantes da Vila Dois Rios e da Vila do Abraao. Cidade de origem. Sexo. Idade. 1) E a primeira vez que o(a) senhor(a) visita a Ilha Grande? 2) Qual a imagem que o(a) senhor(a) tinha da Ilha Grande antes de vir atí aqui? 3) Essa imagem mudou ao chegar e conhecer melhor o lugar?

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Referencias. CAMARGO, Haroldo Leitao. Dimensoes do Património e do Turismo Cultural no Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL DE TURISMO COM BASE LOCAL, IV, 2000, Joinville, Anais... Joinville, 2000. CHOAY, Franc oise. A alegoria do patriménio. Lisboa: Edic oes 70, 2000. DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Mítodos e tícnicas de pesquisa em turismo. Sao Paulo: Futura, 2001. 290 p. GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, SECRETARIA DE ESTADO E DE MEIO AMBIENTE E PROJETOS ESPECIAIS, FUNDAC Á O INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS. Plano diretor do Parque Estadual da Ilha Grande. Rio de Janeiro: UFRRJ, 1993. LE GOFF, Jacques. Histo ria e memo ria. Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas. LIMA, Luiz Cruz (org.). Da cidade ao campo: a diversidade do saber-fazer turıstico. Fortaleza: UECE, 1998. LOWENTHAL, David. The past is a foreign country. London: Cambridge University Press, 1997. NICOLAS, Daniel H. (org.). Teorıa y prõxis del espacio turıstico. Mexico: Universidad Aut–noma Metrpolitana à Xochomilco, 1989. RAMOS, Graciliano. Memo rias do cõrcere. Rio de Janeiro: Josí Olympio, 1954. (1° volume). RUBIO, Manuel Valenzuela. ”Turismo y territ–rio: ideas para una revisi–n crıticay constructiva de las prõcticas espaciales del turismoô, Estudios turısticos, n° 90, 1986. SHAPIRO, Harry L. (org). Homem, cultura e sociedade. Sao Paulo: Fundo de Cultura. Revistas e outras publicac oes: Guia Esso 97: roteiros especiais para suas viagens. MACIEL FILHO, Luiz. As ilhas do paraıso: Ilha Grande. Viagem e Turismo, ano 3, n°11, edic ao 25, nov 1997, p.104. MONTEIRO, Karla. Mar, mato e sossego. Veja Rio, ano 10, n° 2, 12 de jan 2000, p. 10-11. RIBEIRO, Ronaldo. O silencio dos inocentes. Os caminhos da Terra, ano 4. n° 9, edic ao 41, set 1995, p. 24-32. SAKAMOTO, Leonardo. Sob o sol da Ilha Grande. Terra especial Ecoturismo, edic ao especial, jul 1999, p. 25. O doce sabor da liberdade da Ilha Grande. Viagem e turismo, ano 6, n°12, edic ao 62, dez 2000, p. 52-54.

Agradecimentos. Agradec o o apoio e incentivo do Sr. Hilton Prates Filho, subsecretõrio de Desenvolvimento Económico, Indu stria, Comírcio e Turismo de Angra dos Reis e Sra. Cristina; Sr. Luiz de Freitas Batista (Pousada dos Meros) e Sra. Hilda Maria de Souza (Pousada Recanto dos Tiís) pelas

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Volume 03 - nÂ02 - novembro/2004 - www.presidentekennedy.br/retur/ excelentes acomodac oes e o especial tratamento que me foram dispensados; Capitao Maurıcio Alves e demais policiais do DPO da Vila do Abraao da Ilha Grande pela sessao do transporte diõrio ` Vila Dois Rios, objeto desse estudo; Sr. Josí Carlos Dansiger, administrador do campus avanc ado da UERJ na Vila Dois Rios, pela receptividade positiva; amigos e familiares presentes durante todo esse processo.

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