Concurso Escrita Criativa para Famílias | Textos Vencedores | 2022-2023

Page 1

TEXTOS VENCEDORES | 2022-2023

Vencedor do 1º Escalão | Pré-Escolar

A FAMÍLIA SEREIA E O GATO

Era uma vez, perto de uma praia na Costa da Caparica, havia uma família de sereias, mas não era bem família, porque só tinha a avó e a mãe. Elas usavam conchas para dormir, onde os lençóis eram feitos de marchemelow e as almofadas de núvem.

Numa manhã, a mãe estava a fazer um ovo cortado, mas, de repente apareceu um gato e roubou o ovo que a mãe estava a cozinhar para a filha, e quando o gato estava a roubar o ovo, a avó bateu no gato com uma panela; mas o gato não largava o ovo, a avó continuou a bater no gato para ele largar o ovo, mas o gato só respondeu

“hi, hi, hi. O ovo já está na minha barriga – toma essa, sua avó má!”

O gato saiu de lá muito rápido e foi para a Rússia, onde pegou um saco e roubou tudo o que era valioso da Rússia e Ucrânia. Nesse caminho, ele encontrou um arco-íris, que apareceu mesmo à sua frente, aí ele parou, atrás dele apareceu de novo a avó, com uma panela bem quentinha, e gato levou com ela! A avó disse

“ Este é o castigo e depois deu um abraço nele.

1

Vencedor do 1º Escalão | Pré-Escolar

OBRIGADA AHOY!!!

O Pirata Perna-de-Pau e o Marujo De Água-Doce navegavam pelo Rio Tejo. Como todos os piratas, tinham o sonho de passar por grandes aventuras e de encontrar muitos tesouros. Passavam a vida ao Sol, a navegar e diziam muitas vezes “Ahoy!!”.

O Pirata Perna-de-Pau era um homem alto, forte, mas também era muito corajoso e inteligente, nada passava pelo seu olhar azul que era bastante perspicaz, e tinha um cabelo louro que fazia inveja a muitos marinheiros. O Marujo De Água-Doce era o braço direito do Pirata Perna-de-Pau e também era uma pessoa alta, inteligente e corajosa, bastante astuto, com o seu olho verde como se fosse um gato.

Depois de muitos dias a navegar, decidiram atracar no porto de Cacilhas, afinal um pirata não pode estar sempre em alto mar, também precisa de pôr os pés na terra. Pararam num bar à beira rio, o “Atira-te da Prancha”, do qual gostavam bastante e até as fardas eram do seu agrado, listradas a azul e branco como todo o homem do mar gosta. Estavam a beber, comer e a dançar, até que o Marujo De Água-Doce, que tinha audição muito apurada, ouviu a história vinda de outra mesa sobre um monstro marinho que andava a atacar outros navios. Os dois companheiros de há muitos anos, olharam um para o outro como se ambos tivessem pensado no mesmo… UMA AVENTURA!!!!

Prepararam-se, tiraram o barco do porto e rumaram em busca dos seus amigos que tinham sido presos pelo monstro. Não sabiam o que haviam de encontrar, mas de uma coisa eles tinham a certeza, estavam lá um para o outro. Navegaram dia e noite e quando começaram a aproximar-se da Costa de Caparica, o tempo mudou subitamente: o dia tão belo e solarengo repentinamente ficou escuro e tenebroso. Era um sinal de que estavam muito perto do Monstro, embora ainda sem sinal dele. Até que, de repente, veem um tentáculo gigante sair do mar e aterrar no convés, era enorme, todo preto e com bolas roxas, nunca eles tinham visto tal coisa. Perceberam que para vencer aquele monstro teriam que ter muita coragem, mas acima de tudo: Inteligência!!

2

Pois não podiam simplesmente atirar-se de cabeça, como se um mergulho na praia fosse.

Eles lutavam e esquivavam-se daqueles tentáculos gigantes, mas o monstro estava a conseguir superá-los. O Pirata Perna-de-Pau e o Marujo De Água-Doce tinham que pensar num plano para conseguirem dar cabo daquele vilão. O Marujo De Água-Doce coçou os cabelos ruivos e olhou para cima: ele tinha uma ideia! Subiu o mastro como se fosse um gato, assobiou para o Pirata Perna-de-Pau, que olhou para cima e percebeu o plano do seu amigo. Foi buscar as suas melhores espadas, colocou-as às costas fazendo um X e na boca pôs um punhal, assim tinha as mãos livres para trepar o mastro. Mas o forte do pirata não era trepar, pois logo meteu um pé em falso, perdeu o equilíbrio e quando estava mesmo em risco de cair foi salvo pela mão do Marujo De Água-Doce. Lá de cima, os dois contaram até três e deram um salto com um duplo mortal, caindo mesmo em cima da cabeça do monstro. Sem demoras, espetaram as suas espadas no monstro e puseram fim ao seu reinado de terror nos Sete Mares. Passado este desafio, logo começaram as buscas pelos seus companheiros. Esta era a parte seguinte, eles não iam desistir, porque eles o que definia um grande pirata era o seu código de honra e a Amizade. Quando encontraram os outros piratas e os libertaram, fizeram uma grande festa, estava tudo bem e o dia ia acabar bem. Como recompensa por os terem salvo, ofereceram ao Pirata Perna-de-Pau e ao Marujo De Água-Doce um novo mapa do tesouro, ou seja, mais uma aventura. Lá rumaram para essa aventura a cantar a sua canção preferida:

“Ahoy vamos navegar, Em tudo vamos bater o pé Vamos procurar tesouros.”

3
Afonso Silva

Vencedor do 1º Escalão | Pré-Escolar O TUBARÃO GINGÃO

Era uma vez um Tubarão que se chamava Gingão porque era muito engraçado e brincalhão. Vivia nas profundezas do Oceano Atlântico ao largo das esplêndidas praias da Caparica. O Gingão queria muito ter amigos, mas todos os animais do mar tinham medo dele.

Os pais diziam-lhe “Nunca vás para a parte iluminada porque é a zona da praia e é muito perto da superfície.” Mas o Gingão tinha muita curiosidade porque ouvia os barulhos dos banhistas e via muita agitação de vários peixes que não conhecia. Ali, parecia-lhe estarem sempre todos em festa.

Então um dia cheio de sol o Gingão não aguentou mais e subiu até à zona iluminada. Encontrou logo uma Sardinha que, assim que o viu, escondeu-se atrás de uma rocha cheia de medo. A Sardinha estava tão preocupada com o Tubarão que nem viu um Corvo Marinho mergulhar em bico na sua direção. Quando de repente o viu tão perto dela, ficou ainda mais assustada. O Gingão, ao vê-la assim, saltou com a sua boca muito aberta para afastar o Corvo Marinho e, assim, salvar-lhe a vida.

Nessa altura a Sardinha percebeu que o Tubarão era bom e surpreendida disse:

Afinal tu és bom! O que estás a fazer aqui?

Ela pensava que todos os tubarões eram maus e só iam até à praia para comer peixes ou aves marinhas, mas percebeu que este era diferente. Tinha um olhar doce e curioso. A Sardinha, com cuidado, aproximou-se e perguntou-lhe:

Como é que te chamas?

Gingão. E tu, como é que te chamas?

4

Eu chamo-me Brilhantina. O que fazes aqui?

Estou à procura de novos amigos. No fundo do oceano só tenho amigos tubarões mas eu gostava de brincar com outras espécies.

O Tubarão Gingão acrescentou ainda num tom desgostoso:

Os tubarões que eu conheço não são muito sociáveis, mas eu sou!

A Sardinha, decidida a ajudar o jovem Tubarão, disse entusiasmada:

Então anda comigo! Eu apresento-te a minha família. Olha, que somos muitos…

O Gingão seguiu a Brilhantina para mais perto da praia. Estava fascinado com as cores daquela zona do oceano. Ao longe viu com muita nitidez um grande cardume de peixes e a Brilhantina disse-lhe “Está ali a minha família!” O Gingão não podia acreditar, eram realmente muitos! Quando chegaram perto da família, a Brilhantina apresentou-o “Este é o meu novo amigo Gingão.” A família, apavorada, fugiu. Queriam todos esconderse em casa, que ficava numa gruta com uma entrada pequenina, mas colado à porta estava um Choco, que se transformou e mudou a cor para se confundir com a rocha. Também ele estava cheio de medo do Tubarão.

Nesse preciso momento, passou um barco de pesca por cima deles. Arrastava uma grande rede que ia apanhando todos os peixes que se metiam pelo caminho. A rede apanhou a família Brilhantina. Os peixes presos ficaram paralisados, sem saber o que fazer. Mas o Gingão foi rápido a agir e com os seus dentes grandes e pontiagudos rasgou a rede, salvando-os a todos.

Os peixes ficaram aliviados e o Choco ficou surpreendido, “Espantoso! Nunca na minha vida tinha visto um tubarão salvar peixes!”, pensou.

5

Afinal, que espécie de tubarão és tu? – perguntou o Choco Fosco, voltando à sua cor normal.

Sou de uma espécie rara! Uma espécie que quer fazer amigos.

Todos riram e decidiram ser amigos dele. Começaram a brincar juntos, até que o Tubarão Gingão decidiu ir explorar as rochas dos pontões. A Sardinha Brilhantina avisou:

Não vás para aí! Nessas rochas há muitos caranguejos e não gostam que ninguém se aproxime.

O Gingão ficou muito curioso “Mas o que são caranguejos?”, pensou, e fez exatamente o contrário do que Brilhantina o aconselhou.

O Caranguejo Chefe, ao vê-lo aproximar-se, disse aos outros:

Tubarão à vista! Preparem as vossas pinças para atacar!

Coitadinho do Gingão, não fosse o Fosco a defendê-lo com a sua tinta preta, que deixou os caranguejos sem nada ver para que ele pudesse fugir, teria sido feito em pedaços.

Foi a vez do Tubarão Gingão agradecer terem-lhe salvo a vida. A Sardinha Brilhantina e o Choco Fosco responderam em coro:

Ora essa, não precisas agradecer, os amigos servem para isso! Lú

6

Vencedor do 2º Escalão | 1º e 2º Anos do 1º Ciclo do Ensino Básico OS MERGULHOS SÃO AMIZADE

Há muito, muito tempo havia um senhor chamado Areia, o qual era muito pequeno e magro, o seu cabelo estava sempre a voar com o vento e os seus dentes eram sarapintados como o areal. O melhor amigo do senhor Areia era o senhor Água que se distinguia pelo seu cabelo ondulado. Os dois viviam próximo da praia da Costa da Caparica.

Durante todo o ano, costumavam ir à pesca e pescavam enquanto mergulhavam. Em cada mergulho apanhavam um peixe, ao fim do dia tinham sempre dezenas de peixes. Um dia aproximou-se deles o senhor Sol, este disselhes que há algumas décadas conheceu uma senhora chamada Gaivota que também pescava peixes a mergulhar. Acrescentou, ainda, que era uma coisa bem bonita de se ver porque ela pescava centenas de peixes por dia. O senhor Sol contou-lhes que a senhora Gaivota um dia começou a ficar doente, tinha muitas artroses e a humidade do mar fazia-a piorar. A senhora Gaivota viveu sempre perto do mar, mas num dia de mar agitado, foi passear até ao Monte de Caparica e descobriu que ali não se sentia tanto o frio do mar. Por esse motivo, não lhe doíam tanto os ossos e nunca mais voltou para a praia, mas sentia-se pouco alegre porque lhe faltava o peixe e os seus mergulhos.

O senhor Sol contou esta história da senhora Gaivota ao senhor Areia e ao senhor Água, porque o senhor Sol aparentemente andava sempre às voltas e sabia tudo o que se passava no concelho de Almada. Quer dizer, menos o que se passava de noite, porque na escuridão preferia estar sossegado em casa.

O senhor Areia e o senhor Água ficaram muito tristes com a história da senhora Gaivota, afinal, como conseguia ela viver sem peixes e sem mergulhos?

Então, os dois amigos decidiram ir pescar peixes para lhe oferecerem. A vontade de alegrar a senhora Gaivota era tanta que naquele dia conseguiram pescar três centenas de peixes, mas eles não sabiam o caminho para o Monte de Caparica.

Mas por coincidência, nessa noite, conheceram o senhor Lua que era muito viajado e perguntaram-lhe se este lhes ensinava o caminho. O senhor Lua

7

disse-lhes que sim e que os levava até lá e assim foi. Lá foram os três de triciclo com as três centenas de peixes pelas curvas da Trafaria acima.

Quando chegaram ao Monte de Caparica já era de manhã e apenas viram um cão chamado Limão e perguntaram-lhe se conhecia a senhora Gaivota. O cão respondeu que só conhecia galinhas e gatos, sobre as gaivotas não sabia nada. Os amigos perceberam que realmente não vale a pena perguntar coisas aos cães.

Entretanto, os três companheiros lá se tentaram desenrascar e foram procurando até que chegaram a uma rua chamada Rua do Chafariz. Na qual encontraram num banco uma senhora velhota com ar tristonho. O senhor Areia perguntou-lhe:

É a senhora Gaivota?

Sim! Como me conheceram? – respondeu com espanto.

O senhor Sol falou-nos de si e dos seus mergulhos, nós também mergulhamos assim. acrescentou o senhor Água e com um sorriso disse-lhe. Trouxemos-lhes três centenas de peixe.

A senhora Gaivota ficou extremamente feliz e percebeu que tinha encontrado amigos para a vida. E assim, volta e meia, durante muitos anos, o senhor Areia e o senhor Água pediam o triciclo emprestado ao senhor Lua para levarem a senhora Gaivota a ver o mar. Do Monte à Costa, da Costa ao Monte, pelas curvas da Trafaria, desde aquele dia que os conheceu até ao seu último dia da sua vida, a senhora Gaivota voltou a sorrir alegremente.

8
Fim Limão Fitas

Vencedor do 2º Escalão | 1º e 2º Anos do 1º Ciclo do Ensino Básico

A BANDA DO LAGOSTIM

Bem no centro do Parque da Paz, em Almada, chegou, certo dia, uma gaivota, vinda do Tejo. No seu bico, trazia, inusitadamente, uma mão cheia de ovinhos. Estávamos no ano de 2018.

Quando chegou a hora, os ovinhos despontaram e de lá saíram umas criaturas bem diferentes do habitual, para esse parque. Estamos a falar de uma série de lagostins-vermelhos-do-Louisiana! Desde então, esta espécie tem crescido no Parque e por lá se mantém, já que estes bichinhos são considerados invasores exóticos das nossas bacias de água doce. Mas a nossa história é, especificamente, acerca de um descendente desta primeira geração de lagostins do Parque da Paz. É sobre o lagostim Toque.

Toque, era comprido para lagostim, tinha quase 16 centímetros! E a sua cor ficava entre o vermelho e o cor-de-laranja, dependendo da intensidade da luz. No topo da sua cabeça, tinha duas antenas enormes e do seu corpo saíam um par de pinças e oito patas. Sempre foi um lagostim irrequieto e costumava sair do lago e ir passear para a beira dos caminhos, espantando pessoas que passavam e que não esperavam encontrar lagostins no Parque da Paz.

Certo dia, o lagostim Toque estava aborrecido e começou a fazer um som com as pinças, abrindo-as e fechando-as. “Toc, toc, toc”. Rapidamente, o som se tornou numa melodia ritmada. “Toc, toc, toc. Toc, toc, toc”.

O besouro-capuchinho Leonardo, que por ali passava, resolveu acompanhar com um “brrr, brrr, brrr”. O lagostim Toque gostou de ouvir os sons em conjunto. Já tinham dois sons de percussão! E se juntassem mais uns quantos, de mais categorias musicais?

Toque e Leonardo puseram-se a trabalhar nisso. Escutaram com muita atenção os sons dos animais do parque. A cobra-de-ferradura Amélia, silvou alto, a garça-real Zulmira gazeou afinadamente, a lagartixa-do-mato comum Zézinha farfalhou, o pombo-das-rochas Micael arrulhou e o ganso-do-Egito Manel grasnou. A tartaruga-da-Flórida Carminho permanecia silenciosa… ela não daria para musicar!

9

Rapidamente se abriram audições para músicos! Vieram patos-reais, melros, sardões, osgas-comuns, poupas, andorinhas-das-chaminés e cágadosmediterrâneos.

Toque e Leonardo, o lagostim e o besouro, criaram a banda filarmónica do Parque da Paz, bem conhecida por todos os animais como Banda do Lagostim. Todos os finais de tarde, especialmente no verão, podemos escutar a sua música, ora suave, ora intensa. Se prestarmos bem atenção, não são só os sons dos animais, ali há instrumentos de percussão, de sopro e até de cordas! Há harmonia e há melodia. É algo que nos traz felicidade, é o poder da música, aliado ao poder da natureza. Ora ouçam…

Toc, toc, toc. Brrr, brrr, brrr, piu, piu, piu, ti-ti-ti!

Todos os dias, até hoje, há música no parque!

10

Vencedor do 2º Escalão | 1º e 2º Anos do 1º Ciclo do Ensino Básico

O BOLA DE OURO

João mora na Trafaria. João tem três grandes amores. O primeiro é a família, o segundo são os amigos e o terceiro grande amor do João é o futebol. Ele aprendeu que deve amar as pessoas que gostam dele e da sua família, por isso ama muito a sua mãe, seu pai, sua irmã e o seu amigo Alfredo.

A mãe e o pai do João fazem tudo pela família e a irmã ajuda-o a fazer os trabalhos de casa.

Nas férias de verão, ao amanhecer, João e o pai que era pescador já estavam na praia da Trafaria. Os dois olhavam admirados para a beleza do rio Tejo. O pai dizia:

Filho, você vai conquistar os seus sonhos da mesma forma que os portugueses conquistaram o mundo pelo rio Tejo.

Os dois saiam no barco de pesca pelo rio a pescar peixe e mais peixes, mas durante o percurso João acabava a dormir e o pai perguntava o seguinte:

João, estás a dormir?

O João dizia que estava a sonhar.

Pai, eu sonhei que estava a jogar futebol num relvado gigante com muitas luzes e gritos, igual aos jogos do Mundial de Futebol que assisti na televisão juntamente com o Alfredo.

Vem ajudar o pai, meu cabeça na lua e deixa o futebol para o fim-de-semana.

Durante a pescaria, João olhava para o rio e imaginava um lindo estádio de futebol igual ao estádio do seu clube do coração, o Benfica.

11

Certo dia, João ouve alguém a chamá-lo enquanto estava no meio do rio Tejo. Ele olhou e reconheceu o seu amigo Alfredo que gostava de desenhar e pintar paisagens. Eles pediram aos pais para brincarem na praia enquanto os pais vendiam os peixes. Antes mesmo dos barcos atracarem, mergulharam e começaram a brincadeira. Entre brincar à apanhada, aos tubarões e piratas o que o João gostava mesmo de era de jogar à bola, marcar golos e comemorar. Enquanto o Alfredo se realizava a desenhar e pintar paisagens.

Os dois deitavam-se na areia, fechavam os olhos e sonhavam, sonhavam até ouvirem os seus nomes, quando já era hora de irem para casa. E assim os dois amigos passavam as férias de verão, a ajudar os pais, a brincar e a sonhar.

Certo dia Alfredo e sua família foram viver para outro país o que deixou o João triste.

O tempo passou. As águas do rio correram, os meninos cresceram e, João, filho de uma família de pescadores da Trafaria, agora o jogador número um do mundo, recebe um convite para uma exposição de arte de um famoso pintor.

Ao chegar à exposição, João que não percebia muito de arte sente-se familiarizado com os quadros e ao ver a obra principal do artista: “O bola de ouro” fica emocionado, volta a infância, lembra-se dos dias felizes de verão e reconhece-se na pintura. Nesse momento, Alfredo aproxima-se e os dois amigos abraçam-se emocionados.

12
Vitória, vitória acabou-se a história JP7

Vencedor do 3º Escalão | 3º e 4º Anos do 1º Ciclo do Ensino Básico DEZ SEGUNDOS DE FELICIDADE

Viviam os animais da arriba fóssil da Costa da Caparica uma das melhores tardes dos últimos meses. O Sol brilhava entre as nuvens claras e a temperatura era amena. Os coelhos agitavam as caudas nas tocas, o canto tímido dos pássaros começava a ouvir-se e as lesmas adoravam a humidade do terreno para fazerem passeios maiores. A luz ambiente fazia pressentir os movimentos das sementes a germinar. Seria certamente a magia do primeiro verão que estava a acordar os animais da mata.

No cimo de um pinheiro, a lagarta Bela sentia um formigueiro nos pêlos e uma vontade enorme de saltar do seu ninho. Ajeitou-se até sair do emaranhado onde se encontrava com as outras lagartas e saltou. No segundo seguinte pensou se lhe faltariam asas para voar ou um paraquedas para aterrar. Seguiu, livre no ar, até cair em cima do monte de folhas verdes e novas que o caracol Estevão estava a juntar.

O Caracol, assustado, achou tratar-se de um meteorito mas depois viu a lagarta e resolveu aguardar ao seu lado durante algum tempo. Bastante tempo!!! Até passar perto uma carocha que lhe perguntou:

“Está tudo bem?”.

“Não sei.” respondeu o caracol. “A lagarta que caiu em cima do meu almoço não se mexe e não sei porquê.”

A curiosa carocha Clara aproximou-se dela e tentou fazer-lhe cócegas na barriga, ou seria nas costas? O local das cócegas deixou de ter importância quando resultou num minúsculo movimento da lagarta. A carocha satisfeita afirmou:

“As minhas cócegas resultam sempre!”

13

Engasgado o caracol disse:

“Se resultam, então porque continua a lagarta em cima do meu almoço? Já devem ser horas de lanchar e eu tenho muita fome.”

Atrapalhada a Carocha respondeu:

“Talvez a lagarta esteja, assim… a hibernar.”

O caracol, que tem alguma experiência no assunto, alongou as antenas binóculos de maneira cómica e acrescentou:

“É uma boa hipótese! Nem sei como não pensei nisso antes. Achas que a lagarta decidiu hibernar no exacto momento do ano em que todos os outros animais despertam?” perguntou inicialmente o caracol. “Hibernou antes de saltar da árvore, durante a queda ou imediatamente após se estatelar no meu monte de folhas?”

Atrapalhadíssima a carocha resolveu mudar o rumo da conversa e lembrou-se de ir pedir ajuda ao Chico Esperto, um mocho que vive na Mata dos Medos. Estavam a ficar sem tempo e, se a melhor hipótese era pedir ajuda ao mocho, a carocha teria de ir procura-lo no seu ritmo acelerado.

Demorou nessa missão e no final do dia encontrou-o. O Mocho, depois de ouvir atentamente sobre o problema da lagarta, ponderou usar a água milagrosa da nascente do Rego da Rosa. A noite começava a instalar-se e guiado pela primeira luz da lua, o mocho partiu com a missão de trazer água no bico.

Quando regressou ao local combinado estavam à sua espera a carocha, o caracol e a lagarta imóvel em cima do monte de folhas, cuidadosamente coberta por outras tantas folhas para não ter frio.

O mocho aproximou-se lentamente da Bela adormecida, sem certeza de estar perto da cabeça ou da outra extremidade do corpo da lagarta. No mesmo

14

instante em que a água milagrosa tocou no corpo da lagarta ela despertou, esticou os pêlos e disse:

“Brutal!!! Foram os melhores dez segundos da minha vida. Podemos repetir?”.

Os animais ficaram espantados e felizes com ela. Ouviram pela noite fora a memória desse voo maravilhoso e da euforia que sentiu, nesses cerca de dez segundos de liberdade que quase lhe iam custando a vida.

Na manhã seguinte, talvez a segunda melhor manhã dos últimos meses, a carocha Clara, o caracol Estevão e o mocho Chico ajudaram a lagarta Bela a encontrar a sua fila na enorme mata da arriba.

Mais tarde, numa quente noite de verão, os animais desta história voltaram a encontrar-se no miradouro da falésia, para assistir ao espetáculo de bailado do grupo de pirilampos e borboletas da arriba fóssil. No intervalo da dança uma linda borboleta passava insistentemente perto dos três. Voltou no final e sussurrou-lhes:

“Obrigado meus amigos. Agora já posso saltar da árvore mais alta e voar”. Dragão Tagarela

15

Vencedor do 3º Escalão | 3º e 4º Anos do 1º Ciclo do Ensino Básico

A MAIS BELA COR DO ARCO-ÍRIS

O ano estava a acabar e aproximou-se a época pela qual as crianças mais ansiavam.

Na Escola Básica de Vila Nova de Caparica os alunos já tinham começado a preparar a tradicional Feira de Natal, que costuma ser um sucesso.

Para Violeta era também a oportunidade de poder regressar à escola onde deu aulas durante vários anos, até se ter reformado. Desde essa altura, os dias de Violeta tinham perdido a alegria de outros tempos. Durante 40 anos tinha feito o que mais gostava de fazer na vida e o que a mais fazia feliz: ser professora. Por isso, não era raro vê-la sentada no banco em frente à escola, a ler o seu livro, enquanto aguardava as crianças que, à hora da saída, a rodeavam na esperança de ouvir uma das muitas histórias que tinha para contar.

Apesar do cabelo curto e cinzento lhe dar um ar jovial, os 75 anos de vida, boa parte deles passados em pé diante dos seus alunos, já se faziam sentir e por isso usava sempre uma bengala para se apoiar.

Na escola, todos conheciam Violeta e não estranhavam vê-la quase todos os dias.

Na Feira de Natal ora ajudava nas vendas, ora era ela própria a comprar e participava animadamente em jogos (havia até quem jurasse já a ter visto a correr sem bengala!).

Porém, naquele ano, o outono estava a ser muito rigoroso, com muita chuva e temperaturas mais baixas do que é habitual, e Violeta adoeceu uns dias antes do início da feira, o que a impediu de participar.

Violeta era uma pessoa muito querida na escola e a sua ausência não passou despercebida. Por isso, algumas crianças tiveram a ideia de lhe preparar uma surpresa, quando estivesse melhor. Queriam oferecer-lhe o melhor presente de Natal de sempre!

Rapidamente a ideia se espalhou e toda a escola quis colaborar. Formaram-se grupos, cada um responsável por uma tarefa, para que nada falhasse. Colocaram mãos à obra e uma semana depois estava tudo pronto.

16

Tinha chegado o grande dia!

Violeta, já recuperada, chegou à hora combinada e sentou-se no lugar que lhe tinham reservado, mesmo em frente à entrada principal da escola e ao jardim que se via do exterior. A Diretora da Escola deu-lhe as boas-vindas e Violeta, comovida, viu aproximar-se um grupo de sete alunos, cada um transportando um saco de cor diferente.

As crianças dirigiram-se a um grande buraco que tinha sido escavado no jardim (e no qual só agora Violeta reparava) e deitaram lá para dentro o que traziam nos sacos: dezenas de sementes pintadas com as cores do arco-íris.

Em seguida, surgiu um segundo grupo de crianças que cobriu as sementes com terra.

E ao som da guitarra do professor de música, o terceiro grupo trouxe a água que iria fazer nascer a Grande Árvore Arco-Íris.

Ali iria crescer a árvore que, através de cada uma das suas sete cores, representaria a escola: vermelho de amor; laranja de diversão; amarelo de alegria; verde de esperança; azul de tranquilidade; anil de conhecimento; e violeta de magia e transformação.

Nela estariam representados todos os professores que por aquela escola passaram e todos os que estariam por vir.

E, por muitos anos que passassem, todos conheceriam a história de Violeta e porque era ela a mais bela cor deste arco-íris.

17
João Torrado

Vencedor do 3º Escalão | 3º e 4º Anos do 1º Ciclo do Ensino Básico AMIZADE E ESPERANÇA

Tudo começou num lindo dia de outono. Uma menina, muito bonita com pele clarinha como a neve, cabelos cor de fogo e olhos que pareciam esmeraldas, estava a caminho da escola. Era o seu primeiro dia naquela cidade, na escola da Alembrança no Feijó. Não conhecia nada, nem ninguém, mas tinha um sorriso que alegrava tudo e todos. Apesar de parecer confiante, escondia uma ansiedade e nervosismo, próprio, da situação. No meio da agitação, encontrou, um sorriso parecido com o dela. Um menino, que parecia tão perdido quanto ela. Ganhou coragem, respirou findo e foi ao seu encontro.

Olá, sou nova aqui! Chamo-me Catarina. E tu? O menino fitou-a, baixou a cabeça, e seguiu em frente.

Catarina ficou triste. Seu sorriso desapareceu. Continuou o resto do dia cabisbaixa. Nada que o primeiro dia de aulas lhe trouxe fez esquecer aquela falta de resposta. Não compreendeu porquê, mal olhou para ela. No dia seguinte, insistiu:

Vejo que também és novo aqui. Não deves conhecer ninguém. Podemos ser amigos?| Mais uma vez foi embora, sem resposta.

Catarina, não percebia o que se passava, o menino continuava, com o mesmo sorriso nervoso, sem falar com ninguém, sem lhe responder. Ela continuou a fazer-lhe aquela pergunta durante dias. Até que, finalmente, ele respondeu:

Chamo-me Leonardo, não te respondi porque, na minha escola antiga, gozavam comigo, mas no início, diziam querer ser meus amigos. Catarina

18

ficou boquiaberta. De onde vinha ninguém gozava com ninguém. Ela viveu numa comunidade, onde todos eram amigos.

Eu não vou fazer como eles. Prometo!

Finalmente, percebia o que passava. Aliás, não percebia como era ser gozada e não conseguia encontrar um motivo para tal atitude.

Passaram todo o intervalo juntos, a conversar e mesmo em silêncio, os seus olhares entendiam-se. Ambos esperavam ansiosamente o fim das aulas, para se encontrarem de novo, brincar e conversar. Ficaram amigos e todos os dias brincavam juntos. Apesar das muitas conversas, Leonardo nunca explicou porque gozavam com ele, nem Catarina perguntou. Mas na realidade não interessava, qualquer que fosse a razão não seria válida.

Até que um dia, Catarina esperou e esperou e Leonardo simplesmente não apareceu. Catarina ficou preocupada, mais uma vez o seu belo sorriso desapareceu. Pareceu que toda a escola se inundou com uma triste névoa. Passaram-se vários dias, e a ausência do Leonardo continuava a sentir-se no sorriso de Catarina. Encheu-se de forças e foi falar com a professora. Ele era de outra turma e não conhecia mais nenhum amigo dele.

Sou a Catarina, amiga do Leonardo. Queria perguntar por ele. Porque está ausente? Estou preocupada. Pode dizer-me o que se passa?

Olá, Catarina, fico contente em saber que o Leonardo fez uma amiga. Ele está no Hospital Garcia de Orta.

Catarina, foi ter com ele. Lá encontrou a mãe de Leonardo que a deixou entrar. Primeiro teve de passar por um processo de descontaminação, Leonardo tinha um problema imunológico. Quando chegou Leonardo chorava, vendo-se ao espelho. Ele via um menino frágil, fraco e pálido, a ser engolido pela cama do hospital, a única coisa que sobressaia era aquela pele envelhecida e manchada que sempre o acompanhou.

19

Porque choras? Leonardo levantou a cabeça, e ao ver a Catarina, sorriu. Ele escondeu-se, envergonhado, não queria ser visto.

Estou contente por te ver!

Porque choras? Porque estás aqui?

Tenho uma doença. Nunca te contei, pois deves olhar para mim e ver um pequeno monstrinho. É óbvio que sou diferente.

Um pequeno monstrinho? Diferente?

As minhas manchas, a minha pele enrugada disse o menino entristecido Sou um monstro!

Não acho que essas manchas te tornam um monstro. Acho que te tornam especial. Tens umas palavras tão bonitas. Gosto tanto de brincar e de conversar contigo. Leonardo sorriu.

Achas? Diz envergonhado, nunca lhe tinham [dito] nada tão agradável.

Sim! Sorri Catarina Estes dias de escola foram terríveis. Quero que fiques bem, para voltarmos juntos para a escola.

A mãe do Leonardo enterneceu-se e viu que no filho cresceu esperança e força para sair daquele quarto. Rayla

20

Vencedores do primeiro escalão

Famílias e alunos do Ensino Pré-Escolar

p. 1

“A família sereia e o Gato”

escrito por Maria Clara Pires, da Escola Básica José Cardoso Pires, do pré-escolar, do Agrupamento de Escolas Caparica

p. 2

“Obrigada Ahoy!!!”

escrito por Diogo Alexandre Fernandes de Azevedo, do Jardim de Infância de Almada, do pré-escolar, do Agrupamento de Escolas Emídio Navarro

p. 4

“O Tubarão Gingão”

escrito Gaspar Chaves Carvalho, da Escola Básica José Cardoso Pires, do pré-escolar, do Agrupamento de Escolas Caparica

Vencedores do segundo escalão

Famílias e alunos dos 1º e 2º anos do Ensino Básico

p. 7

“Os Mergulhos São Amizade”

escrito por Luís Martins de Oliveira, da Escola Básica Monte de Caparica, 1º ano Turma 101M, do Agrupamento de Escolas Monte de Caparica

p. 9

“A Banda do lagostim”

escrito por Clara Couto e Santos Russo, da Escola Básica N.º 3 da Cova da Piedade, do 2º ano Turma A, do Agrupamento de Escolas Emídio Navarro

p. 11

“O Bola de ouro”

escrito por João Pedro Moreira, Escola Básica Vale Rosal, do 2º ano Turma A, do Agrupamento de Escolas Daniel Sampaio

Vencedores do terceiro escalão

Famílias e alunos dos 3º e 4º anos do Ensino Básico

p. 13

“Dez segundos de felicidade”

escrito Duarte Pereira Dias, da Escola Básica Presidente Maria Emília, 3º ano Turma A, do Agrupamento de Escolas Daniel Sampaio

p. 16

“A mais bela cor do arco-íris”

escrito por Francisco Ferreira Pinto Vicente, da Escola Básica Vila Nova de Caparica, 3º ano Turma BVN, do Agrupamento de Escolas Caparica

p. 18

“Amizade e Esperança”

escrito por Kerstin Maria Cabral Milkaulsch Heumüller da Cruz, da Escola Básica da 2 e 3 Alembrança, 4º ano Turma A, Agrupamento de Escolas Romeu Correia

Biblioteca Municipal de Almada – Fórum Municipal Romeu Correia

Praça da Liberdade, Almada | Tel: 212724920

Biblioteca Municipal José Saramago

Rua da Alembrança, Feijó | Tel.:212508210

Biblioteca Municipal Maria Lamas

Rua do Moinho ao Raposo, Caparica | Tel.: 211 934 020

Sítio: www.cm-almada.pt/bibliotecas

E-mail: bibl.mun.alm@cma.m-almada.pt www.flickr.com/photos/bibliotecasalmada/

Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.