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Não às CGHs é consenso entre todos os setores

haverá servidão. Os proprietários vão perder ocupação e potencial de suas propriedades. Então é muito importante discutir a questão, porque não são projetos pequenos.

“No início nós trabalhamos para defender o rio de barragens no rio Pardo, as PCHs. O tempo está passando e agora estamos tendo que lidar com novos projetos hidrelétricos, que são as CGHs, o que nos leva a alertar a sociedade local e as autoridades sobre o quanto esses projetos são prejudiciais e podem comprometer seriamente a preservação do rio para continuar a abastecer a cidade, incluindo moradores, empresas, agronegócio e também servindo como base para o desenvolvimento turístico do município. Isso vale inclusive para toda a região.”

LUIZ CAVALCHUKI

Fundador da ONG Rio Pardo Vivo

“São muitos fatores que se somam na defesa do rio Pardo. Temos que trabalhar para defender a proteção do rio, tanto pelo abastecimento quanto por sua importância ambiental e turística. Espero que esse evento, que reúne nossa equipe, a sociedade civil, autoridades e as lideranças do movimento em defesa do rio Pardo, seja um marco para criarmos alianças com todos os segmentos, inclusive das cidades da região, para que, juntos, busquemos soluções que garantam a integridade da nossa principal fonte hídrica de modo a evitar empreendimentos que possam comprometer sua sustentabilidade. O Rio Pardo é de todos e todos devemos protegê-lo de modo a preservá-lo para que possa continuar servindo a todos sem danos para qualquer se-tor e para as futuras gerações.”

“Nós temos na região outras fontes de geração de energia que não afetam o meio ambiente e produzem muito mais energia do que o que está sendo proposto com as CGHs, como as usinas de biomassa. As empresas chegam de longe propondo sociedade com projetos que vão comprometer a produção agrícola. Há mais de 700 CGHs no país e cerca de 200 já estão abandonadas. Então por que aparecem para nos propor esse tipo de negócio? Nós temos que nos unir, envolver produtores de outras cidades para evitar isso. Temos que combater propostas que colocam em risco o acesso dos proprietários à água e prejuízos para o agronegócio, para o meio ambiente e para toda a região.”

ANTONIO CONSALTER

Presidente do Sindicato Rural

“A união entre municípios, a sociedade civil e autoridades é extremamente importe para conseguirmos realizar um trabalho que possa ser vitorioso. É preciso que todos os municípios participem, inclusive entendendo que as barragens representam um dano a projetos turísticos, ao agronegócio, às indústrias. E se pensamos que precisamos proteger os rios, significa que precisamos proteger as matas ciliares e as nascentes.

É importante que os proprietários rurais participem para perceberem que não é simplesmente vender uma beirada do rio e que isso não vai trazer impacto algum. Vai ter impacto ambiental, nas margens e na propriedade. Porque haverá linhas de transmissão e mesmo não haven-do desapropriação de terra,

O Ministério público sempre esteve disposto para nessas questões e contamos com o GAEMA – Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente – que se dedica a esse tipo de demanda, com equipe técnica, que pode produzir laudos técnicos e oferecer argumentos para impedir a instalação dessas centrais. É preciso levantar informações sobre os impactos que esses projetos de CGHs podem causar ao meio ambiente e o GAEMA pode ajudar nessa questão.

Nada é definitivo no meio ambiente. Sempre aparecem novas ideias de usar os rios, novas leis e revogações de leis para atender às demandas de energia. Então temos que encontrar argumentos para que isso não aconteça.”

VLADIMIR BREGA

Promotor de Meio Ambiente

“Há dois anos, quando fui procurado, achei que era um grande negócio (as CGHS). Mas na minha opinião, depois de eles oferecerem um preço para um e outro para outro, não acho que seja uma empresa idônea. O pior é que assinei o doucumento de pré venda e temos que cumprir com o que foi feito. Se eles conseguirem autorização serei obrigado a vender, mas hoje preferia que a obra não saísse.”

JOSÉ ALDIVINO DA SILVA proprietário rural

Neste momento, quem pode realmente impedir de modo definitivo a instalação de CGHs no rio Pardo são os proprietários rurais. Basta eles dizerem não. Isso é amar a nossa cidade, é defender o nosso bem maior, que é o rio Pardo. Espero que todos que estão sendo abordados com propostas de venda ou sociedade para a instação de CGHs sigam esse exemplo e preservem não apenas as nossas águas, mas preservem também as suas propriedades.”

CRISTIANO MIRANDA

Vereador e Secretário de Meio Ambiente

“O rio Pardo não tem estrutura hídrica para suportar tantas interferências. Ele já comporta quatro PCHs, sendo a mais recente a que foi instalada em Águas de Santa Bárbara e já vem afetando o volume de água, o que se torna ainda mais evidente em períodos de seca. Há também um grande reservatório sendo construído em Botucatu, onde o rio Pardo é ainda muito incipiente. E essa obra pode trazer grandes impactos para as cidades que estão abaixo e dependem do rio, especialmente Santa Cruz e Ourinhos.

Caso sejam instaladas novas barragens e feitas novas interferências que eliminem grandes áreas de mata ciliar nativa, que protegem o rio e levariam mais de um século para serem repostas em sua forma original, o rio Pardo corre o risco de não chegar à sua foz, em Salto Grande. Pode ocorrer aqui o que é fato em rios famosos de muitos países, como o Colorado, nos Estados Unidos, que simplesmente secou antes da foz, deixando de abastecer muitas cidades. Santa Cruz e Ourinhos correm esse risco caso ocorram novas obras o Rio Pardo.

Não haverá desenvolvimento econômico na região sem a água do rio Pardo. É muito importante que todos se conscientizem disso. Se hoje os municípios trabalham com índices de crescimento nas áreas agrícolas, na indústria, no comércio, deve-se ao farto abastecimento de água que o rio Pardo oferece. O mesmo vale para toda a infraestrutura urbana. Sem água é impossível uma economia dinâmica, saudável e próspera.”

PROF. DR. EDSON PIROLI Unesp, estudioso do

“A importância da preservação do Rio Pardo vai além do abastecimento urbano. A biodiversidade, a produção agrícola e industrial e o potencial turístico de nossa região serão seriamente comprometidos se não nos mobilizarmos para garantir que nosso rio Pardo viva. Ademais, o rio é fundamental para a viabilidade econômica do nosso município.”