Brasil Observer #09 - Portuguese Version

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EMPRESAS VOTAM? Os verdadeiros donos das eleições no Brasil >> Páginas 4 e 5

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FUNDO BRITÂNICO NO BRASIL Reino Unido financia desenvolvimento científico >> Página 6

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LONDON EDITION APRIL 24 – MAY 7

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NOVO ESTUDO PROVA QUE A FLORESTA ABSORVE MAIS DÓXIDO DE CARBONO DO QUE EMITE; BRASIL OBSERVER CONVERSA COM UM DOS AUTORES DA PESQUISA PARA ENTENDER MELHOR ESTE PROCESSO E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA NÓS

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>> Páginas 10 e 11


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EM FOCO Notícias que foram destaques na quinzena

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BRASILIANCE Por que as eleições no Brasil são bilionárias?

LONDON EDITION 06

UK NO BRASIL UK investe em desenvolvimento científico no Brasil

EDITORA - CHEFE

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PERFIL A música e poesia de Daniel Debiagi

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REPORTAGEM DE CAPA Amazônia sob novo olhar

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COPA 2014 Especial cidades-sede: Manaus

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CONECTANDO Um tour pelo mundo do chá

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BRASIL OBSERVER GUIDE Cultre Clash e muito mais...

Ana Toledo ana@brasilobserver.co.uk

EDITORES Guilherme Reis guilherme@brasilobserver.co.uk kate Rintoul kate@brasilobserver.co.uk

RELAÇÕES PÚBLICAS Roberta Schwambach roberta@brasilobserver.co.uk

COLABORADORES Bianca Brunow Dalla, Bruja Leal, Clarice Valente, Deise Fields, Gabriela Lobianco, Luciane Sorrino, Marielle Machado, Michael Landon, Nathália Braga, Ricardo Somera, Rômulo Seitenfus, Rosa Bittencourt, Shaun Cumming, Wagner de Alcântara Aragão

PROJETO GRÁFICO

16 - 17

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20 - 21

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16|17 CAPA DO GUIA 18 NINETEEN EIGHT-FOUR 19 GOING OUT 20|21 N EW CANVAS OVER OLD 22|23 T RAVEL 24 MUSIC TO WEAR 25 FOOD

E D I T O R I A L

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DIAGRAMAÇÃO Jean Peixe ultrapeixe@gmail.com

DISTRIBUIÇÃO BR Jet brjetlondon@yahoo.com Emblem Group LTD mpbb@btinternet.com

IMPRESSÃO Iliffe Print Cambridge iliffeprint.co.uk

DESMISTIFICANDO A AMAZÔNIA Por Ana Toledo – ana@brasilobserver.co.uk

ASSESSORIA CONTÁBIL Muito já se falou sobre o futuro da nossa Floresta Amazônica. E não é por acaso: são cinco milhões e meio de quilômetros quadrados cobertos pela maior biodiversidade em uma floresta tropical no mundo. E em tempos de desenvolvimento a qualquer custo, há muito com o que se preocupar mesmo. Em 2007, um relatório do IPCC (painel científico da ONU sobre mudanças climáticas) já alertava para o risco de a Amazônia se transformar numa savana até o final do século. Isso, de acordo com o relatório, seria o resultado de uma nova configuração da vegetação da região estimulada pelo aquecimento global. No entanto, o último relatório do IPCC, divulgado em março deste ano, apontou outra perspectiva: disse que a floresta não corre mais este risco. Um dos pontos para esclarecer a afirmação foi a questão da absorção de gás carbônico feita pela Floresta Amazônica. O que trouxe inúmeros estudiosos ao país, dentre eles Emanuel Gloor, professor de ciclos bioquímicos da Universidade de Leeds, na Inglaterra, nosso entrevistado desta edição – confira nas páginas 10 e 11.

Os novos dados não nos deixam exaustivamente pessimistas com relação à floresta, mas destacam outras perspectivas para o trabalho de preservação desta imensa área. Ou seja, com a capacidade de resiliência (que significa voltar ao estado normal) de florestas tropicais, somado ao equilíbrio da produção e absorção do CO2, o desmatamento não é por si só o principal o mal da floresta. O maior problema é o impacto que o desmatamento causa ao ambiente local, como erosão dos solos e assoreamento dos rios, mudando a qualidade da água e da vida aquática. Logo, na Amazônia a resistência se torna questão de existência para tudo o que é local, seja com a biodiversidade ou com os povos tradicionais da região. Nesta edição, você fica por dentro de vários aspectos da região Amazônica. Além da reportagem e entrevista de capa, o especial Copa 2014 traz uma pitadinha da história e de como andam os preparativos para a Copa por lá. Para conhecer os chamados hotéis da selva, leia as páginas 22 e 23 do Guia. Seguimos em contato!

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EM FOCO DILMA CAI, MAS ADVERSÁRIOS NÃO SOBEM A aprovação do desempenho do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) caiu em abril, indicam os principais institutos de pesquisa do país. Segundo o Vox Populi, em fevereiro, já em movimento de queda, Dilma tinha 34% de avaliação “ótima e boa”; em abril, tem 33%. O conceito “regular positivo”, que era 30% em fevereiro, caiu para 24% em abril. “Regular negativo” foi de 13% para 15%, enquanto “ruim e péssimo” foi de 22% para 27%. Segundo a mesma pesquisa, porém, ainda não uma relação de causa e efeito entre a queda na avaliação e as intenções de voto na candidatura da presidente à reeleição. Em fevereiro, ela tinha 41% das intenções de voto; agora tem 40%. Entre os adversários, a situação é semelhante. Aécio Neves (PSDB) tinha 17% e agora tem 16%. Eduardo Campos (PSB) deu um salto de 6% para 8%. Levando em conta os votos brancos e nulos, que chegam a 15%, Dilma ainda tem chance de vencer a eleição de outubro no primeiro turno. É preciso considerar, porém, que, embora haja 55% de eleitores que se consideram com o voto definido, existe também um número deles, 45%, que se considera indefinido – o que é ruim para quem lidera a corrida e bom para quem corre atrás com esperança.

FOTO: REPRODUÇÃO

Mesmo debaixo de chuva, manifestação anti-Copa em São Paulo levou cerca de mil pessoas às ruas no dia 15 de abril

PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS EM BAIXA O programa Ciência sem Fronteiras, que tem por objetivo enviar estudantes brasileiros de graduação e pós-graduação para universidades do exterior, enfrenta período crítico. Foi anunciado o retorno de 110 bolsistas reprovados no teste de proficiência em inglês: 80 estavam no Canadá e 30, na Austrália. Outros 1,2 mil bolsistas, com viagens marcadas para a Espanha, foram excluídos, pois não tiveram tempo ou condições de fazer a avaliação de proficiência no Instituto Cervantes, exigência do governo espanhol. O programa já vinha sendo criticado pelo baixo aproveitamento acadêmicos dos estudantes, má gestão e desentendimentos entre as iniciativas pública e privada na distribuição das bolsas. Das 26 mil bolsas a serem financiadas por empresas, pouco mais de 5 mil foram realmente concedidas, ou seja, cerca de 20% do previsto. Já o governo implementou até agora 65% de sua meta de 75 mil bolsas. Apesar das críticas, defensores do programa argumentam que, perto da magnitude do projeto e dos objetivos envolvidos (estimado em 3,2 bilhões de reais, o Ciência sem Fronteiras promete até o seu fim em 2015 conceder 101 mil bolsas), as críticas são irrisórias. Por outro lado, argumenta-se que enviar aluno de graduação ao exterior para estudar durante um ano não é a maneira mais adequada de internacionalizar a ciência, já que nessa fase do progresso acadêmico o ganho será muito maior em termos de experiência de vida do que propriamente em conhecimento científico – ainda mais diante da falta de fluência em um segundo idioma.

BRASIL, UM PAÍS PERIGOSO PARA ATIVISTAS Relatório da ONG britânica Global Witness aponta que o Brasil continua sendo o local mais perigoso do mundo para os ativistas ambientais. Dos 908 casos de morte que pôde documentar entre 2002 e 2013 em 35 países, 448 se produziram no Brasil (49,33%). Em 2002 foram registrados 51 assassinatos. Em 2012, o pior da série, foram 147. Os autores do relatório reconhecem que a informação é escassa e seguramente seus dados só mostrem a ponta do iceberg. Afirmam que é muito provável que países africanos como Nigéria, a República Democrática do Congo, a República Centro-Africana ou Zimbábue também estejam sendo afetados, mas sua metodologia de trabalho – baseada em documentação confiável e na verificação dos dados por parte de parceiros locais – não permitiu fazer uma análise exaustiva. Daí que as piores cifras estejam na América Latina e na Ásia, onde puderam contrastar a informação. No Brasil, os grandes proprietários de terras (agropecuária) e de empresas de madeiras são os grandes responsáveis pelos conflitos com os pequenos agricultores de subsistência, populações indígenas e os ativistas. A organização só tem conhecimento de que tenham sido julgadas e condenadas 10 pessoas por estes mais de 900 crimes.

MAU HUMOR ANTI-COPA Pesquisa Datafolha divulgada no início de abril indica que 55% da população brasileira acredita que a Copa do Mundo trará mais prejuízos que benefícios ao país. A rejeição à realização do Mundial atingiu sua pior média: 41%. Nem mesmo durante o auge das manifestações do ano passado o desencanto foi tão grande. A menos de dois meses da Copa, porém, o governo aposta que a percepção negativa da população pode ser revertida, a exemplo do ocorrido em Londres. Um ano antes de a cidade sediar as Olimpíadas de 2012, 48% da população do Reino Unido não aprovava os elevados gastos públicos para a competição. Os custos finais foram equivalentes a 31 bilhões de reais, quase quatro vezes o valor do orçamento inicial. Ainda assim, dois em cada três cidadãos britânicos afirmaram, em 2013, que o investimento valeu a pena. De acordo com o governo federal, a Copa das Confederações no

ano passado gerou 303 mil empregos e movimentou 20,7 bilhões de reais na economia, dos quais 9,7 bilhões acabaram incorporados ao PIB. O estudo traz uma previsão ainda mais alvissareira: a Copa do Mundo deve agregar 183 bilhões de reais ao PIB nos próximos cinco anos. Tais números não impediram que cerca de mil pessoas, mesmo debaixo de chuva, saíssem às ruas de São Paulo na noite de 15 de abril para o quinto ato “Se não tiver direitos, não vai ter Copa”. A desconfiança da população se dá, em grande parte, pelos elevados custos da realização da Copa. O evento consumiu perto de 30 bilhões de reais, valor bancado, sobretudo, pelo poder público (85%). Em 2007, quando o Brasil foi escolhido para sediar o Mundial de 2014, um levantamento da Fifa previa gastos equivalentes a 2,7 bilhões de reais para a reforma e construção de novos estádios. No

último balanço do governo, divulgado em setembro de 2013, a conta ultrapassou a marca de 8 bilhões. E pode ficar mais cara. Além disso, das 50 intervenções de mobilidade urbana previstas (que seriam o grande legado do Mundial), 13 foram descartadas; e as restantes não beneficiam toda a população, já que a maior parte está localizada nos arredores dos estádios. Também gera muita insatisfação as remoções forçadas (que podem ultrapassar 20 mil famílias no Rio de Janeiro) e a morte de operários na construção das arenas (foram 8 até agora, contra 2 na África do Sul). Diante deste cenário, é grande a preocupação do governo quanto a possíveis protestos violentos durante o Mundial. Por outro lado, ONGs e entidades em defesa dos direitos humanos mostram preocupação quanto a repressão das manifestações, já que o aparato de segurança pública será altamente reforçado durante o evento.


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BRASILIANCE

A CONTA DAS ELEIÇÕES Graças ao financiamento privado, as campanhas eleitorais no Brasil custam bilhões de reais e favorecem grandes empresas que custeiam partidos e políticos. Crescem, porém, movimentos contra a ingerência do poder econômico Por Wagner de Alcântara Aragão Os custos das campanhas eleitorais no Brasil estão na casa dos bilhões. Para diminuir essas cifras e impedir que o poder econômico exerça influência determinante nos processos eleitorais, cada vez mais ganha espaço no debate político a defesa pelo fim (ou ao menos pela restrição) do financiamento privado das campanhas. Em outras palavras: a doação de dinheiro por parte das empresas para partidos políticos e candidatos seria limitada, ou até mesmo proibida. Grande passo nesse sentido foi alcançado com o recente julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da Ação Direta de Inconstitucionalidade movida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Na ação, protocolada em 2011, a OAB questiona a constitucionalidade da atual legislação eleitoral no que se refere à contribuição de pessoas jurídicas e pessoas físicas às campanhas eleitorais. No entendimento da OAB, a doação de dinheiro por empresas vai contra os princípios da Constituição da República.

O julgamento foi iniciado em dezembro último e, no dia 2 de abril, foi suspenso em decorrência de um pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes. Nesse período, seis ministros, de um total de 11, votaram pela inconstitucionalidade de doação de dinheiro por empresas às campanhas eleitorais – apenas um foi contrário a esse entendimento. Ou seja, mesmo que Gilmar Mendes e os outros três ministros que ainda não votaram rejeitem a ação movida pela OAB, já está definida, por maioria de votos pelo STF, a inconstitucionalidade. Não há previsão para o julgamento ser retomado. Quando isso ocorrer, o STF vai definir a partir de quando – se para as eleições deste ano ou para as seguintes – passará a valer a proibição de doações de dinheiro por pessoas jurídicas às campanhas. Pelas regras atuais, as empresas privadas podem fazer doações a campanhas eleitorais ou a partidos até o limite de 2% do faturamento bruto do ano anterior à eleição. Na avaliação do relator do

processo, ministro Luiz Fux, esse mecanismo tem feito com que ano após ano aumente a interferência do poder econômico nos processos eleitorais.

GASTOS EM ALTA Ao declarar seu voto pela inconstitucionalidade do financiamento privado de campanhas eleitorais, Fux citou dados que mostram um crescimento, em dez anos, de 471% nos custos das eleições no Brasil. Nas eleições de 2002 (Presidência da República, Câmara dos Deputados, Senado, Governos dos Estados e Assembleias Legislativas), as campanhas consumiram R$ 798 milhões. Em 2012 (Prefeituras e Câmaras de Vereadores), foram gastos R$ 4,5 bilhões. Em 2010, exemplificou Fux, o valor médio gasto por um deputado federal eleito no Brasil chegou a R$ 1,1 milhão; para senador, R$ 4,5 milhões. “O exercício de direitos políticos é in-

compatível com as contribuições políticas de pessoas jurídicas. Uma empresa pode até defender causas políticas, como direitos humanos, mas há uma grande distância para isso justificar sua participação no processo político, investindo valores vultosos em campanhas”, afirmou o ministro, de acordo com notícia divulgada pelo STF. Outro movimento em direção ao fim do financiamento privado das campanhas veio com um substitutivo ao projeto de lei 60/2012, do Senado, aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça daquela Casa no dia 16 de abril. Tratou-se de uma aprovação terminativa, a qual dispensa apreciação da matéria pelo plenário. Assim, o projeto já foi encaminhado à Câmara dos Deputados. “Vamos convencer os deputados para pedir imediatamente urgência [na tramitação]. Se for tramitar pelas comissões, com seus vários relatores, estes serão pressionados pelos doadores de campanha, que querem continuar donos dos governos e do Congresso Nacional”, declarou o relator do projeto, senador Roberto Requião (PMDB-PR).


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COMBATE À CORRUPÇÃO O fim do financiamento privado de campanhas é considerado a medida mais efetiva de combate à corrupção na máquina estatal. É o próprio relator do projeto do Senado quem exemplifica: “Quando vemos grupos de empreiteiras doando 1 bilhão e 300, 1 bilhão e 400 milhões [de reais] para campanhas políticas, chegamos à conclusão de que isso [doação de empresas] não pode continuar. Um grande empresário quando doa 1 milhão é para ganhar dez, 20, 30, 100 milhões... Ele espera uma retribuição. Os eleitos ficam reféns desses financiadores, e a população que acreditou no discurso, no programa, fica completamente órfã nesse processo”, argumentou Requião. Avaliação que encontra eco nas palavras do relator de uma comissão especial da Câmara dos Deputados constituída para discutir um projeto de reforma política, deputado federal Henrique Fontana (PT-RS). Em entrevista ao Blog do Zé Dirceu, Fontanta argumenta que o financiamento de campanhas eleitorais pelas empresas vai contra ao princípio de “um homem, um voto”. “A questão é que eu e você temos o nosso voto, mas o dono de banco, além do voto tem mais R$ 150 milhões. Isso desequilibra o pleito”, disse Fontana. Com o fim do financiamento privado, as campanhas passariam a ser custeadas unicamente por recursos públicos – do Fundo Partidário, já existente. Mas, dado o desgaste atual da política partidária perante a sociedade – as chamadas “manifestações de junho”, do ano passado, tornaram isso evidente – há rejeição de boa parte da população em aceitar que as campanhas sejam bancadas por dinheiro público. Para Fontana, é preciso deixar claro que, por outro lado, as campanhas políticas custariam bem menos. “A primeira grande consequência dessa decisão é que vai sair bem menos dinheiro; a segunda, é que a campanha vai ser bem mais barata e, em vez de uma produção cinematográfica, teremos um programa mais barato. O marqueteiro não vai mais receber R$ 20 milhões, mas entre R$ 1 milhão a R$ 2 milhões por campanha”, comparou o parlamentar.

MOVIMENTOS SOCIAIS DEFENDEM FIM DO FINANCIAMENTO PRIVADO Projeto de iniciativa popular quer 1,5 milhão de assinaturas

FOTO: AGÊNCIA BRASIL

PARA DILMA, É PRECISO PLEBISCITO

Dilma durante reunião do CDES

NA CONTRAMÃO O convencimento não será fácil. Até porque, entre os próprios legisladores, a resistência à proibição do financiamento privado de suas campanhas é grande. Para tentar impedir uma possível decisão do STF proibindo o financiamento privado de campanhas eleitorais, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, anunciou que a Casa deverá votar em maio a Proposta de Emenda à Constituição que altera diversos pontos da legislação político-partidária. Um dos principais pontos é justamente regulamentar o financiamento privado de campanha – a proposta mantém a legislação atual e determina que cada partido político poderá escolher se quer receber dinheiro privado, público ou ambos.

Mais de 40 entidades da sociedade civil organizada – sindicatos, movimentos de trabalhadores, conselhos de classe, uniões estudantis – estão reunidas desde setembro na Coalizão pela Reforma Democrática Política e Eleições Limpas, com o objetivo de coletar 1,5 milhão de assinaturas para a apresentação de um projeto de lei de iniciativa popular que modifique as regras do sistema político-partidário brasileiro. No site www.reformapoliticademocratica.com.br é possível acessar a proposta que, em síntese, defende: 1) Proibição do financiamento privado e implantação do financiamento público para as campanhas eleitorais; 2) Extinção do sistema de voto dado ao candidato individualmente, nos casos de vereadores e deputados, e adoção do sistema eleitoral do voto em listas pré-ordenadas; 3) Regulamentação do artigo 14 da Constituição em favor da democracia direta; Maior participação de populações sub-representadas nas instâncias políticas e partidárias.

FOTO: AGÊNCIA BRASIL

Depois da onda de manifestações em junho do ano passado, que exigiam, entre outras coisas, um combate mais firme à corrupção e moralização da política-partidária nacional, a presidenta Dilma Rousseff chegou a propor ao Congresso Nacional a convocação de um plebiscito para avançar a discussão sobre uma reforma política. A proposta não avançou no Congresso, sendo veementemente colocada de lado até mesmo por membros da base aliada, que não vê em Dilma o mesmo parceiro político que via em Lula, que tinha durante seu governo um ambiente mais propício para o debate da reforma política, por conta de sua alta aprovação popular. Recentemente, Dilma voltou a defender a realização de um plebiscito sobre o tema. No dia 16 de abril, no encerramento da reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES, grupo criado em 2003, liderado pela Presidência da República e que reúne líderes empresariais, dos trabalhadores e integrantes do governo), realizada no Palácio do Planalto, a presidenta disse que só a consulta popular fará com que uma reforma política, de fato, se efetive no Brasil. Dilma propõe que o fim do financiamento privado esteja entre os pontos a serem definidos em plebiscito.


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UK NO BRASIL

Reino Unido lança fundo para fomento à pesquisa científica em países emergentes FOTO: UK IN BRAZIL

Brasil receberá aporte de mais de R$ 33 milhões por ano. Lançamento foi anunciado dia 9 de abril pelo chanceler britânico George Osborne, em cerimônia na USP Em visita ao Brasil, o Ministro das Finanças do Reino Unido, George Osborne, anunciou no dia 9 de abril o lançamento do Fundo Newton no país. A iniciativa, que visa fomentar o avanço em pesquisa e inovação em países emergentes, foi celebrada em evento na Universidade de São Paulo (USP), com a participação de diversos representantes britânicos e brasileiros na área de ciência. O fundo totaliza 375 milhões de libras esterlinas (cerca de 1,4 bilhões de reais) e será disponibilizado por meio de coparticipação entre 15 países emergentes por três anos. O Brasil ficará com uma fatia de 9 milhões de libras esterlinas por ano (mais de 33 milhões de reais). O valor será igualmente retribuído pelo país, por meio do aporte de instituições brasileiras de pesquisa científica. A quantia representa uma das mais significativas entre os países participantes. A primeira parceria confirmada para o Fundo Newton no Brasil será com o Conselho Nacional de Fundações de Apoio à Pesquisa (Confap) e com Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) de diferentes Estados brasileiros. As instituições farão um investimento total de, no mínimo, 3 milhões de libras esterlinas (cerca de 11 milhões de reais) por ano, nos próximos três anos, representando uma parte significativa da coparticipação brasileira. O acordo, celebrado durante cerimônia na Universidade de São Paulo (USP), apoiará a colaboração bilateral

Osborne visita laboratório da USP

em prol do desenvolvimento de áreas-chave, como segurança alimentar, transformação urbana, bioeconomia e doenças negligenciadas. “O Reino Unido é um líder mundial na colaboração no campo de pesquisa científica internacional e vê muitos ganhos em parcerias com países como o Brasil, que tem demonstrado um avanço acelerado no investimento em ciência e inovação e está posicionado para ser uma das potências científicas do futuro”, disse Osborne. O fundo apoiará a colaboração em pesquisa científica, o desenvolvimento de inovações, o intercâmbio de pesquisadores e estudantes, as relações entre instituições de ciência e o desenvolvimento de novas parcerias entre o Reino Unido e o Brasil.

“Este acordo mostra a importância do Confap como coordenador das atividades das FAPs no Brasil, bem como a relevância delas, seja pelo volume de recursos que aplicam em pesquisa, seja pela sua capilaridade, eficiência e agilidade na execução orçamentária. Algumas delas, inclusive, darão a contrapartida necessária à reciprocidade da proposta. Esperamos que decorram vários projetos de grande relevância desta cooperação com o Reino Unido”, diz Sergio Gargioni, presidente do Confap e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). O nome do fundo é baseado no prestigiado cientista britânico Isaac Newton e receberá, em cada país parceiro, também um nome de um renomado cientista de sua região.

PARCERIA DE LONGA DATA A parceria entre o Governo Britânico e as instituições ligadas à Confap tem se mostrado frutífera nos últimos anos. Em outubro de 2013, foi firmado um acordo de cooperação, com vistas a fortalecer a relação entre Brasil e Reino Unido por meio da capacitação de pesquisadores e de professores de língua inglesa; da mobilidade acadêmica de pesquisadores, docentes e discentes; e da integração de pesquisa e indústria nos países envolvidos, entre outras. Para selar o acordo, no fórum do Confap realizado no último mês de março, foi assinado um Memorando de Entendimento para estabelecer uma plataforma de desenvolvimento de atividades conjuntas, com vigência de cinco anos, podendo haver renovação.


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Brasil

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10/04/2014 11:20


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brasilobserver.co.uk

PERFIL

Sentimentos musicados de

Daniel Debiagi


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Ao misturar música e poesia, ele não se esconde atrás de um violão nem deixa os poemas guardados na gaveta. O cantor e compositor Daniel Debiagi conta, nesta entrevista exclusiva, sobre como a melancolia é positiva em seu trabalho e revela suas inspirações ao produzir o álbum ‘Drama-Flor’, lançado em março. Debiagi reflete ainda sobre suas composições, como ‘Meio Mundo’, ao apresentar no palco de seu show a cena em que se automaquia para encarnar

Consuelo; analisa a fase de cantores que se lançam pela internet de forma independente; e relembra momentos engraçados do início da sua carreira, quando cantava em um bar de Porto Alegre – Daniel chegou a ser estrangulado por uma ouvinte da plateia enquanto interpretava um dos sucessos de Roberto Carlos. A situação, porém, mudou para esse poeta que, hoje, recebe flores de seus fãs. E flores, diga-se de passagem, bem dramáticas!

Entrevista e Foto: Rômulo Seitenfus

Como cantor e compositor dramático, o que de melhor os momentos melancólicos proporcionam dentro da sua arte? A melancolia tem seu lado positivo ou criativo; ela me instiga a colocar para fora aquilo que estou sentindo em forma de palavras, de rimas, de música. Mesmo que não sejam bons momentos, mesmo que a tristeza venha, quando tudo fica bem novamente resta uma nova canção e um alívio na alma. De que forma você alimenta a sua inspiração? Como ocorreu a construção do álbum ‘Drama-Flor’? Minha inspiração vem de palavras, frases, trechos de livros, de músicas, de tudo o que consegue despertar essa vontade interior de expor o que sinto ou de inventar; outras vezes vem da dor, da solidão, das desilusões. Normalmente começo compor pela letra e em seguida pego o violão para desenhar a melodia. O disco ‘Drama-Flor’ é uma compilação de sentimentos musicados, são canções de diferentes estilos que demonstram um pouco da minha inquietude de compositor e cantor. Produzido por Marisa Rotenberg e co-produzido por Gelson Oliveira, é o meu primeiro registro autoral após mais de 10 anos compondo. Nele buscamos sonoridade leve, natural, sem rebuscamentos. Em seu show, ao apresentar a música ‘Meio Mundo’, você se maquia e passa batom no palco. A música é composta no feminino e tem Consuelo como personagem. Quem é ela? O samba ‘Meio Mundo’ eu compus no feminino, como se fossem palavras de uma mulher livre, que passou por muitas decepções amorosas e resolveu não mais se prender a um só amor. Então para cantá-la no show criei uma personagem chamada Consuelo. Em dado momento do espetáculo, começo a me maquiar no palco, passo um batom e coloco uma flor na orelha para representar essa mulher. Ela conta um pouco da sua história através de três músicas com letras femininas, como fossem três fases: primeiro as juras de amor, depois a traição e, por fim, a vingança.

Estamos vivendo no Brasil um momento musical independente muito rico, porém sem grande espaço na mídia

Posso dizer que ‘Resto de Ti’ é a sua música mais dramática? ‘Resto de Ti’ é um blues que gosto muito de cantar no show; é sim minha canção mais dramática. Tento transmitir a dor do término de uma relação de amor. Já ‘De Canto’ escrevi para mim mesmo com palavras que eu precisava ouvir em certo momento; trata-se de um chamamé, ritmo sul-americano bastante difundido no sul do Brasil. ‘Empezar’, com letra em espanhol de Isabel Janostiac, traz minha paixão por tangos num arranjo de acordeom e voz. ‘Sabes Amor’ e ‘Drama-Flor’, a canção título, são em parceria com Maikel Rosa. Estamos vivendo um momento musical aberto para novos artistas. Os novos cantores se encorajaram para se lançar de forma independente. Você concorda? Eu ouço muita música brasileira, muita MPB, tanto clássicos quanto novos artistas. Estamos vivendo no Brasil um momento musical independente muito rico, porém sem grande espaço na mídia. A cena da Nova MPB vem fazendo música de muita qualidade, ganhando força e público através da internet com downloads gratuitos. Também busco inspiração na música francesa, no jazz, tango e bossa-nova. Descreva uma de suas mais remotas lembranças da infância… Eu tinha um armário grande de duas portas no meu quarto, eu o decorei todo por dentro com papel refletivo e luzes de natal; foi meu primeiro palco quando criança. Eu abria as portas, sentava dentro com meu violão e fazia apresentações para plateias imaginárias. Conte-nos uma história inusitada, ligada à música, que tenha lhe acontecido? Estava cantando e tocando meu violão num bar em Porto Alegre, na festa de aniversário de uma conhecida quando, de repente, sinto duas mãos sufocando meu pescoço durante uma canção do Roberto Carlos. Era a tia da aniversariante que, alcoolizada, resolvera me enforcar porque não gostara da música. Sem entender o que estava acontecendo, tentei continuar cantando, até que já sem ar, amigos me libertaram das mãos daquela senhora de instinto alcoólico musicalmente intolerante.

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O álbum ‘Drama-Flor’ está disponível para download gratuito em www.danieldebiagi.com


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CAPA FOTOS: DIVULGAÇÃO

A Amazônia se tornou um campo de batalhas ideológicas no debates sobre mudanças climáticas

Há tempos ambientalistas argumentam que a Amazônia é essencial na luta contra as mudanças climáticas. Agora, um novo estudo dirigido por pesquisadores do Reino Unido prova que a floresta absorve mais dióxido de carbono do que emite Por Kate Rintoul

Há alguns lugares na Terra que são tão inspiradores aos seres humanos que usualmente lhes atribuímos diversos significados. O Monte Everest tornou-se um símbolo de esforço e resiliência, o deserto do Saara é símbolo de dificuldades e as profundezas do Oceano Pacífico representam exploração e navegação. Assim, sendo a maior floresta tropical do mundo, medindo 5 milhões de km², com o maior rio do planeta (pelo volume de água) correndo em suas entranhas e servindo de habitat para milhares de espécies de plantas, insetos, peixes, pássaros e mamíferos, a Amazônia representa uma série de coisas para uma enorme quantidade de pessoas. Para o indígena que vive sob as árvores, a floresta é sua casa e, além de prover todas as necessidades para a vida humana, também guarda as respostas para as grandes questões da vida, sendo sua

religião e filosofia baseadas no que observam na natureza. Para a maioria de nós vivendo longe dessa imensa floresta tropical, representa as maravilhas da natureza, bem como a possível salvação da constante luta contra as mudanças climáticas. Exatamente pelo fato de a Amazônia representar muitas coisas para muitos grupos diferentes de pessoas, ela também se tornou campo de batalhas ideológicas quando se debatem temas como mudanças climáticas, preservação, intervenção humana e proteção. Dentre os estudos que se debruçam e debatem as mudanças climáticas, surgiram depreciadores tentando diminuir a importância da floresta, argumentando que, devido às perdas naturais, quebras e decomposição de árvores, a Floresta Amazônica produziria a mesma quantidade de CO2 que ela absorve (ou até mais!).

É essencial que todos entendam a questão de uma forma científica, muito mais do que metaforicamente, o papel que a Floresta Amazônica tem para o equilíbrio do planeta, tanto para dar respostas aos que negam as mudanças climáticas, quanto para justificar a proteção deste pedaço tão precioso da Terra. Esta é a abordagem da Universidade de Leeds e outras instituições, inclusive a NASA, em uma recente pesquisa que estudou os níveis de CO2 processados e emitidos pela floresta. Esse estudo, que analisou apenas os processos naturais em vez da ação humana de desmatamento, usou aeronaves leves e tecnologia de satélite para comprovar que a floresta absorve mais CO2 do que emite. Essas descobertas resolvem um debate que ecoava desde finais dos anos 1990. Foi a primeira vez que cientistas con-

seguiram medir a quantidade de árvores que morrem por processos naturais na Amazônia, inclusive em áreas remotas das quais não há dados recolhidos diretamente no terreno. Até agora, cientistas só tinham estimativas do balanço de carbono na Amazônia, que eram baseados em observações limitadas a pequenas áreas. Tal descoberta é importante na luta pela proteção da floresta tropical e comprova que a Amazônia retira mais de meia tonelada de carbono por hectare todos os anos, reduzindo o efeito estufa. Para entender melhor os métodos utilizados nessa pesquisa, o Brasil Observer conversou com um dos autores do estudo, Emanuel Gloor, professor de ciclos bioquímicos da Universidade de Leeds, que havia retornado à Amazônia para continuar suas pesquisas quando conversou conosco por email.


brasilobserver.co.uk 11 Porque era assim tão importante resolver o debate em torno da absorção de carbono na Amazônia? Nós queríamos descobrir como a vegetação terrestre responderia a um aquecimento climático e um aumento dos níveis de CO2. A vegetação terrestre prosperaria ou sofreria – e se a resposta fosse a última, em que momento isso aconteceria? A partir de medidores globais de CO2 atmosférico, emissões de combustíveis fósseis e estimativas de captação oceânica de carbono, nós sabemos por diferenciação que a vegetação terrestre é um reservatório natural de CO2 que cresceu nos últimos 20 anos. É aproximadamente da mesma magnitude dos reservatórios oceânicos. Um candidato para pelo menos uma parte do reservatório natural terrestre de carbono são as florestas tropicais. O uso regular de medidores de árvores em uma ampla rede em florestas tropicais – a rede RAINFOR – sugere que realmente este é o caso. Os resultados, entretanto, estavam em disputa por conta de uma peça que faltava – uma completa quantificação dos distúrbios que afetam a floresta em todas as escalas. Agora está claro que as florestas tropicais na verdade foram bastante estimuladas em crescimento ao longo das últimas décadas e têm contribuído para esse reservatório de carbono que é a vegetação terrestre. O estudo baseou-se em centenas de medições coletadas pela RAINFOR Amazon Forest Inventory Network, que possui diversos parceiros ao redor do mundo. Você poderia nos contar um pouco mais sobre como esta rede funciona? RAINFOR é coordenada desde Leeds e Oxford. Uma das pessoas chave para que a RAINFOR funcione é Oliver Phillips, da Unversidade de Leeds, mas a rede inclui diversas instituições da América do Sul e Europa. A rede é constituída de diversas áreas de um hectare cada, distribuídas na Bacia Amazônica. Em cada uma destas áreas, todas as árvores com mais de 10cm de diâmetro estão sendo catalogadas, bem como são pesquisadas as árvores que morreram e o porquê. Os dados de cada uma destas áreas são constantemente atualizados, já que existe bastante financiamento ao projeto. A pesquisa é altamente colaborativa, envolvendo diversos parceiros, inclusive várias instituições acadêmicas do Brasil. Quais são os benefícios destas colaborações? Como pesquisador, o que você valoriza e aprecia neste trabalho conjunto com pesquisadores de diferentes áreas? Alguns dos trabalhos com os quais estou envolvido não seriam possíveis, ou seriam bem difíceis, se não houvesse colaboração. Por exemplo: analisar o ar em balões apropriados para medir a concentração de gazes do efeito estufa fora do Brasil seria muito difícil, tanto por motivos de logística quanto por processos de exportação. Além disso, gosto de trabalhos colaborativos, provavelmente por causa da minha personalidade, mas também porque nosso campo de pesquisa é uma área interdisciplinar. g

Distribuição espacial de grandes distúrbios na região da Floresta Amazônica brasileira

Como professor de ciclos bioquímicos, sua pesquisa é mais focada em processos químicos que afetam a Amazônia do que em fatores humanos. Deveria haver um maior conhecimento a respeito da sua pesquisa e como ela se relaciona com todos? A mensagem é que precisamos cuidar das florestas – outro é que o aquecimento global já mostra seus efeitos e é muito provável que haja mais pressão sobre o bem estar das florestas. Porém, o problema dos combustíveis fósseis é uma questão global e, obviamente, uma questão difícil de ser resolvida. Há quanto tempo você está pesquisando a Amazônia? O que lhe atraiu, em um primeiro momento? Eu estou trabalhando na Amazônia há seis anos. Meu interesse é mensurar e entender como o sistema global da Terra está mudando – com foco no ciclo do carbono. As duas regiões terrestres que, por conta de seu tamanho, são as mais importantes nesta questão são a Sibéria e a Amazônia. Depois que eu entrei para um departamento de pesquisas que é um dos líderes em ecologia tropical e mais especificamente a Amazônia, era natural que viria para cá unir forças com outros. A minha percepção da Amazônia foi, na realidade, confirmada quando sobrevoei com

aeronaves leves e pelas imagens de satélite. Distúrbios de grande escala na Floresta são realmente muito raros e esta é a mesma percepção que se têm quando se sobrevoa a Amazônia em aeronaves de passageiros normais. Algumas partes da sua pesquisa são financiadas pelo Conselho de Pesquisa Ambiental do Reino Unido (NERC) e pela Fundação de Ciência de São Paulo. Você acredita que isso reflete uma parceria mais profunda entre instituições de pesquisa e proteção da Amazônia entre Reino Unido e Brasil? Sim – há uma tradição de colaborações entre Brasil e Reino Unido. Há agora um acordo entre FAPESP e NERC em trabalhos colaborativos e há uma chamada conjunta para novas propostas. Você também participou de outro estudo recente que analisou os efeitos das secas na Floresta Amazônica; quais foram as principais descobertas e o que deveríamos aprender daí? Nós sabemos que a Amazônia sofre os riscos do aquecimento global da mesma maneira que o resto do mundo. Há um aumento tanto das secas quanto das grandes inundações na floresta. Ainda é incerto dizer como a Floresta Amazônica se transformará no futuro. As maiores causas de secas na região são

devido ao aquecimento e mudança climática e o único remédio é encontrar maneiras de reduzir as emissões de combustíveis fósseis. Você está trabalhando em algum estudo futuro na floresta do qual possa nos contar? Sim, continuamos pesquisando como a Floresta Amazônica está se modificando e tenho também um manuscrito sendo revisado que trata dos desafios a longo termo que a floresta enfrenta. Mesmo que os ideais emotivos da Amazônia sejam importantes, as descobertas científicas de Emanuel Gloor, John Miller e centenas de outros pesquisadores na floresta tropical são os mais potentes argumentos para a defesa e proteção da floresta Amazônica. Os recentes estudos baseiam-se unicamente nos processos naturais que acontecem na floresta tropical e descobriram que o balanço entre absorção e emissão, vida e morte, estão bastante equilibrados. Porém, se adicionarmos à conta o desmatamento – cerca de 2,7 milhões de acres são queimados todos os anos pela ação humana – veremos que facilmente os humanos podem destruir esse equilíbrio natural. Se continuada, essa ação pode transformar a Amazônia na maior fonte de dióxido de carbono do mundo, o que realmente seria a última coisa que gostaríamos que floresta se tornasse.

A pesquisa ‘Drought sensitivity of Amazonian carbon balance revealed by atmospheric measurements’ foi publicada no jornal Nature. Você pode acessar o documento em http://goo.gl/VAMQDH.


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COPA 2014 Manaus, capital do Estado do Amazonas, receberá quatro partidas da Copa do Mundo, sendo um deles a estreia da Inglaterra na competição, contra a tetracampeã Itália

FUTEBOL NA FLORESTA Por Nathália Braga

Chegou a hora de o Estado do Amazonas ser comentado e observado pelo mundo todo por outro motivo que não seja a sua já bem conhecida e gigante Floresta Amazônica. Com Manaus sendo uma das cidades-sede para a Copa do Mundo de 2014, a região deve ganhar mais atenção de turistas do Brasil e do mundo que terão a oportunidade de conhecer melhor a capital e a cultura local. Entre os turistas, certamente estarão muitos ingleses, já que a Inglaterra fará sua primeira partida em terras amazonenses – contrariando a vontade do técnico inglês da seleção Roy Hodgson, que no final do ano passado, antes do sorteio dos jogos, declarou que gostaria de não jogar no estado do Amazonas devido ao clima. A temperatura média anual é de 28ºC, sendo que de junho a novembro é a estação das secas e os termômetros chegam a marcar 40ºC. O prefeito do Amazonas, Arthur Virgilio, chegou a rebater as afirmações do técnico inglês, defendeu a cidade e disse que o time da Inglaterra não seria bem-vindo. A tensa troca de declarações aconteceu antes do sorteio dos jogos e, sorte ou azar, os ingleses foram sorteados para jogarem justamente na Arena da Amazônia, em Manaus. A verdade é que, independentemente do local, os ingleses vão ter presença forte no Brasil: a expectativa é que aproximadamente 10 mil turistas viajem ao país para ver a Copa. ARENA AMAZÔNIA Constrangimentos à parte, a equipe inglesa vai enfrentar a Itália em um moderno estádio. A Arena da Amazônia foi o oitavo estádio a ficar pronto para receber a Copa do Mundo 2014. Foram quatro anos de construção até que a Arena, que traz elementos amazônicos em seu projeto, ficasse pronta.

Arena da Amazônia

O formato do estádio foi inspirado no artesanato indígena. Uma estrutura metálica que lembra um cesto de palha típico da região protege a parte externa do estádio. As 44 mil cadeiras da arquibancada trazem as cores de frutas tropicais. A construção receberá quatro jogos da primeira fase do campeonato. A primeira partida será entre Inglaterra e Itália, no dia 14 de junho. Já no dia 18 é a vez da Croácia jogar contra a equipe de Camarões, seguidos por EUA e Portugal que se enfrentam dia 22 do mesmo mês. Fechando a primeira fase, Honduras X Suíca, no dia 25 de junho. A cidade não receberá nenhum jogo da segunda fase – o que gerou alguns questionamentos sobre a real necessi-

dade de se construir um estádio de tamanho porte. A administração local e federal, porém, alegam que os investimentos são importantes para a Copa e que os estádios servirão como espaços para shows e eventos locais, impulsionando a economia. HISTÓRIA Manaus é a sétima cidade mais populosa do Brasil: um centro econômico e industrial com a Zona Franca. Seu processo industrial teve forte influência dos ingleses, que migraram para a região para estreitar as relações de comércio no início do século XX e ajudaram na construção das estradas de ferro, redes de esgoto e luz elétrica.

O Porto de Manaus era administrado pela empresa inglesa Manaus Harbour Limited. Atualmente, a área abriga o Museu do Porto de Manaus, com arquitetura no estilo industrial inglês. O Museu do Porto fica localizado no centro e mantém cerca de 300 peças que contam a história da navegação e do comércio na era da borracha, época em que a exploração do látex contribuiu para o desenvolvimento da região. O museu, porém, está fechado há 15 anos para visitação. E, para aqueles que se perguntam o que Manaus tem a oferecer, a resposta é uma só: mais do que se imagina, provavelmente. Um lugar exótico e pouco explorado até mesmo pelos brasileiros, a cidade é cercada de natureza e permite uma verdadeira imersão na ecologia da região. Parques, esportes radicais na mata e um passeio de barco até o encontro dos rios Negro e Solimões, que fluem paralelamente por 18 km antes de se misturarem, são algumas das atrações turísticas (leia sobre os hotéis de selva nas páginas 22 e 23). Mas nem tudo é verde no Amazonas. Há também construções históricas importantes para a capital, como o Teatro Amazonas, inaugurado em 1886. Outro prédio de destaque é o Mercado Municipal Adolpho Lisboa, localizado praticamente às margens do Rio Negro e que foi inaugurado em 1882. É lá que visitantes encontrarão iguarias regionais como o tacacá, um caldo fino amarelado servido com goma de tapioca e camarões. O calor, a receptividade do povo e os traços da cultura indígena presentes na cultura faz de Manaus uma das cidades-sede mais importantes quando o quesito é mostrar a diversidade cultural, econômica e populacional de um país tão grande como o Brasil. Tudo isso no pulmão do planeta.


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FOTOS: DIVULGAÇÃO

POSITIVO: ARENA SUSTENTÁVEL A Arena da Amazônia estava prevista para ser a mais sustentável da Copa de 2014. O projeto inicial incluía aproveitamento da energia solar e da água da chuva. Porém, meses antes da inauguração, os planos foram mudados e agora a utilização da energia solar ficará para depois da Copa. Ainda assim, a construção traz sustentabilidade em seu projeto. Não poderia ser diferente, afinal, a Arena carrega o nome da maior floresta tropical do mundo. A captação de água será feita com ajuda da cobertura metálica, que funcionará como uma grande calha que irá captar água da chuva e enviar para três tanques de água que abastecem o sistema de irrigação do gramado. A Arena tem ainda um sistema de fachadas climáticas que proporciona ventilação na área das arquibancadas. Outro detalhe do projeto é a utilização de materiais de construção locais, eliminando a necessidade de transportar os materiais e diminuindo a poluição ambiental.

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NEGATIVO: MORTES NAS OBRAS

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Falta de segurança, tentativa de acelerar o ritmo das obras ou apenas meros acidentes. Estas são algumas das hipóteses que tentam justificar as mortes de operários durante as obras da Arena da Amazônia. Ao todo, três operários morreram em acidentes no canteiro de obras da Arena. O número representa a metade de mortes ocorridas em reformas de estádios. Outras duas mortes ocorreram no estádio do Corinthians, em São Paulo, e uma em Brasília, no estádio Mané Garrincha. A primeira morte em Manaus foi em março de 2013, quando um operário caiu de uma viga que estava a 4m de altura. Em dezembro, outro operário sofreu uma queda da área dos arcos metálicos e faleceu. O acidente em fevereiro matou um operário português que estava desmontando um guindaste e teria sido atingido por uma das peças. Nas ocasiões dos acidentes, a construtora Andrade Gutierrez, responsável pela obra, se pronunciava lamentando as mortes e alegando que as causas dos acidentes seriam investigadas. RONDÔNIA

BA

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MATO GROSSO DO SUL

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PERNAMBUCO

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MATO GROSSO

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SANTA CATARINA

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MANAUS - AM Teatro Amazonas (1), Encontro dos rios Negro e Solimões (2) e pôr do sol (3)

RIO GRAND DO NORTE PARAÍBA

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Região: Norte População: 1.982 milhões de habitantes Área: 11.401 km2 Clima: Equatorial, média anual de 28°C Vegetação: Floresta Amazônica Altitude: 92 metros

ARENA AMAZÔNIA Valor investido: R$ 669 milhões Capacidade: 44 mil pessoas Dimensões do campo: 105 X 68 metros

RIO DE JANEIRO


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CONECTANDO

VIAJANDO LONGE PARA CRIAR UMA EMPRESA LOCAL Estudei publicidade e propaganda na universidade, mas há cinco anos decidi deixar minha profissão e seguir meu sonho: ter meu próprio restaurante. Estive por um ano na Argentina e iniciei minha carreira como ‘pastry chef’ – e esta experiência em pastelaria e sobremesas mudou meu foco. Foi então que decidi abrir meu próprio café. Melhor que café, decidi me especializar em chá, que parece estar em alta agora. Vi muitas casas de chá em expansão na Europa e Argentina. Por isso, planejei uma viagem ao redor do mundo para visitar os principais países que entendem de chá, seja por causa da produção ou pelo desenvolvimento da cultura do chá. Minha primeira parada foi uma longa semana em Paris, depois outra em Londres. As casas de chá e os cafés nas duas cidades são surpreendentes. Tive muitas ideias sobre menus, decoração e conceito de marca. Em Londres, além de tomar muitos chás das cinco e comer bolos, fiz matrícula para aulas sobre chá com a especialista Jane Pettigrew. Minha próxima parada foi na Turquia, onde eu acabei ficando por quarto meses. Em Istambul, eu trabalhei na Spice and Tea Bazaar, em um café e em uma casa de chá. Também passei um mês trabalhando numa fazenda de chá, num pequeno vilarejo

turco. Foi incrível para compreender o tema. Finalmente eu estava conectada com todo processo desde a material prima, a experiência completa. Depois da Europa, eu estive na Ásia. Fiquei 40 dias na Tailândia, onde trabalhei em outra fazenda de chá e passei um fim de semana com a tribo Lahu, que planta na montanha. Depois eu fui para Xangai ter aulas de mandarim na universidade Fundan e lições sobre chá com um mestre na arte do chá chinês que, por minha sorte, falava inglês. É muito difícil se comunicar na China. A maioria das pessoas fala apenas no mandarim. Mas isso não prejudicou minhas descobertas e decidi continuar visitando fazendas de chá na China regularmente, para poder comprar sempre os melhores chás e ainda aprender mandarim! Neste momento estou trabalhando numa fazenda no interior do país. Aqui é o paraíso dos chás e a terra das oportunidades. Decidi ficar mais tempo aqui e aprender mais. Antes de ir para o Brasil, vou visitar Taiwan, da tradicional e contemporânea espuma de chá, a qual eu quero servir no país. A última parada é o Marrocos, conhecido pelo chá de hortelã com mel. Mas, afinal, é necessário viajar o mundo para abrir uma casa de chá? Eu procurava não

apenas aprender sobre chá, mas experimentar e viver isso. Eu aprendi tantas coisas de diferentes pessoas que seria impossível de aprender em sala de aula. Algumas coisas você só pode aprender pela experiência. Também fiz surpreendentes contatos, buscando bons fornecedores e entendendo toda a indústria. Isso é tudo sobre estar presente, buscando oportunidades e agarrando elas. Assim que eu voltar para a minha cidade, Curitiba, pretendo abrir minha primeira casa de chá, com sobremesas internacionais e chás dos diferentes países que visitei, justamente com alguns dos principais produtores de chás. E ainda não visitei neste tempo a Índia, Sri Lanka, Japão e Vietnã. Eu já estou planejando minha próxima viagem. Tenho muito o que aprender! Você pode ler mais sobre as minhas experiências e o mundo do chá no meu blog (www.caminhodocha.com). Além de poder comprar alguns chás online, de qualquer país que eu esteja no momento. Se você é um colega entusiasta do chá e quer saber mais, também escrevo para outros dois blogs: www.demkarakoy.com (a casa de chá em Istambul) e www.secretsommelier.com (para o qual eu faço algumas notas sobre chá).

COMO PARTICIPAR? Conectando é um projeto desenvolvido pelo Brasil Observer que visa colocar em prática o conceito de comunicação ‘glocal’, ou seja, uma história local pode se tornar global, ser ouvida e lida em diferentes partes do mundo. Mande sua história para nós! Saiba como participar entrando em contato pelo conectando@brasilobserver.co.uk

Daniele Lieuthier é brasileira, mas decidiu viajar o mundo para pesquisar ideias para um novo negócio. Durante nove meses, ela passou por três diferentes continentes para entender melhor sobre a cultura do chá e agora está na China, aprendendo como ela pode abrir seu próprio ‘tea room’ By Daniele Lieuthier

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Daniele Lieuthier


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Brasil Observer

GUIDE

CULTURE CLASH In May 2014 the transatlantic bass adventure that started last year continues with a new set of top artists from Brazil and the UK showcasing the deepest roots of Reggae and in bass music today. Brazilians Ministereo Publico (photo) and Soraia Drummond bring the new sounds of Bahia to UK shores. >> Read on pages 16 and 17 PHOTO: DIVULGATION

A aventura cultural transatlântica continua com um novo conjunto de artistas do Brasil e do Reino Unido apresentando as correntes mais profundas da ‘Bass Music’ de hoje. De terras tupiniquins, Ministereo Publico (foto) e Soraia Drummond trazem os novos sons da Bahia. >> Leia nas páginas 16 e 17


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Ministereo Publico: soundclo

BAHIA REPRESENTS BRAZIL IN MUSIC DUEL WITH ENGLAND By Gabriela Lobianco

The project from the promoters British Underground who aim to highlight the global significance of Reggae and Bass Music is back for its third edition: Bass Culture Clash: Brazil x England. The event will take place next month, first in London (3 May) and then in Brighton (8 May). It will be the second time that Brazilian artists have been selected to the interchanges, influences and musical fusions within these genres. This year’s edition will feature the UK´s Little Simz and JUS NOW, along with Ministereo Publico and Soraia Drummond, from Brazil’s NorthEastern state of Bahia. The artists will perform at the Roundhouse in Camden. For the presentation in Brighton, at The Great Escape, Stylo G will replace Little Simz. Music workshops and debates will also take place on the 26 April and 3 May at the Roundhouse. Born in the 1950’s from a generation of musicians rehearsing new ways to play ‘rocksteady’, Reggae was synonymous with the Rastafarian songs, celebrating African roots by emphasising rhythmic repetition. The genre took its name from The Toots & The Maytals (one of the earliest groups to champion this new sound) song ‘Do the Reggay’. The style evolved in the cultural milieu of Jamaica and the Caribbean (former British colonies), with political lyrics that addressed the social and economic injustices experienced there. According to Jody Gillett, who manages the partnership between the UK and Brazil and co-curated this year´s event, project focused on artists from Bahia in 2013 and 2014 because of the lively “dub reggae” scene that is widespread in the state. “There are lots of amazing artists from other states in Brazil, it’s just we started this story with Bahia and it has been a very rich experience,” Gillett said when speaking exclusively to Brasil Observer. According to Monique Badaró, Advisor in International Relations for Bahia´s Department of Culture, who was also involved in the event, Bahia’s music scene has always had a strong connection to London. Having been exiled in the English capital in the late 1960s, the Bahian-born

Caetano Veloso would later sing about walking down Portobello Road, listening to the sound of Reggae in the song Nine out of ten, on his seminal album Transa, recorded in 1972. Badaró added that the experience of Bass Culture Clash in the UK is interesting for “placing contemporaries from both regions side by side, to look at the culture of reggae and, providing emerging artists the opportunity to exchange knowledge and experiences”. Badaró also recalled who the influences of reggae music in Bahia are were intensified after Gilberto Gil, also from Bahia released his version of No Woman No Cry, in 1979. The single, with the Portuguese title (‘Não chores mais’) sold over 500,000 copies in Brazil and inspired generations to come. “Currently, many independent bands on the scene play dancehall, dub and other derivatives of Reggae, and many musicians use sound effects and techniques inherited from the Jamaican style”. Since 2007, the Bahian Government, through its Department of Culture, has developed an international policy aimed at creating a new image of the state abroad. It was as a guest of Bahia Music Export program that Crispin Parry, director of the British Underground first had contact with Bahian culture and was introduced to a large crop of musicians connected to reggae, hip hop, dub and Afro sounds. Parry believes that the project is “a unique experience for artists to share the stage with their international peers and offers a fantastic opportunity for audiences to discover new music”. It will be the first presentation of the singer, songwriter and multi-instrumentalist Soraia Drummond in England, having performed in France last year. She hopes to find an audience of “people who have open hearts and minds to meet new sounds, to see how soundsystem culture was absorbed in Brazil”. After the 2013 edition, when the bands OQuadro and Os Nelson came to England, this was followed by shows in Ilheus and Salvador, in Bahia. The expectation for 2014 is that similar events will happen in Brazil at the end of the year. Jody Gillett hopes “to build on the success of last time and invites everyone to join us on the bass adventure”.

Soraia Drummond: soundcloud.com/soraiadrummond

Stylo G: soundcloud.com/stylogmusic

BASS CULTURE CLASH: BRAZIL X ENGLAND 3rd May | ROUNDHOUSE, LONDON | 19:30-23:30 | www.roundhouse.org.uk


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oud.com/ministereopublico

BAHIA REPRESENTA O BRASIL EM DUELO MUSICAL COM A INGLATERRA Por Gabriela Lobianco

JUS NOW: soundcloud.com/jusnow

Little Simz: soundcloud.com/littlesimz

8th May | THE GREAT ESCAPE, BRIGHTON | 12:00-16:00 | www.greatescapefestival.com

O projeto musical do British Underground que pretende destacar o significado global do Reggae e da Bass Music está de volta para sua terceira edição: Bass Culture Clash: Brazil x England acontece nos dias 3 e 8 de maio, primeiro em Londres e depois, em Brighton. Será a segunda vez em que o Brasil se destaca nesse projeto de intercâmbio de influências e fusões musicais dentro de tais ritmos. A edição deste ano contará com os artistas Little Simz e JUS NOW, do Reino Unido, e Ministereo Publico e Soraia Drummond, do Brasil. Eles se apresentarão no RoundHouse, em Londres. Na apresentação em Brighton, no The Great Escape, o artista Style G substitui Little Simz. Oficinas, workshops e debates de música também acontecem nos dias 26 de abril e 3 de maio como parte integrante do festival, somente em Londres, no RoundHouse, em Candem Town. Nascido na década de 1950 em uma geração de músicos que ensaiavam novas maneiras de tocar ‘rocksteady’, o Reggae apareceu com os cânticos rastafári de raízes africanas, enfatizando a repetição rítmica. O termo ficou conhecido depois que o grupo Toots & The Maytals gravou ‘Do the Reggay’. O estilo evoluiu da cadência da Jamaica e do Caribe (excolônias Britânicas), trazendo letras cada vez mais politizadas que abordavam a injustiça social e econômica. Segundo Jody Gillett, curadora dos artistas brasileiros e encarregada pela conexão entre parceiros do Brasil e Reino Unido junto ao British Underground, o Bass Culture Clash focou a Bahia nas edições de 2013 e 2014 devido a forte cena “reggae dub” difundida no Estado. “Existem muitos artistas incríveis de outros lugares no Brasil, mas começamos essa história com os baianos e tem sido uma experiência musical muito rica”, disse com exclusividade ao Brasil Observer. Como afirmou Monique Badaró, assessora de Relações Internacionais da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, a cena musical baiana tem muita proximidade com Londres. Exilado na capital inglesa no final da década de 1960, Caetano Veloso cantaria mais tarde que caminhava na Portobello Road ao som do Reggae – canção ‘Nine out of

tem’, parte integrante do disco Transa, de 1972. Por isso, disse Badaró, a experiência do Bass Culture Clash no Reino Unido é interessante por “colocar lado a lado os trabalhos de ambas [as cidades] em torno da cultura do reggae e seus derivados contemporâneos, propiciando aos artistas emergentes a possibilidade de troca de informações, conhecimentos e experiências”. Badaró também relembra que as influências do reggae são antigas na música baiana e se intensificaram a partir da versão de Gilberto Gil de ‘Woman no Cry’, de Bob Marley, em 1979. O compacto, com título em português de ‘Não chores mais’, vendeu mais de 500 mil cópias no Brasil. “Atualmente, várias bandas da cena independente tocam dancehall, dub e outros derivados, sendo que muitos músicos utilizam efeitos sonoros e técnicas herdadas do estilo jamaicano”. Desde 2007, o Governo do Estado da Bahia, através de sua Secretaria de Cultura, desenvolve uma política internacional voltada a criar uma nova imagem da Bahia no exterior. Foi como convidado do programa Bahia Music Export que o diretor do British Underground e produtor no Reino Unido do Culture Clash Project, Crispin Parry, teve contato com a cultura baiana e foi exposto à grande safra de músicos ligados aos ritmos do reggae, hip hop, dub e sons afros. Parry acredita que o projeto é “uma experiência única para os artistas dividirem o palco com seus pares internacionais e oferece uma oportunidade fantástica para o público descobrir novas músicas”. Será a primeira apresentação da cantora, compositora e multi-instrumentista Soraia Drummond na Inglaterra, apesar de ela já ter se apresentado na Europa, no ano passado, na França. Ela espera que as apresentações contem com “pessoas que tenham coração e mente abertos para conhecer o novo, para perceber como a cultura soundsystem foi absorvida e resignificada em nossa brasilidade”. Na versão de 2013, quando vieram para a Inglaterra as bandas OQuadro e Os Nelson, também aconteceram shows em Ilhéus e Salvador. A expectativa para a edição de 2014 é que o evento aconteça no final do ano no Brasil. Jody Gillett espera que o sucesso de 2013 se repita e que “muitos se juntem nessa aventura”.


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LET’S TALK ABOUT BRAZILIAN CINEMA

FALEMOS DE CINEMA BRASILEIRO

By Ricardo Somera

Por Ricardo Somera

In the last decade, Brazilian cinema has changed a lot. This transformation has led millions of people to the cinemas (some for the first time), launched popular jargon (as was the case of Tropa de Elite, or Elite Squad in English) and seen Brazilian films awarded the top accolades (Cidade de Deus/City of God). For those who are still a newbie and know little about our cinema, you should first know that our emerging industry is divided into two parts: derivatives and authorial. Derivatives are adaptations of television series, plays and even TV novellas. Authorial films are based on books and those made by directors with a recognisable artistic footprint. From 8 to 13 May the Odeon Covent Garden hosts the sixth edition of the Brazilian Film Festival, which is a great opportunity for British and Brazilians living in London know a little more about our rich film culture. That said, I was a little disappointed to see that compared to the previous two years, when I started to follow the festival, there has been a noticeable shift in the selection, perhaps to target a new audience. Serra Pelada, translated to Bold Mountain, is probably seen as the most prominent of this year’s selection thanks to its large cast and established director, Heitor Dahlia (Cheiro do Ralo), but the film proved a box office flop attracting just 100,000 viewers in its debut weekend in Brazil. As the film is a derivative of the popular Serra Pelada series, broadcasted on TV Globo, it looks as though everyone skipped the ticket and popcorn price and waited to see the movie for free on TV months later. Most of the other films selected have only circulated in the art circuit in some capitals of Brazil, so have not been seen by many Brazilians, or critics. Two of them worth a look: Meeting Sebastião Salgado and Tattoo. The first because it shows the life and work of the best known Brazilian photographer in history and the second for being one of the most critically awarded Brazilian films of the year. Tattoo follows the romance between an 18 year-old soldier and a cultural agitator who owns an anarchist cabaret. The story highlights the clashes and reflections of a generation, while the audience analyses from the periphery. It has been a good year for Brazilian cinema, with many box office records broken, largely down to the success of entertaining and accessible films starring comedians, like the hilarious Minha Mãe é uma Peça starring Paulo Gustavo, and Meu Passado me Condena starring Fabio Porchat. If you’re looking for something with a little more substance and quality, it is better to revisit Fernando Meirelles, Eduardo Coutinho, Walter Salles and Jose Padilha, who unfortunately are not included at this year’s event in Covent Garden. Though those who want to see what’s happening in Brazilian cinema need not wait for the annual event as it was announced that the film The Way He Looks, directed by Daniel Ribeiro and winner at the Berlin Film Festival 2014 will be screened in the UK in November after Peccadillo Pictures bought the broadcast rights. For more information about the Brazilian Film Festival of London and to see the full schedule, visit www.brazilianfilmfestival.com.

Na última década, o cinema brasileiro mudou – e muito. Levou milhões de pessoas ao cinema (algumas pela primeira vez), lançou jargões populares (como foi no caso de ‘Tropa de Elite’) e foi premiado pelos principais prêmios do mundo (‘Cidade de Deus’). Pra quem ainda é novato e conhece pouco sobre o nosso cinema, saiba que a nossa novíssima indústria é dividida em duas vertentes: derivados e autorais. Os derivados são aquele tipo de filme que são adaptações de séries de televisão, peças de teatro e até mesmo personagens de novela. Os autorais são aqueles baseados em livros e de diretores com uma pegada mais artística. De 8 a 13 de maio, no Odeon de Covent Garden, acontece a sexta edição do Brazilian Film Festival, que é a oportunidade de ingleses e brasileiros que moram em Londres conhecerem um pouco mais sobre a nossa cultura e matar a saudade. Pena que em comparação aos dois anos anteriores – quando comecei a acompanhar o festival – a seleção tenha tido uma queda de qualidade na meta de mostrar o que o cinema teve de melhor no ano anterior, no caso 2013. ‘Serra Pelada’ é o filme de maior destaque entre os selecionados devido ao grande elenco e também ao diretor Heitor Dália (‘O Cheiro do Ralo’), mas foi um fracasso de bilheteria atraindo apenas 100 mil espectadores no fim de semana de estreia no Brasil. Era de se esperar, já que o filme é uma condensação da série Serra Pelada, exibida pela TV Globo – todos esperaram para ver o filme de graça pela TV meses depois. Grande produção de uma história mal contada. A maioria dos demais filmes selecionados só circulou no circuito de arte de algumas capitais do Brasil, quase não sendo visto pelos próprios brasileiros. Mas dois deles vale o seu olhar: ‘Revelando Sebastião Salgado’ e ‘Tatuagem’. O primeiro porque mostra o trabalho do maior fotografo brasileiro da atualidade; o segundo por ser um dos filmes brasileiros mais premiados do ano. ‘Tatuagem’ acompanha o romance entre um soldado de dezoito anos e um agitador cultural, dono de um cabaré anarquista: confrontos e reflexões de uma geração analisados a partir da periferia. O cinema brasileiro bateu recordes de bilheteria em 2013 com os filmes estrelados pelos maiores comediantes de stadup comedy do país, como o divertido ‘Minha Mãe é uma Peça’, estrelado por Paulo Gustavo, e ‘Meu Passado Me Condena’, estrelado por Fábio Porchat. Mas, se você está atrás de qualidade, é melhor revisitar Fernando Meirelles, Eduardo Coutinho, Walter Salles e José Padilha, que infelizmente não estarão circulando por Covent Garden. Em tempo: premiado no Festival de Cinema de Berlin de 2014, o filme ‘Hoje eu quero voltar sozinho’, de Daniel Ribeiro, teve os direitos de exibição no Reino Unido comprados pela Peccadillo Pictures. Deve estrear em novembro, com o título ‘The way he looks’. Para mais informações sobre a sexta edição do Brazilian Film Festival of London, acesse www.brazilianfilmfestival.com.

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‘Meeting Sebastião Salgado’ and ‘Tatoo’ are the best movies to see during the Brazilian Film Festival of London


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MONA KUHN: ACIDO DORADO Until May 10 Where Flowers Gallery – 82 Kingsland Road (E2 8DP) Tickets Free >> www.flowersgallery.com

Abstraction is key in Mona Kuhn’s new series of works. On view will be a selection of photographic works ranging from landscapes, architectural details, reflections and a single figure repeatedly obscured and dislocated. The human figure emerges like a surrealist mirage, fragmented and indistinct, only to be submerged in shadows or over exposed. The building’s facade is glass and mirrors; it serves as an optical extension to the artist’s camera and lens. Light is split into refracting colours, desert vegetation grows sideways, inside is outside and outside in.

Mona photographs beautiful nudes that are not simply about being naked. They are about the body being a residence of who we are as human beings. Through intimacy with her subjects, knowledge of traditional iconography, and technical mastery, Kuhn portrays the complexities of human nature, both tempting and provoking the viewer’s imagination. Born in Brazil in 1969, the first child of German parents, Mona Kuhn currently resides in Los Angeles. She has exhibited extensively in the United States, Europe, and South America.

Where Koko – 1a Camden High Street (NW1 7JE)

Where Islington Assembly Hall – Upper Street (N1 2UD)

Where Barbican | Tickets £10-£45

Tickets From £10 >> www.thelukas.co.uk

Tickets £28 >> www.islington.gov.uk/assemblyhall

>> www.barbican.org.uk

LATIN-UK AWARDS

MARCOS VALLE

RODRIGO AMARANTE

April 30

May 10

May 21

The annual Latin-UK Awards (better known as The LUKAS) is Britain’s only spectacular showing off the best of Britain’s diverse Latin cultures - from Flamenco and Kizomba to Salsa, Samba and Tango. The best home-grown Latin talent will perform on stage, joined by international stars, like Puerto Rican Salsa superstar Yan Collazo. Brazilian Rapper Aggro Santos will also give a special performance, as well as Royal Ballet Dancers Fernanod Montaño, Thiago Soares and Marianela Nuñez.

Marcos Valle is for sure one of the major songwriters of MPB (Brazilian Popular Music). As author of more than three hundred songs, with music that has been recorded by artists like Elis Regina, Tim Maia, Roberto Carlos, Sarah Vaughan, Chicago, Dizzy Gillespie. Marcos has had big success on the European dance floors since 1990 with both his original recordings and the re-recordings and re-mixings of his music by other artists and by DJ’s not only in Europe but also in Japan and China.

Rodrigo Amarante is a songwriter and multi-instrumentalist that has made an international name with his band Little Joy (alongside The Strokes’ drummer Fab Moretti and Binki Shapiro) and by recording and playing with Devendra Banhart on his last three albums. Amarante is an inescapable figure in Brazilian music and has influenced a whole generation in his homeland. After the last 5 years of voluntary exile in the US he has now made his first solo album entitled Cavalo - which will be released worldwide by Mais Um Discos on May 5th 2014.

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NEW CANVAS OVER OLD

FEW THINGS I’M LOVING ABOUT RIO By Kate Rintoul

It has been a busy few weeks in Rio - apartment hunting became a full time job with viewings every day and repetitive checking of ‘Bom Negocio’ (like Gumtree in Brazil). Just as we were giving up hope, we found a bijou little place that already feels like home. Ironically we had spotted the apartment online in the first week of the search but had discounted it because it didn’t have wifi, which we thought would be a hassle to have fitted but unlike in the UK where you have to wait weeks to get an engineer out - in Brazil you can be up, running and online in 72 hours. This is just one recent discovery that I love about Brazil, so as this week I thought I would share a few other things I am loving about Rio. 1. KILO DINING All Brazilians in the UK - aren’t you missing your visits to the Kilos? For other readers, Kilos are a form of buffet dining but rather than the “all you can eat” you pay by the kilo and are free to choose from a huge variety of dishes. This suits my indecisive nature as I invariably end up feeling that I made the wrong choice in restaurants. This is why kilos are great - you can pick little bits of things without having to commit to a whole plateful. For me the best bit is the extensive salad bar. I have already sermonised on the virtues of Brazilian produce so I won’t go into it again, suffice to say it’s very easy to get your five a day here and enjoy every mouthful. 2. THE FACT THAT EVERYONE IS SO FRIENDLY You know that moment when someone stops to help you, or you exchange a friendly smile with someone? These small gestures of empathy are what make us human but unfortunately they are too far between in most cities. In my six weeks here I have had innumerable lovely exchanges with complete strangers; each has filled me with a little more faith in people and made me feel welcome. 3. FINDING ART DECO TREASURES I knew a little about Rio’s great Art Deco architecture before came but I hadn’t expected to find myself walking down whole streets lined with wonderful deco features. While some of the buildings look a little shabby, this only seems to add to their charm because such is the credibility of the design that they can still look impressive, even with chipped paintwork, ‘Pixação’ and satellite dishes. 4. THE WEATHER I hadn’t wanted to write about this, I know it is an obvious choice but I saw on Facebook that you’ve been enjoying a nice spring in London so I’m gonna go for it. The weather is AMAZING - seriously when does the novelty of being able to wear summer clothes all the time wear off? 5. EXPLORING THE DIFFERENT NEIGHBOURHOODS Because apartment search took longer than we expected, we ended up moving around, so far we’ve lived in Laranjeiras (green and family orientated), Copacabana (2 blocks from the beach, with a fair few fellow gringos about), Lapa (rough and ready but packed with charm), Santa Teresa (a peaceful bohemian hill top village) and now Gloria (lively and full of people on the go). It’s been great to explore each area, especially on foot, within ten minutes you can go from a high brow classical musical recital in a square to a packed fish market.

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ALGUMAS COISAS QUE ESTOU AMANDO NO RIO Por Kate Rintoul

Lá se foram mais duas semanas no Brasil, desta vez no Rio de Janeiro. Duas semanas, aliás, de uma correria danada – a busca por um apartamento para morar se tornou um verdadeiro “full time job” com visitas diárias e pesquisas repetitivas no site Bom Negócio. Quando estávamos quase desistindo, encontramos um pequeno apê suficientemente aconchegante para nos sentirmos em casa. Ironicamente, havíamos descartado o lugar na primeira semana de busca porque não havia wifi, que pensávamos ser tão difícil de instalar quanto em Londres, onde temos que esperar semanas para a instalação – no Brasil é possível se conectar em até 72 horas. Esta foi apenas uma das recentes descobertas, então decidi compartilhar algumas outras coisas que estão me fazendo amar o Rio. 1. COMIDA POR QUILO Brasileiros no Reino Unido, vocês não sentem falta da comida por quilo? Eu simplesmente adoro esse sistema, com as diversas opções que ele traz – muito mais do que aqueles em que você pode comer o quanto quiser. Combina muito mais com minha natureza indecisa, já que eu invariavelmente acabava fazendo uma escolha que no final me fazia sentir ter optado pelo prato errado. Por isso os famosos quilos são ótimos: você pode escolher pequenas porções de cada coisa sem ter de se comprometer com um prato imenso. Para mim o melhor são os variados tipos de salada. Já escrevi sobre as virtudes dos vegetais brasileiros então não vou me estender; é suficiente dizer que os quilos são excelente opção. 2. O FATO DE TODOS SEREM AMIGÁVEIS (1) Kilo Food, (2) Art Deco in Lapa, (3) Summer all year and (4) Gloria, where I’m living now

Sabe aquele momento quando alguém para o que está fazendo para te ajudar, ou quando você troca um sorriso com alguém? Esses pequenos gestos de empatia são o que nos tornam humanos, mas infelizmente estamos sempre correndo nas grandes cidades. Nas minhas seis semanas aqui eu tive incontáveis trocas de gentilezas com pessoas completamente estranhas; cada uma delas me fez ter mais fé nas pessoas e me fez sentir muito bem-vinda. 3. DESCOBRIR TESOUROS DA ‘ART DECO’ Eu conhecia um pouco da grande arquitetura ‘Art Deco’ do Rio antes de chegar, não esperava me deparar com ela ao caminhar por ruas inteiras. Ainda que alguns prédios se encontrem meio sujos, parece que isso apenas adiciona mais charme porque é tamanha a credibilidade do design que eles ainda parecem impressionantes. 4. O CLIMA Não queria escrever sobre isso. Sei que é óbvio. Mas tenho visto no Facebook que aí em Londres vocês estão curtindo a primavera então... O cilma aqui é SENSACIONAL – sério, podemos usar roupas de verão o tempo todo! 5. EXPLORAR DIFERENTES BAIRROS Por conta da busca pelo apartamento ter demorado mais do que pensávamos, acabamos nos deslocando bastante. Até agora moramos no bairro Laranjeiras (muito verde e familiar), Copacabana (a duas quadras da praia, com muitos gringos indo e vindo), Lapa (cheia de charme), Santa Teresa (pacífica e boêmia) e agora Glória (muito viva e cheia de pessoas passando pra lá e pra cá). Tem sido incrível explorar cada área, especialmente caminhando.


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TRAVEL

AMAZON: INTO THE WILD

Escaping the stressful routine of large cities is what many tourists seek to do when choosing a holiday destination and Brazil certainly has many options for this. Of course those seeking relaxation often first think of the country’s numerous beaches, but what about finding rest and enjoyment in the heart of the Amazon rainforest? You can enjoy the comforts of some great hotels, ranging from luxury to more rustic guesthouses, all while in the jungle. The hotels and local agencies offer tourists the opportunity to experience living with the local population and to experience firsthand the amazing fauna and flora of the region. Swim with pink river dolphins, see the handicrafts of the region, and take part in some alternative activities from fishing with locals to forest trails, and

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Amazônia Golf Resort

Ariaú Amazon Towers

AMAZÔNIA: NO CORAÇÃO DA SELVA

Juma Amazon Lodge

Fugir da rotina estressante das grandes cidades é o que muitos turistas buscam na hora de escolher um destino para viajar. E, no Brasil, não faltam opções para isso. Quando o foco é relaxar, porém, é mais comum listar as inúmeras praias que o país possui. Mas você já pensou em buscar o descanso no coração da floresta Amazônica? Dos luxuosos aos mais rústicos, a estrutura hoteleira da região oferece aos turistas a oportunidade de viver experiências com a população local e a incrível interação com a fauna e flora. Visita aos botos cor-de-rosa, artesanatos, pescaria, trilhas na mata, passeios noturnos, contemplação do nascer do sol são alguns dos atrativos que fazem a experiência dentro da selva inesquecível.


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night walks before contemplating sunrise surrounded by nature. These are just some of the attractions that make the jungle experience memorable and unique. When it comes to eating, a wide variety of flavours from the region enrich the menus of local restaurants thanks to the influence of indigenous, Portuguese and African cuisine. Specialties include the various species of freshwater fish, the delectable forest fruits and unusual local spices. Here, Brasil Observer has listed three options of hotels in the jungle, to help you appreciate the diversity of hospitality available in the Amazon. ARIAÚ AMAZON TOWERS Designed by the famous French oceanographer Jacques Cousteau and located 60 km from Manaus, this is a traditional resort

consisting of eight wooden towers built on stilts. Some activities include walking 6km in the hotel’s suspended walkway, touring the jungle, piranha fishing, taking a canoe trip, observing nocturnal animals, visiting native homes, seeing pink river dolphins and observing the Meeting of the Waters (Rio Negro and Solimões). Ariaú Amazon Towers offer packages for up to four days and three nights, the values range from £140 to £490, for more information visit: www.ariau.tur.br. JUMA AMAZON LODGE This lodge has 20 cabins designed with consideration of the surrounding forest. Located 100 miles southeast of Manaus on the banks of the Rio Negro near the Meeting of the Waters, a stay at this hotel is one to remember.

Local food

The cabins are one of the main attractions of the hotel, which seeks to drawer out the adventurous spirit of guests looking to appreciate living on the Amazon River. The accommodation is located in the treetops and includes a balcony, private bathroom and hammocks, in some cabins hot water is provided by solar panels. The lodge’s tour packages include daily ones, without the need to stay overnight and go up to six days and five nights. Prices range from £200 per night for a single room to £1,200 per night for a special cabin on the lake. More information is available: www.jumalodge.com.br. AMAZÔNIA GOLF RESORT This is the most modern and well equipped resort, with countless activities and modern recreational facilities to enjoy.

Rio Negro e Solimões River

Além disso, a grande variedade de sabores da região enriquece o cardápio dos restaurantes locais, boa parte proporcionada pela influência da culinária indígena, portuguesa e africana – com as diversas espécies de peixes de água doce, frutas e temperos. O Brasil Observer elencou três opções de hotéis na selva para que você possa entender a diversidade que a região proporciona.

Alguns atrativos incluem caminhada de 6 km em passarela suspensa, tour pela floresta amazônica, pesca de piranha, viagem de canoa, observação de animais noturnos, visitas a casas de nativos, contato com botos cor-de-rosa e observação do Encontro das Águas (Rio Negro e Solimões). Há pacotes de até quatro dias e três noites e os valores vão de R$ 499 a R$ 1.750. Informações: www. ariau.tur.br.

ARIAÚ AMAZON TOWERS

JUMA AMAZON LODGE

É um tradicional complexo turístico com oito torres de madeira construídas em palafitas. O hotel foi idealizado pelo oceanógrafo francês Jacques Cousteau e está localizado a 60 km de Manaus.

Possui 20 cabanas construídas de forma integrada à Floresta Amazônica. Localizado a 100 km a sudeste de Manaus às margens do Rio Negro nas proximidades do Encontro das Águas.

For family holidays, the hotel has swimming pools, a kid’s club, playground, teen’s club, a snack bar, spacious lounge. Couples seeking a more restful time should visit the onsite Spa, saunas, fitness centre and restaurants. Planning a special occasion? The hotel also boasts separate areas for parties, events, dances, diverse cuisine, and of course the 18 hole Golf course. The hotel also operates scheduled torus and activities in the Rainforest. Activity packages also include daily regional coffee tastings, art workshops, rabbit hunting games and competitions. Located 58km from the international airport of Manaus, no doubt some of the England team’s entourage will be staying here in June! Some apartments can be rented from £460 per night. For more information visit: www.amazoniagolf.com.br.

Pink river dolphins

As cabanas são em si um dos principais atrativos do hotel. Foram feitas para priorizar o espírito aventureiro do hóspede valorizando a forma de viver do ribeirinho amazônico. As acomodações estão situadas na copa das árvores e incluem varanda, rede, ventilador, banheiro privativo e redário. Algumas cabanas possuem água quente por aquecimento solar. Os pacotes turísticos incluem diária com e sem pernoite. Há pacotes de hospedagem que varia de um dia sem pernoite até seis dias e cinco noites. Nos pacotes maiores, o hotel oferece pernoites na selva. Os valores variam de R$ 702 (quarto individual) a R$ 4.468 (cabanas especiais do lago). Mais informações: www.jumalodge.com.br.

AMAZÔNIA GOLF RESORT Conta com moderna estrutura de lazer com, piscinas, saunas, kid´s club, playground, fitness center, Teen´s club, restaurantes, snack bar, amplo salão e diferenciados espaços para festas e eventos, SPA, programação de passeios na floresta, bailes, festas, culinária diversificada, e um campo de Golfe com 18 buracos. Localizado a 58km do aeroporto internacional de Manaus. Os pacotes incluem diária com café regional, oficinas de artes, além de brincadeiras de caça ao coelho e gincanas. Apartamentos duplos podem ser alugados por três parcelas de R$ 567. Mais informações: www.amazoniagolf.com.br.


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MUSIC TO WEAR

STYLE WITH ADIFFERENCE Translated by Marielle Machado

Some of the best things in life are the restlessness moments that are not part of our usual pattern - late night chats, surprising experiences, dancing until the sun comes up to name a few. The Music to Wear blog and column is the creation of two writers looking to share these personal experiences and also explore the cultural differences they notice between Brazil and the UK outside of their private conversations. We see this as a way to expand discussions about culture, music, style, standards and everything else. For us an outfit is not just clothes you wear – but a representation of experiences, emotions and cultural references, through which we express who we are at a specific moment. This is by no means a style guide or fashion “how to”, so before you go looking for our professional background on the subject, we’ll save your time and tell you that we have no intentions of coming up with rules here. In fact, it will most often we’ll be doing precisely the opposite. Through the lens of fashion, we to talk about real life, our daily influences and things we simply love. From amazing travel stories to amazing discoveries we make without leaving the house. Music to Wear is a conversation between two friends with similar interests who currently live in two very different cities: London and Vitória, Brazil. We admit that we probably don’t know much about a lot of things. We know what we like and dislike and yet we’re happy to have open minds and to run into contradictions when something we once thought was ugly becomes beautiful or vice versa. Even though we talk about clothes – this is NOT another fashion column. We won’t just prescribe how to apply makeup – we’ll tell you about amazing colours and new discoveries. We won’t paste photos of perfect g

but unattainable interiors, instead we’ll tell you how we translate trends into our actual homes. This is not another blog about cooking, but we will talk about food. Despite the name, it’s not exclusively about music, but we will share our loves with you. The truth is that we both need to exercise our creativity and fill up our lives with beautiful things every day and we just want to share a little bit of this with you.

WHO WE ARE: MARIELLE MACHADO (TEKA) Teka is a marketing executive who currently lives in London with her Scottish husband, but always lets her mind wander far beyond the city she lives in. She rediscovered her style after she moved to London when she embraced her inner fashionista and began to have fun exploring the various possibilities the city offered. Teka loves the life she has, but often wishes to be back home in Brazil. A self-professed fashion victim of her own style, she is always on the lookout for amazing deals and incredible places to visit. Her humour sways between sweet and sour in a heartbeat and she loves good music. BIANCA BRUNOW DALLA (BIA) Bia is a journalist with a passion for design, interior decoration and experimental cooking. She lives in Vitória with her husband, their mini vegetable garden and imaginary pets. Bia likes to experiment the colours of makeup and has been having fun with clothes since she was a child. While she travels a lot in her own imagination, she wants to travel more (in the conventional way). She loves where she lives but would love it even more if she could make use of her coat collection. In fact, she is slightly envious of Teka because of that, until she remembers she can eat rice and beans every single day in Brazil.

This column is monthly, but if you can’t wait till then this conversation continues at www.musicaparavestir.co.uk

ESTILO COM DIFERENCIAL Por Bia Brunow Dalla

Conversas de madrugada, troca de experiências, bonitezas compartilhadas e uma inquietude com tudo que insiste em se encaixar em um padrão. A coluna Music to Wear será uma forma de compartilhar nossas experiências pessoais e diferenças culturais entre Brasil x Reino Unido sem a segurança das conversas particulares. É ampliar uma discussão sobre cultura, música, estilo, linguagem, padrões e tudo mais. Acreditamos que uma roupa não é só uma roupa – mas um emaranhado de emoções e referências traduzidas nos tecidos e combinações daquele momento. E antes que você saia por aí procurando nossas referências técnicas do assunto, adiantamos que não temos a intenção de ditarmos coisa

alguma por aqui. O objetivo é uma publicação “vida real”, sobre influências diárias e coisas bonitas – histórias mirabolantes vividas tanto em viagens sensacionais quanto dentro de casa. Uma conversa entre duas amigas de amores parecidos, em cidades completamente diferentes. A gente não entende muito de muita coisa, só do que gosta e o que não gosta. Ainda sim vivemos esbarrando em contradições na medida que alguma coisa feia se torna bonita ou o contrário. Essa não é uma coluna de moda, mas fala de roupa. Não é de maquiagem, mas fala de cor. Não é de decoração, mas fala de (in) utilidades bacanas. Não é de culinária, mas fala de comida. Não é de música, mas fala de amor. A grande verdade é que a gente precisa exercitar a sensibilidade pra encher a vida de coisas bonitas a cada dia.

SOBRE AS AUTORAS: PHOTOS: PERSONAL ARCHIVE

MARIELLE MACHADO (TEKA) Formada em publicidade, mora em Londres com o marido escocês e seus pensamentos grandes demais até pra cidade onde vive. Redescobriu seu estilo depois de se mudar para o Reino Unido. Em Londres conheceu seu lado fashionista e começou a se divertir com as possibilidades diversas da cidade. Ama a vida que tem, mas amaria ainda mais poder voltar pra casa, no Brasil. Fashion Victim dos seus próprios gostos, vive garimpando por aí uma oferta imperdível e paisagens incríveis para visitar. De um humor docemente ácido e um excelente faro para boa música. g

BIANCA BRUNOW DALLA (BIA) Formada em jornalismo, apaixonada por design, decoradora (da sua própria casa) e cozinheira intuitiva. Mora em Vitória – ES com o marido, sua mini-horta e seus animais de estimação imaginários. Curte maquiagem porque tem cor e se diverte com roupas desde criança. Vive viajando no próprio mundo, embora deseje viajar mais (da forma convencional). Criativamente e profissionalmente inquieta. Ela mora no Brasil, mas tem um Pub inglês – veja bem? E só não gosta mais de onde vive porque não pode se enfeitar todos os dias com sua coleção de casacos de frio. Tem uma leve inveja da Teka por isso, amenizada pelo fato de que no Brasil tem feijão e arroz todo dia.

Por aqui essa conversa será mensal, mas continua em www.musicaparavestir.com.br


FOOD

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PHOTO: REPRODUCTION

COOKED LAMB WITH FENNEL By Luciane Sorrino

A tasty fusion between the meaty succulence of lamb and the unique aniseed flavour of fennel, cooked in one pot

I N G R E D I E N T S

I N G R E D I E N T E S

1 front leg of lamb (1,5 kg) 4 tablespoons extra virgin olive oil 500g tomatoes, peeled with seeds removed 2 bulbs of fresh fennel 1 onion, salt and pepper to taste

1 pernil dianteiro de carneiro de 1,5 kg 4 colheres de sopa de azeite extravirgem 500g de tomate sem pele 2 ramos de erva-doce fresca 1 cebola, sal e pimenta a gosto

P R E P A R A T I O N

P R E P A R A Ç Ã O

Wash the meat and trim off the excess fat, pat dry and cut into pieces. Clean the fennel bulbs, cut them into thin slices and set aside. Chop the onion into small pieces. In a large saucepan, heat the olive oil and fry the onion and the meat over a low heat. Season with salt and pepper while browning and add the tomatoes. Simmer for a few minutes. Add the fennel and cook over low heat for another half an hour, add a little water if necessary, and adjust the amount of salt to your taste.

Lave a carne e retire os excessos de gordura; seque-a e corte em pedaços. Limpe os ramos de erva-doce, corte-as em rodelas finas e reserve. Pique a cebola em pedaços pequenos. Em uma panela grande, doure o azeite, a cebola e a carne em fogo baixo. Tempere com sal e pimenta enquanto estiverem dourando e acrescente os tomates sem pele e sem sementes. Refogue durante alguns minutos. Junte a erva-doce, deixando cozinhar em fogo baixo durante meia hora, acrescente um pouco de água se necessário e ajuste a quantidade de sal.


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