Panfleto Sanitário #05

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A BAHIA RECEBE ////////// Como disse Dorival, se você ainda não foi a Bahia, vá! É o que fizeram os 14 convidados do Programa de Residência Artística da 3ª Bienal da Bahia. De 17 de março a 12 de maio, eles estiveram imersos na cultura baiana, produzindo trabalhos a partir dessa experiência e também auxiliando a pensar a Bienal como um todo. A lista consistiu de 13 artistas e uma crítica de arte: Omar Salomão, Vieira Andrade, Gustavo Carvalho, Milena Travassos, Camila Sposati, Charbel-Joseph H. Boutros, Eustáquio Neves, Luis Berríos-Negrón, Luisa Mota, Giselle Beiguelman, Rodrigo Matheus, Ícaro Lira, Paulo Nazareth e a crítica Lisette Lagnado. Segundo Marcelo Rezende,

Sacatar / Ilha de itaparica 2014 / foto (Foto Alfredo Mascarenhas)

PING PONG

CAMILA SPOSATI

QUAL É O SEU PROJETO PARA A BIENAL? O meu projeto chama-se “Teatro Anatômico da Terra” e está sendo realizado na Ilha de Itaparica. Estou trabalhando nele desde dezembro, quando vim para a Bahia. De lá para cá, fico em trânsito entre São Paulo, Salvador e Itaparica. A IDEIA DO PROJETO SURGIU AQUI? Não, esse projeto é resultado de uma longa pesquisa que venho fazendo há dois anos. Mas eu adaptei a ideia inicial ao contexto daqui. POR QUÊ? Eu estou fazendo um teatro subterrâneo, baseado num teatro anatômico de Pádova do século 16 e relacionado com o descobrimento do Brasil, já que a história do descobrimento está na Bahia. Esse é meu contexto histórico, cultural e mesmo geológico e arqueológico. Estou escavando o teatro atrás da ruína de uma fachada de um antigo armazém, construído em 1923. Gosto muito de perceber coisas que eu ignorava. No Renascimento, o mistério estava em compreender o interior do corpo humano e novas terras. No século 21, proponho que o mistério seja o corpo da Terra, remanências, vestígios passados e sua composição geológica, até porque entendemos hoje que a Terra é finita. COMO A 3ª BIENAL DA BAHIA ENTRA NESSE SEU MOMENTO COMO ARTISTA? Eu estou muito feliz de estar nessa Bienal. A pesquisa que foi feita sobre o Nordeste me interessa muito, é como descobrir coisas novas dentro daquilo que estamos acostumados a ver. Gosto de poder dialogar aqui, esse contexto é livre para trabalhar, menos ou quase nada envolvido com questões comerciais do artista e de galeria, como acontece em São Paulo, por exemplo.

F I N A

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diretor do MAM-BA e curador-chefe da Bienal, os curadores escolheram seus convidados tendo como critério sua disponibilidade em se envolver profundamente com as propostas da Bienal. “Ficamos pensando em nomes de artistas e pensadores que pudessem se entregar a essa experiência da Bahia da maneira que a gente estava imaginando, a ponto de poderem nos ajudar estruturalmente em tudo”, explica. A residência oficial dos participantes aqui foi a Fundação Sacatar, sediada na Ilha de Itaparica. Os artistas produziram de forma comunitária, pois, além de focarem em seus trabalhos individuais, colaboraram com as obras uns dos outros. O resultado desses projetos será apresentado durante a Bienal, que começa no dia 29 de maio. Fique atento!

MUSEU DE ARTE MODERNA DA BAHIA - MAIO 2014

PANFLETO SANITÁRIO

O T ES

EXPURGAR o mundo da náusea burguesa, da cultura “intelec “intelectual”, profissional e comercializada, EXPURGAR o mundo de arte morta, imitação, arte artificial, arte abstrata, arte ilusionista, arte matemática, – EXPURGAR O MUNDO DO "EUROPANISMO"!

M

PROMOVER UM FLUXO E promover arte viva, artística, para ser pessoas, não apenas

UMA MARÉ REVOLUCIONÁRIOS NA ARTE, anti-arte, PROMOVER REALIDADE NÃO inteiramente sacada por todas as críticos, diletantes ou profissionais.

FUNDIR os quadros de revolucionários culturais, sociais & políticos em uma ação & frente unidas. Manifesto do movimento Fluxus (EUA e Japão), 1963

ESPÍRITO DO TEMPO O QUE O FUTURO RESERVA PARA A CULTURA DA BAHIA? Só a cultura é capaz de transformar os seres humanos e lhes dar um sentido para a vida, porque a maioria desconhece os motivos de estar na Terra. Sem cultura, haverá na Bahia o dobro da miserabilidade já existente. Parapsicóloga Zezé, casa 1, atrás da Igreja do Bonfim Ilustração Isbela Trigo

Bruno Marcelo


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