3ª Bienal da Bahia | Manual do Professor

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MA N UA L D O P R O F ES S O R 3ª B I E NAL DA BAH IA



O nordeste geográfico e histórico se encontra diante de um outro, o Nordeste vivo no imaginário brasileiro (e em certa medida mundial) sobre a região. Um imaginário construído e contaminado por projeções ideológicas, distorções culturais, políticas de classe, determinismo geográfico e exaltação folclórica sustentada por todo tipo de imagem, mesmo as cinematográficas e televisivas. Mas, diante desse Nordeste moldado tanto pelo fato quanto pela imaginação, qual narrativa (e narrativas) o Nordeste pode oferecer sobre si mesmo a partir da experiência baiana?

Trecho do Projeto da 3ª Bienal da Bahia

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S U MÁR I O

3ª Bienal da Bahia..................................................................................................5 Museu Imaginário do Nordeste | Departamento: Formas de Educação...................7 Curso de Formação de Mediadores da 3ª Bienal da Bahia.......................................9 Bienais................................................................................................................11 Bienal da Bahia: um resgate necessário.................................................................15 Bienal Responde..................................................................................................21 Ficha técnica | Educativo 3ª Bienal da Bahia........................................................26

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3 ª B I E N AL DA B A H IA

A 3ª Bienal da Bahia é um projeto da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, realizado através do IPAC e da Fundação Hansen Bahia, com a direção geral do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Entre os dias 29 de maio e 7 de setembro de 2014, foram realizadas exposições, performances, reencenações, oficinas, encontros, publicações, ações educativas, residências, palestras, grupos de trabalho, mediações e itinerâncias em Salvador e diversas cidades do interior do Estado da Bahia, trazendo como tema a questão É tudo Nordeste? A 3ª Bienal cumpre um dever de retomada histórica em relação ao projeto de bienais da Bahia interrompido durante sua segunda edição em 1968 pela ditadura militar. Tomando a experiência baiana como ponto de partida para pensar questões universais, a 3ª Bienal ocupa museus, centros culturais, residências, escolas, ruas e diversos outros espaços.

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CADAST R O TODAS AS TE RÇAS, ÀS 1 6H.

O F I C I NA D E JAR D I NAG E M Cláudio Pinheiro

TO DAS AS Q UA R TAS , 1 4 H À S 1 6 H.

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D E S E N H O D E O B S E R VA ÇÃ O

O F I C I NA D E P I NTU RA

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PI NTE NA B I E NAL

Pr ofª . Olga Gome z

P r o f . Re n e r R a m a

Ma n i n h o A b r e u

TOD OS OS D OM I N G OS, 14H ÀS 1 8 H.

TO DAS AS Q U I N TAS , 1 4 H À S 1 7 H.

TO D O S O S D O M I N G O S, 1 5 H ÀS 1 7 H .

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AÇÃO M U R AL AB E R TO

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G R U PO DE PESQU ISA E M G R AVU R A P r o f . Ev a n d r o S y b i n e | P r o f . R e n a t o F o n s e c a

R E TRATO N O PÁTI O

Pr ofª . Hild a S a lomã o

Rafael Martins

TODAS AS S E G U N DAS, MAM E I TI N E R Â N CI AS .

D O M I N G O S , DAS 1 7 H À S 1 8 H.

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Cartazes de divulgação de atividades propostas pelo Educativo da 3ª Bienal da Bahia


M US E U I M AG I NÁ R I O D O N O R D E ST E D E PA R TA M E N TO : F O R MAS D E E D U CA ÇÃ O Por Maria Ferreira

Partindo de um levantamento de histórias, eventos, situações e contextos, do e no Nordeste, com foco no Estado da Bahia, o Educativo da 3ª Bienal da Bahia propõe-se reconhecer e mediar possíveis caminhos, cruzamentos e encontros, dentro e fora do museu; estabelecer pontes entre os locais institucionais da Bienal e outros lugares, públicos e privados, criando novos circuitos, ativando conteúdos e experiências, posicionando-se no ‘entre lugar’ dessa cartografia. O Educativo recorre à experiência geográfica, humana, literária, visual, sonora, artística, para provocar diferentes modos de olhar, narrar e construir Nordestes, reais e imaginários. Mobilizado pelas coleções individuais e coletivas que se criam e mantêm a partir dessas experiências e narrativas, o Educativo propõe uma reflexão colaborativa sobre a questão que a Bienal apresenta. Nesse sentido, busca criar diálogos e interfaces com os educadores e educandos, frequentadores e artistas da Bienal, conhecendo e conquistando, em forma de pergunta, o Nordeste. Aliado à programação expositiva, o Educativo reúne uma equipe de mediadores, formados no Curso de Formação de Mediadores para a 3ª Bienal da Bahia, preparados para acompanhar o público e disponíveis para informar, explorar ideias e desenvolver, em. visitas agendadas e espontâneas, outras perspectivas e colocações. A relação com as escolas e outros centros educacionais estabelece-se a partir do cruzamento das suas programações e demandas com as exposições e ações educativas. O diálogo que antecipa a visita permite aferir pontos de interesse e programar estratégias de atuação dos educadores e dos alunos. O Educativo da 3ª Bienal da Bahia convida pessoas de várias gerações e disciplinas a viver o museu como uma casa e a desenvolver de forma autônoma essa relação. Durante a Bienal, o MAM-BA recebe o Museu Imaginário do Nordeste, que se configura como um espaço do Educativo, lugar de trabalho e de encontro, com atividades de caráter pontual, periódico e fixo, desenvolvidas e acompanhadas pelos nossos mediadores. Com as oficinas do MAM e Itinerantes, o Educativo apresenta e desenvolve, com professores e mediadores, técnicas de produção artística e processos criativos, trabalhando modos de ver e modos de fazer. O Educativo da 3ª Bienal da Bahia promove construções e atualizações de acervos e fronteiras pessoais, articulando experiência, experimentação, diálogo e reflexão. Participa assim de um mapa em progresso que se define e alarga na mesma medida que se revive e partilha.

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Cartaz do Curso de Formação de Mediadores para a 3ª Bienal da Bahia

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CURSO DE FORMAÇÃO DE MEDIADORES DA 3ª BIENAL DA BAHIA

A proposta do curso foi preparar mediadores, capacitando-os a desenvolver atividades específicas que potencializassem a fruição e a compreensão das expressões artísticas apresentadas na 3ª Bienal da Bahia. Os mediadores - em contato direto com o público - apontam e desenvolvem possibilidades a partir das experiências dos visitantes no contato com as obras e espaços expositivos que compõem a Bienal da Bahia. O intuito é estimular e estabelecer diálogos construtivos com o público e conduzir reflexões em torno da questão-tema É tudo Nordeste? e seus possíveis desdobramentos. A metodologia adotada procurou criar diálogos e reflexões sobre os processos da mediação cultural. Foram discutidas estratégias de inserção nas atividades educativas que preveem ações fundamentadas nesses conteúdos, privilegiando pensadores que estabeleceram pesquisas e programas a partir de experiências brasileiras, como Anísio Teixeira, Paulo Freire e Lina Bo Bardi. O conteúdo do curso foi orientado a partir do projeto curatorial da 3ª Bienal da Bahia. O curso, configurado como atividade de extensão pela EBA-UFBA em parceria com o MAM-BA, teve apoio do Teatro Jorge Amado e da Faculdade de Arquitetura-UFBA, com a coordenação geral da professora Mariela Brazón Hernández, a supervisão pedagógica da pesquisadora Maria Ferreira e o suporte acadêmico da professora Alejandra Muñoz. Os pré-requisitos para a inscrição foram ser maior de idade e ter ou estar cursando o ensino médio, o que garantiu um trabalho multidisciplinar, grupos heterogêneos e diálogos mais ricos e significativos. Contamos com 482 inscritos e 47 convidados, entre artistas, arte-educadores, curadores, pesquisadores e professores de universidades: UFBA, UNEB, UFRB, UFRN, UNIFACS, IFBA, UEFS, além de instituições culturais como MAM-BA, IPAC, MAC Buenos Aires, Bienal do MERCOSUL, Bienal de São Paulo e Circuito das Artes. O Curso de Formação de Mediadores aconteceu entre 25 de janeiro e 27 de abril de 2014, com uma carga horária total de 160 horas.

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Cartaz da 3ÂŞ Bienal de Havana

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B I E NAI S Por Felix White Toro

O termo “bienal”, quando usado como adjetivo, indica que algo acontece a cada dois anos. Esse sentido fica claro quando analisamos a palavra por partes: “bi” indica “dois” - assim como “bicampeão” é aquele que é campeão duas vezes e “enal” é relativo a ano - assim como “anual” indica que algo acontece todo ano. No entanto, o termo ganha outro sentido quando é usado como um substantivo. Esse outro sentido de “bienal” tem uma história datável, com um de seus principais marcos em 1895, quando uma cidade do norte da Itália usou o termo para designar uma grande exposição de obras de arte de artistas italianos e internacionais inéditas ao público do país, que se propunha a acontecer a cada dois anos. Essa exposição ficou conhecida pelo nome da cidade que a sediou, surgindo assim a Bienal de Veneza. Conforme Veneza realizou novas edições de sua Bienal de Artes, o evento foi se tornando cada vez mais internacional e obtendo maior reconhecimento. Ao passo que o evento ganhou notoriedade, o sentido de “bienal” como substantivo foi se estabelecendo. Assim, “bienal” passou a ser sinônimo de uma grande exposição de artes que reúne a produção internacional mais atual e relevante em um mesmo espaço, e que, como explicado anteriormente,, acontece a cada dois anos. Hoje existem diversos eventos bienais pelo mundo (bienal do livro, bienal de arquitetura, etc.), que seguem mais ou menos os mesmos moldes propostos pela Bienal de Artes de Veneza aplicados a diversas áreas (literatura, arquitetura etc.). No entanto, quando se fala apenas em “bienal”, sem especificar-se nenhuma área, entende-se que se trata de uma bienal de artes visuais. Isso ocorre não só porque a Bienal de Veneza foi de artes visuais e a primeira, mas também porque diversas das mais de trezentas bienais de arte que ocorrem hoje mundo afora conseguem se manter relevantes. O surgimento das bienais está relacionado às grandes feiras mundiais que ocorriam na Europa no século XIX e se estenderam pelo século XX. Essas feiras eram organizadas por países industrializados que reuniam e expunham as produções de destaque de suas indústrias visando obter relevância dentre os mercados e mentes internacionais. O modelo que a Bienal de Veneza acabou por popularizar é, em parte, um desdobramento do modelo das feiras mundiais no âmbito das artes. Ou seja, criou-se um modelo de Bienal que entende o evento como um agrupamento de uma produção artística de destaque com o intuito de obter relevância dentre mercados e mentes. Ouvimos ecos dessa relação quando vemos o texto de apresentação da 1ª Bienal de São Paulo, escrito por seu diretor artístico Lourival Machado em 1951: “Por sua

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própria definição, a Bienal deveria cumprir duas tarefas principais: colocar a arte moderna do Brasil, não em simples confronto, mas em vivo contato com a arte do mundo, ao mesmo tempo em que, para São Paulo, se buscaria conquistar a posição de centro artístico mundial. Era inevitável a referência à Veneza; longe de fugir-se a ela, procurou-se tê-la como uma lição digna de estudo e, também, como um estímulo encorajador”. A 1ª Bienal de São Paulo, em 1951, foi a segunda Bienal do mundo, e hoje organiza sua 31ª edição. A Bienal de Veneza em 2013 teve sua 55ª edição. A história dessas bienais é ampla e passa pela compreensão também da história política, social e cultural que o mundo e os respectivos países viveram no século XX. Ao longo desse processo formou-se um entendimento dentre público e meio artístico de que há uma relação direta entre a presença de um artista, estilo ou obra em uma bienal e sua legitimação nos mercados e nos circuitos críticos internacionais. Tal concepção de bienal, globalmente, passa por um momento importante de relativização quando Cuba, em 1984, inicia seu projeto de bienais com a realização da Bienal de Havana. A partir desse momento, a capital cubana inseriu um dado indispensável nas discussões sobre mercado, produção artística e centro e periferia: uma bienal voltada para as produções de lugares subrepresentados e periféricos aos circuitos tradicionais, realizada com foco na produção artística de países africanos e latino-americanos. A “Bienal do Terceiro Mundo”, como ficou conhecida, deslocou a função de uma bienal estabelecida pelo modelo baseado em Veneza e viabilizou novos campos de inserção de eventos artísticos em discussões contemporâneas das mais variadas ordens. No caso do Brasil, temos em 1966 – já sob o governo da ditadura civil-militar – um evento fundamental: a realização, em Salvador, da 1ª Bienal da Bahia, que buscava deslocar o centro da discussão artística do eixo Rio-São Paulo, evidenciando na Bahia um outro centro de produção e discussão no país. Em 1968, a 2ª Bienal da Bahia dá continuidade à proposta, mas poucos dias após sua abertura é fechada pelo governo ditatorial e algumas das obras expostas são censuradas. Desde então houve uma lacuna de 46 anos até que a Bahia conseguisse retomar o seu projeto de bienais, concretizado em 2014. A 3ª Bienal retoma o projeto de Bienais da Bahia em um momento no qual o Brasil vê surgirem novos centros econômicos e políticos, reconfigurando os papéis e as narrativas de cada região, e é também o momento no qual o país reflete sobre os cinquenta anos passados desde o golpe de 1964. No âmbito internacional, embora o modelo de bienal que Veneza acabou por popularizar ainda seja predominante, já não se pode ignorar a experiência de Havana. Nesse novo contexto, no qual é impreterível considerar-se múltiplos centros, trocas e experiências, a Bahia organiza, “à la cubana”, sua 3ª Bienal.

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Cartaz da 1ª Bienal de Sào Paulo

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Cartaz da 3ÂŞ Bienal da Bahia

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BIENAL DA BAHIA: Um Resgate Necessário Por Alejandra Muñoz

A Bienal da Bahia não é um evento novo como alguns pensam, menos ainda, uma invenção de um grupo contemporâneo. É, sim, o resgate necessário de um momento de encontro e discussão artística que foi abruptamente interrompido em 1968 quando se realizava a sua segunda edição. Portanto é pertinente recapitular o percurso que levou ao seu surgimento para embasar a discussão da reproposição da Bienal pelo atual Decreto Estadual nº 11.899 de 17 de dezembro de 2009. A Bienal surgiu em 1966 como afirmação do cenário artístico local em diálogo com a produção nacional. Sua proposta partia do reconhecimento de Salvador como centro de discussão de arte diante da trajetória de artistas locais e de um contexto cultural que se delineava desde meados dos anos 30. As primeiras mostras coletivas de artes plásticas, visando discutir a produção moderna, consolidaram-se entre 1937 e 1948 com os Salões da ALA (Ala de Letras e Artes), realizados em Salvador por artistas acadêmicos liderados pelo crítico Carlos Chiacchio. Ainda em 1944, foi realizada a primeira Exposição de Arte Moderna, na Biblioteca Pública (no antigo prédio da Praça Municipal), sob coordenação de Manuel Martins (que veio à Bahia convidado por Jorge Amado para ilustrar o livro Bahia de Todos os Santos). Dois meses mais tarde, a modo de “revanche”, foi realizada a Exposição Ultramoderna, no Hotel Palace, sob liderança de Wilson Lins (dono do O Imparcial). E poucos anos mais tarde – enquanto no Brasil nasciam instituições como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e a Sociedade de Arte Moderna de Recife (SAM, hoje Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães ou MAMAM) – em 1948, foi realizada a Exposição de Arte Contemporânea, na Biblioteca Pública de Salvador, organizada por Marques Rabelo e idealizada por Anísio Teixeira, então Secretário da Educação e Saúde do governador Otávio Mangabeira. Nesse contexto de sucessivas mostras coletivas, com foco na discussão da modernidade, em 1949, nasceu o 1º Salão Baiano de Belas Artes, no Hotel da Bahia, que teve outras quatro edições em 1950, 1951, 1954 e 1955 no Belvedere da Sé. Naquele mesmo ano, apareceu a revista Cadernos da Bahia, veículo de divulgação e defesa do modernismo e foi instalado o Bar Anjo Azul decorado com murais de Carlos Bastos que seriam os primeiros da arte muralista da Bahia. Em 1950, foi fundada a Galeria Oxumaré (primeira iniciativa de comercialização de obras de arte em Salvador), no Passeio Público, onde funcionou até 1961 e que acolheu, naquele primeiro ano, o 2º Salão Baiano de Belas Artes marcando a primeira participação de mulheres artistas. E essas foram algumas das iniciativas mais importantes ligadas estritamente ao campo das artes plásticas.

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Desde o último Salão Baiano de 1955, a Bahia vivenciou um desenvolvimento sem precedentes na área cultural que culminou com a fundação da Universidade da Bahia e do Museu de Arte Moderna da Bahia em 1959. Ambas as instituições, junto a iniciativas como o Clube de Cinema da Bahia, galerias e centros culturais como o ICBA, não só reforçaram um circuito local de artes visuais até 1964, como foram focos de uma elipse que englobou e catapultou a produção artística da Bahia para o contexto nacional e internacional. Porém, o golpe militar de 31 de março de 1964 impôs limites e restrições à liberdade de expressão, iniciando a desarticulação gradativa desse cenário crítico, intelectual e artístico que tinha se formado na Bahia até então. Nesse contexto, em 1966 foi proposta a I Bienal Nacional de Artes Plásticas, que focalizou a segunda geração de artistas modernos. Centrando a atenção nas propostas vinculadas ao abstracionismo, a I Bienal privilegiou manifestações que se afastavam do regional, da referência anedótica da cultura local e do contextual. Como evento, a Bienal suscitou polêmicas e debates, mobilizou o circuito baiano e agitou a cena cultural local. Em que pese um certo afastamento dos artistas do público e um crescente hermetismo da produção artística como saldo da primeira edição, dois anos mais tarde a Bienal voltou a ser proposta e intempestivamente extinta pelo autoritarismo vigente. Tudo indica que a II Bienal Nacional de Artes Plásticas da Bahia, realizada em 1968, foi interrompida mais pelas desavenças internas e o conflito de interesses do circuito local do que propriamente por motivos político-ideológicos. De um lado, havia um clima quase de boicote ou, pelo menos, de limitação do apoio nacional a qualquer evento no Nordeste que viesse comprometer a hegemonia da Bienal paulista realizada desde 1951. Então, a criação da Pré-Bienal de São Paulo foi uma estratégia de diminuir a relevância da Bienal baiana. Portanto, o abrupto fechamento da II Bienal pelas forças militares se não atendeu explicitamente a esse desejo de fora, esteve perto. Mas, por outro lado, a interrupção da II Bienal é um fato que veio a calhar encobrindo um fechamento conceitual e ideológico que emanava desde dentro da estrutura artística baiana. O fato de a discussão da Bienal ter como foco central a produção da Bahia tinha levado ao rompimento público de vários artistas locais consagrados, entendendo que a Bienal, numa lógica de “reserva de mercado”, deveria ser antes uma mostra da produção baiana, do que uma discussão de rumos estéticos “externos”. Sem dúvida, seria essa lógica, não apenas provinciana como paradoxal com qualquer noção de Arte, que determinaria uma discussão infindável perpassada pelo comodismo intelectual, a legitimação da mesmice e o estancamento de qualquer possibilidade de inserção dos artistas baianos em circuitos além dos limites estaduais. Todo esse clima de desencontro de opiniões e interesses no cenário político de repressão de 1968, somado aos sérios problemas administrativos da 3 organização do evento, levou ao esvaziamento da II Bienal e, consequentemente, ao enfraquecimento do movimento artístico local. Com a extinção da Bienal da Bahia truncou-se a possibilidade de problematizar, legitimar e afirmar não só a produção local além do horizonte do anedótico,

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Cartaz da 1ª Bienal da Bahia

folclorizado e/ou regional, como de fortalecer laços de uma produção do NorteNordeste, de fomentar intercâmbios dentro de um largo contexto cultural que nunca superou um entendimento fragmentário e circunstancial atrelado a ocorrências pontuais. A “cereja do bolo” desse processo de desmontagem artístico-cultural aconteceu na sexta-feira 13 de dezembro de 1968, com a promulgação do AI-5. Após mais de uma década de silêncio repressivo, com a retomada da democracia e num contexto artístico-cultural diferente, em 1988 foi proposto o Salão Baiano de Artes Plásticas, criado pela Secretaria da Cultura da Bahia, no MAM-BA sob coordenação de Zivé Giudice. O Salão Baiano teve mais uma edição em 1989 e, após um impasse, em 1994 foi retomado, à luz de outras iniciativas que foram reestruturando o circuito das artes visuais. Em 1991, o Centro Cultural Dannemann de São Fêlix realizou a 1ª Bienal do Recôncavo, evento bianual, atualmente com dez edições ininterruptas, e que se consolidou como evento regional de afirmação da produção do Nordeste. No ano seguinte, em 1992, a Fundação Cultural do Estado criou os Salões Regionais de Artes

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Visuais da Bahia, iniciativa dirigida à visibilidade da produção baiana, sobretudo dos artistas do interior do Estado. Ambos os eventos têm por base convocatórias públicas para seleção e premiação de artistas. A Bienal do Recôncavo evoluiu de grande mostra panorâmica regional a intercâmbios, residências e parcerias com instituições internacionais como a Academia de Brera em Milão e a Bienal de Havana. Os Salões Regionais (atualmente em sua 19a edição) têm garantido todos os anos duas ou três exposições coletivas diferentes realizadas em centros culturais das principais cidades do interior do Estado. Esses eventos contribuíram ao desenho do circuito artístico em pelo menos três escalas (local, regional e nacional). Em 1994 o Salão Baiano de outrora, então reproposto com alcance nacional como Salão MAM-Bahia de Artes Plásticas ou simplesmente Salão da Bahia, sob direção de Heitor Reis, foi realizado anualmente até 2006, constituindo uma boa estratégia de formação de acervo para o MAM-BA através dos prêmiosaquisição. Apenas nas duas últimas edições de 2007 e 2008, sob direção de Solange Farkas, o Salão da Bahia acrescentou reflexões críticas mais abrangentes, prêmiosresidências para artistas baianos e passou a incorporar os premiados dos Salões Regionais da FUNCEB na mostra, entre outros desdobramentos. Em paralelo a esse cenário, em 2006 surgiu o Circuito das Artes com objetivo de dar a conhecer e discutir a produção recente de artes visuais na Bahia mediante um sistema de exposições simultâneas em vários espaços culturais da área central da cidade. A partir de convocatória aberta e com financiamento público, desde 2013 a mostra tem ampliado sua ação como evento calendarizado da SECULT e com o projeto Triangulações que reúne três pontos do território artístico contemporâneo brasileiro, principalmente do Norte-Nordeste com mostra itinerante em três capitais. Em 2009, visando ampliar o potencial de prospecção, difusão e intercâmbio da cena artística, o Salão da Bahia foi extinto e foi proposta a Bienal Internacional de Artes da Bahia, dirigida por um conselho curador e voltada para a produção da África e América Latina. Simbolicamente, pretendia-se recuperar a Bienal da Bahia dos anos 60 enquanto instância de debate censurada. A antiga Bienal foi um meio de criar uma reflexão sobre o Norte-Nordeste desde Salvador e não uma reverberação ou assimilação acrítica do que se fazia em outros lugares. Mas também era uma oportunidade de trazer uma produção nacional que poderia contribuir à formação e afirmação do circuito Norte-Nordeste. Portanto, o que se pretende agora com a 3ª edição da Bienal da Bahia de 2014 sob o projeto “É tudo Nordeste?” é manter a coerência dessa trajetória das artes visuais, tanto pelo resgate atualizado da Bienal quanto pelas demandas e conquistas dos últimos anos a partir da dinamização do circuito com projetos, mostras e eventos articulados com o cenário nacional e internacional de eventos de porte similar.

* A autora é Curadora-Adjunta da 3ª Bienal da Bahia. O presente texto, versão integral da síntese sob mesmo título publicada in: A Tarde - Caderno 2, p.3, em 05nov.201, foi editado para subsídio do Curso de Formação de Mediadores da 3ª Bienal da Bahia, iniciado pelo Museu de Arte Moderna da Bahia em parceria com a Escola de Belas Artes da UFBA, no Teatro Jorge Amado, em 25/01/2014, Salvador, BA. © Alejandra Hernández Muñoz | Revisão: Cristina F. de Souza e Mariela B. Hernández

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Cartaz da 2ÂŞ Bienal da Bahia

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B I E N AL R E S P O N D E

1. O que é uma Bienal? Bienal é um evento que ocorre a cada dois anos, reunindo propostas artísticas organizadas a partir de um projeto curatorial. 2. O que é a Bienal da Bahia? O Estado da Bahia realizou, nos anos de 1966 e 1968, duas edições de bienais nacionais, reunindo a produção artística brasileira do período. Seu objetivo, era oferecer um espaço alternativo ao da Bienal de São Paulo, realizada desde 1951. No entanto, a 2ª Bienal da Bahia (1968) foi interrompida pelo regime militar poucos dias após sua abertura. 3. O que é a 3ª Bienal da Bahia? Após mais de quatro décadas, o Estado da Bahia retomou em 2009, por meio de um decreto, seu projeto de Bienais.. Devido ao longo tempo decorrido desde que a 2ª Bienal foi interrompida, a retomada do projeto implicou num grande processo de pesquisa e mobilização. Em 2013, a organização da 3ª Bienal foi iniciada (projeto curatorial, convites a artistas, elaboração de propostas educativas, produção de material editorial etc.). Em 29 de maio de 2014, a 3ª Bienal da Bahia é inaugurada. 4. Por que 3ª Bienal da Bahia? O projeto curatorial para a 3ª Bienal da Bahia assume uma ideia de continuidade das edições ocorridas em 1966 e 1968, em um momento em que o Brasil passa por mudanças econômicas e sociais significativas. Assim, abre-se a possibilidade de entender e retomar ideias e desejos propostos nos anos 1960 ao passo que debates são criados e e novas abordagens propostas diante das questões contemporâneas. 5. Qual o tema proposto pela 3ª Bienal da Bahia? O tema proposto é uma pergunta: É tudo Nordeste?. Mais do que procurar uma resposta, a 3ª Bienal da Bahia se dedica a articular diferentes reflexões sobre o tema, tentando entender de que modo a tradição e a história do nordeste brasileiro podem ser lidas como experiências humanas universais. Em suma, toma o Nordeste como o resumo do mundo. 6. Como foi criado o Projeto Curatorial da 3ª Bienal da Bahia? O projeto foi elaborado pelo Museu de Arte Moderna da Bahia a partir de pesquisas da instituição, de encontros com o Conselho da Bienal – nomeado pela Secretaria da Cultura – além de conversas públicas quinzenais realizadas no programa “MAM Discute Bienal” de março a dezembro de 2013.

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7. O que é uma curadoria e como ela funciona? A curadoria artística é a função exercida por um ou um grupo de curadores, que corresponde à administração, organização e montagem de uma exposição. Cabe ao curador – ou, como no caso da 3ª Bienal da Bahia, ao grupo de curadores – todo o trabalho de pesquisa não só de obras, artistas e lugares como principalmente de conceitos e suas interações. A partir desse trabalho, os curadores elencam uma seleção de obras e artistas, e elaboram a concepção, processo de feitura e supervisão de determinada exposição, além de cuidar das obras que serão trabalhadas. 8. Quem são os curadores da 3ª Bienal da Bahia? Marcelo Rezende (Curador-chefe) Escritor, crítico e curador. Entre seus projetos curatoriais, destacam-se À la chinoise (Hong Kong, 2007), Comunismo da Forma (São Paulo, 2007; Toronto, 2009) e Ver o Tibet (Rio de Janeiro e Nova York, 2010). No Brasil, foi curador de O Cabaré, projeto da 2ª edição do FIAC Bahia (Salvador, 2009), e de Estado de Exceção – Venha Ver a Coréia (Ver Você), no Paço das Artes de São Paulo (2008). Criou o Jornal 28b, uma plataforma de conteúdo da 28ª Bienal de São Paulo – Em Vivo Contato (2008). Marcelo Rezende é também diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia. Ana Pato (Curadora-chefe) Doutoranda no Departamento de História da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/USP), mestra em Artes Visuais pela Faculdade Santa Marcelina (2011). É autora do livro Literatura expandida: o arquivo e a citação na obra de Dominique Gonzalez-Foerster (2013). Pesquisa o conceito de arquivo na arte contemporânea e atua como gestora cultural. Foi diretora de projetos da Associação Cultural Videobrasil, onde trabalhou entre 2000 e 2012. Entre os principais projetos que coordenou no Videobrasil estão as exposições dos artistas Sophie Calle (2009), Joseph Beuys (2010), Olafur Eliasson (2011) e Isaac Julien (2012). Ayrson Heráclito (Curador-chefe) Doutorando em Comunicação e Semiótica na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o artista visual é mestre em artes visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Suas obras transitam pela instalação, fotografia, audiovisual e performance, lidam com elementos da cultura afro-brasileira e já foram apresentadas em diversas mostras, dentre elas a 3ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2001), Manifestação Internacional de Performance (Belo Horizonte, 2009), Trienal de Luanda (2010) e Europalia Brasil (Bruxelas, 2011). Foi curador de Cosmogonia Cravo (Salvador, 2007) e A Grande Arca, do artista Edgard Oliva (Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo 2011-2012). Alejandra Muñoz (Curadora Adjunta) Arquiteta, mestre em Desenho Urbano pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (UFBA) e doutora em Urbanismo pelo mesmo Programa. É professora permanente de História da Arte da Escola de Belas Artes (UFBA). Desenvolve trabalhos de crítica das Artes e Arquitetura e participa de júris e comitês de seleção artística. Foi curadora de diversas mostras tais como as edições do Circuito das Artes 2012-2014 (Salvador) e Triangulações 2013 (Salvador, Recife e Brasília) e integrou a equipe curatorial do Programa Rumos Artes Visuais 2011-2013 do Instituto Itaú Cultural (São Paulo). 22 Manual do Professor | 3ª Bienal da Bahia


Fernando Oliva (Curador Adjunto) Crítico, pesquisador, curador e doutorando em História da Arte (ECA-USP). Faz parte da Comissão de Curadoria do Festival de Arte Contemporânea Videobrasil. Foi diretor de curadoria do Centro Cultural São Paulo e Gerente de Projetos do Paço das Artes (São Paulo), cargo que ocupou também no Museu da Imagem e do Som (MIS/SP). Entre seus projetos destacam se O Retorno da Coleção Tamagni: até as estrelas por caminhos difíceis (MAM-SP, 2012), I/Legítimo – Dentro e Fora do Circuito (São Paulo, 2008), Comunismo da Forma – Som + Imagem + Tempo: a estratégia do vídeo musical (Toronto, 2007-2009) e À la Chinoise (Hong Kong, 2007). 9. Quando ocorre a 3ª Bienal da Bahia? A 3ª Bienal ocorre entre 29 de maio e 7 de setembro de 2014. 10. Onde acontece? Em diferentes lugares do Estado da Bahia: museus, centros culturais do estado e espaços públicos e privados de toda ordem, inclusive residências de artistas, escolas e praças. 11. Serão Somente Exposições? A 3ª Bienal da Bahia não se resume apenas a exposições. Ela trabalha múltiplas linguagens, e sua programação apresenta debates públicos; Curso de Formação de Mediadores; encontros com artistas; oficinas, ações educativas; expedições; exposições; reencenações; publicações; conversas em escolas e apresentações. 12. Quem pode participar das oficinas e cursos propostos pela Bienal? A entrada é livre e gratuita, dentro do limite de vagas disponíveis, tanto para as oficinas quanto para o restante da programação. 13. Como são selecionados os artistas que participam da Bienal? Os artistas participantes foram selecionados a partir de pesquisas realizadas pelo grupo de curadores. A Bienal não trabalha com o modelo de inscrições, apenas com convites. Para chegar à lista de nomes, os responsáveis por executar o projeto da 3ª Bienal analisaram documentos, visitaram ateliês e conversaram diretamente com os artistas que procuraram a equipe oferecendo projetos. O processo de seleção teve como base a relação das obras e projetos com as ideias e propostas apresentadas no projeto curatorial, divulgado em agosto de 2013. 14. A 3ª Bienal da Bahia é nacional, como as anteriores? Não. A 3ª Bienal da Bahia é internacional, ou seja, há obras e participação de artistas de diversos países. 15. Onde posso ter acesso à programação/material da Bienal? A programação e os materiais produzidos pela 3ª Bienal da Bahia estão disponíveis no site www.bienaldabahia.com Manual do Professor | 3ª Bienal da Bahia 23


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O Manual do Professor da 3ª Bienal da Bahia reúne um breve histórico das Bienais, contextualiza a Bienal da Bahia e apresenta a sua proposta educativa. Com este Manual, a Bienal da Bahia busca o envolvimento dos agentes educadores para dar continuidade à reflexão iniciada na sua 3ª edição. Bom trabalho!

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F I C HA T ÉC N I CA E D U CATIVO 3ª B I E NA L DA B A H I A

Diretoria Educativa Eliane Moniz de Aragão Simões Coordenação Geral de Produção e Gestão Financeira Felipe Dias Rêgo Supervisor de Produção Lucas Lima Assistentes de Produção Igor Solares | Carolina Moreno | Renata Soutomaior | Paloma Saraiva Assistentes Administrativos Denise Fernandes | Keila Silva | Ana Cláudia Muniz Relações Públicas Ítala Herta Assistente de Comunicação Jamile Souza Consultoria Pedagógica Isa Trigo | Marcelo Faria | Priscila Lolata Coordenação de Pesquisa do Museu-Escola Lina Bo Bardi Maria Ferreira Coordenação do Curso de Formação de Mediadores EBA-UFBA/MAM-BA Mariela Brazón Hernández Pesquisadoras Andreia Fabia Santos | Rita Maria Fonseca Chaves | Gabriela Fracassi de Oliveira | Samille Soares | Mabell Fontes Silva | Paula Milena Lima Supervisão Técnica da Mediação Cultural do MAM-BA Luis Augusto Gonçalves Silva Supervisão da Mediação Cultural da 3ª Bienal da Bahia Lídice Araújo Mendes de Carvalho Assistente da Supervisão da Mediação Cultural Dominique Galvão de Jesus 26 Manual do Professor | 3ª Bienal da Bahia


Supervisão Pedagógica do Museu Imaginário do Nordeste – Formas de Educação Helena Magon Coordenação e Pesquisa das Oficinas do MAM Felix White Toro Professores das Oficinas do MAM Evandro Sybine | Claúdio Pinheiro | Hilda Salomão | Marlice Almeida | Renato Fonseca | Rener Rama | Olga Goméz Projeto Pinte no MAM Maninho Abreu Assistente das Oficinas do MAM-BA Carmen Mayan | Valter Lopes | Gabriel Arcanjo | Sebastião Ferreira | Raimundo Bento | Antônio Bento | José D’Hora Fotografia Rafael Martins Mediadores Culturais da 3ª Bienal da Bahia/MAM-BA Àlex Santos Cardoso | Amanda Vila Kruschewsky | Ana Beatriz Henriques Brandão | Ana Elisa Improta | Ana Paula Fiúza | Ana Paula Nobre | Ana Rachel Schimiti | Andreia Oliveira | Bernardo Santos | Camila Santos da Silva | Camila Souza de Jesus | Carolina Albuquerque | Caroline Silva Souza | Daiana Soares | Daniel Almeida | Daniel Souza Lemos | Diana Paiva | Douglas Saturnino | Ednaldo Gonçalves Junior | Eliane Silveira Garcia | Eva de Souza Trochsler | Evanny Dantas | Fernando Santos da Silva | Francisco Folle Beraldo | Gabriela Guedes Maia | Geisiane Cordeiro Ferreira | Gustavo Salgado Leal | Helaine Ornelas | Helena Nagon | Iandira Neves Barros | Isabela Santana | Jaison Santos da Conceição | James Barbosa Souza | Jéssica Maria Cordeiro | Jonatas Lopes | José Augusto Estrela Cordeiro | Jozias Almeida Cedraz | Karoline Santana Tavares | Laila Silva Fagundes | Laura Cardoso | Layla Gomes Angelim Silva | Leandro Estevam | Letícia da Silva Almeida | Liliane Souza | Lucas Pereira | Luciana Pimentel | Lucilaura Pereira da Silva | Marcia Julieta Souza | Marcleia Santiago do Amor Divino | Maria Célia Pereira da Silva | Maria Lúcia Santos | Maria Terezinha Passos Noblat | Marisa Zulma | Michele Pontes | Misma Ariane Dórea | Naasson Oliveira | Naira Rezende de Oliveira | Núbia Pinheiro | Patrícia Martins | Rafael Vasconcelos | Raissa Biriba | Raquel Cardoso | Rebecca França | Rodrigo David | Romário Silva | Rose Pertierre | Roseli Costa Rocha | Rosemary Fontes Bastos | Tâmara Lira | Tarciana Paim Ribeiro | Telma Lívia Costa | Thassya Luz | Tiago Costa Moreira | Ulisses Junior | Verônica Macedo | Virgínia Tertuliano | Wagner Oliveira | Yasmim Nogueira Manual do Professor | 3ª Bienal da Bahia 27


CO-REALIZAÇÃO

PRODUÇÕES

Prefeitura Municipal de Vera Cruz




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