Revista B2L Corporate 5

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Sumário CAPA Bastidores de sucesso Mega operação de R$ 120 milhões consolida força da B2L

Espe

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cial

visãO

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MAPA dE OPOrtunidAdEs Investidores, mercados, valores, fusões e aquisições. Tudo sobre a energia que vem do vento

sEÇÕEs Institucional Artigo B2L B2L Internacional Fazer o Bem

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EntrEvistA A reinvenção de Maurilio Biagi Filho

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COM A PALAVRA

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A terceira

onda de Consolidação

Surge no horizonte uma espécie de brecha temporal de curta duração. Gigantes do setor varejista estão engessadas. É a vez das redes regionais lutarem por terra e ar no avanço geográfico físico e virtual. Este fenômeno pode durar pouco. Meses? Impossível afirmar, mas é real. É o início da terceira onda de consolidação no varejo: lojas de departamen-

to, eletro-eletrônico, móveis, vestuário, supermercados, farmácias, material de construção, entre outras. Um exemplo vem dos anos 90, quando um forte ritmo de aquisições entre líderes regionais no setor supermercadista ocorreu por grupos estrangeiros. No ano 2000, foi a vez do setor eletro-eletrônico fazer o mesmo movimento, carregando consigo as novidades das

compras virtuais e demolindo definitivamente a questão geográfica. O terceiro movimento começa agora - tanto para o setor supermercadista quanto para o varejo tradicional. É uma guerra. Uma terceira onda inesperada e que exigirá novas armas para a conquista de posicionamento. E quem volta à cena são justamente as médias empresas varejistas.

Análise de tendência • As grandes indústrias devem rever a maneira de trabalhar e voltar suas baterias para apoiar as médias com vantagens competitivas em preço e escala. O consumo das famílias brasileiras irá crescer em 2012 na taxa de 13,5% segundo o Ibope Inteligência. As vantagens oferecidas somente para as gigantes devem ser naturalmente repensadas. E ao fazer isto, a competição se instala de maneira darwiniana. • A logística tem avançado mesmo carregando o custo Brasil. Ela terá grande

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influência nos acontecimentos futuros, principalmente nas cidades entre 50 mil e 300 mil habitantes por onde o País tem crescido em riqueza. • As redes varejistas de médio porte levaram tempo demais para acreditar nas vendas virtuais - culpa da má gestão familiar – porém, com o inegável sucesso dessas operações, os investimentos tendem a crescer distribuindo melhor as vendas por canais virtuais regionais que colocam o produto rapidamente na casa do cliente.

• As pequenas redes devem se unir urgentemente para tornarem-se mais representativas sob pena de desaparecerem. • Fundos de investimentos irão acompanhar esse movimento e investir em negócios sólidos do setor varejista de médio porte. Ainda há espaço para a criação de mais 2 ou 3 gigantes para competir nacionalmente. • Em um processo evolutivo, fusões entre cadeias de diferentes Estados serão aceleradas. Seja horizontal, entre varejistas do mesmo Estado ou vertical, com a união de corporações interestaduais.


com A PAlAVrA

gigantes estagnadas + apoio dos fornecedores para as médias varejistas + logística aprimorada + atração de fundos de investimento + fusões horizontais e verticais + mapa do consumo O mapa do consumo demonstra que o eixo econômico está sendo alterado para novos centros. E a cadeia varejista movimenta-se nesta direção.

A Revolução do Consumo

Redes

De 2003 a 2011, a renda média do brasileiro cresceu 33% e neste período 9 milhões de pessoas passaram a integrar as classes A e B. Impressionantes foram os dados da classe C, ao receber 40 milhões de novos integrantes. E curiosamente foi a classe C quem provocou uma enorme explosão no comércio eletrônico.

Um ponto marcante nesta terceira onda de consolidação do setor varejista vem da negociação que envolve o Pão de Açúcar, Cassino e Casas Bahia. Sairá uma nova empresa? Com as questões societárias à frente, conseguirá o grupo ficar coeso? E neste meio tempo o que a concorrência irá fazer? Duas opções: assistir a tudo como em um anfiteatro grego ou partir para imediata reação na brecha temporal que se abre agora e terminará quando as negociações chegarem a um denominador comum.

A grande revolução está por vir: será a ascensão entre dois a três anos quando, segundo previsões, teremos 10 milhões de consumidores subindo para a classe B. Positivo efeito cascata em toda a cadeia produtiva será provocado nas redes de varejo.

Movimentos intensos assim são únicos e não podem ser desperdiçados. Na década de 50, os EUA tiveram um notório crescimento impulsionado pelas exportações para países devastados pela guerra. Uma camada intensa da população norte-americana subiu na categoria de consumo tornando o mercado interno o mais poderoso do mundo. E nesta época, se firmou o conceito modo de vida americano. Alguns economistas percebem que está nascendo um modo de vida brasileiro com hábitos próprios de consumo.

O que importa é o tempo de reação para ocupar mercados Ao mesmo tempo, temos a B2W - fusão das lojas Americanas com o Submarino - com problemas de gestão e logística. O Carrefour está em uma espiral complexa de liderança no Brasil. A Magazine Luiza está em uma época de consolidar o que

comprou até 2011, o mesmo deve acontecer com a Máquina de Vendas. Ambas foram ambiciosas na expansão e vão precisar de um período para a integração de pessoas, recursos diversos e logística. Ou seja, 4 gigantes do varejo físico e virtual

estão a nadar em mares revoltos. Existirá espaço para as redes de varejo de médio porte assumirem posições de liderança? É uma questão de velocidade. A sua velocidade!

RODRIGO BERTOZZI CEO da B2L, especializada em expansão, compra e venda de empresas. Sócio-fundador da Selem, Bertozzi e Consultores Associados, administrador, autor dos Livros – ““Revolution Marketing Place”, “A Reinvenção da Advocacia”, “Um Futuro Perfeito”, entre outras obras.

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inStitucionAl

coneXÕeS Com palestras exclusiv as, três importantes líd eres promoveram ma grupo em São Paulo, no ior expertise aos sócio mês de abril. Do empr s B2L, durante reuniã eendedorismo que mo o do investimento, novos ca ve o Brasil, passando pe minhos e estratégias fo la an áli se do s ram fun dos de traçados. Agora em ma no, médio e grande po io, você empreendedor rte está convidado pa nacional de pequera o 2º B2L Meeting. Pa rticipe!

ENDEAVOR Marcos Simões diretor da Endeavor. vos que promove A Endeavor é uma organização internacional sem fins lucrati países. No Brasil 12 outros em o empreendedorismo de alto impacto no Brasil e cial a uma rede há mais de 10 anos, conecta empreendedores com grande poten do País, que os de voluntários composta pelas principais lideranças empresariais orienta a crescer rapidamente e a gerar milhões de empregos.

GG INVESTIMENTOS Ricardo Doebeli, sócio da GG Investimentos expôs casos práticos e a experiência para que a B2L possa identificar operações em todo o Brasil. A GG Investimentos é uma gestora de recursos independente, que presta serviços a pessoas físicas, famílias, investidores institucionais, fundos de pensão e investidores em geral. Seus principais focos de atuação são a gestão de Fundos de Private Equity Equity, Gestão de Patrimônio e Fundos Abertos Multimercado.

RB CAPITAL s imobiliários e a ampliação da Pedro Mesquita, da RB Capital. Na pauta, as operações de fundo de crédito estruturado e invesparceria com a B2L. A RB Capital é especializada em operações timentos imobiliários. seus clientes e, ao mesmo temAo desenvolver e entregar soluções inovadoras e eficientes aos dos negócios, a RB Capital gera po, comprometer o capital necessário para o desenvolvimento tas e colabora para o desenbenefícios reais aos seus clientes, investidores, associados e acionis volvimento do mercado de capitais no Brasil.


ArtiGo B2l

Ge t GeStão tão eficiente de atiVo Vo Vo os s imobiliários O desenvolvimento social e econômico brasileiro, fenômeno que se intensificou a partir do início dos anos 2000, fez do Brasil uma das principais economias mundiais. Com perspectivas de continuidade de crescimento no curto/médio/longo prazo, o País possibilita segura alavancagem financeira para as empresas. Temos aqui gerações e mais gerações educadas em um cenário de elevada inflação e instabilidade econômica, o que ainda que inconscientemente, gera reflexos em boa parte dos modelos de gestão empresarial, que se apresentam defasados no que diz respeito à gestão de ativos imobiliários. Vive-se momento propício para monetizar investimentos já realizados em ativos imobiliários ou mesmo não imobilizar capital em operações futuras, em razão da estabilidade financeira, que decorre de políticas econômicas bem sucedidas nas últimas duas décadas. As operações estruturadas com ativos imobiliários merecem particular atenção na atual conjuntura, pois já não subsiste razão para que a gestão de negócios não esteja direcionada exclusivamente para o core business. Essa é a tendência mundial, ainda pouco implementada no Brasil. Muitas são as vantagens de uma gestão imobiliária eficiente. A utilização do capital para aumento de eficiência produtiva e financeira, por meio de instalações físicas adequadas; investimento em capacitação humana e na expansão do negócio com captação de recursos a taxas antes restritas às grandes companhias; otimização tributária e injeção

de capital de giro, que geram reflexos diretos no balanço. Diversas são as opções de operações ao alcance das empresas brasileiras, a começar pela construção sob medida (o chamado build to suit), passando por operações de venda e posterior locação em operações de refinanciamento, denominadas sale and lease back. Isso sem contar um sem número de possibilidades de securitização de fluxos de caixa atrelados a ativos imobiliários. Operações build to suit e sale and lease back originam contratos atípicos de locação, celebrados por longos períodos em benefício mútuo das partes. Eles são regidos pelos princípios da autonomia de vontades, boa fé contratual e do equilíbrio econômico financeiro em que se pode defender com segurança jurídica a inaplicabilidade da tradicional lei de locações, lei 12.112/2009, que permitiria rescisões antecipadas a qualquer tempo com multas proporcionais ao período de cumprimento do contrato, ignorando o investimento realizado pela outra parte. Também existem inúmeras possibilidades de securitização de receitas, atreladas a ativos imobiliários ou não, operações caracterizadas pela conversão de fluxos de caixa em valores mobiliários. Todas essas operações viabilizam-se pela emissão de CRIs – Certificados de Recebí Recebíveis Imobiliários – que são títulos de renda fixa emitidos por securitizadoras. Posteriormente serão negociados nos mercados primário e secundário, representando além de todos os benefícios de uma alavancagem financeira com baixo custo para

É possível a captação de recursos a taxas antes restritas às grandes companhias as empresas, o ganho de capital ainda não arbitrado pelo mercado, com isenção de imposto de renda para pessoas físicas conforme dispõe a Lei 11.033 de 2004. Portanto, as operações financeiras imobiliárias - ainda não tão difundidas no Brasil se comparadas com países também emergentes - proporcionam ganhos para todos os envolvidos, sejam eles as pessoas jurídicas (que se beneficiam de crédito barato e da desmobilização de ativos imobiliários sem abrir mão da propriedade), sejam elas as pessoas físicas que podem beneficiar-se de elevados ganhos de capital isentos de imposto de renda.

DANIEL GLOMB Especialista e sócio B2L.

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ViSão

Alta do poder aquisitivo já produz efeitos do setor no nordeste 6

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Com R$ 40 bilhões registrados em 2011, o mercado publicitário nacional deve dobrar de tamanho até 2016. A propaganda brasileira e a indústria da comunicação como um todo são responsáveis por 2% de participação no PIB e, como indústria de ponta da economia criativa, são altamente geradoras de empregos, riquezas e impostos. O crescimento do mercado interno abre espaço para regionalização do setor. Ganha o Brasil. Ao abrir a série de reportagens sobre o setor, Luiz Lara, presidente nacional da Associação Brasileira de Agências de Propaganda (ABAP), ressalta à B2L o momento único do País. “No século da gestão das marcas, o desafio é integrar a força criativa das diferentes disciplinas de comunicação para construir e posicionar marcas nas mentes e nos corações dos consumidores”. A evolução da governança da indústria, novas plataformas de mídia, o debate sobre a privacidade, customização e potencialização de novos formatos com a realização de grandes eventos também são esferas em jogo, aponta Lara.


VISÃO

Faturamento do setor deve chegar a R$ 80 bilhões até 2016

B2L - O Brasil passou 2011 por grandes fusões/aquisições no setor publicitário. Quais as principais razões do interesse dos grandes grupos internacionais no País? Grandes agências veem no mercado brasileiro a oportunidade para crescer. Mas já temos uma multinacional local posicionada no ranking das 20 maiores do mundo graças à força e ao empreendedorismo do Nizan Guanaes no Grupo ABC que vem crescendo com seus talentos profissionais e investimentos contínuos. O Brasil também tem multinacionais brasileiras porque todas as agências brasileiras com capital estrangeiro, entre as quais a Lew’Lara\TBWA, da qual sou sócio, são comandadas por publicitários brasileiros que falam português na língua e no jeito de ser da propaganda do País. Estão aí o Marcello Serpa, Alexandre Gama, José Luiz Madeira, Sergio Amado, José Henrique Borghi, Erh Ray, Sergio Valente, Celso Loducca, Roberto Justus e Renato Lóes, entre tantos outros. O fato de o Brasil ter mudado de patamar abriu uma janela de oportunidades para talentos brasileiros brilharem no exterior como é o caso da Fernanda Romano, do PJ Pereira e do Dedé Laurentino, por exemplo. Esse processo vai se intensificar nos próximos anos porque o mundo é pequeno, o talento é global, esteja ele onde estiver e o brasileiro tem uma propaganda criativa que ganhou asas e vai poder ter uma inserção maior no mundo. Somos 2% do PIB e, neste momento de globalização, o Brasil é mercado-chave para marcas globais que estão crescendo aqui. Hoje somos o segundo maior mercado de cosméticos, quarto no segmento automotivo, terceiro no segmento de cartões de crédito. Temos aqui um mercado de comunicação criativo e bem gerido, com empresas vencedoras, talentos reconhecidos mundialmente. É hora de protagonizarmos nosso destino, evoluindo na integração e na gestão.

B2L - Para não perder espaço, no aspecto regional, a saída para as agências está na fusão com outras de mesmo porte? Fusões e aquisições vão estar sempre na pauta, mas não é essencial para o crescimento de agências regionais. Pela primeira vez em nossa história, estamos tendo um crescimento descentralizado da nossa economia. E a indústria de comunicação, como indústria de ponta da economia criativa, é grande emuladora deste crescimento regional, da descentralização econômica. A região Nordeste cresceu em ritmo chinês nos últimos anos. O consumidor nordestino aumentou muito seu poder aquisitivo e sua capacidade de consumo. O mercado de Pernambuco, por exemplo, se destacou porque soube, com a competência dos representantes locais e regionais da nossa indústria, desenvolver anunciantes locais e regionais. E desenvolveu não apenas o tradicional anunciante dos segmentos de varejo, de comunicação pública e do segmento imobiliário como também de marcas locais e regionais de consumo. E atualmente, marcas globais e nacionais que querem se conectar com o público local precisam adotar uma linguagem de comunicação que respeite os hábitos e atitudes locais dos cidadãos e consumidores. Não há um consumidor nordestino padronizado: o pernambucano tem um jeito e o cearense outro.

B2L - Como o mercado publicitário recebe a ascensão da chamada “nova classe C”? Ainda há resistência em alcançar públicos distintos? O Brasil tem uma economia em desenvolvimento, a 6ª do mundo, mas tem uma comunicação efetivamente de 1º mundo com veículos e anunciantes que implementam estratégias vencedoras e agências de propaganda que ganham prêmios internacionais. Temos muito orgulho de fazer parte de uma

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VISÃO

profissão que hoje é realmente indutora do crescimento econômico e da justiça social. Porque a partir do momento que o Brasil tem 100 milhões de pessoas na classe média, 40 milhões de novos consumidores que ingressaram na classe média e que estão ansiosos e com novas aspirações de consumo, a propaganda tem que cumprir o papel de informar e educar para que esses consumidores com mais poder de escolha possam exercer sua visão crítica e escolher as marcas com melhor custo benefício. Esse acirramento da competitividade e a meritocracia que rege o nosso setor é em benefício desse novo consumidor que vai pagar menos e ter mais.

B2L - A diminuição das agências 100% nacionais entre as líderes no Brasil é preocupante? Não. As multinacionais são geridas por profissionais brasileiros. O Marcello Serpa e o José Luiz Madeira, por exemplo, conduzem a AlmapBBDO. O Roberto Justus está á frente da Y&R, a maior agência do País.

B2L - Clientes de menor porte também podem ser atraentes para as agências? Quais as ferramentas utilizadas para impulsionar novos nichos de anunciantes? Os clientes independem do tamanho. Uma carteira deve ser equilibrada. O importante é a rentabilidade do negócio. Acho que não há um conflito clássico. Na verdade, as pessoas adoram navegar pelos meios de mídia como as TVs abertas que têm um consumo médio de 5,5 horas por dia, ouvir rádio pela manhã nos grandes centros urbanos e no interior com a voz próxima e amiga dos comunicadores locais, ver as TVs a cabo, ler bons jornais e revistas, além da internet. O mais interessante é que viralizam esses conteúdos e a tendência é aumentar ainda mais. O consumidor está com a palavra; o consumidor é o grande protagonista. Se as marcas estão com sua reputação em risco é porque o melhor SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) é a rede social: Twitter, Facebook, Orkut. Os consumidores falam mesmo quando não são chamados. Todos nós estamos em cena aberta, no palco. Esse é o aspecto fascinante da era do conhecimento e da in-

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Luiz Lara, presidente nacional da Associação Brasileira de Agências de Propaganda (ABAP)

Não há um consumidor nordestino padronizado: o pernambucano tem um jeito e o cearense outro


VISÃO

formação: o desenvolvimento da tecnologia em benefício da comunicação. Seja para colaboradores, consumidores, acionistas, autoridades reguladoras, a sociedade, a imprensa, enfim, comunicação é o bem maior de uma empresa hoje em dia. Os novos formatos serão capazes de criar e fortalecer marcas, gerar preferência e conquistar a fidelidade dos consumidores. No momento em que se pode usar a tecnologia para uma comunicação mais customizada e personalizada, a propaganda cumprirá muitas vezes o papel da massificação, do posicionamento da marca e poderá ser utilizada de uma forma mais persuasiva e cirúrgica ao estabelecer esse diálogo interativo com os públicos-alvo especí-

ficos. As empresas têm que ser transparentes e saber contar uma boa história em cada uma dessas plataformas.

B2L - Quais os aspectos conjunturais que colocam o Brasil como bola da vez no mercado publicitário mundial? Onde somos diferentes ou atraentes? A realização de grandes eventos, que ajudam a desenvolver mercados. O mercado deve observar a Copa do Mundo, as Olimpíadas, a Copa das Confederações em 2013 e, nesse mesmo ano, a mobilização da igreja Católica para a Jornada Mundial da Juventude que prevê mais de dois milhões de jovens

de todo o mundo no Rio de Janeiro. São oportunidades para que as marcas possam desenvolver campanhas temáticas e, consequentemente, conectá-las à totalidade das disciplinas de comunicação. Porque a partir de um grande evento midiático há a possibilidade de se criar uma narrativa da marca e, assim sendo, conectar pessoas. Ninguém escolhe um produto ou serviço devido aos atributos racionais. Com capital e tecnologia disponíveis, produtos e serviços estão cada vez mais comoditizados. O que diferencia é a marca e os atributos emocionais que faz com que alguém se apaixone por ela. Ninguém compra um carro porque ele faz de 0 a 100 em sete segundos e sim porque está conectado com os atributos emocionais daquele carro.


cASe de SuceSSo

orgulho o interior do Paulista de construtor de um império da cana a líder do agronegócio, maurilio Biagi filho soube reinventar-se

Ao presidir a 19ª Agrishow este ano, uma das principais feiras da América Latina, em Ribeirão Preto (SP), Maurilio Biagi Filho reafirma-se como empresário e líder de um setor que responde por cerca de R$ 70 bilhões da balança comercial nacional: o agronegócio.

sucroalcooleiro nacional, a família Biagi.

Hoje, à frente do Grupo Maubisa, expõe novas estratégias de negócios e soube seguir além após liderar a maior dinastia do setor

Integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, atua ainda como conse-

Com a era das usinas no controle familiar para trás, Maurilio afastou-se da família e apostou em negócios seguindo participações minoritárias os resultados mostram decisão acertada. As fotos apontam sua trajetória.

lheiro da Câmara Americana de Comércio (AMCHAM) e da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).

De sinônimo do álcool no Brasil a forte articulador do setor industrial com o Governo Federal, Maurilio fala, em entrevista exclusiva à B2L Corporate, da família, oportunidades, investimentos externos, competitividade e políticas públicas (ou a falta delas) para os biocombustíveis.


cASe de SuceSSo

b2l - Quais as frentes de negócios do grupo maubisa? A Maubisa é uma holding familiar com negócios financeiros, industriais e agrícolas. O modelo que escolhemos para nosso grupo foi de participação minoritária, principalmente em nosso braço industrial, e os resultados nos mostram que foi um acerto. Temos também parcerias com atuação muito forte na área imobiliária. Esses braços da companhia estão crescendo, estamos bem e com uma governança bastante razoável e sempre em aprimoramento.

b2l - no setor sucroalcooleiro, o predomínio da gestão familiar pode influenciar na manutenção das empresas no jogo do comércio internacional? Toda a gestão, familiar ou profissional, tem suas competências e pode ser muito eficiente, média ou ruim. A empresa familiar é igual a qualquer outra com um agravante que é a própria família. A partir do momento em que sai da primeira geração e a família vai crescendo, às vezes os interesses são conflitantes e podem atrapalhar a empresa.

Num desses braços temos a Synco que é uma consultoria na área de assessoria estratégica para os setores sucroenergético e de agronegócio, orientando os nossos clientes para empreendimentos e investimentos. Essa ação engloba pesquisar, elaborar, estruturar e validar projetos, mapear oportunidades e riscos, além de gerenciar a execução e a operacionalização dos empreendimentos.

b2l - Quais as aspirações do agronegócio nacional? Como gerar competitividade e maior valor agregado aos produtos do setor? O agronegócio nacional alcançou sua maturidade e tem uma competitividade muito forte que o faz sobreviver. A busca de maior valor agregado é constante, mas também depende de alguns fatores que estão fora do seu controle. Diria hoje que o principal é câmbio.

Maurilio em encontro com o Presidente Lula visita do Presidente João Batista Figueiredo

b2l - nos últimos anos, o senhor se desfez de boa parte dos seus ativos no setor sucroalcooleiro. a opção da holding em deter participações minoritárias em usinas de açúcar, etanol e energia foi uma questão estratégica? Venho fazendo acertos familiares há mais de 30 anos e nos últimos, muito compassadamente, me desfiz das principais empresas onde tinha participação. As de maior evidência foram as ligadas ao etanol e açúcar, como a Santa Elisa, Cevasa e Moema, mas é preciso lembrar que nos últimos anos foram mais de 15 empresas que fui negociando, acertando e deixando de ter participação ativa (ou majoritária). maio 2012

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CASE DE SUCESSO

B2L - Como é visto o crescente interesse internacional de fundos de Private Equity na produção de etanol no Brasil? O interesse dos fundos é positivo e visto com ótimos olhos tanto no ramo do etanol, como no agronegócio em geral. A competência brasileira é reconhecida internacionalmente. Agora, o que tem nos atrapalhado é o “custo Brasil” e a falta de infraestrutura.

Recebendo a Comenda Ordem do Mérito do Rio Branco

B2L - No setor sucroenergético, como a entrada de grandes grupos nacionais e estrangeiros pode cobrar uma regulamentação mais consistente do biocombustível nacional? Faltam políticas públicas claras em questões como estoques estratégicos, custos de produção e oscilação de preços ao consumidor? No caso do etanol faltam políticas públicas claras. Na principal questão, além das que a pergunta já enseja, é preciso resolver o problema da competitividade do etanol para o consumidor. Obviamente que os grandes grupos nacionais e estrangeiros podem, se trabalharem juntos e com um comando único para efeito de governo, ajudar muito e fazer com que essa regulamentação ocorra rapidamente.

Encontro com Fidel Castro em Cuba

Com o Governador de SP, Geraldo Alckmin

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B2L - Fusões e aquisições foram marcantes no setor nos últimos anos? Teremos forte concentração em futuro breve? A saída para as empresas menores é o cooperativismo? Sim. As fusões e aquisições foram marcantes no setor nos últimos tempos, mais as aquisições do que as fusões, e tive o privilégio de ser pioneiro nesse campo quando fizemos a fusão da São Geraldo com a Santa Elisa tendo o Bradesco como sócio. Foi um modelo muito interessante. O banco havia desenhado um modelo muito mais amplo que só não se concretizou em função da forte crise que afetou o setor em seguida à nossa fusão. A questão de concentração é sempre crescente e a saída para os menores é a união, um comando único. Tenho uma grande admiração pelo cooperativismo. Já temos algumas cooperativas e outras poderiam acontecer e fortalecer as já existentes. Enfim, um modelo moderno de gestão poderia ajudar muito.


CASE DE SUCESSO

Empresários e líderes brasileiros ao lado do Presidente dos EUA, Barack Obama

B2L - Na bioenergia, quais os avanços nos últimos anos e principais barreiras atuais? Do biocombustível passando pela bioeletricidade, o que falta ao Brasil para ser líder mundial? O Brasil é basicamente o líder mundial em biocombustíveis, apesar de não sermos o maior produtor. Diante do impasse vivido nos últimos anos pelo etanol de cana, falta uma política pública capaz de tornar claramente previsível, a longo prazo, o futuro dos biocombustíveis em nosso País.

B2L - No campo dos investimentos, para onde vão os fundos nacionais e estrangeiros na bioenergia? Quais as oportunidades mais latentes ainda pouco exploradas?

setor. Quando me separei da família, foi absolutamente normal e natural. Eles vão bem do lado deles e eu também.

B2L - O senhor representa com orgulho o interior paulista e as riquezas do interior brasileiro. Como vê a força da interiorização e as potencialidades da descentralização do País? Tenho sim muito orgulho em estar no interior paulista, a região mais rica e próspera do Brasil, do ponto de vista do agronegócio. O interior tem um potencial enorme e a descentralização e a exploração dessas potencialidades estão acontecendo de forma clara.

Tem muito campo para se investir, mas falta preparo à sociedade brasileira para receber mais fundos e partilhar esse tipo de operação. Acho que temos uma certa dificuldade com relação a isso.

B2L - A trajetória dos Biagi se confunde com a própria história do setor sucroalcooleiro no País. Hoje, com a maturidade do olhar sobre o passado, como foi afastar-se dos negócios com a família? Estamos no negócio desde a década de 1920 e acredito que a família tenha dado uma contribuição muito importante para o

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cAPA

mega operação de r$ 120 milhões consolida força da B2L 14

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CAPA

Rio Anil Shopping - São Luís (MA)

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cAPA

nosso pessoal vem para ajudar e melhorar, ar, não para substituir. Rubens Serra

O valor: R$ 120 milhões. O dia: 03 de abril de 2012. Um marco na história recente da B2L - Business to Lawyers (fundada em abril de 2011). Em operação intermediada pelo grupo, a empresa BRMALLS adquiriu 50% de participação no Rio Anil Shopping, em São Luís (MA).

Sousa, sugeriu o Rio Anil”. Sousa possuía uma relação jurídica com o shopping e, por meio da B2L, os horizontes se expandiram possibilitando a oferta do negócio. “Numa ponta, o comprador veio através de minha pessoa. Na outra, o vendedor surgiu por Ulisses. Dois associados B2L.”

Para Rubens Serra, co-fundador e presidente do Conselho da B2L, a operação veio consolidar a visão e reafirmar a força local do grupo nos Estados. “Quando apresentamos as oportunidades, os investidores se mostram eufóricos e animados”, e acrescenta que a B2L tem a cara do novo Brasil.

Responsáveis pela aproximação das partes e pelo acompanhamento de todo o processo negocial, o diferencial surgiu na identificação da oportunidade de negócio. A BRMALLS procurava shoppings para comprar e a Franere Construções - grande construtora maranhense - tinha o shopping para vender.

As equipes de investidores têm muito a contribuir na gestão, não somente com a injeção de recursos. “Num primeiro momento é natural o empresário não querer se desfazer de seus ativos. Mostramos a ele que terá ganhos dada a experiência de profissionais capacitados”. A importância da governança aliada às práticas rigorosas de gestão e filtro é reforçada. “Nosso pessoal vem para ajudar e melhorar, não para substituir.”

O modelo da operação adotado veio exatamente ao encontro dos princípios defendidos pelos fundadores da B2L, ressalta Serra, ao explicar a importância da troca de informações e oportunidades de negócios em todo o Brasil. “Temos desenvolvido um trabalho de filtro de oportunidades, aproximação e relacionamento com os investidores. Este é o nosso papel”.

Serra recorda o longo relacionamento com o presidente da BRMALLS, Carlos Medeiros, de quem é amigo desde 1996. Ele conta que foi num reencontro que ofereceu a Medeiros a oportunidade de adquirir um novo shopping. “Estávamos buscando uma oportunidade quando nosso sócio, Ulisses

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Na mesma data, a BRMALLS comprou uma participação de 50% na futura expansão do Rio Anil para inauguração em 2013. Serão adicionados 11,8 mil m2 de Área Bruta Locável (ABL) total e 5,9 mil m2 de ABL próprio, aumento de 44,8% em termos de ABL total e próprio ao shopping atual. Serão 115 lojas e 550 novas vagas de estacionamento.


cAPA

A nossa tarefa é identificar e estruturar as operações. Ulisses Sousa

Revolução do Consumo Co-fundador e CEO da B2L, Rodrigo Bertozzi aponta ao menos 200 centros de alto consumo no Brasil. Cidades entre 50 mil e 500 mil habitantes estão liderando uma “revolução do consumo”, o que impacta diretamente nas oportunidades das médias empresas crescerem vertical ou horizontalmente. Nascida para consolidar negócios e colocar empresas aos olhos dos investidores, em especial além do eixo Rio/SP, Bertozzi explica os objetivos da B2L. “Nossos projetos estão sendo planejados para 2020. Acreditamos não ape-

nas no sucesso da nossa corporação, mas das empresas brasileiras”. Falar de futuro é ato contínuo no grupo que possui em seu plano de metas para 2012 ousados R$ 1 bilhão em operações. Para isto, estão sendo lançadas ferramentas e ofensivas estratégicas. “As empresas e fundos podem contar conosco para construir histórias de sucesso. E o principal de tudo: estamos cumprindo o nosso papel que é o estí estímulo de negócios da média empresa para o surgimento de novos líderes”, conclui o CEO.

Na visão do sócio Ulisses Sousa, o crescimento da região Nordeste fez surgir um grande número de empresas atraentes para investimentos. “Para 2012, é hora de identificar novas oportunidades e torná-las concretas, principalmente com a utilização de fundos de Private Equity. Existe hoje muito capital no mercado na busca de boas oportunidades de investimento. A nossa tarefa é identificar e estruturar as operações”. O sócio foi responsável pela revisão de toda a parte legal, analisando e discutindo os contratos que deram suporte à operação da BRMALLS.

Acreditamos não apenas no sucesso da nossa corporação, mas das empresas brasileiras. Rodrigo Bertozzi

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cAPA

Motor B2L

Fundadores

Rodrigo Bertozzi Rubens Serra

43 Sócios

Negócios cadastrados

Negócios fechados

R$ 6,2 bilhões R$ 12o milhões

Meta 2012

R$ 1 bilhão

Start-up

58% Operações de venda de empresas

Presença no Brasil

7% Presença no Exteriror

Operações de compra de empresas

27% Investimento

Colaboradores

7% 24 Estados 4 países mais de 600

Bastidores da Operação “A aquisição do Rio Anil representa uma consolidação da BRMALLS no Maranhão já que também temos participação no Shopping São Luís e um fortalecimento na região Nordeste que apresenta altas taxas de crescimento e consumo.” Quem afirma é a diretora de Gestão e Aquisição da empresa, Marina Fontoura. Com apenas dois anos de funcionamento, a executiva acredita que o shopping atingiu rapidamente o amadurecimento por se tratar de um ativo bem localizado e bem administrado pelos sócios locais (Franere). “Com a experiência e gestão compartilhada, a tendência é que o ativo

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rentabilize ainda mais, gerando maior valor para os empreendedores”, aposta.

Atuação A negociação durou aproximadamente nove meses entre discussão para fechamento de preço e condições de governança, processo de diligência, negociação das taxas de serviço e das minutas contratuais. Ao longo deste período, foram muitas visitas a São Luís e muitas interações com os vendedores, com o apoio da B2L. “Ao longo do processo, a B2L sempre buscou atuar como um facilitador na negociação, entrando mais ativamente nos

momentos necessários para resolução de impasses que sempre surgem nas transações deste porte. Sempre agiu de forma racional e imparcial nos momentos em que foi acionada”. Marina acrescenta que a B2L combina conhecimento geral de M&A (fusões e aquisições) através de seu escritório central e experiência em diversos deals com conhecimento específico local dos parceiros em diversas cidades do País. “Neste caso, por se tratar de uma aquisição no Maranhão, poder contar com o conhecimento de mercado do parceiro local foi de extrema importância para dar mais segurança ao vendedor e acelerar o processo decisório”.


cAPA

Tempo a favor Com o martelo batido em 21 de dezembro, a consolidação da aquisição ocorreu após quatro meses. Rodrigo Bertozzi enfatiza que quando o negócio é bom para ambas as partes, a tendência é que os entraves sejam superados em maior velocidade. “Mesmo assim, negociações complexas como esta esbarram em dezenas de pontos. Em muitos casos, o negócio está prati-

camente certo, acordado e por algum motivo não é fechado. Pode parecer estranho, mas atuar nessas operações chega a ser emocionante.” O CEO qualifica a operação entre BRMALLS e Rio Anil como um indicador de que a B2L é uma empresa representativa, séria e que surge dentro de um panorama onde a média empresa tornou-se o motor de propulsão da

economia brasileira. “Não há como negar esta importância, e os fundos nacionais ou estrangeiros até pouco tempo não tinham como ver ou localizar tais operações”. A B2L está presente em mais de 100 regiões, o que representa um diferencial competitivo respeitável, como explica. “Conhecemos as regiões localmente e temos condições de unir interesses rapidamente”, garante.

BRMALLS Maior empresa integrada de shopping centers do Brasil, possui participação em 46 shoppings, que totalizam 1.507 mil m2 de Área Bruta Locável (ABL) e 820 mil m2 de ABL próprio. Única empresa nacional de shopping centers com presença em todas as cinco regiões do Brasil, atende aos consumidores de todas as classes sociais no País.

Rio Anil Shopping Inaugurado em abril de 2010, são 128 lojas que compõem o seu diversificado mix, das quais sete são âncoras. Empreendimento conta com 1.512 vagas de estacionamento e um fluxo mensal de 128,2 mil veículos. Haverá expansão.

B2L Com perfil empreendedor, a B2L atua na compra e venda de empresas, projetos financeiros, investimentos estrangeiros, fusões e aquisições empresariais, captação de recursos e negócios diversificados. Para mais informações, acesse o site www.b2law.com.br

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A Energia do vento I nve s t i m e n to s n o B ra s i l p o d e m c h e g a r a R $ 3 0 b i l h õ e s a té 2 0 1 3 A crise europeia e o medo de recessão não foram capazes de frear os investimentos em energia eólica, que apresentou em 2011 um crescimento de 21% na capacidade instalada mundial. No ano passado, o total de parques eólicos instalados no mundo foi de 41 mil MW. Atualmente, cerca de 86 países possuem usinas eólicas comerciais, sendo que 22 delas são capazes de gerar pelo menos 1 GW.

gentes da Ásia e América Latina. O Brasil apresentou maior taxa de crescimento (63%), saindo de 927 MW para 1.509 MW nos últimos 12 meses, o que representa praticamente metade da energia eólica instalada na região. Esta cifra já coloca o Brasil entre os 10 maiores geradores de energia eólica do mundo.

A diferença é que este crescimento, antes puxado pela Europa, agora vem sendo conduzido pelos mercados emer-

A B2L Corporate ouviu autoridades do segmento de Energias Renováveis e apresenta um amplo panorama deste setor no Brasil.

Parque Eólico Bons Ventos (CE)

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mAPA de oPortunidAdeS

Maiores geradoras:

Parques eólicos previstos: 258 projetos entram em operação até 2016

PI

3

1.º Lugar

MA

CPFL

CE

2

52

2.° Lugar Energimp 3° Lugar Renova

RN 91

Fábricas de equipamentos:

PE

3

SE

1

BA 57 Alstom e Gamesa

Bahia

Impsa

Pernambuco Rio Grande do Sul Suzlon

Ceará

Wobben Windpower

Ceará São Paulo Rio Grande do Norte Fuhrlander

Ceará

WEG

Santa Catarina

RS

GE

49

São Paulo Bahia Vestas

Ceará

*Fonte: Aneel/BIG e CCEE

Brasil 258

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O vento da virada A energia eólica entrou definitivamente na matriz energética brasileira. Com 71 parques eólicos em operação e 54 em construção, o faturamento do setor deve chegar a R$ 3 bilhões até 2014. Presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo defende a tese do Brasil ser o mercado mais promissor do mundo (por China e Índia serem mercados mais fechados). “A indústria eólica veio, está inserida e vai se sustentar. Não se fala mais em matriz brasileira sem pensar em eólica”. O País precisa colocar por ano 6 GW de energia em geral. “Queremos vender 30% disso, ou seja, 2 GW”. A meta exige que o modelo comercial precisa ser revisto. “Logística de transporte

e transmissão de energia são outros pontos, devendo haver melhorias nas estradas para o transporte.” O desenvolvimento tecnológico também tornou as usinas eólicas mais produtivas. Os ventos brasileiros são melhores que a média mundial. A qualidade do vento e a tecnologia trouxeram descobertas: dos 50 metros, atualmente, podem ser feitas torres acima de 100 metros de altura.

Momento Elbia recorda o racionamento de energia em 2001. Surgia ali a possibilidade de investir em outras fontes, dado o grande potencial de geração pela biomassa (vinda da cana-de-açúcar). “Os pequenos rios que poderiam ser aproveitados, também resultaram em incentivo às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).” Em 2004 viria a regulamentação do Programa de Incentivo a Fontes Alternativas (Proinfa), resultando em incentivo para biomassa, PCHs e para a energia eólica, que passou a ganhar maior competitividade. Quatro anos depois, foi realizado o primeiro leilão com valor de R$ 180/MWh, contra os R$ 300 praticados até então. Os empreendedores venderam por R$ 163, sendo comercializados 1.8 GW, fato que animou o mercado e sinalizou a vinda de mais indústrias de equipamentos ao Brasil. Em 2010, outro leilão repetiu o movimento. O Governo estabeleceu teto de R$ 160 e os empreendedores venderam por R$ 143, totalizando 2 GW. “Já 2011 foi o ano da inserção da eólica e da consolidação de sua competitividade no País”.

Para Elbia Melo (Abeeólica), o Brasil é hoje o mercado mais promissor

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O mercado rendeu à energia eólica a segunda fonte de geração mais barata do Brasil, perdendo apenas para as grandes hidrelétricas. Em dois leilões em agosto do ano passado, foram contratados 2 GW ao preço de R$ 100. No leilão de dezembro, foram comercializados 978 MW, fechando 2011 com a venda da ordem de 3 GW. “O reflexo disso foi uma grande animação para a indústria de capital e investidores.”


MAPA DE OPORTUNIDADES

Brasil surfou a onda certa Jean-Paul Prates, diretor-geral do CERNE

O Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE) é o primeiro think tank (usina de ideias) do Nordeste e sua atuação está voltada para a integração dos setores relacionados com a exploração sustentável de recursos naturais e energéticos. No início, o objetivo imediato voltava-se para o marco regulatório e suas consequentes repercussões regionais. Hoje, com a consolidação da maioria dos marcos legais setoriais, a preocupação segue para a instalação e operação dos empreendimentos, e seus efeitos junto às comunidades locais. Jean-Paul Prates, diretor-geral do CERNE, vê com otimismo o cenário da energia renovável no Brasil. Desde 2002, por uma série de circunstâncias - inclusive geopolíticas (como a intervenção norte-americana no Iraque) - o mundo vive um período de alta sustentada do preço do barril de petróleo. “Este tempo historicamente inédito permitiu que as tecnologias e experiências relativas a energias renováveis se desenvolvessem a ponto de consolidar sua viabilidade econômica, bem como sua acessibilidade tarifária”, acrescenta. Na visão do diretor, o Brasil acompanhou de perto essa evolução e, apostando nos leilões federais e não nos subsídios, projetou-se para a vanguarda da formatação regulatória incentivadora. O País tem a energia renovável mais barata (e não sub-

sidiada) do planeta e está sob o foco de investidores e financiadores do mundo inteiro. “Precisamos assegurar agora um mercado industrial de bens e equipamentos compatível com o potencial eólico e solar que o Brasil apresenta. Precisamos também garantir qualificação profissional e empregos para as regiões.”

Financiamentos Para o diretor, o governo acertou ao incluir as eólicas nos leilões a partir de 2009. “Acertou também ao fazê-lo gradualmente: primeiro, testando o comportamento delas em termos tarifários isoladamente (leilão exclusivo) e logo a seguir, inserindo fontes competitivas como a biomassa e as PCHs em 2010 e, finalmente, tudo junto em 2011.” O acesso a fontes diretas de capitalização, seja nos bancos de fomento como o BNDES, seja no mercado de ações nacional ou estrangeiro, mudou os horizontes do empreendedor nacional. Do investidor estrangeiro, mesmo considerando a crise internacional, é possível perceber a movimentação de espanhóis, escandinavos, alemães, franceses, ingleses e portugueses no setor eólico e solar brasileiro. Em paralelo, Prates aponta norte-americanos ressurgindo na esteira da política energética do presidente Obama, claramente a favor das renováveis, e os asiáticos, em especial os chineses, buscando diversificar mercados e inter-

cambiar investimentos por commodities. “Há, portanto, muitas oportunidades no ar. Mas também há muitos riscos e emboscadas. É preciso ter expertise e cuidado ao acessá-las”, orienta.

Oportunidades Com relação à possibilidade do Brasil chegar este ano ao quarto maior mercado de geração eólica, Prates define o fato como resultado de uma corajosa política setorial empreendida a partir de 2003, e de um marco regulatório (inclusive os leilões e contratos) que conciliaram competitividade e modicidade tarifária. “Não quer dizer que os outros erraram, ao adotar o feed in ou os subsídios em outros momentos. Estas etapas foram necessárias para viabilizar a evolução tecnológica das eólicas, por exemplo. Mas o Brasil surfou a onda certa e tinha cacife para isso”. A autosuficiência em petróleo, a maior matriz energética limpa do mundo e o advento do Pré-Sal fizeram do País um horizonte energético confortável e múltiplo. Entre as regiões com maiores oportunidades, o diretor aponta Estados com maior concentração de projetos e parques, devido às melhores condições técnicas. São elas: o Nordeste Setentrional, com ênfase para o Rio Grande do Norte e Ceará; Bahia e Rio Grande do Sul. “Há também os polos onde estão instaladas as fábricas de equipamento, como Sorocaba, Cubatão, Recife/Suape e Fortaleza.”

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A força dos ventos baianos No interior da Bahia, já há quem chame as eólicas de ‘Pré-Sal do sertão’. Com três projetos de geração eólica, a carteira de investimentos na região chega a R$ 6,5 bilhões. Apenas atrás do Rio Grande do Norte, a grandiosidade das operações promete virar o jogo. O governo do Estado já conta com 16 grupos prospectando os ventos baianos, com potencial de geração de energia de 20 a 25 GW – quase uma vez e meia a potência de Itaipu. Para os próximos dez anos, o cálculo de investimentos pode alcançar R$ 42 bilhões. Se os olhos do mundo estão voltados ao sertão, vale o mesmo com os players nacionais. Presente no mercado desde 2008 como uma holding para investimentos em geração de energia renovável, a EPP - Empresa Paranaense de Participações S/A comprou cerca de 40 mil hectares de terras em três regiões da Bahia. No sertão baiano, a velocidade média do vento de 10 metros por segundo é cerca de 30% acima do que é considerado ideal. Instrumento seguro, a medição dos ventos consiste na instalação de equipamentos que devem aferir ‘in loco’ o potencial pré-identificado nos atlas eólicos e demais estudos indicativos. Estes equipamentos devem despachar dados diários sobre intensidade e direção dos ventos, umidade e densidade do ar 24 horas por dia, durante no mínimo 12 meses, para que uma empresa certificadora independente possa atestar a curva de produção de energia para aquele parque. “Hoje, 604 MW de nossos parques eólicos já têm licença ambiental”, comemora o engenheiro Luiz Fernando Cordeiro, diretor-executivo da EPP. A

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companhia conta com projetos que somarão cerca de 1.800 MW de potência instalada ao sistema nacional. Dentre as perspectivas para 2012, a empresa já recebeu três licenças ambientais para PCHs no Estado do Paraná, e objetiva entrar nos leilões do Governo Federal com cerca de 300 MW em parques eólicos. “Nossos projetos são viabilizados com recursos próprios e financiamentos de longo prazo, havendo espaço também para parcerias estratégicas com outras empresas do ramo de energia”, esclarece. O empresário diz acreditar muito na energia de matriz hidráulica, uma energia limpa e renovável, com reservatórios a fio d’água, com baixo impacto e pequena área alagada. “O problema é que o custo de implantação das PCHs está muito acima das outras fontes, como a eólica”. Atualmente, o custo do megawatt instalado na construção de uma PCH é de R$ 6 milhões – exatamente o dobro do custo da geração eólica. No caso da energia eólica, 70% do custo de implantação é o aerogerador, que devido à entrada de grandes fabricantes no Brasil, vem caindo a cada leilão. Para Cordeiro, a crise financeira mundial e o alto potencial eólico do Brasil permitiram esta migração da indústria para cá, o que explica os preços competitivos. Mas ressalta que a matriz elétrica nacional deve ser um mix de várias fontes. A EPP acredita que cada área do País deva explorar sua vocação energética: no Paraná a hidráulica, no Nordeste a eólica. Há ainda o interior paulista com a biomassa de cana e o gás natural no Maranhão, por exemplo.


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Investimentos na Bahia A instalar:

Inauguradas: General Electric (GE) Produto: aerogeradores Investimento: R$ 45 milhões

Gamesa Produto: turbinas eólicas Investimento: R$ 50 milhões

Torrebrás Produto: torres eólicas Investimento: R$ 21 milhões

Alstom Produto: aerogeradores Investimento: R$ 50 milhões

Dicas para as médias empresas

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Mire na terceirização. Considere trabalhar para ser fornecedor e como empresa de serviços subcontratados: construção, manutenção, fornecimento de equipamentos, entre outras atividades; Veja toda a cadeia. Ao mapear o negócio, analise toda a cadeia produtiva que o setor industrial envolve, e não apenas as grandes “grifes”;

Invista no desenvolvimento de projetos. Como porta de entrada no mercado, você pode associar-se aos grupos técnicos competentes para investir no desenvolvimento de bons projetos, que poderão ser vendidos para empresas maiores quando finalizados. Ao investir R$ 10 mil por MW, ao final de dois anos é possível ter um produto de R$ 100 mil por MW;

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Mire um alvo. Outra opção é a de investir diretamente, como minoritário, em projetos já consolidados ou indo a leilão; Tenha uma boa assessoria. Essa é a maior estratégia. As empresas que não têm experiência no mercado, mas desejam obter os benefícios dos investimentos “verdes”, devem respaldar-se com bons contratos e boas orientações de assessores jurídicos com conhecimento técnico e expertise no setor, dada a especificidade dos instrumentos e das práticas diferenciadas. JOsé HENRIquE AZEREDO Especialista em energia renovável. Diretor da Wind Energy Brazil e do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE) e sócio da B2L.

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Potencial A energia eólica é a fonte de geração de energia elétrica que mais cresce no Brasil. Os cerca de 7 GW de potência nova já contratada a ser instalada garantem negócios da ordem de US$ 18 bilhões nos próximos anos O potencial eólico brasileiro é estimado em 300 GW e a expectativa do setor elétrico brasileiro é de contratar pelo menos 2,5 GW por ano até 2020, acrescentando, a partir de 2012, mais 20 GW de energia eólica ao sistema e movimentando cerca de US$ 50 bilhões

Perspectivas 12% da demanda elétrica mundial em 2020 deverá ser atendida pela energia eólica. É o que aponta o estudo do Conselho Mundial de Energia Eólica (GWEC), podendo chegar a 22% em 2030

41 mil MW É o total de parques eólicos instalados no mundo em 2011. Dados da Global Wind Energy Council

Queda Entre 2009 e 2011, o custo da geração eólica no Brasil caiu vertiginosamente – hoje é o mais baixo do mundo

Liderança China é o maior produtor de energia eólica, seguido dos EUA, Alemanha, Espanha e Índia. Juntos, respondem por 74% da capacidade eólica global

ranking O Brasil lidera mercado eólico na América Latina, com 50%. Na segunda posição está o México, com 31%, seguido por Honduras, que responde por 9%; Argentina responde com 7% e Chile, com 3%

us$ 263 bilhões Foi o montante dos investimentos atraídos pelo setor de energia limpa em 2011 no mundo. Fora os gastos com pesquisa e desenvolvimento, o investimento no setor é 600% maior do que o registrado em 2004

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turbinas A chinesa Sinovel é hoje a produtora de turbinas eólicas asiática mais próxima de se instalar no Brasil. A empresa tem escritório em São Paulo e já fechou um contrato para 23 máquinas com a Engevix

r$ 389 milhões Valor aprovado pelo BNDES para a construção de cinco parques eólicos no Nordeste este ano. O montante envolve quatro parques no Rio Grande do Norte e um na Bahia, cujas capacidades instaladas somam 138 MW. As usinas são controladas pela Neoenergia e pela Iberdrola Renováveis do Brasil, com participação de 50% cada

top 10 Ocupando o 10º lugar no ranking de investimentos em ener energia limpa, em 2010 o Brasil recebeu US$ 6,9 bilhões. No ano passado, os investimentos saltaram para US$ 8 bilhões. Líder do ranking, os Estados Unidos receberam em 2010 a soma de US$ 33,7 bilhões passando a US$ 48 bilhões em 2011


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Consolidação No ano passado, a CPFL se fundiu à Energias Renováveis S.A. (ERSA) RSA)) e comprou a SiifÉnergies, enquanto a Light entrou no RSA bloco de controle da Renova Energia

Players O governo vem percebendo o número cada vez maior de players brasileiros e internacionais de renome. Espanhóis, como Iberdrola, Elecnor e Gestamp, ganharam força, assim como as estatais nacionais CHESF, Furnas e Eletrosul, e o setor privado, a exemplo da EDP e Odebrecht

Fusões “Os grandes players não vão entrar no mercado eólico – eles já estão”, afirma Caio David, diretor de Operações da SiifÉnergies, incorporada pela CPFL, ao analisar a competição de um mercado cada vez mais acirrado

novos horizontes Um nicho que começa a ser observado pela Renova é o de projetos menores, de 20 e 30MW, atrelados a objetivos mais específicos. A empresa diz ter encontrado opções melhores que as do BNDES. Na mira, bancos chineses, norte-americanos, alemães ou emprésemprés timos obtidos junto aos fornecedores

us$ 55 milhões É o valor do empréstimo obtido pela Desenvix, que faz parte do grupo Engevix junto ao China Development Bank Corporation. O montante será utilizado por sua subsidiária Energen na construção de um parque eólico de 34 MW em Sergipe. A usina terá turbinas da também chinesa Sinovel – serão 23 máquinas com 1,5 MW cada

Mais parques Um complexo de 14 parques eólicos na Bahia deve entrar em operação em julho deste ano e será ainda maior, podendo produzir até 300 MW

Osório

Atrativos

150 MW é a capacidade do maior centro de geração de energia eólica do Brasil. Trata-se do Parque eólico de Osório (RS)

O Brasil ficou entre os 10 países mais atrativos para investimentos de energias limpas em 2011, segundo o relatório Índice de AtratiAtrati vidade das Energias Renováveis por País, da Ernst & Young Terco. A principal responsável foi a energia eólica, cujo preço alcançou patamares mais baixos (R$ 99,56/MWh) que o do gás natural (R$ 103/MWh) em leilões de energia fonte te dos dados: geoamb.wordpress.com; gwec.net; greenpeace; revista exame; Jornal da energia, Ambiente energia

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B2L INTERNACIONAL

desafio Moçambique Advogados recebem instrução em Gestão Legal e revelam oportunidades Em uma iniciativa inédita organizada pela Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) e patrocinada pela Open Society Initiative for Southern Africa (OSISA), Rodrigo Bertozzi e Lara Selem, CEO e Chairman da B2L, atuaram como consultores em Gestão Legal durante curso de imersão para os advogados moçambicanos em março passado, na capital Maputo. Marcado pelas diferenças extremas entre classes sociais, Lara comenta que Moçambique está fazendo a sua parte pelo continente africano. “A nação percebeu a necessidade de alterar essa equação e fazer crescer a sua classe média. Vizinho da África do Sul, conter a migração de mão de obra e intelectuais é também prioridade para formatar entidades e organizações”. Rodadas de negócios e treinamentos reuniram 130 advogados africanos

Moçambique

Com 23 milhões de habitantes, Moçambique cresceu acima da média mundial com índice de 7% no primeiro semestre de 2011. No campo da advocacia, existe forte trabalho para fortalecer as instituições depois da guerra civil que durou 16 anos, até 1992. Gilberto Caldeira Correia, presidente da OAM, realiza cursos e estágios no exterior como forma de aprender e obter apoio às iniciativas diversas, além de divulgar o País e sua Ordem dos Advogados. Advogada, Tânia Waty exemplifica a profissão ao trabalhar em diversas áreas onde a “necessidade surge”, diz ela, com destaque aos processos de regulamentação que estão em andamento.

Gás natural Em 2011, foram encontradas novas reservas de gás natural no total de 127,4 bilhões de metros cúbicos. Advogado especializado em Direito Energético, William Telfer é conselheiro do marco regulatório do Direito Minerário de Moçambique. “Nossas autoridades e políticos necessitam de especialistas e juristas neste momento crucial no que tange à exploração das reservas e distribuição das riquezas provenientes dos royalties”, explica.

Resultados Durante uma semana, a gestão na advocacia foi disseminada. Para Rodrigo Bertozzi foi também uma oportunidade única de compartilhar experiências. “Acima de tudo, aprendemos a admirar a atuação destes advogados incríveis no fortalecimento de Moçambique”.

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B2l internAcionAl

Balança Comercial 2011 Exportações US$ 81,2 milhões

101%

Importações US$ 4,1 milhões

104%

visão geral da rodada de negócios

Maputo - Moçambique

Investimentos Com localização estratégica, atual estabilidade política, abundância de recursos minerais e o livre acesso aos 250 milhões de consumidores da região austral africana, Moçambique ganha fôlego para receber investimentos do Brasil. Cooperação entre os dois países e aporte de empresas brasileiras devem render ao país africano mais de US$ 150 milhões em expor exportações anuais ao Brasil em curto prazo. A multinacional brasileira Vale injetou US$ 1,6 bilhão para exploração de uma mina de carvão em Moatize, na província de Tete. Numa primeira fase, a mina poderá atingir

uma produção de 20 milhões de toneladas de carvão mineral por ano, que poderá subir para 40 milhões de toneladas dentro da próxima década. É o maior investimento brasileiro em Moçambique.

Rotas As Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) vão iniciar voos para o Brasil e China no segundo semestre de 2012. Em novembro passado, o Brasil anunciou que iria ajudar a LAM a comprar mais aviões via empréstimo de US$ 300 milhões do BNDES. A frota da LAM já inclui aviões da Embraer.

rodrigo Bertozzi, Gilberto Correa (presidente da OAM) e Lara selem

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FAZER O BEM

A descoberta feita em 2009 na cidade de Pilões, cercada de engenhos, beleza natural e contadores de história, representa hoje referência para a arqueologia nacional. Com foco no patrimônio cultural e na harmonia de interesses, parcerias de sucesso foram garantidas. De um lado, a Cia. Hidro Elétrica do São Francisco - CHESF e a Energisa S.A. Do outro, a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional da Paraíba (IPHAN/PB). Nenhum levou em conta apenas os custos, demanda, consumo, mercado e retorno dos investimentos. Manteve-se uma herança para o Brasil.

preservação do bem patrimonial público, propiciando o resgate, a recuperação e a guarda dos achados arqueológicos”. Ele explica que a empresa atua para ampliar o relacionamento com as comunidades do entorno das suas instalações e empreendimentos, visando minimizar impactos ambientais. “Embora o achado tenha afetado o desenvolvimento da obra, a importância da descoberta revelou-se uma oportunidade de contribuição para o processo de construção de uma sociedade mais consciente e cidadã”, acrescenta Murilo, ao explicar o sentido da educação patrimonial na região.

Fonte: acervo da CHESF, 2009.

Um cemitério indígena da tradição Aratu. Com 54 urnas funerárias e artefatos cerâmicos em pedra lascada e polida - caracterizadores de sítio arqueológico pré-histórico - uma riqueza cultural seria revelada com a construção de uma subestação de energia no Agreste Paraibano.

Em 2011, após a realização de duas Audiências Públicas, a CHESF se comprometeu voluntariamente a oferecer um Programa de Educação Patrimonial junto à comunidade com duração de 2 anos, no valor de R$ 500 mil – sob a tutela do IPHAN.

Ações De acordo com Murilo Pinto, superintendente de Expansão da Transmissão da CHESF, a área de implantação da Subestação de Energia em Pilões revelou um rico acervo de sítios arqueológicos pré-históricos. “Envidamos todos os esforços para

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Fonte: acervo da Superintendência do Iphan na Paraíba, 2012.

CHESF garante resgate de patrimônio histórico

Preservação: união privada, coordenada pelo setor público federal, com apoio popular e da prefeitura


fAZer o Bem

Museu Com grande comoção popular, ações em cadeia mobilizaram diversas frentes. O Iphan-PB, que desde o início acompanhou os trabalhos de sondagem e resgate do material arqueológico, assumiu a coordenação das ações de divulgação do bem cultural. Para tanto, constituiu e dirige um grupo de trabalho para planejar a criação do Museu de Arqueologia de Pilões, que conta ainda com a participação do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), da Prefeitura Municipal, iniciativa privada e membros da sociedade civil. Todos com a finalidade maior: preservar a pré-história do homem da região do Brejo Paraibano.

Na visão da CHESF, ao longo dos anos, a Cia. tem apresentado grandes avanços no tratamento das questões culturais patrimoniais. “Para Pilões, a empresa colocou imediatamente à disposição toda sua capacidade técnica, estudos arqueológicos na área do entorno do empreendimento e reabilitação física do antigo mercado público. Diante destes compromissos assumidos, a parceria estabelecida já representa um grande sucesso”.

Fonte: Iphan /PB.

Optando-se pelo Mercado Municipal, ali haviam construções anexas ao complexo, ocupadas ilegalmente por comerciantes locais. A Prefeitura colocou parte em outra área e para os não realocados, acertou-se a inclusão ao projeto do Museu de quiosques com comércios compatíveis com a cultura (como artesanato). Tudo sem conflitos e em uma única corrente para o bem.

CHESF: R$ 1,5 bilhão Lucro líquido apresentado em 2011. A receita operacional bruta foi de R$ 6, 031 bilhões. Os recursos financeiros aplicados pela CHESF na expansão do seu sistema elétrico totalizaram R$ 1,15 bilhão (R$ 909 milhões em 2010). Investimentos: Sistema de Transmissão R$ 601,2 milhões Geração de Energia R$ 457,5 milhões Infraestrutura R$ 99,4 milhões

Murilo Pinto (CHEsF)

Pertencente ao Governo Federal, a Eletrobras é a controladora da CHESF com 99% das ações da estatal regional. (Fonte: CHESF)

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relAçÕeS eXterioreS

ParCeria ÍtAlo-BrASileirA O Brasil ocupa hoje um importante papel na política e economia mundial. Contamos com um governo estável e um País que a cada dia valoriza mais a democracia e os diretos dos cidadãos. Tal quadro corrobora para uma maior empatia e o interesse em estabelecer relações por parte de outras nações.

infraestrutura, principalmente pelas obras pode render avanços para os dois lados e para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpí Olimpí- fortalecer os laços de irmandade. adas de 2016. O momento é propício para um intercâmbio comercial e industrial en- Os italianos enfrentam a mesma crise que tre empresas brasileiras e italianas, além atingiu toda a Europa, sendo que a Itália de favorecer o avanço de vários setores da possui um excedente de mão de obra joeconomia de ambos os países. Importante vem com alto nível de qualificação. Este salientar que os investimentos e projetos potencial pode ser aproveitado em países de empresas estrangeiras servem como em desenvolvimento como o nosso, que O fato de termos atravessado a atual cri- auxílio às metas do Governo Federal. possui déficit na formação de profissionais, se com estabilidade trouxe o respeito e a principalmente nas áreas de Engenharia e confiança do setor empresarial interna- A ampliação do comércio entre os dois Tecnologia. Temos hoje um mercado que cional. Somos atualmente um dos princi- países é parte de um acordo assinado no pode perfeitamente absorver parte desses pais alvos para investimentos de capital dia 12 de abril de 2010 pelo ex-presidente italianos que, como no passado, só têm a estrangeiro e de empresas que desejam Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ex-primei- contribuir com o nosso País. expandir seus mercados. ro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, em Washington. O acordo estabelece a co- Outro ponto interessante nesta relação A União Europeia é hoje uma importante operação mútua em áreas como política, é o intercâmbio intelectual entre esparceira política e econômica. Dentre os judiciária, técnico-militar e defesa, eco- tudantes e universidades. Atualmente, países que compõem o grupo, podemos nômica, comercial, industrial, financeira, firmamos uma parceria entre a Universidestacar a Itália - disposta a colaborar turismo e energia, entre outras. dade Federal do Paraná e a Universidade para uma maior abertura deste mercado de Roma Tor Vergata. A instituição irá ao Brasil. Os dois países possuem uma A Itália ocupa hoje o sexto lugar entre os fornecer bolsas a professores e estudanrelação de longa data, estabelecida com parceiros comerciais do Brasil e o 10º lu- tes brasileiros de diversas áreas, além do a chegada dos italianos por volta de 1875. gar entre os países investidores, sendo um intercâmbio de bibliografias. Esta é uma Esses imigrantes contribuíram de forma dos grandes mercados consumidores de enorme contribuição para a Educação e o considerável para o nosso desenvolvi- produtos agrícolas nacionais. Tal parceria avanço das pesquisas no Brasil. mento e foram aceitos de braços abertos. Na atualidade, temos cerca de 25 milhões de italianos e descendentes no Brasil. Este RENATA BuENO fator contribui para um favorável estreitaAdvogada com especialização em Direitos Humanos mento das relações entre as duas nações. pela Universitá degli Studi di Padova e mestrado em Direito Público Internacional na Universitá degli O Brasil está em um período de grande Studi di Roma Tor Vergata. aquecimento do setor habitacional e de




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