Criado no Brasil

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Criado no Brasil Economia criativa: cultura, inovação, tecnologia e desenvolvimento.



Antônio Campos

Criado no Brasil Economia criativa: cultura, inovação, tecnologia e desenvolvimento.

Recife, 2012


Copyright© 2012 Antônio Campos Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida, nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização do Autor. Editor Antônio Campos Assessora técnico-administrativa (Carpe Diem) Veronika Zydowicz Assessoras de pesquisa Ariane Cruz e Leila Teixeira Designer gráfica Patrícia Lima Revisora Norma Baracho Araújo

C198p

Campos, Antônio Criado no Brasil – Economia Criativa: inovação, tecnologia e desenvolvimento/ Antônio Campos. – Recife: Carpe Diem – Edições e Produções, 2012. 48 p. ISBN 978-85-62648-27-4

1.Economia criativa no mundo 2. Economia criativa – Brasil 3. BRIC Cultural 4. Criaticidades – cidades criativas 5. Economia da cultura 6. Fliporto 7. Porto Digital. I Título. CRB4/1544 CDU 33(81PE) Impresso no Brasil

Carpe Diem - Edições e Produções

Rua do Chacon, 335, Casa Forte, Recife, PE 55 81 32696134 | www.editoracarpediem.com.br


Sumário

A Economia Criativa no Mundo, 9 O que é exatamente Economia Criativa?, 10 Tecnologia: Aprecie com Moderação, 13 A Economia Criativa no Brasil, 14 Created in Brasil, 20 Brasilidade (Brazilian Style) – Algumas Marcas e Produtos, 20 Brasil – Um Paradigma para o Mundo, 22 O Instituto Machado de Assis, 23 BRIC Cultural, 24 Criaticidades – Cidades Criativas, 26 A Economia Criativa e o Direito, 27 Economia da Cultura, 27 Pernambuco Criativo, 28 Porto Digital, 29 Profissionalizar Eventos e Produtos Culturais, 30 A Fliporto, 34 Fliporto 2012, 37 Polo de Confecções do Agreste, 40 Inovar para Competir em uma Economia Global, 41 Dados Biobibliográficos (por Cyl Gallindo), 43



“[...] as sociedades necessitam de meios de defesa e adaptação, cuja eficácia reflete a aptidão de seus membros para formular hipóteses, solucionar problemas, tomar decisões em face da incerteza. Ora, a emergência de um excedente adicional [...] abre aos membros de uma sociedade um horizonte de opções; já não se trata de reproduzir o que existe, e sim de ampliar o campo do que é imediatamente possível [...] O novo excedente constitui, portanto, um desafio à inventividade [...] Em sua dupla dimensão de força geradora de novo excedente e impulso criador de novos valores culturais, esse processo libertador de energia humana constitui a fonte última do que entendemos por desenvolvimento.” (FURTADO, Celso, Criatividade e dependência na civilização ocidental).


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“O mundo está se transformando em um mosaico de diásporas, em um arquipélago de culturas que, enquanto produz riqueza, também pode criar uma falta de comunicação babélica. Precisamos investir em sistemas de tradução que permitam a criação de uma nova biblioteca de Alexandria.” (BAUMAN, Zygmunt) 8


A Economia Criativa no mundo

A consolidação de uma economia criativa basea­da no conhecimento é o que propomos para ­Per­nambuco neste novo milênio, que é a era da economia do conhecimento e do capital intelec­ tual, a nova riqueza das nações. É importante consolidar investimentos como a Fiat. Contudo, é fundamental também consolidarmos a economia criativa no Estado, pois as inovações e a cultura auxiliam – e muito – na valorização das singularidades locais, para fins turísticos, inclusive. A economia criativa movimenta mais de 3 trilhões de dólares no mundo. Nos EUA, é a maior indústria de exportação. O Estado da Federação americano mais rico é a Califórnia. E o que produz a Califórnia, já que não possui fábricas de carro? Ela é rica em produção de inovação tecnológica protegida por marcas e patentes e em criatividade protegida por direitos autorais. Não por acaso, ela é o berço de empresas como Yahoo, Facebook, Google, entre outras.


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Essa nova face do capitalismo, que é um capitalismo de “ideias” e não mais de “concreto” ­(COOTER, ­2008), acaba distribuindo, quem sabe, menos empregos diretos do que uma fábrica tradicional. No entanto, parece um processo inexorável, tanto que para esse caminho parecem rumar Brasil, Rússia, Índia, China, e agora África do Sul, bloco formado por países em desenvolvimento conhecido como BRICS. Precisamos produzir novos modelos e estratégias de negócios: e é exatamente esse o papel da Economia Criativa. Ora, tal inovação requer a união de financiamento e de ideias. Na teoria do professor Cooter, sem essa união não há capitalização da inovação ao fim do dia. O que é exatamente Economia Criativa? “Economia Criativa é aquela baseada em atividades ligadas a criatividade, nas habilidades individuais e no talento. É a indústria que tem potencial para criar riqueza e empregos ao desenvolver propriedade intelectual. Isso inclui propaganda, multimídia, arquitetura, cinema, música, arte e antiguidades, videogame, soft­wares, livros, ­de­sign, moda, televisão e rádio. Mas essa é a definição clássica, técnica e antiga. Prefiro pensar em um conceito mais amplo e moderno, que engloba ideias que perpassam trabalho, estilo de vida e várias formas de riqueza, que incluem capital cultural, social e econômico”, 10


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segundo Paul Makeham, fundador da Faculdade de Indústrias Criativas dentro da Queens­land University­of Tech­nology, na Austrália. É difícil falar sobre Economia Criativa sem falar no nome de Steve Jobs, o gênio da Apple. Ele não só ajudou a empresa a se tornar um sinônimo de inovação; mas também fez dela uma das mais valiosas do planeta. Segundo Adolfo Melito, do Instituto da Economia Criativa, Jobs personificava as quatro características do pensamento que molda o setor: talento humano, simplicidade (“ele sempre exigiu que cada versão de um produto fosse mais fácil de usar que a anterior”, observa), rapidez no desenvolvimento e disciplina. “Nas lojas da Apple”, lembra Bampi, “você não pode falar com o cliente sem antes passar por um treinamento exaustivo”. (FI)

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A criatividade é apenas o ato de conectar as coisas. Essa frase dita à revista Wire Red por Steve Jobs é uma síntese clara do seu pensamento. E disse mais: “A invenção diferencia um líder de um seguidor”. Atividades associadas aos Setores Criativos Nucleares – UNESCO (2009): a) Patrimônio natural e cultural Museus Sítios históricos e arqueológicos Paisagens culturais Patrimônio natural b) Espetáculos e celebrações Artes de espetáculo Festas e festivais Feiras c) Artes visuais e artesanato Pintura Escultura Fotografia Artesanato d) Livros e periódicos Livros Jornais e revistas Outros materiais impressos Bibliotecas (incluindo as virtuais) Feira do livro 12


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e) Audiovisual e mídias interativas Cinema e Vídeo TV e rádio (incluindo internet) Internet podcasting Videogames (incluindo on-lines) f)

Design e serviços criativos Design de moda Design gráfico Design de interiores Design paisagístico Serviços de arquitetura Serviços de publicidade

Tecnologia: Aprecie com Moderação “Tecnologias estão no mundo desde que ele existe. A roda, o papel, a imprensa, também são tecnologias que impulsionaram a sociedade, cada uma ao seu tempo. Mas não é a tecnologia em si que traz evolução. Ninguém ficou mais feliz porque inventaram o avião ou o sal. O que realmente importa é como se usa, para que se usa e quais os limites que se impõem. Uso as técnicas para entender o mundo e me comunicar da forma mais sintética possível”. (Sílvio Meira)

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A Economia Criativa no Brasil Conhecimento, capital intelectual e criatividade: essas deveriam ser as forças motrizes da economia brasileira no século 21, segundo a titular da Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura. O Brasil ainda pode e deve se tornar uma potência criativa. Deve aproveitar o seu grande momento econômico, com os eventos esportivos nos próximos anos para se vender melhor para o mundo. A economia criativa é uma opção viável para crescer e ajudar os emergentes a driblarem crises globais, reduzindo a dependência das commodities. Afinal, não há desenvolvimento sem cultura e é exatamente por isso que os valores intelectuais e inovadores têm obtido cada vez mais espaço na dinâmica da economia. Teremos uma Copa do Mundo e as Olimpíadas. “No Brasil, para cada 1 real investido em esporte há um retorno de 8,59 reais em alavancagem social – saúde, educação, luta anticrime, inclusão social e outras atividades afins.” (Projeções do Núcleo de Estudos da Saúde, da Previdência e da Assistência Social da Embrape/FGV). O Brasil é a sexta economia do mundo. Contudo, gera pouca inovação tecnológica. Em parte, a deficiência está na falta de articulação entre empresas e pesquisadores, como também na falta do Governo Federal em estabelecer prioridade para o assunto. No ranking global de inovação, o Brasil 14


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está em 47º. No estudo da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, o Brasil é o 11º colocado em requisições de patentes. Precisamos melhorar a estrutura do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e diminuir o prazo de análise dos pedidos de patentes. Em artigo “Retrocesso em Ciência e Tecnologia”, publicado na Folha de S.Paulo, no dia 6/3/2012, o renomado físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite mostra a postura estratégica errônea do Brasil neste momento ao optar por não priorizar o tema: “Em relação ao ano de 2011, o orçamento federal de 2012 para o setor de ciência e tecnologia teve um acréscimo de cerca de 20%. Exultaram os membros da comunidade acadêmica nacional. Todavia, esse aumento meramente corrigia uma redução de cerca de 10% ocorrida entre 2010 e 2011, além das perdas devidas à inflação ocorrida em 2010 e 2011. Ou seja, o orçamento de 2012, que aparentemente apresenta um ganho de 20% com relação a 2011, apenas restaura o valor de 2010. Fomos iludidos.”

Em outro trecho, Cerqueira Leite conclui: “Diz-se que Mário Henrique Simonsen, o gênio, teria argumentado: ‘Se pagamos apenas US$ 200 mil de royalties, então para que gastar com pesquisas em ciência e tecnologia?’. Hoje, pagamos US$ 10 bilhões de royalties. Mas isso é apenas a ponta do ‘iceberg’.

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A consequência desastrosa da aversão que os economistas tradicionalmente sentem por tecnologia é a incapacidade que tem o Brasil hoje (e, pelo jeito, continuará tendo no futuro) de competir no campo de manufaturados e outros produtos de alto valor agregado, por falta de competência tecnológica. Mantega imita Simonsen, para a desgraça do Brasil.”

A cadeia da indústria criativa emprega 10,5 milhões de pessoas no Brasil, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (­Firjan). Suas atividades diretas pagam salário 45% maior que a média nacional dos empregos formais:­ R$ 2.296 contra R$ 1.588. Portanto, se os bens e serviços da indústria criativa geram um grande impacto nos setores tradicionais, por que não ampliar os investimentos nesse tipo de economia? O Brasil não deve continuar nuclearmente sendo a grande fazenda do mundo, produtor de alimentos e matérias-primas. Em 2013, por exemplo, a Frankfurt Book Fair irá homenagear o Brasil. Serão as olimpíadas do livro do Brasil. Por que não vender direitos autorais em Frankfurt e não só comprá-los? O São Paulo Fashion Week é o quinto evento fashion mais importante no mundo e o primeiro carbon free do planeta. Gera mais de quatro mil empregos diretos e pelo menos sete mil indiretos.

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Eike Batista acaba de abrir e investir na IMX, que é o braço esportivo e de entretenimento do grupo EBX. Adquiriu, também, os direitos do UFC (a maior organização de artes marciais mistas do mundo), no Brasil. A Geo Eventos e a Time For Fun – T4F são gigantes do mercado do entretenimento no Brasil. A presidente Dilma Housseff participou, nesse ano, da CeBIT, em Hannover, na Alemanha, que é a maior plataforma de negócios em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no mundo. O Brasil foi o convidado de honra deste ano. Em maio de 2012, haverá a BITS South América (Business IT South America), em Porto Alegre, que é a versão brasileira da CeBIT. O Festival de Arte e Tecnologia do Recife, o ­Con­tinuum, que aconteceu entre os dias 23 de março e 1º de abril, discutiu o lixo eletrônico, entre outros temas, em sua terceira edição. O Governo do Estado de Pernambuco conseguiu atrair a realização de uma edição da Campus Party, no Recife, para julho/2012. Uma importante iniciativa.

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