Revista ONG "Meu sonho não tem fim"

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Permita Senhor... ... que eu aceite as minhas derrotas, assim como, fico feliz com as minhas vitórias sem acusar nada ou ninguém ao meu redor. ... que eu possa perdoar a quem me fere sem mágoas, sem me sentir uma vítima por isso. ... que eu entenda que as dificuldades da vida, fazem parte do meu crescimento como ser humano. ... que eu possa ser um ombro amigo a quem precise, sem me sentir especial por isso, e sem me revoltar quando não for reconhecido. ... que eu seja humilde e perceba que à minha volta, outros sofrem bem mais do que eu. ... que eu consiga sorrir mais e ser feliz com o que me destes. ... que eu tenha mais bondade, piedade, compreensão e amor para com meu irmão. ... e, principalmente, me ensine a não pensar somente em mim, deixando de ser egoísta até em minhas orações!

ÍNDICE Uma ONG movida a sonhos e grandes sonhadores

3

Martin Luther King, uma vida em nome do amor

5

A superação e o exemplo de Ludwig van Beethoven

8

O menino que trouxe luz ao mundo da escuridão

10

O legado de Betinho

12

A pobreza que leva à loucura

14

Os projetos sociais de um grande sonhador

16

Chaplin, o gênio que fazia rir

18

Gandhi, o símbolo da paz

20

Madre Teresa, das crianças e dos pobres

22

A bondade em formato de Chico

24

Einstein, a humanidade de um gênio

26

Francisco Bento e Francisco de Assis

27

Informações: Gerais - info@meusonhonaotemfim.org.br Projetos sociais - projetos@meusonhonaotemfim.org.br

Mais que um sonho, que se sonha só... Olá amigos, Inicio, parafraseando a célebre citação de Raul Seixas, que dizia, “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”, tendo a certeza de que hoje, somos um grande sonho coletivo. Um sonho iniciado em 1997, como uma pequena homenagem ao nosso saudoso Ayrton Senna e que gerou o primeiro projeto social. Hoje, somos uma ONG com diversos projetos sociais distintos, atuando no assistencialismo com projetos como o “Amor em Cena” e o futuro “Complexo social meu sonho não tem fim”, porém, mais focado na conscientização e motivação das pessoas – a fazer o bem e acreditar na força de seus sonhos – com os projetos “Passageiros da esperança”, “Exposições meu sonho não tem fim”, “Palestras motivacionais acreditando e concretizando seus sonhos” além de estudos e matérias, dando exemplos de até onde o ser humano é capaz de chegar com seus sonhos, capacidade de concretização de seus objetivos e a ânsia em fazer o bem. Hoje, além do Ayrton, muitos outros tornaram-se parte deste sonho, como inspiradores e grandes exemplos. Gente como Madre Tereza de Calcutá, Martin Luther King, Albert Einstein, Betinho, Charles Chaplin, Roberto Marinho, São Francisco de Assis, Chico Xavier, Louis Braille, Ludwig van Beethoven e Mahatma Gandhi, que enfrentaram muitas dificuldades - de formas diversas e distintas - para alcançar seus objetivos, semeando, em toda a vida um mundo melhor, mais justo e fraterno, e que fazemos questão de divulgá-los, principalmente, para as comunidades carentes. Não há nada mais gratificante do que sentir nestas pessoas, por muitas vezes marginalizadas, esquecidas e desacreditadas, que este trabalho de alguma forma toca suas almas e lhes dá um fio a mais de esperança, de que é possível mudar nossa história e fazer a diferença. Realizando as exposições vemos o quanto estas pessoas são carentes de modelos, onde possam se apoiar, e ter o exemplo de que é possível sonhar. Nesta revista, vocês conhecerão um pouco mais dessas histórias, virtudes e uma pequena introdução durante as matérias, à ONG’s, fundações e institutos brasileiros, que fazem, em seu dia a dia, a transformação silenciosa de nosso país, num lugar com melhores perspectivas de desenvolvimento social. Para mudarmos alguma coisa, temos que trabalhar mais pelo próximo, pois, tenham a certeza, de que há quem sofra muito mais do que nós mesmos. Devemos estender a mão aos necessitados, abandonados e infelizes, pois, se há algo que deixamos de bom nesta vida é o bem que fazemos ao próximo, principalmente, aos menos favorecidos. Espero que apreciem a leitura e guardem este material com o mesmo carinho com que foi elaborado, passando adiante as histórias e exemplos de vida nele contidos. E lembrem-se, jamais deixem de sonhar, pois, como diz nosso lema: “um homem não morre quando deixa de existir e sim quando deixa de sonhar”. Muita paz, saúde e prosperidade, carregando sempre no coração alegria, amor e bondade. Um forte abraço,

Estudos e pesquisas - estudosepesquisas@meusonhonaotemfim.org.br

Alex Cardoso de Melo NOTA IMPORTANTE: Todo o conteúdo dos projetos sociais e materiais relacionados é dotado de direitos autorais de diversos e diferentes proprietários, ficando claro que a cópia parcial ou integral sem a prévia autorização destes, seja ela qual for e independente de sua finalidade, é punível pelas leis de direitos autorais em vigor.

Diretor-Presidente ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim” 2


Divulgação ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”.

Determinação

Exposição “Meu sonho não tem fim” realizada na periferia da cidade de São Paulo.

BRASIL

Uma ONG movida a sonhos e grandes sonhadores Em agosto de 1997 nascia, de uma pequena homenagem à Ayrton Senna da Silva, a semente de uma Organização Não-Governamental, hoje sinônimo de perseverança, determinação, amor ao próximo e responsabilidade social, a ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”.

Nos anos seguintes surgiram outros três títulos em CD ROM, mais completos e com novos visuais, mantendo a mesma finalidade e características de distribuição do CD ROM inicial. No final de 2002, a ONG realiza um grande sonho, o início do primeiro projeto social, as “Exposições meu sonho não

tem fim”, que levavam diversas opções, principalmente, para crianças de comunidades carentes, com a finalidade de conhecerem o maravilhoso legado e exemplo de vida deixado por Senna, focando em seis pilares que eram a base de sustentação do projeto e fortes características na personalidade de Senna: a criança (estendida pela ONG aos idosos e animais), o esporte, o patriotismo, a fé, a família e o amor ao próximo. Essas exposições foram levadas à unidades dos CEU’s, FEBEM’s, escolas e alcançaram Divulgação ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”.

No início, foram criados textos com foco no aspecto humano de Senna e distribuídos para um grupo de, aproximadamente, cinqüenta pessoas. Ainda em 1997, iniciou-se a compilação de materiais (imagens e pequenos arquivos de áudio e vídeo) para a criação de um CD ROM, que seria, posteriormente, distribuído

gratuitamente, junto a direção de escolas em comunidades carentes, difundindo o legado e exemplo de vida deixado por Senna, entre crianças destas localidades.

http://www.meusonhonaotemfim.org.br No site oficial da ONG você encontra diversas informações sobre os projetos sociais, estudos, pesquisas e matérias de âmbito social, loja com os produtos da marca Meu Sonho Não Tem Fim ® - que mantêm todas as ações e projetos da ONG -, além de amplo material para pesquisa e download.

Imagens das caravanas sociais “Amor em Cena”, projeto social destinado à comunidades carentes, principalmente, moradores de rua. 3


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Albert Einstein, Ayrton Senna, Charles Chaplin, Chico Xavier, Betinho, Louis Braille, Madre Teresa, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Roberto Marinho, Ludwig van Beethoven e São Francisco de Assis, grandes sonhadores, são a fonte de inspiração da ONG e tema principal de projetos sociais como o “Passageiros da Esperança” e “Exposições Meu Sonho Não Tem Fim”, que levam seus maravilhosos exemplos e legados, principalmente, à comunidades carentes.

um total de mais de 140.000 crianças. Este projeto passou por uma grande reformulação e hoje leva os exemplos dos “doze grandes sonhadores”, que são os homenageados e fonte de inspiração de todas as ações da ONG. Ainda em 2003, o aumento no interesse por informações dos projetos, fez surgir, seu site oficial e também o CD-ROM (para uso interno) “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, com o histórico completo de todas as ações e projetos sociais relacionados. Em outubro de 2003 surgiram as palestras motivacionais “Acreditando e concretizando seus sonhos”, gratuitas e realizadas, principalmente, em comunidades carentes, tendo como objetivo, transmitir informação, reflexão e motivação para a população destas comunidades, sempre relacionados aos grandes exemplos de vida de nossos doze grandes sonhadores. No final de 2003, com o surgimento do projeto social a longo prazo “Complexo social meu sonho não tem fim”, o qual deverá ser construído, numa ampla área verde e abrigará orfanato, asilo e retiro http://www.franciscanos.org.br

O SEFRAS - Serviço Franciscano de Solidariedade, promove ações e atitudes de solidariedade com os empobrecidos e marginalizados, contribuindo para o exercício da cidadania e inclusão social, no modo franciscano de viver.

de animais, além de, oficinas de artes e ofícios abertas à comunidade, horta, pomar, canteiro de flores, centro para palestras e eventos, entre outras instalações. A ONG direciona-se, definitivamente, para ações sociais mais efetivas e amplas, sejam assistenciais ou de conscientização - foco principal do trabalho - diminuindo, gradativamente, o vínculo inicial com a imagem de Senna, onde tudo começou, pela grande admiração por ele, um dos brasileiros mais sonhadores que tivemos, que será para nossa ONG sempre o início de tudo.

A idéia é mostrar os exemplos de vida de nossos inspiradores e seus ideais.

No ano de 2004 nasceu o projeto social, “Amor em Cena”, que são caravanas noturnas, pelas ruas da cidade de São Paulo que levam à seus moradores alimentos, brinquedos, cobertores, carinho e atenção e que pretende futuramente, iniciar o encaminhamento destas pessoas para sua inclusão social, indicando-as à agências de empregos, albergues, hospitais, escolas, cursos e outros benefícios. Existem também, ações especiais no dia das crianças e no Natal, quando são distribuídas centenas de sacolas com brinquedos e doces.

“Hoje, temos a certeza, de que o sonho destas pessoas maravilhosas de um mundo mais justo, jamais terá fim, pois, quando um sonho torna-se coletivo, não temos o direito de abandoná-lo e como sonhadores, nós também ousamos imaginar um Brasil onde estendamos, sem exceção, a mão aos menos favorecidos, colaborando para que tenham a oportunidade de serem felizes, lutando por uma vida mais digna e um mundo melhor, assim como, todos os nossos inspiradores nos ensinaram”, diz Alex Cardoso de Melo, Diretor-Presidente da organização.

O projeto social, “Passageiros da Esperança”, é realizado em terminais de transporte coletivo nas grandes cidades, distribuindo folhetos com mensagens de esperança, força, fé, otimismo e amor ao próximo, sem que haja vínculo comercial, financeiro, religioso ou político, como tudo o que a ONG se dispõem a fazer.

Pessoas muito especiais, que são tema freqüente, nos milhares de folhetos distribuídos, principalmente, na periferia da cidade de São Paulo. A ONG também desenvolve estudos e pesquisas sobre temas polêmicos e importantes como a discriminação racial, a fome, a pobreza, dentre outros, para a conscientização de nossos formadores de opinião e também da população de uma forma geral.

“Um homem não morre quando deixa de existir e sim quando deixa de sonhar”. ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim” 4


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Coragem

Martin Luther King Jr., é relembrado por ONG, que leva seu exemplo de vida e ideais à comunidades carentes.

MUNDO

Martin Luther King, uma vida em nome do amor Assim como a ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, Martin Luther King tinha um grande sonho. O sonho de que um dia, seus filhos, viveriam numa nação onde não seriam julgados pela cor da sua pele, mas pela essência do seu caráter.

http://www.ethos.org.br O Instituto Ethos é uma organização nãogovernamental com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa.

Gandhi, ele encontrara o caminho da não-violência. Novamente, ele repetiu que tinha um sonho, de que algum dia, mesmo em sua racista Georgia, os filhos de escravos e o dos senhores de escravos se sentariam à mesa da fraternidade e até o Mississipi viraria um oásis de irmandade. Que ninguém jamais seria julgado pela sua cor e sim pelo seu caráter. Que se ouviria por toda a América o clarim da liberdade. Todos então, independente da raça, sexo ou religião se dariam as mãos e, em júbilo, repetiriam; “Finalmente livres! Graças a Deus, finalmente estamos livres!”

Discípulo da “não violência” O projeto social “Passageiros da Esperança” tem, na filosofia da “não violência”, uma referência muito grande. Além de Martin Luther King, outros de seus seguidores, como Albert Einstein e Mahatma Gandhi são muito divulgados nesta ação e tornaram-se dois dos doze grandes sonhadores que hoje são a base idealista de todos os projetos da ONG. A “não violência” não significa renúncia a toda forma de luta contra o mal, pelo contrário, é uma luta mais ativa e real, mas em plano moral. A verdade e a “não violência” são, talvez, as forças mais ativas de que o mundo dispõe.

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Em 23 de agosto de 1963, à sombra do Memorial de Lincoln, em Washington, ele vinha cobrar uma promessa feita cem anos antes, pelo então presidente da república, Abraham Lincoln, de “uma nova nação, concebida em liberdade e dedicada à idéia de que todos os homens são iguais”. Na sua frente uma multidão de 250 mil pessoas formava a maior concentração, até então vista no país, a favor dos Direitos Civis. Os negros, dizia ele, receberam promessas de igualdade, mas a América ainda não as honrara. Pagaram com um cheque sem fundo. Em meio a

uma estonteante prosperidade de um país riquíssimo, os afro-americanos viviam isolados em ilhas de miséria, em guetos urbanos, atormentados pela segregação e pela brutalidade policial. Mas, alertou, estavam fartos. O verão do descontentamento chegara. A América só teria paz se os negros tivessem garantidos seus Direitos Civis. Quando fossem realmente integrados à sociedade mais pujante da terra. Voltando-se para a sua comunidade, alertou-lhes que de maneira nenhuma permitissem abrigar em seus corações ódio e amargura contra os brancos. “Não podemos marchar sozinhos!” Admirador de

Gandhi e Einstein. Homens extraordinários, que também têm seus ideais difundidos pela ONG.

A “não violência” é infinitamente superior à violência e o perdão bem mais viril que o castigo. 5


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http://www.dialogoscontraoracismo.org.br Diálogos Contra o Racismo é uma iniciativa que reúne mais de 40 instituições da sociedade civil, na luta pela igualdade racial no Brasil.

A grandiosidade de Martin Luther King só pode ser entendida ao conhecermos um pouco do inimigo contra qual ele lutava, usando apenas a retórica da “não violência”. A escravidão nos Estados Unidos foi extinta, em 1863, pelo presidente Abraham Lincoln, assassinado dois anos mais tarde. Porém, no mesmo ano de sua morte, em Lulanski, no Tennessee, é fundada a Ku Klux Klan, principal responsável por mais de cem anos de atentados terroristas, linchamentos e outras violências racistas. Apesar de clandestina, era uma organização que agia com total liberdade de forma pública e muitas vezes, com participação ou cobertura das próprias autoridades políticas e policiais locais, principalmente nos Estados do sul do país. Enquanto leis federais afirmavam que “os afro-americanos eram cidadãos plenos dos Estados Unidos” e proibiam que “os Estados lhes negassem proteção igualitária e um justo processo judicial”, cada Estado americano tinha suas próprias leis segregacionistas, com direitos e deveres, diferentes para negros e brancos, que também eram mais rigorosas no sul.

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Elas proibiam os negros de residir em determinados bairros, estudar na maioria das escolas, hospedar-se em hotéis reservados à brancos, utilizar elevadores sociais e comprar em certos estabelecimentos. Os

Resumo do famoso discurso de Martin Luther King “I have a dream” (Eu tenho um sonho), é um dos materiais distribuídos pela ONG no projeto “Passageiros da esperança”.

Fruto estranho, de Billie Holiday Billie Holiday, considerada por muitos, a primeira dama do jazz, gravou entre 1933 e 1944 mais de 200 canções, porém, nenhuma delas foi mais polêmica do que Strange Fruit. Escrita por Abel Meeropol em 1939, esta canção anti-linchamento e precursora dos direitos civis nos Estados Unidos, demonstra todo o horror vivido pelos afro-americanos, principalmente, nos Estados sulistas na primeira metade do século XX. “As árvores do sul carregam a fruta estranha, sangue nas folhas e na raiz, corpos pretos que balançam na brisa do sul, fruta estranha que pendura das árvores”. * * Trecho da música “Strange Fruit”

obrigavam a utilizar salas de espera "só para negros" em terminais rodoviários, ferroviários e aeroportos. Eram servidos em lanchonetes no balcão, sem fazer uso de copos de vidro ou pratos de louça e só lhes permitiam que se sentassem em alguns bancos ao fundo dos coletivos, mesmo que houvessem lugares vazios no restante do ônibus. Era comum ver em bancos de praças, bebedouros, hospedarias, estabelecimentos comerciais e até em igrejas, cartazes com os dizeres “No black!” (Proibido para negros). Foi uma época de sonhos e pesadelos para os americanos. Uma história nascida no século XIX e que ganhou dramaticidade com o passar do

tempo, até o começo da reação, uma virada na história, com contornos ainda mais trágicos e definitivos nos anos 1960, quando a luta de Luther King virou a América pelo avesso. Martin Luther King Jr., filho primogênito de Martin Luther King e Alberta Williams nasceu no dia 15 de janeiro de 1929, em Atlanta, na Geórgia, Estados Unidos. Ele freqüentou escolas públicas onde havia segregação racial. Foi um aluno brilhante, se formou no colegial aos 15 anos de idade e concluiu a faculdade aos 19. Em 1951, formou-se em um Seminário Teológico. Quatro anos depois, obteve seu doutorado em Teologia pela Universidade de Boston, onde conheceu Coretta Scott, uma estudante de música com quem se casou em 1953. O casal teve quatro filhos. Em 1954, aceitou um emprego como pastor na Igreja Batista em Montgomery, no Estado do Alabama. Essa igreja era uma poderosa instituição negra e possuía um público politicamente consciente, que já se manifestava contra a discriminação. Após o envolvimento em 1956, no caso Rosa Parks, ele realiza durante vários anos, diversas manifestações pacíficas, e, em certos momentos, irônicas, como quando o então candidato a presidência John F. Kennedy, disse que acabaria com a discriminação nas moradias financiadas pelo governo federal “com uma penada”. Dois anos depois, já como presidente e sem ter resolvido o problema, começou a receber pelo Correio, milhares de canetas enviadas pela população negra. “Se era por falta de caneta...” Em 1963 organiza a “Marcha para Washington”, protesto que contou com a participação de mais de 200.000 pessoas, que se manifestaram em prol dos Direitos Civis de todos os cidadãos dos Estados Unidos. Foi nesta marcha, que ele fez o Você Sabia? A música Pride (in the name of love), um dos maiores sucessos da banda irlandesa U2, é uma homenagem a Martin Luther King. Uma, dentre as centenas de músicas escritas em sua homenagem, desde a década de 50. 6


Na primeira metade do século XX, principalmente nos Estados sulistas dos Estados Unidos, tão comum quanto cartões postais da “Estátua da Liberdade” ou das “Cataratas do Niágara”, eram postais com imagens da execução sumária de afroamericanos linchados, enforcados e queimados. Um homem negro corria o risco de ter esse fim em diversas situações do cotidiano como, caso olhasse ou conver-

O exemplo de Rosa Parks

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As leis de segregação racial nos Estados Unidos obrigavam passageiros negros a ocupar apenas os assentos no fundo dos ônibus e a conceder seus lugares à passageiros brancos, no caso do ônibus estar lotado. Mesmo cumprindo estas leis, eles eram freqüentemente humilhados e agredidos por racistas brancos. No dia 1 de dezembro de 1955, na cidade de Montgo-

Ônibus em Montgomery, antes e depois do ato de coragem de Rosa Parks (sentada, na foto a direita).

seu mais famoso discurso, “I have a dream” (Eu tenho um sonho). A marcha serviu como um último passo em direção à promulgação da Lei dos Direitos Civis de 1964, que proibiu a segregação racial em locais públicos, empresas e escolas. Ao contrário de Martin Luther King, Malcom X, líder negro muçulmano, passa a pregar que violência se combate com violência. Porém, crescem as manifesta-

http://www.fundacaosalvadorarena.org.br

A Fundação Salvador Arena promove e coopera na solução dos problemas de educação, assistência e proteção aos mais necessitados.

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Os postais que envergonharam uma grande nação

Imagem de um postal, horror e vergonha.

sasse com uma mulher branca sem a prévia autorização.

mery, no Estado do Alabama, Rosa Parks, uma líder da Associação Nacional de Avanço do Povo Negro (NAACP), recebeu ordem de um motorista de ônibus para ceder seu assento a um passageiro branco. Por se recusar a seguir a ordem do motorista, Rosa Parks foi detida e levada à prisão. Martin Luther King, foi eleito presidente da Associação para o Avanço de Montgomery (MIA) para coordenar o boicote à lei de segregação no transporte público. Em fevereiro de 1956, dois meses após o incidente com Rosa Parks, um advogado da MIA entrou com um processo no Tribunal Federal contra a lei de segregação dos ônibus da cidade de Montgomery. O Tribunal decretou que a lei era inconstitucional, o governo de Montgomery apelou contra a decisão, mas sem sucesso. A primeira batalha pelos direitos civis nesta região extremamente segregacionista havia sido vencida.

ções pacíficas organizadas pelos defensores dos Direitos Civis. Negros mostram o poder de compra, entrando em supermercados e enchendo o carrinho. Chegando ao caixa, perguntavam pelo funcionário negro do local. Como nunca havia, abandonavam tudo e iam embora. Em 1965, os protestos organizados continuaram e ele lidera uma nova marcha, que teve como conseqüência a aprovação da Lei dos Direitos de Voto, que abolia o uso de exames, que eram realizados na população negra com o intuito de dificultar a possibilidade destes votarem. Ele também passou a trabalhar para melhorar a situação econômica dos negros nos Estados Unidos, e aos 35 anos, ganhou o Prêmio Nobel da Paz.

Seis dias após a premiação ele foi preso no Alabama ao participar de uma manifestação pacifista contra o racismo. Em junho Malcom X é assassinado e este fato desencadeia a retirada da expressão "nãoviolência" de comitês estudantis negros, substituindo-as, pela primeira vez, pelo termo Black Power. Em 4 de abril de 1968, Martin Luther King estava em Memphis, no Tennessee, para apoiar a greve de lixeiros, predominantemente negros. Criticado por hospedar-se no elegante hotel Holiday Inn, mudou-se imediatamente para o Lorraine Hotel, no bairro negro da cidade. Foi assassinado neste hotel por um franco atirador chamado James Earl Ray, fugitivo branco que admitiu a autoria do crime. Sua morte fez explodir distúrbios de ponta a ponta do país. Seu sonho foi relembrado e festejado oficialmente, nas Olimpíadas de Atlanta, sua terra natal, em 1996. Ali, seus herdeiros ideológicos viram negros e brancos de mãos dadas conquistando vitórias neste novo tempo de globalização e o mundo inteiro pôde assistir, ao vivo e a cores, à confirmação de uma de suas principais pregações: "Estou convencido de que a arma mais poderosa do povo oprimido na luta pela liberdade e justiça é a arma da não-violência". Martin Luther King foi morto, mas suas palavras, seus ideais, sua luta, seu sacrifício e principalmente, seu sonho de um mundo melhor, mais justo e igualitário, serve de exemplo para milhões de pessoas em todo o mundo. Passadas algumas décadas de sua morte, nós, da ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, tentamos fazer a nossa parte, passando adiante os ensinamentos e sonhos, deste ser humano tão especial, para que eles jamais tenham fim.

“Não existe nada mais obsceno do que a discriminação”. Alex Cardoso de Melo

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Perseverança

Beethoven, que tem seu exemplo de genialidade e perseverança, levado, principalmente, às comunidades carentes por ONG.

MUNDO

A superação e o exemplo de Ludwig van Beethoven Desde menino, Ludwig van Beethoven sabia tocar piano melhor do que a grande maioria dos adultos. Aos sete anos de idade, deu o primeiro concerto, aos onze era organista da corte, em Colônia, na Alemanha, e aos doze apresentou a sua primeira composição significativa. Quatro anos depois foi à Viena e tocou para o grande Mozart, que após o recital, disse: – Esse menino vai longe! Um dia o mundo vai falar dele. O pai de Ludwig era cantor da corte e já se viu com fama e montes de ouro que as pessoas pagariam para ouvir “o menino prodígio”. Parece que pensava mais no dinheiro – e na bebida – do que na felicidade de Ludwig. Costumava chegar em casa cambaleando, já de manhã e logo arrancava o menino da cama diretamente

para o piano e forçava-o a estudar até a noite, não poupando cascudos e safanões quando a criança, exausta, errava uma nota.

do pai chegou ao fim e Ludwig se tornou o chefe da família. Passou o resto da vida cuidando dos irmãos, embora eles fossem causa de constantes problemas e aflições.

É de se admirar que a brutalidade do pai não levasse Ludwig a odiar a música. Talvez a suavidade de sua mãe o tenha ajudado a superar essas horas difíceis. Mas, quando Ludwig tinha dezessete anos, a mãe morreu. Imediatamente, seu pai vendeu as roupas dela para comprar bebida.

Em 1792, pouco antes de completar vinte e dois anos, Ludwig mudou-se para Viena, para estudar com Joseph Haydn, o mais famoso compositor da época. Foram anos de muito trabalho. Aprendeu a tocar muitos instrumentos, como a trompa, a viola, o violino e o clarinete, para melhor escrever música para orquestra. Trabalhava sem cessar em suas composições, escrevendo, corrigindo, revisando, rejeitando e começando tudo de novo.

Ludwig sentiu profundamente essa perda. Agora não havia ninguém para cuidar de seus dois irmãos menores. Tomando para si a responsabilidade da casa, ofereceu-se para trabalhar para o príncipe por metade do salário do pai, para sustentar os irmãos. O pedido foi atendido, a carreira

O Instituto Nacional de Educação de Surdos tem como principal missão a produção, o desenvolvimento e a divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos na área da surdez em todo o território nacional, promovendo e assegurando, o desenvolvimento global da pessoa surda, sua plena socialização e o respeito às suas diferenças.

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http://www.ines.org.br

Aos poucos, espalhou-se a fama do seu talento. Os vienenses amavam a música e compareciam em massa para ouvir Beethoven. Deu uma série de concertos em 1795, um dos quais em benefício da viúva e dos filhos de Mozart. Daí por diante, seu sucesso estava garantido. Passou os anos seguintes compondo, viajando, dando concertos, afirmando-se como grande músico. Aos vinte e sete anos, começou a notar um zumbido nos ouvidos. A princípio, 8


Beethoven terminou por ficar totalmente surdo. Apesar de viver sozinho e infeliz, compôs musicas sublimes. Sua última sinfonia, a “Nona”, termina com a famosa “Ode à Alegria”. Quando concluiu sua obra, Beethoven concordou em reger a orquestra e coro num concerto em Viena.

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O teatro estava lotado. Beethoven tomou seu lugar em frente à orquestra, de costas para a platéia e ao seu comando, a música começou. Os acordes magníficos enfeitiçaram a platéia. Beethoven, que nada ouvia, seguia a pauta em sua mente. Os músicos receberam orientação para olhar para ele, mas que não dessem atenção à sua marcação do ritmo.

Sua infância, foi simples e sofrida em Bonn, Alemanha, no final do século XVIII.

ignorou, mas o zumbido piorava cada vez mais. Por fim, venceu a relutância e consultou alguns médicos. O diagnóstico foi pior que uma sentença de morte: Beethoven estava ficando surdo. Por um longo tempo, não ousou contar a ninguém. Passou a se esquivar das pessoas. “Confesso que estou levando uma vida muito miserável”, escreveu a um amigo. “Há dois anos que evito todas as reuniões sociais, pois me é impossível dizer às pessoas que estou ficando surdo. Se minha profissão fosse outra, seria mais fácil...”. Encontrou refúgio no campo, onde dava longos passeios pelos bosques. “Aqui, a surdez incomoda menos que em qualquer outro lugar”, escreveu. “As árvores parecem me falar de Deus”. Convencido que ia morrer, Beethoven confessou sua vergonha e desespero num testamento endereçado a seus irmãos: “Não podia pedir às pessoas, ‘Fale mais alto por que sou surdo’. Como poderia admitir a fragilidade do sentido que deveria ser mais perfeito em mim que em http://www.aacd.org.br A AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente - tem como principal missão, tratar, reabilitar e reintegrar à sociedade crianças, adolescentes e adultos portadores de deficiência física.

outros, um sentido que um dia possuí em alto grau de perfeição?... Devo viver no exílio. Se me arrisco a conviver com as pessoas, sou tomado de terror, há o risco terrível de dar a perceber a minha condição... Que humilhação passei, quando alguém a meu lado ouviu uma flauta a distância e eu não ouvi nada, ou quando alguém ouviu um pastor cantando e eu novamente não ouvi nada. Esses incidentes me levaram à beira do desespero, um pouco mais e eu teria Sua deficiência auditiva posto fim à minha não o impediu de se tornar um dos maiores vida...”. compositores clássicos de todos os tempos.

No entanto, Beethoven fez algo muito mais corajoso do que desistir, entregou-se à arte. Continuou a compor, ainda que a melodia soasse cada vez mais fraca aos seus ouvidos. À medida que perdia a audição, sua música adquiria uma qualidade muito diferente das elegantes obras de compositores que o antecederam. As composições de Beethoven se tornaram fortes, altamente emocionais e vibrantes – como sua vida corajosa e turbulenta. Por estranho que pareça, compôs suas melhores obras, aquelas que mais conhecemos, depois de perder a capacidade de ouvir.

Quando terminou, o grande maestro baixou os braços e permaneceu imerso em silêncio, mexendo na partitura. Um dos cantores fez um gesto para que olhasse a platéia. Ele então se virou e viu as pessoas ovacionando-o, aplaudindo de pé, batendo palmas com os braços erguidos. O músico surdo inclinou-se e em cada rosto rolou uma lágrima. Os anos finais de sua vida foram tristes. Já muito doente, encontrava consolo na leitura das partituras. Passava horas agradáveis lendo composições de Haydn, que um velho amigo lhe enviara. Gostava também de ler as obras de Schubert. Morreu em 1827, e alguns amigos dizem que suas últimas palavras foram: “No céu, vou tornar a ouvir”. Para nós, da ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, Beethoven é um grande exemplo de perseverança e superação, frente as adversidades de seu destino, lutando, e finalmente, não deixando mais que isto afetasse seus planos e sonhos, tornando suas obras ainda mais fortes e geniais após a surdez repentina e permanente.

“Não existe verdadeira inteligência sem bondade”. Ludwig van Beethoven

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Generosidade

do, aos limites da cidade, à escola. Passeando junto com o pai, Louis perguntava: – De que cor está o céu hoje? – Todo azul – dizia o pai. – Todo azul.

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Mas embora Louis se esforçasse para se lembrar do azul, as imagens da primeira infância gradualmente desapareceram e ele não se lembrava mais da beleza das cores.

ONG brasileira homenageia Louis Braille. Grande exemplo de superação, na conquista de um sonho.

MUNDO

O menino que trouxe luz ao mundo da escuridão Um dia, cerca de dois séculos atrás, um menino estava na oficina do pai, na cidade de Coupvray, perto de Paris. Louis Braille tinha apenas três anos e gostava de ver o pai fazer selas e arreios. O pai lhe dava tiras de couro para brincar e ele fingia estar fazendo arreios também. Quando crescesse, queria ser igual ao pai. O Sr. Braille trabalhava com grande afinco, cortando o couro com mão segura e olhar crítico. Levou uma peça de couro à luz e examinou com atenção para saber que faca utilizar. Largando a peça, atravessou a oficina para pegar uma ferramenta adequada. O pequeno Louis foi à mesa de trabalho, pegou a sovela e começou a bater numa tira de couro. Batia com força, tentando furar o couro duro e seus dedinhos não tiveram firmeza para segurar a sovela. O instrumento pontudo escapou-lhe da mão e atingiu o olho esquerdo. O Sr. Braille ouviu o grito e correu para o menino, mas era tarde demais. O mal estava feito. Horrorizados, os pais correram ao médi-

co, na esperança de salvar a vista da criança, mas o ferimento era muito grave. A tragédia se completou quando a infecção atingiu o outro olho. Em pouco tempo, o menino não enxergava mais. Naquele tempo as pessoas tratavam os cegos com negligência ou crueldade. Às vezes eram expulsos pela família e viviam de esmolas ou eram contratados para trabalhos pesados, como bestas de carga. Em alguns lugares, a cegueira era vista como obra do demônio ou como castigo divino. As coisas eram diferentes na cidade de Couvpray, onde todos cuidavam do pequeno Louis. Ao ouvirem a batida da bengalinha, interrompiam o que estavam fazendo para ajudá-lo a atravessar a rua ou virar a esquina. Ajudaram a contar quantos passos levava para ir ao merca-

Aprendeu a ajudar o pai na oficina, trazendo ferramentas e peças de couro. Ia à escola com os amigos e todos se admiravam da facilidade com que aprendia e memorizava as lições. Gostava de conversar com os professores sobre história e geografia e com o padre sobre as histórias da Bíblia. Mas, na verdade não estava feliz com os estudos, pois queria ler livros e escrever cartas como os colegas. Um dia o professor falou com Louis sobre uma escola para cegos em Paris. Tinham livros especiais para cegos. Louis mal pôde acreditar. Implorou aos pais que o mandassem para essa escola e o pároco ajudou a levantar o dinheiro para as despesas. Assim, quando tinha dez anos Louis viajou com o pai para Paris e se matriculou no Instituto Nacional para Crianças Cegas. Logo ao chegar, levou aos professores as questões que ardiam em sua mente. Soube que a escola experimentava novas maneiras de ensinar os cegos a ler. O fundador tinha mandado imprimir livros com letras grandes em relevo. Os estudantes cegos sentiam pelo tato as formas das letras e aprendiam com este método as palavras e frases. Não demorou, porém, que Louis descobrisse as limitações do método. As letras eram tão grandes que uma história curta enchia muitas páginas. Um simples livro

http://www.fundacaodorina.org.br A fundação Dorina Nowill para cegos, oferece produtos e serviços que propiciam aos deficientes visuais condições para assumirem o seu papel de cidadãos independentes. Disponibilizam informações à sociedade e serviços como, a conscientização e realização de ações voltadas à prevenção da cegueira. 10


chegava a pesar cem quilos! O processo de passar os dedos sobre as letras era demorado, e a leitura tomava muito tempo. Como a confecção dos livros era muito cara, a escola só pode imprimir alguns volumes. Em pouco tempo Louis tinha lido toda a biblioteca. Apesar da decepção com a lerdeza do método, o menino de Coupvray estudava muito. Adorava música e tornou-se ótimo estudante de piano e violoncelo. Passava as horas livres estudando no órgão da igreja, pois adorava tocar nas cerimônias religiosas. O amor à musica aguçou o seu desejo pela leitura. Além das letras, agora queria ler notas musicais. Queria aprender a escrever. Passava noites acordado pensando no problema. “Tem que haver um jeito”, pensava. “Se os cegos podem aprender como todo mundo, devem ser capazes de ler e escrever. Tenho que descobrir um jeito”. Foi então que ouviu falar de um capitão do exército, chamado Charles Barbier, que havia desenvolvido um método para ler mensagens no escuro. A “escrita noturna” consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel; correndo os dedos sobre os códigos, os soldados podiam ler sem precisar de luz. Louis viu imediatamente as possibilidades dessa idéia. Da mesma forma que um soldado podia ler e escrever no escuro, os cegos também podiam. Procurou o capitão Barbier, que demonstrou o sistema com a maior boa vontade. Fez uma série de furinhos em uma folha de papel, com um furador muito semelhante ao que tinha tirado a visão de Louis. Virando a folha, mostrou os pequenos relevos dos furinhos no outro lado do papel e explicou como as combinações de pontos e traços formavam palavras e frases. http://www.msf.org.br Médicos Sem Fronteiras é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde à vítimas de catástrofes, conflitos, epidemias e exclusão social, independentemente de raça, política ou crenças.

Louis voltou ao instituto e começou a trabalhar. Noite após noite, mês após mês, trabalhou no sistema de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoamentos. Sabia que a idéia era fundamental, mas o código de traços e pontos precisava ser mais trabalhado para ter real utilidade para os cegos. Como muitas idéias e invenções, a de Louis foi encarada com suspeita. Os diretores do instituto não aprovaram a tentativa de mudança. Tinham gasto uma pequena fortuna na impressão dos livros com letras em relevo e não viam motivo para trocar por um sistema baseado em pontinhos. Argumentavam que uma escrita específica para cegos ia segregá-los ainda mais da sociedade. Não aprovavam os esforços de Louis. Quando fez dezessete anos, Louis tornouse professor do Louis Braille instituto. De dia ensinava a ler pelo método de letras grandes e à noite continuava a aperfeiçoar o novo sistema. Trabalhava longas horas, testando novos padrões, procurando as melhores combinações e, às vezes, adormecia sobre os furadores e papéis. À exceção da música, dedicava todas as horas livres à pesquisa, confiante no sucesso. Em 1829, aos vinte anos de idade, Louis chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a seis pontos. O método Braille estava pronto. Projetou um furador menor, mais adequado à função, sendo que algum tempo depois era capaz de escrever tão rápido quanto falava. O sistema permitia também ler e escrever música. A notícia correu e alguns alunos iam secretamente ao quarto de Louis à noite para aprender o novo método. Louis começou a copiar livros – Shakespeare e outros clássicos – logo mais e mais cegos, tomavam conhecimento do método. Começou, então, a receber cartas de todas as partes do mundo, pedindo informações sobre a invenção.

No entanto, infelizmente, muitos não reconheciam a importância do sistema de Braille. Alguns admitiam seu valor, mas não se interessavam. Outros, por inveja, se ressentiam do novo método. Alguns professores do instituto tentaram proibir, de todas as formas, o ensino dos pontos de Louis Braille. Mas, ele continuava a aprimorar e a divulgar a sua invenção, esperando que um dia os cegos do mundo inteiro aprendessem a ler e escrever como ele. Transcrevia novos livros e ensinava a leitura a quantos se interessassem. Falava sobre o método a quem quisesse ouvir, demonstrava quantas vezes fosse preciso, tentando atrair o interesse do público. Ao fim de tantos dias e noites de trabalho incessantes, sua saúde começou a dar sinais de fraqueza e ele temia que a chance dos cegos aprenderem a escrever pelo seu método, morresse com ele. Entretanto, a idéia terminou por encontrar aceitação. No fim da vida de Louis, diversas cidades da Europa já reconheciam a importância do método Braille e era cada vez maior o número de cegos que adotava os pontinhos em relevo. Era a luz que despontava. Algumas semanas antes de morrer, no leito do hospital, Louis disse a um amigo: – Oh, mistério insondável dos corações humanos! Tenho certeza de que minha missão na terra terminou. Morreu muito jovem, no ano de 1852, dois dias depois de completar quarenta e três anos. Nos anos seguintes à morte de Braille, o método se espalhou por vários países e finalmente se tornou aceito como o método oficial da leitura e escrita para aqueles que não vêem. Assim, os livros puderam fazer parte de suas vidas, graças a um menino sonhador, persistente e generoso que dedicou toda a sua vida a enriquecer a dos cegos.

“A maior das luzes, que jamais se apaga, é a que irradia de dentro de nossos corações”. Alex Cardoso de Melo

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Divulgação ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”.

Cidadania

Ação de Natal do projeto “Amor em Cena”, da ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, na periferia de São Paulo. ONG relembra o sociólogo Herbert José de Souza, o Betinho.

BRASIL

O Legado de Betinho

Tudo começou no início dos anos 60, quando fazia os cursos de Sociologia e Política e de Administração Pública, na http://www.acaodacidadania.org.br Neste site você encontrará diversas informações sobre o legado deixado pelo Betinho em projetos sociais como, Brasil sem fome, Natal sem fome, Click fome, Click fome de emprego, Brasil são outros 500, Inclusão cidadã, dentre outros.

Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Minas Gerais. Atuando como líder nacional dos grupos de juventude católica, que representavam, naquele momento, as aspirações de transformação social no país. Também já era presença certa nos movimentos operários brasileiros da época.

AIDS), uma das primeiras e mais influentes instituições do país, preocupada com a organização da defesa dos direitos dos portadores do HIV. Dedicou-se também à coordenação do IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Divulgação - Direitos Reservados

Herbert José de Souza, o Betinho, nascido em 3 de novembro de 1935, em Minas Gerais, infelizmente, não está mais presente entre nós, porém, o seu inestimável legado deve ser comemorado todos os dias, pois, como ele mesmo sempre dizia “solidariedade, não se agradece, comemora-se” e esse mineiro, fez de sua vida um exemplo máximo de solidariedade, amor ao próximo e trabalho em busca do bem comum, num país tão marcado pela desigualdade social.

Com o golpe de 64, atuou na resistência contra a ditadura militar, dirigindo organizações de cunho democrático, porém, no início da década de 70, foi para o exílio, morando primeiro no Chile, depois no Canadá e México. Com o crescimento dos movimentos pela democratização, seu nome tornou-se um dos símbolos da campanha pela anistia e em 1979 retornou ao país, envolvendo-se instantaneamente e inteiramente nas lutas sociais e políticas, na busca pela democracia e justiça social. No início dos anos 80, Betinho foi um dos fundadores do ISER (Instituto de Estudos da Religião) e em 1986 da ABIA (Associação Brasileira Interdisciplinar de

Um sonho de Betinho, comida para seu povo. 12


Sócio-Econômicas), onde atuou até os últimos dias de sua vida, de forma brilhante, lúcida e consciente da triste e dura realidade brasileira, de perversidade, exclusão social, controle político e concentração de renda. Mesmo com tamanha nobreza de espírito, quis a natureza não ser benevolente com Betinho. Hemofílico, contraiu AIDS em uma das inúmeras transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter. Por essa mesma condição genética, em 1988, num intervalo de apenas três meses perdeu dois irmãos: o saudoso cartunista Henfil, aos 43 anos, famoso pelo humor inteligente utilizado na crítica à ditadura militar e o músico Chico Mário, com apenas 39 anos. O que poderia ser encarado como motivo para uma revolta íntima e acomodação na luta pelo movimento social, foi ao contrário, uma força extra, em memória de seus irmãos, também grandes defensores da causa. No início de julho de 1997, Betinho foi internado, acometido por uma infecção oral. Vinte e seis dias depois pediu para voltar para casa, onde morreu aos 61 anos, em 9 de agosto do mesmo ano, vítima da hepatite C. Em 11 de agosto, o corpo do sociólogo foi cremado e a seu pedido, as cinzas foram espalhadas em seu sítio, em Itatiaia. Betinho é, sem dúvida alguma, o símbolo maior da determinação e do trabalho incansável pela cidadania, pela restauração da verdadeira democracia participativa, pela valorização da solidariedade e dos direitos humanos em nossa sociedade. Ele deixou-nos um legado maravilhoso, desempenhando papel fundamental em momentos importantes da história recente do país, como a articulação da “Campanha pela Reforma Agrária”, em 1983; a organização, em 1990, do movimento “Terra e Democracia”; a liderança, em 1992, do “Movimento pela Ética http://www.akatu.org.br O Instituto Akatu é uma organização nãogovernamental, sem fins lucrativos, criado para educar e mobilizar a sociedade para o consumo consciente.

Os tristes dias em que vivemos “Alexandre, o Grande, conduzia seu exército de volta para casa depois da grande vitória contra Porus na Índia. A região que cruzavam no momento era árida e deserta e os soldados sofriam terrivelmente de calor, fome e, mais que tudo, de sede. Os lábios rachavam-se e as gargantas ardiam por falta de água. Muitos estavam prestes a se deixar cair no chão e desistir. Um dia, por volta de meio-dia, o exército encontrou um destacamento de viajantes gregos. Vinham montados em mulas, e carregavam alguns recipientes com água. Um deles, vendo o rei quase sufocar de sede, encheu um elmo com água e ofereceu-lhe. Alexandre pegou o elmo nas mãos e olhou em torno de si. Viu os rostos sofridos dos soldados, que ansiavam, tanto quanto ele, por algo refrescante. – Pode levar – disse ele –, pois se eu beber sozinho o resto ficará desolado e você não tem o suficiente para todos. Devolveu a água sem tomar uma gota. Os soldados, aclamando seu rei, puseram-se de pé e pediram que o líder continuasse a conduzi-los adiante”. Mais de 2.300 anos depois, nossa realidade, com tantas denúncias de corrupção e má administração do dinheiro público, frente a uma população perplexa e que ostenta a segunda maior desigualdade social do mundo, faz com que tenhamos a vontade de baixar nossas cabeças e ruborizar de vergonha, perante a qualidade dos homens que, infelizmente, definem o destino de nossa nação. Tristes, os dias em que vivemos. Alex Cardoso de Melo ONG “Projetos Sociais Meu Sonho Não Tem Fim” * Baseada na adaptação de Rosalie Kaufman, para a fábula “O homem que não queria beber só”, do historiador Plutarco.

na Política”, que culminou com o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello; a criação da “Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida”, a campanha contra a fome, que ganhou as ruas em 1993; a campanha “Natal sem Fome”, que arrecadou, no primeiro ano, em 1994, 600 toneladas de alimentos; a “Caminhada pela Paz” do movimento “Reage Rio”, em novembro de 1995; e, em julho de 1997, pouco menos de um mês antes de sua morte, protagonizou o encontro com empresários de todo o país, lançando a campanha de adesões ao “Balanço Social”, uma espécie de balanço financeiro, onde os principais indicadores são os investimentos sociais feitos por empresas. Sua figura humana adquiriu notoriedade definitiva como o incansável coordenador da “Ação pela Cidadania contra a Fome e a Miséria”, ou a “Campanha do Betinho”, como ficou conhecida. Tão polêmica quanto popular, promoveu a cidadania, o direito ao emprego e a luta pela terra, etapa final do programa de ação planejado, e sem duvida alguma, o

maior legado público de sua vida. Ao longo de sua trajetória, além de todas estas ações, publicou diversos livros, artigos e ensaios, sempre com a mesma preocupação, de criticar as estruturas que tornam a vida difícil e injusta para milhões de pessoas. Nós, da ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, que temos Betinho como uma grande fonte de inspiração, desejamos que sua luz e a chama de seu sonho, continuem acessas no coração de cada um de nós e que acreditemos e lutemos sempre por um mundo melhor e mais justo, principalmente, para milhões de brasileiros, como cada um de nós, e que vivem a margem de nossa injusta e cruel sociedade. E como ele mesmo já dizia, “um país não muda pela sua economia, política e nem mesmo sua ciência; muda sim pela sua cultura”.

“A miséria é o maior crime moral que pode-se cometer”. Betinho 13


Divulgação ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”.

Responsabilidade

Estudo mostra que a pobreza, em condições miseráveis, pode gerar doenças mentais.

BRASIL

A pobreza que leva à loucura Há muito tempo discute-se se é a pobreza em condição miserável, que gera doenças mentais ou a aflição das doenças mentais que arrasta as pessoas para a pobreza. Obviamente que ambos caminham muito próximos, porém, qual deles é a causa e qual a conseqüência? Um estudo realizado pelo pesquisador acadêmico, Christopher G. Hudson, professor no Salem State College, Massachusetts, EUA e especialista em políticas para saúde mental, mostra como a pobreza arrasta, cada vez mais pessoas, para o abismo das doenças mentais. O estudo acompanhou milhares de pacientes, concluindo que houve pouca tendência à decadência social entre os internados com doenças mentais, porém, segundo Hudson, “existem evidências cada vez mais fortes de que o status sócioeconômico, ocupa realmente uma dimensão muito importante no que diz respeito às doenças mentais, embora obviamente, não seja a única dimensão”. O estudo também destacou, o contraste marcante entre as comunidades mais www.apaebrasil.org.br A APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, tem como principal missão prevenir a deficiência, assim como, facilitar o bem estar e a inclusão social da pessoa deficiente mental.

ricas e as mais pobres, quanto à incidência das doenças mentais. Entre os mais ricos, o índice de perturbações mentais sérias, foi de cerca de 4%, comparado com o índice que varia de 12% a 13% entre os mais pobres, segundo Hudson. Foram utilizadas no estudo, cinco poderosos instrumentos estatísticos para testar cinco hipóteses sobre a conexão entre doença mental e pobreza, incluindo a idéia de “tendência à decadência”. A teoria de que condições econômicas estressantes podem causar a doença mental foi a única que realmente se encaixou com as informações levantadas, relatou Hudson em edição da Revista Americana de Ortopsiquiatria, publicada pela Associação Americana de Psicologia. Essa conclusão não surpreendeu Deborah Belle, professora de psicologia na Universidade de Boston, e que estuda o estresse causado pela pobreza. “Existem várias conexões causais plausíveis entre a pobreza e as doenças mentais, especialmente a depressão, que eu conheço bem”, segundo a psicóloga. Algumas dessas conexões são: pessoas mais pobres estão mais sujeitas a encarar situações de vida mais ameaçadoras, humilhantes e sem saída aparente, segundo Belle. A pobreza pode minar a autoimagem e as conexões sociais dessas pessoas deixando-as com uma sensação

de falta de controle sobre os aspectos básicos de suas vidas. Hudson diz que suas conclusões estão de acordo com experiências que ele mesmo viveu como organizador comunitário e assistente social, tanto entre os que vivem de maneira pobre e indigna em Chicago, como também em duas reservas indígenas. Essas circunstâncias, segundo o pesquisador, eram como autênticas “camisas-de-força, especialmente moldadas para induzir à pane mental”. Desde que foi realizado um estudo na Chicago dos anos 30, pesquisadores têm registrado a tendência que indica pobreza e doença mental caminhando lado a lado. Hudson não nega que a biologia e a hereditariedade desempenhem funções no diagnóstico da doença mental; até mesmo nas cidades mais ricas se percebe uma incidência básica de doenças mentais que, provavelmente, refletem esses fatores biológicos. Outros fatores ambientais, tais como famílias desajustadas e a incidência de traumas, também estão ligados às doenças mentais. “Sabemos que pessoas sujeitas a problemas econômicos, falta de apoio social e situações de estresse, algumas vezes sobrecarregam suas habilidades cognitivas, emocionais e mentais”. O cientista finaliza, dizendo que o estudo sugere que “a pobreza é pelo menos tão importante quanto fatores inatos ou biológicos”. No Brasil, a ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, com base em núme14


Brasileiros com mais de 10 anos e problemas mentais permanentes * (por classe social)

anos de idade, que por sua vez correspondia a 80,60% do total geral da população brasileira. “Analisando essas pessoas, com problemas mentais permanentes, divididos por classes sociais, constatamos que do total de casos apurados em 2000, a grande maioria (78,48%, sendo 42,73% sem rendimento e 35,75% até um salário mínimo) vive abaixo ou muito próximo da linha de pobreza estimada pela ONU para países em desenvolvimento que é de US$ 2 por dia, ou seja US$ 60 mensais (o salário mínimo na época da realização do Censo 2000 era R$ 151,00 e referia-se a US$ 76,92, pela taxa média de dezembro de 2000 do dólar comercial/venda).

Fonte: IBGE (Censo 2000) * Salário mínimo utilizado: R$ 151,00.

ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim.

ros do Censo do IBGE realizado em 2000, e atentando-se, principalmente, para informações como, o número de brasileiros acima dos 10 anos com problemas mentais permanentes e segmentando-os por classes sociais classifica que

os resultados obtidos vão de encontro com o estudo do professor Hudson. Pelo Censo de 2000, o Brasil tinha 2.580.918 pessoas com problemas mentais permanentes, ou seja, 1,89% do total de 136.910.358 brasileiros maiores de 10

Amor em uma Lata de Leite Dois irmãozinhos maltrapilhos, um deles de cinco anos e o outro de dez, iam pedindo um pouco de comida pelas casas de uma das ruas de São Paulo. Estavam famintos: “Vai trabalhar e não amole”, ouvia-se detrás da porta; “aqui não tem nada...”, dizia outro... As múltiplas tentativas frustradas entristeciam as crianças... Por fim, uma senhora muito atenta disse-lhes: “Vou ver se tenho alguma coisa para vocês... garotinhos!” E voltou com uma latinha de leite. Que festa! Ambos se sentaram na calçada. O menorzinho disse para o de dez anos: “você é mais velho, tome primeiro... e olhava para ele com seus dentes brancos, a boca semiaberta, mexendo a ponta da língua”. Eu, parado, como um tolo, contemplava a cena... Se vocês vissem o mais velho olhando de lado para o pequenino...! Leva a lata à boca e, fazendo gesto de beber, aperta fortemente os lábios para que por eles não penetre uma só gota de leite. Depois, estendendo a lata, diz ao irmão: “Agora é sua vez. Só um pouco”. E o irmãozinho, dando um grande gole exclama: “está gostoso!”. “Agora eu”, diz o mais velho. E levando a lata, já meio vazia, à boca, não bebe nada. “Agora você”, “agora eu”, “agora você”, “agora eu...”. E, depois de quatro, cinco ou seis goles, o menor, barrigudinho, com a camisa de fora, esgota o leite todo... ele sozinho. Esse “agora você”, “agora eu” encheram-me os olhos de lágrimas... E então, aconteceu algo que me pareceu extraordinário. O mais velho começou a cantar, a dançar, a jogar futebol com a lata de leite. Estava radiante, o estômago vazio, mas o coração trasbordante de alegria. Pulava, com a naturalidade de quem não fez nada de extraordinário, ou melhor, com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas extraordinárias, sem dar-lhes maior importância. “Nada é pequeno no amor. Aqueles que esperam por grandes ocasiões para demonstrar a sua ternura ao próximo não sabem amar”.

16,07% dos casos constatados são de pessoas na faixa de 1 a 5 salários mínimos mensais e 5,45% dos casos, referese a pessoas na faixa acima de 5 salários mínimos por mês. Obviamente que se tivéssemos um maior número de cortes impostos pelo IBGE, acima dos 5 salários mínimos mensais, o número de casos continuaria caindo drasticamente conforme elevássemos o poder econômico das classes sociais analisadas. Estes números vem apenas comprovar que, infelizmente, para muitas pessoas de nosso país, a pobreza é uma vizinha próxima da loucura e que precisamos combater este mal pela raiz, pois, é muito mais barato, simples e eficiente, tanto para a iniciativa privada como para o poder público, combater a pobreza, do que tratar e manter um número, cada vez maior, de doentes mentais permanentes, cujos tratamentos requerem grandes investimentos em remédios, terapias e profissionais especializados, além de afetar, gradativamente e definitivamente, as perspectivas de futuro de um percentual considerável da população brasileira”, finaliza Alex Cardoso de Melo, DiretorPresidente da ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, responsável pela pesquisa realizada com dados do IBGE.

“A fome não é um fenômeno natural, mas um fenômeno social, produto de estruturas econômicas defeituosas”. 15


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Liderança

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ONG leva os projetos sociais e exemplos de vida e empreendedorismo de Roberto Marinho à comunidades carentes.

BRASIL

Os projetos sociais de um grande sonhador Roberto Marinho foi testemunha e protagonista de momentos decisivos na vida de nosso país, mais do que isso, para nós da ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, foi um dos maiores sonhadores e concretizadores de sonhos do Brasil. Por pouco, muito pouco, este grande sonhador não completou um século de vida. Para um homem como ele, que tanto celebrava a vida, certamente teria sido uma grande alegria o dia 3 de dezembro de 2004. Porém, quis o destino levá-lo antes, no dia 6 de agosto de 2003. Mas, seu legado, seu exemplo de vida, seus sonhos e, principalmente, seus esforços em prol dos menos favorecidos em nosso país, devem ser sempre relembrados, celebrados e copiados. Roberto Marinho, com mais de 70 anos de atividade jornalística, com toda certeza, foi um dos mais importantes brasileiros do século XX e construiu o maior império de comunicações do país, a partir de um pequeno jornal vespertino recémlançado em 1925 (assumiu o jornal vinte e três dias após sua fundação, quando seu pai, Irineu, morreu vítima de ataque cardíaco durante um banho), na cidade do Rio de Janeiro - onde circulavam vinte e duas publicações - herdado aos vinte anos de idade. O jornalista Armando Nogueira, diretor da Central Globo de Jornalismo de 1966 a 1990, descreve o lado humano de Roberto Marinho de forma singular e que vale a pena ser registrada: “Das pessoas com quem eu convivi numa relação de

hierarquia, foi o chefe com maior capacidade de entender o ser humano que eu já conheci. Roberto falava muito por parábolas, era meio ‘budista’ nesse aspecto, meio ‘oriental’. Ele não gostava de falar muito duramente, só em momentos excepcionais, falava baixo e pausadamente e a minha sensação era a de que ele estava sempre procurando a palavra exata, para não gerar uma dúvida na cabeça do interlocutor. Ele parava, pensava, para dizer alguma coisa que achava. Ele dava muita importância à palavra ‘justa’: a palavra certa, a palavra exata”. Esse era o lado de Roberto Marinho que desejamos ressaltar, com sua simplicidade e humanidade, um homem que mesmo tendo construído um dos maiores impérios de comunicações do mundo “não gostava de falar para a câmera, pois, isso para ele era um sofrimento inacreditável”, relembra Cláudio Mello e Souza, um de seus maiores amigos e confidente. Um homem que gostava de ser tratado como “o companheiro, jornalista Roberto Marinho” que, quando de seu falecimento teve, por desejo próprio, seu corpo trasladado ao cemitério dentro de um carro de sua equipe jornalística. Esse grande homem sempre brincou com a idade. Citando apenas dois grandes exemplos, aos 61 anos, quando muitos já estão aposentados, criou a TV Globo e aos 84, casou-se pela terceira vez, com a Sra. Lily Monique de Carvalho. Com exemplos como esses, a sua longevidade e disposição tornaram-se lenda.

Uma das histórias mais conhecida e engraçada e algumas vezes narrada por ele próprio, com um sorriso maroto nos lábios, refere-se a uma tartaruga que quiseram lhe dar de presente. Ao receber o animal, o acariciou e perguntou quanto tempo um bicho daqueles vivia, em média. A resposta: ‘Uns 200, doutor Roberto’. Ele, então, teria replicado: ‘Não quero, não. A gente se afeiçoa ao bichinho e é uma tristeza quando morre’. Este seu lado humano, obviamente estendeu-se ao campo social e a sua constante preocupação, com os sérios problemas enfrentados por milhões de brasileiros, que ele aflorou com o passar dos anos, deu origem a criação da “Fundação Roberto Marinho”, da campanha “Criança Esperança”, dos projetos “Ação Global” e “Amigos da Escola”, dentre outras brilhantes iniciativas de cunho social. A “Fundação Roberto Marinho” foi um de seus grandes sonhos realizado. Teve início em novembro de 1977 e como ele mesmo dizia, “com esforços pioneiros e propostas renovadoras, aos quais nos dedicamos incondicionalmente e colocahttp://www.frm.org.br A Fundação Roberto Marinho é uma instituição privada e sem fins lucrativos, criada em 1977 pelo saudoso jornalista Roberto Marinho. Surgiu de um grande sonho de mobilizar os veículos de comunicação das Organizações Globo em favor do desenvolvimento social, com foco na educação. 16


mos em prática através de esforços educacionais, culturais e ecológicos, dando apoio aos mais importantes movimentos comunitários em todo o nosso país”. A receita do sucesso da Fundação, foi unir estes esforços aos das entidades públicas, associações comunitárias e empresas privadas de todo o país, visando o bem comum, atuando no fortalecimento de organizações da sociedade civil, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, tecnologia e produção de conhecimentos, assistência social, cidadania, direitos humanos e justiça social, comunicações, cultura e artes, desenvolvimento comunitário e educação. Outro legado deixado por Roberto Marinho, foi a campanha “Criança Esperança”. Promovida pela TV Globo, esta campanha já arrecadou, desde a sua primeira edição, ocorrida em 1986, mais de R$ 120 milhões, investidos integralmente no país em mais de 4.700 projetos sociais, beneficiando mais de 2,7 milhões de crianças e adolescentes. A campanha “Criança Esperança” teve papel primordial na inclusão do artigo 227 na Constituição Federal, que atribui à Sociedade e ao Estado o dever de assegurar à criança e ao adolescente o respeito aos seus direitos fundamentais.

O projeto “Amigos da Escola”, foi iniciado em 2000, tendo como principais objetivos, contribuir com a educação pública fundamental, por meio da mobilização da sociedade para o exercício da responsabilidade social e fortalecer a formação e a organização de ações voluntárias para colaborar com a educação pública, interagindo com diretores, professores e funcionários das escolas. Atualmente, estão cadastradas no projeto mais de 27 mil escolas de várias regiões do país.

“O século de um brasileiro: coleção Roberto Marinho”. Caso ainda vivo, Roberto Marinho teria completado 100 anos em 2004. Para celebrar esta data foi montada a exposição “O século de um brasileiro: coleção Roberto Marinho”. A mostra buscou inspiração em sua paixão pelas artes, pelo mar, pelos esportes, enfim, pelo seu país. Usou-se como fio condutor as obras de arte de valor inestimável pertencentes à Coleção Roberto Marinho, reunidas a partir dos elementos água – representando a paixão do jornalista pelo mar –, terra – que revela seu entusiasmo pelo Brasil – e ar – símbolo das transmissões dos meios de comunicação.

Destaca-se também, o “Ação Global”, projeto de suma importância, idealizado por Roberto Marinho e realizado pela Rede Globo em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI), que tem por objetivo a prestação de serviços voltados para a cidadania. Em 13 anos, atendeu cerca de 32 milhões de pessoas em diversos serviços prestados, gratuitamente, à população como emissão de documentos, consultas e orientação médica, odontológica e nutricional, além de organizar atividades culturais, esportivas, de lazer e de educação. O projeto

Uma história relacionada ao projeto “Criança Esperança” foi o motor de arranque para a ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”. “A grande maioria das pessoas que conhecem nosso trabalho sabem que nascemos de uma homenagem a nosso inesquecível Ayrton Senna e do desejo de desenvolver algo no campo social. Este sonho existia desde 1995, porém, era como tantos outros que, infelizmente, não sai do papel. Foi quando, numa noite de agosto de 1997, via o final do “Criança Esperança” e o depoimento emocionado de Renato Aragão, sobre sua visita ao agreste nordestino, como embaixador da UNICEF e dias antes de sua passagem, numa pequena cidade, uma criança, agonizando de inanição, no colo de sua mãe, reúne suas últimas forças e pergunta - Mamãe no céu tem pão? - e morre. Foi quando meus sonhos cruzaram com o saudoso Roberto Marinho pela primeira vez e naquele exato momento o desejo saiu do papel, pois, enquanto vivermos num mundo onde existam crianças sonhando com um pedaço de pão, não temos o direito de cruzarmos os braços. Jamais me esqueci desta história, não canso de mencioná-la e tê-la como exemplo, para lutarmos, todos juntos, cada vez mais, para que histórias tristes como essa, sejam cada vez menos freqüentes”, relata Alex Cardoso de Melo, DiretorPresidente da ONG.

acontece sempre em um único dia, em uma cidade de cada estado brasileiro e mobiliza por ano, uma média de 27 mil voluntários. “Roberto Marinho teve, durante toda sua vida, não só a coragem de sonhar, mas a ousadia de fazer seus sonhos tornarem-se realidade. Os seus 98 anos contaram uma parcela importante da história brasileira, e por que não dizer, também de seu povo. Brasileiros, que como ele, devem acreditar, sempre, que têm condições de construírem algo grandioso, produtivo e generoso, independentemente dos obstáculos, perdas e da idade - que muitas vezes a sociedade julga avançada - como ele ousou construir, pois, nunca é tarde para sonharmos e concretizarmos nossos sonhos. Esse é um dos maiores legados deixado por ele, e que nós, da ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, fazemos questão de transmitir através de nossos projetos sociais destinados, principalmente, à comunidades carentes e moradores de rua”.

“A importância de Roberto Marinho vai além do jornalismo e da televisão. Ele influenciou nossa vida, a linguagem e a cultura do povo brasileiro”. Arnaldo Jabor

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Superação

Chaplin em Nova Iorque nos anos 20. Da infância miserável à popularidade jamais vista na época.

MUNDO

Chaplin, o gênio que fazia rir Decididamente, no final do século XIX, Londres, não era um dos locais mais agradáveis, para se viver. Mesmo sendo a capital do Império Britânico, que se auto-intitulava como “o império onde o sol jamais se punha” – devido à quantidade de colônias espalhadas pelo mundo – a vida nesta metrópole era de grande degradação, com pestes, violências diversas e outros reflexos negativos, do auge da revolução industrial. É neste cenário conturbado que em 16 de abril de 1889, nasce o pequeno Charles Spencer Chaplin. Sua mãe, Hannah Harriette Hill, atriz de comédia e seu pai, Charles Chaplin, artista do music-hall, eram artistas fracassados e sem recursos, e desta forma, as cruéis realidades da vida, visitaram freqüentemente o pequeno Chaplin, durante toda sua infância. Talvez, devido a tanto infortúnio nesta fase de sua vida – pequeno, paupérrimo e envolto em severos problemas domésticos – tornou-se, no auge da fama, uma das vozes mais ativas e críticas à injustiça ou brutalidade contra o ser humano. Atacando de maneira mordaz e genial, toda e qualquer forma de autoritarismo. Charles foi obrigado a debutar artisticamente com apenas cinco anos de idade, pois, sua mãe – nesta época já abandonada pelo marido – teve que encerrar sua carreira prematuramente, devido a um

grave problema de laringite. Novos problemas de saúde de sua mãe, principalmente mentais, devido à fome e a pobreza, tornaram as condições de vida ainda mais miseráveis e fizeram com que ele passasse boa parte de sua infância em orfanatos. Para ele, pior que as dificuldades financeiras, era a ausência de sua mãe. Foi ela que lhe ensinou a cantar e representar. Ainda muito pequeno, quando esteve de cama por duas semanas, devido a uma séria doença, ela sentava-se na janela e representava o que acontecia fora de casa. Além dela, ele só tinha seu meio irmão, Sidney, companheiro de infortúnio e que o acompanhou por toda a sua vida, tornando-se muito importante, até mesmo em sua carreira, atuando por diversas vezes como seu empresário. Aos oito anos foi contratado por uma companhia de bailarinos, e posteriormente, num circo, onde pôde desenvolver suas habilidades cômicas. Na adolescência, trabalhou na companhia http://www.doutoresdaalegria.org.br Os Doutores da Alegria levam à crianças hospitalizadas, suas famílias e profissionais de saúde, a experiência da alegria, pura e simples, em meio à tensão do ambiente hospitalar.

do acrobata Fred Karno, que fazia sucesso com espetáculos de mímica e Chaplin, superou rapidamente os principais artistas da companhia, tendo em 1909, sua primeira temporada em Paris. Em 1910 embarcou para os Estados Unidos, porém, a Broadway não assimilou seu humor inglês. Mesmo assim, chamou a atenção de alguns jornais, e dois anos depois foi contratado pela Keystone Comedy Film Company, uma das maiores produtoras de cinema da época, realizando em Los Angeles, três filmes por semana com Mack Sennett. No início, Chaplin teve que se adaptar ao estilo de Sennett, com perseguições policiais e exibições de insinuantes banhistas. No entanto, em 1914 no filme “Corrida de automóveis para meninos”, criou um personagem que logo seria identificado pelo público. “Pensei que poderia usar calças muito grandes e sapatos enormes, além de uma bengala e um chapéu coco. Queria que tudo fosse contraditório: calças folgadas, paletó apertado, chapéu pequeno e sapatos enormes. Não sabia se deveria parecer velho ou jovem, mas quando me lembrei que Sennett tinha pensado que eu era bem mais velho, coloquei um bigodinho que me daria alguns anos, sem esconder a minha expressão”, comentou Chaplin na época. E naquele exato momento nascia “Carlitos”. Em 1915, assinou contrato com a 18


Chaplin x Hitler Por uma ironia do destino Chaplin nasceu no mesmo ano que Hitler (1889) e seus destinos se cruzaram em 1940, quando Chaplin finaliza o filme “O grande ditador”. Na época de seu lançamento o mundo enfrentava a II Guerra Mundial (1939-1945) e a ascensão do nazismo, com sua propagada “limpeza étnica”.

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No filme, Chaplin interpreta dois papéis: um barbeiro judeu (Carlitos) e o ditador Hynkel (referência à Hitler). Chaplin passou dois anos estudando a vida de Hitler e quando assistia vídeos em que o ditador agradava crianças ou visitava doentes no hospital, ficava indignado e dizia que Hitler era o maior comediante que ele já havia visto. Ele ousou, antes de qualquer um, alertar ao mundo, as barbáries do autoritarismo, deixando registrado em seu filme, uma época absurdamente triste, de intolerância e trevas, porém, que jamais deve ser esquecida, para que não corramos o risco de cometermos os mesmos erros.

Essanay, formando uma equipe competente e consolidando técnica e estilo próprios. Quando começou a dirigir seus filmes, percebeu “que o posicionamento da câmera não era apenas uma questão psicológica, mas também constituía a articulação da cena; na verdade, era a base do estilo cinematográfico”. Seu sucesso foi consolidado na Mutual, em 1916, onde realizou suas primeiras obras-primas como “No armazém”, “Rua da paz” e “O emigrante”. Em 1917, com o intuito de romper o monopólio de Hollywood, foi um dos fundadores da United Artists, mas só pôde dedicar-se à ela, depois de rodar nove filmes para a First National, sua contratante na época. Entre eles rodou “Vida de cachorro” (1918) e “O garoto” (1921), obras em que começa a ficar muito claro sua inquietação e envolvimento com causas sociais. Já pela United, lança em 1925 outra obra genial, “Em busca do ouro”. Porém, a tranqüilidade na criação de suas obras estava com os dias contados, quando, em 1927, surge o cinema sonoro, com a estréia do filme “O cantor de jazz”. Chaplin, percebeu que o cinema mudo tinha seus dias contados, no entanto, não admitiu que “Carlitos” falasse e, se opôs ao cinema sonoro. Em 1928, ano da morte de sua

mãe – que a vários anos morava na Califórnia, onde ele a instalou sob cuidados de uma enfermeira – ganhou seu primeiro Oscar, pelo filme “O circo” e lançou “Luzes da cidade”, filme que encerrou os grandes clássicos do cinema mudo. Ao compararmos o roteiro do filme “O circo” com “O rei do circo” (1954), de Jerry Lewis e “Os saltimbancos trapalhões” (1981), dos Trapalhões, vemos a grande similaridade de situações e a grande influência de Chaplin no mundo da comédia, até os dias de hoje. Chaplin nunca escondeu sua simpatia pelo socialismo e defesa das classes oprimidas. Depois da crise de Wall Street, em 1929, com a efervescência dos movimentos fascistas europeus, sua consciência intensifica-se e transfere essas inquietações para seus dois únicos filmes feitos na década que se iniciava. O primeiro, “Tempos modernos” (1936), foi uma maravilhosa sátira sobre a alienação dos operários no processo de produção em massa, já o segundo é de uma ousadia inédita até então, Chaplin caricatura Adolf Hitler, no filme “O grande ditador” (1940). Na Alemanha, países ocupados e aliados, o filme é proibido. Nem todos os americanos se identificam com o discurso pacifista que o protagonista – um gênio, até pouco tempo mudo – divulga no final. Com o término da II Guerra Mundial,

Chaplin é rotulado pelos movimentos anticomunistas que surgem e passa a ser mal visto nos Estados Unidos. Apesar do ambiente hostil, rodou outros filmes, sendo o último “Luzes da ribalta”, em 1952. Neste ano, o departamento de imigração o denuncia de comunista, falta de patriotismo e suspeita de adultério. Com a desculpa de tirar férias, embarca para Londres, com sua esposa Oona O’Neil e os quatro filhos, rompendo com o país onde viveu durante quarenta anos e que, infelizmente, não teve a sensibilidade de reconhecer sua humanidade, atacando-o com injúrias e calúnias, por diversas vezes desumanas. Instala-se perto de Vevey, na Suíça. Onde sua esposa renuncia à cidadania americana e ele, devolve o visto de regresso, alegando que “já estava velho demais para agüentar tantas bobagens”. Em 1956, filmou “Um rei em Nova Iorque”, sua resposta genial por todas as humilhações passadas nos Estados Unidos. Em 1971, ganha um Oscar especial “pela incalculável contribuição ao cinema” e um ano mais tarde recebe outro, de melhor trilha sonora, pelo filme “Luzes da ribalta”. Nessa ocasião, visita os Estados Unidos e pisa num palco pela última vez, sendo aplaudido durante muitos minutos. Na madrugada de 25 de dezembro de 1977, os céus desejavam um presente pela data e Chaplin dá seu último suspiro entre nós. Morre o gênio do cinema de infância triste que, com seus filmes, fez com que milhões de espectadores do mundo inteiro e de diversas gerações, rissem, chorassem e por muitas vezes refletissem sobre as desigualdades e atrocidades de um mundo tão cruel. A ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, se sente muito honrada em ter Charles Chaplin, como um de seus patronos e fonte de inspiração. Um exemplo maravilhoso, para tantos pequenos “Carlitos”, espalhados pelas comunidades carentes de nosso país.

“A vida é maravilhosa se não se tem medo dela”. Charles Chaplin 19


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Compaixão

Gandhi, exemplo máximo da luta pela paz e defesa dos povos oprimidos.

MUNDO

Gandhi, o símbolo da paz “As gerações vindouras terão dificuldade em acreditar que tenha passado pela face da terra, em carne e osso, um homem como Mahatma Gandhi”. Esta frase de Albert Einstein, ilustra muito bem a importância de Gandhi para o mundo moderno, que o fez tornar-se um exemplo máximo da luta pacífica pela paz. Mohandas “Mahatma” Karamchand Gandhi nasceu em 2 de outubro de 1869, em Porbandar, Índia. Seus pais, Karamchand e Putliba, eram descendentes de mercadores (a palavra Gandhi significa, vendedor, de mercearias e lojas de alimentos) e curiosamente, contrapondo esse significado “materialista”, Mahatma, significa “grande alma”. Aos 13 anos casou-se com Kasturbai, numa união previamente acertada entre http://www.soudapaz.org.br O Instituto Sou da Paz tem como missão contribuir para a efetivação no país de políticas públicas de segurança e prevenção da violência, pautadas pela democracia, justiça social e direitos humanos.

as famílias dos noivos. O casal teve quatro filhos, todos meninos: Harlal, Manilal, Ramdas e Devdas. Aos 19 anos, iniciou o curso de Direito, na Universidade de Londres. Estritamente vegetariano, experimentou diversos tipos de alimentação concluindo que uma dieta deve ser suficiente apenas para satisfazer as necessidades do corpo humano. Jejuava muito e usava o jejum freqüentemente como estratégia política. Dois anos depois de formado, em 1893, viajou para Durban, na África do Sul – que assim como a Índia, era uma colônia britânica – para trabalhar como advogado. Neste período, após um incidente num trem em Pietermaritzburg (viajava na primeira classe e solicitaram-lhe que se transferisse para a terceira: ao recusar, foi jogado para fora do trem), iniciou sua trajetória política, advogando contra as leis discriminatórias então vigentes, criando também o movimento pacifista de luta pelos direitos dos hindus. Vinte anos depois, ainda na África do Sul, foi preso em 6 de novembro de 1913, enquanto liderava uma marcha de mineiros indianos. Ele inspirava-se no Bhagavad Gita e nos

textos de Leon Tolstoi, que na década de 1880 empreendeu uma profunda conversão pessoal para um tipo de anarquismo cristão. Gandhi traduziu a obra de Tolstoi, “Carta para um hindu”, escrita em 1908 em resposta aos agressivos nacionalistas indianos. Esta carta usava a filosofia hindu presente nos Vedas e nos relatos do deus hindu Krishna, para apresentar seu ponto de vista a respeito do crescimento do nacionalismo indiano. Ao retornar à Índia, após sua carreira de advogado na África do Sul, deixou de usar as roupas que representavam riqueza e sucesso, passando a usar um tipo de roupa que costumava ser usada pelos mais pobres entre os indianos. Aumentou sua resistência passiva, negando colaboração ao domínio britânico e pregando a não violência como forma de luta. Este domínio já durava mais de duzentos anos e para eles, os indianos eram considerados cidadãos de segunda classe. Após a I Guerra Mundial, Gandhi se envolveu com o Congresso Nacional Indiano e com o movimento pela independência. Ganhou notoriedade internacional com sua política de desobediência civil usando o jejum como forma de protesto. Teve sua prisão decretada diversas vezes pelas autoridades inglesas, prisões das 20


britânico e a prisão de líderes nacionalistas indianos.

se contra a divisão da Índia em dois estados.

Uma de suas mais eficientes ações foi a “Marcha do sal”, protesto que começou em 12 de março de 1930 e terminou em 5 de abril, quando Gandhi caminhou 320 quilômetros a pé até o mar, ao lado de milhares de pessoas, a fim de coletarem seu próprio sal, ao invés de pagar a taxa imposta pelo sal comprado.

No dia da transferência de poder, em 1947, Gandhi não celebrou a independência com o restante da Índia, ao contrário, lamentou sozinho a partilha do país, porém, acabou aceitando a divisão atraindo o ódio dos nacionalistas hindus.

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Em 8 de Maio de 1933, iniciou um novo jejum que duraria 21 dias em protesto à "opressão" britânica contra a Índia. Em Bombaim, no dia 3 de março de 1939, jejuou novamente em protesto às regras autoritárias e autocráticas para a Índia.

Gandhi, semblante de paz e serenidade.

quais, sempre seguidas de grandes protestos pela sua libertação. Outra estratégia eficiente de Gandhi pela independência foi à política do swadeshi, boicote aos produtos importados, especialmente os ingleses. Aliada a isto, estava sua proposta de que todos os indianos deveriam vestir o khadi – vestimentas caseiras – ao invés de comprar os produtos têxteis britânicos. Os indianos, mesmo desempregados, em grande parte pela decadência da indústria têxtil local, eram forçados a comprar roupas inglesas. Fazendo suas próprias roupas, os indianos arruinariam a indústria têxtil britânica. O tear manual, símbolo desse ato de afirmação, acabou incorporado à bandeira do Congresso Nacional Indiano e à própria bandeira nacional. Gandhi declarava que toda mulher indiana deveria gastar parte do seu dia fabricando o khadi, incluindo-as no movimento de independência, num período em que tais atividades não eram apropriadas às mulheres. Sua posição pró-independência endureceu após o Massacre de Amritsar em 1920, quando soldados britânicos abriram fogo matando centenas de indianos que protestavam pacificamente contra novas medidas autoritárias do governo

Gandhi passou, cada vez mais, a pregar a independência durante a II Guerra Mundial, clamando pela saída dos britânicos da Índia. Mesmo ocasionando prisões em massa e violência em uma escala inédita, Gandhi e seus partidários deixaram claro que não apoiariam a causa britânica na guerra, a não ser que fosse garantida à Índia independência imediata. Foi então preso em Bombaim pelas forças britânicas em 9 de agosto de 1942 e mantido em cárcere por dois anos. Gandhi sempre teve grande influência entre as comunidades hindu e muçulmana da Índia. Costumava-se dizer que ele terminava rixas comunais apenas com sua presença. No entanto, em 1947, a hostilidade entre hindus e muçulmanos atingiu o auge do fanatismo. Nas ruas haviam milhares de cadáveres. Os muçulmanos reivindicavam um Estado independente, o Paquistão. Gandhi tentou restabelecer a paz dando início a uma nova greve de fome. Seu sacrifício pessoal e firmeza conseguiram muito mais que políticos e o exército, e a Índia, predominantemente hindu, finalmente conquistou sua independência. Criou-se também o Estado muçulmano do Paquistão. Porém, Gandhi posicionou-

Gandhi iniciou um jejum no dia 13 de janeiro de 1948 em protesto contra as constantes violências cometidas entre indianos e paquistaneses, sendo vitima de um atentado, quando uma bomba foi lançada em sua direção, mas, ninguém se feriu. Entretanto, dezessete dias mais tarde, em 30 de janeiro de 1948, Gandhi foi assassinado a tiros, em Nova Déli, por Nathuram Godse, um hindu radical que o responsabilizava pelo enfraquecimento do novo governo ao insistir no pagamento de certas dívidas ao Paquistão. Godse foi julgado, condenado e enforcado, a despeito do último pedido de Gandhi – ele acreditava que terminaria assassinado – ter sido justamente a não-punição de seu assassino. Mais de um milhão de indianos, compareceram ao seu funeral e suas cinzas foram lançadas às águas do rio Ganges. Morreu pela paz, enfrentou o Império Britânico sem derramar uma única gota de sangue, e por mais incrível que possa parecer, jamais recebeu o prêmio Nobel da Paz, apesar de ter sido indicado cinco vezes entre 1937 e 1948. A ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, tem Gandhi como um de seus patronos e fonte constante de inspiração. Um dos grandes homens do século XX, que tinha Einstein como grande admirador, inspiração à Martin Luther King, tornou-se o maior pregador da doutrina da não-violência e que desejava apenas que a paz e justiça reinassem, entre hindus e muçulmanos, indianos e ingleses e entre todos os povos e homens da terra.

http://www.portaldovoluntario.org.br O Portal do Voluntário é um site com conteúdos, experiências e oportunidades para participação de ações voluntárias em todo o país.

“Para tornar-se verdadeira, a paz deve nascer no espírito”. Mahatma Gandhi 21


Madre Teresa de Calcutá, a mãe dos pobres.

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MUNDO

Madre Teresa, das crianças e dos pobres A pequena Agnes Gonxha Bojaxhiu nasceu em Skoplje, na Albânia, em 26 de agosto de 1910. Skoplje vivia em constante conflito com a dominação turca. Seu pai, Nicolau, lutava contra os conflitos étnicos, o que levou a sua morte em 1919, obrigando sua mãe, Rosa, a assumir os gastos da família. Agnes foi educada numa escola estatal, durante os tristes anos da I Guerra Mundial. Tinha uma voz muito bonita e logo tornou-se solista do coro da igreja de sua aldeia. Todos perceberam seu gosto pelos ofícios religiosos, ingressando na Congregação Mariana, onde foi aperfeiçoando sua formação cristã e abrindo o coração às necessidades do mundo, ajudando os pobres em sua própria casa. Tinha uma particular impressão das cartas que os missionários da Índia escreviam, e que eram comentadas em grupo. A miséria material e espiritual de tanta gente, tocava o seu coração. Aos 18 anos mudou-se para Rathfarnham, na Irlanda, onde ficava a Casa Mãe das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto. No entanto, o seu sonho era a Índia, e o trabalho missionário junto aos pobres. Sabedoras desta aspiração, suas superioras decidiram que ela fizesse o noviciado já no campo do apostolado. Por isso, ao fim de poucos meses de estadia na Irlanda, partiu para a Índia. O ideal que brilhara pela primeira vez na sua vida aos

doze anos começava a concretizar-se. Foi enviada para Darjeeling, local onde as Irmãs de Loreto possuíam um colégio. Lá, fez a profissão religiosa, tomando o nome de Teresa, em homenagem a uma humilde carmelita de Lisieux, que ensinou aos homens do nosso tempo o caminho da infância espiritual. Passou a ensinar geografia no Colégio de Santa Maria, em Calcutá. Tornou-se diretora, porém, gostava de ensinar e as alunas estimavam-na porque era sempre dedicada e atenta a todos os problemas. Havia muito humanismo nas suas palavras e atitudes. Embora cercada de meninas, filhas das melhores famílias de Calcutá, impressionava-se com o que via quando saia à rua: os bairros de lata com cheiros nauseabundos, crianças, mulheres e velhos famélicos. Numa viagem de trem ao noviciado do Himalaia, recebeu uma claríssima iluminação interior: dedicar sua vida aos mais pobres dos pobres. Ela se referia aos pobres de Calcutá, que todas as noites morriam pelas ruas e na manhã seguinte, eram lançados para o carro da limpeza pública como se fossem lixo. Ela não conseguia habituar-se a esse terrível espetáculo de pessoas esqueléticas morrendo de fome ou pedindo esmolas pelas ruas. Sua simplicidade, fervor e persistência

convenceram o arcebispo – mesmo contrário – de que estava perante de uma manifestação da vontade de Deus. Por isso, aconselhou-a a pedir autorização à Madre Superiora, que concordou com seu desejo. Deixou o colégio em 1948 e dirigiu-se para Patna, para fazer um breve curso de enfermagem, que julgava de imensa utilidade para a sua atividade futura. Neste mesmo ano obteve a nacionalidade indiana e reunindo um grupo de cinco crianças, num bairro imundo, começou a dar aulas. Pouco a pouco, o grupo foi aumentando. Dez dias depois, eram cerca de cinqüenta crianças. Junto com o alfabeto ela dava lições de higiene (iniciava lavando o rosto dos alunos) e de moral. Depois ia de abrigo em abrigo levando, mais que donativos, palavras amigas e mãos sempre prestáveis para qualquer trabalho. Não foi preciso muito tempo para que todos a conhecesse. Quando passava, crianças famintas e sujas, deficientes, enfermos de todas as espécies gritavam por ela com os olhos inundados de esperança. Mas, o início foi http://www.pastoraldacrianca.org.br A Pastoral da Criança tem por objetivo o desenvolvimento integral das crianças, estando a serviço da vida, da esperança, da fé, do amor, da alegria e da paz. 22


duro. Ela sentiu a angústia terrível da solidão. Um dia, dava voltas e mais voltas, à procura de uma casa, um teto para acolher os abandonados. Caminhou ininterruptamente, até que já não podia mais. Então, compreendeu até que ponto de esgotamento tem que chegar os verdadeiros pobres, em busca de um pouco de alimento, abrigo, remédio ou esperança. A lembrança da tranqüilidade material de que gozava no convento lhe veio à mente, porém, jurou não voltar atrás. Sua comunidade eram os pobres. Aqueles de quem as pessoas já não querem aproximar-se com medo do contágio, porque estão cobertos de micróbios e vermes, que não vão rezar, porque não podem sair nus de casa, que já não comem, porque não têm força para comer, que se deixam cair pelas ruas, conscientes de que vão morrer e ao lado dos quais os vivos passam, sem lhes prestar atenção, que já não choram, porque se lhes esgotaram as lágrimas. Em março de 1949, Shubashini Das, uma de suas antigas alunas, linda jovem, inteligente e filha de uma boa família procurou Madre Teresa, disposta a ficar com ela e a colocar sua vida ao serviço dos pobres. Madre Teresa a aconselha a rezar e pensar melhor sobre essa decisão. A jovem volta para casa, pensa, reza e retorna para ser aceita na nova congregação que começava a surgir, escolhendo como nome para sua vida religiosa, o nome de batismo da sua antiga professora: Agnes. A esta, outras se seguiram, sem qualquer propaganda, atraídas apenas pelo testemunho daquelas que se chamariam, mais tarde, Missionárias da Caridade. Uma vida mais regular começou então para a pequena comunidade. Abriram escolas, enquanto continuavam as visitas aos bairros de lata. As vocações afluíam http://www.irmadulce.org.br As Obras Sociais Irmã Dulce foram fundadas em 1959 por Irmã Dulce e congregam a excelência técnica e o pioneirismo em práticas de humanização no atendimento à população de baixa renda.

e a casa tornou-se muito pequena. O primeiro trabalho com os doentes e moribundos recolhidos na rua era lavar-lhes o rosto e o corpo. A maior parte não conhecia sequer o sabão e a espuma metia-lhes medo. A intenção era que eles soubessem que haviam pessoas que os amavam verdadeiramente, e ali, eles encontravam sua dignidade, assim como a alegria, que as irmãs ofereciam em abundância. Em agosto de 1952, abriram o primeiro lar infantil Sishi Bavan (Casa da Esperança) e a congregação começa a expandir-se pela Índia (Ranchi, Nova Delhi e Bombaim) e por todo o mundo. Madre Teresa percorre, como de costume, as ruas prestando ajuda aos mais necessitados, quando, de repente, para diante de um espetáculo horripilante: uma mulher agonizava no meio de escombros, roída pelos ratos e formigas. Madre Teresa aproximou-se e ouviu um queixume em voz muito tênue dizendo ter sido o próprio filho a lançá-la ali. Recolheu-a e levou-a ao hospital mais próximo. Quando viram aquele semicadáver, responderam que não poderiam aceitar aquela mulher. Com a insistência a aceitaram, porém, a mulher morreu pouco depois. De regresso a casa, pensou nos moribundos como aquela mulher, que todos os dias morrem pelas ruas de Calcutá sem ninguém lhes prestar assistência, criando assim a “Casa do Moribundo” a qual dedicou suas melhores energias físicas e espirituais. Em 1965, fundou sua primeira casa na América Latina, na Venezuela e em 1967, outra no próprio coração da cristandade, em Roma. Em 1968, a congregação estende-se por outras regiões: Ceilão, Itália, Austrália, Bangladesh, Ilhas Maurício, Peru e Canadá, e nos anos seguintes em Londres e Gaza, na Palestina, para atender aos refugiados. Seguem inaugurações, México, Guatemala, Alemanha Oriental, Rússia, Cuba, dentre outros. Mesmo jamais gostando de falar a respeito, recebe homenagens por todo o mundo, desde Skoplje, sua terra natal que a nomeia “Cidadã Ilustre”, a “Medalha Presidencial da Liberdade”, a mais alta condecoração do país mais poderoso da

Luta constante pelos menos favorecidos.

terra, e o Prêmio Nobel da Paz, que recebe em 15 de outubro de 1979. Em 1983, sofre o primeiro grave ataque do coração e o médico lhe diz que tem coração para mais trinta anos, ela toma isso ao pé da letra e nem febre alta a faz descansar. Realiza um dos seus sonhos em 1989, abrindo uma casa na sua Albânia natal que, apesar de ser um dos países mais pobres, injustos e atrasados do planeta, orgulhava-se de ser o país mais ateu do mundo, o único em cuja constituição figurava paradoxalmente o ateísmo como “religião do estado”. Em setembro de 1989, sofre um novo e mais forte, ataque do coração, recuperase e retoma ao trabalho, com mais vigor do que antes, apesar do marcapasso. No dia 05 de setembro de 1997, sofre sua última parada cardíaca. Uma fila de quilômetros formou-se durante dias a fio, diante da igreja de São Tomé, em Calcutá, onde seu corpo foi velado por mais de uma semana. O mesmo veículo que, em 1948, transportara o corpo de Mahatma Gandhi foi utilizado para realizar o cortejo fúnebre da querida “Mãe dos Pobres”. Madre Teresa é para nós, da ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, um sopro de maternidade e proteção. Fonte de profunda inspiração na tarefa de levarmos mais amor, dignidade, esperança e oportunidades aos nossos irmãos menos favorecidos.

“Coração feliz é resultado de um coração repleto de amor”. Madre Teresa de Calcutá

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ceiras, pois, o salário do chefe da família dava escassamente para o necessário e os meninos precisavam estudar. Sendo assim, sua madrasta iniciou uma horta em casa e começaram a vender legumes. Com parte deste dinheiro Chico voltou a freqüentar a escola em 1919.

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A necessidade de trabalhar desde cedo para auxiliar nas despesas domésticas foi, em sua vida, conforme ele mesmo dizia, uma bênção indefinível.

Caridade

Chico Xavier e uma de suas grandes paixões, as crianças.

BRASIL

A bondade em formato de Chico Foi na modesta cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, mais exatamente, em 2 de abril de 1910, que nasceu Francisco Cândido Xavier. Um ser humano exemplar, que merece ter sua maravilhosa história exaltada, sendo um dos exemplos máximos de bondade, desapego e amor ao próximo, algo que, sem dúvida alguma, transcende dogmas e cruzadas religiosas.

Com o falecimento de sua mãe – uma mulher generosa, dona de casa carinhosa e mãe devota – seu pai entregou alguns de seus nove filhos aos cuidados de amigos e parentes. Chico ficou aos cuidados http://www.andreluiz.org.br As Casas André Luiz têm, dentre as diversas ações sociais realizadas a mais de 50 anos, destaque no trabalho assistencial gratuito à crianças que necessitam de cuidados especiais.

Aprendeu a se manter calmo e calado em momentos de sofrimento, principalmente, devido as constantes agressões que sofria de sua madrinha, momentos estes, em que se dirigia ao quintal de sua casa para fazer orações. Tinha sempre consigo os ensinamentos de sua mãe, que sempre lhe falava para ter paciência, pois, precisava crescer mais forte para o trabalho e que quem não sofre não aprende a lutar. E assim, o menino aprendeu a apanhar calado, sem chorar. Diariamente, à tarde, com vergões na pele e o sangue a correr-lhe em delgados filetes pelo ventre, decorrentes dos espancamentos, se dirigia ao quintal, de olhos enxutos e brilhantes, a fim de realizar suas orações. Algum tempo depois, seu pai se casou novamente com uma mulher boa e caridosa, que como primeira medida recolheu carinhosamente a ele e a todos os irmãos que estavam espalhados. Ainda passavam por sérias dificuldades finan-

Assim como o trabalho, a doença também viera precocemente fazer-lhe companhia. Primeiro teve problemas nos pulmões, devido ao seu trabalho na tecelagem, depois foram os olhos e também a angina. Em 1927 entrou para o funcionalismo público, como datilógrafo, na Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, um trabalho menos braçal e que o coloca em contato direto com a natureza, pela qual começa a demonstrar grande admiração. Distante da cidade, ama até as pedras e os montes pensativos. Em 1931, inicia-se na literatura, como escritor através de psicografias, escrevendo seu primeiro livro. Seriam mais de 400 obras psicografadas publicadas, váDivulgação - Direitos Reservados

Filho de um casal simples – seu pai era um operário semi analfabeto e sua mãe uma humilde lavadeira – desde muito novo passou por diversas dificuldades, principalmente financeiras e acabou ficando órfão de mãe com apenas 5 anos de idade.

de sua madrinha, uma mulher severa e perversa que o maltratava muito. Porém, dentro de grandes conflitos e extremas dificuldades, cresceu sempre bom, incapaz de uma só palavra obscena ou um gesto de desobediência.

Quatro anos mais tarde, com treze anos de idade, terminou o curso primário. Nesta época levantava às seis da manhã para começar, às sete, as tarefas escolares, e entrava para o serviço na fábrica às três da tarde, saindo às onze da noite. Não existia muito tempo para diversão do pequeno trabalhador.

A tranqüilidade e o sorriso cativante tornaram-se marca registrada de Chico Xavier por toda a sua vida. 24


rias delas traduzidas para o espanhol, esperanto, francês, inglês, japonês, grego, dentre outras línguas. Após, mais de quarenta anos de incansáveis trabalhos assistenciais e de caridade na região de Pedro Leopoldo, em 1959, muda-se para Uberaba, dando início à famosa peregrinação da “Comunhão Espírita Cristã”, visitando lares carentes e moradores de rua, levando-lhes a alegria de sua presença amiga. Sob a luz das estrelas e de um lampião que seguia à frente, iluminando as escuras ruas da periferia, ia contando fatos de grande beleza da natureza humana. A cidade de Uberaba, desde a sua chegada, transformou-se num pólo de atração de inúmeros visitantes das mais variadas regiões do Brasil e do exterior, que aportavam com o objetivo de conhecê-lo. Para aqueles que já conheciam a sua vida e sua obra, não se mediam distâncias para vê-lo. Seu trabalho sempre consistiu nas tarefas assistenciais, aliadas ao serviço do esclarecimento e reconforto pessoais para todos aqueles que o procuravam. De um extremo grau de moral, humildade e simplicidade, jamais auferiu vantagens, de qualquer espécie, com seu trabalho como autor ou com relação ao seu carisma e fama, ao contrário, repassou, em cartório, à editoras de divulgação espírita e inúmeras obras assistenciais, os direitos autorais de suas obras e de sua imagem. Mesmo com a fama e o sucesso de suas mais de 400 obras, jamais constituiu fortuna, continuou tão pobre quanto sempre fora. Aposentou-se e recebeu pelo resto de sua vida somente os proventos de sua aposentadoria. Sua constrangedora humildade e seu desapego, eram dificilmente compreendihttp://www.amigosdobem.org Os Amigos do Bem combatem a fome e a miséria no sertão nordestino, promovendo ações contínuas e o desenvolvimento auto-sustentável, a fim de minimizar o sofrimento destas populações.

Não Temendo o Amanhã José, irmão de Chico, que fora por muito tempo seu orientador e um de seus principais auxiliares, adoece gravemente, e, sob a surpresa de todos, falece, deixando ao irmão o encargo de lhe amparar a família. Dias depois, Chico verifica que José lhe deixara também uma dívida, pois, esquecera de pagar a conta da luz, na importância de onze cruzeiros. Para a situação financeira de Chico na época, isso era muito, pois, no fim de cada mês nada lhe sobrava. Pensativo e preocupado, sentou-se à soleira da porta e acabou adormecendo. Sonhou que um querido amigo lhe aparecia e dizia “não se entregue, confie e espere...” Horas depois, um senhor da roça bate à porta. - O senhor é o seu Chico Xavier? - Sim. Às suas ordens, meu irmão. - Soube que seu irmão José morreu. E vim aqui pagar-lhe uma bainha de faca que ele me fez há tempos. E aqui está a importância combinada. Chico agradeceu-lhe. E ficando só, abriu o envelope. Dentro estavam onze cruzeiros, para pagar a luz. Sorriu, descansado, livre de um peso, e concluiu - “Que bela lição ganhei. Jamais devemos temer o amanhã, pois este, pertence apenas a Deus”. Uma Lição de Amor Nos anos 60, Benedito prestava serviços domésticos na residência de Chico Xavier. Num certo período, Chico passou a sair de casa todos os dias à hora do almoço. Não informava onde ia, dizia apenas que ia visitar um enfermo necessitado de atenção. Comumente solicitava: - Benedito, faça o favor de preparar um franguinho bem macio, que preciso levar a um doente. Lembre-se de que deve ficar bem tenro, pois ele está muito fraco. Precisa fortalecer-se, pouco a pouco, dia a dia! Quem seria o doente que mereceria tanta dedicação de Chico. Assim, diariamente saía levando uma vasilha com o alimento. Benedito, porém, morria de curiosidade em conhecer tão ilustre doente, mas Chico não o revelava. Um dia, Benedito resolveu segui-lo pelas ruas de Uberaba. Atravessaram o bairro, entraram num matagal, e mais à frente ele estacou o passo, a cena era por demais comovente e inesperada, ao mesmo tempo. No fundo da mata Chico atendia o misterioso doente: um cãozinho vira-lata machucado e faminto...

dos até por muitos confrades e foi a mais notável e marcante exteriorização de sua grandiosidade. O homem que levou uma vida humilde e voltada para a religião, o amor ao próximo e a caridade tinha um último desejo. Chico jamais suportou a tristeza de seu semelhante, e desta forma, desejava que sua partida fosse num dia em que o “povo brasileiro estivesse muito feliz”. Faleceu no dia 30 de junho de 2002, dia em que o Brasil sagrou-se pentacampeão mundial de futebol. Deixou-nos além da saudade, tantos ensinamento e lições de amor, que fica difícil

nos apegarmos a uma em especial. Mas, nós, da ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, jamais esqueceremos e deixaremos de homenagear alguém como o “Velho Chico”, um de nossos mais queridos patronos e que nos ensinou, dentre tantas coisas a “fazermos o bem, sem olhar a quem”.

“Não exija dos outros qualidades que ainda não possua”. Francisco Cândido Xavier

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Divulgação - Direitos Reservados

Humildade

ONG leva o exemplo de vida de Albert Einstein - o gênio humilde - à comunidades carentes.

MUNDO

Einstein, a humanidade de um gênio Desde as primeiras menções a Albert Einstein, dadas pela mídia em 1902, em jornais da Suíça, Tchecoslováquia e Alemanha - países onde exerceu cargos acadêmicos, antes de imigrar para os Estados Unidos - ficou clara sua preocupação com temas humanistas como o pacifismo, o risco do supra-nacionalismo, as liberdades civis e os direitos e obrigações de judeus e árabes, visando uma vida harmônica e digna no Oriente Médio. Problemas seculares e opiniões, incrivelmente atuais, até hoje, mais de cinqüenta anos após sua morte. Albert Einstein, nasceu em 1879, na Alemanha, e iniciou sua carreira como professor universitário vinte anos depois, já na Suíça. Ao contrário do que se faz pensar de pessoas com seu nível intelectual, ele era bem-humorado, gostava de paz, música e mulheres. Sempre se vestiu aquém de seu cargo e importância, com a morte de sua segunda mulher, em 1936, seus padrões se tornaram ainda mais singulares. Na época, vivendo na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, seus suéteres amassados e sapatos calçados sem meias, fizeram dele uma figura http://www.fvc.org.br A Fundação Victor Civita contribui para a melhoria da qualidade do ensino fundamental com foco na qualificação do professor, prioritariamente em escolas públicas e pobres.

folclórica no campus da universidade. Desde muito novo Einstein sempre teve a consciência de ser diferente de seus colegas de profissão, certa vez escreveu a seus pais sobre sua "falta de talento para ficar triste muito tempo" e afirmava ser "sempre o mesmo bobo alegre, desde que não tenha um problema no estômago ou algo assim". Jamais demonstrou interesse em ocupar cargos de chefia nas instituições científicas onde desenvolvia seus projetos, mesmo que, em alguns momentos, e contra a sua vontade, tenha os desempenhado. Chegou ao ponto, de em 1952, recusar uma oferta oficial para tornar-se presidente de Israel. Era um exemplo único de simpatia e humildade, vivendo junto à elite científica mundial, num ambiente cercado de homens de grande talento, mas, por muitas vezes, ostentando egos ainda maiores. Quando em 1919, confirmou-se a sua Teoria da Relatividade, sentiu-se incomodado com o culto à sua personalidade alimentado pela imprensa, definindo-o como “injusto e desagradável”. Sua natureza pacífica era tão aflorada que evitava atividades competitivas. Aos 16 anos solicitou a cidadania suíça, para evitar o serviço militar na Alemanha. Mesmo assim, era consciente dos problemas do seu tempo. Aproveitou de sua fama para defender duas grandes causas,

o pacifismo e o judaísmo. Seu envolvimento com o sionismo, o fez descobrir o que era a vida como integrante de uma comunidade segregada, aproximando-se ainda mais do judaísmo, graças a sua simpatia natural pelos grupos oprimidos. Já sua militância pacifista, denunciando o patriotismo, como elemento de manipulação das massas, fez com que ficasse caracterizado como um corpo estranho na vida política alemã, sofrendo grandes ameaças anos mais tarde, com a ascensão nazi-fascista. Foi perseguido pelo Terceiro Reich (1933-1945), de Adolph Hitler, e teve sua cabeça colocada a prêmio. Obviamente que seu espírito rebelde e enorme estima pela liberdade de pensamento, assim como Charles Chaplin, o fez ser perseguido pela histeria anticomunista do macartismo que assolava a sociedade americana no final da década de 40, época em que os Estados Unidos viveu, talvez, o seu período mais retrógrado na era moderna. Desempenhou papel significativo nesta época, sugerindo a todos os seus companheiros o caminho da não-cooperação, adotado por Gandhi, na Índia, contra os britânicos, denominada como desobediência civil. Einstein teve uma relação interessante com nosso país. A comprovação da relatividade geral veio com a observação de um eclipse solar em maio de 1919, feita no Brasil, em Sobral, no Ceará, e na África, na ilha de Príncipe. Ao visitar o Brasil, em 1925, Einstein reconheceu o papel do país na confirmação de sua principal teoria. “O problema que minha mente formulou foi respondido pelo luminoso céu do Brasil”, disse à um jornalista. Para nós, da ONG “Projetos sociais meu sonho não tem fim”, Einstein é mais que um patrono, é um exemplo concreto de que a humildade pode não ser a maior, mas certamente, é uma das mais belas de todas as virtudes.

“Não é preciso se drogar para ser gênio, nem ser gênio para ser humano. Mas precisamos de sorrisos, uns dos outros, para sermos felizes”. Albert Einstein 26


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Fraternidade

BRASIL

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http://www.sosmatatlantica.org.br A Fundação SOS Mata Atlântica defende os remanescentes da Mata Atlântica, suas comunidades e conservam os patrimônios natural, histórico e cultural dessas regiões, buscando o seu desenvolvimento sustentado.

http://www.wwf.org.br A WWF conscientiza a sociedade brasileira quanto à conservação da natureza, harmonizando a atividade humana com a preservação da biodiversidade e o uso racional dos recursos naturais.

História extraída da revista “Chico Bento”.

http://www.arcabrasil.org.br A ARCA Brasil - Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal é uma entidade sem fins lucrativos que promove o bem-estar e o respeito aos direitos dos animais.

http://www.greenpeace.org.br O Greenpeace realiza um luta determinada, constante e essencialmente não violenta em defesa do meio ambiente, assim como, de todos os seres que habitam a terra.

“Todas as coisas da criação são filhos do Pai e irmãos do homem.

(Edição nº 405 de Julho de 2002)

Deus quer que ajudemos aos animais, se necessitam de ajuda.

Agradecemos o carinho, compreensão, sensibilidade e generosidade de todos os funcionários dos Estúdios Mauricio de Sousa e da Editora Globo.

Todas as criaturas em desgraça têm o mesmo direito a serem protegidas”. São Francisco de Assis

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