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Convento Sagrado Coração de Jesus dá início ao ano Centenário

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No mês de junho o Convento Sagrado Coração de Jesus inicia seu ano Centenário. Para conhecer um pouco mais da história e da programação das comemorações, a revista A Palavra conversou com o diretor do Convento, padre Zaqueu Suczeck. Confira a entrevista a seguir.

A PALAVRA: Qual o sentimento de estar à frente do Centenário do Convento SCJ?

PE. ZAQUEU: É um sentimento de gratidão, olhando tantos padres, bispos e até candidatos a santos que moraram aqui, que foram diretores ou estudaram. E hoje, enquanto diretor deste espaço, tenho um sentimento de gratidão por tudo que Deus foi fazendo na vida deste convento e também na vida daqueles que passaram por aqui. Meu sentimento é de reconhecer a minha pequenez diante de tantos grandes personagens, mas ao mesmo tempo, de reconhecer a grandiosidade de Deus diante da pequenez de todos nós que aqui passamos.

A PALAVRA: Como surgiu o Convento em Brusque?

PE. ZAQUEU: Os padres do Sagrado Coração de Jesus chegaram no Sul do Brasil em 1903, primeiramente para atender as paróquias com os imigrantes alemães que vieram para cá. Depois, com o passar dos anos, sentiu-se a necessidade de criar um espaço para a formação de novos padres. Por isso, em 1924, aqui em Brusque se deu início ao primeiro seminário Dehoniano no Sul do Brasil.

Então, de todas as casas de formação que temos hoje, essa foi a primeira e por isso o início foi marcado por muita dificuldade, visto a época em que se deu. Foi uma história construída por várias pessoas e com a generosidade de todos.

A PALAVRA: Quais foram os desafios e transformações ao longo dos anos?

PE. ZAQUEU: Foram vários desafios e transformações que poderiam ser citados. O convento começou como uma casa de Ensino Médio, conhecido como seminário menor, depois passou a abrigar duas etapas, o Noviciado e a Filosofia. Mais tarde, continuou apenas com a Filosofia e, no decorrer do tempo, voltou com o Noviciado. Por fim, desde 1956 se mantém acolhendo apenas a Filosofia. Creio que o desafio foram essas adaptações feitas ao longo dos anos, pois exigiram uma constante necessidade de atualização. E uma das maiores dificuldades foram as mudanças sociais, desde uma igreja préconciliar até 1964, onde os fráteres usavam batina, até os dias de hoje, onde o convento já se perdeu no meio dos prédios, mas não enquanto um lugar de oração e formação. Visivelmente, não é mais uma construção de destaque, porém continua com seu lugar privilegiado no coração de Brusque.

A PALAVRA: Qual a contribuição dos seminaristas e padres formadores com a comunidade?

PE. ZAQUEU: Primeiramente pela formação de qualidade, pelo zelo à educação, valores e questões culturais. Depois, pela participação na vida das comunidades de Brusque. Nos finais de semana sempre têm a presença de um ou dois seminaristas que auxiliam nas pastorais e grupos. Nós estamos antenados à sociedade, através de ajuda em projetos sociais e pela abertura da nossa capela. Além disso, nossos padres fazem todo o trabalho de evangelização que se dá através da visita aos doentes, celebrações de missas, conversas com aqueles que se achegam aqui para pedir um conselho, uma ajuda diante de situações difíceis na vida, o trabalho com os jovens e tantos outros movimentos que realizamos.

A PALAVRA: Como está a programação de aniversário?

PE. ZAQUEU: A abertura do Centenário ocorre no dia 3 de junho, um sábado, com missa às 19 horas, na igreja Matriz. Logo após teremos uma festa junina no salão paroquial. A partir dessa data, na última segunda-feira de cada mês, celebraremos uma missa especial, com a presença de antigos diretores e reitores da nossa casa. Já nos dias 10 a 12 de novembro teremos a

Festa das Vocações, realizada esse ano na comunidade Nossa Senhora de Lourdes. Em 2024, também em novembro, nos dias 8 a 10, teremos o encerramento do Ano Centenário com a celebração da Festa das Vocações, dessa vez na igreja Matriz Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Guabiruba.

Vocação: Graça e Missão é o tema do Ano Vocacional 2023

O lema consiste na expressão “Corações ardentes, pés a caminho” (Cf. Lc 24,32-33). O verbo arder significa: “estar em chamas, abrasado; incendiar-se”.

Na Ladainha do Sagrado Coração de Jesus encontramos a invocação: “Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade”. Nas imagens, estampas, ícones do Coração de Jesus O contemplamos em chamas. O Coração de Jesus faz arder os corações dos discípulos em Emaús (Cf. Lc 24, 32-33) e em tantas ocasiões quando os ensinava e realizava sinais. Ao sentirem o coração arder, os discípulos refaziam a Esperança e se colocavam a caminho para o anúncio das maravilhas operadas por Jesus.

O Coração de Jesus é abrasado de amor pelo Pai e pela humanidade. O Fogo do Coração de Jesus aquece, ilumina e faz arder os nossos corações para assumirmos a missão, para os nossos pés se colocarem a caminho. Toda a vocação nasce do Amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O Pai, no Coração de seu Filho, revela todo o seu amor pelos seres humanos. O Filho chama e convida seus interlocutores: “Vinde após mim” (Mt 4, 19); “Segue-me” (Lc 5, 27); Jesus chamou os que ele quis (Cf. Mc 3, 13).

O Ano Vocacional é uma iniciativa da Igreja em vista de promover a cultura vocacional. Nem todos os cristãos católicos estão convencidos de sua vocação. Muitos ainda não despertaram para acolher o Amor de Jesus e para Amar como Jesus amou. A vocação é Graça. Somos chamados não por nossos méritos.

Mas, porque Jesus nos amou. E por amor Ele se entregou para termos vida e para participarmos da Sua Vida.

Tal é a nossa vocação: acolher o Amor de Jesus, amar como Ele amou. O chamado de Jesus implica na vivência de um relacionamento com Ele. Relacionamento marcado pelo amor de um Coração em Chamas. Acolher a vocação consiste em estabelecer proximidade e estreitar a relação com aquele que chama. Jesus chamou os que ele quis para estarem com ele e para enviá-los em missão (Cf. Mc 3, 13-14). Como Jesus se fez próximo dos discípulos, Ele nos chama para estarmos próximos Dele. O Filho de Deus é Mestre e chama seus discípulos para permanecerem com Ele (Cf. Jo 15).

Os ensinamentos do Coração de Jesus são de amor, compaixão, humildade, mansidão, partilha e perdão. Tais ensinamentos são interpelados, pelo Evangelho, a cultivarmos em vista do nosso coração ser semelhante ao de Jesus. Pois, do próprio Jesus parte a interpelação: “Vinde a mim, todos vós... e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Cf. Mt 11, 28-29). A experiência de fé é também uma experiência de aprendizado. Um aprendizado pautado pela relação de amizade. “Já não vos chamo servos... Eu vos chamo amigos...” (Jo 15, 15).

Jesus quer amigos! Crer em Jesus é assumir o compromisso de aprender com Ele o seu estilo de vida. Ou seja, tornar o nosso estilo de vida semelhante ao estilo de vida de Jesus. Ou ainda, assumirmos no nosso jeito de ser o jeito de ser de Jesus. O ideal da vida cristã implica na união com Jesus. Unir-se a Jesus se constitui num programa de vida. União marcada pelo cultivo da amizade e pela assimilação e internalização dos ensinamentos de Jesus.

Os apóstolos e os santos assumiram esse programa de vida. Foram amigos do Mestre. Experimentaram na existência deles um jeito de ser e de se relacionar pautado pelos ensinamentos de Jesus. Eles e uma multidão de homens e mulheres, crianças e adolescentes, jovens e anciãos fizeram a experiência do encontro com Jesus. A partir do encontro estabeleceram uma relação de amizade com o Coração de Jesus. Aprenderam com Jesus seus ensinamentos e os transmitiram aos seus contemporâneos.

No Ano Vocacional, somos interpelados a assumirmos nossa Vocação, acolhermos o Dom do Amor do Coração em Chamas, deixarmos o nosso coração arder e nos colocarmos a caminho, bem-dispostos a Amar como Jesus amou.

“A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: ‘Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo’ (Mt 28, 20); mas, na sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor, goza desta presença com uma intensidade sem par” (Ecclesia de Eucharistia 1).

Assim se inicia a Carta Encíclica do Papa João Paulo II sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja. E essa é a chave de leitura da experiência diária de fé em nossa Paróquia: a Paróquia São Luís Gonzaga vive da Eucaristia!

Com alegria podemos nos reunir todos os dias, na Matriz, para a Santa Missa, ou todos os sábados/domingos, em todas as comunidades, bem como nos dias devocionais dos padroeiros de nossas comunidades e nas primeiras sextas-feiras do mês!

Semanalmente, na Matriz e em diversas comunidades, é oportunizado momentos de Adoração ao Santíssimo Sacramento!

E diariamente muitos fiéis se dirigem a alguma de nossas igrejas para a visita pessoal ao Santíssimo Sacramento e oração diante do sacrário! “Cada visita é prova de gratidão, sinal de amor e dever de adoração a Cristo ali presente” (São Paulo VI).

Nossos fiéis descobriram a espiritualidade eucarística, fazendo da

Eucaristia a “fonte e o centro de toda a vida cristã” (Lumen Gentium, 11); reconhecem na santíssima Eucaristia, o tesouro espiritual da Igreja, que é o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá a vida (cf. PO 5).

Estamos celebrando o jubileu de 150 anos de Paróquia e reconhecemos que nesta história a Eucaristia é o dom mais precioso que temos! Neste sentido já afirmava São João Paulo II sobre toda a Igreja: “a Eucaristia, presença salvífica de Jesus na comunidade dos fiéis e seu alimento espiritual, é o que de mais precioso podemos ter no caminho ao longo da história. Assim se explica a cuidadosa atenção que ela sempre reservou ao mistério eucarístico” (EE 6). Entre nós, expressamos o cuidado com a Eucaristia no zelo pelas celebrações que preparamos e realizamos, no cuidado com as vestes e objetos litúrgicos, na atenção constante dada às igrejas para que sejam sempre um ambiente digno, na formação do canto e da liturgia que valorizamos e na espiritualidade que propomos para os fiéis que nos ajudam nas celebrações!

Diz São João Paulo II: “a Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho” (EE 19). É exatamente isso que sentimos e devemos sentir sempre que participamos da Santa Missa! Adentrar a alguma de nossas igrejas é adentrar na experiência de céu; é deixar-se surpreender pelo raio da luz divina que nos envolve! Quantos de nós já nos surpreendemos pela luz que invade a igreja Matriz e brilha com toda sua força no altar da Palavra e no altar eucarístico quando estamos na Missa?!!

A Igreja que vive da Eucaristia! E a Eucaristia edifica a Igreja!

De fato, “a celebração eucarística está no centro do processo de crescimento da Igreja” (EE 21). A unidade dos fiéis e o espírito de comunhão e fraternidade que partilhamos, a vida de oração que cultivamos, o dom do sacerdócio e as demais vocações que valorizamos e promovemos, o sacramento do Batismo, que incorpora em Cristo, o sacramento da Reconciliação que prepara para a recepção da Eucaristia, e as celebrações dos demais sacramentos que zelamos e oportunizamos, o valor do domingo que promovemos e a vida pastoral que realizamos são expressões concretas da história jubilar de nossa paróquia que testemunha que o que somos foi e é edificado pela Eucaristia, fonte, centro e vértice de tudo o que vivemos!